Análise literária de cotidiano chico buarque
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Todo dia ela faz tudo sempre
igual...
Me sacode às seis horas da manhã...
A EXPRESSIVIDADE POÉTICO-MUSICAL EM COTIDIANO DE CHICO
BUARQUE
Me sorri um sorriso pontual...
E me beija com a boca
de hortelã.
Todo dia ela diz que é pra eu me cuidar...
E essas coisas que diz toda mulher...
Diz que está me esperando
pro jantar...
E me beija com a boca
de café...
Todo dia eu só penso
em poder parar...
Meio-dia eu só penso em dizer não...
Depois penso na vida
pra levar...
E me calo com a boca de feijão.
Seis da tarde -
como era de se
esperar - ...
Ela pega e me espera no portão...
Diz que está muito louca pra beijar...
E me beija com a boca de paixão...
Toda noite ela diz pra eu não me afastar...
Meia-noite ela jura eterno
amor...
E me aperta pra eu quase
sufocar...
E me morde com a boca de pavor.
Todo dia ela faz tudo sempre
igual...
Me sacode às seis horas da manhã...
Me sorri um sorriso pontual...
E me beija com a boca
de hortelã.
Todo dia ela diz que é pra eu me cuidar...
E essas coisas que diz toda mulher...
Diz que está me esperando
pro jantar...
E me beija com a boca
de café...
Todo dia eu só penso
em poder parar...
Meio-dia eu só penso em dizer não...
Depois penso na vida
pra levar...
E me calo com a boca de feijão.
Seis da tarde -
como era de se
esperar - ...
Ela pega e me espera no portão...
Diz que está muito louca pra beijar...
E me beija com a boca de paixão...
Toda noite ela diz pra eu não me afastar...
Meia-noite ela jura eterno
amor...
E me aperta pra eu quase
sufocar...
E me morde com a boca de pavor...
Todo dia ela faz tudo sempre
igual...
Me sacode às seis horas da manhã...
Me sorri um sorriso pontual...
E me beija com a boca
de hortelã.
A EXPRESSIVIDADE POÉTICO-MUSICAL EM
COTIDIANO DE CHICO BUARQUE
FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE FERNANDÓPOLIS (FEF) FACULDADES INTEGRADAS DE FERNANDÓPOLIS (FIFE) INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO (ISE) PROGRAMA DE INICIAÇÃO EM PESQUISA (PIP)
Autor: Sarah Menoya Ferreira Orientador: Prof. Dr. Durval A. Ramanholi
INTRODUÇÃO
A canção buarquiana, Cotidiano, esconde em sua criação um excelente objeto de estudo
lingüístico. Esse estudo levou à compreensão de uma linguagem capaz de estabelecer vínculos de
aspecto conotativo.
JUSTIFICATIVA Se o professor não incentivar o
aluno a obter competência lingüística, este não será um cidadão completo em
seus deveres e direitos, afinal não saberá compreender o mundo e
entender que há “um somatório de possibilidades condicionadas pelo uso
e pela situação discursiva” (PCN, 1999)
OBJETIVOS
• Desenvolver uma análise lingüística da canção Cotidiano, de Chico Buarque, fundamentada em bases
fonéticas, sintáticas e semânticas, bem como em elementos de estilística.
Disponibilizar material e técnicas para interpretação de textos e, particularmente, despertar para o uso de
textos musicados na análise lingüística, destacando-se a importância da sonoridade das palavras e os jogos de timbres, pausas e rupturas, elementos próprios da
musicalidade.
Fonética
As unidades rítmicas da canção, seja no que tange à fonética da letra ou ao arranjo
instrumental, não podem ser isentas de intenções. Desta forma o sentido dá a esses aspectos características discursivas, já que o ritmo é
também um fato de linguagem. O sentido geral da canção é, portanto, completamente influenciável
pelos aspectos rítmicos (característica do paralelismo sintático) .
O efeito de ruído das consoantes revela uma natureza semântica muito relevante à
composição. A marcação seca e dura da música
também outorga sentido.
Modo regular da composição musical:
Repetição do som Repetição da letra Repetição na vida
Estilística “Estilo é o aspecto do enunciado que resulta de
uma escolha dos meios de expressão, determinada pela natureza e pelas intenções do indivíduo que
fala ou escreve.” (GUIRAUD, 1970). Essa “escolha” de que trata Guiraud apresenta-se de
maneira interessante na canção analisada; afinal, o compositor utilizou-se de certas artimanhas numa
reconfiguração intra-textual. Nisso consiste as relações afetivas de sentido, ou seja, o ouvinte,
diante da composição completa, tem de tomar uma posição quanto ao que ouve.
Semântica
Elementos que trazem-nos a impressão de ouvir a voz do poeta
junto à voz da própria situação,mascarando o mais odioso
episódio de violência e perseguição da história da humanidade.
Som e sentido
NÍVEL DISCURSIVO
Olhares Interpretativos
1º O.I. denotativo ou dicionarizado. Esse olhar sobre a música consiste num grande estranhamento. Em http://www.youtube.com/watch?v=zyp5-5lXZE8
encontraremos um vídeo crido por Ivan Mola, em que a música é cantada por Arnaldo Antunes e a animação corresponde exatamente às imagens denotativas da canção.
2º O.I. A canção é tratada como uma narrativa em que o homem fala sobre sua vida cotidiana ao lado da esposa.
3º O.I. Narrativa denunciadora
Utilizando-se do “triângulo de Ogden e Richards”, em que são colocados os três elementos observáveis no uso da linguagem ... Sdo. = significado (plano de conteúdo) Ste. = significante (plano de expressão) Re. = referente (objeto designado) ...citaremos um exemplo de um elemento da música nos três O.I.
1º O.I.
2º O.I.
3º O.I.
ANÁLISE CRÍTICA DOS ASPECTOS FORMAIS
• Seis estrofes de quatro versos (um hendecassílabo e três decassíbalos)
• Decassílabos martelos • Uso da metalinguagem • Elipses • Anacoluto Semântico • Elementos temporais • Rimas ricas • Rimas alternadas • Enjambement
Bibliografia Geral AGUIAR, Joaquim. A poesia da canção. São Paulo: Scipione, 1993. BALLY, Charles. Traité de stylistique française. 4. ed. Genève: Georg & Cie S.A, 1963. BRANDÃO, Helena H. Nagamine. Introdução à análise do discurso. Campinas: UNICAMP, 2004. BRASIL. Ministério da Educação. Secretária do Ensino Médio e Tecnologia. Parâmetros Curriculares Nacionais : Ensino Médio. Brasilia: Ministério da Educação, 1999. CALLOU Dinah & LEITE, Yonne. Iniciação à Fonética e à Fonologia. 4ª edição. Rio de Janeiro: Zahar, 1995. CARDOSO, Silvia. Discurso e ensino. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2003. CHACON, Lourenço. Ritmo da escrita: uma organização do heterogêneo da linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1998. Guirard, Pierre. A estilística. São Paulo: Mestre Jou, 1970. LOPES, Edward. Fundamentos da Lingüística Contemporânea. São Paulo: Cultrix, 2004. MAINGUENEAU, Dominique. Novas Tendências em Análise do Discurso. Campinas, São Paulo: Pontes, 1993. MESCHONNIC, Henri. Pour la Poétique II. Épistémologie de l’Écriture - Poétique de la Traduction. Paris: Gallimard, 1973 MONTEIRO, José Lemos. A estilística. São Paulo: Ática, 1991. OGDEN, C.K.; RICHARDS, I.A. O Significado de Significado. Um estudo da influência da linguagem sobre o pensamento e sobre a Ciência do Simbolismo. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1976 ORLANDI, Eni Puccinelli. 1986. A Análise do Discurso: Algumas Observações. D.E.L.T.A. 2/1: 105-126. _______. Análise de Discurso: princípios e procedimentos. Campinas: Pontes, 2001. PÊCHEUX, Michel. Por uma análise automática do discurso. Campinas: Unicamp, 1990. RIBEIRO, Amador. Uma Levada Maneira: no ar, poesia e música popular. Revista Conceitos da ADUFPB-JP. p. 21 – 27, novembro 2000. SAUSSURE, F. Curso de Lingüística Geral. Cultrix, 1916.