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ANÁLISE DO PROGRAMA DE BEM-ESTAR
ANIMAL DE UM FRIGORÍFICO DE AVES
ATRAVÉS DO CONTROLE ESTATÍSTICO DO
PROCESSO (CEP)
Thiago Fernando Pires Alves (FECILCAM )
Leticia Fernanda Pires Alves (FECILCAM )
Rony Peterson da Rocha (FECILCAM )
Marcia de Fatima Morais (FECILCAM )
O Controle Estatístico do Processo (CEP) é uma ferramenta utilizada nos
processos produtivos visando auxiliar no controle eficaz da qualidade O
presente trabalho tem por objetivo monitorar e analisar por meio da
aplicação de Cartas de Controle (CC) por variáveis, o Programa de Bem-Estar
Animal de um frigorífico de aves. Foram aplicadas as CC’s por variáveis X-R e
X-S. O método de abordagem utilizado para o desenvolvimento da pesquisa
foi o qualitativo e quantitativo. A pesquisa classifica-se, quanto aos fins,
como explicativa, descritiva e aplicada e, quanto aos meios, como
bibliográfica, estudo de caso e documental. Verificou-se através dessa
aplicação que o Programa de Bem-estar Animal da empresa em estudo
apresenta resultados positivos, ou seja, está em Controle Estatístico do
Processo (CEP). Além disso, devido a fácil aplicação desta ferramenta e a
obtenção de resultados eficazes, sugere-se que estudos sejam realizados em
todos os Programas de Qualidade da empresa.
Palavras-chaves: Qualidade; Carta de Controle; Controle Estatístico da
Qualidade
XXXIV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Engenharia de Produção, Infraestrutura e Desenvolvimento Sustentável: a Agenda Brasil+10
Curitiba, PR, Brasil, 07 a 10 de outubro de 2014.
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1. Introdução
O mercado consumidor de carne de frango está cada vez mais exigente quanto à qualidade
deste produto. Neste sentido, deve haver uma crescente preocupação por parte dos
abatedouros com relação a qualidade e segurança alimentar.
A preocupação com a qualidade e a segurança dos alimentos são temas complexos que
envolvem todos os processos de produção, desde o nascimento do animal até o preparo para
consumo final da carne in natura (DUARTE; JUNQUEIRA; BORGES, 2009). Além disso,
Duarte; Junqueira; Borges (2009) relatam que os consumidores se preocupam com a
sustentabilidade e com aspectos de produção que influenciam as necessidades e os valores da
sociedade, como bem-estar animal e proteção ambiental.
Nesse contexto, o Controle Estatístico de Processo (CEP) é extremamente útil, já que é uma
ferramenta para a coleta, análise e interpretação de dados, com o objetivo de melhorar a
qualidade através da eliminação de causas especiais de variação, podendo ser utilizado para a
maioria dos processos (MONTGOMERY, 2004).
Segundo Montgomery (2004) os Gráficos de Controle (GC) podem ser classificados em dois
tipos gerais: GC para variáveis e GC para atributos. Dentre os GC para variáveis destacam-se
as Cartas de Controle (CC) X-S e X-R, que são tipos de gráficos utilizados para o
acompanhamento de um processo.
Desta forma, visando conduzir continuamente o aprimoramento da qualidade no processo de
abate de frangos em um abatedouro, o presente estudo, inserido na subárea de CEP, tem por
objetivo monitorar e analisar por meio da aplicação de CC por variáveis, o Programa de Bem-
estar Animal de um Frigorífico.
O artigo está estruturado em 6 partes. Na primeira e segunda parte apresenta-se uma breve
contextualização sobre o conteúdo. Logo em seguida descreve-se sobre as ferramentas de
Controle da Qualidade (CQ) e as Cartas de Controle (CC). Posteriormente apresenta-se a
metodologia da pesquisa utilizada. Já na quinta parte apresentam-se os resultados e discussões
da pesquisa. Por fim, na sexta parte encontram-se as considerações, e, por fim as referências
bibliográficas.
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2. Fundamentação Teórica
2.1 Bem-estar Animal
Para Hurnik (1992) entende-se por Bem-estar Animal o estado de harmonia entre o animal e
seu ambiente, caracterizado por condições físicas e fisiológicas ótimas e alta qualidade de
vida dos animais.
Um conceito utilizado no Bem-estar Animal é o conceito das Cinco Liberdades, que também
são princípios que podem ser utilizados para avaliação das práticas de manejo, sendo elas:
livre de fome e sede, de desconforto, de dor, ferimentos e doenças, de medo e angústia e livre
para expressar seu comportamento natural (MAPA, 2008).
A legislação do Bem-estar Animal teve início no Brasil com o Decreto nº 24.645 de Julho de
1934, que estabeleceu medidas de proteção animal (BRASIL, 1934).
A Portaria nº 185, de 17 de Março de 2008, instituiu a Comissão Técnica Permanente de
Bem-estar Animal do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), cujo
objetivo é coordenar as diversas ações de bem-estar animal do Ministério e fomentar a adoção
das Boas Práticas de Fabricação (BPF) para o Bem-estar Animal pelos produtores rurais
(BRASIL, 2008).
A Instrução Normativa Nº 56 de 06 de Novembro de 2008 por sua vez, define e recomenda a
adoção das Boas Práticas de Bem-estar para animais de produção e de interesse econômico,
desde a produção até o transporte (BRASIL, 2008).
Os produtores e as empresas que atendem aos requisitos de Bem-estar Animal apresentam
privilégio no momento das negociações, pois estes expressam um valor econômico potencial
(MAPA, 2008).
2.2 Ferramentas de controle da qualidade
As ferramentas orientadas para a melhoria do Controle da Qualidade (CQ), processos e
produtos consistem em um conjunto de técnicas que auxiliam na coleta, organização e análise
de dados gerados por um determinado processo ou produto (MIYATA et al, 2010).
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Dentre as principais ferramentas orientadas para a melhoria e controle da CQ destaca-se o
Controle Estatístico do Processo (CEP), que acordo com Faesarella; Sacomano; Carpinetti
(2004) trata-se de uma abordagem de gerenciamento de processos e um conjunto de técnicas
que visam a garantia da estabilidade e melhoria contínua do mesmo. Neste trabalho será
abordado, dentre diversas ferramentas do CEP, as Cartas de Controle (CC) por Atributos e por
Variáveis.
Segundo Rocha (2002, p. 200), a exata função do controle da qualidade é identificar, analisar,
e prevenir a ocorrência de problemas, no entanto, para garantir a qualidade do produto final,
as empresas devem fazer um acompanhamento direto em cada uma das etapas que envolvem
o processo de produção de tal produto e/ou serviço.
2.2.1 Controle estatístico do processo (CEP)
O Controle Estatístico do Processo (CEP) é o ramo do Controle da Qualidade (CQ) que
consiste na coleta, análise e interpretação de dados para utilização nas atividades de melhoria
e CQ de produtos e serviços (SIQUEIRA, 1997).
Montgomery (2004) descreve cinco motivos para o seu emprego nas empresas: a) é uma
técnica de melhoria da produtividade; b) é eficaz na prevenção de defeitos; c) evita ajustes
desnecessários em processos; d) fornece informações confiáveis para diagnóstico de
desempenho de processos; e e) informa sobre a capacidade e o comportamento dos processos.
O CEP conta também com o apoio de técnicas que são consideradas principais, tais como:
Amostragem por inspeção, planos de amostragem; Folha de Verificação (FV);
Histograma/Gráficos; Diagrama de Pareto (DP); Diagrama de Causa e Efeito (DCE);
Estratificação; Gráficos de Controle (GC) e Diagrama de Correlação (DC) (TOLEDO, 2006).
Por mais que seja bem projetado e controlado, todo processo possui uma variabilidade natural
inerente, que segundo Costa; Epprecht; Carpinetti (2004) são pequenas perturbações, causas
aleatórias onde pouco ou nada pode se fazer. Essas causas são divididas em três tipos: causa
especial (evento ocasional em períodos irregulares), causa estrutural (evento periódico em
função de outra variável relacionada com causa identificada), e causa comum (variação
inerente ao processo), sendo que todas as causas devem ser eliminadas ou reduzidas
(SAMOHYL, 2009).
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O estudo da variabilidade natural do processo é primordial para a determinação de seus
limites de controle, que é definido pelo processo e controlado pela organização, onde devem
ser menores que os limites especificados e tem como objetivo estabelecer controles internos
com menor tolerância. Já os limites de especificação são definidos pelo mercado ou órgão
regulador (RODRIGUES, 2010).
2.2.2 Cartas de Controle
Cartas de controle é um tipo de GC muito utilizado para o acompanhamento de um processo,
possui a vantagem de ser um controle feito pelo operador da máquina em estudo, reforçando
seu compromisso com a qualidade do produto, o que é fundamental quando se trata de
melhoria de processos (CAMPOS e ROCHA, 2009).
Segundo Montgomery (1985), as cartas têm sido usadas ao longo de anos pela indústria em
função de ser uma técnica para provar a melhoria de qualidade; ser efetiva para a prevenção
de defeitos; prevenir quanto a ajustes desnecessários de processo; fornecer informações para
diagnóstico e; fornecer informações sobre capabilidade do processo.
2.2.2.1 Cartas de Controle por Atributos
As Cartas de Controle (CC) por atributos são baseadas nas distribuições contínuas e
apresentam dados que podem ser medidos ou que sofrem variações contínuas (BONDUELLE,
2007). Segundo Montgomery (2004) os itens inspecionados são classificados como conforme
(produto que corresponde as especificações) ou não-conforme (produto que não corresponde a
uma ou mais especificações) em relação às especificações para aquela característica da
qualidade.
2.2.2.2 Cartas de Controle por Variáveis
Entende-se por Carta de Controle (CC) por Variáveis como a avaliação de características de
qualidade através de valores mensuráveis, as quais podem corresponder a leituras em escalas
ou que sofrem variações contínuas (BONDUELLE, 2007), e são utilizadas para monitorar a
média e a variabilidade do processo (RITZMAN; KRAJEWSKI, 2005).
A Carta X e R são utilizadas em par para identificar variações no processo através da análise
da média e da amplitude. Segundo Monks (1987) a CC por variáveis é utilizada para controle
de dados que sejam medidos (pesos e altura de um produto, por exemplo). Siqueira (1997)
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relata que a CC utiliza a média e a amplitude para verificar se as variações no processo estão
extrapolando os limites de controle calculados, com o intuito de otimizar o processo
eliminando as causas dessas variações.
Para a construção das CC X-R, é necessário seguir os seguintes passos (SIQUEIRA, 1997):
a) Selecionar a Característica de Qualidade a ser Controlada: Comprimento, temperatura,
massa, tempo, corrente elétrica, etc.
b) Definir o Método de Amostragem e o Tamanho da Amostra: Método instantâneo
(retirada da amostra correspondente ao subgrupo, da produção realizada simultaneamente);
e Método periódico (retirada da amostra, correspondente ao subgrupo, aleatoriamente, da
produção durante determinado período);
c) Coletar dados: Os dados são coletados através de observações e formulários;
d) Determinar o Valor Central: O valor central são obtidos através das Equações 1 e 2
(1)
(2)
Onde:
= média das médias dos subgrupos;
= média do i-ésimo subgrupo;
g= número de subgrupos;
= média dos ranges dos subgrupos;
Ri= range do i-ésimo subgrupo.
e) Determinar os Limites de Controle (LC): Os limites são obtidos através das Equações
3,4,5 e 6:
(3)
(4)
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(5)
(6)
Onde:
= Limite Superior de Controle da CC para média.
Limite Inferior de Controle da CC para média;
Limite Superior de Controle da CC para amplitude;
= Limite Inferior de Controle da CC para amplitude;
A2, D4 e D3 são parâmetros definidos na literatura conforme o tamanho de cada amostra.
Esses valores podem ser visualizados em Siqueira (1997, p.128)
Outra Carta de Controle (CC) por variáveis utilizada para controle de dados é a Carta X-S. De
acordo com Vieira (1999) e Montgomery (2004), utiliza-se os gráficos X-S quando: o
tamanho da amostra n é maior que 10 ou 12, já que nesses casos o gráfico R tende a
superestimar o desvio-padrão; e o tamanho da amostra n é variável.
Segundo Siqueira (1997) a Carta X-S é semelhante à Carta X-R, seu único diferencial é que a
carta S é mais precisa, pois utiliza o valor do desvio padrão de todos os dados dos subgrupos.
Os passos para a construção deste tipo de carta é semelhante às Cartas e R, mudando-se
apenas as equações.
Para o cálculo do valor central, utiliza-se a Equação 7:
(7)
Os limites de controle são calculados pelas Equações 8 e 9:
(8)
(9)
Onde:
Si= desvio padrão do i-ésimo subgrupo;
= média dos desvios padrões dos subgrupos;
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A3, B3 e B4 são parâmetros definidos na literatura conforme o tamanho de cada amostra.
Esses valores podem ser visualizados em Siqueira (1997, p.128)
3. Metodologia
O método de abordagem utilizado para o desenvolvimento da pesquisa foi o qualitativo e
quantitativo. A pesquisa classifica-se, quanto aos fins, como explicativa, descritiva e aplicada
e, quanto aos meios, como bibliográfica, estudo de caso e documental.
A pesquisa bibliográfica utilizou-se de livros, teses, anais de eventos e periódicos. A busca foi
feita nos portais Capes, Scielo e buscador Google.
O estudo de caso foi realizado em um Frigorífico de aves. A variável a ser analisada neste
estudo foi o Programa de Bem-estar Animal. Para a realização desta pesquisa, primeiramente
foi feita a descrição dos pontos de controle do Programa de Bem-estar Animal que serão
monitorados para posterior aplicação do CEP. Foi aplicada a Carta de Controle (CC) por
variáveis X-R e, X-S.
Como os frangos são animais que estão em constante troca térmica com o ambiente, quando
submetidos a temperaturas adequadas, utilizam menos energia para se reestabelecer do frio ou
calor, podendo alcançar a produtividade ideal (QUEIROZ et al, 2010). Desta forma, a análise
da temperatura do galpão de espera é um fator importante para a aplicação da CC por
variável.
A coleta foi realiza durante o mês de Janeiro de 2013. Os dados estão divididos em 11
subgrupos, ou seja, os dias em que foram realizados os monitoramentos. Foram coletados em
cada amostra quatro dados de temperaturas (x1, x2, x3 e x4).
4. CEP NO PROGRAMA DE BEM-ESTAR ANIMAL
4.1 Descrição do Processo Investigado e seus Parâmetros de Controle
Foi realizado o monitoramento dos atributos que fazem parte do controle do Programa de
Bem-estar Animal. Os monitoramentos foram registrados em uma planilha, para posterior
análise dos dados retirados. O monitoramento do Programa de Bem-estar Animal da empresa
em questão é realizado por um Gerente da Qualidade. O Quadro 1 apresenta o procedimento
para a realização deste monitoramento.
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Quadro 1: Setor onde é realizado o monitoramento e descrição do procedimento
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Fonte: Elaborado pelos autores (2013)
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Os atributos foram analisados por parâmetros de Conformidade (C) e Não Conformidade
(NC), conforme Quadro 2.
Quadro 2: - Parâmetros de conformidade e não conformidade dos pontos monitorados
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Fonte: Elaborado pelos autores (2013)
Para a análise da temperatura do galpão de espera, foram coletados amostras de temperaturas,
conforme Tabela 1.
Tabela 1: Tabulação das amostras de temperaturas
Fonte: Elaborado pelos autores (2013)
A partir destes dados tabelados, foram realizados os cálculos para que fosse possível construir
as Cartas de Controle (CC). Para a CC X foi calculada a média das médias das amostras. Para
a CC X-r foi calculada a média dos ranges dos subgrupos. Para a CC S, foi calculada a média
dos desvios padrões dos subgrupos. Para a CC X-s foi calculada a média das médias das
amostras. Para todas as CCs foram calculados seus devidos Limite Superior de Controle
(LSC) e Limite Inferior de Controle (LIC).
4.2 Aplicação e avaliação das Cartas de Controle no Processo Investigado
O estudo foi realizado em um frigorífico de aves, localizado em um Município da região
Noroeste do Estado do Paraná. A empresa possui aproximadamente 1500 funcionários,
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envolvendo o setor administrativo e a produção. Sua produção diária é cerca de 180 mil
abates. A empresa possui em seu fluxo de abate de aves o programa de Bem-estar Animal,
cujo objetivo deste é padronizar e modernizar os métodos humanitários dos animais ao abate,
assim como o manejo destes nas instalações do estabelecimento.
4.2.1 Aplicação da Carta X-R
Para construção da CC X, foram calculados através dos dados da tabela 1, a média das médias
das amostras por meio da Equação (1) e o LSC e LIC com as Equações (3) e (4)
respectivamente. Para a construção da CC X-R com os dados da tabela 1 foram calculadas a
média dos ranges dos subgrupos através da Equação (2) e o LSC e LIC com as Equações (5) e
(6) respectivamente. Os parâmetros A2, D3, e D4 são considerados por Siqueira (1997) como
A2= 0,729 (para n = 4), D3 = 0, D4 = 2,282 (para n = 4), ou seja, valores tabelados
específicos para 4 amostras. Os valores obtidos através dos cálculos estão presentes na Tabela
2.
Tabela 2: Valores calculados da análise das temperaturas para as Cartas X e X-r
Carta LSC LIC Média
X 25,36289273 23,82801636 24,59545455
X-R 2,402323636 0 1,052727
Fonte: Elaborado pelos autores (2013)
Com os dados do Quadro 1, foi possível construir a CC X e CC X-R conforme mostra a Figura 1 e
2, respectivamente.
Figura 1 - Carta de Controle X – Temperatura
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Fonte: Elaborado pelos autores (2013)
Figura 2 - Carta de Controle X-R – Temperatura
Fonte: Elaborado pelos autores (2013)
Através da análise das Cartas de Controle (CC) apresentadas na Figura 1 e 2, nota-se que
ambas estão sob controle estatístico, pois a variação existente está dentro dos limites de
tolerância, oscilando aleatoriamente entre a linha central (média). Os resultados na CC R
mostram que não há presença de causas especiais no processo.
4.2.2 Aplicação da Carta X-S
Para construção da CC X-s, foram calculados através dos dados da Tabela 1, a média do
desvio padrão dos subgrupos por meio da Equação (7) e o LSC e LIC com as Equações (8) e
(9) respectivamente. Para a construção da CC S, com os dados da Tabela 1 foram calculados a
média do desvio padrão dos subgrupos através da Equação (7) e o LSC e LIC com as
Equações (10) e (11) respectivamente.
Os parâmetros A3, B3, e B4 são considerados por Siqueira (1997) como A3= 1,628 (para n =
4), B3 = 0, B4 = 2,266 (para n = 4), ou seja, valores tabelados específicos para 4 amostras. Os
valores obtidos através dos cálculos estão presentes no Tabela 3.
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Tabela 3 Valores calculados da análise das temperaturas para as Cartas X e X-s
Carta LSC LIC Média
X 2,282302 0 1,007194
X-S 26,23517 22,95574 24,59545
Fonte: Elaborado pelos autores (2013)
Com base nos dados do Quadro 2, foi possível construir a CC X e CC S conforme Figura 3 e
4, respectivamente.
Figura 3 - Carta de Controle X – Temperatura
Fonte: Elaborado pelos Autores (2013)
Figura 4 - Carta de Controle X-S – Temperatura
Fonte: Elaborado pelos Autores (2013)
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Através da análise das Cartas de Controle visualizadas nas Figuras 3 e 4, é possível ver que o
processo está sob controle estatístico, já que os resultados mostram uma aleatoriedade dos
pontos em relação à média e não há presença de distribuição tendenciosa, consequentemente,
todos os pontos encontram-se dentro dos limites de controle.
4.2.3 Análise quanto aos atributos
Para a construção das CC por atributos foram realizados monitoramentos nos setores que
envolvem o Programa de Bem-estar, conforme Quadro 1 com a finalidade de analisar e listar
os atributos envolvidos e a situação em que este se encontra. Após os monitoramentos, os
atributos foram avaliados e classificados como Conforme (C) e Não Conforme (NC) de
acordo com os parâmetros descritos no Quadro 2.
Após analisados, observou-se que todos os atributos estavam em ótimo estado de
conservação, ou seja, apresentou-se 100% de Conformidade
5. Considerações finais
A simplicidade da aplicação das Cartas de Controle (CC) pode ser considerada fundamental
para um ambiente de alta produtividade, permitindo uma fácil visualização e identificação de
ocorrências indesejáveis. Esta ferramenta foi aplicada apenas no Programa de Bem-estar
Animal, uma etapa de extrema importância no processo de abate das aves, pois a forma com
que a ave é manuseada interfere diretamente na qualidade do produto final.
Após a aplicação das cartas propostas pelo estudo, foi identificado que o Programa de Bem-
estar Animal do frigorífico em questão apresenta desempenho satisfatório, ou seja, o
programa está em estado de Controle Estatístico do Processo (CEP).
Para trabalhos futuros, fica a sugestão de aplicar essa ferramenta em todos os Programas de
Qualidade da empresa, pois é uma ferramenta simples tanto para ser aplicada, quanto para
identificação de problemas.
REFERÊNCIAS
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