Bioquimica Clinica Vet

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Díaz González Félix HilarioIntrodução à bioquímica clínica veterinária/Félix HilarioDíaz González, Sérgio Ceroni da Silva. José Joaquín Cerón[colaborador]; Rómulo Campos [colaborador]. 2ª edição.Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2006.

364p.; il.

1. Bioquímica clínica veterinária 2. Metabolismo 3. Trans-tornos metabólicos I. Díaz González, Félix Hilario II. Silva,Sérgio Ceroni da III. Título.

CDD 612.015

CDU 577.1:619

Catalogação na publicação: Biblioteca Setorial da Faculdade de Veterinária da UFRGS

D542i

© dos autores2ª edição: 2006

Direitos reservados desta edição:Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Projeto Gráfico: Carla M. LuzzattoEditoração eletrônica: Eska Design e ComunicaçãoRevisão: Anna Pinheiro e Magda Collin

Félix H. Diaz González  é médico veterinário formadopela Universidade Nacional da Colômbia (Santa Fe deBogotá), com mestrado em Fisiologia Animal pela Escola de Pós-Graduação ICA/UNC (Colômbia) e doutoradoem Bioquímica Animal pela Universidade Federal deViçosa. Foi professor e pesquisador da Faculdade deMedicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Na-cional da Colômbia, nas áreas de Bioquímica, Fisiologia  Animal e Endocrinologia Veterinária. Atualmente é pro-fessor da Faculdade de Veterinária da Universidade Fe-

deral do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, onde par-ticipa em docência, pesquisa e extensão na área de Bio-química Clínica Veterinária.

Sérgio Ceroni da Silva é médico veterinário formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com mes-trado em Genética pela mesma Universidade e doutora-do em Biologia Molecular pela Universidade de Glasgow (Reino Unido). Desde 1987 é professor de Bioquímica Clínica Veterinária e Biologia Molecular Aplicada na Fa-culdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio

Grande do Sul, atuando também como pesquisador noCentro de Biotecnologia do Rio Grande do Sul, desta mesma Universidade.

 José Joaquín Ceróné médico veterinário da Universidadede Múrcia (Espanha), especialista em técnicas analíticasbiossanitárias e doutorado em Veterinária pela mesma Universidade. Atualmente leciona Patologia Clínica Ve-terinária na Faculdade de Veterinária da Universidade deMúrcia, onde está envolvido em pesquisas sobre biomar-cadores sangüíneos em veterinária.

Rómulo Campos é médico veterinário formado pela Universidade Nacional da Colômbia, mestre em Ciên-cias Veterinárias pela mesma Universidade e Doutor emCiências Veterinárias pela Universidade Federal do RioGrande do Sul. Atualmente leciona Fisiologia Animal eReprodução na Universidade Nacional da Colômbia,campus de Palmira.

Colaboradores

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Dedico este livro a minha amada filha Laurita,sempre comigo, apesar das ausências e

a minha companheira de caminhada, Renildes.?

(FHDG)

 Aos nossos alunos, cujo espírito críticotem moldado a edição deste livro

(SCS)

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 A bioquímica clínica como disciplina é con-siderada jovem. Teve seu maior desenvolvimen-to a partir da década de 1950, quando aparece-ram as primeiras sociedades científicas em quí-mica clínica e os periódicos sobre este tema. Oprimeiro congresso internacional de química clí-nica ocorreu em 1957, mas, na realidade, a apli-cação da química no estudo de doenças come-çou com o inglês Robert Boyle, quando da pu-blicação de sua obra “Memoirs for the naturalhistory of human blood”, em 1683, em que des-creve as possibilidades de fazer análises químicasem sangue e em urina. No século 19 foi medida

a maioria dos compostos da urina, estabelecidaa composição dos cálculos urinários e determi-nadas algumas técnicas relativamente confiáveispara dosar albumina, fibrinogênio, lactato euréia. Seguiu uma série de nomes para definir adisciplina, incluindo, entre outros, química pa-tológica, biologia clínica, patologia clínica, pato-logia química, bioquímica clínica, diagnóstico la-boratorial e laboratório clínico. O primeiro livro

que usou o termo química clínica foi publicadona Inglaterra, em 1883, por C.H. Ralfe que des-creve análises químicas de sangue, urina e teci-dos em relação às mudanças que as doenças pro-

 vocavam sobre elas. Ele foi seguido pelo patolo-gista francês L. Bourget, que, em 1891, publicouo “Manuel de Chimie Clinique”.

 Atualmente, é preferido o termo bioquími-

ca clínica, disciplina que conta com o apoio deoutras áreas das ciências médicas, como a pró-pria bioquímica, a fisiologia, a genética, a bio-logia celular e molecular e a estatística. Nasúltimas décadas, a demanda acelerada por ser-

 viços de laboratório clínico tem levado ao de-senvolvimento de instrumentos analíticos deautomação e kits  reagentes de alta tecnologia.

No campo veterinário, a bioquímica clíni-ca vem acompanhando os avanços da área, per-mitindo o aprofundamento de conhecimentos

em áreas vitais, como a fisiologia animal, a nu-trição, a toxicologia, a endocrinologia e as do-enças metabólicas e carenciais dos animais. Oprofissional médico veterinário deve circularcom familiaridade nos caminhos do metabolis-mo e dos seus transtornos para avançar com se-gurança nas suas decisões clínicas.

O presente livro apresenta uma breve re- visão sobre as características das biomoléculas,as principais vias metabólicas e os transtornosmetabólicos mais comuns em veterinária. Oobjetivo deste trabalho é facilitar o estudo dabioquímica em nível de graduação, dificulta-

do muitas vezes pela volumosa bibliografiaatual, bem como pela ausência de integraçãodos temas que mais interessam aos estudantesde veterinária. Embora o público-alvo mais im-portante sejam estudantes desta área, a obrapode ser de utilidade também para estudan-tes de outros cursos das Ciências Agrárias e Bi-omédicas.

Os conteúdos atuais deste livro refletem emtorno de dez anos de sua utilização junto aosalunos da Faculdade de Veterinária da UFRGS,tanto da graduação como da pós-graduação,aos quais os autores agradecem pela contribui-ção para os seus aprimoramentos. Igualmenteagradecem à Gráfica da UFRGS, que publicoua primeira edição do livro em 2003, e à Edito-ra da UFRGS, que publica agora a 2a, edição.

 A presente edição conta, ainda, com a colabo-ração do professor José Joaquín Cerón, da Uni-

 versidade de Múrcia (Espanha), na área de in-terpretação de proteínas plasmáticas e avalia-ção da função renal, e do professor RómuloCampos, da Universidade Nacional da Colôm-bia, nos temas de transtornos do metabolismoenergético. A eles, nosso agradecimento.

PREFÁCIO

Os autores

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PREFÁCIO / 7

Capítulo 1Conceitos básicos sobre metabolismo

BIOENERGÉTICA / 13

Energia livre / 13 • Leis da termodinâmica / 13 • Entropia / 14 • Fluxo da energia na biosfera / 15 • Relação entre energia livre e constante de equilíbrio de uma reação /15 • O ATP e a transferência de energia química / 17

CICLOS DA MATÉRIA NA BIOSFERA / 19Ciclo do carbono / 20 • Ciclo do oxigênio / 20 • Ciclo do nitrogênio / 20

METABOLISMO INTERMEDIÁRIO / 22Função do ATP e do NAD no metabolismo / 24 • A divisão do trabalho no meta-bolismo / 25

ENZIMAS / 30Classificação sistemática das enzimas / 30 • Cinética enzimática / 31 • Medida da atividade enzimática / 34 • Inibidores da ação enzimática / 35 • Regulação enzi-mática / 36 • Isoenzimas / 37

COFATORES ENZIMÁTICOS / 38Nucleotídeos piridínicos / 38 • Nucleotídeos flavínicos / 39 • Tiamina-pirofosfato(TPP) / 40 • Coenzima A (CoA) / 41 • Piridoxal-fosfato / 41 • Coenzima B12 / 43• Biotina / 45 • Ácido Fólico (Folacina) / 45

REFERÊNCIAS / 47

Capítulo 2

 Al terações do equ il íbr io ác ido-básico e hidroeletrolít ico A ÁGUA NOS ORGANISMOS ANIMAIS / 49

Propriedades físico-químicas da água / 49 • Os produtos de ionização da água / 51 ÁCIDOS E BASES / 51SOLUÇÕES TAMPÃO / 53SISTEMAS TAMPÃO NOS ORGANISMOS ANIMAIS / 54

O sistema tampão fosfato / 55 • O sistema tampão bicarbonato / 55 • Outros ór-gãos que interferem no equilíbrio ácido-básico / 59

EQUILÍBRIO HÍDRICO / 61

O sistema renina-angiotensina / 62 • Vasopressina (Hormônio Antidiurético- ADH) / 63EQUILÍBRIO ELETROLÍTICO / 63

Diferença aniônica (DA) / 64 • Excesso de base (EB) e déficit de base (DB) / 65 •Osmolalidade / 65

 ALTERAÇÕES DO EQUILÍBRIO HÍDRICO / 65 Alterações do equilíbrio eletrolítico / 70

 ALTERAÇÕES DO EQUILÍBRIO ÁCIDO-BÁSICO / 75 Acidose metabólica / 75  • Acidose respiratória/ 76 • Alcalose metabólica / 76 •

 Alcalose respiratória / 77REFERÊNCIAS / 79

SUMÁRIO

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10 • FÉLIX H. DÍAZ GONZÁLEZ e SÉRGIO CERONI DA SILVA • g

Capítulo 3Bioquímica clínica de proteínas e compostos nitrogenados

INTRODUÇÃO / 81Os aminoácidos como unidades básicas das proteínas / 81 • Classificação dos ami-noácidos / 81 • Funções das proteínas / 83

DIGESTÃO E ABSORÇÃO DAS PROTEÍNAS / 84 Animais monogástricos / 84 • Animais ruminantes / 84

CATABOLISMO DAS PROTEÍNAS / 85Catabolismo dos aminoácidos / 85  • Ciclo da uréia / 87 • Vias catabólicas dos es-queletos carbonados dos aminoácidos / 89

BIOQUÍMICA DO GRUPO HEME / 91Biossíntese do grupo Heme / 91 • Degradação do grupo Heme / 93 • Metabolis-mo da bilirrubina / 93 • Bioquímica da respiração / 97 • Transtornos relaciona-

dos com compostos nitrogenados / 101PROTEÍNAS SÉRICAS: QUANTIFICAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DE SUAS ALTERAÇÕES / 111

Proteínas totais / 111 • Eletroforese de proteínas / 115

REFERÊNCIAS / 119

Capítulo 4Bioquímica clínica de lipídeos

INTRODUÇÃO / 121DIGESTÃO E ABSORÇÃO DOS LIPÍDEOS / 122

 Animais monogástricos / 122 • Animais ruminantes / 123 ÁCIDOS GRAXOS: A PRINCIPAL CARACTERÍSTICA DOS LIPÍDEOS / 124

 Ácidos graxos essenciais / 125

OS TRIGLICERÍDEOS: MAIOR FONTE DE ENERGIA / 125RANCIDEZ DOS LIPÍDEOS / 125LIPOPROTEÍNAS: TRANSPORTE DOS LIPÍDEOS NO SANGUE / 126LIPÓLISE: MOBILIZAÇÃO DE TRIGLICERÍDEOS / 127

Obtenção de energia a partir dos ácidos graxos: beta-oxidação / 128  • Corpos ce-tônicos / 131

 A BIOSSÍNTESE DOS ÁCIDOS GRAXOS / 132 Ação do complexo ácido graxo sintetase (AGS) / 133 • Regulação da síntese deácidos graxos / 135 • Elongação do palmitato / 135  • Introdução de insaturaçõesnos ácidos graxos / 136

LIPOGÊNESE: A BIOSSÍNTESE DE TRIGLICERÍDEOS / 136IMPORTÂNCIA DO COLESTEROL / 137/

 A síntese do colesterol / 137 • O colesterol como precursor dos hormônios este-roidais / 138

 AS PROSTAGLANDINAS / 138Biossíntese das prostaglandinas / 139

TRANSTORNOS DO METABOLISMO DOS LIPÍDEOS / 139Introdução / 139 • Cetose das vacas leiteiras / 140 • Cetose dos ovinos / 143 • Cetoseem outras espécies / 145 • Lipidose hepática / 145 • Anormalidades das lipoproteí-nas plasmáticas / 146 • Hiperlipidemias em animais / 147 • Obesidade / 148

REFERÊNCIAS / 151

Capítulo 5Bioquímica clínica de glicídeos

INTRODUÇÃO / 153DIGESTÃO E ABSORÇÃO DOS GLICÍDEOS / 153 Animais monogástricos / 153 • Animais ruminantes / 155

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g • INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA CLÍNICA VETERINÁRIA • 11

METABOLISMO DOS GLICÍDEOS / 157 Armazenagem da gl icose: o glicogênio / 158 • Metabolismo da glicose / 161 • A oxidação total do acetil CoA é realizada no ciclo de Krebs / 168  • Gliconeogêne-se: biossíntese de glicose nova / 175 • Biossíntese de lactose / 180 • Fructose como

fonte de energia / 180O METABOLISMO DOS GLICÍDEOS E OS HORMÔNIOS DO PÂNCREAS / 180Insulina / 181 · Glucagon / 183 · Somatostatina / 184

TRANSTORNOS DO METABOLISMO DOS GLICÍDEOS / 184Introdução / 184 • Hipoglicemia / 184 • Síndrome da vaca caída (SVC) / 186  •

 Acidose láctica / 188 • Laminite / 191 • Deslocamento de abomaso (DA) / 192 •Diabetes mellitus (DM) / 195 • Hiperinsulinismo / 206 • Distúrbios de estocagemde glicogênio / 206 • Transtornos congênitos em enzimas do metabolismo dos gli-cídeos / 207

REFERÊNCIAS / 209

Capítulo 6Bioquímica clínica de minerais

INTRODUÇÃO / 211MACROELEMENTOS / 213

Cálcio / 213 • Fósforo / 229 • Potássio / 231 • Enxofre / 232 • Sódio / 233 • Clo-ro / 234 • Magnésio / 234

OLIGOELEMENTOS / 237Ferro / 237 • Zinco / 238 • Cobre / 240 • Iodo / 242 • Manganês / 244 • Cobalto /245 • Selênio / 246 • Molibdênio / 247

REFERÊNCIAS / 249

Capítulo 7Bioquímica hormonal

INTRODUÇÃO / 251CLASSIFICAÇÃO QUÍMICA DOS HORMÔNIOS / 251UM POUCO DE HISTÓRIA DA ENDOCRINOLOGIA / 253CARACTERÍSTICAS DA ATIVIDADE HORMONAL / 255

MECANISMOS DE AÇÃO HORMONAL / 256O cAMP como segundo mensageiro / 257 • O cGMP como segundo mensageiro /259 • O Cálcio como segundo mensageiro / 260  • Derivados do fosfatidil-inositolcomo segundos mensageiros / 260 • Outros segundos mensageiros / 262 • As pro-teína-quinases como intermediários da ação hormonal / 262 • Ação hormonal me-diada por receptores nucleares / 262

TRANSTORNOS DA SECREÇÃO ENDÓCRINA / 264MÉTODOS DE MEDIÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DOS HORMÔNIOS / 265HORMÔNIOS HIPOTÁLAMO-HIPOFISIÁRIOS /266

Hipotálamo / 267 • Hipófise / 270

HORMÔNIOS DA GLÂNDULA ADRENAL / 280Hormônios do córtex adrenal / 280 • Transtornos do córtex adrenal/ 289 • Hor-mônios da medula adrenal / 295

HORMÔNIOS DA GLÂNDULA TIREÓIDE / 299Estrutura da tireóide / 300 • Biossíntese dos hormônios tireoidianos / 302 • Trans-

 porte e metabolização dos hormônios tireoidianos / 302 • Funções dos hormôni-os tireoidianos / 303 • Mecanismo de ação dos HT /305 • Regulação da funçãotireoidiana / 305 • Transtornos da função tireoidiana / 307

REFERÊNCIAS / 312

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Capítulo 8Perfil bioquímico sangüíneo

INTRODUÇÃO / 313VALORES DE REFERÊNCIA DO PERFIL BIOQUÍMICO SANGÜÍNEO / 313COLETA E MANEJO DE AMOSTRAS SANGÜÍNEAS / 314

Coleta de amostras / 314 • Determinações de bioquímica clínica / 315 • Determi-nações de hematologia / 316 • Determinação do estado ácido-básico / 317

PRINCIPAIS METABÓLITOS SANGÜÍNEOS E SUA INTERPRETAÇÃO / 317 Ácidos graxos livres / 317 • Ácido úrico / 318 • Ácidos biliares / 318 • Albumina /318 • Amônia / 319 • Bilirrubina / 319 • Cálcio / 320 • Cloro / 321 • Colesterol /321 • Corpos cetônicos / 322 • Creatinina / 322 • Dióxido de carbono / 323 • Fer-ro / 324 • Fósforo / 324 • Glicose / 325 • Globulinas / 326 • Hemoglobina /326 •Lactato / 327 • Lipídeos totais / 327 • Magnésio / 327 • Potássio / 328 • Proteínas

totais / 328 • Sódio / 329 • Triglicerídeos / 329 • Uréia / 330PERFIL ENZIMÁTICO / 330 Aldolase (ALD) / 331 • Alanina aminotransferase (ALT) / 332 • Amilase (Amyl) /332 • Arginase (Arg) / 333 • Aspartato aminotransferase (AST) / 333 • Colineste-rase (ChE) / 334 • Creatina quinase (CK) / 334 • Fosfatase ácida (AcP) / 335 •Fosfatase alcalina (ALP) / 335 • γ γ γ γ γ -Glutamil transferase (GGT) / 336 • Glutamatodesidrogenase (GLDH) / 336 • Glutation peroxidase (GSH-Px) / 336 • Lactato de-sidrogenase (LDH) / 337 • Lipase (LIP) / 337 • Sorbitol desidrogenase (SDH) /337 • Tripsina / 338 • Outras enzimas / 338

PERFIL BIOQUÍMICO NO EXERCÍCIO / 338

PERFIL BIOQUÍMICO NO CRESCIMENTO / 339PERFIL BIOQUÍMICO NO DIAGNÓSTICO E PROGNÓSTICO DE DOENÇAS / 339

Perfil bioquímico na avaliação da fertilidade / 341PERFIL BIOQUÍMICO NO DIAGNÓSTICO DE PROBLEMAS NUTRICIONAIS / 342 ANÁLISES PARA MONITORAR A FUNÇÃO RENAL / 342

Uréia e creatinina plasmáticas / 342 • Estimação da taxa de filtração glomerular(TFG) com provas de clearance  ou depuração renal / 344 • Outros indicadores al-terados na insuficiência renal / 344

 A URINÁLISE COMO FERRAMENTA PARA AVALIAR A FUNÇÃO RENAL / 345Introdução / 345 • Caracteristicas organolépticas / 345 • Caracteristicas físico-quí-micas / 346 • Exame do sedimento / 349

REFERÊNCIAS / 357

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Capítulo 1

BIOENERGÉTICA

 A parte da física que estuda as trocas de ener-gia entre os sistemas materiais é conhecida comotermodinâmica. O mesmo estudo, quando rea-lizado nos seres vivos, recebe o nome de bioener-gética. As leis físicas da termodinâmica são apli-cadas de igual forma aos seres vivos e aos siste-

mas materiais. Os seres vivos precisam produzirenergia para poder manter o equilíbrio de suaestrutura, para se locomoverem, para a reprodu-ção, para manterem as funções normais nos di-ferentes processos, tais como crescimento, ges-tação, lactação, oviposição e ciclicidade reprodu-tiva. Essa energia é obtida a partir de processosquímicos que ocorrem no interior das células.

Energia livre

 A energia capaz de produzir um trabalho édenominada energia livre . Existem várias formasde energia, as quais podem ser interconvertidasentre si: energia potencial, cinética, térmica, elé-trica, radiante, química, nuclear, calórica, hi-dráulica, eólica. No processo de interconversão

de uma forma de energia a outra, sempre háuma perda de energia útil. Nas máquinas sãoaproveitáveis até 25% da energia em uma inter-conversão, enquanto, nos processos biológicos,a eficiência de conservação da energia em umainterconversão é da ordem de 38%.

Nos animais, a energia é obtida a partir daoxidação de compostos orgânicos. Segundo

Lavoisier, um dos pioneiros no estudo da bioe-nergética, “[...] os animais que respiram são ver-

Conceitos básicos sobre metabolismo

dadeiros corpos combustíveis que se queimame consomem a si mesmos [...]”; poder-se-ia di-zer que “[...] a tocha da vida se acende pela pri-meira vez no momento em que se nasce e so-mente se extingue com a morte [...]”.

Leis da termodinâmica

Em termodinâmica, um sistema , do pontode vista físico, é definido como uma parte limi-tada do universo, caracterizada por um conjun-to finito de variáveis que o identificam. Um sis-tema pode ser um organismo, uma célula, umaorganela citoplasmática ou os componentes deuma reação química.

O sistema é “aberto” quando está em con-

tato com um meio com o qual tem troca de ma-téria e energia, como é o caso dos sistemas vi-

 vos. Estes nunca estão em equilíbrio com seumeio, pois o nível de organização interna dossistemas é maior do que o do meio.

 A primeira lei da termodinâmica é o princí- 

 pio da conservação da energia , a qual estabeleceque, em qualquer mudança física ou química,

a energia do sistema mais a energia do meio,isto é, a energia do universo, permanece igual.Em outras palavras, a energia pode transfor-mar-se de uma forma a outra, mas não pode sercriada nem destruída.

 A segunda lei da termodinâmica assinalaque todas as mudanças físicas ou químicas ten-dem a se realizar, de forma espontânea, na-

quela direção que leve a energia do universoa se degradar para uma forma mais dispersa.

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g • INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA CLÍNICA VETERINÁRIA • 19

Figura 2 – Síntese de ATP em nível de substrato pela oxidação do gliceraldeído.

gia sob a forma de ATP. O valor de ∆G0´, consi-deradas as duas reações, é de -49,3 kJ/mol, sen-do, portanto, favorável para que a reação totalocorra.

O ATP não é armazenador de energia, masum intermediário (transmissor) de energia en-tre compostos. Já a fosfocreatina, composto for-mado no tecido muscular a partir da creatina, éum armazenador de energia, quando a concen-tração de ATP no músculo se encontra elevada:

Quando a concentração de ATP diminui,durante a contração muscular, a reação é des-locada para a esquerda, a fim de regenerar o

 ATP necessário.

Existem algumas reações que consomem maisenergia do que a gerada com a hidrólise simples

do ATP. Nesses casos, o ATP pode sofrer pirofos-forólise, reação de hidrólise no grupo fosfato βao invés do grupo γ , como na hidrólise comum.Com isso, é gerado AMP e um grupo pirofosfato

(PPi: H2P2O72-). Posteriormente, o PPi é desdo-brado em duas moléculas de Pi (HPO4

2-). A rea-ção de pirofosforólise produz uma quantidade deenergia livre maior (∆G0´ = -43,1 kJ/mol) do quea hidrólise normal (∆G0´ = -30,5 kJ/mol).

CICLOS DA MATÉRIA NA BIOSFERA

O fluxo de energia na biosfera é de via úni-ca. Assim, a energia solar é captada pelos orga-nismos autotróficos, os quais a aproveitam pararealizar a fotossíntese e a transferem para os or-

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26 • FÉLIX H. DÍAZ GONZÁLEZ e SÉRGIO CERONI DA SILVA • g

triglicerídeos [10], fosfolipídeos [11] e coleste-rol [12]. Esses lipídeos são levados para outrostecidos mediante as lipoproteínas [13];

(e) finalmente, a glicose-6-fosfato pode entrarna rota das pentoses-fosfato [14] para produ-zir a coenzima reduzida NADPH [15], neces-sária para a biossíntese de ácidos graxos e co-lesterol, e ribose-5-fosfato, necessária para abiossíntese de nucleotídeos.

Nos animais ruminantes, geralmente nãoocorre excesso de glicose, pois os carboidratosda dieta são convertidos, no rúmen, em ácidosgraxos voláteis. Tais ácidos são absorvidos peloepitélio do rúmen e transportados pelo sangueao fígado (principalmente propionato e aceta-

to) ou ao tecido adiposo (principalmente bu-tirato e β-hidroxibutirato). A manutenção dosníveis de glicose sangüínea nos ruminantes estáprincipalmente determinada pela conversãodo propionato em glicose via gliconeogênese.

Os aminoácidos que chegam ao fígado têm várias rotas metabólicas:

(a) podem atuar como precursores de proteí-nas, para uso dentro do próprio fígado ou paraformar proteínas plasmáticas [16];

(b) podem passar à corrente sangüínea e ir aosórgãos periféricos, onde são utilizados comoprecursores de proteínas;

(c) podem servir de precursores de compostosnão-protéicos, tais como nucleotídeos e hor-mônios;

(d) quando não são necessários como precur-sores de proteínas ou de outros compostos, sãodesaminados e degradados para produzir ace-til-CoA [17] e intermediários do ciclo do áci-do cítrico [18]. Os intermediários desse ciclopodem ser utilizados para gerar glicose via gli-coneogênese [19]. O acetil-CoA pode ser uti-lizado para gerar energia mediante sua comple-ta oxidação no ciclo do ácido cítrico [7 → 8],

ou pode servir como precursor para a biossín-tese de ácidos graxos [9]. O grupo amina, naforma de amônia (NH4

+), é convertido emuréia [20] para ser excretado, pois é tóxico.

Os ácidos graxos que chegam ao fígadopodem ter diferentes destinos metabólicos:

(a) oxidação até acetil-CoA (através da β-oxida-ção) para a produção de energia [21]. O acetil-

CoA, por sua vez, pode entrar no ciclo do ácidocítrico para produzir mais energia [7 → 8];

Figura 4 – Esquema do metabolismo hepático de lipídeos, glicídeos e proteínas.Os nomes dos metabólitos estão em retângulos, e os nomes das rotas metabólicas estão emretângulos de bordas arredondadas. Os números correspondentes às diferentes rotas estãoreferenciados no texto.

glicídeos

fosfolipídeos

triglicerídeos

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g • INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA CLÍNICA VETERINÁRIA • 39

 versível em seu anel nicotinamida, devido à oxi-dação de um substrato, que doa um par de áto-mos de H. O nucleotídeo oxidado recebe um íonhidreto (H-), equivalente a um próton e dois elé-

trons, e transforma-se em NADH ou NADPH(formas reduzidas). As formas reduzidas, por sua

 vez, podem doar H para reduzir outros compos-tos e, assim, voltar à forma oxidada. A união doNAD à enzima é fraca (não-covalente). O nucle-otídeo se movimenta através da superfície deuma enzima a outra, atuando como um transpor-tador de elétrons entre um metabólito e outro.

Existem aproximadamente 200 desidrogena-ses identificadas: as desidrogenases NAD-depen-dentes participam da transferência de elétrons

em processos oxidativos (catabólicos), enquan-to as desidrogenases NADP-dependentes parti-cipam da transferência de elétrons em processosredutivos (biossintéticos ou anabólicos). Os es-

tados oxidado (NAD+) e reduzido (NADH) po-dem ser diferenciados por espectrofotometria ul-travioleta, pois o espectro de absorção do NADHapresenta dois comprimentos de onda de máxi-ma absorção (260 e 340 nm), enquanto o NAD+

apresenta absorção unicamente a 260 nm.

Nucleotídeos flavínicos

 As formas coenzimáticas dos nucleotídeosflavínicos são o FAD (flavina-adenina-dinucleo-

Figura 7 – Estrutura do FAD e do FMN

 As estruturas da riboflavina e do ribitol estão circundados por linhas tracejadas, assim comoos átomos de N onde são introduzidos os H para formar FADH2 (ou FMNH2), que são asformas reduzidas. AMP, adenosina monofosfato; FMN, flavina mononucleotídio.

Figura 6 – Estrutura do NAD e do NADPO grupo fosfato, presente exclusivamente no NADP, bem como a nicotinamida, estão circundados porlinhas tracejadas. No quadro menor, é mostrada a forma reduzida do grupo nicotinamida. AMP, ade-nosina mono-fosfato; NMN, nicotinamida mononucleotídio.

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 Alterações do equilíbrio ácido-básicoe hidroeletrolítico

Capítulo 2

 A ÁGUA NOS ORGANISMOS ANIMAIS

 A água é a substância mais abundante nosseres vivos, compondo 60% a 75% do peso cor-poral. Nos animais domésticos adultos, este va-lor está próximo de 60%, enquanto nos neo-natos é de 75%. Todas as reações químicas doorganismo são realizadas em meio aquoso, e oequilíbrio de tais reações depende da concen-tração dos produtos de ionização da água, istoé, dos íons H+ e OH-. A água nos animais estálocalizada em dois compartimentos: (a) o com-partimento intracelular, que contém 55% a60% do total da água do organismo; e (b) ocompartimento extracelular, que contém 40%a 45% do total da água.

 A água ingressa no organismo através dos

alimentos e da água bebida e é eliminada porquatro vias diferentes: pele, pulmões, rins e in-testino. Apesar das variações no consumo e naperda de água e de eletrólitos no organismo,as concentrações dos mesmos, nos diferentescompartimentos, é mantida de forma relativa-mente constante. O volume de água no com-partimento extracelular num animal adulto

corresponde, dependendo da espécie, a 15-30% do seu peso corporal. O fluido extracelu-lar inclui (a) o plasma, (b) o fluido intersticial,(c) a linfa e (d) os fluidos transcelulares. En-tre estes últimos, está o fluido gastrintestinal,que tem especial importância nos grandes ani-mais, atingindo nos eqüinos 30-45 L, e nos bo-

 vinos, 30-60 L.

Propriedades físico-químicas da água

 Apesar do pequeno tamanho da molécula, aágua tem altos valores dos pontos de fusão (0 oC)e de ebulição (100 oC). O calor de vaporização,definido como a energia calórica necessáriapara converter 1g de água em vapor sob con-dições de temperatura de ebulição e pressãoatmosférica, tem também um valor relativa-mente alto na água (2,26 kJ/g). A água tam-bém tem um alto calor específico (energia ca-lórica necessária para aumentar a temperatu-ra de 1g de água em 1 oC) quando comparadocom moléculas de peso molecular similar. Ascaracterísticas anteriores revelam que a molé-cula de água possui uma grande força de atra-ção entre suas moléculas. Isso é devido ao ca-

ráter dipolar de sua estrutura, onde os átomosde hidrogênio compartilham um par eletrôni-co com o átomo de oxigênio, e os pares de elé-trons do oxigênio não compartilhados geramuma carga parcial negativa (δ-) sobre o mesmo.Por sua vez, a força de atração eletrônica doátomo de oxigênio, elemento mais eletronega-tivo (eletronegatividade = 3,5) que o hidrogê-nio (eletronegatividade = 2,1), origina uma

carga parcial positiva (δ+) sobre os átomos dehidrogênio, resultando em uma molécula di-polar, porém eletricamente neutra.

O caráter dipolar faz com que uma molécu-la de água possa realizar pontes de hidrogênio  comaté outras quatro moléculas de água. É conside-rado que, em estado líquido, cada molécula de

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54 • FÉLIX H. DÍAZ GONZÁLEZ e SÉRGIO CERONI DA SILVA • g

palmente no intervalo onde a ação-tampão émais eficiente, isto é, quando o pH = pK a ± 1.

Uma forma adicional de relacionar o pH de

uma solução que contenha um ácido fraco, co-nhecendo seu pK a, é mediante a equação deHenderson-Hasselbalch, a qual expressa a cons-tante de dissociação de outra forma. Partindo daequação da constante de dissociação:

[ ]HA

AH K 

+

a

=

resolvendo [H+], teremos:

[ ]   [ ][ ]−

+

=

A

HAK H a

aplicando o inverso em todos os termos:

[ ][ ][ ]HA

A

H

1-

a

×=+

aplicando logaritmos a todos os termos daequação:

[ ][ ][ ]HA

Alog

1log

H

1log

-

a

+=+

substituindo os dois primeiros termos da equa-ção por pH e pK a, respectivamente, temos aequação de Henderson-Hasselbalch:

[ ][ ]HA

Alog pK  pH a

+=

 A equação de Henderson-Hasselbalch podeser expressada como:

[ ]+

+

+=

Hde doador Hde receptor log pK  pH a

Considerando essa equação, é concluídoque o pK a corresponde, numericamente, aopH no qual ocorrem 50% de dissociação do áci-do, ou seja, quando [HA] = [H+], uma vez que

pH = pK a + log 1

pH = pK a

 A equação de Henderson-Hasselbalch tam-bém serve para calcular: (a) o pK a de um áci-do, fornecidos o pH e a relação molar ácido-base; (b) o pH de uma solução, fornecidos o

pK a do ácido e a relação molar; e (c) a relaçãomolar, fornecidos o pK a e o pH.

SISTEMAS TAMPÃO NOS ORGANISMOS ANIMAIS

Os sistemas tampão reduzem as variações nopH de soluções nas quais ocorrem mudanças naconcentração de ácidos ou de bases. No orga-nismo animal, o pH do meio pode afetar a inte-ração iônica entre as biomoléculas, devendo,portanto, ter mecanismos rigorosos de contro-le. De especial importância é a interação iônicaque possam ter as proteínas, já que sua ativida-de pode ser afetada em função do pH, princi-palmente quando se trata da ação catalítica dasenzimas, da ação biológica dos hormônios ou

dos anticorpos. O pH também pode afetar oequilíbrio das reações de óxido-redução nasquais há transferência de H entre as coenzimas.

O pH do plasma arterial mantém valoresestreitos entre 7,35 a 7,45, sendo que o pHcompatível com a vida é de 6,8 a 7,8. O pH in-tracelular varia em função da célula. No eritró-cito este valor é de 7,2, enquanto em outrascélulas é 7,0. As células musculares constituemuma exceção, pois, sob exercício prolongado,o pH pode cair para 6,0, devido ao acúmulo deácido láctico.

Os fluidos do organismo mantêm constan-te seu pH pela ação de vários tipos de contro-le. Primeiro, pelos sistemas tampão e, comple-mentarmente, por eventos equilibradores emnível pulmonar, mediante a troca gasosa de O2

e CO2, e em nível renal, através da excreção deH+ e reabsorção de HCO3

-.

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60 • FÉLIX H. DÍAZ GONZÁLEZ e SÉRGIO CERONI DA SILVA • g

Sob o ponto de vista fisiológico, é provávelque o ciclo de Cori, assim descrito, somenteocorra em períodos de jejum, situação na qualo metabolismo hepático está direcionado para

a gliconeogênese. Em condições normais, olactato pode ser captado por diversos outrostecidos e metabolizado para produção deenergia.

Estômago

O pH do suco gástrico normalmente é in-

ferior a 2. O ácido clorídrico responsável poreste pH extremamente ácido é secretado pelascélulas parietais da mucosa gástrica.

Num mecanismo de transporte ativo, íonsH+ são bombeados para o interior da cavidadeestomacal contra um gradiente de concentra-ção de aproximadamente 10-7M, no interior dacélula parietal, para 10-0,4 M, no lúmen do es-

tômago. A fonte imediata destes prótons H+ éo ácido carbônico, que, ao dissociar-se, geratambém o íon bicarbonato, o qual será trans-portado para o fluido intersticial (e, posterior-

mente, para o sangue), com a concomitanteentrada de um íon Cl- na célula parietal. Umdesenho esquemático dos eventos envolvidosna produção e secreção de ácido clorídrico namucosa estomacal é apresentado na Figura 6.Neste modelo proposto, o ácido clorídrico nãoé secretado como tal, mas, sim, num processoonde os íons H+ e Cl- são transportados porprocessos diferenciados para a cavidade do es-tômago. O Cl- , que difunde passivamente dointerior da célula parietal, é ativamente trans-portado do fluido intersticial para esta por doismecanismos: troca pelo íon bicarbonato (siste-ma antiport ) e entrada acoplada junto com oNa+. O ácido carbônico (que irá gerar H+ e bi-carbonato) é originado do CO2 e da água,numa reação catalisada pela anidrase carbôni-

Figura 6 – Produção de ácido clorídrico pelas célulasparietais do estômago. Os principais processos de trans-porte de íons através de membranas estão representa-dos usando a seguinte convenção: () sistema antiport ,

() transporte acoplado, () transporte ativo e ()difusão. As setas espessas indicam as rotas de excreçãode H+, HCO3

  e Cl.

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g • INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA CLÍNICA VETERINÁRIA • 69

 Alteração

estresse, exercício inten-so, febre

anorexia

 vômito

 vômito crônico

diarréia

diarréia crônica

obstrução intestinal

hiperadrenocorticismo

hipoadrenocorticismo

insuficiência renalaguda oligúrica

insuficiência renal

aguda poliúrica

insuficiência renalcrônica

insuficiênciahepática

insuficiênciacardíaca

obstrução uretral

diabetes mellitustipo I

diabetes mellitustipo II

Perda hidroeletrolítica 

água

K+

água, K +, Na+, Cl-,H+

água, K +, Na+, Cl-,H+, HCO-

3-

água, K +, Na+, Cl-,HCO-

3-

água, K +, Na+, Cl-,HCO-

3-

água, Na+, Cl-,HCO-

3-

água, K +

água, Na+, reten-ção de K +

HCO-3-, retenção

de K +, Na+, Cl-,

água, K +, Na+, Cl-

HCO-3-água, K +, Na+, Cl-,HCO-

3-

K +, Na+, HCO-3-,HPO=

4

retenção de águae Na+

Na+,

 Cl-

, retençãode K +

água, K +, Na+, Cl-,HCO-

3-

K +

 Alteração metabólica 

desidratação hipotônica

desidratação isotônica, acidose me-tabólica

desidratação iso ou hipertônica, al-calose metabólica

desidratação isotônica, acidose me-tabólica

desidratação iso ou hipertônica, aci-dose metabólica

desidratação isotônica, acidose me-tabólica

acidose metabólica

desidratação isotônica, alcalose me-

tabólica leveacidose metabólica, hipercalemia

desidratação iso ou hipertônica, aci-dose metabólica

acidose metabólica

desidratação iso ou hipertônica, aci-dose metabólica, hiponatremia

hiponatemia, hipocaliemia, hipofos-fatemia, acidose metabólica

acidose metabólica

desidratação iso ou hipertônica, aci-dose metabólica

acidose metabólica

hiperglicemia, hiperosmolaridade,acidose metabólica, desidratação hi-

pertônica

 Alternativas de terapia 

solução de glicose 5%;solução hipotônica (NaCl 0,45%)

solução isotônica Ringer-lactato + KCl+ glicose

solução isotônica Ringer-lactato;solução hipotônica (NaCl 0,45%)

solução isotônica Ringer-lactato

solução isotônica Ringer-lactato;solução isotônica NaCl 0,9% + bicar-bonato

solução isotônica NaCl 0,9% + bicar-bonato

solução isotônica Ringer-lactato

solução isotônica NaCl 0,9%;

solução isotônica Ringer-lactato + KClsolução isotônica NaCl 0,9%;solução isotônica Ringer-lactato

diurético (glicose 20%, manitol, furo-semida, dopamina);solução hipotônica NaCl 0,45% + bi-carbonato

solução isotônica Ringer-lactato

solução isotônica NaCl 0,9% + bicar-bonato + KCl

solução isotônica NaCl 0,9% + glicose+ bicarbonato + KCl; fosfato, proteína

solução de glicose 5%evitar Na

solução isotônica NaCl 0,9%

solução isotônica NaCl 0,9% + KCl +fosfato;solução hipotônica 0,45% se osmolari-dade plasma >350 mOsm/L; bicarbona-to se concentração plasma < 13 mEq/L

solução isotônica 0,9% + KCl; soluçãohipotônica 0,45% quando densidade

urinária estiver normal

TABELA 5 – ALTERAÇÕES HIDROELETROLÍTICAS E INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS

Fonte: Montiani e Pachaly (2000).

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g • INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA CLÍNICA VETERINÁRIA • 81

INTRODUÇÃO

 As proteínas são as macromoléculas maisabundantes nos seres vivos, constituindo cercade 50% do peso vivo (em base seca). São tam-bém as biomoléculas mais versáteis quanto àfuncionalidade, e essa versatilidade funcionalestá determinada pelo número, a classe e a se-qüência dos aminoácidos que compõem suasunidades estruturais.

Os aminoácidos

como unidades básicas das proteínas

Todas as proteínas estão constituídas a par-tir de 20 tipos de aminoácidos, unidos por li-

gações peptídicas, variando nas diferentesproteínas tão somente o número e a seqüên-cia dos aminoácidos. Os aminoácidos sãomoléculas pequenas, com peso molecularmédio de 130 Dal; todos têm em comum apresença de um grupo carboxila e de um gru-po amina unidos ao mesmo carbono (carbo-no α) e diferem entre si na estrutura do seugrupo residual (grupo R):

 Além dos 20 aminoácidos que fazem partedas proteínas (aminoácidos protéicos ), existemoutros aminoácidos que têm funções metabóli-cas diversas, como, por exemplo, a ornitina e acitrulina, que são metabólitos intermediários dociclo da uréia. Os aminoácidos protéicos, comsuas respectivas abreviaturas e símbolos, sãoapresentados na Tabela 1.

Classificação dos aminoácidos

Os aminoácidos estão classificados em cin-co grupos, em função da estrutura de seus gru-pos residuais (grupos R), de acordo com a po-laridade e a carga, como segue :

(a) aminoácidos não-polares (Gly, Ala, Val,Leu, Ile, Pro): seus grupos R são alifáticos e

hidrofóbicos; a glicina é o aminoácido maissimples; a prolina é um iminoácido (grupoamina secundário), pois o carbonoα está uni-do com o extremo do grupo R, ciclizando amolécula e deixando-a mais rígida;

(b) aminoácidos polares sem carga (Ser, Thr,Cys, Met, Asn, Gln): são hidrofílicos e sua po-laridade pode ser dada pelos grupos hidroxi-

la, amida ou sulfidrila (tiol), que formam pon-tes de H com a água; asparagina e glutaminasão amidas dos ácidos aspártico e glutâmico,respectivamente; a cisteína pode sofrer oxida-ção em seu grupo sulfidrila (SH) e formar umcomposto dimérico (Cys-Cys ou cistina) porunião de duas cisteínas mediante uma pontedissulfeto (S-S); essas pontes são comuns nasproteínas e contribuem para estabilizar a mo-

lécula;(c) aminoácidos carregados negativamente ouaminoácidos ácidos (Asp, Glu): a carga estádeterminada pelos grupos carboxila ionizados;

(d) aminoácidos carregados positivamente ouaminoácidos básicos (Lys, Arg, His): a cargapositiva está determinada pelos grupos amina(Lys), guanidino (Arg) ou imidazol (His);

Bioquímica clínica de proteínase compostos nitrogenados

Capítulo 3

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88 • FÉLIX H. DÍAZ GONZÁLEZ e SÉRGIO CERONI DA SILVA • g

to, e este estimula a ação da carbamoil-fosfato sin-tetase, para aumentar a velocidade do ciclo.

(b) Formação de citrulina:

O aminoácido ornitina entra na mitocôn-dria para se condensar com o grupo carbamoil-fosfato e formar citrulina, através da ação daenzima ornitina-carbamil transferase [5], rea-ção facilitada pela hidrólise do grupo fosfato docarbamoil-fosfato.

 Até aqui as reações acontecem na mitocôn-dria. Na seqüência, a citrulina abandona a mi-

tocôndria para continuar o ciclo no citosol.

(c) Condensação do aspartato com a citrulina:

O aminoácido aspartato (que introduz ou-tro grupo amina no ciclo) se condensa com acitrulina numa reação que consome energia,e que é catalisada pela enzima arginino-succi-

nato sintetase [6].O AMP produzido na reação anterior deve

ser convertido em ADP mediante a participa-ção de um ATP, o que significa que nesta rea-ção são gastos, realmente, dois ATP.

(d) Excisão do arginino-succinato:

Esta quebra, mediante a enzima arginino-suc-

cinato liase [7], origina fumarato, o qual ingres-sa na mitocôndria como intermediário do ciclodo ácido cítrico, mais o aminoácido arginina:

Figura 2 – Ciclo da uréia. As principais enzimas estão indicadas: [1] glutaminase, [2] glutamato desidrogenase, [3] aspartato amino-transferase (AST), [4] carbamil-fosfato sintetase, [5] ornitina-carbamil transferase, [6] arginino-succinato sintetase, [7] arginino-suc-cinato liase e [8] arginase.

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96 • FÉLIX H. DÍAZ GONZÁLEZ e SÉRGIO CERONI DA SILVA • g

Figura 7 – Circulação entero-hepática normal de pigmentos biliares. CRE célula retícu-loendotelial; BL bilirrubina livre; BC bilirrubina conjugada; UB urobilinogênio (ester-cobilinogênio).

TABELA 4 – VALORES NORMAISDE BILIRRUBINA SANGÜÍNEA (mg/dL) EM ALGUMAS ESPÉCIES

Espécie

Bovinos

Eqüinos

Felinos

Suínos

Caprinos

Ovinos

Caninos

Macaco

Humano

Bilirrubina conjugada 

0,04-0,44

0-0,4

0-0,3

0-0,27

0-0,14

0,2

Bilirrubina total

0,01-1,0

1,0-2,0

0,15-0,5

0-0,6

0-0,1

0,1-0,5

0,10-0,61

0,4-0,5

<1,0

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g • INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA CLÍNICA VETERINÁRIA • 121

Bioquímica clínica de lipídeos Capítulo 4

INTRODUÇÃO

Os lipídeos são definidos como biomolécu-las insolúveis em água que podem ser extraídasdas células por solventes orgânicos, como éter,clorofórmio, hexano, acetona, etc. Suas confor-mações e funções são muito variadas. Os lipí-deos mais abundantes são os triglicerídeos, quetêm função armazenadora de energia; os fos-folipídeos fazem parte das membranas bioló-gicas; o colesterol tem importantes funções bi-ológicas, sendo precursor dos hormônios este-roidais e dos ácidos biliares e também fazendoparte da estrutura das membranas; o ácido ara-quidônico é precursor de prostaglandinas,tromboxanos e leucotrienos, compostos queregulam vias metabólicas e processos inflama-

tórios. Finalmente, as vitaminas lipossolúveistêm importantes funções metabólicas.

Entre as principais funções dos lipídeos noorganismo estão as seguintes:

a) constituir a estrutura das membranas bioló-gicas (fosfolipídeos, colesterol);

b) manter reservas de energia (triglicerídeos);

c) fornecer moléculas precursoras dos hormô-nios esteroidais (colesterol) e das prostaglan-dinas (ácido araquidônico);

d) manter o calor corporal e servir de suportee proteção das vísceras (triglicerídeos).

 A função de servir como compostos armaze-nadores de energia é exercida pelos triglicerí-deos de forma mais eficiente do que pelos glicí-

deos, devido a sua estrutura menos oxidada for-mada por cadeias hidrocarbonadas. Enquantoa oxidação total de um triglicerídeo rendeaproximadamente 37,6 kJ/g, a oxidação de umglicídeo rende 16,7 kJ/g. Por outro lado, porestarem menos hidratados do que os glicídeos,os triglicerídeos podem ser armazenados deforma mais concentrada. Devido a sua hidro-fobicidade e completa insolubilidade na água,os triglicerídeos ficam limitados no espaço dasgotas citoplasmáticas que não afetam a osmo-laridade do citosol e, portanto, não contêmágua de solvatação como os glicídeos, o queaumenta o peso e o volume da célula.

 A própria insolubilidade dos triglicerídeosfaz com que os processos de digestão e trans-porte desses compostos sejam mais complica-

dos, pois eles devem ser emulsificados no intes-tino antes de serem absorvidos e somente po-dem ser transportados no sangue mediante aslipoproteínas.

Os lipídeos podem ser classificados em:

1. lipídeos compostos , aqueles que após hidró-lise rendem ácidos graxos; entre eles estão:

(a) triglicerídeos: compostos por glicerol e áci-dos graxos;

(b) fosfoglicerídeos: compostos por glicerol,ácidos graxos, grupos fosfato e grupos amino-álcool;

(c) esfingolipídeos: compostos por esfingosina,ácidos graxos e outros grupos (glicídeos, gru-pos fosfato e aminoálcoois);

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g • INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA CLÍNICA VETERINÁRIA • 149

Um percentual maior do que 30% indicaobesidade, entre 10 e 30% indica peso ideal eabaixo de 10%, caquexia.

Obesidade e diabetes mellitus

Cães e gatos são diferentes em termos me-tabólicos, requerendo níveis alimentares dife-renciados de proteínas, gorduras e glicídeos.Um manejo mal elaborado entre esses nutrien-tes pode causar sérios distúrbios metabólicos,dentre os quais a diabetes mellitus, que ocor-

re freqüentemente. Na Tabela 6 pode-se obser- var que, nas duas espécies, a obesidade é umadas principais causas incriminadas na etiologiada doença. A obesidade é comum em gatosdiabéticos, resultando do excessivo aporte ca-lórico na alimentação de livre escolha com ra-ção seca felina. Ela causa resistência reversívelà insulina, a qual se resolve assim que a obesi-dade é curada, além de alterar a tolerância te-cidual à glicose, ainda que não exista hipergli-cemia. No desenvolvimento da obesidade emfelinos, ocorrem aumento na resistência teci-dual à insulina e uma redução na efetividadeda glicose. Isso muitas vezes torna a avaliaçãoclínica dificultosa, uma vez que não se sabe seo felino é insulino-dependente ou não. O ani-mal obeso necessitará de maior aporte de in-

sulina para se manter, o que, a médio e longoprazo, leva à exaustão das células β-pancreáti-cas. Além disso, leva à diminuição da translo-cação para a membrana plasmática do trans-portador GLUT4. Assim, parece plausível queo reconhecimento precoce da doença podeajudar a impedir tal exaustão pancreática.

Tratamento da obesidade

O manejo efetivo da obesidade e sua preven-ção dependem da aquisição de informações so-bre a desordem, a partir das quais os fatores deriscos poderão ser identificados e minimizados.

•  Aporte calórico

O controle de peso depende da redução daingestão calórica, seja pela redução do forne-

cimento diário, seja em casos mais graves, pelaintrodução de dietas especiais. As recomenda-ções para felinos determinam, como requeri-mento energético, 80 kcal/kg de PV, mas essasnecessidades são aplicáveis apenas para ani-mais em atividade. Mudanças no estilo de vidado felino, nas últimas décadas, levaram a alte-rações nas necessidades diárias de energia.

Deve-se objetivar uma perda de peso inicialde 15%, calculando-se o conteúdo calórico di-ário para cães (em calorias) a partir da fórmu-la 55 x [ peso corporal inicial (kg)0,75], e para ga-tos a partir da fórmula 30 x [ peso corporal inicial 

(kg)].

Com esse fornecimento, os cães devem atin-gir a redução de peso em 6 semanas, e os ga-tos, em 18 semanas. Todavia, a restrição caló-

TABELA 6 – ETIOLOGIA COMPARATIVA EM ORDEM

DE IMPORTÂNCIA DA DIABETES MELLITUS ENTRE CÃES E GATOS

Cães

1. Genética

2. Insulinite imunomediada

3. Pancreatite

4. Obesidade

5. Infecção

6. Doença concomitante

7. Drogas

8. Amiloidose

Gatos

1. Amiloidose

2. Obesidade

3. Infecção

4. Doença concomitante

5. Drogas

6. Pancreatite

7. Genética

8. Insulinite imunomediada

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g • INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA CLÍNICA VETERINÁRIA • 153

Capítulo 5Bioquímica clínica de glicídeos

INTRODUÇÃO

Os glicídeos ou carboidratos são as biomo-léculas orgânicas mais abundantes na nature-za, encontrados principalmente na forma depolissacarídeos, como o amido e a celulosenas plantas, e o glicogênio, nos animais. Osglicídeos constituem uma importante fonteenergética para os animais, além de fazerem

parte da estrutura da parede das células vegetais e bacterianas.

Estruturalmente os glicídeos são poli-hidro-xi-aldeídos ou poli-hidroxi-cetonas, e o nomecarboidratos é devido ao conceito originado desua fórmula empírica, Cn(H2O)n, a partir daqual foram classificados inicialmente comohidratos de carbono , embora existam glicídeos

que não obedeçam a essa fórmula, assim comooutros que contêm elementos diferentes de C,H e O, como, por exemplo, o N, o S e o P.

Dependendo do número de subunidadescontidas na sua estrutura, os glicídeos são clas-sificados em:

(a) monossacarídeos ou açúcares simples, co-mo a glicose ou a fructose;

(b) oligossacarídeos, que contêm umas poucassubunidades de monossacarídeos unidas entresi mediante ligações glicosídicas. Dentre os maisabundantes, estão os dissacarídeos, que contêmduas subunidades de monossacarídeos, como asacarose e a lactose. Os oligossacarídeos commais de três subunidades costumam estar asso-ciados a outras biomoléculas, especialmente

com lipídeos, formando glicolipídeos e comproteínas, formando glicoproteínas;

(c)polissacarídeos, que contêm centenas demonossacarídeos unidos por ligações glicosídi-cas, podendo ser lineares, como a celulose, ouramificados, como o amido e o glicogênio.

DIGESTÃO E ABSORÇÃO DOS GLICÍDEOS

 Animais monogástricos

 As principais fontes de glicídeos na dieta dosanimais monogástricos são polissacarídeos, taiscomo amido, glicogênio e dextrinas, e algunsdissacarídeos, como sacarose, lactose e maltose.

Os polissacarídeos constituem os glicídeosmais abundantes na natureza e diferem entresi quanto ao tipo e número de monossaca-rídeos que os formam, quanto ao tipo de liga-ção entre suas subunidades e quanto ao graude ramificação. Eles servem de reservas energé-ticas ou de elementos estruturais e estão forma-dos por centenas a milhares de unidades demonossacarídeos, tendo pesos molecularesmuito variados, mas sempre elevados.

Entre os polissacarídeos que constituem re-

servas energéticas estão o amido e o glicogênio,ambos constituídos por unidades de glicose. Oamido é encontrado nos vegetais, principal-mente nas sementes e nas tuberosas, enquan-to o glicogênio é próprio dos animais. Ambosos polissacarídeos são armazenados em grânu-los citoplasmáticos.

O amido está organizado na forma de dois

polímeros: amilose e amilopectina. A amiloseestá composta por milhares de unidades de

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g • INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA CLÍNICA VETERINÁRIA • 201

em 30 a 60 minutos após a administração. Nes-ta fase, a hiperglicemia, assim como o estímu-lo de hormônios gastrintestinais (gastrina,secretina, colecistoquinina) e do glucagon,

provoca a liberação de insulina;(b) Fase II, na qual os níveis séricos de glicosecomeçam a cair, como conseqüência do au-mento da insulina. Nesta fase, a taxa de remo-ção de glicose do sangue é maior do que a taxade entrada;

(c) Fase III, na qual os níveis séricos de glicosecontinuam caindo, até atingir uma condição

de hipoglicemia temporária para depois vol-tar a seus valores originais.

Em geral, quanto maior a hiperglicemia dafase I, maior a hipoglicemia observada na faseIII. A análise dos níveis glicêmicos, após a ad-ministração oral ou intravenosa de glicose,constitui a fundamentação da prova de tole-rância à glicose.

Em casos de hiperglicemia leve, a utilizaçãoda prova de tolerância à glicose é fundamen-

tal no estabelecimento do diagnóstico. A tole-rância normal implica que o aumento dos ní-

 veis séricos de glicose é pouco elevado, e o re-torno aos níveis normais ocorre em cerca de

duas horas. Tolerância diminuída ou intole-rância, como ocorre no diabetes, é evidencia-da pela elevação excessiva de glicose sérica,com retorno retardado aos níveis normais.

No teste oral para caninos e felinos, é utili-zada glicose, na quantidade de 4 g/kg de pesodo animal, misturada com carne. Uma primei-ra amostra de sangue é retirada antes da ad-

ministração de glicose. Uma segunda amostraé retirada 2 horas após. Para maior exatidão,podem ser tomadas 3 amostras pós-prandiais,com intervalos de 1 hora.

No animal normal, o valor máximo de gli-cemia (140 mg/dL) é observado em 30 a 60minutos após a administração de glicose, retor-nando aos valores normais em 2 ou 3 horas.

 Valores de glicemia persistentemente altosapós 2 horas da administração de glicose po-dem ser indicativos de diabetes.

Figura 16 – Curva de tolerância à glicose. Variações da glicemia após administraçãooral de glicose (no tempo 0). A linha tra-cejada corresponde ao nível médio normalde glicemia.

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g • INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA CLÍNICA VETERINÁRIA • 211

Capítulo 6Bioquímica clínica de minerais

INTRODUÇÃO

 Além das biomoléculas orgânicas, os teci-dos animais também possuem elementos inor-gânicos que fazem parte dos tecidos e se en-contram em uma proporção de 2 a 5% do pesototal dos animais. Entre esses elementos, osminerais têm funções essenciais tanto na estru-tura de tecidos e biomoléculas, como no pró-prio metabolismo animal, participando comocofatores enzimáticos, ativadores da ação hor-

monal, e como responsáveis pela pressão os-mótica e pelo equilíbrio ácido-básico.

Os minerais podem ser divididos em:

(a) macrominerais, aqueles que estão em maiorconcentração no organismo animal e cujos re-querimentos são expressados em percentagem,quais sejam: cálcio (Ca), fósforo (P), magnésio(Mg), sódio (Na), cloro (Cl), potássio (K) e

enxofre (S). As principais funções dosmacrominerais são indicadas na Tabela 1.

TABELA 1 – FUNÇÕES METABÓLICAS MAIS IMPORTANTES DOS MACROMINERAIS

Mineral

Cálcio (Ca)

Fósforo (P)

Potássio (K)

Enxofre (S)

Sódio (Na)

Cloro (Cl)

Magnésio (Mg)

Composiçãono organismo (%)

1-2

0,7-1,2

0,3

0,25

0,15

0,15

0,045

Função

mineralização óssea, regulação metabólica, coagulaçãosangüínea, contração muscular, transmissão de impulsosnervosos

mineralização óssea, componente de DNA e RNA, parte decompostos de alta energia (ATP), regulação de enzimasalostéricas, componente dos fosfolipídeos

regulação da pressão osmótica, transmissão do impulsonervoso, regulação do equilíbrio ácido-básico, contraçãomuscular, controle do equilíbrio hídrico

componente de aminoácidos sulfurados, componente de

biotina e tiamina, componente de mucopolissacarídeos,reações de desintoxicação

regulação da pressão osmótica, condução nervosa,transporte ativo de nutrientes, regulação do equilíbrioácido-básico, contração muscular, controle do equilíbriohídrico

regulação da pressão osmótica, regulação do equilíbrioácido-básico, controle do equilíbrio hídrico, formação doHCl no suco gástrico

cofator de mais de 300 enzimas, componente dos ossos,

atividade neuromuscular Adaptado de Spears (1999).

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creção de calcitonina como mecanismo prote-tor da hipercalcemia diante de uma alimenta-ção rica em cálcio.

 A secreção de calcitonina parece ser con-tínua a concentrações fisiológicas de cálcioplasmático, porém, diante de uma elevação docálcio, aumenta sua secreção, e diante de umadiminuição de cálcio, diminui sua secreção, ouseja, o controle secretor é por  feedback  positi-

 vo, oposto ao do PTH.

 A somatostatina tem sido encontrada natireóide, sendo possível que atue como contro-

le parácrino para inibir a secreção de calcitonina. Apesar das ações biológicas estabelecidas

para a calcitonina, a tireoidectomia não pro- voca maiores anormalidades na homeostasedo cálcio, diferentemente do que ocorre coma paratireoidectomia.

Os transtornos das células parafolicularessão menos freqüentes do que os transtornos daparatireóide. Foi relatada apresentação dehipercalcitonismo em humanos e em tourosdevido a neoplasias das células parafoliculares,aparentemente por causas hereditárias. As va-cas não desenvolvem lesões proliferativas sobcondições alimentares altas em cálcio, como ostouros, talvez pelo alto gasto de cálcio duran-te a gestação e a lactação.

Em animais tireoidectomizados, pode serobservado hipocalcitonismo. Embora não seobservem problemas clínicos definidos nessesanimais, eles podem não manejar eficiente-mente uma alta carga de cálcio e apresentarhipercalcemia.

Vitamina D3 (1,25-DHC)

 A vitamina D é uma vitamina lipossolúvelquimicamente similar aos esteróides, porémcom o anel B aberto entre as posições 9 e 10.

 A forma natural da vitamina D3 é o colecal-ciferol, formado na pele por ação não enzimá-tica a partir do precursor esteroidal 7-deidro-colesterol, por ação da luz ultravioleta solar(Figura 3).

Figura 3 – Biossíntese do calcitriol (vitamina D3 ativa ou 1,25-di-hidroxicolecalciferol).

α

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Capítulo 7Bioquímica hormonal

INTRODUÇÃO

 A integração do metabolismo, nos mamífe-ros, é realizada pelos sistemas nervoso e endó-crino. No primeiro, a comunicação opera atra-

 vés de neurotransmissores, tais como noradre-nalina, acetilcolina ou serotonina, enquanto, nosegundo, operam mensageiros químicos deno-minados hormônios, os quais são transportadospelo sangue até seu local de ação (órgão-alvo).

Estes dois sistemas estão inter-relacionados, poiso sistema nervoso pode controlar a função en-dócrina ao tempo que alguns hormônios con-trolam funções nervosas. Por exemplo, a secre-ção de insulina, prolactina, adrenalina e gli-cocorticóides está regulada via estímulos neu-rais. Por outra parte, a tiroxina e o cortisol re-gulam a função de neurônios hipotalâmicos emsistemas de regulação feedback .

 Alguns mensageiros químicos são comunspara ambos os sistemas, como é o caso da adre-nalina e da noradrenalina, as quais funcionamcomo neurotransmissores em algumas sinapsesdo cérebro e do músculo liso e também comohormônios reguladores do metabolismo ener-gético no fígado e no músculo esquelético.

Embora os sistemas nervoso e endócrinogeralmente sejam estudados de forma separa-da, no estudo da regulação do metabolismo,eles atuam de forma integrada em um sistemaneuroendócrino. O sistema neuroendócrinoconstitui a base do controle dos outros siste-mas, estando, portanto, estreitamente ligadoaos processos metabólicos de nutrição, cresci-mento e reprodução.

De forma geral, os hormônios são modifica-dores (moduladores) das reações enzimáticas

do metabolismo, participando de funções es-pecíficas, tais como crescimento celular e tissu-lar, regulação do metabolismo, regulação dafreqüência cardíaca e da pressão sangüínea,função renal, eritropoiese, motilidade do tra-to gastrointestinal, secreção de enzimas diges-tivas e de outros hormônios, lactação e ativi-dade do sistema reprodutivo.

 As características endócrinas são freqüen-temente herdadas, o que pode ter utilidade nadeterminação de parâmetros de seleção paramelhoramento em várias espécies animais, atra-

 vés da dosagem dos níveis sangüíneos de deter-minados hormônios, tais como somatotropina,hormônios gonadotrópicos e esteróidessexuais.

CLASSIFICAÇÃO QUÍMICA DOS HORMÔNIOS

 Atualmente são conhecidos mais de 50 hor-mônios (Tabela 1). Existem quatro gruposquímicos de hormônios: peptídeos, esteróides,aminas e eicosanóides. Cada grupo tem dife-rentes características quanto a sua forma de

síntese, armazenagem, meia-vida, forma detransporte no sangue e mecanismo de ação(Tabela 2).

Os hormônios peptídicos podem ter desde3 até 200 resíduos de aminoácidos, constituin-do o grupo mais numeroso de hormônios. Osprincipais órgãos que produzem hormôniospeptídicos são o hipotálamo, a hipófise, asilhotas pancreáticas, a placenta, a glândulaparatireóide e o trato gastrointestinal.

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296 • FÉLIX H. DÍAZ GONZÁLEZ e SÉRGIO CERONI DA SILVA •g

hidroxilase é inibida pelas próprias cateco-laminas. Posteriormente a DOPA é decarboxi-lada por uma enzima presente em todos os teci-dos no compartimento citosólico, a DOPA-

descarboxilase, a qual tem como coenzima opiridoxal-fosfato, para formar dopamina, pri-meira catecolamina a ser sintetizada na via. Paraproduzir as demais catecolaminas, a dopaminadeve entrar nos grânulos cromafínicos de secre-ção, onde a dopamina β-hidroxilase catalisa suaconversão à noradrenalina (norepinefrina).Esta enzima é uma oxido-redutase que usaascorbato como doador dos elétrons, tendo um

átomo de Cu+ como sítio ativo e fumarato como

modulador. Encontra-se na fração particuladado grânulo. Finalmente, uma enzima solúvelpresente no citosol, a feniletanolamina-N-metiltransferase, catalisa a N-metilação da

noradrenalina para formar adrenalina. A sínte-se desta enzima é estimulada porglicocorticóides que alcançam a medula adrenal

 via sistema portal intra-adrenal e podem concen-trar-se até 100 vezes mais do que na circulaçãoperiférica. Por essa razão, a adrenalina não podeser sintetizada em lugares extra-adrenais.

 A adrenalina sintetizada pode armazenar-

se nos grânulos de secreção. A estimulação

Figura 8 – Biossíntese de adrenalina.

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g • INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA CLÍNICA VETERINÁRIA • 301

Figura 10 – Biossíntese dos hormônios tireoidianos.

porco e no humano, o istmo é grande e pira-midal, na vaca tem forma de uma larga faixa,enquanto no cavalo, na ovelha, na cabra, nocão e no gato, o istmo é uma estreita banda

quase imperceptível. Aproximadamente 50% dos cães adultos

têm tireóides acessórias embutidas na gordu-ra sobre a aorta pericardial, as quais podem serlocalizadas mediante fixação de iodo radiativo.

 As tireóides acessórias geralmente aparecemcomo nódulos em número de 1 a 5, de 1-2 mmde diâmetro. Não possuem células C, secreto-ras de calcitonina, e sua origem é a crista neu-ral. As tireóides acessórias respondem a TSHe são completamente funcionais.

 A unidade anatômica e funcional da tireói-de é o folículo tireoidiano (Figura 9), o qualestá rodeado de células epiteliais ou célulasfoliculares, que são de tamanho variado (25 a

250 µm de diâmetro). No interior dos folículos,está o colóide, secreção clara e viscosa que con-tém tireoglobulina, uma glicoproteína conten-do oligossacarídeos formados por hexosamina,galactose, manose e outros glicídeos, além deaminoácidos iodados ou iodotirosinas, tais co-mo a monoiodotirosina (MIT) e a diiodoti-rosina (DIT), e compostos derivados ou iodo-tironinas, como a triiodotironina (T3) e a te-

traiodotironina ou tiroxina (T4). As duas últi-mas são os hormônios tireoidianos (TH).

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g • INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA CLÍNICA VETERINÁRIA • 313

Capítulo 8

INTRODUÇÃO

 A determinação e a interpretação de com-postos químicos no sangue são algumas das prin-cipais aplicações práticas da Bioquímica Clíni-ca. Os perfis bioquímicos do plasma podem serutilizados em veterinária, não somente para ava-liação clínica individual, mas também para ava-liar e monitorar a condição nutricional e meta-

bólica em grupos de animais. Quando interpre-tado adequadamente, o perfil bioquímico doplasma fornece importante informação comrelação ao estado clínico, metabólico e produ-tivo de um animal. Entretanto, deve-se ressaltarque os perfis laboratoriais são considerados umaajuda no diagnóstico e que o veterinário devefazer uso de toda a informação disponível, como

o exame físico e a história clínica, antes de che-gar a qualquer diagnóstico final.

O perfil bioquímico serve também comoindicador dos processos adaptativos do organis-mo, no metabolismo energético, protéico emineral, além de oferecer subsídios na inter-pretação do funcionamento hepático, renal,pancreático, ósseo e muscular. Alguns metabó-litos podem funcionar como indicadores dopotencial produtivo e reprodutivo dos animais,sendo que alguns desses indicadores podemestar geneticamente controlados, o que moti-

 va o aprofundamento no estudo desses aspec-tos na área de melhoramento animal.

O número de metabólitos a serem analisa-dos no perfil sangüíneo pode ser ilimitado, mas

só se justifica estudar aqueles em que se conhe-cem a sua fisiologia e metabolismo, de formaa poder fazer uma interpretação útil.

No metabolismo energético, são consideradosos níveis sangüíneos de glicose, colesterol e áci-dos graxos livres. Em ruminantes, também são es-tudados os níveis deβ-hidroxibutirato (BHB). Nometabolismo protéico, são determinados os níveis

de proteínas totais, albumina, globulinas e, em ru-minantes, a uréia. No metabolismo mineral, sãopesquisados, entre outros, os níveis de cálcio, fós-foro, magnésio, potássio, ferro, cobre, zinco ecobalto, bem como indicadores para selênio (glu-tation peroxidase) e para iodo (tiroxina).

O perfil metabólico pode incluir a determi-nação do quadro hemático, para avaliar anemi-

as, estados de desidratação e quadros infeccio-sos, bem como enzimas e outros metabólitosque permitam avaliar o funcionamento de di-ferentes sistemas.

Os metabólitos indicadores das funções he-pática, renal pancreática, óssea e muscular sãomostrados, respectivamente, nas Tabelas 2 a 6*.Indicadores do status  nutricional são mostradosna Tabela 7.

VALORES DE REFERÊNCIADO PERFIL BIOQUÍMICO SANGÜÍNEO

 A interpretação do perfil bioquímico é com-plexa, tanto aplicada a rebanhos quanto a in-divíduos, devido aos mecanismos que contro-

Perfil Bioquímico Sangüíneo

* Tabelas no final do capítulo

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g • INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA CLÍNICA VETERINÁRIA • 323

muito pouco afetada pelo aumento do catabo-lismo das proteínas tissulares e da dieta.

 A excreção de creatinina só se realiza por via renal, uma vez que ela não é reabsorvida

nem reaproveitada pelo organismo. Por isso, osníveis de creatinina plasmática refletem a taxade filtração renal, de forma que níveis altos decreatinina indicam uma deficiência na funcio-nalidade renal.

Entre as causas de aumento plasmático dacreatinina, devem ser consideradas uma azote-mia pré-renal por diminuição da perfusão renal,

como, por exemplo, na desidratação, uma azo-

temia renal devido à insuficiência renal, umaazotemia pós-renal por obstrução do fluxo uri-nário ou ruptura de bexiga, ou simplesmenteuma atividade muscular intensa ou prolongada.

Entre as causas da diminuição dos níveis decreatinina no plasma são consideradas hidra-tação excessiva, insuficiência hepática e doen-ças musculares degenerativas.

Dióxido de carbono

O dióxido de carbono (CO2) é o produtofinal do metabolismo. Na presença da enzima

Figura 1 – Formação de creatina e decreatinina.

Cili d C i t i

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350 • FÉLIX H. DÍAZ GONZÁLEZ e SÉRGIO CERONI DA SILVA •g

Cilindros

 A urina normal contém de 1 a 2 cilindroshialinos ou granulares por campo de 400x. Um

aumento na quantidade de cilindros indica al-terações no trato urinário superior. Os cilin-dros se formam nos túbulos renais e podem serencontrados os seguintes tipos:

- cilindros hialinos: associados com proteinúria;

- cilindros granulares: associados com danosdegenerativos tubulares;

- cilindros de leucócitos: associados com infla-mação renal;

- cilindros de eritrócitos: associados com he-morragias renais, geralmente resultado detraumatismos.

Bactérias

Em condições normais, não aparecem bac-térias na urina, se ela for coletada por cistocen-tese, porém podem aparecer na coleta por ca-téter ou por micção espontânea (mais acentua-do). Presença de bactérias na urina coletadaassepticamente indica processo infeccioso.

Cristais

Embora descritos numerosos cristais na uri-na, os mais importantes do ponto de vista clí-

nico são os seguintes:- cristais de biureto, amônia ou uratos amorfos:indicam insuficiência hepática;

- cristais de fosfato triplo aumentados: em carní- voros indicam inflamação do trato urinário;

- cristais de carbonato e oxalato cálcico: co-muns na urina de cavalos e ruminantes, mas empequenos animais estão associados com into-xicação por etilenoglicol.

- cristais de aminoácidos: de tirosina indicamalterações hepáticas, e de cisteína indicam al-terações renais.

Outros componentes

Podem ser encontradas gotas de gordura,que não devem ser confundidas com eritróci-tos, espermatozóides em alta concentração emmachos, fungos e leveduras, como resultado decontaminação.

TABELA 1 – VALORES DE REFERÊNCIA DE ALGUNS METABÓLITOS SANGÜÍNEOS

Metabólito

 Ácidos graxos livres AlbuminaBeta-OH-butiratoBilirrubina diretaBilirrubina totalColesterolCreatininaGlicoseGlobulinasHemoglobinaLactatoProteínas totaisTriglicerídeos

Uréia

Unidade

mmol/Lg/Lmg/dLmg/dLmg/dLmg/dLmg/dLmg/dLg/Lg/dLmg/dLg/Lmg/dL

mg/dL

Caninos

26-330,24-0,360,06-0,120,1-0,5135-2700,5-1,565-11827-4412-182-1354-7138,1

10-28

Felinos

21-33

0,15-0,595-1300,8-1,870-10026-518-14

54-7835,4

20-30

Bovinos

8,8-20,627-38< 100,04-0,440,01-0,580-1201,0-2,045-7530-529-155-2066-750-14

17-45

Eqüinos

2,9-11,826-370-100-0,41-275-1501,2-1,975-11526-4011-1910-1652-794-44

10-24

Ovinos

2,9-14,724-306-100-0,270,1-0,552-761,2-1,950-8035-579-149-1260-79

8-20

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g • INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA CLÍNICA VETERINÁRIA • 355

TABELA 8 – VALORES DE REFERÊNCIA DE ALGUNS MINERAIS NO PLASMA SANGÜÍNEO

Metabólito

CálcioCobreFerroFósforoMagnésioPotássio

Sódio

Unidade

mg/dLmmol/Lmmol/Lmg/dLmg/dLmmol/L

mmol/L

Caninos

9-11,315,7-31,55,4-32,22,6-6,21,8-2,44,4-5,3

141-152

Felinos

6,2-10,2

12,2-38,54,5-8,12,24,0-4,5

147-156

Bovinos

8-12,45,16-5,5410,2-29,03,4-7,11,7-3,03,9-5,8

132-152

Equinos

11,2-13,6

13,1-25,13,1-5,62,2-2,82,4-4,7

132-146

Fontes: Kaneko et al. (1997), Wittwer et al. (1987)

TABELA 9 – ENZIMAS RELEVANTES NA CLÍNICA VETERINÁRIA E SUAS LOCALIZAÇÕES

Enzima 

 Alanina aminotransferase Aldolase Amilase Arginase Aspartato aminotransferaseColinesteraseCreatina quinaseFosfatase ácidaFosfatase alcalinaGamaglutamiltransferaseGlutamato desidrogenaseGlutation peroxidaseLactato desidrogenaseLipaseOrnitina carbamiltransferasePiruvato quinaseSorbitol desidrogenaseTranscetolase

Tripsina

 Abreviatura 

 ALT Ald Amyl ARG ASTChECPK 

 AcPFA 

GGTGLDHGPxLDHLIPOCTPK SDH

TK 

Localização

fígado, músculo e rimmúsculo cardíaco e esqueléticopâncreas e glândula salivarfígadofígado, músculo cardíaco e esqueléticosistema nervoso e fígadomúsculo e cérebrodiversosfígado, ossos, intestino, placenta e rimfígado, rim, glândula mamária, leite e sêmenfígadoeritrócitosfígado, músculo e células sangüíneaspâncreasfígadodiversosfígadodiversos

pâncreas

Sé i G d ã

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g • INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA CLÍNICA VETERINÁRIA • 359

Série Graduação

Físico-química

Um estudo dirigido sobre equilíbrio entre fases,soluções e eletroquímicaYeda Pinheiro Dick e Roberto Fernando de Souza

Histologia

Texto, atlas e roteiro de aulas práticasTatiana Montanari

Introdução à bioqu ímica clínica veterinária

Félix H. Díaz González e Sérgio Ceroni da Silva

Físico-química I

Termodinâmica química e equilíbrio químicoLuiz Pilla

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