aula - RESISTÊNCIA NEGRA NO BRASIL OITOCENTISTA
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Professor doutor da UFBA. Publicou outras obras:
“Rebelião escrava no Brasil: a história do levante dos malês (1835)”
“Negociação e conflito: a resistência negra no Brasil escravista”
Entender os escravos como sujeitos históricos ativos;
Sujeitos políticos, foram capazes de desenvolver uma visão crítica da sociedade em que viviam;
Os estudos sobre rebeliões escravas fizeram com que não se permitissem mais que a abolição fosse tratada como um negócio apenas de brancos.
Repensar o conceito de violência do sistema e admitir a existência de espaço para o escravo negociar um cotidiano mais brando;
Estudos que comprovam que os escravos lançavam mão de “estratégias” para sobreviverem, ora curvando-se aos ditames do senhor, ora a eles resistindo;
A escravidão teria, pois, um caráter consensual que nega a coisificação e seria aceita pela grande maioria dos cativos.
Revoluções liberais Difusão do ideário de liberdade e igualdade. Revolução Haitiana (1791-1804).Processo de independência peculiar pelo direcionamento da luta
Cisão na classe dominante.
Processo de Independência do Brasil;
“Colônia como escrava da metrópole”. Adesão escrava e liberta na luta pela
independência.
Revitalização das grandes lavouras; Intensificação do tráfico negreiro. Escravos da mesma etnia em grandes
números.
Proibição do tráfico e leis que reformaram a escravidão;
Primeira lei de proibição do tráfico em 1831 e definitiva em 1850.
Lei de 28 de setembro de 1871 e o estabelecimento de direitos aos escravos.
“Interpretação própria.”
Uma das questões mais levantadas pelos autores que discutem a resistência negra no Brasil é o seu grau de subversão. A resistência muitas vezes era reformista, só que isso não as tirava do âmbito de contestação, pois ao reivindicar melhores condições para si (em particular) estabelecia-se uma agressão à ordem social e concomitantemente o enfraquecimento do sistema, já que, se formulavam neste, espaços de liberdade.
Além disso os atos praticados contra o sistema suscitava o medo da “haitianização” se concretizar, levando a classe proprietária a repensar a escravidão.
A escravidão brasileira alcançaria seu ápice no século XIX, difundida como estava em todo o território nacional, os diversos setores da economia, conformando praticamente todas as instituições sociais, inclusive a família. (REIS, pp. 244)
Fugas reivindicatórias; Estas se caracterizam pelo tempo muitas vezes
determinado. Elas tinham como objetivo protestar contra alguma tirania e ou situação que excedesse o nível “aceitável” da escravidão.
Fugas de rompimento; Estas por outro lado, eram aquelas em que os
escravos tentavam fugir do sistema escravocrata, e muitas vezes se juntavam em grupos que davam origens à forma mais citada de resistência, que eram os quilombos.
“Brecha camponesa”;o Esta faceta da escravidão pode ser vista como uma
abertura dentro do sistema que permitia aos escravos certa liberdade possibilitando assim espaço para negociações.
Paternalismo no sistema escravocrata;o Paternalismo para Eduardo Silva não significa uma
relação harmoniosa entre senhor e escravo, antes disso, seria esta relação uma forma de controle com menos desgaste, uma forma mais sutil e eficiente e com alguma negociação.
Os escravos, obviamente, não desconheciam o que se passava no mundo dos poderosos. Aproveitavam-se das divisões entre estes, selecionaram temas que lhes interessavam do ideário liberal e anticolonial, traduziram e emprestaram significados próprios às reformas operadas [...]. (REIS, pp. 262)
Os escravos não eram agentes históricos independentes, capazes de construir o próprio destino, mas os senhores às vezes também se deparavam com limitações impostas pelos atos e pelas posturas dos escravos. A equação do poder e das oportunidades era, é claro, desigual, mas tanto senhores quanto escravos tentavam constantemente redefinir tal fórmula. (SCHWARTZ, 2001, contra-capa)
Alguns líderes tiveram posturas abolicionistas muito antes do abolicionismo ser adotado por largos setores livres da sociedade, e quando estes o fizeram o movimento escravo cresceu, não permitindo que a abolição se transformasse em um negócio apenas de brancos. (REIS, pp. 262)
“O papel da religião na revolta escrava não se limitou apenas a expressões de maior densidade africana” (REIS, p.260)
REIS, João José. “Nos achamos em campo a tratar da liberdade”: a resistência negra no Brasil oitocentista. In: MOTTA, C. G. (org.). Viagem Incompleta. A experiência escrava brasileira (1500-2000). Formação: histórias. São Paulo: Editora SENAC, 2000. SCHWARTZ, Stuart. Escravos, Roceiros e Rebeldes. São Paulo: Edusc, 2001, capítulo 5. CHALHOUB, Sidney. Visões da liberdade: uma história das últimas décadas de escravidão na Corte. São Paulo: Cia das Letras, 1990, capítulo 2.