ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE DUAS PROPOSTAS DE … · APRENDIZAGEM NO ENSINO MÉDIO EM MATO GROSSO DO...

12
(83) 3322.3222 [email protected] www.ceduce.com.br ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE DUAS PROPOSTAS DE APRENDIZAGEM NO ENSINO MÉDIO EM MATO GROSSO DO SUL: AVANÇOS E RETROCESSOS Regerson Franklin dos Santos 1 Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso do Sul [email protected] Resumo: Estudar as metodologias que são implantadas nas escolas Brasil afora talvez seja a melhor maneira de buscar saídas para tirar a educação e os processos de aprendizagem dos patamares que se encontram, com elevadas taxas de evasão e repetência escolar e de baixa aprendizagem, comprovadas nas avaliações internas e externas. Nesse sentido, esse texto visa discutir os impactos de duas propostas implantadas na Escola Estadual Waldemir Barros da Silva - Campo Grande/MS em 2016 e 2017 (Educar Pela Pesquisa e Escola da Autoria respectivamente) no que tange a parte diversificada/flexibilizada do currículo para o Ensino Médio. Ressalta-se que essa implantação só foi possível devido ao fato da unidade educacional ter se tornado modelo de Escola Integral de Tempo Integral - EITI. Aporte documental aliada à experiência prática bem complexa e já consolidada conduzirá a apresentação dos resultados, expondo o que há de melhor em cada uma dessas propostas para a escola, professores e estudantes. O caminho para uma escola do século XXI ainda está por ser construído. Palavras-chave: Escola, Pesquisa, Autoria, Metodologia, Avaliação. Introdução O presente texto visa analisar a parte diversificada do Currículo do Ensino Médio implantado em dois modelos de aprendizagem aplicados na Escola Estadual Waldemir Barros da Silva (Campo Grande/MS) nos anos de 2016 e 2017, sendo o Educar pela Pesquisa2 e a Escola da Autoria, respectivamente. A unidade escolar se tornou integral a partir de 2016. Tal espectro procura compreender o alcance real e a efetiva aplicabilidade dessas disciplinas na vida do estudante, considerando-se o seu desempenho na busca pelo conhecimento e a produção de expectativas ao mundo pessoal e profissional. Nesse sentido a ausência de continuidade nas políticas públicas 3 , na maioria das vezes, gera um descompasso enorme no nível de aprendizagem do estudante, contribuindo para repetência e a evasão escolar como também em péssimos resultados em avaliações externas, uma vez que a troca de governos incide na mudança de projetos de educação inclusive aqueles que estão dando certo, denotando uma politicagem prejudicial ao estudante e às classes menos favorecidas. Precisa-se esclarecer que alguns modelos (ideologias) visam 1 Professor da rede pública estadual de Mato Grosso do Sul; Doutorando em Geografia pela Universidade Federal da Grande Dourados UFGD. 2 Para maiores informações sobre o Educar pela Pesquisa, ver Demo (2007, 2007A, 2015) e Santos (2016, 2017 e 2017A). 3 Ressalta-se que houve preparo da equipe docente em 2015 para implantação do Educar pela Pesquisa em 2016, todavia, no ano seguinte, o Governo abandona a proposta e insere outra metodologia de trabalho, a Escola da Autoria.

Transcript of ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE DUAS PROPOSTAS DE … · APRENDIZAGEM NO ENSINO MÉDIO EM MATO GROSSO DO...

(83) 3322.3222

[email protected]

www.ceduce.com.br

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE DUAS PROPOSTAS DE

APRENDIZAGEM NO ENSINO MÉDIO EM MATO GROSSO DO SUL:

AVANÇOS E RETROCESSOS

Regerson Franklin dos Santos1

Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso do Sul

[email protected]

Resumo: Estudar as metodologias que são implantadas nas escolas Brasil afora talvez seja a melhor

maneira de buscar saídas para tirar a educação e os processos de aprendizagem dos patamares que se

encontram, com elevadas taxas de evasão e repetência escolar e de baixa aprendizagem, comprovadas

nas avaliações internas e externas. Nesse sentido, esse texto visa discutir os impactos de duas

propostas implantadas na Escola Estadual Waldemir Barros da Silva - Campo Grande/MS em 2016 e

2017 (Educar Pela Pesquisa e Escola da Autoria respectivamente) no que tange a parte

diversificada/flexibilizada do currículo para o Ensino Médio. Ressalta-se que essa implantação só foi

possível devido ao fato da unidade educacional ter se tornado modelo de Escola Integral de Tempo

Integral - EITI. Aporte documental aliada à experiência prática bem complexa e já consolidada

conduzirá a apresentação dos resultados, expondo o que há de melhor em cada uma dessas propostas

para a escola, professores e estudantes. O caminho para uma escola do século XXI ainda está por ser

construído.

Palavras-chave: Escola, Pesquisa, Autoria, Metodologia, Avaliação.

Introdução

O presente texto visa analisar a parte diversificada do Currículo do Ensino Médio

implantado em dois modelos de aprendizagem aplicados na Escola Estadual Waldemir Barros

da Silva (Campo Grande/MS) nos anos de 2016 e 2017, sendo o “Educar pela Pesquisa”2 e a

“Escola da Autoria”, respectivamente. A unidade escolar se tornou integral a partir de 2016.

Tal espectro procura compreender o alcance real e a efetiva aplicabilidade dessas

disciplinas na vida do estudante, considerando-se o seu desempenho na busca pelo

conhecimento e a produção de expectativas ao mundo pessoal e profissional.

Nesse sentido a ausência de continuidade nas políticas públicas3, na maioria das vezes,

gera um descompasso enorme no nível de aprendizagem do estudante, contribuindo para

repetência e a evasão escolar como também em péssimos resultados em avaliações externas,

uma vez que a troca de governos incide na mudança de projetos de educação – inclusive

aqueles que estão dando certo, denotando uma politicagem prejudicial ao estudante e às

classes menos favorecidas. Precisa-se esclarecer que alguns modelos (ideologias) visam

1 Professor da rede pública estadual de Mato Grosso do Sul; Doutorando em Geografia pela Universidade

Federal da Grande Dourados – UFGD. 2 Para maiores informações sobre o Educar pela Pesquisa, ver Demo (2007, 2007A, 2015) e Santos (2016, 2017

e 2017A). 3 Ressalta-se que houve preparo da equipe docente em 2015 para implantação do Educar pela Pesquisa em 2016,

todavia, no ano seguinte, o Governo abandona a proposta e insere outra metodologia de trabalho, a Escola da

Autoria.

(83) 3322.3222

[email protected]

www.ceduce.com.br

abranger a formação integral do estudante, ao passo que outros apenas objetivam prepará-lo

para o mercado de trabalho (SAVIANI, 2017).

Nesse sentido, essa análise aqui retratada busca realizar uma comparação que se pauta

ora na base documental, ora na base prática que fora implantada na escola, possibilitando

apresentar um resultado plausível que expresse a realidade local ora introduzida.

Para fins didáticos, a pesquisa foi dividida em duas partes: a primeira, mais geral,

versará sobre as políticas educacionais e seus (des)contextos com a aplicabilidade nas escolas

- referencial curricular, bases teóricas, e outros aportes ideológicos. A segunda se reportará

especificamente à parte prática que foi desenvolvida na unidade escolar, realizando um

cruzamento de dados entre o que foi aplicado em 2016 (Educar pela Pesquisa) e disseminado

até o presente momento de 2017 acerca da Escola da Autoria4.

O descompasso entre a base e as políticas macro: até quando?!

Primeiramente as políticas públicas macro precisam ser tratadas como questões de

Estado, e não de governo. Somente desta forma ter-se-á uma continuidade que reflita o

respeito à sociedade, aos diversos profissionais que estão envolvidos Brasil afora nas suas

aplicabilidades e no desencadear de seus investimentos, operacionalizações. Desta forma,

poder-se-á contemplar aqueles que mais necessitam no campo da educação, os estudantes,

perfazendo uma base sólida e perspicaz para uma vida liberta e cidadã (SANTOS, 2017).

Diversas políticas nacionais, estaduais e até mesmo municipais são implementadas e,

por inúmeros motivos, alguns plausíveis, outros inadmissíveis, são objeto de descontinuidade,

afetando negativamente a aprendizagem e a busca pelo conhecimento por parte do estudante,

o funcionamento pleno da coisa pública no que toca a parte dos profissionais envolvidos;

quando começa a engrenar, sofre uma ruptura que obriga um novo recomeço.

Buscando atender a novas demandas dos estudantes e da conjuntura de mercado, a Base

Nacional Comum Curricular-BNCC5 vem sendo questionada por especialistas, associações e

demais entidades envolvidas acerca da sua reestruturação e implementação de forma

apressada pelo Governo Temer (2016, pois o impacto na vida de milhares de crianças e

jovens, como também profissionais envolvidos será imenso.

Realmente é essencial buscar saídas para melhorar a escola pública e a aprendizagem;

não dá mais para ficar com um modelo teórico, metodológico e conteudista que é aplicado no

4 Ressaltam-se que as críticas aqui inferidas são destinadas diretamente ao ICE (Instituto de Corresponsabilidade

Educacional) e sua forma de trabalho e supervisão, e indiretamente ao Governo de MS pela omissão. 5 Para mais informações sobre a BNCC, consulte o site: http://basenacionalcomum.mec.gov.br. In:

http://portal.mec.gov.br/component/content/article?id=40361#nem_02 > Acesso em 10/10/2017, as 15:47hs.

(83) 3322.3222

[email protected]

www.ceduce.com.br

Brasil desde meados de 1940, que está desconexo com os avanços da ciência, das artes, das

linguagens e, dessa forma, com aquilo que os estudantes anseiam para sua formação pessoal e

profissional.

Todavia, não é pela via da ilegitimidade, da rapidez, da seletividade e de outras ações

escusas que se vai construir um currículo perspicaz para a nação, e é exatamente isso que esse

governo vem fazendo, adotando meios não aceitáveis por parte da sociedade e construindo um

projeto acerca da educação e das políticas cotidianas que atende interesses mercadológicos,

empresariais, corporativos, de dominação ideológica e conservadora e que não contemple os

direitos humanos, a inclusão, a dignidade humana, a criticidade e aspectos libertários. Assim,

privam-se gerações de ascensão social e intelectual.

Da parte teórica aos expositivos contraditórios das propostas flexíveis na Escola

Estadual Waldemir Barros da Silva

A Escola Estadual Waldemir Barros da Silva foi pioneira na introdução e aplicação da

metodologia do Educar Pela Pesquisa em Campo Grande-MS (SANTOS, 2016). Modificar a

maneira de se trabalhar a aprendizagem dos estudantes nos dias atuais faz-se necessário para

acompanhar o ritmo de transformações às quais passa a sociedade.

Nesse sentido, o Governo de Mato Grosso do Sul implementou e normatizou a Escola

Integral em Tempo Integral através de Resolução6, tendo carga horária superior e diferenciada

do ensino regular. A parte diversificada atendeu um total de 14 horas semanais, distribuídas

ao longo dos dias da semana, mas com ênfase na sexta-feira a tarde, período em que os

docentes se reuniam para o Planejamento Coletivo. O quadro abaixo apresenta as diretrizes

trabalhadas no ano letivo de 2016:

Quadro 1 Parte Diversificada do Currículo da Escola Integral em Mato Grosso do Sul em 2016

Fonte: SED N. 3017, de 04 de fevereiro de 2016. Adaptado

As três últimas colunas se referem ao 1º, 2º e 3º ano do Ensino Médio, portanto, todas as

séries têm a mesma carga horária, seja em horas como também acerca das disciplinas que as

compõem. Essa padronização propicia equilibrar o roteiro de estudos e ordenar/organizar o

pleno andamento das atividades na/da escola.

6 RESOLUÇÃO/SED N. 3.017, DE 4 DE FEVEREIRO DE 2016. Diário Oficial nº 9.100 de 05 de fevereiro de

2016.

(83) 3322.3222

[email protected]

www.ceduce.com.br

A temática “Orientação de Estudos” propunha, ao longo da semana, tempo para que os

estudantes buscassem os docentes e sanassem dúvidas, como também facilitar a realização de

tarefas e atividades complementares, individual ou em grupo. De forma linear, todos os

estudantes ao mesmo tempo, - visto que algumas atividades eram interdisciplinares inclusive

com discentes de turmas diferentes - tinham a liberdade para escolher aquilo que seria por ele

priorizado, aprofundado ou mesmo corrigido acerca de detalhamentos dos docentes.

Esse fato denota que o estudante é que tem que ser o centro do sistema de

aprendizagem, cabendo a ele participar das decisões da escola no que toca a sua vida. Ao

adotar essa prática, valoriza-se a sua autonomia, sua independência e proporciona um

caminhar pautado em diretrizes as quais ele – um jovem entre 15 e 17 anos – tem condições

de escolher; a mediação do corpo docente nessa escolha serve apenas para acompanhar e

orientá-lo acerca de equívocos e a correta mensuração entre o que é importante e o que é

prioridade.

Parece uma coisa simples, mas essa conjuntura libertária torna-se complexa, pois ele (o

estudante) passou anos sendo obrigado a seguir aquilo que outros pensavam para ele, não o

dando voz; e também é essencial para que se prepare para a vida pessoal e profissional, que

incide cada vez mais em manter relações harmoniosas com o diferente, trabalhar em equipe,

saber exercer seu papel, viver com as dificuldades que a vida oferece, ora perdendo, ora

ganhando. Eis o principal desafio das escolas no século XXI: adequar-se a realidade que

vivemos!

Por sua vez as temáticas “Centro de Interesses I e II” eram realizadas na sexta-feira no

período vespertino, tendo participação de profissionais contratados pela Secretaria de Estado

de Educação – SED, que ministravam inúmeras atividades educacionais com cunho

pedagógico e que promovessem o conhecimento, tais como: dança, teatro, radiocomunicação,

vôlei, futsal, xadrez, moai tay, judô, arduíno7, informática básica dentre outras.

Cada estudante escolhia duas atividades, que eram desenvolvidas em dois tempos de

cinquenta minutos cada, de modo a promover a rotatividade e a ludicidade que tanto almejam

depois de uma semana repleta de estudos. Dessa forma, a sexta-feira era um dia muito

esperado por eles, e as ausências eram pouquíssimas.

7 Arduíno: “É uma placa que permite a automação de projetos eletrônicos e robóticos por profissionais e

amadores”. Disponível em: < http://www.techtudo.com.br/noticias/noticia/2013/10/o-que-e-um-arduino-e-o-que-

pode-ser-feito-com-ele.html> Acesso: 02/06/2018. Refere-se especificamente ao Curso Técnico-

Profissionalizante em Informática, que funciona na modalidade Integrado ao Ensino Médio da escola e, por essa

natureza mais tecnológica, os estudantes desenvolvem invenções nesse sentido, aliando Softwares e Hardwares

às práticas escolares e para além delas.

(83) 3322.3222

[email protected]

www.ceduce.com.br

Enquanto eles “saboreavam” o lúdico, de maneira inter e transdisciplinar, saindo do

ócio da sala de aula para mesclarem-se a outros estudantes, os docentes aproveitam o tempo

para planejar, avaliar e rever aquilo que deu errado, corrigindo para que, na próxima

aplicabilidade, tivesse êxito.

Momentos ímpares e extremamente fundamentais para a correta execução das

atividades escolares; pois no dia a dia, nos intervalos e nos Planejamentos por área, torna-se

impossível agregar todo o corpo docente e coordenação pedagógica e, nesse sentido, perde-se

muito ao não poder trocar experiências acerca do método, da metodologia, da avaliação.

Importante ressaltar que, assim como nos estudos orientados, os centros de interesses

também são instrumentos de liberdade, cidadania e criticidade do educando, que tem o poder

de escolha e, dessa forma, ao gostar daquilo que escolhe, o fará melhor, com mais sapiência,

proporcionando resultados mais plausíveis e contextualizados com sua vida, seu cotidiano e

suas escolhas futuras.

Com relação às “Práticas de Convivência”, eram momentos que estavam relacionados

aos intervalos interativos dos educandos, que utilizavam as Salas de Informática, mesa de

jogos, quadra de esporte e outros espaços para praticar as suas artes, desenvolverem as suas

linguagens, promoverem suas subjetividades ou mesmo descansar para o recomeço laboral.

Diferente dos Centros de Interesses, em que a maioria das atividades era desenvolvida

por profissionais de fora da unidade escolar, a Prática de Convivência pautava-se na quase

totalidade de professores do quadro escolar, pois se realizava todos os dias.

Novamente, mesmo nos horários de repouso/descanso, os jovens têm a liberdade para

escolher em que se ocupar, e também não fazer nada, apenas descansar. Todavia, se quiserem

exercer alguma atividade, terão o acompanhamento de um docente, não para vigiá-los, mas

para orientá-los, instruí-los acerca dos procedimentos e sanar dúvidas que por ventura eles

tenham e, que o impeçam de avançar.

Esses momentos também são espaços de aprendizagem, resolução de conflitos,

desenvolvimento de habilidades que não são trabalhadas em sala de aula, pois nesses casos de

descanso, não há um docente específico para direcionar o processo, mas todos os jovens em

constante mutação de espaços, ora na informática, ora no “ping pong” e mais tarde

participando de outras atividades. Essas relações pessoais são fundamentais, pois adiante, no

trabalho, ele terá que aprender a viver com conflitos e buscar meios de saná-los, resolvê-los

com inteligência, ética e respeito ao outro e a opinião alheia.

Portanto, na escola contextualizada com as diretrizes do estudante, repassar conteúdo

(83) 3322.3222

[email protected]

www.ceduce.com.br

não é meta, tampouco memorizá-lo. O que realmente vale é o desenvolvimento de habilidades

e competências que poderão transformar o mundo de informações em conhecimento, útil para

a sua vida.

Nesse contexto geral, a carga horária da base diversificada surge como um aconchego

entre a teoria e a prática, momento de descanso, mas com supervisão de docentes colaborando

para a um ambiente factível à aprendizagem. A mescla de teorias da aprendizagem com

processos exitosos é a fórmula do sucesso; não há um guia, mas sim um contexto que incidirá,

conforme as nuances, em que será utilizado para se chegar a um fim comum: estudantes

preparados para vida.

O Programa “Mais Educação”8 abrangeu aspectos que se assemelham ao que está sendo

implantado nas escolas de tempo integral. Passados quase dez anos de experiências, o

Ministério da Educação o reestruturou, mantendo o que entende que foi exitoso e corrigindo

outras situações afins.9

Se ele pecou pelo excesso de atividades desconexas com a construção do saber, teve

seus pontos positivos ao possibilitar aos estudantes a permanência na unidade escolar o dia

todo (nesse caso o contra turno) e a flexibilidade e rotatividade com que as atividades eram

desenvolvidas. O fato é que, coube uma avaliação mais aprofundada do programa para inserir

em uma escola integral, coisas pertinentes ao dia a dia do estudante com foco na construção

do saber, no conhecimento e não apenas na diversão e recreação.

Nesse sentido, a proposta do “Educar Pela Pesquisa”, implantada na unidade escolar em

2016 foi em muito útil à aprendizagem dos estudantes, fato que pôde ser comprovado com o

baixo número de transferências, repetência e evasão.10

O fechamento do ciclo (3 anos para se avaliar turmas do Ensino Médio) seria condição

sine qua non para uma correta e justa avaliação da proposta, pois contemplaria uma etapa por

sua totalidade; infelizmente isso não ocorreu, pois em 2017 houve a implantação de uma nova

proposta metodológica pela Secretaria de Estado de Educação11.

8 PORTARIA NORMATIVA INTERMINISTERIAL Nº- 17, DE 24 DE ABRIL DE 2007. Institui o Programa

Mais Educação, que visa fomentar a educação integral de crianças, adolescentes e jovens, por meio do apoio a

atividades sócio-educativas no contra turno escolar. DOU de 26/04/2007. 9 Agora em 2017 o Governo de Michel Temer editou uma nova portaria, que cria o “Novo Mais Educação”: O

Programa Novo Mais Educação, criado pela Portaria MEC nº 1.144/2016 e regido pela Resolução FNDE nº

5/2016, é uma estratégia do Ministério da Educação que tem como objetivo melhorar a aprendizagem em língua

portuguesa e matemática no ensino fundamental, por meio da ampliação da jornada escolar de crianças e

adolescentes. In: http://portal.mec.gov.br/programa-mais-educacao > acessado em 10/10/2017, as 16:21hs. 10 Somente um estudante abandonou a Unidade Escolar (evasão), e não houve nenhum caso de Retenção por

baixo aproveitamento (repetência). Dados da Secretaria da Escola. 11 Como motivo para a não continuidade da proposta do Educar Pela Pesquisa, foi ressaltado – pela SED - a sua

impossibilidade de ser replicada em outras escolas da cidade e do estado, por motivos financeiros. Mais uma vez,

(83) 3322.3222

[email protected]

www.ceduce.com.br

Não bastassem os percalços que a escola já passa em sua estrutura profissional, com

aposentadorias, trocas de docentes contratados por efetivos, problemas com licitação para

merenda escolar etc, a Escola Estadual Waldemir Barros da Silva viu-se embrenhada em

outros desafios, ocasionados pela nova conjuntura que foi adequar-se à nova proposta,

perdendo todo aperfeiçoamento, capacitação, estudo, e aplicação da antiga metodologia;

deixa-se tudo de lado e volta-se ao zero com outra metodologia de aprendizagem, que será

exposta agora, com foco na sua parte diversificada.

O Instituto de Corresponsabilidade Educacional (ICE) - uma instituição privada, com

pioneirismo na educação no Estado de Pernambuco - foi contratado pela Secretaria de Estado

de Educação para implantar suas práticas em 12 escolas de Mato Grosso do Sul, sendo 8 em

Campo Grande e as demais no interior do estado12.

Nesse contexto, o próprio processo seletivo para a contratação de professores para

trabalharem nas unidades escolares selecionadas foi conturbado, seja pelas mudanças

provocadas pelas normatizações do MEC (Ministério da Educação) acerca do Novo Ensino

Médio, seja pela judicialização a qual passaram estados que não estavam cumprindo com o

estabelecido na LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação acerca da implementação de

escolas em tempo integral gradativamente pelo país, de modo a ampliar a permanência dos

estudantes na unidade escolar e, consequentemente, melhorar a aprendizagem.

Assim, edital13 lançado em janeiro (período de férias dos professores) para contratar os

docentes foi criticado tanto por professores que se encontravam ausentes da cidade/estado

quanto pelos Sindicatos14 que representam a categoria, que não concordavam com a maneira

do proceder da SED, tampouco com a gratificação15 que seria paga aos professores que

trabalhassem nessas escolas.

trata-se a educação como gasto de recursos, e não como investimento no futuro da nação! Ademais, relega-se a

escola, os jovens e a educação ao léu, como política de governo, que troca a todo instante conforme os interesses

pessoais, partidários. 12 LEI Nº 4.973, DE 29 DE DEZEMBRO DE 2016. Cria o Programa de Educação em Tempo Integral,

denominado “Escola da Autoria”, e dá outras providências. D. O. de 30/12/2016. 13 EDITAL N. 1/2017. PROCESSO SELETIVO DE PROFISSIONAIS DO QUADRO PERMANENTE DO

MAGISTÉRIO OU EM ESTÁGIO PROBATÓRIO, PARA EXERCÍCIO DO CARGO DE PROFESSOR,

FUNÇÃO DOCÊNCIA, NAS ESCOLAS DA REDE ESTADUAL DE ENSINO DE MATO GROSSO DO SUL

QUE OFERTAM O PROGRAMA DE EDUCAÇÃO EM TEMPO INTEGRAL - ESCOLA DA AUTORIA –

ENSINO MÉDIO. D.O. 9.329 de 16/01/2017. 14 A ACP – Sindicato Campo Grandense dos Profissionais da Educação Pública se posicionou contra a

implantação alegando não ter sido consultada acerca de como, quando , aonde e de que forma ocorreriam tais

mudanças; também a FETEMS (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul) se postou

de forma radical contra o governo, gerando um embate que dividiu a categoria acerca dos que estavam na

proposta e daqueles que não estavam – e não concordavam. 15 Talvez esse tenha sido o ponto nevrálgico do embate, pois ao tratar desigual economicamente professores do

mesmo nível/classe dentro do Plano de Cargos, Carreira e Salários de Mato do Grosso do Sul, gerou desconforto

no sindicato e naqueles que se viam excluídos; ressalta-se que a gratificação era obrigatória para atendimento

(83) 3322.3222

[email protected]

www.ceduce.com.br

Passada essa etapa inicial de contratação via edital, o resultado foi uma panaceia de

confusões: baixa adesão ao processo seletivo, ausências no dia da entrevista devido ao

período de férias e muitos se encontrarem fora da cidade, saída de professores das escolas por

incompatibilidade de vínculo (muitos também eram efetivos na prefeitura de Campo Grande

e, ficaram impossibilitados de serem exclusivos da escola integral por motivos burocráticos –

cedência).

Outro ponto crucial ocorreu já em fase de capacitação, em que alguns docentes não se

enquadravam dentro da proposta - e seus desencontros acerca da carga horária, da

disponibilidade e mesmo do perfil para executarem as atividades, principalmente da base

diversificada – e desistiram. Como era o primeiro ano da proposta, sua implantação estava por

carecer de aparatos jurídicos, financeiros, organizacionais e mesmo de corpo técnico e

gerencial para comandar o processo.

Partindo para a execução das atividades com o início do ano letivo de 2017, houve

muitos desencontros devido à falta de orientação do órgão superior, tendo a equipe se

esforçado ao máximo para exercer seu trabalho de acordo com o estabelecido, se adequando

acerca da metodologia, do planejamento, do “novo” que a proposta apresenta acerca da base

diversificada, como as disciplinas Eletivas, Pós-médio e Projeto de Vida16, além dos espaços

de aprendizagem denominados Tutoria, Estudo Orientado e Clube de estudantes.17

Os Clubes de Estudantes configuram-se uma tentativa de integrar os jovens conforme as

afinidades, estreitando os laços teóricos mediante discussões e debates, como também colocar

em prática pontos importantes para expansão do conhecimento, de maneira lúdica, excêntrica,

no entanto, sistematizada, com acompanhamento e mediação.

Ressalta-se que pouco deu certo devido à ausência de tempo destinado especificamente

para esse fim; intervalos são muito curtos para se agilizar algo; no horário de almoço eles

também não quiseram se ater a esse tipo de protagonismo, como também recusaram de

dos anseios da proposta integral, o que iria na contra mão de uma das reivindicações dos professores, que foi ter

um terço de hora atividade livre para planejar, e que por essa via, seria perdido com a permanência todos os dias

na escola; enfim, a ACP acusou de vender um tempo livre que lutamos para ter, todavia, o valor pago não supre

realmente o que cada docente equivale, pois a gratificação refere-se a “A II”: faixa da tabela salarial mais baixa,

de uma pessoa que ainda não é formada para exercer o trabalho (antigo magistério). 16 Esse pressuposto é a espinha dorsal dessa nova proposta, que vê no protagonismo Juvenil, no planejamento da

vida e dos sonhos de cada estudante o meio de conduzi-lo ao sucesso, na escola, mas principalmente na vida

pessoal. Assim, o docente responsável por essa “disciplina” precisa se envolver muito com o estudante, a fim de

ajudá-lo. O problema é falta de habilidade, competência psicológica que os docentes não possuem, que

naturalmente, seria suprido se cada escola dispusesse de um profissional Psicólogo em sua unidade. 17 Também pertencia a esse quadro a “Avaliação Semanal”, todavia, não se encaixa como uma disciplina, mas

sim como espaço para aplicação de testes e avaliações de todo o conteúdo abordado de maneira a verificar o

quanto foi apre(e)ndido pelos estudantes. Toda segunda-feira, nos dois últimos tempos de aula, tinha-se esse

instrumento de verificação quantitativa e qualitativa, visando acompanhar o processo e corrigir as falhas.

(83) 3322.3222

[email protected]

www.ceduce.com.br

imediato chegar mais cedo ou mesmo ficar até mais tarde na escola, seja por questões de

cansaço, seja por questões de horário quanto ao transporte de volta para suas casas.

As disciplinas eletivas, como o próprio nome diz, se referem a algo que o estudante terá

por opção, escolhendo o que cursar; para tanto, são destinados dois tempos de aulas

geminados (50 minutos cada), ministrados nos dois últimos tempos de sexta-feira.

Conhecimento lúdico, arte e uma gama de possibilidades para o estudante aprender de outra

maneira. Cada “Eletiva” é composta por dois ou mais professores de disciplinas diferentes,

visando dar um toque mais complexo, porém, integrado e interdisciplinar. Todos os

estudantes da escola devem participar dessa disciplina.

Ressalva-se que a Eletiva muito se assemelha ao Centro de Interesse da outra proposta,

propondo o protagonismo, a autonomia e a independência do jovem. A diferença é que nela,

cabe aos docentes executarem mais que estão habituados, formados, habilitados: aulas de

dança, canto, instrumentos musicais, teatro, artesanato, documentários etc, são

responsabilidade dos professores. Portanto, mais trabalho (com planejamento, execução e

avaliação) para o professor e menos tempo para pensar holisticamente, em grupo, como se

propiciava com o advento do Planejamento Coletivo outrora, uma vez que tais atividades

eram executadas por outros profissionais.

Ressalta-se que essa proposta incide metodicamente, abertamente, no dispêndio de mais

tarefas, serviços e atividades ao professor, sem uma carga horária reduzida.18

Os Estudos Orientados nessa proposta também contêm praticamente a mesma instrução

que as Orientações de Estudo tinham no Educar pela Pesquisa: tempos destinados a realização

de tarefas, estudos para avaliações, resolução de dúvidas e outras coisas mais, cabendo ao

discente escolher. Ponto positivo, pois delega ao estudante a escolha, e com ela, o poder de

pensar, refletir e direcionar enquanto participante de sua vida na escola. Mais uma vez, todas

as turmas têm em seus horários de aula, 3 tempos destinados a esse fim.

Por sua vez, a disciplina “Pós-médio” apenas é aplicada ao 3º ano do Ensino Médio,

direcionando o estudante para a profissão escolhida, preparando-o para o ENEM (Exame

Nacional do Ensino Médio), vestibulares afins, concursos e buscando evidenciar o caminho

que ele tem que percorrer para alcançar seu êxito.

18 Por exemplo, desde a formação dos docentes no começo do ano letivo pela equipe do ICE, é comum os

formadores pedirem para que o estudante seja atendido em horário de almoço, antes do início do turno de

trabalho e depois dele, denotando um nítido processo de exploração do trabalhador, pois caberia ao governo de

MS contratar mais profissionais para que o serviço fosse executado dentro de seu tempo de trabalho, e além dele;

ademais, também poderia pagar “hora extra” ou destinar um espaço a mais, remunerado, para que os docentes

atendessem aos estudantes caso necessário. Todavia, o que se percebe e vê no cotidiano escolar, é a exploração

do trabalhador sob diversos vieses.

(83) 3322.3222

[email protected]

www.ceduce.com.br

Entende-se que no último ano do ciclo, o jovem já tem maturidade para caminhar com

mais independência, estudando sozinho, adotando seus melhores meios de aprendizagem, já

procurando se identificar com uma área de atuação, para posteriormente definir a sua

profissão. Como o próprio nome diz, é a transição da educação básica para a superior; da

juventude para a eclosão da fase adulta. Com essa interlocução, busca-se diminuir as

dificuldades e apresentar meios de superar os obstáculos que o jovem encontrará na

Universidade, visto que esse ambiente é totalmente diferente do vivenciado por ele ao longo

dos últimos 9 anos escolares.

A Tutoria, sistema mui antigo de ensino e acompanhamento sistematizado, foi

implantada de forma que todos os docentes (e até mesmo outros profissionais da escola

participaram: direção adjunta, inspetora de pátio, cozinheira, porteira) tivessem sob suas

“asas” um grupo entre 10 e 15 estudantes. Cuidar da vida pessoal do discente, mas

principalmente intelectual é o objetivo dessa parte diversificada do currículo, orientando,

conversando sobre avanços e obstáculos, contribuindo para o seu amadurecimento. Mais uma

vez o funcionamento esbarrou na falta de tempo específico para esse fim19.

Agora iremos expor o que mais tem importância nessa proposta conforme o ICE, que é

o Projeto de Vida, por isso o deixamos para analisar por último. Aplicado nos dois primeiros

anos do ensino médio, essa disciplina também é ministrada por um docente dentre aqueles que

pertencem ao quadro da escola, assim, pode ser de qualquer área do conhecimento, desde que

apresente perfil para o trabalho.

Entendemos que cabe sim à escola direcionar o jovem, recém-chegado ao ensino médio

a traçar o seu caminho de sucesso, a organizar seus sonhos (definir metas), estabelecer meios

para alcançá-lo (planejar e executar) e corrigir ao longo do processo o que está errado. Para

tanto, a proximidade do docente com os estudantes, de forma individualizada, necessita ser

muito intensa. Participar da vida de centenas de pessoas ativamente é uma tarefa

extremamente árdua para o profissional, que acaba se envolvendo com questões particulares

(familiares, emocionais, etc) e, mais uma vez, trabalha na escola e em casa, pois ao participar

dos enlaces problemáticos dos estudantes, ele carrega consigo também esses problemas para o

seu lar.20

19 Muitas vezes os docentes se viram com confissões sérias e complexas de resolução em meio aos corredores da

escola, envolto de outros jovens e atrasados para começar a sua aula. Nesse sentido, atender ao jovem de maneira

eficaz incidiria em um tempo semanal para essa troca de experiências, e não que acontecesse depois do

expediente ou que o docente encurtasse seu horário de almoço para atender aos estudantes. 20 Tem-se notado na escola uma gama muito grande de problemas particulares que atrapalham a aprendizagem

do estudante. Ao permanecer o dia todo no ambiente escolar, conflitos que eram desabrochados nas residências

acabam por aflorar na escola. Se as famílias já relegavam muitas atribuições suas à escola, agora isso tem se

(83) 3322.3222

[email protected]

www.ceduce.com.br

Esse protagonismo que é dado ao jovem é de suma importância para que a educação

mude, e a aprendizagem melhore. Não é possível continuarmos com a metodologia

tradicional; a sociedade evoluiu demais e adequar-se às transformações é condição para o

sucesso.

Dar voz ao estudante, fazer dele o centro do processo, adotar a pedagogia da presença

são meios de se estabelecer formas harmônicas, integradas, lúdicas, porém, sem retirar a

autoridade do professor; ele apenas deixa de ser um transmissor de conteúdo, autoritário, para

ser um mediador que usa a autoridade do argumento, que entende que as verdades são

efêmeras e o conhecimento tem inúmeras facetas.

Considerações Finais

Pelo exposto, verificamos que a ausência de continuidade das políticas públicas na

educação é um dos principais problemas a ser resolvido. Por outro lado, também há medidas

que não foram debatidas, refletidas, pensadas por quem atua no ramo, mas sim por pessoas

alheias a realidade educacional, os chamados técnicos de gabinete. A junção dessas duas

situações contribui para o patamar de baixa aprendizagem em que se encontra a educação

nacional acerca das escolas públicas.

Considerar e colocar em prática ações e situações que favoreçam a aprendizagem dos

jovens é fundamental para o futuro do país. No entanto, “rachar” o todo em partes desconexas

e sem relação entre si, causando mais a fragmentação que a coesão, está sendo a marca desse

novo Ensino Médio proposto pelo Governo Federal; em vez de possibilitar ganhos pode, pelo

contrário, resultar-se em mais confusão e descompasso com o futuro educacional.

Do ponto de vista governamental, essa fragmentação em ciclos - e a exclusão de certas

disciplinas - visa atender aos anseios do mercado e, ao mesmo tempo, diminuir os gastos com

a estrutura educação: não cabem todos os discentes em cursos superiores então vamos

oferecer cursos técnico-profissionalizantes; uma evidente maneira de manter o domínio de

classe e subjugar a população pobre no limbo do progresso.

No que toca a pertinência das propostas adotadas na escola objeto deste trabalho em

2016 e 2017, entendemos que a parte diversificada e/ou flexibilizada é de suma importância

para se obter uma educação que atenda aos auspícios do século XXI. Não se pode continuar

como está, há que se buscar saídas. Todavia, o Educar Pela Pesquisa propicia - além de uma

aprendizagem qualitativa - a integração, a holisticidade, uma educação inclusiva e libertária,

intensificado; detalhe é que os professores não são os pais dos jovens, e essa carga de responsabilidade com a

educação, não pode ser transferida (mais ainda!).

(83) 3322.3222

[email protected]

www.ceduce.com.br

ao passo que a Escola da Autoria caminha no sentido da vida empresarial, em que o sucesso é

medido, mensurado nas avaliações afins...

A primeira insere docente e jovem caminhando juntos na busca pelo sucesso, já a

segunda proposta massifica os processos e ultrapassa a exploração do trabalho docente, bem

semelhante a uma empresa, tratando tudo de forma gerencial à busca de lucro; preocupa-se

com o fim, mesmo que os meios sejam os mais escusos, desumanos e exploratórios possíveis.

Nesse caso específico, o docente (e seu trabalho, suas relações, sua produção) serve de

trampolim (com as costas!) para o sucesso discente; sucesso esse que se atrela a adentrar em

uma vida profissional e ser vitorioso. Preparar para o mercado, eis a vertente dessa Escola da

Autoria. Já o Educar Pela Pesquisa, entende que o lado profissional só é possível se o pessoal

estiver em sintonia...

Referências

DEMO, Pedro. Escola de tempo integral. UNB. Brasília, 2007.

______. Educar pela pesquisa. Campinas: Autores Associados, 2007A. 8. Ed. (Coleção

educação contemporânea).

______. Professor eterno aprendiz. Ribeirão Preto: Editora Alphabeto, 2015.

SANTOS, Regerson F. dos. A escola de Tempo Integral no contexto do século XXI: Ensinar

ou Pesquisar? In: VII Seminário Internacional: fronteiras étnico-culturais e fronteiras da

exclusão, 2016, Campo Grande-MS. ANAIS VII Seminário Internacional: fronteiras étnico-

culturais e fronteiras da exclusão, UCDB, 2016.

______. Políticas educacionais e a formação do estudante na Escola de Tempo Integral em

Mato Grosso do Sul. In: II Jornada Ibero-Americana de Pesquisas em Políticas

Educacionais e Experiências Interdisciplinares na Educação, Natal, 2017. ANAIS II

Jornada Ibero-Americana de Pesquisas em Políticas Educacionais e Experiências

Interdisciplinares na Educação, Natal, 2017.

______. Os percalços docentes acerca das novas metodologias de aprendizagem na Escola

Integral. In: III Seminário da Rede Internacional de Escolas Criativas- RIEC. Educação

Transdisciplinar: Escolas Criativas e Transformadoras, 2017, Palmas-TO. ANAIS III

Seminário da Rede Internacional de Escolas Criativas- RIEC. Educação Transdisciplinar:

Escolas Criativas e Transformadoras, UFT. 2017A.

______. A Geografia no contexto de uma nova metodologia de aprendizagem em uma Escola

de Tempo Integral. In: III Seminário da Rede Internacional de Escolas Criativas- RIEC.

Educação Transdisciplinar: Escolas Criativas e Transformadoras, 2017, Palmas-TO.

ANAIS III Seminário da Rede Internacional de Escolas Criativas- RIEC. Educação

Transdisciplinar: Escolas Criativas e Transformadoras, UFT. 2017B.

SAVIANI, Dermeval. PEC do Teto dos Gastos inviabilizou a educação pública no país,

diz Dermeval Saviani. Disponível em: https://www.brasildefato.com.br/2017/12/08/pec-do-teto-

dos-gastos-inviabilizou-a-educacao-pubica-no-brasil-diz-dermeval-saviani/ acesso 11/12/2017, as

14:13hs.