Apostila Atualizada de Harmonia

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Curso de Música N. Sra. Aparecida Teoria Musical e Harmonia Introdução à Música Volume 1 1

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Curso de MúsicaN. Sra. Aparecida

Teoria Musical e Harmonia

Introdução à Música

Volume 1

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Capítulo 1

ELEMENTOS DA MÚSICA

ESCALA = é uma série de sons ascendentes (subindo) ou descendentes (descendo) no qual o

último som será a repetição do primeiro.

ESCALA DIATÔNICA = é o conjunto de 7 notas (heptatônica) consecutivas, sem repetição,

começando e terminando na tônica e guardando entre si, geralmente, o intervalo de tom ou semitom.

O grau é a posição da nota na escala diatônica e é numerado por algarismos romanos. O oitavo grau é

apenas repetição do primeiro.

INTERVALO = É a distancia entre duas notas quaisquer. Podem ser classificados quanto à forma

e quanto à estrutura.

SEMITOM (ou 1/2 tom)= é o menor intervalo entre dois sons compreendido pelo ouvido humano;

TOM = é o intervalo formado por dois semitons;

SUSTENIDO (#) = eleva o som em um semitom; indica subida; ascendência;

BEMOL (b) = abaixa o som em um semitom; indica descida; descendência;

TÔNICA = é a nota que dá nome à escala e à tonalidade, sendo o principal grau;

TONALIDADE MUSICAL = Toda música tonal possui um tom de acordo com a estrutura de

armadura que a mesma nos apresenta. Ou seja, pela ordem em que as notas e acordes se dispõem

na música, um determinado campo melódico-harmônico, se destaca, tornando-se o centro tonal por

aonde a música irá se movimentar, esse centro tonal chamamos de TONALIDADE MUSICAL.

DEFININDO A MÚSICAEm uma definição mais operacional para quem quer aprender música, diria que “a música é o SOM no

TEMPO”. De fato, os dois parâmetros que usaremos para construir uma música e estudar sua teoria

são os elementos de natureza sonora e os de natureza rítmica que, juntos, irão moldar o objeto

música. À sucessão de sons musicais, um após outro, convencionamos chamar MELODIA (Priolli:

sucessão de sons formando sentido musical), enquanto aos sons dados simultaneamente chamamos

HARMONIA (“execução de sons ouvidos ao mesmo tempo, de acordo com as leis que regem os agrupamentos sonoros”).

O RITMO é o movimento de sons regulados por sua maior ou menor duração, a própria

sucessão dos sons no tempo. Por isso, costuma-se dizer que a música é formada por melodia,

harmonia e ritmo.

SOMTodo som se origina de uma vibração: de uma coluna de ar, de uma lâmina, de uma corda esticada,

do próprio corpo. O número de vibrações de uma fonte sonora por minuto é denominado freqüência, e

a medida utilizada para ela é chamada decibel. A nota mais grave de um piano tem freqüência 30, a

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mais aguda, 4000. Os sons chamados musicais são os que possuem freqüência de vibração definida.

Eles formam um desenho de ondas regulares e constantes, o som musical, diferente do som de um

motor ou de um fenômeno natural como o quebrar das ondas do mar. Estes produzem um feixe

irregular de ondas sonoras, que identificamos como ruído.

TIMBRE, ALTURA, INTENSIDADE, DURAÇÃO E ANDAMENTO

a) Timbre: É a personalidade de cada som em cada instrumento. Cada instrumento possui sua

característica própria. Mesmo os instrumentos de mesma aparência podem diferenciar-se pelo tipo de

material, conservação, etc. O timbre da voz não pode ser mudado, apenas aperfeiçoado. E o timbre

tem haver com toda a estrutura do corpo do instrumento, seja corpo humano ou não.

b) Altura: Altura é a classificação da nota em grave (grosso/baixo) e agudo (fino/alto). Uma mesma

nota pode ser executada em alturas distintas. Essa altura não se refere ao baixo ou alto volume, mas a

sonoridade reproduzida na nota. Ao falarmos de altura, não podemos confundi-la com volume, pois a

altura se refere a uma nota ser atacada em pontos diferentes, gerando vibrações mais altas ou mais

baixas, ou seja, vibrações mais rápidas ou mais lentas.

c) Intensidade (ou volume, diferente de alto e baixo): (Dinâmica) É a propriedade do som de emitir

uma nota mais fraca ou mais forte. Quando tocamos um instrumento, temos que saber que na mesma

musica, as partes podem ser tocadas de forma mais forte ou fraca (intensidade). Com suavidade ou de

forma agressiva. Baixinho, quase que como um sussurro, ou gritante, com mais volume, a isso, dá-se

o nome de dinâmica. Nesse caso o volume é empregado, por se tratar da quantidade de som

projetado pelo instrumento e não pela alteração da altura ou freqüência da nota, que continua com a

mesma quantidade de vibrações.

Dinâmica é saber graduar a intensidade durante a execução da musica. Para o bom uso da

intensidade é necessário bom senso e o mínimo de percepção musical. A intensidade consiste em seu

grau de força (forte – fraco, onde o que chamamos som “alto” deveria ser “som intenso”). Enquanto a

altura depende da quantidade de vibrações, a intensidade depende da força das vibrações, chamada

amplitude sonora.

d) Duração: A música tem como unidade de medida o “tempo”. Pois bem, um mesmo som pode ter

durações diferentes, portanto, duração é o tempo em que se prolonga o som (nota). Quando

distribuímos e organizamos estes tempos dentro de uma pulsação (seqüência de tempos periódicos,

contínuos) temos o ritmo. A duração pode ser longa ou curta, para isso teremos as figuras musicais

(leitura musical) que nos ajudarão a ver e entender isso.

e) Andamento: É a velocidade em que a música é executada. Uma mesma canção pode ser cantada

ou tocada em várias velocidades. Aqui, vemos que andamento se refere à execução da música no que

diz respeito à velocidade, diferente de intensidade e de duração.

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Capítulo 2 NOTAÇÃO MUSICALAs notas são maneiras de dividir e registrar os sons musicais, dando-lhes denominação e

operacionalidade. No mundo ocidental, adotamos um conjunto de doze notas musicais, cujas

principais, denominadas naturais, são sete:

Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si.

Essa nomenclatura se deve ao monge italiano Guido D’Arezzo, que viveu de 992 a 1050. Ele foi

regente do coro da Catedral de Arezzo, na Toscana e aproveitou a letra de um canto gregoriano

cantado pelas crianças do coral para que São João as protegesse da rouquidão, usando a primeira

sílaba de cada verso para dar nome a uma nota da escala. O processo foi útil para o aprendizado do

solfejo porque a nota inicial de cada verso correspondia a uma nota da escala musical. A letra em latim

é de Paolo Diacono, que viveu de 720 a 790:

Ut queant laxisResonare fibrisMira gestorumFamuli tuorumSolve pollutiLabi reatumSancte Ioannes

Que significa:

“Para que os teus servos possam cantar as maravilhas dos Teus Atos admiráveis, absolve as faltas

dos seus lábios impuros". Com o tempo, Ut mudou para Dó (provavelmente de “Dominus”) para maior

facilidade de solfejo, e San transformou-se em Si (de Sancte Ioannes).

As letras A a G usadas para representar as notas em cifras de violão e teclado e em geral nos países

de língua inglesa e alemã se baseiam na ordem com que as notas aparecem nos instrumentos de

teclados. A primeira tecla é um Lá =A, a segunda Si = B e assim por diante até Sol = G.

CIFRAGEM ALFA-NUMÉRICA

C D E F G A Bdó ré mi fá sol lá si

Existem ainda cinco notas intermediárias, cujos nomes são acrescidos dos chamados Sinais de

Alteração, o sustenido (#) e o bemol (b) de acordo com a direção da escala:

Dó – Dó # - Ré- Ré # - Mi - Fá - Fa # - Sol – Sol # - Lá – Lá # SiDó – Si – Si b – Lá – Lá b – Sol – Sol b – Fá – Mi – Mi b – Ré – Ré b

Essa sucessão completa dos sons disponíveis é chamada escala cromática. Com elas construíram-se todas as linguagens musicais da civilização ocidental. A distância entre essas notas é chamada semitom, enquanto que a distância entre um dó e um ré, por exemplo, é chamado tom, que equivale a dois semitons. Como notamos a distância entre a nota mi e a nota fá e entre a nota si e a

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nota dó é de um semitom, não necessitando do # ou b. Por isso são chamados semitons naturais, enquanto os outros são semitons cromáticos ou artificiais.

ASCENDENTES E DESCENDENTES

É a forma em que estão dispostas as notas e seus intervalos. Quando partem do grave para o agudo,

temos uma ascendência (subida), e quando voltam do agudo para o grave temos uma descendência

(descida).

OITAVASÉ a distância que uma nota possui dela mesma, com alteração em sua altura, se tornando mais aguda

(alta e fina) ou mais grave (baixa e grossa). Na nossa escrita musical é muito comum confundirmos as

numerações das notas e acabarmos escrevendo errado. Por isso exige-se um pouco de atenção:

C D E F G A BI II III IV V VI VII

VIII IX X XI XII XIII

ACORDES

Os acordes são formados por uma estrutura básica, de três ou mais notas. Por tanto, um acorde é um

conjunto de notas relacionadas entre si, que tocadas juntas reproduzem uma determinada sonoridade

harmônica. Diferente da melodia que é formada pelas notas tocadas separadamente.

CLASSIFICAÇÃO DOS INTERVALOSCLASSIFICAÇÃO QUANTO À FORMA

a) ascendente ou descendente

Ascendente: primeira nota mais grave que a segunda.

Descendente: segunda nota mais grave que a primeira.

b) melódico ou harmônico

Melódico: formado por notas sucessivas.

Harmônico: formado por notas simultâneas.

c) simples ou composto

Simples: intervalo de, no máximo, uma oitava.

Composto: intervalo com mais de uma oitava.

d) conjunto ou disjunto

Conjunto: formado por notas consecutivas.

Disjunto: formado por notas não consecutivas.

CLASSIFICAÇÃO QUANTO À ESTRUTURA

a) Numericamente A classificação numérica é feita pela contagem de notas existentes no intervalo, levando em conta

também as notas que a compõem. De acordo com a quantidade de notas que possui, o intervalo é

classificado como:

Primeira (1ª) – se contém uma nota

Segunda (2ª) – se contém duas notas

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Terça (3ª) – se contém três notas

Quarta (4ª) – se contém quatro notas

Quinta (5ª) – se contém cinco notas

Sexta (6ª) – se contém seis notas

Sétima (7ª) – se contém sete notas

Oitava (8ª) – se contém oito notas

Nona (9ª) – se contém nove notas

Décima (10ª) – se contêm dez notas

Etc.

ARMADURAÉ um conjunto de acidentes fixos, pertencentes a uma determinada escala, informando quais notas

são bemolizadas ou sustenizadas durante uma música, salvo indicação contrária por um acidente

ocorrente. Os acidentes são grafados na armadura de acordo com a ordem em que aparecem na

formação das escalas.

Ordem dos sustenidos: C = Nenhum D = # # E = # # # # G = # A = # # # B = # # # # #

Ordem dos bemóis: C = Nenhum Bb = b b Ab = b b b b F = b Eb = b b b Db = b b b b b

Obs. Nas armaduras com sustenido a tônica (nome da escala) encontra-se um semitom acima do

último sustenido da armadura (sensível da escala). Já nas bemóis, basta achar o penúltimo bemol da

escala. Este corresponde a tônica.

TONS RELATIVOSOs relativos são como que dois irmãos gêmeos, com nomes diferentes e mínimas diferenças entre si.

Tecnicamente falando: São acordes que possuem a mesma estrutura na armadura. É sempre o 6º

grau ascendente da escala maior e o 3º grau descendente da escala menor. Para cada uma das 15

escalas Maiores, existe uma equivalente menor com as mesmas notas e mesma armadura, mas com

tônicas diferentes.

Ordem dos sustenidos ( # ) Ordem dos bemóis ( b )n. de acidentes Maior menor Maior menor0 Dó lá Dó lá1 Sol mi Fá ré2 Ré si Sib sol3 Lá fá# Mib dó4 Mi dó# Láb fá5 Si sol# Réb sib6 Fá# ré# Solb mib7 Dó# lá# Dób lábObs.: o relativo de um acorde maior sempre será um acorde menor e vice-versa.

TONS HOMÔNIMOS São tons que possuem a mesma tônica e modos (intervalos) diferentes. É a mudança de um tom maior

para o mesmo tom menor, e vice-versa.

Ex: A mudança de tom de lá maior para lá menor em uma harmonia.6

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A D Bm E G9 E G9 E Am F G E E4 E A D Bm E

ENARMONIASão notas que possuem a mesma vibração e estão na mesma região sonora. Podem ser também

acordes de formas iguais, mas em sentidos diferentes (ascendentes ou descendentes).

Ex: a nota de A# é ascendente, e é igual à nota de Bb, que é descendente. É importante ressaltar que sonoramente, não se altera nada, apenas o nome da representação sonora é que deve se re-arrumar de acordo com a ordem do movimento. Nesse mesmo sentido podemos dizer que uma nota dó, também pode ser chamada de Ré dobrado bemol, uma vez que o resultado desse dobramento será a própria nota dó, como vemos na tabela abaixo:

Dó Dó# Dó

Rébb Réb Ré

Capítulo 3 FORMULA DAS ESCALAS MAIORES E MENORES

Fórmula maior:

T T st T T T stC D E F G A B C

De dó p/ ré De ré p/ mi De mi p/ fá De fá p/ sol De sol p/ lá De lá p/ si De si p/ dó

Fórmula menor:

T st T T st T TA B C D E F G A

De lá p/ si De si p/ dó De dó p/ ré De ré p/ mi De mi p/ fá De fá p/ sol De sol p/ láLEGENDA: T: Tom st: Semi tom

ENCADEAMENTOÉ um conjunto de acordes que segue em ordem tonal respeitando a ordem das escalas de acordo com

a fórmula disposta em graus.

Fórmula encadeamento maior:

I IIm IIIm IV V VIm VIIm5-/7

C Dm Em F G Am Bm5-/7

D Em F#m G A Bm C#m5-/7

E F#m G#m A B C#m D#m5-/7

F Gm Am Bb C Dm Em5-/7

G Am Bm C D Em F#m5-/7

A Bm C#m D E F#m G#m5-/7

B C#m D#m E F G#m A#m5-/7

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Fórmula encadeamento menor:

I IIº III IVm V VI VIIº

Am Bº C Dm E F G#ºBm C#º D Em F# G A#ºCm Dº Eb Fm G Ab BºDm Eº F Gm A Bb C#ºEm Fº G Am B C D#ºFm Gº Ab Bbm C Db EºGm Aº Bb Cm D Eb F#º

*Encadeamento menor baseado na escala menor harmônica

FÔRMASSão desenhos de acordes que podem ser utilizados em diversos locais do instrumento alterando-se

apenas as notas. Para quase todos os acordes existem fôrmas possíveis. A começar pela nota mais

grave. Claro que é sugerido usar a que melhor se adequar ao som desejado.

FORMAÇÃO DE ACORDES

Como visto anteriormente, o acorde é a união de três ou mais notas diferentes que possuem entre si

uma relação intervalar consonante ou dissonante, onde teremos a formação clássica de Tríade (três

notas distintas) ou Tétrade (quatro ou mais notas). Na formação triádica, nos utilizaremos dos

seguintes graus da escala em vigor: I - III - V. Esses graus vão gerar quatro possibilidades de

acordes, e serão eles o Acorde Maior, Acorde Menor, Acorde Aumentado e Acorde Diminuto, onde

estaremos tendo a alteração de uma ou mais dos graus da tríade, sempre se baseando na Tônica que

está regendo a tonalidade escalar. Ex:

Na tonalidade de sol maior, temos as seguintes notas: G A B C D E F# G I II III IV V VI VII VIII

Seguindo a ordem dos Graus teremos, então:

Acorde Maior: G - B - D Tônica, terça maior e quinta justa

I III V

Acorde Menor: G - Bb - D Tônica, terça menor e quinta justa

I III b V

Acorde Aumentado:G - B - D#Tônica, terça maior e quinta aumentada

I III V#

Acorde Diminuto: G - Bb - DbTônica, terça menor e quinta diminuta

I III b V b

Essas são as quatro formações triádicas possíveis com os três graus fundamentais da estrutura

de acordes. Já na formação tetracordal (tétrade) nos utilizaremos de quatro ou mais notas, aonde

acrescentaremos à tríade, mais um grau da escala em vigor, e o acorde receberá no nome, o

acréscimo do intervalo formado pela tônica e o grau acrescentado. Ex:

G - B - D - F# Tônica, terça maior, quinta justa e sétima maior (sétima da sensível)

I III V VII Este acorde se chamará, SOL COM A SÉTIMA MAIOR

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Ou seja, o grau acrescentado foi a sétima maior e por isso, então, o nome do grau adicionado ao

acorde foi também adicionado a tríade. Para se montar corretamente os acordes, é importantíssimo

conhecermos as escalas que os geram:

Escala diatônica maior

I II III IV V VI VII VIIIC D E F G A B CD E F# G A B C# DE F# G# A B C# D# EF G# A B C D E FG A B C D E F# GA B C# D E F# G# AB C# D# E F G# A# B

ESCALA DIATÔNICA MENOR HARMÔNICA

I II III IV V VI VII VIIIA B C D E F G# AB C# D E F# G A# BC D Eb F G Ab B CD E F G A Bb C# DE F G A B C D# EF G Ab Bb C Db E FG A Bb C D Eb F# G

ACORDES INVERTIDOSO acorde recebe o nome de sua nota mais grave, que também é a Nota Fundamental, ou seja, a nota

que qualifica os intervalos. Neste caso, eu posso dizer que o primeiro grau é a Tônica. Quando o

acorde se encontre no estado de I – III – V, dizemos que ele está em seu estado fundamental (E.F.).

Quando invertemos a nota mais grave do acorde, colocando outra da estrutura em seu lugar,

chamamos de INVERSÃO DE ACORDE. Nesse caso podemos ter o terceiro grau na tônica ou o quinto

grau. Ex:

Estado Fundamental Primeira Inversão Segunda Inversão

C – E – G E – G – C G – C – E

C – Eb – G Eb – G – C G – C – Eb

C – E – G# E – G# – C G# – C – E

C – Eb – Gb Eb – Gb – C Gb – C – Eb

Ou seja, em qualquer classificação do acorde, podemos mudar o seu estado. Seja ele maior, menor,

aumentado ou diminuto. A diferença é que a função e a qualidade do acorde mudam de acordo com a

inversão, assim como o nome e a relação intervalar entre as notas que o compõe. Ex:

C = dó maior = E.F.

C/E = dó com baixo em mi = 1ª Inv.

C/G = dó com baixo em sol = 2ª Inv.

No caso dos acordes de primeira inversão, o terceiro grau é que está no baixo, já no acorde de

segunda inversão, teremos o quinto grau no baixo.

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FUNÇÃO DOS ACORDES

Dentro da estrutura harmônica, chamada de campo harmônico, os graus dos acordes exercem

funções específicas. Vejamos nessa progressão harmônica os acordes que aparecem, seus graus, e

suas funções:

Ex: C Em F G7 C Em F G7 C

Dm Bm(b5)7 Am Dm Bm(b5)7

Percebemos, nesse caso acima, que alguns graus podem ser substituídos por outros de função

parecida. Vejamos no modo maior:

I – Tônica

IIm – Relativo da Subdominante

IIIm – Mediante ou Relativo da Dominante ou Anti-relativo da tônica

IV – Subdominante

V7 – Dominante

VIm – Relativo da Tônica ou Anti-relativo da subdominante

VII° – Dominante sem a Fundamental

Vejamos no modo menor harmônico:

Im – Tônica

II° – Subdominante com Sexta

III – Relativo da Tônica ou Anti-relativo da dominante

IVm – Subdominante

V7 – Dominante

VI – Relativo da Subdominante ou Anti-relativo da Tõnica

VII° – Dominante relativo

Pensando assim, veremos que alguns acordes podem substituir outros, e uns são mais fortes que

outros. Por isso é importantíssimo conhecer as relações que regem as progressões harmônicas para

não utilizar os acordes de forma indevida. Vejamos numa harmonização simples como isso pode

acontecer.

C Am Dm G7

Em Am F G7

Am Em Dm Bm (b5)7 C

Na seqüência da progressão foi-se utilizando da troca dos graus com funções parecidas e

alterando a disposição da harmonia, assim como dando uma sensação sonora de maior

harmonização.

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ACORDES ALTERADOS

Os acordes Alterados serão basicamente montados desta forma:

No ACORDE MAIOR, nossa alteração na Quinta será UM SEMITOM A FRENTE, onde formaremos o

acorde Maior Aumentado. Ex: (C5#)  DO, MI e SOL SUSTENIDO. No ACORDE MENOR, esta

alteração será VOLTANDO UM SEMITOM, onde formaremos o acorde Menor Diminuto. Ex: (C°) DO,

MI BEMOL e SOL BEMOL.

No Geral:

ACORDES MAIORES alterados transformam-se em ACORDES AUMENTADOS

ACORDES MENORES alterados transformam-se em ACORDES DIMINUTOS

Capítulo 4 EMPRÉSTIMO MODAL

Os acordes de empréstimo modal são recursos da harmonia de grande interesse para composição

ou arranjo e análise harmônica. Sendo também muito importante para improvisação. Algumas das

situações são: empréstimos modais de musicas em tom maior para menor. Se compararmos os

campos harmônicos teremos uma visão mais ampla:

Do maior- I---- II -- III-- IV-- V-- VI-- VII

---------> C7+ Dm7 Em7 F7+ G7 Am7 Bm5b/7

Menor natural - I--- II ------ III--- IV ---V ---VI ---VII

-------------> Cm7 Dm5b/7 Eb7+ Fm7 Gm7 Ab7+ Bb7

Menor harmônica - I ----II -------III ------IV ---V -VI ---VII

----------------> Cm7+ Dm5b/7 Eb5+/7+ Fm7 G7 Ab7+ Bdim

Menor melódica- I ----II ---III------- IV- V- VI----- VII

--------------> Cm7+ Dm7 Eb5+/7+ F7 G7 Am5b/7 Bm5b/7

-------ou----> Cm6

Considerando uma composição em dó maior, com a tabela acima pode-se visualizar várias

combinações dos acordes do tom maior com o tom menor:

C7+ Am7 Ab7+ G7 C7+ / C7+ Fm7 Bb7+ C7+ / C7+ Dm5b/7 G7 Ab7+ Fm7 C7+

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Empréstimo dos tons de Bb e Ab; (Aonde existe o acorde de Cm7 como graus II e III respectivamente),

sendo assim, possibilitam uma ligação com a tônica de dó maior, por aproximação de tom homônimo.

I II III IV V VI VII

Bb7+ Cm7 Dm7 Eb7+ F7 Gm7 Am5b/7

Ab7+ Bbm7 Cm7 Db7+ Eb7 Fm7 Gm5b/7

Usando-se acordes destes tons emprestados em uma seqüência de dó maior, teremos um efeito

muito semelhante ao empréstimo de tom maior para menor;

Alguns exemplos:

C7+ Ab7+ Db7+ C7+ / C7+ Fm7 Em7 Eb7+ Db7+ C7+ / C7+ Bb7+ Eb7/9 Ab7+ Db7+ C7+

CADÊNCIA PICARDA

Cadência característica das tonalidades menores. A resolução é feita dominante - tônica, sendo o

acorde da tônica, maior. Vejamos o exemplo, utilizando-se do Acorde Napolitano:

i N6 i64 V I Am Bb/D Am/E E A

iv A.N Picarda

Um acorde napolitano é simplesmente uma tríade maior que é formada sobre uma nota

especial. Essa nota é o 2° (supertônica) rebaixado de uma escala maior ou menor. Sendo que a

utilização mais comum será como 1ª inversão, na substituição dos II ou IV graus do modo

maior ou menor, quando nessa inversão, o napolitano é geralmente chamado de um acorde de

sexta napolitana.

Por tanto, uma cadência picarda nada mais é do que uma terminação cadencial onde o acorde de

terminação muda do modo inicial menor, para o seu modo maior. Essa mudança de modo,

denominamos modulação para tons homônimos.

TONS VIZINHOSOs tons vizinhos são acordes que possuem uma relação aproximada com o acorde fundamental de

uma tonalidade. São eles:

Fundamental

Subdominante Dominante Relativo

Relativo Relativo

Ou seja: No caso de Dó maior teremos:

Dó Fá Sol

e seus relativos Lám Rém Mim

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Numa modulação, as melhores opções são os tons vizinhos. Modular para tons afastados pode

não ser uma boa opção sonora, mas não é proibido.

ANÁLISE HARMÔNICA FUNCIONALAnalisar uma música exige o mínimo de conhecimento harmônico para se compreender o

movimento que a música está realizando, tratando-se da música popular moderna. O Primeiro passo

deve ser identificar se a música possui um centro tonal e qual é. Em seguida, analisar os graus e

verificar quais fazem parte do tom e quais não. Em seguida, determinar a função dos graus sejam eles

tonais ou de empréstimo, acordes invertidos ou dissonantes. Vejamos isso no exemplo abaixo:

Pétala

Djavan

A9 C#m7 D7+ D/E (E4/7/9)

O seu amor

A9 C#m7 D7+

Reluz que nem riqueza

G7/13

Asa do meu destino

A9 C#m7 D7+

Clareza do tino

D/E (E4/7/9)

Pétala

A9 C#m7

De estrela caindo

D#m7/5- Dm6

Bem devagar

A9 C#m7 D7+ D/E (E4/7/9)

Oh, meu amor

A9 C#m7 D7+ G7/13

Viver é todo sacrifício feito em seu nome

A9 C#m7 D7+

Quanto mais desejo um beijo

D/E (E4/7/9)

Um beijo seu

A9 C#m7

Muito mais eu vejo

D#m7/5- Dm6

Gosto em viver

A9 E/A (A7+/9)

Por ser exato

D7+ Dm6

O amor não cabe em si

A9 E/A (A7+/9)

Por ser encantado

D7+ Dm6

O amor revela-se

C#m7/G#

Por ser amor

Dm6 C#/D A9

Invade e fim

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RE-HARMONIZAR

Re-harmonizar não é tarefa fácil. Uma re-harmonização para ser bem feita deve ser feita com

critérios claros. Determinar alguns objetivos ajudará nesse processo.

1. O instrumento ou instrumentos que irão executar a música: levando-se em conta que

se for uma música acústica ela terá critérios de harmonização diferentes de uma música

para teclado e voz, por exemplo.

2. A tonalidade: pode ou ser alterada de acordo com os instrumentos e a voz. Mas é sempre

bom pensar que para instrumentos acústicos certos tons não são práticos e dificultam a

melhor adequação dos acordes à execução.

3. Os graus: a identificação dos gruas da harmonia é fundamental, assim podemos substituir

alguns deles e até mesmo, excluí-los, utilizando outros acordes que funcionem bem

naquele determinado lugar.

4. As inversões: são um recurso bem interessante para gerar variações nas estrofes e

refrões.

5. Os empréstimos: podem funcionar como acordes suspensivos em finais de cadências ou

em meios de frases.

6. Os acordes alterados: os acordes alterados podem ser utilizados em substituição aos

graus comuns, nos lugares pré-determinados.

7. Acréscimo de acordes nos tempos longos: podem ser acrescentados acordes de

passagem nos tempos logos.

8. Dentre outros recursos não citados nesse estudo...

Para amadurecermos nosso processo de aprendizado, vamos re-harmonizar uma progressão

harmônica.

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