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ISSN 2176-1396 A IMPORTÂNCIA DE FREI PEDRO SINZIG PARA A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA Osmir Aparecido Cruz 1 - USF/Itatiba/SP Carlos Roberto da Silveira 2 - USF/Itatiba/SP Eixo História da Educação Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo: Neste trabalho, focalizamos Frei Pedro Sinzig como um intelectual da educação no Brasil. Nossas análises tiveram por referência seu livro Através dos Romances: guia para as consciências (1915, 1917, 1923), que apropriamo-nos desta obra enquanto um conjunto de orientações, ancorados às ideias católicas e pressupostos republicanos, que visou constituir um indivíduo civilizado como condição para convivência urbana (VEIGA, 2002). Assim, privilegiamos tal obra por tratar-se de uma censura católica, no qual Frei Pedro Sinzig ora restringia, ora indicava a leitura de romances, através de pequenos verbetes, tecendo comentários de 21.553 livros de 6.657 diferentes autores, e assim, assumindo a função de um intermediário dos valores morais, utilizando-se de romances como instrumento para entrar num embate ideológico e moralizador. Dessa forma, desenvolvemos o conceito de educação, como produção das ações do homem, que acontece dentro e fora da escola, a partir de toda a realidade que circunda o indivíduo. Neste texto, tal conceito de educação foi tido como pressuposto para formar à população, no qual visava um dado progresso social, a partir de determinadas condições (RAGO, 1985). Para isso, desenvolvemos esse trabalho através de três eixos distintos e complementares. Primeiro: Frei Pedro Sinzig e rastros de um ideário para a educação brasileira. Segundo: uma educação da consciência. Terceiro: uma educação invasiva. Por fim, sinalizamos a importância do Frei Pedro Sinzig e de suas obras para História da Educação, em face de uma determinada escassez de pesquisas voltadas aos estudos sobre impressos católicos, especificamente em fins do século XIX e início do século XX, período esse, permeado por intervenções da igreja na educação e outros grupos sociais. Palavras-chave: Frei Pedro Sinzig. Educação. Igreja. República. 1 Doutorando do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação na linha Práticas da Universidade São Francisco (USF). E-mail: [email protected] 2 Docente do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação na linha Educação, Linguagens e Processos Interativos da Universidade São Francisco (USF). E-mail: [email protected]

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ISSN 2176-1396

A IMPORTÂNCIA DE FREI PEDRO SINZIG PARA A HISTÓRIA DA

EDUCAÇÃO BRASILEIRA

Osmir Aparecido Cruz1 - USF/Itatiba/SP

Carlos Roberto da Silveira2 - USF/Itatiba/SP

Eixo – História da Educação

Agência Financiadora: não contou com financiamento

Resumo:

Neste trabalho, focalizamos Frei Pedro Sinzig como um intelectual da educação no Brasil.

Nossas análises tiveram por referência seu livro Através dos Romances: guia para as

consciências (1915, 1917, 1923), que apropriamo-nos desta obra enquanto um conjunto de

orientações, ancorados às ideias católicas e pressupostos republicanos, que visou constituir um

indivíduo civilizado como condição para convivência urbana (VEIGA, 2002). Assim,

privilegiamos tal obra por tratar-se de uma censura católica, no qual Frei Pedro Sinzig ora

restringia, ora indicava a leitura de romances, através de pequenos verbetes, tecendo

comentários de 21.553 livros de 6.657 diferentes autores, e assim, assumindo a função de um

intermediário dos valores morais, utilizando-se de romances como instrumento para entrar num

embate ideológico e moralizador. Dessa forma, desenvolvemos o conceito de educação, como

produção das ações do homem, que acontece dentro e fora da escola, a partir de toda a realidade

que circunda o indivíduo. Neste texto, tal conceito de educação foi tido como pressuposto para

formar à população, no qual visava um dado progresso social, a partir de determinadas

condições (RAGO, 1985). Para isso, desenvolvemos esse trabalho através de três eixos distintos

e complementares. Primeiro: Frei Pedro Sinzig e rastros de um ideário para a educação

brasileira. Segundo: uma educação da consciência. Terceiro: uma educação invasiva. Por fim,

sinalizamos a importância do Frei Pedro Sinzig e de suas obras para História da Educação, em

face de uma determinada escassez de pesquisas voltadas aos estudos sobre impressos católicos,

especificamente em fins do século XIX e início do século XX, período esse, permeado por

intervenções da igreja na educação e outros grupos sociais.

Palavras-chave: Frei Pedro Sinzig. Educação. Igreja. República.

1 Doutorando do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação na linha Práticas da Universidade São

Francisco (USF). E-mail: [email protected] 2 Docente do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação na linha Educação, Linguagens e Processos

Interativos da Universidade São Francisco (USF). E-mail: [email protected]

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Introdução

Frei Pedro Sinzig (1876-1952) foi um franciscano pertencente à Ordem dos Freis

Menores (OFM), e chegou ao Brasil em 1893, com a idealização do sacerdócio católico.

Publicou cerca de quarenta obras, escreveu quatorze romances e contos, dezoito livros

instrutivos e didáticos, sete biografias de santos, sete devocionais/livros religiosos e dezesseis

traduções. Contribuiu periodicamente para revistas religiosas, além de compor oitenta e cinco

peças musicais. Entre partituras, artigos para periódicos e livros, somam-se setenta e três títulos3

(CRUZ, 2014). Dentre seus diversos trabalhos, publicou seu próprio material, de modo que

servisse como “guia para as consciências”, principalmente para o público feminino1. Convém

destacar que os livros impressos por Frei Pedro Sinzig, ultrapassaram os limites de

Petrópolis/RJ, chegando à escolas de outros estados brasileiros. E mais, a criação da Tipografia

de São José, criada em 05 de março de 1901,4 se justificou, dentre outros fatores, pela

necessidade de aumentar e repetir as tiragens dos livros publicados pela então editora, através

de autores franciscanos, e entre esses materiais, estão às obras de Frei Pedro Sinzig (CRUZ,

2014).

Dentre suas obras, para desenvolvimento deste texto, privilegiamos a obra Através dos

Romances: guia para as consciências. Esta, trata-se de uma de censura católica pela qual o Frei

Pedro Sinzig ora restringia, ora indicava a leitura de romances através de pequenos verbetes, ao

tecer comentários de 21.553 livros de 6.657 autores. Diante dos comentários, ele assumia o

papel de intermediário dos valores morais ao usar os romances como instrumento para entrar

num embate ideológico. Assim, sua obra ganhava a forma de um manual para o leitor, onde de

forma progressiva, Frei Pedro Sinzig acresce livros [romances] e autores a serem restritos ou

indicados. Tal obra foi editada nos anos de 1915, 1917 e 1923 e circulou no Brasil de modo

geral e amplo (CRUZ, 2014).

Quanto essa circulação, como exemplo, colocamos em destaque o carimbo como marca

de propriedade da figura 01, pertencente ao Convento de Lages em Santa Catarina, sendo que

a edição aconteceu na cidade de Petrópolis, no Rio de Janeiro. Ou seja, o trânsito de

deslocamento por mais de 1200 quilômetros, num período em que bem sabemos das precárias

condições de transportes e trânsito de forma geral. Por isso, entendemos que enquanto um

conjunto de orientações, ancorados às ideias católicas e pressupostos republicanos do período

3 A coleção está disponível no Centro de Documentação e Apoio a História da Educação (CDAPH) da

Universidade São Francisco (USF) em Bragança Paulista/SP. 4 Atual Editora Vozes.

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em questão, Frei Pedro Sinzig adentra com Através dos romances: guia para as consciências à

História da Educação e se eleva à condição de um intelectual, que dialoga com o seu tempo

histórico, que o atravessa e por este é atravessado.

Nesse sentido, ao afirmar que tomamos tais orientações como um ideário à educação,

estamos nos diferenciando daquelas usualmente atreladas às instituições escolares e

direcionamos para um território mais amplo da educação, por considerar que tal obra se

inscrevia dentro e fora da escola, não somente com objetivo missionário idealizado pela sua

vocação cristã, enquanto sacerdote que era, mas também com objetivo de educar a partir da

leitura. Para isso, Frei Pedro Sinzig justificava a necessidade de orientar e conduzir o tipo de

literatura a ser lida, no caso o romance,5 devido a uma dada moralidade aceitável aos seus

leitores.

Sobre os romances, convém salientar eram tidos por Frei Pedro Sinzig como obras

ficcionais, que exerciam uma fascinação irresistível, capaz de seduzir a todos, mulheres,

crianças e adultos. Eram tratados [romances] como uma “maça rosada”, que na primeira

mordida, “envenenava” todo o corpo. Para ele, o perigo de ser envenenado era decorrente da

falta de condições intelectuais de escolha, ou seja, a seleção daquilo que poderia ou não ser lido

(SINZIG, 1915, p. 2). Acrescente-se que o século XIX é denominado século do romance

(PAES, 2013). Contudo, a partir da segunda metade do século XIX no Brasil, os romances eram

vistos como um gênero suspeito por parte de críticos e censores da época. Isso, pelo fato de

tratar-se de uma literatura que atraía todo tipo de leitor, devido sua linguagem acessível e que

suscitava interpretações que feriam todo tipo de ortodoxia. Segundo Paes (2013, p.13), eram

caracterizados pelo acesso fácil e sua linguagem atrativa; porém, seus enredos “feriam” todo

tipo de ortodoxia, pelas restrições morais condenáveis, tais como o contato com cenas de

adultério, incesto, sedução e crimes, fazendo com que o leitor aprendesse como levar a cabo

situações semelhantes. Além de outras objeções, os romances eram tidos por alguns como

imoral, como constituidor de corrupção do gosto, em razão do contato com situações

moralmente condenáveis.

Nesse sentido, nos apropriamos dessa ação de Frei Pedro Sinzig, em catalogar uma

sequência indicativa de romances6, que poderiam e não poderiam ser lidos7, como um ato de

5 Esse período é tido pelos historiadores como romanesco (PAES, 2013). 6 21.553 livros de 6.657 autores. 7 Frei Pedro Sinzig encontra nos impressos uma forma de educar. A esse respeito, Bilhão (2016) salienta que tanto

a Igreja Católica, como outros grupos, eram produtores de grande quantidade de textos, visando formar suas

concepções de mundo e de educação, frente às necessidades imediatas de respostas aos desafios presente do

período histórico. Nessa arena, a imprensa foi amplamente utilizada.

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educação, sem discutir o mérito, mas buscando a relação dessa ação com o contexto histórico e

social, diante de seus resultados, tensões e conflitos, que ora atravessam, ora é atravessado. Para

tanto, apropriamos dos conceitos de Zucchetti; Moura; Groppo (2016, p.2), ao destacar que

numa sociedade podem existir práticas e ações fora da escola [que aqui são tidas como

orientações], com o objetivo educar. Para eles, esse tipo de educação, acontece geralmente

orientado pelo problema, ou seja, pelas “necessidades dos grupos envolvidos”, que aqui se trata

do público leitor do período.8 Portanto, ao focalizarmos a obra Através dos romances: guia

para as consciências, além de demonstrar sua importância como fonte documental para a

História da Educação Brasileira,9 temos por objetivo propor a importância de Frei Pedro Sinzig

como educador, além de expor a maneira que se utilizou para cumprir suas finalidades,

colocando-se como um homem de seu tempo, idealizador e intelectual da educação, que se

utiliza de atos censuras, visando uma educação que se pautavam em práticas de leitura, na qual

a escolha deveriam valorizar uma dada preservação da moral feminina, como requisitos para

uma sociedade moralizada, que se afastava de práticas populares, consideradas ameaçadoras

para a estabilidade social.

Diante disso, surgem algumas indagações de pesquisa, tais como: podemos dizer que

Frei Pedro Sinzig foi um educador? Qual era o ideário de Frei Pedro Sinzig para a educação?

Na busca pela compreensão, subdividimos este texto em três partes distintas e complementares:

primeiro: Frei Pedro Sinzig e rastros de um ideário para a educação brasileira; segundo: uma

educação da consciência; terceiro: uma educação invasiva. Dessa forma, destacando

intervenções da igreja na educação, instigando um olhar mais atento para a História da

Educação deste período, nos quais põem em relevo práticas e intencionalidades, que

atravessaram a educação, evidenciando formas e objetivos, que idealizados pela igreja, em uma

dada sintonia com a República, através de um frei franciscano, influenciou e marcou o período

8 Cabe destacar que para Zucchetti; Moura; Groppo (2016, p.1) essas ações e práticas, que aqui são tomadas

enquanto orientações, podem ser tidas como “educação social”, “educação formal, “educação comunitária”,

“educação popular” e “pedagogia social”, em geral, ocorrem em paralelo à educação escolar ou de forma

complementar a ela. Em específico referente a “educação formal”, destacam que se generalizou no Brasil a partir

de 1990, como um terceiro modo de educação, em torno da expansão e recriação de práticas socioeducativas dos

chamados projetos sociais, implementados por organizações não governamentais e fundações empresariais.

Portanto, cabe esclarecer que as apropriações que fazemos do conceito, referem-se ao fato de tratarmos de uma

educação que não esta restrita a uma metodologia, a uma sistemática, ou mesmo na sala de aula, mas sim por toda

a realidade que circunda o indivíduo nas suas relações sócio-histórica-cultural. 9 Sobre a importância de Através dos Romances: guia para as consciências como fonte documental para a História

da Educação Brasileira, indicamos a leitura de GUIMARAES, M. F.; SOUZA, C. A.; CRUZ, Osmir A. Frei Pedro

Sinzig: de um Guia para as consciências às reminiscências exemplares. Educare & Educere. , v.12, p.1 - 15, 2017.

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em questão, deixando pistas que nos permite perscrutar rastros, de um ideário de educação, tão

importante para a História da Educação Brasileira.

Figura 01: Contra capa de Através dos romances: guia apara as consciências (SINZIG, 1917).

Fonte: Centro de Apoio à Pesquisa em História da Educação (CDAPH).

Frei Pedro Sinzig e rastros de um ideário para a educação brasileira

Reafirmamos que ao iniciar nossa análise de Frei Pedro Sinzig como intelectual da

educação, não estamos colocando em discussão o mérito do tipo de educação por ele idealizada,

e nem nos colocando como juízes, pois nosso objetivo não é discutir a forma enquanto

benefícios sociais, mas apresentá-lo como um educador, por considerar que [...] educação é o

ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, a humanidade que é

produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens” (SAVIANI, 2003, p.13). Nesse

sentido, esse tipo de educação trata-se daquela produzida pelas ações do homem, que não

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acontece somente através de um regime didático e sistemático, mas a partir de toda a realidade

que o circunda, enfim, por todas as coisas com a qual o indivíduo convive, pelas relações que

se estabelecem no tempo e espaço, ou seja, uma polissêmica, que não se dá apenas de modo

singular, através de palavras, mas também por olhares, gestos, coisas, etc., pelos quais o

indivíduo convive. Portanto, trata-se de uma educação descentralizada, com ou sem

intencionalidades10, que acontecem a partir de grupos ou instituições, numa dada realidade

sócio-histórica-cultural.

Nesse sentido, destacamos que Frei Pedro Sinzig foi um representante da sua realidade

sócio-histórica-cultural, ou seja, um homem de seu tempo11, que carregava em si, as marcas da

sua contemporaneidade, atravessado por regimes de valores, dos quais são expressos através do

tipo e do modo como praticava seus ideais através da leitura, e assim propondo uma dada

educação. Nesse contexto, compreendemos que sua ação enquanto educador, trás à História da

Educação, fatos, crises, dilemas, celeumas, etc., dos quais foram expostos no tempo e espaço,

tornando a história em movimento (BLOCH, 2001), permitindo perscruta-la.

Cabe destacar que Frei Pedro Sinzig foi um dos representantes mais atuantes da censura

católica brasileira do referido período e suas obras não se limitaram a Petropólis/RJ, mas

percorreu o Brasil, por entre escolas e livrarias. Salientamos que suas obras se inserem num

contexto brasileiro, coadunadas com diferentes lideranças políticas e segmentos sociais, em que

discutiam o papel da República em relação a situação precária do cenário educacional

(SAVIANI, 2004) cujos interesses se convergiam, tais como a idealização do homem moderno

voltado ao progresso social. Somados a isso, o tema educação era considerado assunto de alta

relevância, pois tinha por objetivo a formação do homem civilizado, condição para convivência

urbana (VEIGA, 2002). Além do que, a educação era tida como pressuposto para formar a

população, visando um dado progresso social, a partir de determinadas condições (RAGO,

1985), tais como o higienismo, trabalho e uma dada moralidade (CRUZ, 2014).12 Cabe destacar

10 Por uma questão de objetivos e de limitação de espaço, nesse texto, a educação será tratada muito mais como

uma educação intenciona por Frei Pedro Sinzig. No entanto, vale destacar que em nossa pesquisa de doutorado,

temos buscado perscrutar outros olhares. Para isso, sugestionamos a leitura de: CRUZ, Osmir A.; SILVEIRA, C.

A. Educação nas obras de Frei Pedro Sinzig e o grito feminino na interpelação e decolonialidade. In: I Congresso

Internacional de Educação: Cotidiano Escolar: (In)quietude e fronteiras em conhecimentos e práticas educacionais.

UNISO - Sorocaba, 24 a 26 de outubro de 2016. ISBN 2526-1274 (CD-ROOM), 2016, p.31-36. 11 Para Marc Bloc (2001, p.125), o fato do individuo estar inserido numa realidade histórico-cultural, o faz parecer

com seu tempo do que propriamente com nossos pais. 12 A esse respeito, indicamos a leitura de: CRUZ, Osmir A. Por entre as obras de Frei Pedro Sinzig: potencialidades

para história da educação do corpo (1989-1920). Dissertação (Mestrado em Educação) - Programa de Pós-

Graduação em Educação, Universidade São Francisco, 2014.

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que muito embora essas condições fossem específicas no Brasil, elas receberam influências de

ideais positivistas e liberais que afloravam no contexto europeu.

É necessário colocar em evidência que ao inserir as obras de Frei Pedro Sinzig no contexto da

educação do período, não estamos somente introduzindo a Igreja com seus ideais cristalizados

na cristandade, mas também os ideais da República, que recém-formada, buscava se fortalecer

e consolidar-se. Portanto, como vimos anteriormente, Frei Pedro Sinzig não se trata somente

um representante da Igreja, mas também do regime republicano recém-instaurado13. Nesse

sentido, o conceito de educação presente nas obras de Frei Pedro Sinzig, deslocava-se em

diferentes sentidos, dos quais passamos a destacar nos eixos a seguir.

Uma educação da consciência

A preocupação de Frei Pedro Sinzig era educar o indivíduo pela consciência para

convivência urbana e social, pois para ele, dela [consciência] procedem todos os demais

comportamentos. Dizia que a consciência clama por um “guia” (SINIZG, 1917, p.8), e assim,

é justamente nesse clamor que a educação se insere como guia para as consciências. Para o Frei,

a educação era um tipo de governamento14, que atuava diretamente na consciência, anulando

certa interiorização voluntária, na qual o indivíduo decide o que deseja a partir de suas vocações

e intencionalidades. Contrariamente, a educação atua de forma seletiva, justificando-se por um

“bem social”, uma vez que tem por interesse integrar o homem a uma comunidade local,

sujeitando-o a aceitação ou negação.

Nesse sentido, entendemos que o grande mote da educação proposta por Frei Pedro

Sinzig, está baseado naquilo que Trindade e Meneses (2009, p.127) chamam de “regeneração

da sociedade”, na qual pressupõe uma valorização da formação do homem civil e bem educado,

na qual que afirmam “novos povos”, “novos modelos de Estado”, “Governo”, etc. Então, o

período foi marcado por essa busca de regeneração, pelas quais a escolarização cumpria tais

papeis, em nome de uma ordem e um progresso, que era próprio dos objetivos republicanos.

Nesse contexto, Frei Pedro Sinzig difundiu e inspirou a educação da época, das consciências,

colocando a leitura sob o crivo da obra, Através dos Romances: guia para as consciências, tida

como uma enciclopédia do saber.

13 Representante declarado do regime republicano, Frei atuou como Capelão na Guerra do Canudos (1996-1997). 14 Apesar de não desenvolvermos esse conceito neste texto de modo objetivo e teórico, absorvemos o conceito de

“governamento” de Michel Foucault.

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Ora, como educar a consciência? Frei Pedro Sinzig utiliza um processo de seleção

intencional daquilo que deveria ser lido, ou seja, um trabalho seletivo do acesso a determinados

tipos de leituras, em especial de romances. Coloca-se como detentor de certa credencial social15,

respaldada pelas principais instituições dominantes, e com isso, passa a imperar a seleção

qualificada por ele. Sua seleção é tão qualificada, que em algumas ocasiões, determina a

queima de livros, dos quais são tidos como contaminados (SINZIG, 1915, p.271), deixando

assim, muitas marcas na educação do período.

Muito embora a educação do período fosse precária, Sangenis e Sangenis (2013, p.2013)

destacam que a partir de 1920, ocorreu um aumento na taxa de alfabetizados, o que fez com

que Frei Pedro Sinzig se visse desafiado a investir na educação, visando orientar as leituras,

para a formação do cidadão.16 Isso porque, o processo de educação do período, na qual se

espraiava impressos de várias ordens por todo o Brasil, notadamente representava perigos, não

somente para a Igreja, enquanto denominação cristã, mas também para o sistema republicano.

Portanto, o trabalho de Frei Pedro Sinzig encontrava aceitação em ambos os lados, pois se

ancorava na doutrina da Igreja Católica, ao mesmo tempo em que encontrava guarida e respaldo

no sistema republicano17.

A esse respeito Sangenis e Sangenis (2013, p. 90) afirma:

novamente, em plena era de uma pretensa luminosidade de ideias republicanas, a

leitura acaba por estar sob tutela, sendo utilizada como mecanismo formador da moral

do progresso e de um sentimento nacional-ufanista que desse suporte ao discurso da

nova ordem política. Nesse sentido, nada mais “natural” que aparecessem diversos

manuais de leitura que pudessem orientar as mentes em formação (nas escolas) e

aquelas que precisavam refinar suas leituras (mulheres consumidoras de romances

franceses e outros leitores menos abalizados).

15 Sobre essa credencial social de Frei Pedro Sinzig, indicamos a leitura de: CRUZ, Osmir A.; SILVEIRA, C. A.

Discursos na Educação através das obras de Frei Pedro Sinzig sobre mulheres brasileiras: uma análise foucaultiana

In: XXIII Encontro de Iniciação Científica, XVI Encontro de Pós-Graduação, XII Encontro de Extensão

Universitária e X Seminário de Estudos do Homem Contemporâneo, ISBN nº978-85-7793-028-9. Itatiba, 10 e 11

de maio de 2017 (meio digital). 16 Sangenis e Sangenis (2013) destacam que Frei Pedro Sinzig embate-se contra literaturas naturalistas francesas,

principalmente aquelas para o público feminino que circulavam no Brasil. Somados a isso, buscava esfacelar certo

anticlericalismo militante presente nas confrarias literárias do período, associadas a certos movimentos culturais

que agregavam realistas e pós-decadentistas. 17 Sobre a questão do trabalho em comum, da Igreja Católica e República, existem divergências de opiniões de

pesquisadores, no entanto, é preciso destacar que no Brasil atuavam diferentes religiosos e que nossa percepção

de Frei Pedro Sinzig e de suas obras, é que atuava em certa medida coadunado, principalmente devido o fato de

terem “inimigos” comuns, tais como grupos militantes de distintas correntes ideológicas, como anarquistas e

socialistas, que disputavam territórios brasileiros. A esse respeito indicamos à leitura de BILHAO, Isabel.

Combates pela educação operária: aspectos da reação católica à criação de Escolas Modernas no Brasil (1900-

1920). Educar em Revista, Curitiba, Brasil, n. 60, p. 231-246, abr./jun. 2016.

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Assim, se desenvolvia uma educação da consciência que orientava as mentes e refinava

as leituras de uma maneira imperativa, tratando-se de uma leitura direcionada que não ferisse o

status quo nem da Igreja e nem da Republica, já que a leitura era tida como objeto de temor.

E mais, destacamos o fato da existência de uma educação da consciência que buscava

preservar as fantasias da mente. Pois, para Frei Pedro Sinzig, as mentes possuem fantasias que

podem ser contaminadas pela ingestão de “frutos podres” e pior, uma vez ingerido (lido), além

de estragar a fantasia do indivíduo, contaminavam outros, levando grandes multidões arrastadas

como resultado. A esse respeito, Frei Pedro Sinzig (1915, p.15) destaca:

honra a União Cathólica, do Rio, que por meio de seu presidente, dr. Pio Ottoni, com

o auxilio do Chefe de Policia, dr. Belisario Tavora, e mais tarde, por outro presidente,

dr. Romulo de Avellar, fez apprehender e queimar milhares dessas publicações, que

envergonham o paiz e o levam ao abismo certo.18

Portanto, notamos que a atuação da Igreja em parceria com a República, acontecia de

forma conjunta e por vezes repressiva. Lutavam contra as dificuldades agravadas e

desaparelhadas que feriam a moral do período, impregnando fantasias que podiam contaminar

a mente. Cabe destacar ao atuar na educação da consciência, Frei Pedro Sinzig preocupava com

a formação da moral, preparando o indivíduo para ser capaz de orientar e corrigir suas próprias

paixões das quais estava sujeitado.

Numa convicção cristã, Frei Pedro Sinzig considera a consciência como:

[...] a base mais segura da vida cristã. Está dentro do indivíduo é considerada a própria

voz de Deus, embora padeça da influência dos sujeitos e aos vícios lhe impõem. Por

essa razão ela se constitui no foco principal da doutrinação do indivíduo. Educar a

consciência significa plantar em terreno seguro. Os ensinamentos inculcados de forma

precisa, sem deixar margem de dúvida a respeito da sua veracidade, garantem uma

apropriação efetiva das ideias ensinadas e consequentemente a repercussão das

mesmas. O indivíduo que inicialmente se constitui em um agente passivo no processo

doutrinário passa a ser um importante elemento ativo nesse mesmo processo

abrangendo o contingente de fieis (ORLANDO & DANTAS, 2008, p.4).

Portanto, o desafio é por onde começar essa educação da consciência, frente a um

sistema republicano que afirma uma dada liberdade, além de uma ligeira expansão de livros e

acesso a leitura. Para isso, propusemos a parte seguinte.

Uma educação invasiva

Apesar de percebermos a integração da Igreja e da República, ainda que de maneira não

totalmente declarada, não era suficiente para educar a consciência, então, era necessário uma

18 Por tratar-se de fonte primária foi conservada a escrita original.

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estratégia que definidamente visasse às finalidades à educação proposta. Para isso, Frei Pedro

Sinzig utiliza de uma educação evasiva, que a partir de subterfúgios se direcionasse a atingir

seu objetivo principal, educar as consciências.

Assim, se a educação da consciência era o tipo educação, a educação evasiva era o modo

como se desenvolvia a educação da consciência. Ou seja, através da família e, principalmente,

através da figura mulher.

Nesse sentido, a mulher, representando a família seria o canal de transmissão dos ideais

de educação de Frei Pedro Sinzig. Somados a isso, segundo Rago (1985, p.62), o período era

marcado por um novo modelo de feminidade, esposa, dona de casa, mãe de família, do qual

constitua como peças mestras neste jogo de agenciamento da mulher como preservadora da

moral. “À mulher cabia agora, atentar para os mínimos detalhes da vida cotidiana de cada um

dos membros da família, vigiar seus horários, estar a par de todos os pequenos fatos do dia a

dia, prevenir a emergência de qualquer sinal da doença ou do desvio”. Nesse mesma

perspectiva, Paiva (1997, p.15) destaca que a mulher exercia a função de “guardiã dos bons

costumes da moral”, pois deslocava-se de uma “esfera privada” para “pública”, usurpando pela

primeira vez, atividades que não lhe eram atribuída culturalmente (p.83). Nesse encadeamento,

Cunha (1986, p. 34-35) propõe que a figura feminina assumiu, a partir do século XX, uma

importância central a serviço da ordem social, voltada para constituição de uma família

moralizada. Portanto, temos a figura da mulher como um instrumento de finalidade, para

inserção, naquilo que Frei Pedro Sinzig propunha enquanto educação.

Diante deste aparato social, Frei Pedro Sinzig em Através dos romances: guia para as

consciências, na edição de 1915, utiliza-se de estórias19, mostrando através de uma introdução

intitulada como “Maças de faces rosadas”, a vitimização de uma mulher20 que, quando exposta

a um pomar de maças (livraria), diante de muitos frutos (títulos) contaminados, as come após o

consentimento do pai e assim, contamina-se e como resultado morre. Com isso Frei Pedro

Sinzig mostra que “gerações inteiras” são contaminadas (SINZIG, 1915, p.2). Nesse contexto,

utiliza-se da vulnerabilidade social da mulher, da responsabilidade da República e da família,

quanto ao fortalecimento da moral, principalmente da figura feminina:

19 Antes de iniciar as indicações e restrições de leitura, Frei Pedro Sinzig apresenta estórias comoventes e

metafóricas, com a finalidade de tencionar seus leitores a necessidade de uma sã leitura e contrapartida, as

consequências de uma leitura tida por ele como contaminada (SINZIG, 1915). 20 Trata-se de uma menina, cuja metáfora é desenvolvida.

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já entraram alguma vez numa das nossas grandes livrarias do Rio? Quaes maças de

face rosadas, em todas ellas se apresentam lindos, de capas sedutoras e títulos

sugestivos. Exercem uma quasi que irresistivel facinação. Muitas mocinhas que

passam, já não podem despreender o olhar da vitrine. Pedem ao pae ou ao irmão que

as acompanhe; manuseiam esta ou aquela obra, folheiam esta ou aquella novidade

literária, e não deixam de escolher a que mais seductora se lhes apresente. Horas

depois o veneno começa a agir. Denuncia-se pelas faces córadas, que não sabem

ocultar a sensação. Quando os paes dão fé, muitas vezes é tarde: murchou a flôr da

inocência (SINZIG, 1915, p.3).

Além de ancorar-se na figura feminina, Frei Pedro Sinzig utiliza a relação intrafamiliar

para adentrar com aquilo que pressupunha como educação, pois a felicidade da família era

quesito dos objetivos republicanos. Ademais, a boa relação familiar do indivíduo era objeto de

interesse, e assim, todo modelo desviante, toda forma de relacionamento incontrolável,

ameaçadora e impura, deveriam ser anulados (CRUZ, 2014, p. 108). Frente a isso, Rago (1985,

p.26) destaca que a redefinição das relações familiares estava em jogo, onde se buscava um

dado “gosto pela privacidade”, em contrapartida a “práticas populares” consideradas

“ameaçadoras” para a estabilidade social. Portanto, a educação pela leitura era tema emergente

e Frei Pedro Sinzig encontrava na família um modo de adentrar nas consciência, pois se auto

denominava como uma auxiliador na educação da sociedade. “Nem todos os paes tem bastante

força de vontade e tempo – sem falar de outros pontos – para fazerem o mesmo. Eis porque

tentei auxilia-los” (SINZIG, 1915, p. 9).

Enfim, essa educação da consciência que invadia a família, especialmente através da

figura feminina, somadas a outros ditames, compunha o escudo de preservação social e guardiã

da moral da sociedade da época. Assim, Através dos Romances: guia para as consciências esta

adentrou o período como uma das únicas obras de censura brasileiras. A esse respeito,

salientamos sua importância para História da Educação, pois muito embora tenha tido sua

certidão de nascimento no Rio de Janeiro, circulou por todo o Brasil, entre livrarias e escolas,

sobre as mãos e sob os olhos daqueles que tinham acesso à leitura.

Portanto, nos e claro a ancoragem de Através dos Romances: guia para as consciências

para educação, principalmente entre escolas e professores do período, e com isso, tal obra

concedia uma dada autoridade a diversos educadores anônimos que consultaram tal obra.

Também, subsidiava professores para cumprir as leis do período, leis essas que permitiam na

educação escolar, a exposição dos princípios de doutrina cristã. 21 Dessa forma, a referida obra

se fazia imprescindível para a educação cristã nas escolas.

21 Indicamos a leitura de MOACYR, Primitivo. A instrução e as províncias (Subsídios para a História da Educação

no Brasil). 1834 – 1889. Vol. 3, das Amazonas às Alagoas. São Paulo: Companhia Editora nacional, 1940.

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Assim, o que pode parecer arbitrário ou mesmo intransigente, tornou-se num importante

instrumento de validação de normas e condutas, seja pelo locus da Igreja ou da Republica e

com isso, materializando um discurso normatizador institucionalizado. E mais, permitindo-nos

esquadrinhar através da História da Educação, os materiais literários, através de obras e autores,

que circularam em fins do século XIX e inicio do XX no Brasil.

Conclusão

Para concluir, sinalizamos aquilo que Orlando e Dantas (2008, p.13) destacam quanto

ao fato de escassez das pesquisas voltadas aos estudos sobre impressos católicos e da sua

importância na formação do professor, para História da Educação. Há de se considerar que, no

fim do século XIX e início do século XX, estes séculos foram permeados por intervenções da

Igreja na educação, fazendo-se relevante um olhar mais atento para a História da Educação

deste período, nos quais se verifica práticas e intencionalidades que atravessaram a educação.

Neste sentido, nosso trabalho se desenvolve focando Frei Pedro Sinizig como educador,

levando em conta principalmente a obra Através dos romances: guia para as consciências

(1915, 1917, 1923), da qual foi possível identificar uma atuação conjunta com a República,

ainda que não intencionalmente declarada, o que visava educar o indivíduo a partir da seleção

de leitura, e assim uma educação da consciência, tendo como canal de entrada a família na

figura da mulher. E mais, um tipo de educação, não somente cristalizada na cristandade, mas

pautados pelas concepções de civilidade, ordem e progresso social, oriundas de uma concepção

republicana. Neste esteio, Frei Pedro Sinzig se coloca como garantidor dos valores católicos,

ao lado de postulados republicanos.

Por fim, consideramos que Frei Pedro Sinzig e suas obras, podem contribuir para as

pesquisas na área da História da Educação Brasileira.

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