ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO IDOSO COM ALZHEIMER NO … Paula Alves... · Alzheimer que é a...
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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE BARACHELADO EM ENFERMAGEM
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO IDOSO COM ALZHEIMER NO
ÂMBITO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Barra do Garças – MT
2019
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
ANA PAULA ALVES CAPITANIO
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO IDOSO COM ALZHEIMER NO
ÂMBITO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
ANA PAULA ALVES CAPITANIO
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado como exigência final
para titulação de Graduado em
Enfermagem Bacharelado pela
Universidade Federal de Mato
Grosso – Campus Universitário do
Araguaia, sob a orientação da
Professora Me. Priscilla Nicácio da
Silva.
Barra do Garças - MT
2019
DEDICATÓRIA
Dedico primeiramente a Deus, pois
sem Ele nada do que me tornei seria
possível. A minha avó Lourdes Zelita
Saurin Capitanio, na qual foi a
inspiração para a realização deste
trabalho. Aos meus pais, Vivaldino e
Eliane, que acreditaram no meu
potencial depositando em mim toda a
confiança, com todo o amor e
sacrifícios devotados para mim, a fim
de me oferecer a melhor herança: a
EDUCAÇÃO. Obrigada por tudo!
AGRADECIMENTOS
Ao meu grande e fiel amigo, que está sempre ao meu lado em todos os
momentos, aquele que nunca me deixa na mão e que me inspira a mais profunda
confiança. Sem a Sua ajuda tenho certeza que nada disso seria possível...
DEUS!
A minha família que sempre esteve ao meu lado durante toda a jornada,
fizeram com que eu continuasse, depositando em mim toda confiança para que
fosse possível a concretização desse sonho.
Ao meu avô, o maior exemplo de homem que conheci até hoje, Reinaldo
Capitanio (in memorian), obrigado por tudo, pelos sacrifícios que fizestes a mim,
que sem ao menos ter condições. Obrigado por me acolher, por ter participado
da minha criação, do meu crescimento e da minha educação.
A minha orientadora, Profª Me. Priscilla Nicácio da Silva pela confiança e
por ter me acolhido de braços abertos, obrigado pela paciência e pelo tempo
disponibilizado durante as orientações, não medindo esforços para compartilhar
comigo todo o seu conhecimento, gratidão por ter sido sua aluna e orientanda.
Às Profª Drª. Izabella Chrystina Rocha e Profª Drª. Satie Katagiri as quais
compõem minha banca examinadora e, certamente irão contribuir para o meu
aprendizado.
A minha amiga Daniela Sanches Couto, por sua generosidade e
cumplicidade, onde sempre esteve ao meu lado durante essa longa jornada.
Aos meus companheiros de graduação, Kaique Saimon, Marcos Vitor e
Géssica Helena que tornaram-se grandes amigos para mim, foram as pessoas
com quem mais dividi meus dias de universitária, minhas alegrias, tristezas, e
sempre estavam prontos pra me apoiar e aconselhar nas minhas decisões.
Aos meus primos, Luiz Antonio Capitanio e Paulo Cesár Capitanio, que
esteve sempre presente nos dias em que mais precisei aqui em Barra do Garças,
me apoiando e fazendo os meus finais de semanas mais alegres.
Aos meus amigos de Água Boa, em especial ao Jefferson Maciel, meu
amigo de infância, que tanto me apoiou, sempre sincero ao me dar opiniões
sobre o que eu decidia, acreditando cada dia mais no meu sucesso.
À todos que contribuíram de alguma forma com a realização deste
trabalho, meu muito obrigado.
EPÍFAGRE
“O que se opõe ao descuido e ao descaso é o cuidado. Cuidar é mais que um ato; é uma atitude. Portanto, abrange mais que um momento de atenção. Representa uma atitude de ocupação, preocupação, de responsabilização e de envolvimento afetivo um com o outro”.
(Leonardo Boff)
RESUMO
O envelhecimento é um processo natural e fisiológico, mas existem casos em
que podem surgir fenômenos patológicos. Dentre eles destaca-se a Doença de
Alzheimer que é a principal causa de demência, sendo uma doença crônica,
neurodegenerativa, de evolução lenta e progressiva que resulta em uma
diminuição de inúmeras funções motoras e cognitivas. É na Atenção primária de
saúde onde ocorre o primeiro contato da população com as equipes de saúde,
que devem estar preparadas para a identificação precoce dos problemas que
acometem e fragilizam a população idosa. Objetivou-se investigar a colaboração
das literaturas científicas encontradas em bases de dados que apresentam os
cuidados de enfermagem realizados em idosos com Doença de Alzheimer no
âmbito da atenção primária. Trata-se de uma revisão integrativa da literatura de
2014 a 2018, referente a artigos publicados em português, inglês e espanhol,
nas bases de dados: BDENF, BVS, Lilacs e Scielo. Dos 61 artigos obtidos, 9
foram selecionados na integra para a realização do estudo. Pelos estudos
percebeu-se que o enfermeiro é um profissional de enorme importância na
assistência a pessoa com Doença de Alzheimer. Foi evidenciado que em sua
maioria os idosos com DA recebem cuidados de familiares em suas residências,
sendo necessário avaliação e triagem por parte da equipe da atenção básica,
assim como aconselhamento e integralidade na assistência, tanto a pessoa com
Alzheimer, quanto para o familiar/cuidador. O estudo permitiu visualizar alguns
cuidados de enfermagem ao idoso com Doença de Alzheimer na atenção
primária, mas esta temática necessita de uma demanda maior de estudos, então
existe a necessidade de aperfeiçoamento e disseminação de conhecimentos e
recursos na atenção básica sobre a Doença de Alzheimer, para que haja um
atendimento em saúde adequado.
Palavra-chave: Doença de Alzheimer; Assistência de enfermagem; Atenção à
saúde.
ABSTRACT
Aging is a natural and physiological process, but there are cases in which
pathological phenomena may arise. Among them, Alzheimer's disease is the
main cause of dementia. It is a chronic neurodegenerative disease with a slow
and progressive evolution that results in a reduction of numerous motor and
cognitive functions. It is in primary health care that the first contact of the
population with health teams occurs, which must be prepared for the early
identification of the problems that affect and weaken the elderly population. The
objective of this study was to investigate the collaboration of scientific literature
found in databases that present the nursing care performed in elderly people with
Alzheimer's disease in primary care. It is an integrative review of the literature
from 2014 to 2018, referring to articles published in Portuguese, English and
Spanish, in the databases: BDENF, VHL, Lilacs and Scielo. Of the 61 articles
obtained, 9 were selected in their entirety for the study. Through the studies, it
was noticed that the nurse is a professional of enormous importance in the care
of the person with Alzheimer's Disease. It was evidenced that in the majority of
the elderly with AD receive care of relatives in their homes, being necessary
evaluation and screening by the primary care team, as well as counseling and
integral care, both the person with Alzheimer's and the family / caregiver. The
study allowed visualizing some nursing care for the elderly with Alzheimer's
disease in primary care, but this theme requires a greater demand for studies, so
there is a need for improvement and dissemination of knowledge and resources
in basic care about Alzheimer's disease, so that there is adequate health care.
Key words: Alzheimer's disease; Nursing care; Attention to health.
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
AB - ATENÇÃO BÁSICA
ADI - ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DA DOENÇA DA ALZHEIMER
AVDs - ATIVIDADES DA VIDA DIÁRIA
APS - ATENÇÃO PRIMÁRIA DE SAÚDE
AVE - ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO
BIFAP - BASE DE DADOS FÁRMACO EPIDEMIOLÓGICO
CAPES - COORDENAÇAO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE
NÍVEL SUPERIOR
CEAF - COMPONENTE ESPECIALIZADO DA ASSISTÊNCIA
FARMACÊUTICA
DA - DOENÇA DE ALZHEIMER
DESCS - DESCRITORES EM CIÊNCIA DA SAÚDE
ESF - ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA
IMC - INDICE DE MASSA CORPORAL
OMS - ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE
PNSPI - POLÍTICA NACIONAL A PESSOA IDOSA
SAE – SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM
SUS - SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
LISTA DE QUADROS
Quadro 1. Distribuição dos artigos localizados segundo título do artigo, ano de
publicação, base de dados, revista de publicação e país. Barra do Garças – MT,
Brasil................................................................................................................. 22
Quadro 2. Distribuição dos artigos segundo o idioma de publicação, objetivo,
método e número de amostra. Barra do Garças – MT,
Brasil..................................................................................................................25
Quadro 3. Distribuição dos artigos segundo a localização de realização do
estudo, análise dos dados, resultados e conclusão. Barra do Garças – MT,
Brasil................................................................................................................. 29
SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO .............................................................................................. 11
2.OBJETIVOS .................................................................................................. 13
2.1. Objetivo Geral ........................................................................................ 13
2.2. Objetivos Específicos ............................................................................. 13
3. REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................... 14
3.1 Doença de Alzheimer .............................................................................. 14
3.2 Assistência de Enfermagem na Atenção Primária a Pessoa Idosa ........ 17
4. METODOLOGIA .......................................................................................... 19
4.1. ETAPAS DO ESTUDO ........................................................................... 19
4.2. CRITÉRIOS DE INCLUSÃO DOS ARTIGOS......................................... 20
4.3. RECORTE FINAL DO ESTUDO ............................................................ 20
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................... 21
6. CONCLUSÃO .............................................................................................. 35
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 36
11
1. INTRODUÇÃO
O envelhecimento é um processo natural e está relacionado com a
diminuição da capacidade do organismo em manter o ser humano independente.
Apesar desse processo ser fisiológico, existem casos em que podem surgir
fenômenos patológicos. Dentre as diversas patologias relacionadas ao
envelhecimento, encontra- se a Doença de Alzheimer (DA) (CORREA et al.,
2016).
A doença de Alzheimer está entre as patologias crônicas com maior
prevalência na população idosa, responsável por 60 a 70% de todos os casos
de demência em idosos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou haver
aproximadamente 35,5 milhões de pessoas com demência no mundo em 2010.
Segundo Ferretti et al., (2017) esse número duplicará a cada 20 anos, chegando
a 65,7 milhões em 2030, e a 115,4 milhões em 2050.
O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa, caracterizada pela
deterioração definitiva das células nervosas de forma progressiva e contínua,
que resulta em uma diminuição de inúmeras funções motoras e cognitivas. Esta
doença afeta os mais variáveis aspectos da vida humana, dentre eles a memória,
pensamento, linguagem e conduta que culminam em prejuízos à vida de seu
portador, e devido a essas afecções recebe a denominação de demência
(ALVES et al., 2017).
Para detecção precoce da doença, as equipes de saúde precisam utilizar
instrumentos próprios, abordar pessoas acometidas por múltiplas doenças
crônicas e com algumas limitações da autonomia e independência. A promoção
de assistência contínua com a devida estimulação ao autocuidado das pessoas
com incapacidade parcial ou total, desenvolvidas a partir dos agravos da
patologia existente, é indispensável, e a figura do enfermeiro nesse cenário é
importante. O processo de execução da assistência dos serviços de saúde é
fundamental pois confere direcionalidade às ações, respondendo, assim, o
gestor pelas tomadas de decisões (GALVÃO et al., 2016).
A atenção multiprofissional voltada para esse grupo populacional é falha,
tornando o envelhecimento sinônimo de doença e incapacidade, desenvolvendo
12
um atendimento limitado, sem considerar a capacidade do idoso em realizar
atividades básicas e instrumentais da vida diária, com uma visão reducionista
que desconhece o fenômeno do envelhecimento saudável. A resposta do
sistema de saúde é geralmente fragmentada, em termos de completude e
continuidade do cuidado, o que dificulta a oferta de atenção integral, visando à
promoção, prevenção, tratamento e reabilitação dos idosos (GOYANNA et al.,
2017).
Usuários idosos tendem a constituir uma relação de maior vínculo com o
profissional por serem mais acometidos por doenças crônicas que requerem
acompanhamento, frequentando mais assiduamente a unidade básica de saúde.
E por se tratar de uma população vulnerável, são diferenciados os esforços
empregados para a organização e prestação de serviços em busca do princípio
da equidade (KESSLER et al., 2018).
O cuidado à pessoa idosa deve ser um trabalho em conjunto entre equipe
de saúde, idoso e família. A Atenção Básica é, ou deveria ser, o contato
preferencial dos usuários com os sistemas de saúde. Orienta-se pelos princípios
da universalidade, da acessibilidade e da coordenação do cuidado, do vínculo e
continuidade, da integralidade, da responsabilização, da humanização, da
equidade e da participação social (BRASIL, 2006).
O âmbito da Estratégia Saúde da Família – ESF é o lugar em que ocorre o
primeiro contato da população com as equipes de saúde, onde devem estar
preparadas para a identificação precoce dos problemas que acometem e
fragilizam a população idosa, principalmente as limitações funcionais. (GALVÃO
et al., 2016)
Considerando a importância da assistência de enfermagem ao idoso com
Doença de Alzheimer na atenção básica, percebe-se a necessidade em
conhecer os desafios relacionados a essa assistência. Assim formou-se a
pergunta norteadora dessa pesquisa: quais os cuidados de enfermagem são
prestados na atenção primária ao idoso com doença de Alzheimer?
Justifica-se a realização do estudo em virtude da necessidade em
conhecer quais os cuidados da assistência de enfermagem que são realizados
na atenção primária ao idoso com doença de Alzheimer relatados na literatura.
13
2. OBJETIVOS
2.1. Objetivo Geral
Investigar a colaboração das literaturas científicas encontradas em bases
de dados que apresentam os cuidados de enfermagem realizados em idosos
com Doença de Alzheimer no âmbito da atenção primária;
2.2. Objetivos Específicos
Listar os principais cuidados de Enfermagem prestados aos idosos com
Doença de Alzheimer;
Averiguar a implementação da assistência de enfermagem aos pacientes
com Doença de Alzheimer na atenção primária.
14
3. REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 Doença de Alzheimer
A Doença de Alzheimer (DA) foi descrita pela primeira vez em 1906 pelo
psiquiatra, neuropatologista e médico alemão Alois Alzheimer (CORREA, 1996),
que viveu entre a segunda metade do século XIX e o início do século XX. O
doutor Alzheimer iniciou o acompanhamento do caso de uma paciente admitida
em seu hospital a senhora August, uma mulher normal, saudável, até os 51 anos,
quando começou a desenvolver os primeiros sinais da doença (lapsos de
memória progressivos, desorientação, afasia), e foi a óbito aos 55 anos
(DUARTE; SANTOS, 2015).
Após a morte da senhora August, o doutor Alzheimer examinou o cérebro
da paciente com o auxílio de um microscópio (CORREA, 1996). Ao fazer a
autópsia, descobriu um cérebro morto, com lesões que nunca haviam sido
descritas antes. Tratava-se de um problema dentro dos neurônios, os quais
apareciam atrofiados em vários pontos do cérebro e cheios de placas estranhas
e fibras retorcidas, enroscadas umas nas outras (DUARTE; SANTOS, 2015).
Em novembro de 1906, durante o 37° Congresso do Sudoeste da
Alemanha de Psiquiatria, na cidade de Tübingen, Alois Alzheimer apresentou a
conferência “Sobre uma Enfermidade Específica do Córtex Cerebral”, na qual
relatou o caso da sua paciente, definindo como uma patologia neurológica, não
reconhecida, que cursava com demência. Ele destacou ainda na conferência os
sintomas de déficit de memória, alterações de comportamento e incapacidade
para as atividades rotineiras. E mais tarde relatou os achados de anatomia
patológica dessa enfermidade, que seriam as placas senis e os novelos
neurofibrilares. Na edição de 1910 de seu Manual de psiquiatria, o doutor Emil
Kraepelin descreveu os achados do doutor Alzheimer, registrando a nova
patologia com o nome de Alzheimer, sem prever a importância que essa
descoberta e essa classificação teriam no futuro (DUARTE; SANTOS, 2015).
Desde a divulgação pelo Dr. Alzheimer, ocorreu uma rápida proliferação de
estudos e investigações sobre a doença de Alzheimer, a partir de 1977 estudos
mais dinâmicos e aprofundados foram realizados sobre a DA, promovendo
novas compreensões e conceitos sobre a doença (ARAÚJO, 2001).
15
A DA está relacionada à perda cognitiva progressiva, que leva ao declínio
funcional e perda gradativa da autonomia, que, em consequência, ocasionam
dependência total. Os mecanismos patológicos da DA ainda permanecem em
grande parte desconhecidos. Os principais achados são perda neuronal,
degeneração sináptica intensa e aumento significativo da deposição de placas
senis e emaranhado neurofibrilares no córtex cerebral, com transtornos de
comportamento e afeto (BRUNNER; SUDDARTH, 2015). A perda da memória é
o sintoma mais relevante e precoce, podendo causar grande impacto nas
atividades de vida diária. Conforme o avançar do comprometimento cognitivo na
DA, esses idosos necessitam pouco a pouco de ajuda para realizar suas
atividades de vida diária, ou seja, precisam de uma pessoa que cuide deles e
execute as tarefas do cotidiano que o idoso não consegue mais realizar.
(DIDONE; BORGES, 2015).
As alterações cognitivas caracterizadoras da doença e transtornos de
comportamento são comuns, de evolução lenta e progressiva, com duração
média de oito anos entre o início dos sintomas e o óbito (FERREIRA; CARMO,
2015).
Existem muitas teorias sobre a causa do declínio cognitivo relacionado com
a idade. Embora o maior fator de risco para a DA seja a idade, muitos fatores
ambientais, alimentares e inflamatórios também podem determinar se uma
pessoa sofre desta doença cognitiva (BRUNNER; SUDDARTH, 2015).
Nos estágios iniciais da DA, ocorrem esquecimento e perda senil da
memória. Os pacientes podem experimentar pequenas dificuldades nas
atividades ocupacionais ou sociais, mas têm função cognitiva suficiente para
compensar a perda e continuar atuando de modo independente (GIUNTA et al,
2008).
O esquecimento manifesta-se em muitas ações diárias com a progressão
da doença. A conversa torna-se difícil, e ocorrem dificuldades em encontrar as
palavras. As capacidades de formular conceitos e de pensar de modo abstrato
desaparecem. O cliente pode exibir um comportamento impulsivo inapropriado.
Alterações da personalidade são evidentes; o cliente pode ficar deprimido,
desconfiado, paranoide, hostil e combativo. As habilidades da fala deterioram
para sílabas sem sentido; a agitação motora aumenta. Por fim, o cliente
necessita de assistência para a maioria das atividades da vida diária (AVDs),
16
incluindo alimentação e higiene íntima, devido ao desenvolvimento de disfagia e
incontinência. O estágio terminal pode durar meses ou anos, durante os quais o
cliente geralmente fica imóvel e necessita de cuidado total (BRUNNER;
SUDDARTH. 2015).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e Alzheimer’s Disease
International (ADI – Associação Internacional da Doença de Alzheimer) mostram
que a prevalência e incidência indicam um aumento gradativo em pessoas mais
velhas, e os países em alteração demográfica serão os que irão sofrer mais com
esse crescimento. Em 2010 o número total de pessoas com a demência em todo
planeta foi estimado em 35,6 milhões e está projetado para quase o dobro em
20 anos, ou seja, 65,7 milhões em 2030 e 115,4 milhões em 2050. Há 7,7 milhões
de novos casos de demência a cada ano, o que implica haver um novo caso de
demência em algum lugar no mundo a cada quatro segundos (FARFAN et al.,
2017).
No Brasil, as modificações estão ocorrendo de forma bastante acelerada.
As projeções indicam que, em 2020, o Brasil será o sexto país do mundo em
número de idosos, com um contingente superior a 30 milhões de pessoas.
Estima-se que 85% dos idosos apresentem, pelo menos, uma doença crônica e,
destes, pelo menos 10% com sobreposição de afecções concomitantes
(FERRETTI et al., 2017).
Na terapia farmacológica da DA são utilizadas várias substâncias
psicoativas para conservar ou reconstituir a cognição, auxiliar no comportamento
e na capacidade funcional do indivíduo. A doença não retroage com o
tratamento, haja vista ser uma condição crônica, mas controla-se os sintomas
(FARFAN et al., 2017).
A terapêutica é composta basicamente por inibidores de
acetilcolinesterase, e visa reduzir a velocidade de progressão ou estabilizar os
comprometimentos cognitivos e comportamentais da doença. No Brasil, este
tratamento é oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), realizado através
do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (CEAF),e inclui
como principal linha de tratamento a Rivastigmina, Galantamina e Donepezila
(SOARES et al., 2017).
Na doença de Alzheimer o principal objetivo é gerenciar os sintomas
cognitivos e comportamentais. Além das medicações os problemas
17
comportamentais, de agitação e psicose podem ser gerenciados com terapia
comportamental e psicossocial (BRUNNER; SUDDARTH. 2015).
Em 2002, foi publicada a Portaria nº 843 que aprovou o Protocolo Clínico
e Diretrizes Terapêuticas – Demência por doença de Alzheimer. Esse protocolo
contém o conceito geral da doença, os critérios de inclusão/exclusão de
pacientes no tratamento, critérios de diagnóstico, esquema terapêutico
preconizado e mecanismos de acompanhamento e avaliação desse tratamento.
É de caráter nacional, devendo ser utilizado pelas Secretarias de Saúde dos
estados, do Distrito Federal e dos municípios, na regulação da dispensação dos
medicamentos nele previsto. O protocolo define que o diagnóstico, o tratamento
e o acompanhamento dos pacientes portadores da Doença de Alzheimer deverá
se dar nos Centros de Referência em Assistência à Saúde do Idoso, definidos
pela Portaria GM/MS nº 702 e a Portaria SAS/MS nº 249, ambas de 12 de abril
de 2002 (BRASIL, 2006).
3.2 Assistência de Enfermagem na Atenção Primária a Pessoa Idosa
A Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI), Portaria GM nº
2.528, de 19 de outubro de 2006, define que a atenção à saúde dessa população
terá como porta de entrada a Atenção Básica/Saúde da Família, tendo como
referência a rede de serviços especializada de média e alta complexidade
(BRASIL, 2006).
A Política Nacional de Atenção Básica, regulamentada pela Portaria GM nº
648 de 28 de março de 2006, caracteriza-se por desenvolver um conjunto de
ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrangem a promoção e a
proteção à saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a
reabilitação e a manutenção da saúde (BRASIL, 2006).
O serviço assistencial ao idoso pode ser promovido por unidades de
Estratégia de Saúde da Família (ESF), que são equipes multiprofissionais
formadas e organizadas a nível municipal para desenvolver atividades de
promoção, proteção e recuperação da saúde a nível de atenção primária
(PIMENTA et al., 2015).
O enfermeiro tem papel fundamental no acompanhamento de idosos com
doenças crônicas seja na promoção, proteção e recuperação da saúde (PENHA
18
et al., 2015). Cabe aos profissionais de saúde amenizar o impacto da doença
para o paciente e família por meio de atitudes humanitárias e esclarecedoras
(GALVÃO et al., 2016).
A equipe multiprofissional na Atenção Básica deve realizar a busca ativa, e
identificar por meio de visitas domiciliares a situação do idoso, consistindo em
um processo de diagnóstico multidimensional. Esse diagnóstico é influenciado
por diversos fatores, tais como o ambiente onde o idoso vive, a relação
profissional de saúde/pessoa idosa e profissional de saúde/familiares, a história
clínica - aspectos biológicos, psíquicos, funcionais e sociais, e o exame físico
(BRASIL, 2006).
A enfermagem precisa utilizar mecanismos e instrumentos que sejam
capazes de sanar e diminuir tantas dúvidas e dificuldades que aparecem aos
cuidadores após assumirem os cuidados no lar. O levantamento do perfil do
cuidador familiar permite à equipe de enfermagem agrupar subsídios para fazer
medidas de amparo à família, ajudando-a a desenvolver estratégias de
enfrentamento da doença e das incapacidades que ela gera (SOUZA et al.,
2014).
O profissional em saúde, em especial, o enfermeiro, está cada dia mais
preocupado em melhorar a qualidade da atenção oferecida aos clientes.
Considerando assim, a aprendizagem tem o papel de desenvolver os
profissionais para desempenharem suas atividades com maior segurança,
dinamismo e de forma individualizada, no contexto coletivo e familiar (CASTRO
et al., 2008).
Para intervir nos problemas que afetam o idoso, se exige do enfermeiro,
conhecimentos e habilidades específicas acerca do processo de
envelhecimento, principalmente a respeito do cuidado, que inclui a família e as
dificuldades enfrentadas durante esta fase (PILGER et al., 2013).
A avaliação funcional do idoso é parte integrante do cuidado de
enfermagem com ênfase na pessoa e nos sistemas de apoio com os quais ele
pode contar, para que suas necessidades possam ser supridas. O enfermeiro
elabora, executa e avalia o cuidado prestado ao idoso, servindo de suporte para
que a família possa executá-lo de forma efetiva e desejável em domicílio. A
funcionalidade do idoso com DA também deve ser percebida pelos profissionais
de enfermagem. Desta forma, a equipe pode atuar na deficiência mais
19
identificável que o indivíduo apresenta, proporcionando melhor forma para o
possível atendimento às necessidades apresentadas em cada uma das fases da
doença (FARFAN et al., 2017).
A Internação Domiciliar no âmbito do SUS, Portaria GM N° 2529 de 20 de
outubro de 2006, é o conjunto de atividades prestadas no domicílio às pessoas,
clinicamente estáveis, que exijam intensidade de cuidados acima das
modalidades ambulatoriais, mas que possam ser mantidos em casa, sendo
atendidos por equipe específica. Pode ser realizada por profissionais da Atenção
Básica / Saúde da Família ou da atenção especializada (BRASIL, 2006).
O papel da Estratégia de Saúde da Família nos cuidados ao final da vida
atualmente é muito restrito, estando limitado a procedimentos de retaguarda,
como articular, junto à rede de serviços, as internações e outros procedimentos
necessários ao bem-estar do doente; o que representa um cuidado mais próximo
da pessoa e de sua família, estabelecendo assim um grande vinculo de
confiança e de acompanhamento integral e humanizado, podendo providenciar
transporte para o doente permitindo o acesso a serviços de maior complexidade;
em identificar as necessidades, dispensar medicamentos e outros recursos,
como sonda e colchão d’água; em orientar e confortar a família; e, quando do
falecimento, fornecer o atestado de óbito (QUEIROZ et al., 2013).
4. METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão integrativa da literatura. A revisão integrativa é
um dos métodos de pesquisa utilizado na Prática Baseada em Evidências que
nos permite sintetizar vários resultados de diversas pesquisas de uma forma
mais clara e organizada proporcionando assim um melhor entendimento a
respeito do tema que será pesquisado e estudado. Desde 1980, a revisão
integrativa é relatada na literatura como método de pesquisa (MENDES;
SILVEIRA; GALVÃO, 2008).
4.1. ETAPAS DO ESTUDO
A pesquisa foi construída no formato de revisão integrativa orientado nos
princípios de Mendes et al., (2008) e envolveu seis etapas:
20
1ª etapa: identificação do tema e seleção da hipótese ou questão de
pesquisa para a elaboração da revisão integrativa;
2ª etapa: estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão de
estudos/ amostragem ou busca na literatura;
3º etapa: definição das informações a serem extraídas dos estudos
selecionados/ categorização dos estudos;
4ª etapa: avaliação dos estudos incluídos na revisão integrativa;
5ª etapa: interpretação dos resultados;
6ª etapa: apresentação da revisão/síntese do conhecimento.
A pesquisa foi baseada em artigos publicados na Biblioteca Virtual em
Saúde (BVS), Banco de Dados em Enfermagem (BDENF), Literatura Latino-
Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Scientific Electronic
Library Online (SCIELO). As publicações foram delimitadas do período de 2014
a 2018, que possibilitavam acesso ao texto completo disponível.
Para a identificação dos artigos foram utilizados os descritores:
“Demência”, “Atenção em Saúde”, “Alzheimer”, “Cuidados” e “Assistência de
Enfermagem”, “Dementia”, “Health Care”, “Alzheimer”, “Care”, “Nursing Care”,
“Demencia”, “Atención en Salud”, “Alzheimer”, “Cuidado”, “Asistencia de
Enfermeira”, encontrados nas bases de dados, nos idiomas: Português,
Espanhol e Inglês. Os descritores utilizados são reconhecidos pelo vocabulário
Descritores em Ciências da Saúde (DeCS). Utilizou-se na pesquisa o operador
boleano “and”.
4.2. CRITÉRIOS DE INCLUSÃO DOS ARTIGOS
Foram incluídos no estudo pesquisas na categoria de artigo científico, que
se encaixaram nos descritores, eram de livre acesso e publicados nos idiomas
português, espanhol ou inglês e que caracterizados como estudos primários. Os
estudos que se apresentaram fora do período entre 2014 e 2018 e não se
enquadravam como artigos científicos foram excluídos.
4.3. RECORTE FINAL DO ESTUDO
21
Foram localizados 61 artigos, distribuídos em LILACS (n=7), BDENF
(n=3), BVS (n=51), SCIELO (n= 0).
Inicialmente foram selecionadas as publicações que continham todos os
Descritores e apresentaram-se no formato de artigo científico. Após a leitura
individual do resumo dos artigos, foram selecionados 21 artigos para a leitura
completa. Após exclusão das repetições e dos estudos secundários, foram
selecionadas nove publicações, sendo estas incluídas nesse estudo.
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para melhor análise e observação dos artigos selecionados, foram
atribuídos números arábicos para cada artigo, segundo a sequência de leitura
inicial, com permanência de numeração de 1 a 9 (um a nove).
Foi verificado que 44,6% dos estudos foram realizados no ano de 2014,
em seguida 2016 com 33,2%, 2015 com 22,2%. No que diz a respeito à revista
de publicação dos artigos, 88,8% são internacionais, e 11,1% são nacionais.
Quanto aos países em que foram realizadas as pesquisas, obteve-se que 22,2%
foram feitas no Brasil, 33,4% no Reino Unido, 22,2% nos Estados Unidos, 11,1%
na Espanha e 11,1% na Holanda (Quadro 1).
A base de dados que mais apresentou artigos relacionados a pesquisa foi
a BVS (Biblioteca Virtual em Saúde), que reuniu 77,8% dos artigos incluídos na
pesquisa. Todos os artigos abordavam em seus títulos algum fator relacionado
a demência, sendo publicados em periódicos indexados e reconhecidos pela
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
Nesta pesquisa não foi avaliado o fator de impacto das revistas, observou-
se o Qualis, de acordo com a última classificação CAPES sobre periódicos e
revistas, realizado no ano de 2017.
22
Quadro 1. Distribuição dos artigos localizados segundo título do artigo, ano de publicação, base de dados, revista de publicação e
país. Barra do Garças – MT, Brasil.
CÓD.
TÍTULO
ANO DE
PUBLICAÇÃO
BASE DE
DADOS
REVISTA DE
PUBLICAÇÃO
PAÍS PAÍS
1 Refletindo acerca da doença de alzheimer no contexto familiar do
idoso: Implicações para a enfermagem.
2014 BDENF
Rev. Enferm. Do
Centro Oeste
Mineiro.
Brasil
2 The relationship between the nursing diagnosis and cognition
tests performed on elderlies with alzheimer’s disease.
2014 LILACS
Rev. fundam. Care.
Online.
Brasil
3 A telehealth behavioral coaching intervention for neurocognitive
disorder family carers.
2015 BVS
International Journal
of Geriatric
Psychiatry.
USA
4 Predicting dementia risk in primary care: development and
validation of the Dementia Risk Score using routinely collected
data.
2016 BVS BMC Medicine. Reino
Unido
5 An evaluation of primary care led dementia diagnostic services in
Bristol.
2014 BVS BMC Health Services
Research
Reino
Unido
6 Quality of Care Provided by a Comprehensive Dementia Care
Comanagement Program.
2016 BVS Rev. Journal
compilation
USA
7 Case Finding of Mild Cognitive Impairment and Dementia and
Subsequent Care; Results of a Cluster RCT in Primary Care.
2016 BVS Journal Plos One Holanda
23
8 Health care resource utilisation in primary care prior to and after
a diagnosis of Alzheimer’s disease: a retrospective, matched
case–control study in the United Kingdom.
2014 BVS BMC GERIATRICS Reino
Unido
9 Calidad del registro del diagnóstico de demência en atención
primaria. La situación en España en el periodo 2002-2011.
2015 BVS ELSEVIER Espanha
Fonte: elaborado pela autora, 2019.
24
No Brasil, os periódicos científicos são classificados também pelo QUALIS
periódicos, um modelo criado pela CAPES para classificar os periódicos científicos,
usados na divulgação da produção intelectual dos programas de pós-graduação
stricto sensu. A CAPES, em 2007, estabeleceu a classificação dos periódicos em
estratos: A1, A2, B1, B2, B3, B4, B5 e C, onde ao estrato A1 é atribuído o maior peso
(100) e ao estrato C o menor valor (JURADO et al., 2017). Dentre os artigos incluídos
no estudo, 3 artigos são classificados como A1, 3 são B1 e 3 são B2.
Os estudos também foram observados e analisados de acordo com o idioma
de publicação, objetivo principal da pesquisa, método científico abordado e tamanho
da amostra (Quadro 2).
Percebeu-se que 77,8% dos estudos foram encontrados no idioma inglês,
seguido do português 11,1%, e espanhol 11,1%. Quanto ao método e/ou tipo de
estudo, verificou-se que 33,4% são estudos de coorte, 22,2% são estudos
randomizado, 11,1% reflexão teórica, 11,1% pesquisa documental, 11,1% pesquisa
explorativa-qualitativa, e 11,1% estudo transversal.
25
Quadro 2. Distribuição dos artigos segundo o idioma de publicação, objetivo, método e número de amostra. Barra do Garças – MT,
Brasil.
CÓD.
IDIOMA DE
PUBLICAÇÃO
OBJETIVO
MÉTODO
AMOSTRA
1 Português Refletir acerca das dificuldades geradas pela doença de Alzheimer no
contexto familiar do idoso.
Reflexão teórica
Não
apresentou
número de
amostra
2 Inglês Levantar os diagnósticos de enfermagem dos idosos na consulta de
enfermagem e relacionar tais diagnósticos com resultados dos testes
neurológicos.
Pesquisa documental
8
3 Inglês Analisar o impacto diferencial de dois programas de telessaúde para as
mulheres cuidadoras de idosos com distúrbio neurocognitivo.
Estudo randomizado
74
4 Inglês Desenvolver e validar um escore de risco de demência de 5 anos derivados
de dados de saúde.
Estudo de coorte
930,395
5 Inglês Examinar paciente e família e experiência profissional de cuidados primários
e secundários (habituais) aos pacientes com diagnóstico de demência.
Exploratória-qualitativa 46
6 Inglês Avaliar a qualidade do atendimento do enfermeiro ao indivíduo com
demência.
Estudo de coorte
797
26
7 Inglês Avaliar o efeito de uma intervenção de componentes de descoberta de
casos, e após o diagnóstico.
Estudo Randomizado
647
8
Inglês Analisar os padrões de utilização de recursos médicos no Reino Unido (UK)
antes e após o diagnóstico da doença de Alzheimer.
Estudo de coorte
3.896
9
Espanhol Analisar o diagnóstico associado ao tratamento específico para a demência
em história clínica eletrônica de atenção primária e os fatores associados à
qualidade do registro.
Estudo transversal
24.575
Fonte: elaborado pela autora, 2019
27
Um estudo de coorte aborda um grupo de indivíduos que têm qualquer coisa
em comum entre eles e que permanecem como um grupo durante um determinado
período de tempo. Os estudos de coorte são particularmente úteis para determinar a
relação entre uma exposição e um resultado, principalmente quando as exposições
são raras, já não ocorrem, ou não é ético expor propositadamente o indivíduo (COSTA
et al., 2010). Os estudos que apresentaram como método o estudo de coorte,
buscavam em seus objetivos a validação de score de demência (estudo 4), avaliação
da qualidade do atendimento do enfermeiro ao indivíduo com demência (estudo 6), e
a análise dos padrões de utilização de recursos médicos antes e após o diagnóstico
da doença de Alzheimer (estudo 8).
Dentre os estudos experimentais, aquele que apresentou maior nível de
evidências foi o estudo randomizado. Nesse tipo de estudo existe a presença de um
grupo controle e um grupo de intervenção, onde a intervenção (exposição) é alocada
de forma aleatória (randomizada). Esse estudo é considerado como padrão ouro para
evidenciar a eficácia da intervenção em investigações. Esse tipo de desenho
experimental é o mais comumente utilizado nos ensaios clínicos. É aquele no qual
cada grupo de participantes é exposto a apenas uma das intervenções estudadas (DE
ARAUJO et al., 2016).
O estudo 3 verificou a intervenção de coaching comportamental com utilização
do Telessaúde, em cuidadores de pessoas com transtorno neurocognitivo e
demencial.
O Telessaúde foi instituído no Brasil por meio da Portaria do Ministério da
Saúde nº 35 de janeiro de 2007, e possibilita a melhoria da qualidade do atendimento
na atenção básica no Sistema Único de Saúde (SUS), integrando a educação
permanente e o apoio assistencial, por meio de ferramentas e tecnologias de
informação e comunicação (BRASIL, 2011). Essa ferramenta, quando utilizada
adequadamente, constitui-se em importante aliado na troca de experiência e
conhecimentos entre os profissionais da Atenção Básica, e forte promotor de
assistência em saúde direcionada e resolutiva.
O estudo 1 caracteriza-se por ser uma reflexão teórica, que não possui amostra
devido ao seu conceito reflexivo e filosófico, assim, não aborda em seu método de
pesquisa a quantidade de amostra analisada. Esse estudo objetivou refletir acerca
das dificuldades relacionadas a DA no contexto familiar. O cuidador é quem se dedica
integralmente à pessoa com DA, e esse cuidado pode gerar estresse, cansaço físico
28
e mental. Cuidar de uma pessoa com DA vai além da vontade de querer cuidar, em
decorrência da complexidade que o cuidado exige, envolve conhecimento,
desenvolvimento de habilidades, paciência e dedicação. Esses fatos contribuem para
que os familiares cuidadores vivenciem sobrecarga física, emocional e social no
cotidiano de cuidados (ILHA et al., 2016). O enfermeiro é o profissional de saúde que
possui forte articulação nesse processo. Dessa forma, pode realizar orientações junto
aos familiares/cuidadores e elaborar um plano de cuidados e estratégias que
qualifiquem o processo de cuidado à pessoa idosa com DA (ROCHA et al., 2011).
Percebeu-se no estudo 1, que a equipe de enfermagem precisa preparar-se
para mudanças que irão ocorrer nas diferentes fases vivenciadas pela pessoa com
DA, e que o ambiente familiar também necessita de orientações esclarecedoras.
Nesse aspecto, enfermeiro torna-se o elemento chave na equipe multiprofissional,
deve estar qualificado para oferecer assistência integral ao idoso, família e ao
cuidador, e contribuir para a redução do sofrimento e tensões (FARFAN et al., 2017).
A qualidade da assistência é algo que está bem enfatizada dentre os artigos
selecionados. A APS é a porta de entrada da comunidade no serviço de saúde,
geralmente consiste no local em que o idoso tem mais contato com os profissionais
de saúde, em especial o enfermeiro. Nesta pesquisa, quatro artigos enfatizaram a
assistência prestada pela equipe de enfermagem a pessoa idosa com Alzheimer.
Esse fato possui importância, haja vista que a atenção ao idoso deve ser de
forma integral e integrada, baseada em seus direitos, necessidades, preferências e
habilidades desde acesso, estrutura física, insumos e equipe qualificada para que
ocorra uma assistência de qualidade (ROCHA et al., 2011).
Também foi pesquisado o local em que os estudos foram realizados, sendo
verificado que dois estudos (22,2%) foram realizados em centros de estudos, e dois
(22,2%) diretamente na atenção primária em saúde (Quadro 3).
29
Quadro 3. Distribuição dos artigos segundo a localização de realização do estudo, análise dos dados, resultados e conclusão. Barra
do Garças – MT, Brasil.
COD
LOCAL DE
REALIZAÇÃO
DO ESTUDO
ANÁLISE
DOS DADOS
RESULTADOS
CONCLUSÃO
1 Universidade
Federal do Rio
Grande do Sul
Reflexão
Teórica
Foi possível identificar que as dificuldades geradas no
âmbito familiar do idoso com a DA, apresenta
implicações familiares, desencadeando inúmeros
sentimentos/atitudes no cuidador, gerando uma sobre
carga emocional e possíveis patologias.
É necessário que os profissionais de saúde, em
especial os da enfermagem, possuam abordagens
integradoras a fim de incluir a família nas estratégias
de cuidado, possibilitando dividir as
responsabilidades entre os familiares para evitar a
sobrecarga.
2 Clínica
Universitária
Entrevista
semi-
estruturada
Os diagnósticos de enfermagem foram: confusão
crônica com resultados dos testes que foram
aplicados para a avaliação da memória imediata,
incidental e tarde. Conhecimento deficiente foi
relacionado com amostras de figuras e
reconhecimento das mesmas. O risco de queda foi
realizado com o teste do relógio. Padrão de sono
prejudicado, risco de solidão e tristeza auxiliaram no
diagnóstico de depressão.
O desenvolvimento do trabalho nos permitiu
visualizar de um modo claro o perfil dos clientes
atendidos pela neurologia e enfermagem, além de
nos possibilitar relacionar os diagnósticos de
enfermagem com os da neurologia.
3 Centro de
estudos de
Entrevista Os indivíduos que prestam cuidados domiciliares, no
pós tratamento, sintomas depressivos, transtornos
após comportamentos e estados de humor negativos,
O estudo traz algumas evidências para a eficácia de
uma intervenção de coaching comportamental em
tele saúde comparada com a educação básica e o
30
Epidemiologia
de Boston
foram estatisticamente baixos na condição de coach
comportamental do que na educação básica e na
condição de apoio. Já as pontuações maiores foram
na autoeficácia em cuidar para obter alívio, e como
lidar com os distúrbios comportamentais do paciente.
suporte por telefone. Os cuidadores de indivíduos
com Alzheimer usam as habilidades de manter a
estratégia durante distúrbios progressivos,
provavelmente exige um contato de intervenção
mais longo do que está previsto no estudo.
4 Banco de
dados da
atenção
primária
Sistema de
informação
A incidência de demência foi de 1,88 em idosos entre
60 e 79 anos, onde foram incluídos na pesquisa:
idade, sexo, privação social, tabagismo, IMC, uso de
álcool, medicamentos anti-hipertensivos, diabetes,
AVE, depressão, uso de aspirina, fibrilação atrial.
Os dados indicaram risco de 5 anos de diagnóstico
de demência nos idosos entre 60 e 79 anos, mas
não naqueles com mais de 80 anos. Esse resultado
pode identificar que as populações de maior risco de
demência são na atenção primaria.
5 Atenção
primária
Entrevista Os resultados mostram que 21% das cínicas em
Bristrol ofereceram serviços de demência dirigidos a
atenção primária. Os painéis identificaram três temas
principais: 1º grupo, raramente fazem diagnósticos de
demência sozinhos. 2º grupo, são enfermeiras de
memória trabalham juntas, os pacientes e os
cuidadores geralmente tem um serviço de diagnóstico
de alta qualidade; 3º uma ausência de suporte após o
diagnóstico.
Os pacientes e cuidadores estavam satisfeitos com
as abordagens que foram direcionadas aos
cuidados primários, e diagnostico de demência. O
que foi mais compartilhado com os profissionais foi
a falta de apoio e suporte.
6 Centro Médico
Acadêmico
Urbano
Registros
Médicos
A qualidade do cuidado dividiu-se em três domínios:
avaliação e triagem pontuação 7, tratamento 6, e
aconselhamento 4. Todo o aconselhamento e a
qualidade da avaliação tiveram taxas de aprovação
superiores a 80%.
O resultado compreende a qualidade do
atendimento e cuidados em pacientes com
demência pelo enfermeiro, é de alta qualidade.
Especialmente na triagem, avaliação e
aconselhamento.
31
7 Centro médico
de Amsterdan
Entrevista
estruturada
Sete pacientes foram randomizados para a
intervenção; oito para a condição de controle. A
demência foi diagnosticada em 42,3% (138/326) das
pessoas na intervenção e em 30,5% no grupo
controle. Não houve diferenças na saúde mental entre
o grupo intervenção e controle.
O estudo encontrou um aumento não significativo no
número de novos diagnósticos de comprometimento
cognitivo, onde é necessário um estudo maior para
replica-lo.
8 Prática Clínica
do Reino
Unido
Dados
prontuário
eletrônico do
Datalink
Durante todo o período do estudo, a coorte de DA teve
uma média significativa de cuidados primários taxa de
consulta do que a coorte. A taxa de consulta de
cuidados primários gradualmente aumentaram ao
longo do período de 4 anos, variando de 5 a 7
consultas por período de 6 meses. As consultas foram
aumentando, variando de 6 a 11 consultas por
período de 6 meses.
No Reino Unido, o diagnóstico de DA está associado
a aumentos significativos no recurso de atenção
primária e secundária para o cuidado continuado
além do diagnóstico. Esta evidência pode ser
importante para os comissários de saúde para
facilitar mobilização efetiva de recursos adequados
de cuidados de saúde relacionados com a DA.
9 Atenção
primária
Base de dados
fármaco
epidemiológico
(BIFAP).
A maioria dos pacientes eram mulheres, onde
receberam medicamentos específicos para
demência. Foram utilizados 300 códigos de diferentes
diagnósticos no grupo de pacientes associados à
prescrição de anticolinesterase ou memantina. O
código de demência foi usado 56,5% dos pacientes.
Quase metade dos pacientes que fazem uso de
anticolinesterásicos ou memantina não tem
diagnóstico de demência no sistema. Melhorias no
prontuário eletrônico são necessárias, para que se
tenha uma assistência adequada e ativa para
aumentar a qualidade do registro de demência.
Fonte: elaborado pela autora, 2019.
32
Os artigos analisados nesse estudo, foram em sua maioria, desenvolvidos por
instituições públicas de ensino e pesquisa, e apresentaram resultados diversificados.
Foi evidenciado que em sua maioria os idosos com DA recebem cuidados de
familiares em suas residências, sendo necessário avaliação e triagem por parte da
equipe da AB, assim como aconselhamento e integralidade na assistência, tanto a
pessoa com Alzheimer, quanto para o familiar/cuidador.
A partir do observado no estudo número 1, foi possível verificar a importância
em se estabelecer diagnósticos de enfermagem fundamentados e consistentes com
a realidade do paciente com DA, o que permite enriquecer e solidificar a assistência
de enfermagem, em seus aspectos fundamentais. O estudo número 2 promoveu a
realização de pesquisa documental que averiguou os diagnósticos de enfermagem
durante a consulta de enfermagem. Esses estudos evidenciaram a importância na
implementação de diagnósticos direcionados e específicos. Os diagnósticos de
enfermagem são caracterizados por enunciados que descrevem o estado de saúde
de um indivíduo ou grupo, e os fatores que contribuem para esse estado. Consistem
em ferramentas que facilitam a comunicação entre os profissionais, identificam
lacunas, melhoram a assistência em saúde, validam funções da equipe de
enfermagem e aumentam a autonomia do profissional de enfermagem (CARPENITO,
2011).
O estudo 6 abordou a realização de diagnósticos e intervenções através da
Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), e evidenciou resultados
positivos, atendendo os objetivos da pesquisa, que foi averiguar o processo de
enfermagem em pacientes com DA. A SAE se caracteriza por promover a identificação
de problemas, implementação e avaliação de plano assistencial ao indivíduo e família,
respeitando as necessidades individualizadas de cada pessoa. A APS, consiste em
um campo proveitoso para se realizar a SAE, pois é onde o enfermeiro tem um contato
direto com o paciente tanto na consulta de enfermagem, quanto na visita domiciliar,
tornando-se algo positivo para direcionar e fundamentar o trabalho do enfermeiro,
contribuindo assim para o registro de enfermagem de qualidade (BARROS; LOPES,
2010).
A Sistematização da Assistência de Enfermagem é uma metodologia científica
utilizada pelo enfermeiro para sustentar a gestão do cuidado de enfermagem. A SAE
é composta por várias fases para fortalecer o julgamento e tomada de decisão clinica
33
assistencial do enfermeiro quanto à priorização, delegação, gestão do tempo e
contextualização do ambiente cultural do cuidado prestado (SOARES et al, 2015). O
estudo 6 evidenciou em seus resultados que o atendimento realizado pelo enfermeiro,
quando aplica a SAE, caracteriza-se por ser de qualidade, em especial na realização
da triagem e aconselhamento.
O estudo número 5 abordou a realização de pesquisa exploratória de cunho
qualitativo, e evidenciou a existência de atendimento específico para demência
dirigido a Atenção Primária no Reino Unido. Nesse artigo foi apresentado que os
pacientes e seus cuidadores tem um serviço de diagnóstico de qualidade, e que a
equipe de saúde deve trabalhar de forma multiprofissional. Também foi observado que
pacientes e cuidadores estavam satisfeitos com as abordagens aplicadas nos
cuidados primários de demência, porém, foi elucidado a falta de apoio e suporte.
No Brasil, as equipes de atenção básica são multiprofissionais, atuam em
território definido, e devem prestar um conjunto de ações em saúde, em âmbito
individual e coletivo, relacionados a promoção, prevenção, diagnóstico e tratamento,
promovendo assim, a atenção integral (MARIN et al, 2008). No entanto, existem
numerosos fatores que promovem a não eficácia dessa atenção em saúde, mesmo
com a presença de equipe multiprofissional nas unidades de atenção básica, o que
muitas vezes está relacionado com o trabalho assistencial prestado, falta de recursos,
administração inadequada de tempo, de materiais e recursos (PEREIRA; RIVERA;
ARTMANN, 2013).
Pelos estudos percebeu-se que o enfermeiro é um profissional de fundamental
importância na assistência a pessoa com DA e ao cuidador responsável. O enfermeiro
é o profissional que conhece a rede de apoio existente no território, tem possibilidade
de realizar a atenção domiciliária, bem como de estabelecer a vinculação dos
envolvidos com o serviço de saúde, e proporcionar uma assistência contextualizada e
integral (SILVA et al., 2014).
No estudo número 8 foram analisados os padrões de recursos médicos antes
e depois do diagnóstico de Alzheimer e a correlação entre atenção primária e
secundária. Os resultados mostraram que no Reino Unido o diagnóstico de DA está
associado aos recursos disponíveis na atenção primária e secundária. Desde o ano
de 2011 o Brasil tem vivenciado uma queda na participação de recursos federais no
financiamento da atenção primária em saúde, com aumento dos recursos municipais.
34
Porém, o Governo Federal continua sendo o agente definidor da política de saúde no
território nacional. Toda essa diminuição de recursos, gera uma diminuição no padrão
de promoção, prevenção, diagnóstico e tratamento de agravos a saúde (MENDES;
MARQUES, 2014), dentre eles a DA.
O estudo número 9 abordou a análise diagnóstica associada ao tratamento
específico de demência com história clínica eletrônica na atenção primária em saúde.
Em seus resultados o estudo evidenciou que metade dos pacientes não possuíam
diagnóstico de demência no sistema eletrônico de registro, e que melhorias no
prontuário eletrônico eram necessárias.
O prontuário consiste em um documento único, constituído de um conjunto de
informações, de sinais e imagens registrados, gerados a partir de fatos e
acontecimentos sobre a saúde do paciente (GONÇALVES et al, 2013). O prontuário
eletrônico consiste em uma modalidade de prontuário, caracterizado pelo registro
eletrônico em sistema especificamente projetado para apoiar os usuários do sistema,
fornecendo acesso a um conjunto de dados, que promovem alertas e apoio a decisão
e recursos. Trata-se de uma proposta para atender as demandas dos novos modelos
e de gerenciamento dos serviços de saúde (GODOY et al, 2012). O estudo 9
apresentou em seus resultados evidências significativas da importância do prontuário
eletrônico e de seu registro adequado, para o bom atendimento do paciente com DA,
na atenção primária em saúde.
A falta de recursos financeiros e de conhecimento dos profissionais da rede de
saúde também possui interferência direta na qualidade dessa assistência. Alguns
estudos trazem que há uma escassez de conhecimento, muitas vezes relacionados
ao diagnóstico e ao tratamento que devem ser aplicados ao paciente com DA,
inclusive a falta de conhecimento sobre o medicamento que é disponibilizado na
atenção primária.
Os estudos também evidenciaram que existem falhas nos registros e falhas na
aplicação eficaz da assistência. Verificou-se que algumas ferramentas podem auxiliar
na assistência de enfermagem adequada, como a SAE, a atuação de equipe
multiprofissional e o uso de ferramentas eletrônicas de registro. Ressalta-se a
importância da aplicação de instrumentos para o diagnóstico precoce de demência,
pois podem minimizar as consequências de uma intervenção tardia, além de identificar
35
o nível de dependência para que o enfermeiro possa determinar os cuidados
necessários para o paciente.
6. CONCLUSÃO
Os resultados da presente pesquisa demonstraram a escassez de estudos
acerca desta temática, o que dificultou o levantamento de informações que pudessem
atender aos objetivos incialmente estabelecidos. Foi identificada a urgência e
importância de novas pesquisas que orientem ações eficazes para o atendimento dos
pacientes com DA, visto que a quantidade de pessoas diagnosticadas com esta
enfermidade vêm aumentando significativamente, tornando-se cada dia mais comum.
Além disso, foram observados que alguns cuidados de enfermagem ao idoso com DA
na atenção primária se fazem presentes, como por exemplo a promoção da
assistência sistematizada de enfermagem, auxilio e orientação ao cuidador,
orientações sobre a patologia e registro dos achados e os cuidados a serem
prestados. Apesar disso, nota-se que no Brasil, as ações voltadas aos cuidados dos
idosos com DA ainda deixam a desejar, devido à complexidade da patologia em si e
a rotina de desafios enfrentados com a escassez de recursos humanos, financeiros e
de assistência em saúde multiprofissional, que atuem com compromisso e
responsabilidade para o bem estar e qualidade de vida destes idosos. Destaca-se
ainda que para a grande maioria dos pacientes, os cuidados são dispensados por
familiares, que nem sempre tem o conhecimento e entendimento para lidar com as
mudanças comportamentais e progressivas, além de doenças concomitantes, o que
requer muita paciência e atenção. Por fim, conclui-se que os profissionais da
enfermagem, com a devida formação e conhecimentos são imprescindíveis para as
orientações quanto ao desenvolvimento de habilidades para a execução e
cumprimento das normas e legislações vigentes que garantam na prática, a dignidade
e respeito a todos os idosos com DA.
36
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