Amigo do Piamarta nº 15

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Informativo do Centro Educacional da Juventude Padre João Piamarta | Fortaleza - CE AMIGO DO PIAMARTA Informativo nº MARÇO - 2015 Informativo nº MARÇO - 2015 Informativo nº MARÇO - 2015 Informativo nº MARÇO - 2015 Editorial Movimento Amigo do Piamarta Celebrando a Páscoa recordamos o termo passagem, significado original da palavra. Num tempo, ela era a passagem da escravidão do Egito à liberdade da terra prometida, noutro, a passagem da morte à Ressurreição com Jesus de Nazaré. Em ambos, a saída de uma situação que ameaça à vida em direção a um momento novo, a uma Vida Nova! Em Jesus, Palavra definitiva de Deus, a paixão e a cruz nos envolvem no mistério da doação, revelando um Amor que se entrega até às últimas consequências. O silêncio da sepultura, a mansão dos mortos, torna presente a esperança fundamental de que não há lugar longe para Ele, não existe circunstância humana que Ele não toque para nos resgatar. Finalmente, da manhã de domingo, o dia diferente de todos os outros, vem a certeza de que a Palavra de Deus para seus filhos é Vida. De fato, na Páscoa, o “anúncio da vida em abundância” e da “alegria plena” se dá como um presente de Deus. Esta Vida Nova Ele colocou em nossas mãos como um dom e, como todo presente, teve um preço, neste caso, o altíssimo preço da vida de seu Filho. Uma vida vivida com fé, esperança e caridade é o modo concreto de viver esta vida nova, isto é, receber este presente sem desperdício. O Centro Educacional da Juventude Padre João Piamarta deseja, portanto, a todos os seus amigos uma Vida verdadeiramente Nova, cheia de fé, esperança e amor, porque o Senhor Ressuscitou! Aleluia! Podemos ver o mundo juntos, sermos dois e sermos muitos (da música, Então tá combinado). “Então tá combinado”, em 2015 seremos muitos a cuidar para que o mundo seja melhor, para que todos principalmente, as crianças tenham seus direitos alcançados plenamente. “Então tá combinado”, em 2015 cada um que já faz parte do MOVIMENTO AMIGO DO PIAMARTA, vai convidar um outro a amigo, que vai convidar um outro amigo, que vai convidar um outro amigo, que vai convidar ... “Então tá combinado”, logo mais seremos 2000 pessoas a movimentar-se para que o Piamarta insista na sua missão de ajudar as crianças da nossa cidade. O MOVIMENTO AMIGO DO PIAMARTA é uma das alternativas mais seguras para a sustentação do ideal de amor de São João Batista Piamarta, o fundador desta obra. No livro, PIAMARTA escrito por Pe. Pier Giordano Cabra, está escrito: “Padre Piamarta estava convencido de que as classes mais pobres deviam pensar em se promover por si mesmas, com a solidariedade da caridade cristã iluminada,mas sem esperar muito apoio dos poderosos, sobretudo dos políticos: por parte do estado e dos partidos políticos deviam esperar nenhum apoio...” (pág. 211). O MOVIMENTO AMIGO DO PIAMARTA é a solidariedade cristã iluminada ... e é nesta solidariedade cristão iluminada que agora pomos toda nossa esperança. O ano escolar começou e temos 1200 crianças e jovens esperando por esta solidariedade iluminada. As nossas casas: Pe. Lino Gotardi, em Limoeiro, Casa da Criança Governador Virgílio Távora, Lar Nazaré, Piamarta Aguanambi vão estar sempre de portas abertas para que VOCÊ amigo, entre e veja de perto como estamos cuidando pedagógica e amorosamente destas crianças e jovens. Venha nos visitar, acompanhe nossa programação, consulte aqui neste informativo nosso calendário de atividades para 2015; sinta-se, desde já, convidado para nossas atividades religiosas, sociais e culturais. “Então tá combinado” em 2015, VOCÊ traz mais um amigo para o MOVIMENTO AMIGO DO PIAMARTA... “Então tá tudo dito e eu acredito num claro futuro de música, ternura e aventura pro equilibrista em cima do muro” e pra nossas crianças também. Galeára Matos de França Casa da Criança Gov. Virgílio Távora - Itaitinga

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Informativo periódico do Movimento Amigo do Piamarta

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Informativo do Centro Educacional da Juventude Padre João Piamarta | Fortaleza - CE

AMIGODOPIAMARTA

Informativo nº MARÇO - 2015Informativo nº MARÇO - 2015Informativo nº MARÇO - 2015Informativo nº MARÇO - 2015

Editorial

Movimento Amigo do Piamarta

Celebrando a Páscoa recordamos o termo passagem, significado original da palavra. Num tempo, ela era a passagem da escravidão do Egito à liberdade da terra prometida, noutro, a passagem da morte à Ressurreição com Jesus de Nazaré. Em ambos, a saída de uma situação que ameaça à vida em direção a um momento novo, a uma Vida Nova!

Em Jesus, Palavra definitiva de Deus, a paixão e a cruz nos envolvem no mistério da doação, revelando um Amor que se entrega até às últimas consequências. O silêncio da sepultura, a mansão dos mortos, torna presente a esperança fundamental de que não há lugar longe para Ele, não existe circunstância humana que Ele não toque para nos resgatar. Finalmente, da manhã de domingo, o dia diferente de todos os outros, vem a certeza de que a Palavra de Deus para seus filhos é Vida.

De fato, na Páscoa, o “anúncio da vida em abundância” e da “alegria plena” se dá como um presente de Deus. Esta Vida Nova Ele colocou em nossas mãos como um dom e, como todo presente, teve um preço, neste caso, o altíssimo preço da vida de seu Filho.

Uma vida vivida com fé, esperança e caridade é o modo concreto de viver esta vida nova, isto é, receber este presente sem desperdício.

O Centro Educacional da Juventude Padre João Piamarta deseja, portanto, a todos os seus amigos uma Vida verdadeiramente Nova, cheia de fé, esperança e amor, porque o Senhor Ressuscitou! Aleluia!

Podemos ver o mundo juntos,sermos dois e sermos muitos(da música, Então tá combinado).

“Então tá combinado”, em 2015 seremos muitos a cuidar para que o mundo seja melhor, para que todos principalmente, as crianças tenham seus direitos alcançados plenamente.

“Então tá combinado”, em 2015 cada um que já faz parte do MOVIMENTO AMIGO DO PIAMARTA, vai convidar um outro a amigo, que vai convidar um outro amigo, que vai convidar um outro amigo, que vai convidar ...

“Então tá combinado”, logo mais seremos 2000 pessoas a movimentar-se para que o Piamarta insista na sua missão de ajudar as crianças da nossa cidade.

O MOVIMENTO AMIGO DO PIAMARTA é uma das alternativas mais seguras para a sustentação do ideal de amor de São João Batista Piamarta, o fundador desta obra. No livro, PIAMARTA escrito por Pe. Pier Giordano Cabra, está escrito: “Padre Piamarta estava convencido de que as classes mais pobres deviam pensar em se promover por si mesmas, com a solidariedade da caridade cristã iluminada,mas sem esperar muito apoio

dos poderosos, sobretudo dos políticos: por parte do estado e dos partidos políticos deviam esperar nenhum apoio...” (pág. 211). O MOVIMENTO AMIGO DO PIAMARTA é a solidariedade cristã iluminada ... e é nesta solidariedade cristão iluminada que agora pomos toda nossa esperança.

O ano escolar começou e temos 1200 crianças e jovens esperando por esta solidariedade iluminada. As nossas casas: Pe. Lino Gotardi, em Limoeiro, Casa da Criança Governador Virgílio Távora, Lar Nazaré, Piamarta Aguanambi vão estar sempre de portas abertas para que VOCÊ amigo, entre e veja de perto como estamos cuidando pedagógica e amorosamente destas crianças e jovens. Venha nos visitar, acompanhe nossa programação, consulte aqui neste informativo nosso calendário de atividades para 2015; sinta-se, desde já, convidado para nossas atividades religiosas, sociais e culturais.

“Então tá combinado” em 2015, VOCÊ traz mais um amigo para o MOVIMENTO AMIGO DO PIAMARTA... “Então tá tudo dito e eu acredito num claro futuro de música, ternura e aventura pro equilibrista em cima do muro” e pra nossas crianças também.

Galeára Matos de França

Casa da Criança Gov. Virgílio Távora - Itaitinga

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02Informativo do Centro Educacional da Juventude Padre João Piamarta | Fortaleza - CE Informativo do Centro Educacional da Juventude Padre João Piamarta | Fortaleza - CE

VIOLÊNCIA - 1

A escola e a violência por trás do espetáculo

A primeira dificuldade ao se escrever sobre violência é fugir daquilo que já se tornou um lugar comum. Isso porque já nos habituamos a encontrar, quer em programas televisivos, quer em meios impressos e digitais, imagens e histórias que têm a violência como tema. De um lado, há quem critique a espetacularização promovida por estes meios, de outro, estão os que dizem que não se pode não falar da violência numa situação como a nossa. Nós aqui prescindimos deste debate, aceitamos o fato de que é assim e passamos à conversa franca sobre algumas causas silenciosas e profundamente danosas de um ambiente violento na formação dos nossos jovens.

Acima falamos – não por acaso – em hábito. O uso não é acidental, o hábito, quando caracteriza um grupo, é uma experiência compartilhada que, em alguns casos, se dá também como uma forma de saber. Basta pensar um instante em alguns hábitos simples que assumimos na hora de sair de casa, as escolhas que fazemos quando vamos ao banco ou a um supermercado. Os objetos que não nos permitimos usar, ou, como aconteceu com uma pessoa muito próxima a quem escreve, quando simplesmente não nos permitimos comprar algo, porque temos medo: “pode chamar atenção”. Quando escolhemos sair sem relógio ou celular, por trás desta decisão não está um costume, está uma forma de certeza, um saber, que nos fala da presença da violência.

Esses hábitos são fruto de uma forma de saber socialmente compartilhado que, em algumas pessoas, pode associar-se a outros fatores em casos de verdadeira patologia. A síndrome do pânico é só uma delas.

Mas nosso interesse não está nos casos excepcionais ou patológicos. Antes, buscamos analisar os efeitos gerais da presença da violência. Gerais por que todos nós estamos sujeitos à sua pressão, independentemente de qualquer indicador social. Mais especificamente, preocupa-nos os seus efeitos nos jovens e, acima de tudo, sobre aqueles que ajudamos a educar.

Muitas vezes pensa-se na educação como se fosse um compartimento de alguém sem consequências nos demais âmbitos da sua vida pessoal. O resultado desse erro anda em duas direções. De um lado, coloca-se um peso enorme na educação formal desenvolvida nas escolas, como se só ali uma pessoa fosse educada. De outro, tira-se toda a responsabilidade de todas as outras experiências pessoais, como se estas não fossem também momentos educativos.

No primeiro caso, esquece-se que a criança não vai à escola como uma folha em branco. Todo aluno chega com uma bagagem já adquirida tanto nas suas próprias experiências imediatas quanto naquelas compartilhadas e transmitidas pelo senso comum da sua

comunidade. No fundo, toda criança carrega um universo de certezas acumuladas que orientam suas respostas aos problemas que se lhe apresentam.

A questão agora é saber que tipo de certezas nossos jovens recebem dos estímulos sociais do mecanismo que criamos. A importância da função social, a regra da competição entre os indivíduos, as inseguranças em relação ao futuro; tudo isso ajuda a formar certezas nos nossos adolescentes. Se acrescentarmos ainda alguns fenômenos mais recentes, como, por exemplo, a violência nos bairros, nas praças e ruas da cidade, a qualidade precária de alguns serviços, a sujeira de espaços públicos, chega-se a outras certezas. Se se acompanha o modo com que a violência é apresentada nos meios de comunicação social, mais certezas são somadas. Se figurões da política são julgados e condenados, mas depois de poucos meses isentados da pena, há certezas também aqui. Enfim, de certo modo, tudo isto forma ou deforma nossas crianças, de modo que é possível dizer que a sociedade participa ativamente de sua educação e não exclusivamente a escola. Esta última deve trabalhar em cima destas certezas, tentando dar aos seus alunos ideais de verdadeiro e útil conhecimento, valores e responsabilidade.

Outra característica do nosso presente é que já não é permitido a ninguém criar um pequeno jardim de felicidade. Com a evolução dos meios de comunicação e transporte somos todos submetidos às mesmas pressões, partilhamos desejos semelhantes e necessidades novas e passageiras constantemente. Do mesmo modo, não há classe social que passe ao largo dos riscos do tédio ou do estresse. O fruto mais visível deste contexto é justamente a variedade e a

onipresença da violência, sobretudo, entre os jovens. De fato, por trás das formas mais espetaculares de violência, há outras tantas ocultas como a indiferença diante do sofrimento, a falta de perspectivas de um futuro melhor e a certeza da impunidade.

A educação continua, portanto, como via de superação da violência, mas apenas se se compreende que uma educação integral não é apenas aquela que toca todas as dimensões do homem, mas todas as instituições ao seu redor. Ser integralmente educado é ser capaz de criar um mundo onde outras pessoas possam receber uma formação que lhes leve igualmente ao conhecimento, à capacidade de discernimento e juízo e à responsabilidade.

Pe. Judikael Castelo Branco.

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EDUCAÇÃO - 1

Um caso para WINNICOTT...

02 03Informativo do Centro Educacional da Juventude Padre João Piamarta | Fortaleza - CE

Uma menininha que passou pelo Lar Nazaré, que aqui chamarei de Marcela.

Assim que vi Marcela segundos foram suficientes para perceber que ela não se adaptaria a Instituição. Assim que vi Marcela segundos foram suficientes para perceber que a Instituição por ter propostas pedagógicas bem definidas não daria conta dos transtornos e co-morbidades que a menina trazia. Marcela vinha encaminhada pelo CAPIS( Centro de atenção Psicossocial Infantil) e estava sendo medicada com Depakene e Risperidona.

Assim que vi Marcela me dei conta que a inclusão é ainda algo muito complexo de viver.

Está em mim seus grandes olhos, o cabelo desordenado sobre o rosto, a voz sem controle de tonalidades, faz efeito ainda em meus braços o modo agressivo como fui tocada por ela quando tomou das minhas mãos a ficha que contava sua história escrita pelo serviço social da Instituição. De posse da ficha busquei informações sobre Marcela. Os dados ali apareciam como peças de um quebra cabeça embaralhadas. Demorei muito a entender quem era Marcela, de onde vinha, onde estavam seus pais, irmãos, quem a trouxera até ali. Com ajuda de uma coordenadora e substancialmente com a ajuda de Marcela fui espalhando os pedaços dessa história sobre a mesa na presença da coordenadora pedagógica da escola e de uma especialista em psicopedagogia que voluntariamente presta seus serviços a Instituição.

Subitamente aos gritos Marcela toma a ficha.

– Me dá! É minha! Penso: Como fazê-la entender o que se

passa? Como acalmar Marcela para situá-la dentro

do contexto que ela estava agora?- A história é sua Marcela, mas a ficha é um

documento da escola.- Me dá! Aos gritos como se na sala

estivesse apenas ela. O que será mesmo que Marcela me pede?

O que será mesmo que Marcela cobra de nós com os gritos de:- Me dá... Me dá...

O que terá sido tirado dessa menina, que agora no seu delírio ela sabe tão bem reivindicar?

- Marcela você quer saber o que está escrito nessa ficha? Senta que eu leio para você.

Por alguns segundos rápidos Marcela teve um semblante sereno, parecia terno o que para mim parecia eterno.

- Conta, Conta minha história! Na história que eu lia aparecia alguns

nomes, alguns ela desconhecia, outros ela dizia: - Essa é minha irmã, mas de outro pai e contando nos dedinhos inquietos ela disse que tinha seis irmãos, mas não sabia onde estavam eles.

Da ficha fui omitindo informações, omitia na tentativa inútil de não fazê-la sofrer. Acho que Marcela já descobriu mesmo foi o jeito de driblar o sofrimento desconectando-se

totalmente da realidade. Ainda deu tempo de dizer a Marcela o nome da sua mãe e neste momento gritos e lágrimas inundaram a sala. Tudo foi muito súbito.

Toda atenção de Marcela durou segundos, de repente ela tem na boca um detalhe de uma sandália encontrado no chão que Marcela mastiga como se fosse chiclete, sai da sala sem rumo e corre pelas dependências da escola, sobe em árvores, ameaça as outras crianças com um galho, lançando sobe elas o que estava ao seu alcance.

Percebo os professores da escola como se tivesse se esvaziado deles toda a teoria e qualquer saber pedagógico ou sobre crianças, e no olhar de todos uma calada e ansiosa pergunta me dirigiam.

Que vamos fazer?Sozinha, na sala procuro encaixar melhor

as peças daquela história que provocou todo o despedaçamento de Marcela.Recorro a Winnicott médico e psicanalista inglês, que tão bem soube compreender as crianças e seu processo de formação. E vejo que Marcela não teve a presença da “mãe suficientemente boa” tão necessária a um desenvolvimento saudável.

‘’Mãe suficientemente boa” é o ambiente favorável que possibilita o processo de maturação. A “mãe suficientemente boa” aguarda que o bebê dê sinais de suas necessidades e de sua prontidão para receber a gratificação instintual, e só então providencia sua satisfação.

“Quando o cuidado materno mostra-se confiável, a continuidade da linha de vida do bebê se mantém, e ele experimenta uma continuidade de ser. Mas se perturbações fundamentais de adaptação ocorrem (mudanças repetidas na maternagem e rotina do bebê, comportamento irregular e imprevisível da mãe) a continuidade de ser é interrompida, pois o bebê passa a ter de reagir ás falhas, que são vividas como invasão. Essa ruptura provoca um enfraquecimento

do ego e uma ameaça de aniquilamento do self,um sofrimento de qualidade e intensidade psicóticas”

Na história ali contada na ficha, dizia que a mãe de Marcela era drogada, alcoólatra e que a tinha abandonado muito cedo. Então, Marcela não conheceu o Holding, descrito por Winnicot como uma fase em que a mãe ou substituta protege o bebe da agressão fisiológica. O Holding é a capacidade da mãe se identificar com seu bebê , leva em conta a sensibilidade cutânea do latente, inclui a rotina de cuidados ou seja o holding é a atitude amorosa básica indispensável a um desenvolvimento adequado.

“O holding deficiente produz extrema aflição na criança, sendo fonte:

*da sensação de despedaçamento;*da sensação de estar caindo num poço

sem fundo: *de um sentimento de que a realidade

exterior não pode ser usada para o reconforto interno e

*e de outras ansiedades que são geralmente classificadas como “psicóticas”

Assim como o cuidado materno adequado conduz a integração do ego, as falhas levam a desintegração e o bebê experimenta segundo Winnicott, uma angustia inimaginável, sensação de “cair para sempre”ou ser feita em pedaços.

Assim era Marcela feita aos pedaços.E agora ela estava ali aos gritos num: Me,

dá! Me dá! Me dá! Me dá a minha inteireza, que a vida me roubou!

Para algumas crianças a vida é suficientemente má quando lhes nega uma “mãe suficientemente boa” e nossas políticas públicas são suficientemente precárias para crianças em pedaços.

Por Galeára Matos,Psicanalista e psicopedagoga.

Este artigo foi publicado na revista Direcional Educador.

onipresença da violência, sobretudo, entre os jovens. De fato, por trás das formas mais espetaculares de violência, há outras tantas ocultas como a indiferença diante do sofrimento, a falta de perspectivas de um futuro melhor e a certeza da impunidade.

A educação continua, portanto, como via de superação da violência, mas apenas se se compreende que uma educação integral não é apenas aquela que toca todas as dimensões do homem, mas todas as instituições ao seu redor. Ser integralmente educado é ser capaz de criar um mundo onde outras pessoas possam receber uma formação que lhes leve igualmente ao conhecimento, à capacidade de discernimento e juízo e à responsabilidade.

Pe. Judikael Castelo Branco.

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Piamarta Aguanambi

Ser aluno e professor piamartino: A experiência de estar dos dois lados da sala de aula

Piamarta e o Social

04Informativo do Centro Educacional da Juventude Padre João Piamarta | Fortaleza - CE Informativo do Centro Educacional da Juventude Padre João Piamarta | Fortaleza - CE

Ser Educador Piamartino

Ser educador Piamartino é ter todos os dias uma causa pela qual lutar. É a expressão mais pura do afeto despretensioso e cheio de coragem.

O educador por si só já tem em sua essência o desejo de mudança, justiça, caridade e muito amor. Porém, o educador Piamartino transborda todos estes predicados, pois mantém esses valores vivos em seu cotidiano incansavelmente.

Depois de contagiado pela filosofia de amar ao próximo e encontrar na educação uma possibilidade de fazer o bem, compreendemos os princípios cristãos e o exercemos em nossas práticas pedagógicas.

Não se trata apenas de transferir o conhecimento, mas de alimentar sonhos, despertar um potencial muitas vezes adormecido no coração cansado do aluno que carece de esperança, de ombro amigo e orientação.

Eu não estou educadora Piamartina, eu SOU! Pois uma vez experimentado do sorriso grato do menino que finalmente aprende, do olhar brilhante da menina que descobre coisas novas, do adolescente que luta para conquistar uma profissão e oferece a mãe o que ela não pôde lhe dar, da lágrima que escorre da criança que sente saudade da família, mas aprende que a escola também é seu lar; ou simplesmente, por saber que não exerço apenas minha habilidade profissional e sim, a certeza de todos os dias ser uma pessoa melhor.

Érika Medeiros

Quem nunca teve aquela sensação boa de início de ano escolar, com turma nova, livros novos, professora nova, enfim, reinício? Mas mesmo com tantas coisas novas, aquela sensação boa de reencontro, o ouvir daquela música familiar avisando que a aula já vai começar, rever os colegas... Eram assim meus inícios de ano letivo, do 1º ano ao 9º ano do Ensino Fundamental na escola Piamarta do Montese, período marcado por tantas recordações felizes.

O tempo passou e as lembranças boas daquela época são revivi-das a cada dia quando chego aqui na C.E.J.Pe. João Piamarta pra dar aula. Interessante como certas coisas, tão essenciais, não mudam: o ambiente, o carinho, o fundamento dos ensinamentos da escola. É como se pudéssemos voltar no tempo e enxergar, agora com o olhar de quem trocou a cadeira do aluno pela mesa do professor, que o processo de aprendizagem na escola vai muito além de ensinar um conteúdo. Educar vai além de mostrar fórmulas, aplicar provas e exer-cícios. Educar é plantar a semente da cidadania, do amor ao próximo,

da fé e do respeito. E nada melhor do que o exemplo, do que um ambiente feliz e acolhedor para formar o ser humano.

Desde que comecei a dar aulas aqui, pude renovar minha fé na educação. Hoje um aspecto tão negligenciado na nossa sociedade. Depois de lecionar em tantos locais, muitos com realidades tão amargas, as dificuldades, muitas vezes, nos desanimam e diminuem a fé nos ideais que cultivamos. Porém, poder sentir e reviver minhas lembranças escolares e ver que conceitos tão simples e importantes como companheirismo, amizade, compromisso e re-sponsabilidade podem e devem ser encontrados na escola, renova minha fé na educação. Como disse são João Piamarta, “ A gratidão deve ser a maior virtude de nossa instituição” e eu sou grato pela vivência que contribuiu para que eu seja quem sou hoje.

Alexandre da Silva R. Galvão

O primeiro relato de reflexão sobre a dignidade na história da humanidade está na Bíblia sagrada, quando enfatiza que o homem foi feito á imagem e semelhança de Deus, permeando a figura do homem com divindade suprema dotada de reverência e valor. Na verdade, o conceito de dignidade é conferir a um sujeito humano ou moral uma vida digna, assegurar-lhe o devido respeito, os seus direitos e certamente permitir que cumpra os seus deveres como ci-dadão.Dignidade é inexoravelmente, a valorização do Ser Humano.

O Centro Educacional da Juventude Padre João Piamarta, vem desde sua fundação há 43 anos buscando promover o ser humano através da educação, pois acredita que seja Ela, (a educação) fundamental na construção de uma cultura de paz, com justiça social, igualdade de oportunidades, inclusão, inte-gração de todos, portanto com inserção social. Somente através da educação será possível integrar todos os segmentos sociais, e assim diminuir os precon-ceitos e construir relações humanas e dignas.

Nossa instituição atende a diversos bairros da região metropolitana de Fortaleza, sendo seu público alvo comunidades de baixa renda, com sérios problemas de estrutura familiar, acolhendo também jovens provenientes de outras classes sociais.

A mídia “teima” em mostrar que os problemas estruturais foram todos sanados nas últimas décadas; é bem verdade que houve uma melhoria em vários aspectos, mas ainda falta muito para que todos tenham acesso aos ser-viços essenciais tais como: saneamento básico, saúde, educação para todos e até alimentação. “E essa realidade é presente na vida de nossos meninos e meninas; é esse o cenário que as assistentes sociais encontram quando das visitas domiciliares: ‘Casas sem paredes’, (fala de uma menina que disse que sua casa não tem paredes, querendo dizer que mora em um cômodo e é lá onde dorme com sua mãe, padrasto e mais dois irmãos). Ali a vida acontece de maneira improvisada e desorganizada, então nem tudo são flores, há muita carência e muita urgência para se ter DIGNIDADE”.

Há os problemas sociais que vemos em todos os meios de comunicação e nos relatos de pessoas comuns: a violência que cresce a cada amanhecer e anoitecer. Nossos jovens e crianças estão expostos a tudo isso, são eles (os jovens) que engrossam as estatísticas de assassinatos, de estrupos etc.

Fizeram-me a seguinte pergunta: Se Fortaleza ainda precisa de institu-ições como o Centro Educacional da Juventude Padre João Piamarta... Não é necessário pensar muito para chegar à conclusão. Penso que ainda é muito importante, pois esse é um local de proteção, de ensino, de profissionalização e, sobretudo de promoção humana.

Lúcia Silvestre

Page 5: Amigo do Piamarta nº 15

Casa da Criança e Lar Nazaré Escola Agrícola Pe. Lino Gottardi

04 05Informativo do Centro Educacional da Juventude Padre João Piamarta | Fortaleza - CE

É inicio de um novo ano letivo. Com o mesmo contentamento de sempre recebemos de volta os nossos alunos e alunas. À medida que se aproximam vamos percebendo quanta alegria trazem em seus olhares, por retornarem a escola. Nossos corações parecem bater no mesmo ritmo. Aos poucos vamos recebendo cada um. E como se pudéssemos compensar em um só momento o tempo que ficamos sem notícias deles, vamos tocando, interrogando, investigando e nos certificando de que estão bem.

Os primeiros dias são sempre de muito barulho, pois eles querem contar para os colegas tudo que experimentaram durante as férias. Na sala é preciso conter os ânimos, que só dividem espaço com a imensa vontade de escrever no caderno novo, por isso cobram da professora, ”tia, a senhora não vai fazer tarefa não”.

Ao contrário dos anos anteriores, recebemos primeiro os alunos veteranos. Assim pudemos orientá – los sobre a chegada dos novos alunos e conscientizá – los sobre a importância de receberem bem os novos colegas, sobre o respeito que deveriam ter e de como isso seria essencial para o processo de adaptação dos mesmos.

Na primeira semana tivemos a oportunidade de participar de uma sessão de contos com o grupo Costureiras de histórias. Silêncio total na plateia formada por alunos, professores e educadores. Silêncio interrompido apenas pelas palmas, ou por gostosas gargalhadas depois de algum trecho engraçado da história. No outro dia, muitos deles fizeram questão de reproduzirem pelos corredores, os trechos das histórias mais significativas para eles. Ouvir aquelas histórias foi mesmo encantador!

Sexta-feira dia 06 de fevereiro, chegaram os novos alunos e alunas. Para eles toda nossa atenção e carinho na tentativa de minimizarmos o impacto causado pelas novidades. Um novo espaço, novos colegas, novas regras de convivência... Aos poucos eles vão se adaptando a nova rotina.

Foram apenas os primeiros dias, mas já percebemos um pouco das dificuldades de alguns alunos e já estamos planejando de que maneira podemos ajudá-los a superá-las. Portanto. faremos alguns encaminhamentos para psicopedagoga Lourdinha, para fonoaudióloga Keyve e outros com dificuldades mais simples serão auxiliados com atividades de reforço.

Teremos um longo caminho a percorrer durante o ano de 2015. Um caminho que inclui a responsabilidade de oferecer o melhor para os alunos, de proporcionar para eles uma aprendizagem significativa. Esse caminho não será certamente um caminho feito apenas de flores, mas com certeza no final colheremos bons frutos.

Flávia Maria Campos de Oliveira

A Escola Agrícola Padre Lino Gottardi funciona desde abril de 2001. Hoje podemos relata a sua grande importância para os jovens da Região do Baixo Jaguaribe, pois ela vem se mostrando uma Escola Técnica de alto nível, que sempre se propõe a promover uma educação profissional aos jovens, através do exercício da criatividade, liberdade e autonomia numa atmosfera de estudo e valores cristãos, oferecendo aos alunos uma formação compatível com as transformações tecnológicas geradas na região; tornando-os agentes de transformação do processo produtivo, capacitando-os para melhorar o seu desempenho na cadeia produtiva, através do desenvolvimento de competências e habilidades nas atividades de Assistência Técnica aos Produtores Rurais e nas Empresas Agrícolas da Região.

A Escola Agrícola ao longo desses 14 anos de funcionamento sempre buscou novas perspectivas para os nossos jovens, já almejou a conquista de forma exitosa, mais de 650 Técnicos, portanto 85% dos alunos que conclui o curso estão empregados como Agentes Rurais em Prefeituras, diretamente pelo Estado ou em empresas privadas. O curso técnico tam-bém já é visto pelos nossos jovens como ponte para o ensino superior, pois muitos dos que já concluíram o Técnico em Agropecuária, ingressaram na faculdade de Agronomia, Zootecnia, Veterinária dentre outras. O nosso curso é muito bem aceito no mercado de trabalho agropecuário do Es-tado do Ceará desempenhando um papel fundamental na promoção só-cioeconômica dos jovens da Região do Baixo Jaguaribe. Atualmente estão ganhado espaço em empresas multinacionais fora do Estado, ampliando o mercado de trabalho cumprindo assim, a missão carismática do Padre João Piamarta na promoção educacional de jovens cristãos.

Sandra Karla Ribeiro Freitas

O primeiro relato de reflexão sobre a dignidade na história da humanidade está na Bíblia sagrada, quando enfatiza que o homem foi feito á imagem e semelhança de Deus, permeando a figura do homem com divindade suprema dotada de reverência e valor. Na verdade, o conceito de dignidade é conferir a um sujeito humano ou moral uma vida digna, assegurar-lhe o devido respeito, os seus direitos e certamente permitir que cumpra os seus deveres como ci-dadão.Dignidade é inexoravelmente, a valorização do Ser Humano.

O Centro Educacional da Juventude Padre João Piamarta, vem desde sua fundação há 43 anos buscando promover o ser humano através da educação, pois acredita que seja Ela, (a educação) fundamental na construção de uma cultura de paz, com justiça social, igualdade de oportunidades, inclusão, inte-gração de todos, portanto com inserção social. Somente através da educação será possível integrar todos os segmentos sociais, e assim diminuir os precon-ceitos e construir relações humanas e dignas.

Nossa instituição atende a diversos bairros da região metropolitana de Fortaleza, sendo seu público alvo comunidades de baixa renda, com sérios problemas de estrutura familiar, acolhendo também jovens provenientes de outras classes sociais.

A mídia “teima” em mostrar que os problemas estruturais foram todos sanados nas últimas décadas; é bem verdade que houve uma melhoria em vários aspectos, mas ainda falta muito para que todos tenham acesso aos ser-viços essenciais tais como: saneamento básico, saúde, educação para todos e até alimentação. “E essa realidade é presente na vida de nossos meninos e meninas; é esse o cenário que as assistentes sociais encontram quando das visitas domiciliares: ‘Casas sem paredes’, (fala de uma menina que disse que sua casa não tem paredes, querendo dizer que mora em um cômodo e é lá onde dorme com sua mãe, padrasto e mais dois irmãos). Ali a vida acontece de maneira improvisada e desorganizada, então nem tudo são flores, há muita carência e muita urgência para se ter DIGNIDADE”.

Há os problemas sociais que vemos em todos os meios de comunicação e nos relatos de pessoas comuns: a violência que cresce a cada amanhecer e anoitecer. Nossos jovens e crianças estão expostos a tudo isso, são eles (os jovens) que engrossam as estatísticas de assassinatos, de estrupos etc.

Fizeram-me a seguinte pergunta: Se Fortaleza ainda precisa de institu-ições como o Centro Educacional da Juventude Padre João Piamarta... Não é necessário pensar muito para chegar à conclusão. Penso que ainda é muito importante, pois esse é um local de proteção, de ensino, de profissionalização e, sobretudo de promoção humana.

Lúcia Silvestre

Novo ano letivo: a esperança chegou! Importância do Curso Técnico em Agropecuáriapara Região do Baixo Jaguaribe

Ano Homens Mulher Quantidade Total 2003 24 16 40 2004 23 39 62 2005 29 28 57 2006 28 42 70 2007 29 30 59 2008 48 57 105 2009 24 34 58 2010 10 44 54 2011 12 34 46 2012 13 31 44 2013 13 22 35 2014 12 17 29 Total 265 394 659

Alunos formados em Técnico em Agropecuáriana Escola Agrícola Padre Lino Gottardi

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CONHEÇA PADRE JOÃO BATISTA PIAMARTA - 1

06Informativo do Centro Educacional da Juventude Padre João Piamarta | Fortaleza - CE Informativo do Centro Educacional da Juventude Padre João Piamarta | Fortaleza - CE

Quando decidi participar da seleção pública para poder acessar ao mestrado em cooperação internacional, meu objetivo era de trabalhar com projetos sociais em diferentes países do mundo, ajudar as pessoas economicamente desfavore-cidas, os grupos da sociedade mais vulneráveis como as mulheres, os afrodescendentes, as cri-anças, os adolescentes, os jovens e qualquer outro grupo que fosse vítima de exclusão social, preconceito e discriminação... Hoje sei que tudo isso poderia ser resumido dizendo que o meu ob-jetivo era simplesmente fazer o bem. Esse que parece um simples conceito, fazer o bem, é na verdade complexo e articulado e, mui-tas vezes, tentar fazer o bem não é tão simples e imediato como pode parecer, pelo contrário. Aprendi que em algum caso, na melhor das hipó-teses, a vontade de fazer o bem não comporta nenhuma mudança concreta, efetiva para o su-posto beneficiário. Nesses casos, normalmente, o único real beneficiário é aquele que diz fazer o bem com o único resultado de se autopromover. Outras vezes, em nome do bem, foram causa-dos danos e/ou consequências negativas para aqueles que em teoria eram os beneficiários daquela ação.

Para simplificar e explicar tudo isso de uma forma mais clara e imediata, contarei uma história africana que gosto sempre de lembrar: “Um dia em um lugar bastante árido, onde normalmente chovia pouco, começou a cair uma grande chuva que parecia não querer parar nunca. Muitos dos animais que normalmente moravam naquele lugar começaram a fugir porque a água estava alagando tudo... Os únicos que conseguiram per-manecer foram os macaquinhos que ficaram em cima das poucas arvores presentes no lugar. A um certo ponto os pequenos macaquinhos viram algo de terrível, dentro da água que já estava alagando tudo abaixo deles. Haviam bichinhos que eles nunca tinham visto antes. Os macaquin-hos decidiram logo resgatar aqueles animais de dentro da água para salvá-los e levá-los a um lugar seco e seguro. Na tentativa de salvar o maior número possível daqueles bichinhos, al-guns macaquinhos caíram na água e morreram afogados. Ao final do dia, depois de ter levado, de árvore em árvore, vários daqueles bichinhos para um distante morro onde ainda a água não tinha chegado, os macaquinhos olharam para os pobres bichinhos à espera que eles ficassem melhor... Mas enquanto passava o tempo quanto o bichinhos ficavam parados até que no final do dia todos os bichinhos resgatados morreram... Vocês sabem por quê? Porque aqueles bichin-hos desconhecidos aos macaquinhos eram peix-es”. O que faltava aos pobres macaquinhos era o conhecimento, eles eram animados da maior e mais pura vontade de fazer o bem, mas isso não é suficiente, pelo contrário, isso às vezes pode causar danos irreparáveis. Uma das primeiras coisas que nos perguntou a prof. Jardena Tedeschi, coordenadora do mes-trado, no primeiro dia de aula foi: “vocês sabem por que estão aqui?”, a pergunta, para nós es-tudantes, nos pareceu meio estranha, quase um meio insulto à nossa inteligência... mas não era assim. Se algum de nós tivesse de verdade consciência do real motivo (que descobrimos somente anos depois) de estar sentado naquela sala de aula teria respondido simplesmente para “fazer bem o bem”. Tudo isso aconteceu em 2005 e os protagoni-stas dessa história, os alunos do mestrado, eram todas pessos formadas, com uma boa consciên-cia social e muitas referências de prêmios Nobel pela Paz como Rigoberta Menchú, e de Nobel pela Economia como Amartya Sen e Joseph E. Stiglitz, de jornalistas e professores universitári-os como Naomi Klein e Noam Chomsky... Tendo à disposição instrumentos como o Coeficiente de Gini e a Curva de Lorenz para medir de forma certa e científica a desigualdade social... E por que a gente tinha que estudar tudo isso... Para quê? Para poder analisar o contexto e tomar as decisões mais apropriadas para enfrentar uma determinada problemática naquele determinado contexto em que se decide operar, resumindo... Para “fazer bem o bem”. Essa simples e potentíssima frase foi pro-nunciada por um Padre entre a última década de 1800 e a primeira década de 1900. Nascido em um bairro popular de Brescia (Itália), filho

de um barbeiro e sem nenhuma formação em economia, sem acesso a livros ou artigos es-pecializados em matéria de justiça social, mas sobretudo sem conhecer nenhum exemplo con-creto, nenhum modelo econômico alternativo para poder tomar inspiração, conseguiu elaborar e colocar em prática algo de verdadeiramente revolucionário e único para sua época. Ele, esse extraordinário homem do seu e do nosso tempo é o querido e amado São João Batista Piamarta... Um Santo, um Padre extremamente digno, iluminado por uma fé ilimitada em Deus e na Providência, mas também um incansável tra-balhador, do qual quase não temos fotos devido ao fato de que para ele o mais importante era o trabalho desenvolvido e não a sua própria pes-soa. Um grande lutador das causas sociais que falava que homem bom é homem de coragem, o homem bom é homem forte, que luta para mudar a realidade na qual vive... O Ser humano que tem receio de operar o bem é como quem fica, por medo, parado na frente de um cachorro que per-cebendo o medo do homem, se senti mais forte e ataca. Da mesma forma o mal se fortalece e ataca quando nós ficamos parados e não agimos para fazer o bem, ou seja, compactuamos com o mal quando não agimos por medo e/ou indife-rença. O Piamarta foi um grande sonhador que lutou a vida inteira para estabelecer um princípio inovador e único na sua época e isso porque “a caridade, para os Santos, vira fantasia para trans-formar em melhor as coisas, tirando as mesmas da inércia da impossibilidade” (Padre Enzo Tur-riceni, Superior Geral da Congregação “Sagrada Família de Nazaré”). O Piamarta implementou um projeto de reforma da sociedade por meio da Educação de trabalhadores cristãos. “Muitos veem as necessidades da sociedade, muitos falam delas, poucos têm a fé para enfrentá-las de forma eficaz (fazer bem o bem) dando origem a um método, a uma esperança estruturada de Formação” (Pe. E. Turriceni). A lucidez mental e o pensamento super atual desse homem, que não acaso virou Santo, são impressionantes e “na situação complexa do nosso tempo, tão dife-rente daquela do século XIX. Permanece, ainda mais urgente, a necessidade de Educar a partir das necessidades verdadeiras e inalienáveis da vida dos jovens assim como nos ensinou a fazer São João Batista Piamarta” (Pe. E. Turriceni). Enfim, “o Piamarta nos deixa como herança, a convicção de que os jovens precisam de alguém que acredite até o fim no desafio da Educação como meio e fim da evangelização.” (Pe. Enzo Turriceni). É esse o grande pensamento revolucionário do Piamarta, a Educação (formal e profissional) como meio e fim da evangelização, uma ideia que o levará a entrar em contraste com uma par-te dos membros da Igreja Católica do seu tem-po, uma ideia inovadora pouco compreensível naquela época e que os modernos economistas e estudiosos de hoje chamam de contraposição entre crescimento/desenvolvimento (Piamarta) e assistencialismo, entre círculo virtuoso e círculo vicioso... Ou seja, entre a perspectiva de um futu-ro promissório e um presente parado sem futuro.

Domenico Abbate

26 novembro 1841: João Batista Piamarta nasce em Bréscia, na rua São Faustino, 3194 ( hoje nº 35 ). Era uma sexta feira, às 18 horas. Os pais: José Piamarta e Regina Ferrari.27 de novembro 1841: é batizado na igreja dos santos Faustino e Giovita pelo sacerdote Giacomo Apollónio, conhecido educador da ju-ventude.8 de fevereiro de 1851: recebe o Sacramento do Crisma pelo bispo Monsenhor Girolamo Verzeri, bispo de Brescia.8 de março 1851: fica órfão de mãe.10 de junho de 1865: é ordenado Diácono.23 de dezembro 1865: é consagrado Sacerdote pelo bispo Monsenhor Girolamo Verzeri.25 de dezembro 1865: celebra a sua primeira Missa a Bedizzole (Bs) onde era pároco dom Pancrázio Pezzana, aquele padre que o ajudou a entrar no Seminário.26 de dezembro 1865: entra como cooperador paroquial em Carzago Riviera ( Bs )5 de abril de 1869: se torna cooperador da paróquia de Bedizzole. (Bs).5 de dezembro 1870: é transferido, sempre como cooperador, junto com dom Pancrazio, à paroquia de Santo Alexandro em Brescia.12 de outubro 1883: entra como Pároco em Pa-vone Mella (BS).16 de outubro de 1886: nasce a tipografia Queriniana, que se tornará a Editora Queriniana.3 de dezembro de 1886: funda com Monsenhor Pedro Capretti o Instituto Artigianelli em Brescia para os jovens que trabalharão na industria.1 de fevereiro de 1887: renuncia à paróquia de Pavone Mella (Bs).11 de novembro 1895: funda com padre João Bonsignori a Colônia Agrícola de Remedello So-pra (BS) para os jovens que trabalharão na ag-ricultura.17 de outubro de 1896: é editado o primeiro número do periódico “A Família Agrícola”.

CRONOLOGIA - PRIMEIRA PARTE

“Fazer bem o bem”São João Batista Piamarta

Page 7: Amigo do Piamarta nº 15

Caminhos da educação: a contribuição do Piamarta na promoção dos jovens

06 07Informativo do Centro Educacional da Juventude Padre João Piamarta | Fortaleza - CE

O Brasil, desta vez incluindo o Nordeste, vem experimentando nessas últimas duas décadas o crescimento econômico. O crescimento da eco-nomia como em toda sociedade capitalista é um dos principais motores sociais, pois é revestido da tarefa de distribuir renda, reduzir as desigual-dades sociais, aumentar o poder aquisitivo in-dividual, familiar e coletivo, ao passo que pos-sibilita o aumento do consumo e da produção. Acredita-se que esse ciclo econômico, também denominado progresso, reduz a miséria au-mentando a riqueza, promove o bem-estar ao permitir a liberdade de consumo e a satisfação das múltiplas necessidades humanas.

O fato é que esse progresso econômico es-timulou o consumo aumentando a produção de bens diversos. Assim, pode-se dizer que as prin-cipais atividades econômicas nos três setores da economia estão aquecidas. Apesar de o crédito ser uma importante fonte de recursos para o de-senvolvimento econômico, é o trabalho produtivo individual e coletivo que lhe dá sustentação e continuidade. Ou seja, é a atuação profissional a engrenagem do motor do progresso.

Embora não se possa afirmar que quanto mais progresso menos miséria, não se pode ig-norar que esses últimos vinte anos fez explodir as oportunidades de emprego e, consequent-emente, a necessidade de formação de novos profissionais. O fato é que as várias atividades econômicas estão aquecidas e carentes de pro-fissionais e de profissionais bem qualificados.

Os governos federal, estadual e municipal perceberam a frágil e potencial situação brasilei-ra e empreendem, principalmente nos últimos anos1, grandes investimentos para a formação maciça de jovens profissionais e a requalificação e reinserção profissional de egressos do mer-cado de trabalho. Em 2011, o Governo Federal criou o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) com o objetivo de ampliar a oferta de cursos de educação profis-sional e tecnológica, e a meta de alcançar 8 (oito) milhões de matrículas e um orçamento de R$ 14 bilhões.

Parte desse grande projeto é a disseminação da política de escola integral, envolvendo educa-

ção básica e profissional. Somente no estado do Ceará, nesses últimos anos foram construídas mais de 100 (cem) escolas de educação profis-sional de tempo integral. Nessas escolas os alu-nos têm atividades nos turnos da manhã e tarde, e somente à noite retornam para casa. Dispõem de lanches, almoços, acompanhamento ped-agógico e social, fardamentos, etc. Ou seja, aos alunos é oportunizado todo atendimento ne-cessário, além do próprio processo educativo e profissionalizante culminando ao final com o en-caminhamento ao mercado de trabalho.

Esse esforço conjunto dos governos em pro-mover a educação básica e profissional, impac-tando na economia e nas estruturas sociais em geral, condiz com o trabalho que o Centro Edu-cacional da Juventude Padre João Piamarta vem realizando nas últimas 4 (quatro) décadas. Como disse certa vez o ex vice-governador do estado do Ceará, Prof. Francisco Pinheiro: “o que os governos estão hoje massificando, o Piamarta já realiza há décadas”. De fato, dezenas de mil-hares de jovens já foram beneficiados com a pro-posta educativa do Piamarta.

Igualmente ao estado, no Piamarta os alunos matriculados dispõem de amplo espaço de con-vivência, salas para aulas de educação básica e laboratórios para as atividades profissionali-zantes. Todo apoio pedagógico e assistencial também é assegurado aos jovens, além das re-feições necessárias. Ao final dos estudos e da formação profissional, os alunos podem ser en-caminhados para o mercado de trabalho. Nesse sentido, o trabalho se caracteriza pela qualifica-ção social profissional e pela inserção social.Diante do exposto, fica claro que o Piamarta tem agido com pioneirismo, inovação e acertada-mente, ao focar na formação de tempo integral de jovens. Essa proposta educativa encontra consonância nas demandas sociais, familiares e individuais. Além disso, percebe-se a tendência para o encontro dos projetos que visam promov-er a pessoa humana dos mais jovens, na medida em que o Piamarta, os governos e tantas outras instituições consolidam as parcerias, unem-se como um grande e único projeto social.

1 O Brasil tem experimentado, às vezes de forma descontinuada, ciclos de formação de profissionais visando atender as neces-sidades da economia e estimular o seu crescimento sustentável, bem como da sociedade.

William Leite

20 a 26 de Abril: Semana Piamartina. 26 de Abril, 17h 30: Missa para Festa de São João Batista Piamarta. 16 de Maio, 9h: Comemoração do dia das Mães.

Piamarta 09 de Agosto, 7h: IV Corrida e Camin-hada Cidadã – Pe. Elvis Marcelino. 20 de Agosto, 19h: VII Noite do Bem.Encontro dos que fazem Operazione Lieta - Itália e Amigo do Piamarta - Brasil. 12 de Setembro - Dia do Ex-aluno(a) Piamartino(a).17h: IV Encontro de ex-aluno/ex-aluna. Se rever faz bem ao coração. 22 e 23 de Outubro: XIII Mostra dos Cur-sos Profissionalizantes. 17 de Outubro: Comemoração do dia dos(das) Professores(as)

28 de Novembro, 19h: II Concerto da Banda Juvenil Dona Luísa Távora: “Pais Filhos”

03 de Dezembro, 18h: III Festa da Gratidão para os Amigos do Piamarta.

AGENDE-SE

BOA NOTÍCIABAZAR DE MERCADORIAS DOADAS

PELA RECEITA FEDERAL

Caros amigos leitores, a nossa entidade “Centro Educacional da Juventude Padre João Piamarta” todo dia vive um grande desafio. As necessidades são muitas. e a cada dia cresce o números de pessoas, principalmente de famílias pobres em busca de ajuda para os seus filhos. Podemos afirmar que estes desafios são venci-dos graças à “Providencia Divina”. Doações de pessoas que entendem o quanto é importante ajudar estas crianças.

No mês anterior, recebemos uma grande aju-da da Receita Federal. Doaram-nos mercadorias apreendidas, para fazermos um bazar benefi-cente em prol da nossa entidade. O bazar serà realizado nos dias 17,18,19 e 20 do mês de Abril do corrente ano, na cidade de Limoeiro do Norte.

Aproveitando o ensejo,quero agradecer à Re-ceita Federal por esta grande ajuda e convidar a todos que acreditam nesta entidade a prestigia-rem o evento.

O meu muito obrigado.

Pe. Ivo Nardelli

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Nome: _______________________________

CPF: _________________________________

Data de Nascimento:_____/_______/________

Endereço:_____________________________

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Bairro:________________________________

Cidade:_______________________________

CEP:_________________________________

Telefone: ______________________________

Celular:________________________________

E-mail:________________________________

É ex-aluno do Piamarta? Não Sim

Em que período: ___________/____________

Desejo ajudar contribuído:

Mensalmente:

R$ 15,00

R$ 50,00

Outro Valor: R$_________________________

Anualmente:

R$ 180,00

R$ 600,00

Outro Valor: R$_________________________

NOSSO ENDEREÇO:Av. Aguanambi, 2479 - Bairro de Fátima, próx. à Av. Borges de MeloTelefones: 85 3022.54.75 - 85 3022.5453www.piamartaaguanambi.org.brE-mail: [email protected]: 60.415-390 - Fortaleza - CE - BrasilCONTAS:Banco do BrasilAgência: 3646-3 - CC: 31928-7BradescoAgência: 3456-8 - CC: 43300-4Caixa Econômica FederalAgência: 1956 - CC:2492-4 - Operação: 003CNPJ: 07.355.100/0001-80CGF: 06.914.346-3De Utilidade Pública Federal Decreto Nº 87.122 de 26.04.1982

Modo de Contribuição:

Débito automático

Depósito Bancário

Entrega Pessoal

Via mensageiro da Instituição

Boleto Bancário

Pay Pal

Outro:_______________________

EU DESEJO SER “AMIGO DO PIAMARTA!”

Porque ser amigo do Piamarta

O P iamar ta p rec i sa de vocêProcuramos 10.000 amigos que nos ofereçam contribuição

mensal para dar uma nova esperança a mais jovens e crianças.

08Informativo do Centro Educacional da Juventude Padre João Piamarta | Fortaleza - CE

QUERIDO AMIGO DO PIAMARTA: Este espaço é seu. Escreva: Eu sou amigo do Piamarta, por que.. Envie seu artigo para [email protected]

Já se vai um bom tempo que uma liga-ção do camarada-chef Fernando Barroso, craque das panelas, mencionou em uma pergunta dois nomes que me provocaram boas lembranças, bons sentimentos. Ele fa-lava do Colégio Piamarta e do Prof. Eudes (aquele da biologia) e de um convite para conversar com um grupo.

Minhas memórias do Prof. Eudes, hoje amigo-professor, são as comuns a todos que sentaram para ouvir histórias de mi-tocôndrias e ciclos de Krebs em meio ao tenso mundo de se preparar para um ves-

tibular, da forma mais agradável possível.Já do Piamarta correm memórias de sua

Banda e de músicos amigos de meu irmão Rossé, que toca com eles, como Roberto Sthefesson, Carlinhos Ferreira. Quando os ouvia comentar da Banda, era sempre com muito orgulho.

Não sou de rejeitar conversas, se par-tem de sentimentos bons, menos ainda, e lá se vou eu conversar com os Amigos do Piamarta, que hoje passaram do significan-te ao significado.

Faço parte deste grupo, acima de tudo, e de forma quase egoísta, porque me faz bem.

Nestes duros dias, que se sucedem de muitos tempos, de politica rasteira, de seres humanos cheios de razão e uma quase falta de esperança em dias mel-hores, preciso criar meus filhos, dar sobre-vida a alma que habita o corpo há quase

Amizade, significante e significado.

Luis Carlos, Isabel, Mariana e LorenzoHudson de Castro e Maria José Weyne.

São amigos do Piamarta. Maria José escreveu seu artigo no Informativo nº14.

50 anos. E a forma de fazê-lo é buscar, com lupa, pessoas de bem, que não estejam diuturnamente preocupadas com o seu próprio umbigo, pessoas (e instituições) que olhem o horizonte com pés fortes finca-dos no chão, que compreendam a vida para além do frisson do dia-a-dia, moralmente saudáveis, que acreditem em algo bom, promissor. Acreditem e trabalhem naquilo que é fundamental para tantas crianças e jovens que fazem parte desta escola.

Luis Carlos Sabadia