Artesanato Muda Realidade de Mulheres Simãodienses

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 7 • nº1025

Desembro/2013

Simão Dias

Em Simão Dias, cidade localizada no médio

sertão sergipano, um grupo de mulheres do povoado

apertado de pedra, localizado há cerca de 10km da

sede do município, se destaca no artesanato, na

organização e conquista de políticas públicas para as

mulheres.

O grupo incentiva o desenvolvimento das

mulheres e das famílias da comunidade local nas

questões sociais e culturais. Foi criada então no dia

20 de maio de 2012, a Associação de Mulheres

Artesãs e Agricultores do Povoado Apertado de

Pedra, município de simão Dias, em Sergipe.

Associadas, filhas/os e suas artes

Cláudia com colegas na confecção

“Nós mulheres aqui na comunidade éramos muito paradas, maior parte do tempo dentro de casa, sempre nos serviços domésticos. Percebendo isso, me veio um desejo que a gente conquistasse outros conhecimentos e aprendizagens, outras coisas, outros tipos de trabalhos. O artesanato foi o que pensei inicialmente, mesmo que não fosse para frente, mas desenvolver algo diferente.” Diz Ana Cláudia. Com a Associação devidamente regularizada, o grupo percebeu a possibilidade de desenvolver e colocar em prát ica ações e projetos que promovessem a comunidade local e estimulassem a participação dos moradores em atividades voltadas para arte, agricultura e geração de renda.

Inicialmente os trabalhos foram desenvolvidos informalmente em um pequeno grupo de quatro amigas. Atualmente cerca de 15 mulheres da comunidade conciliam o trabalho doméstico e rural com as atividades da Associação e dedicam horas diárias de trabalho na confecção artesanal de bonecas de pano, conjunto para banheiro, pintura em tecido, bordados com fita, ponto de cruz, oitinho, vagonite, montagem em lençóis, patchwork (trabalho com retalho).

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Sergipe

Realização Apoio

Além destas atividades, elas também trabalham com material reciclável, corte e costura, produção de doces caseiros e licor de frutas. A horticultura desenvolvida de duas formas: em família nos quintais produtivos e comunitária, esta última em fase de implementação.

O trabalho artesanal desenvolvido pelas mulheres do Povoado é resultado de anos de capacitações,

treinamentos, cursos de aprimoramento, oficinas de arte realizados em parceria com entidades

governamentais e da sociedade civil.

Hoje as mulheres do Povoado Apertado de Pedra são reconhecidas e respeitadas pelo trabalho que

desenvolvem na comunidade. Sua arte é levada e comercializada em feiras realizadas na capital, Aracaju, e

em outros municípios do Estado de Sergipe. “Queremos com a nossa arte promover o respeito e a

valorização da nossa comunidade, da nossa região. Somente com organização e formação é possível

desenvolver nossa vida pessoal e comunitária, gerando renda para as pessoas que vivem no nosso local de

convivência. Essa renda, que conquistamos com autonomia, foi alcançada com as nossas próprias mãos.

Agora podemos oferecer uma vida melhor para nossas famílias”, disse Ana Cláudia Santos do Rosário, 30

anos, presidente da Associação.

De acordo com a presidenta da Associação, antes de trabalhar com artesanato a renda das mulheres

era de aproximadamente um salário mínimo. A venda dos produtos confeccionados proporcionou, em

média, um aumento de 40 % na renda das artesãs do povoado. Com isso, as artesãs já falam em montar uma

loja, na sede do município, para comercialização das confecções. Esta iniciativa gera a expectativa de

aumentar o estímulo de produção, divulgação da associação e consequentemente as vendas.

«Elas encontram na arte a perspectiva de desenvolvimento das mulheres e familiares da comunidade local»

Oficina igualdade de gênero Trabalhos confeccionados pelo grupo