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FABIANA REGINA SIMÕES FLÁVIA OBARA KAI RODRIGO SOARES PINTO A COMUNICAÇÃO COMO PARADIGMA NO PROCESSO DE RELACIONAMENTO ENTRE LÍDERES E LIDERADOS LONDRINA 2010

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FABIANA REGINA SIMÕES FLÁVIA OBARA KAI

RODRIGO SOARES PINTO

A COMUNICAÇÃO COMO PARADIGMA NO PROCESSO DE

RELACIONAMENTO ENTRE LÍDERES E LIDERADOS

LONDRINA

2010

FABIANA REGINA SIMÕES FLÁVIA OBARA KAI

RODRIGO SOARES PINTO

A COMUNICAÇÃO COMO PARADIGMA NO PROCESSO DE

RELACIONAMENTO ENTRE LÍDERES E LIDERADOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Relações Públicas, do Departamento de Comunicação da Universidade Estadual de Londrina, para obtenção do título de Bacharel. Orientadora: Profa Marlene Marchiori, PhD

LONDRINA

2010

FABIANA REGINA SIMÕES FLÁVIA OBARA KAI

RODRIGO SOARES PINTO

A COMUNICAÇÃO COMO PARADIGMA NO PROCESSO DE

RELACIONAMENTO ENTRE LÍDERES E LIDERADOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Relações Públicas, do Departamento de Comunicação da Universidade Estadual de Londrina, para obtenção do título de Bacharel.

COMISSÃO EXAMINADORA

____________________________________

Profa Marlene Regina Marchiori, PhD Universidade Estadual de Londrina

____________________________________

Prof. Dr. Miguel Luiz Contani Universidade Estadual de Londrina

____________________________________

Profa Ms. Marli de Lourdes Verni Universidade Estadual de Londrina

Londrina, 23 de novembro de 2010.

AGRADECIMENTOS

Considerando esta monografia como resultado de uma caminhada que

não teve início na Universidade, agradecer pode ser uma tarefa difícil, e injusta. Para

não correr o risco da injustiça, agradecemos de antemão a todos que de alguma

forma passaram por nossas vidas e contribuíram para a construção de quem somos

hoje.

Agradecemos particularmente a algumas pessoas pela contribuição direta

para a elaboração desta monografia:

À nossa orientadora, Marlene Marchiori, pelo seu enorme aporte

acadêmico e paciência em nos ensinar, além do incentivo constante para que este

trabalho fosse concretizado;

À Gráfica Midiograf, pela abertura e acolhimento do grupo, dando total

subsídio para o desenvolvimento do estudo empírico na organização;

Às nossas famílias, pela preocupação com o andamento do trabalho e

pela força para enfrentar este desafio;

E, finalmente, a DEUS pela oportunidade e privilégio que nos deu em

compartilhar o conhecimento e a amizade entre os colegas de sala e, ao finalizar

este curso, concretizar mais uma etapa das nossas vidas.

SIMÕES, Fabiana Regina; KAI, Flávia Obara; PINTO, Rodrigo Soares. A comunicação como paradigma no processo de relacionamento entre líderes e liderados. 2010. 71 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Comunicação Social – Habilitação em Relações Públicas) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina.

RESUMO

Analisar o imbricamento entre a comunicação e a liderança nos processos de relacionamentos organizacionais é o principal fator estudado para o desenvolvimento desta monografia. Nesse sentido, destaca-se a liderança comunicacional (BARGE, 1994; BARRET, 2008; FAIRHURST, 1996; MULLER, 2006; ZALABAK, 2006) como perspectiva capaz de aprimorar o relacionamento entre líderes e liderados. A liderança, a comunicação e os relacionamentos são observados em uma pesquisa teórica relacionada com um estudo empírico, que abrange uma pesquisa qualitativa com os diretores e gerentes da gráfica Midiograf – realizada pelos membros do projeto GEFACESCOM da Universidade Estadual de Londrina – e uma pesquisa quantitativa com os funcionários da organização citada, realizada pelos autores deste trabalho. Com os resultados obtidos, evidencia-se a comunicação como constitutiva dos processos organizacionais para que haja um relacionamento saudável entre os funcionários e a alta administração.

Palavras-chave: comunicação, liderança, relacionamento, liderança comunicacional

SIMÕES, Fabiana Regina; KAI, Flávia Obara; PINTO, Rodrigo Soares. The communication as a paradigm in the relationship process between leaders and subordinates. 2010. 71 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Comunicação Social – Habilitação em Relações Públicas) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina.

ABSTRACT

Analyze the overlapping between communication and leadership in the relationship‟s organizational processes is the main factor studied for this monograph development. In this way, the leadership communication is highlighted (BARGE, 1994; BARRET, 2008; FAIRHURST, 1996; MULLER, 2006; ZALABAK, 2006) as a perspective that can improve the relationship between leaders and subordinates. The leadership as well as communication and relationships are observed in a theoretical research related to an empirical study, which includes a qualitative research with managers and directors of Midiograf‟s graphic - performed by the members of the project called GEFACESCOM from Londrina State University – and a quantitative research involving employees of this organization, developed by the authors of this monograph. Regarding the results, it becomes evident that communication is a constitutive element in an organizational processes for healthy relationship between the employees and the top management. Key words: communication, leadership, relationship, leadership communication

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Consentimento livre e esclarecido ........................................................ 43

Gráfico 2 – Líderes na organização ........................................................................ 43

Gráfico 3 – Definição das características dos líderes .............................................. 44

Gráfico 4 – Abertura dos líderes para participação dos liderados na tomada

de decisão ............................................................................................. 45

Gráfico 5 – Liberdade dos liderados para conversar com seus líderes ................... 45

Gráfico 6 – Utilização do poder pelos líderes .......................................................... 46

Gráfico 7 – O que é relacionamento, na visão dos liderados. ................................. 48

Gráfico 8 – Características para um bom relacionamento com o líder .................... 49

Gráfico 9 – Características presentes no relacionamento com o líder .................... 49

Gráfico 10 – Diálogo aberto entre líderes e liderados ............................................. 50

Gráfico 11 – Canais de comunicação com os líderes ............................................. 51

Gráfico 12 – Compreensão da mensagem comunicada pelos líderes aos

liderados .............................................................................................. 52

Gráfico 13 – Momento em que acontece comunicação, de acordo com os

liderados. ............................................................................................. 53

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 08

2 LIDERANÇA E COMUNICAÇÃO .......................................................................... 10

2.1 O QUE SE ENTENDE POR LIDERANÇA ....................................................................... 11

2.2 COMUNICAÇÃO EM UMA PERSPECTIVA INTERACIONAL NAS ORGANIZAÇÕES ................. 15

3 RELAÇÕES PÚBLICAS COMO GESTORA DOS RELACIONAMENTOS

ENTRE LÍDERES E LIDERADOS ....................................................................... 20

4 LIDERANÇA COMUNICACIONAL ........................................................................ 26

5 METODOLOGIA ................................................................................................... 33

6 RELATO EMPÍRICO – UM ESTUDO DE CASO NA GRÁFICA MIDIOGRAF ...... 36

6.1 CONTEXTUALIZANDO O CAMPO AMOSTRAL ............................................................... 36

6.2 A PESQUISA QUALITATIVA ....................................................................................... 38

6.3 A PESQUISA QUANTITATIVA .................................................................................... 42

6.4 DISCUSSÃO DOS ESTUDOS QUALITATIVOS E QUANTITATIVOS ..................................... 55

6.4.1 A Visão de Comunicação Caminhando para uma Perspectiva Interacional. .... 55

6.4.2. A Liderança Comunicacional como Chave para o Relacionamento ............... 58

7 LIMITAÇÕES DO ESTUDO ................................................................................... 60

8 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 61

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 63

APÊNDICE ................................................................................................................ 68

Apêndice A - Questionário da pesquisa quantititiva aplicada junto aos

funcionários da Midiograf................................................................ 69

8

1 INTRODUÇAO

As teorias contemporâneas dedicadas a área da comunicação

organizacional indicam um despertar para o estudo de liderança e comunicação,

evidenciando a liderança comunicacional (BARGE, 1994; BARRET, 2008;

FAIRHURST; SARR, 1996; MULLER, 2006; ZALABAK, 2006) como propulsora dos

relacionamentos entre líderes e liderados. Esta teoria alcançada é resultado de dois

anos de pesquisas realizadas em diversas etapas.

A origem deste trabalho ocorre com o ingresso dos autores no projeto de

pesquisa Faces da Cultura e da Comunicação Organizacional (GEFACESCOM),

vinculado à Universidade Estadual de Londrina, o qual gerou uma Bolsa de Iniciação

Científica para o graduando Rodrigo Soares Pinto que, juntamente com a equipe,

realizou pesquisas teóricas e práticas na área de cultura e comunicação

organizacional.

Dando continuidade aos projetos realizados – derivados do

GEFACESCOM e da Bolsa Científica –, procura-se desenvolver a relação existente

entre liderança, comunicação e relacionamento, questionando-se: Como a

comunicação pode aprimorar o relacionamento entre líderes e liderados?

Em busca de uma resposta teórica, apresenta-se, por meio de pesquisas

bibliográficas principalmente de cunho internacional, a liderança comunicacional

como perspectiva de interação entre as áreas de liderança, comunicação e

relacionamento e capaz de aperfeiçoar o relacionamento entre líderes e liderados.

A fim de alcançar os resultados, é fundamental, a priori, uma discussão

sobre o que se entende por liderança e como a comunicação é vista, com a

finalidade de estimular o relacionamento entre líderes e liderados.

Após reflete-se sobre a área de atuação do profissional de Relações

Públicas como gestor dos relacionamentos nas organizações demonstrando sua

importância e legitimidade para desenvolver as relações entre os atores

organizacionais.

A pesquisa teórica é encerrada com um aprofundamento na liderança

comunicacional sob a perspectiva informacional e interacional, sendo esta última

enfatizada e indicada para vivência nas organizações, as quais são discutidas na

etapa empírica desta monografia.

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A fase empírica é realizada por meio de um estudo de caso único

realizado em uma gráfica paranaense, utilizando-se como metodologia de pesquisa

de caráter qualitativo, aplicadas junto aos diretores e gestores; e quantitativo,

respondidas pelos funcionários da gráfica.

A Gráfica Midiograf, objeto deste estudo, é analisada sob um viés pautado

nos processos de comunicação e relacionamento entre líderes e liderados,

observando-se os tipos de lideranças existentes, a perspectiva em que se entende

comunicação e a abertura concedida para os relacionamentos humanos.

Este estudo empírico apresenta um panorama geral da organização no

que se refere à liderança e comunicação organizacional, destacando-se como

resultado evidenciar a comunicação como constitutiva dos processos

organizacionais para que haja um relacionamento saudável entre líderes e liderados.

10

2 LIDERANÇA E COMUNICAÇÃO

Para atentar-se aos processos de relacionamento entre líderes e

liderados em uma organização é fundamental compreender a liderança na

perspectiva da comunicação, uma vez que liderar é um comportamento encenado

pela comunicação (COOMBS; HOLLADAY apud MADLOCK, 2008, p. 61, tradução

nossa, grifo nosso) e é, principalmente, o líder quem transmite a visão, os valores e

os princípios organizacionais, direcionando o comportamento das pessoas aos

objetivos da organização (BASS; AVOLIO, 1993).

Atenta-se para uma perspectiva que vem posicionar a comunicação “no

centro da organização” na qual “quanto mais uma organização for orientada às

pessoas e às idéias, mais importante se tornará a comunicação” (HALL apud

MARCHIORI, 2009, p. 2), uma vez que fatores como logística, produção e gestão de

pessoas embora sejam importantes, já não englobam mais todas as possibilidades

presentes nas organizações (CUNHA, 2010, p. 240).

Mumby (2010, p. 26) compreende uma perspectiva humanista que coloca

a comunicação no centro da condição humana e que por meio dela pensamentos,

sentimentos e idéias se tornam possíveis. Dessa maneira compreende-se que a

comunicação – seja no centro da organização e/ou da condição humana – é

fundamental para efetivos relacionamentos entre líderes e liderados.

Observa-se, assim, que o processo de liderança e o relacionamento estão

ligados, intimamente, à comunicação (BARGE, 1994; BARRETT, 2008; MULLER,

2006) e neste contexto discorrer-se-á reflexões que permitam um maior

entendimento desta relação, a qual se faz continuamente nas organizações. Para

tanto, é imprescindível compreender cada uma destas áreas – liderança,

comunicação e relacionamento – para alcançar um conhecimento interdisciplinar

presente neste trabalho: a liderança comunicacional.

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2.1 O QUE SE ENTENDE POR LIDERANÇA

Durante muito tempo as questões acerca da liderança foram assuntos de

especulação, porém, as pesquisas científicas sobre esse fenômeno foram começar

somente após o século XX. O termo liderança é uma palavra que vem do

vocabulário comum e foi incorporado ao vocabulário técnico de uma disciplina

científica sem que tivesse sido precisamente redefinida a um novo contexto (YUKL,

2005, p. 20, tradução nossa).

Como consequência, a liderança tem sido definida e relacionada a termos

como comportamento, influência, interação entre colaboradores, traços e ocupação

de uma posição administrativa (STOGDILL apud YUKL, 2005, p. 20, tradução

nossa).

Em um de seus estudos, Yukl (2005, p. 26) afirma que a liderança é “o

processo de influenciar os outros para entender e concordar com as necessidades a

serem feitas e como fazê-las, e é o processo de facilitar os esforços individuais e

coletivos para cumprir objetivos compartilhados” (Tradução nossa).

Sob essa perspectiva, a liderança é um papel no qual alguém se engaja

sempre que o líder redireciona os recursos e atenção a fim de alcançar um objetivo

maior. Os atos relacionados à liderança podem ocorrer quando os problemas são

resolvidos, as decisões tomadas ou a informação é executada. “Quando alguém

tenta mudar as coisas ou influenciar os outros a tomar novos ou diferentes rumos,

que sirvam melhor para as múltiplas partes interessadas no futuro, ele ou ela realiza

um ato de liderança” (MCLAGAN; NEL apud BRAKE, 1997, p. 41, tradução nossa).

Fiedler e Chemers (1981, p. 3) e Bergamini (1994, p. 14) ilustram diversos

conceitos acerca do termo liderança tais como:

“Liderança é o processo de influir nas atividades do grupo com vistas

ao estabelecimento e ao alcance de suas metas” (STROGDILL apud

FIEDLER; CHEMERS, 1981, p. 3);

“Liderança é o comportamento de um indivíduo quando está dirigindo

as atividades de um grupo em direção a um objetivo comum” (COONS;

HEMPHILL apud BERGAMINI, 1994, p. 14);

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“Liderança é o processo de influenciar as atividades de um grupo

organizado na direção da realização de um objetivo” (BEHLING;

ROUCH apud BERGAMINI, 1994, p.14).

Todas as definições demonstram dois elementos em comum: o primeiro é

de que a liderança constitui uma relação entre pessoas na qual a influência e poder

estão distribuídos de forma desigual, porém legítima (FIEDLER; CHEMERS, 1981, p.

03); o segundo é a idéia de que não existem líderes isolados, tratando-se de um

processo de influenciação exercido de forma intencional por parte do líder sobre

seus seguidores. (BERGAMINI, 1994, p.15).

Yukl (2005, p. 21) complementa as conclusões citadas acima afirmando

que:

A maioria das definições de liderança parte do pressuposto de que se trata de um processo pelo qual a influência intencional é exercida por uma pessoa para outras pessoas com o intuito de orientar, estruturar e facilitar as atividades e os relacionamentos em um grupo de uma organização (tradução nossa).

Nota-se que o processo de liderança deve acontecer na organização em

prol dos relacionamentos entre líderes e liderados, a fim de promovê-los como

princípio humano de forma motivadora e benevolente para orientar comportamentos

e obter resultados (PROETTI, 2003).

Tais comportamentos, para cientistas e profissionais que estudam

Ciências Humanas, a liderança é um fenômeno real e importante para a eficácia das

organizações (YUKL, 2005, p. 21, tradução nossa), uma vez que a liderança é algo

atribuído às pessoas pelos seus seguidores. (DUKERICH; EHRLICH; MEINDL apud

HALL, 2004, p. 127).

Nos estudos organizacionais destaca-se a prevalência de cinco

perspectivas de liderança: a que enfatiza os traços de personalidade; a liderança

situacional; a abordagem do comportamento; da influência de poder e a integradora.

Tanto as teorias iniciais mais simples, como as posteriores, mais ricas e complexas

procuram avaliar a eficácia da liderança para tornar o líder mais notável em suas

atividades de influenciar seus liderados. (BERGAMINI, 1994, p. 27).

Na perspectiva dos traços, o que diferenciava o líder dos demais

membros do seu grupo eram suas características físicas, suas habilidades e os

aspectos de sua personalidade. (BRYMAN apud BERGAMINI, 1994, p. 28). O traço

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é um atributo de personalidade ou um modo de interagir com outros que seja

independente da situação, isto é, uma característica da pessoa e não da situação

(FIEDLER; CHEMERS, 1981, p. 20). A eficácia da liderança era explicada isolando-

se as características psicológicas e físicas, as quais, presumivelmente,

diferenciavam o líder dos demais membros do seu grupo. Entretanto, quase que sem

exceção, as características universais demonstravam ser ilusórias, havendo pouca

concordância quanto às que eram de mais utilidade (TANNENBAUM; WESCHLER

MASSARIK, 1970, p. 41).

A partir da década de 50 do século XX, os estudos sobre liderança

passaram a se preocupar com aquilo que o líder faz, destacando os tipos de

comportamentos adotados que possam aumentar a eficácia nas ações de seus

seguidores. O precursor desses estudos foi Kurt Lewin, com o intuito de identificar

conjuntos de comportamentos que pudessem configurar aquilo que passa a ser

chamado de habilidade de liderança (BERGAMINI, 1994, p. 36).

Nesta perspectiva, surge a chamada “Teoria Situacional” que enfatiza a

importância de fatores contextuais que influenciam os processos de liderança. As

principais variáveis situacionais incluem as características dos seguidores, a

natureza do trabalho realizado pelo líder, o tipo de organização, bem como a

natureza do ambiente externo (YUKL, 2005, p. 32, tradução nossa). Com isso, não

mais apenas determinadas características de personalidade (os traços) promovem a

eficácia no processo de liderança, mas também o ambiente dentro do qual o líder

desenvolve o seu papel (BERGAMINI, 1994, p. 46).

Já a abordagem do comportamento inicia-se após os pesquisadores

atentarem-se ao que os líderes realmente fazem no trabalho. Esta análise de

comportamento se divide em duas subcategorias gerais: uma linha de pesquisa

investiga como os gerentes gastam seu tempo e a outra questiona qual seria o

padrão típico de atividades, responsabilidades e funções para cargos de gestão. A

eficácia da liderança, nesse contexto, depende em parte de quão bem um líder

resolve os conflitos de papéis, lida com as demandas, reconhece oportunidades, e

supera obstáculos (YUKL, 2005, p. 31-32, tradução nossa).

Incrementando os estudos na perspectiva do comportamento, verifica-se

a existência das “Teorias X e Y”, desenvolvidas por McGregor citadas por Fiedler e

Chemers (1981). Em uma visão funcionalista, a teoria X, aplicada em organizações

tradicionais, pré-determinam que os trabalhadores são basicamente preguiçosos,

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irresponsáveis, centrados em si mesmos e desleais. A partir desse ponto de vista,

conclui-se que as organizações requerem um supervisor diretivo, estruturante, crítico

e autocrático (MCGREGOR apud FIEDLER; CHEMERS, 1981, p. 45).

Em posição contrária às organizações nos moldes da “Teoria X”, estão as

organizações segundo a “Teoria Y”. Esta teoria baseia-se na premissa de que as

atitudes negativas dos trabalhadores para com a organização são o resultado da

natureza repressiva das organizações tradicionais. A “Teoria Y” costuma definir os

processos democráticos e de co-participação por meio das tomadas de decisões e

de controle próprio (FIEDLER; CHEMERS, 1981, p. 45). Nota-se nessa teoria o

apoio dos empregados, que aceitam desafios e responsabilidades nos processos de

que participam – em suma, seres motivados que tentam realizar seus objetivos

(NOGUEIRA, 2007, p. 143).

Por outro lado, a abordagem da influência analisa o processo de

influência de poder entre líderes e liderados, a qual possui uma perspectiva centrada

no líder com um pressuposto de que a causalidade é unidirecional, ou seja, “líderes

agem e seguidores reagem” (YUKL, 2005, p. 32, tradução nossa).

Logo, nos estudos sobre a liderança integradora envolvem-se mais de um

tipo de variável da liderança. Nos últimos anos, tornou-se mais comum para os

pesquisadores incluir dois ou mais tipos de variáveis de liderança no mesmo estudo,

mas ainda é raro encontrar uma teoria que inclua todas elas (ou seja, as

características, comportamento, processos de influência, as variáveis situacionais e

os resultados) (YUKL, 2005, p. 32-33, tradução nossa).

Após uma breve referência das cinco perspectivas de liderança mais

relevantes no campo estudado, percebe-se que o comportamento de liderança

exercido nas organizações caracteriza-se como bidimensional, pois é dividida na

liderança que se concentra em tarefas referentes à ação direcionada para a

realização das metas, e aquela que se concentra em pessoas, ou seja, voltada a

desenvolver relações interpessoais (DAFT, 2000, p. 376).

Nesse sentido, adotar-se-á um olhar voltado às pessoas com ênfase em

seus relacionamentos interpessoais, os quais sobressaem no contexto

organizacional e na relação entre líderes e liderados, uma vez que, liderança é

justamente uma “influência interpessoal exercida numa situação, por intermédio do

processo de comunicação para que seja atingida uma meta ou metas especificadas”

(TANNENBAUM; WESCHLER; MASSARIK, 1970, p. 42). Verifica-se que os autores

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compreendem a necessidade do processo de comunicação como caminho para

concretizar objetivos e, como condição sine qua non1, para o exercício da liderança.

Motta (1999, p. 221) corrobora ao entender que a “liderança não é uma

condição passiva, mas produto de participação, envolvimento, comunicação,

negociação, iniciativa e responsabilidade”. Estas características gerais revelam um

processo de liderança que adota uma perspectiva interacional que espelha extrema

relevância no contexto organizacional contemporâneo, uma vez que a subjetividade,

entendida por “determinações sociais, históricas e os sentidos próprios construídos

pelo sujeito ativo, singular e social” (KAHHALE; SANCHES apud KUNSCH, 2010, p.

53), cada vez ganha mais força nas organizações (KUNSCH, 2010, p. 52).

Como afirma Freitas (2008a, p. 138), “[...] o objetivo comum [dos líderes]

representa os valores, as motivações, as aspirações, as necessidades e

expectativas não só do líder, mas também dos liderados e a forma como líderes

enxergam e trabalham as motivações, os valores, as necessidades, é que define o

perfil da liderança”.

Neste contexto, é importante destacar a comunicação, tão relevante para

o relacionamento entre líderes e liderados nas organizações, a fim de priorizá-la sob

uma perspectiva interacional, de acordo com os estudos levantados por esta

monografia.

2.2 COMUNICAÇÃO EM UMA PERSPECTIVA INTERACIONAL NAS ORGANIZAÇÕES

Devido a complexidade dos relacionamentos entre líderes e liderados, o

comunicar-se e o relacionar-se devem ser aprimorados, com o desenvolvimento de

maior habilidade dos líderes em se comunicar e em ampliar a qualidade das

mensagens, uma vez que “a comunicação não se restringe a simplesmente

transmitir e sim a imprimir significados” (ALVEZ; BLIKSTEIN; GOMES apud

MARCHIORI, 2009, p. 7).

Chanlat é contundente ao afirmar que “reduzir a comunicação humana

nas empresas a uma simples transmissão de informação [...] é elidir todo o problema

1 Original do latim, “sem o qual não pode ser”.

16

do sentido e das significações” (apud KUNSCH, 2010, p. 54). Assim, a comunicação

é vista como um processo que permite aos líderes e liderados trabalharem juntos,

cooperarem e interpretarem as necessidades e atividades da organização

(KUNSCH, 2010).

Ou seja, nota-se a predominância de uma perspectiva que compreende a

comunicação muito mais em um processo de interações, do que em traços

informacionais, já que a interação representa um avanço no campo da comunicação

nas organizações, conforme legitima Marchiori:

É preciso criar valor para comunicação, como diz Frank Corrado. As empresas que tratam a comunicação de forma profissional vem trilhando esse caminho, o que significa um avanço estratégico. [...] Há um novo paradigma nessa área, a interação dialógica que rompe um modelo mecânico da informação e adota a postura do diálogo como a melhor maneira de resolver conflitos, realizar acordos, enfim, buscar consenso em relação a uma prática, compreendendo assim a comunicação para além da racionalidade técnica (MARCHIORI, 2008a, p. 29, grifo do autor).

Diante do exposto, em razão da teoria adotada para esta monografia, é

imprescindível que a comunicação seja vista como um processo de interação,

conforme destaca Fígaro (2010, p. 94) que “comunicação é o processo que se

realiza na/pela interação de sujeitos determinados, históricos e que se inter-

relacionam a partir de um contexto, compartilhando sistemas de códigos culturais e,

ao fazê-lo, atuam (agem), produzindo/ renovando sociedade”.

Duarte e Monteiro (2009b) ressaltam a necessidade de se conhecer os

processos interacionais para lidar com comunicação, a qual é formada por múltiplos

canais, ao mesmo tempo em que as interações vão gerando influências e

comportamentos.

Por interação entende-se “a relação de interlocutores (pólos de

comunicação verbal ou não verbal, mediada ou não por tecnologias) e aos efeitos

daí decorrentes. É transformar e redimensionar o espaço da recepção como espaço

de interação” (RIBEIRO; MARCHIORI; CONTANI, 2010, p. 127). Em complemento,

Braga (apud OLIVEIRA, 2009, p. 60) entende interação como “processos simbólicos

e práticos que, organizando trocas entre seres humanos, viabilizam as diversas

ações e objetivos que se veem engajados”.

França (apud OLIVEIRA, 2009) discute a natureza relacional da

comunicação no ambiente organizacional localizada em três dimensões: a

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interacional, onde acontece a relação dos agentes do processo de comunicação; a

simbólica, que se manifesta nas práticas discursivas; e o contexto social, cultural e

econômico, onde ocorrem as interações.

Nesse caso, é de interesse aprofundar-se nos estudos que dizem respeito

às organizações e aos atores sociais envolvidos no processo interativo. Ainda

conforme a autora, a comunicação entre tais partes se reflete em um ato interativo

configurado em uma natureza teórica e outra prática, sendo a primeira o “processo

de interação em si, negociada entre grupos e organização para sua legitimidade

pública. [...] tanto as organizações quanto os grupos efetuam trocas simbólicas e

práticas entre si construindo sentidos para os objetivos organizacionais.” (OLIVEIRA,

2009, p. 60). Já a natureza prática é nada mais que a materialização deste processo

que se efetua por meio de instrumentos e técnicas de Relações Públicas e demais

áreas da comunicação.

A interação baseia-se no relacionamento entre as pessoas na

organização, o qual forma o ato comunicativo que “é um espaço de negociação, um

lugar de exposição e discussão de interesses, divergentes e demandas diferentes,

que utilizam a argumentação para buscar pontos comuns de entendimento.”

(OLIVEIRA, 2009, p. 60).

Observa-se que a comunicação enquanto agente interativa é a essência

da organização, uma vez que refletir sobre organização é percebê-la como “um

sistema social e histórico, formal, que obrigatoriamente se comunica e se relaciona,

de forma endógena com os seus integrantes e, de forma exógena com os outros

sistemas sociais e com a sociedade” (NASSAR, 2009, p. 62) e que se faz como um

fenômeno social tendo a interação humana como uma de suas principais

características (MARCHIORI, 2008b).

Uma vez compreendida a comunicação – neste caso, sob um aspecto

interacional –, é fundamental relacioná-la diretamente à organização, já que “a

comunicação – seja enquanto fenômeno, processo ou instrumento – funda as

organizações, pois, em todas essas perspectivas, ocupa lugar central em sua

constituição, sustentação, sobrevivência e seu desenvolvimento” (CAVALCANTE,

2010, p. 118). Ressalta Baldissera (2010b, p. 70) que “é „pela‟ e „na‟ comunicação

que as organizações encontram sua possibilidade de existirem e se transformarem”.

Deetz (apud MATTOS, 2008) ainda autentica que a interação

comunicacional é questão central tendo em vista a presença cada vez mais forte das

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organizações nos indivíduos e os processos interacionais cada vez mais complexos

e diversos na sociedade contemporânea.

Partindo dessa discussão, Baldissera (2010a) propõe o que pode ser

entendida por „Organização Comunicada‟ e „Organização Comunicante‟, de acordo

com a complexidade da comunicação no âmbito das relações organizacionais.

Para o autor, a „Organização Comunicada‟ é quando a própria

organização fala de si, selecionando o que é interessante, identificando a

potencialidade daquilo ser revertido em algum retorno – satisfação, prestígio,

clientes para a organização – para que seja tornado público. “A idéia de organização

comunicada pressupõe algum nível de intenção de instituir a organização, isto é, de

comunicar e fazer reconhecer como existência legítima, como necessária à

sociedade” (BALDISSERA, 2010a, p. 206).

Este tipo de organização, segundo o autor, é considerado pelas próprias

organizações como a mais apropriada para se comunicar com os públicos e, de

forma estratégica, a “Organização Comunicada” seleciona alguns aspectos da

identidade organizacional, elaborando seu perfil para ser comunicado aos vários

públicos, de acordo com as expectativas de cada um (BALDISSERA, 2010a, p. 206).

No entanto, a „Organização Comunicante‟ é quando a comunicação se

realiza sem a chancela da organização, ou seja, não é a oficial, proferida e

selecionada por ela como acontece com a outra perspectiva. Ela incide de acordo

com o que cada um acredita que a organização é segundo suas percepções. Ou

seja,

[...] os públicos que interagem com a organização podem atribuir sentidos a tudo o que percebem, independentemente de a organização ter a intenção de comunicar ou não. Isto é, por mais que uma organização não queira dizer nada (e se isso, hipoteticamente, fosse possível), se um indivíduo entender algo dela (pintura do prédio, paisagismo, aquisição de novo carro) como comunicação, a organização terá comunicado (BALDISSERA, 2010a, p. 207-208).

Desse modo entende-se que o ato de comunicar acontece independente

da vontade das organizações, ela se faz de forma natural, de acordo com a

compreensão por parte dos sujeitos interessados, de assumir algo como

comunicação. Portanto, é interessante que as organizações entendam esse

processo e estejam preparadas para se comunicar com seus públicos, para que haja

consonância entre as percepções de significado e a realidade.

19

Neste contexto, verifica-se a comunicação como estratégica às

organizações, e ponderando sobre essa afirmação, Bonfadini (2007) explica que ela

acontece a partir do momento que o seu processo seja incorporado como um fluxo

contínuo e essencial para os relacionamentos organizacionais de longo prazo com

os diferentes públicos. E ressalta que a comunicação “[...] deve substituir a visão que

as organizações têm de curto prazo, voltadas às questões diárias, de cima para

baixo e baseadas em sistemas de informação” (BONFADINI, 2007, p. 32),

substituindo por um processo de comunicação que permite avaliar o ambiente

organizacional, identificando os objetivos dos públicos. Adotando este procedimento

comunicacional como estratégico é possível “[...] compreender como se dão as

relações de força entre a organização e os seus públicos e localizar as fendas, os

pontos nevrálgicos no processo de comunicação que necessitam ter especial

atenção” (BALDISSERA, 2001, p. 4).

Bonfadini (2007) também destaca a capacidade da comunicação em

subsidiar a construção de relacionamentos com públicos que influenciam

diretamente na realização da missão organizacional. O autor ainda menciona que os

relacionamentos podem ser construídos pela comunicação e gerenciados pelas

Relações Públicas. As atividades deste profissional como gestor dos

relacionamentos organizacionais serão tratados a seguir, evidenciando como

acontece este processo.

20

3 RELAÇÕES PÚBLICAS COMO GESTORA DOS RELACIONAMENTOS

ENTRE LÍDERES E LIDERADOS

Relacionamentos podem ser entendidos como “uma série de interações e

interdependência entre duas ou mais partes” (FERRARI, 2009b, p. 139). Cunha

(2010) alerta que relacionamentos organizacionais não se concretizam em uma

única vez, sendo resultado de processos de interação contínua, onde cada membro

ao se relacionar com o outro amplia seu nível de compreensão e de confiança.

O autor defende que a capacidade de criar e manter relacionamentos

diante de ambientes complexos e instáveis define o sucesso das organizações e

“nesse contexto, a comunicação recebe atenção especial, uma vez que os

relacionamentos exigem a construção e o compartilhamento de significados, ao

invés da autoridade formal advinda da estrutura organizacional [...]” (CUNHA, 2010,

p. 237).

Como fruto de anos de pesquisas, Greenhalgh (2002) comprova que o

cenário organizacional de décadas atrás era muito diferente do que se encontra na

nova era, já que os relacionamentos, antigamente, eram pautados pela utilização do

poder pela alta gerência administrativa, sendo este o ponto de vista que dominava o

pensamento ocidental sobre administração. As estruturas de alguns anos atrás eram

mecanicistas, os gerentes quem estabeleciam as estratégias e as metas e os

colaboradores cumpriam o designado, sem uma troca de conhecimento para agregar

valor ao alcance das metas traçadas, pois “no passado, administrar relacionamentos

parecia menos importante porque os gerentes achavam que poderiam obter

resultados pelo uso da força” (GREENHALGH, 2002, p. 14).

Casson e Cox (apud CUNHA, 2010) garantem que para que haja um

relacionamento legítimo, apenas o repasse das informações já não é mais aceito,

uma vez que a transferência de informação tem pouco valor isoladamente e, neste

contexto, a comunicação é quem influencia no modo de se relacionar entre os

indivíduos, conferindo-lhe autenticidade.

Há a importância de se promover relacionamentos entre os atores

organizacionais e não só o repasse de informação, uma vez que Chanlat (1993)

observa que o indivíduo é movido por estímulo, desejo, pulsão e relacionamento e é

21

por meio desse processo no ambiente organizacional, dependendo dos elementos

encontrados, que ele se adaptará ou não ao grupo social.

Freitas (1999) corrobora que as pessoas projetam seus desejos e

emoções inconscientes em objetos ou em outros indivíduos e pondera que neste

cenário, como “fonte de aprovação ou reprovação, de prazer ou castigo, de

aceitação ou rejeição, a organização pode configurar relações em que a atenção dos

pais é substituída pela dos chefes, dos pares ou da organização [...]” (FREITAS,

1999, p. 89).

Moscovici (apud BONFADINI, 2007) afirma que deve-se reconhecer,

acolher e permitir a expressão das emoções das pessoas, procurando aproveitar

essa energia de forma positiva para que os líderes possam potencializar a

capacidade dos liderados por meio de um ambiente participativo, criativo e

responsável.

As expressões dos sujeitos, externas às organizações, compõe a

extensão dos relacionamentos interpessoais, os quais, de acordo com o que

pressupõe o modelo hierárquico organizacional, devem ser deixados de lado (como

amigos e família) a partir do momento em que o sujeito entrar na organização, onde

assume o seu papel como funcionário. Porém a natureza humana não consegue

separar os relacionamentos pessoais dos profissionais, refletindo o comportamento

do indivíduo na organização (GREENHALGH, 2002).

Por isso, os líderes devem saber administrar com precisão esses

relacionamentos e, como um modo de avaliá-los e administrá-los, Greenhalgh (2002)

propõe quatro categorias de dimensões de relacionamento, auxiliando no

entendimento deste fator complexo, sendo divididos em:

Rapport: o nível de conforto existente na relação;

Vínculo: a resistência do relacionamento quando há uma dificuldade;

Amplitude: quando os relacionamentos são estendidos para além dos

papeis desempenhados na organização;

Afinidade: o grau de atração existente.

O quadro a seguir relaciona as dimensões que compõe cada macro-

dimensão e os elementos que fazem com que o relacionamento seja enfraquecido

e/ou fortificado, definidos por Greenhalgh (2002).

22

Figura 1 – Dimensões dos Relacionamentos Interpessoais2

Fonte: Greenhalgh (2002, p. 47)

Cada elemento abordado neste quadro reflete os anseios dos liderados

no ato de se relacionar. Percebe-se que há uma predominância de ativos

interpessoais, tais como: a confiança, a empatia e o respeito, que confirmam a

complexidade dos relacionamentos e a necessidade de compreender estes

elementos em uma dimensão que vai além das interpretações no âmbito

organizacional.

Para a mensuração dos relacionamentos entre líderes e liderados, há

como utilizar uma adaptação dos estudos de Hon e Grunig (apud GALERANI, 2006)

que analisa a opinião dos públicos estratégicos quanto aos seis indicadores de

resultados de relacionamento próspero como: a confiança, o mútuo controle, o

comprometimento, a satisfação, os relacionamentos de troca e os relacionamentos

comunais.

2 Cada item das dimensões relacionadas está analisado detalhadamente na obra “Relacionamentos Estratégicos: a chave do sucesso dos negócios”, de Leonard Greenhalgh, 2002, p. 47-73.

23

Confiança: é o nível de confiança entre as partes para identificar a

abertura entre cada uma das partes. Os autores enumeram três níveis

de confiança que devem ser considerados, sendo estes: a integridade,

a segurança, e a competência;

Mútuo controle: averiguar o grau de aceitabilidade entre os sujeitos

envolvidos para que as relações entre estes tenham estabilidade;

Comprometimento: é o grau de interesse de cada uma das partes para

apurar até que ponto os indivíduos acreditam valer a pena manter um

bom relacionamento;

Satisfação: é o nível de satisfação que cada uma das partes possui ao

comparar o resultado alcançado com o relacionamento com o

desejado;

Relacionamentos de troca: é verificar se há um benefício mútuo

promovido pelos relacionamentos entre os envolvidos;

Relacionamentos comunais: é garantir benefício para ambas as partes

já que estão preocupadas com o bem estar mútuo;

Aprender a diagnosticar e a interpretar esses elementos é fundamental

para que os líderes incentivem os relacionamentos produtivos com os liderados.

“Estar ciente das diferentes dimensões do relacionamento é um pré-requisito para

identificar o que está funcionando bem e o que precisa melhorar” (GREENHALGH,

2002, p. 73). Esta afirmação configura-se como basilar para a realização do estudo

empírico desta monografia, ao tentar compreender como os processos de

relacionamento entre líderes e liderados são desenvolvidos na organização.

Entendendo a importância da relação entre os líderes e liderados, verifica-

se a necessidade de uma atividade que atue como gerenciadora dos

relacionamentos, alinhando os objetivos das partes envolvidas, sendo Relações

Públicas a área que possui competência para gerenciar a construção de

relacionamento, sendo este considerado a essência da atividade (ANDRADE, 2009;

FERRARI; FRANÇA, 2007; GRUNIG, 2003; KUNSCH, 2003; MARCHIORI, 2008a;

OLIVEIRA, 2009).

As Relações Públicas é arte e ciência de, entre outras tarefas, aconselhar

líderes organizacionais (GRUNIG; HUNT, 1984) e configura-se como uma área

estratégica no composto dos relacionamentos (FERRARI; FRANÇA, 2007),

24

possuindo competência para auxiliar neste processo de relacionamento entre a

liderança e seus subordinados, uma vez que, atuando como agente colaboradora no

processo de construção de relacionamentos organizacionais age como “legítima

interlocutora e gestora das políticas corporativas de relacionamentos simétricos da

organização perante os seus públicos, tendo por alvo contribuir de maneira efetiva

para o sucesso dos seus negócios” (FERRARI; FRANÇA, 2007, p. 9).

Andrade corrobora ao definir Relações Publicas como "[...] uma arte

aplicada. Inclui todas as atividades [...] que permanentemente objetivam determinar,

guiar, influir e interpretar as ações de uma organização, de maneira que a sua

conduta se conforme, tanto quanto possível, ao interesse e bem-estar públicos”

(ANDRADE, 1990, p. 39). O autor reflete sobre a idéia de interdependência entre a

organização e seus públicos ao destacar que os objetivos da profissão precisam

constituir-se como sinceros esforços aproximativos (o bem comum).

Oliveira (2009) contribui ao perceber as Relações Públicas como

[...] uma das habilitações – conjunto de conhecimentos, aptidões, capacidades e práticas específicas – que compõem o quadro da comunicação no contexto das organizações, [...] e sua aptidão é a de conhecer e criar oportunidades de relacionamento da organização com grupos específicos (OLIVEIRA, 2009, p. 61, grifo nosso).

A autora pondera que é neste caso que se identifica a processualidade

das Relações Públicas, ou seja, a de construtora e intensificadora de

relacionamentos. Portanto, “uma atividade profissional especializada de

relacionamento da organização com a sociedade e o mundo dos negócios” [...]

(FRANÇA, 2008, p. 66).

França (2008) ainda destaca que a atividade de relações públicas é uma

estratégia fundamental para o sucesso das organizações, já que se configura como

gestora de relacionamentos, ao criar, estabelecer e gerenciar políticas de

relacionamento a longo prazo. Assim sendo “[...] criar, monitorar e avaliar

relacionamentos com públicos é tarefa abrangente e desafiadora das relações

públicas [...]. Sua prática atual é validada e referenciada como aspecto fundamental

na sobrevivência das organizações” (MARCHIORI, 2008a, p. 34), ou seja, é função

estratégica indispensável para que as organizações administrem com eficácia seus

relacionamentos com os públicos estratégicos (KUNSCH, 2009).

25

Ferrari (2009a, p. 84) ainda garante que o valor das Relações Públicas

está na sua capacidade e na qualidade nas relações que estabelece com os

componentes organizacionais, e o seu êxito está sob o alicerce do envolvimento e

comprometimento entre as partes envolvidas no processo. Para a autora (FERRARI,

2009b, p. 139) “a visão contemporânea de Relações Públicas reforça a importância

dos relacionamentos com os públicos para a existência e permanência das

organizações no seu ambiente” e complementa ao afirmar que o relacionamento é

baseado na perspectiva dialógica, e é por isso que os profissionais de relações

públicas necessitam conhecer as características do público em que irá estabelecer

algum tipo de relacionamento, para que seja efetivo. Este é o ponto crucial das

atividades dos profissionais de relações públicas: “conhecer as expectativas dos

públicos para adequar o formato dos relacionamentos com cada um deles” (2009b,

p. 139).

Andrade (2009) discute que os profissionais de Relações Públicas, ao

desempenhar papel fundamental como responsável pelo gerenciamento dos

relacionamentos, deve considerar os padrões éticos de conduta, como a

transparência e a consideração dos anseios de ambas as partes envolvidas neste

processo.

[...] a própria definição de Relações Públicas deixa evidente que é preciso estabelecer e/ou buscar a compreensão mútua e os interesses coletivos, e isto só pode ser conseguido, se houver uma preocupação com a ética nos relacionamentos e com as estratégias de comunicação que propiciem o diálogo, para a construção participativa de um comportamento ético, em toda a organização e para com todos os seus públicos (ANDRADE, 2009, p. 2).

A autora ainda destaca que “a atividade de relações públicas, ao

estimular e ampliar o diálogo permite que os anseios de seus públicos sejam ouvidos

e sejam atendidos, possibilitando a construção de relacionamentos efetivos e

duradouros que criam o vínculo com a organização” (ANDRADE, 2009, p. 10).

Por fim, vale destacar que por mais que o profissional de Relações

Públicas obtenha habilidades para lidar com os diversos públicos, este deve ter

como missão aconselhar os líderes para administrar os relacionamentos com os

liderados, a fim de que estes entendam a importância de se relacionar para o bom

andamento dos processos, deixando de tomar para si, unicamente, essa

capacidade.

26

4 LIDERANÇA COMUNICACIONAL

A comunicação entre líderes e liderados é fundamental para efetivos

relacionamentos entre ambos e “por esta razão as organizações precisam cuidar

melhor de seus líderes para que o processo das relações entre pessoas se reflita

positivamente nos liderados” (FREITAS, 2008b, p. 146).

Nesta perspectiva nota-se que a literatura reflete sobre este assunto sob

dois prismas: o primeiro deles vem ressaltar o imbricamento entre liderança e

comunicação – inclusive, relacionamento – nas organizações e na relação entre

líderes e liderados; o segundo revela, claramente, uma teoria de liderança

comunicacional – tema de destaque nesta monografia, até mesmo por suas

características inovadoras e intrínsecas ao relacionamento. Portanto, se faz

necessário compreender inicialmente a relação entre liderança e comunicação para

depois avançar ao conceito de liderança comunicacional.

Os estudos que revelam o imbricamento entre liderança e comunicação

ainda não estão muito difundidos e os pesquisadores do tema vem procurando

desenvolver novos olhares nas relações de comunicação e liderança (CONGER et

al. apud NEUFELD et al., 2008, p. 2). Também existem poucos estudos empíricos

que examinem explicitamente a eficácia de comunicação do líder (DEN HARTOG et

al.; WESTLEY; MINTZBERG apud NEUFELD et al., 2008, p. 4). Quanto aos estudos

teóricos, observa-se uma perspectiva que conduz à construção de relacionamento e

interação, porém, em algumas reflexões, encontram-se traços característicos de

uma perspectiva informacional e mecanicista.

Nota-se estudos inovadores sobre comunicação e liderança como os

trabalhos desenvolvidos por Fairhust e Sarr (1996) sobre as maneiras pelas quais

os líderes adequam sua linguagem em interação ou não (MULLER, 2006, p. 230).

Os autores levantam o seguinte questionamento no processo de relação entre

líderes e liderados: “nossa comunicação leva os outros [subordinados] a ver

restrições e bloqueios ou oportunidades?”.

Tal interrogação revela a importância de líderes aprimorarem o processo

de comunicação nas organizações para evitar percepções negativas nos

relacionamentos. Pretende-se, assim, compreender que a comunicação realmente

27

se mostra essencial em um bom trabalho de liderança (FAIRHUST; SARR, 1996,

tradução nossa) a fim de caminhar para respostas positivas e otimistas.

As teorias que destacam a importância da comunicação no processo de

liderança imprimem uma conotação, em geral, relacionada à linguagem, maneira de

se comunicar e as mensagens envolvidos neste processo, tanto que Fairhust e Sarr

(1996) entendem que para ser um líder efetivo é fundamental compreender-se

como gestores da linguagem, saber onde estão e para onde vão e atentar-se ao

contexto organizacional. “Os líderes eficazes utilizam a linguagem de maneira que

promova sentidos apropriados” (FAIRHUST, SARR, 1996, p. 2, tradução nossa).

Hall e Lord (apud MADLOCK, 2008, tradução nossa) explicam um pouco

mais ao afirmar que as mensagens transmitidas pelos líderes contêm estratégias

afetivas e cognitivas e, quando os líderes comunicam suas visões efetivamente, eles

ganham a confidência de seus seguidores, o que, por sua vez, acrescenta satisfação

comunicacional entre o líder e o liderado.

Ou seja, a grande contribuição de um líder ao transmitir para seus

liderados como e porque as atividades que estão sendo desenvolvidas são

significativas é por meio da linguagem e da comunicação interpessoal (NEUFEULD

et al., 2008).

O líder deve aprender a se expressar corretamente. Para isso, ele deve treinar-se para transmitir informações claras, positivas e persuasivas, o que exige a aquisição do espírito de análise e síntese. Também, para estabelecer uma boa relação interpessoal, o executivo deve chegar a uma maturidade emocional que lhe permita dominar a sua própria linguagem. Ele deve tornar-se homem de diálogo. [...] (VIGNERON apud PROETTI, 2003, p. 115).

Observa-se que, em conjunto com a linguagem, emergem elementos que

configuram a comunicação no processo de liderança, como a comunicação

interpessoal, o diálogo e, intrinsecamente, o próprio relacionamento que se faz por

interação. Marshall e Stohl (apud ZALABAK, 2006, p. 224) propõem “duas atividades

comunicacionais que contribuem significativamente para seu nível de conhecimento

organizacional: cultivar fortes relacionamentos com gerentes e empenhar-se em

diversas atividades de liderança”.

Nesse sentido ressalta-se que a comunicação rápida, de duas mãos,

entre líderes e liderados, ainda é a o processo mais eficiente de conscientizar

pessoas em uma organização (DAMANTE; LOPES apud PROETTI, 2003).

28

A necessidade de se comunicar de modo eficaz sempre esteve no topo da lista de prioridades de todo supervisor, que não só deve fazer o possível para se comunicar bem com seus funcionários como também deve conhecer os fatores que podem prejudicar suas tentativas nesse sentido e saber como superar tais obstáculos (PROETTI, 2003, p. 124).

O relacionamento acontece a partir do momento em que deixa um plano

ideal de gestão e se traduz em ações concretas promovidas pelos líderes, ou seja, é

fundamental compreender que as palavras possuem muito mais efeitos quando

combinadas com as ações (ROBBINS apud PROETTI, 2003). Conforme afirma

Proetti (2003) que a

[...] credibilidade de um líder aumenta quando consegue fazer o grupo de liderados perceber a importância de suas palavras pelas suas ações [...]. Isso faz com que o grupo acredite no líder e aceite suas diretrizes para se apoiar nelas e alcançar os resultados planejados. Essa é, sem dúvida, o princípio de sustentação de um bom gerenciamento obtido por meio da comunicação organizacional eficaz (PROETTI, 2003, p. 69).

Outra característica significativa ressaltada pelo autor é a “habilidade dos

líderes em comunicar aos seus liderados os planos e visões da organização,

despertando neles a consciência para a importância das metas do grupo e

conseguindo, assim, que transcendam seus interesses pessoais” (PROETTI, 2003,

p. 32).

Assim, resume Barge (1994) que, para uma liderança efetiva é necessário

que haja um processo de comunicação que contribua para reduzir as ambigüidades

presentes em cada situação organizacional e planejar e selecionar ações que

facilitem a organização atingir suas metas.

O processo de comunicação sendo reconhecido e permanentemente

construído pela liderança organizacional promoverá fluxos seguros de comunicação

e relacionamento a fim de evitar especulações, incertezas e, em consonância,

promover uma liderança eficaz.

Diante disto, torna-se nítido que a eficácia da comunicação é

completamente relacionada com a eficácia da liderança (BASS; KLAUSS apud

NEUFELD et al., 2008, p. 6), uma vez que os líderes eficazes tendem a se

comunicar através de metáforas, símbolos, imagens e argumentação persuasiva

29

para influenciar os outros a aceitarem a sua posição (BASS apud NEUFELD et al.,

2008, p. 6).

“Liderança eficaz depende de comunicação efetiva” (BARRET, 2008, p. 3,

tradução nossa) e, é por meio dela que os líderes são guiados, direcionados,

motivados e inspirados. Sem uma comunicação eficaz, os líderes pouco crescem,

evoluem e se aperfeiçoam, uma vez que as relações de comunicação entre gerentes

e liderados influenciam na inovação, tomada de decisões, satisfação no trabalho e

na percepção do clima da organização (ZALABAK, 2006, p. 224).

Dessa forma, é completamente enfatizado a importância da comunicação,

uma vez que os líderes não devem somente enfrentar os desafios da organização,

mas estarem aptos para comunicar o seu conhecimento de uma forma que os outros

compreendam. “Assim é dizer que a liderança ocorre por meio da comunicação. Os

líderes comunicam as mudanças necessárias, traduzem as intenções em realidades,

propõe novas estratégias e ajudam a manter medidas de apoio às decisões

(ZALABAK, 2006, p. 224, tradução nossa, grifo nosso)”.

É possível entender que a comunicação permeia o processo de liderança

nas organizações, assim como os relacionamentos revelam a comunicação como

fundamento intrínseco aos atores organizacionais. As questões, os embates e

conquistas entre líderes e liderados se dão por meio de comunicação.

Depois de compreender a forte relação entre comunicação e liderança é

possível avançar para uma nova teoria que tem como especificidade estes dois

termos e apresenta-se, conforme reflete a literatura estrangeira, no termo “leadership

communication” (BARGE, 1994; BARRET, 2008; FAIRHURST, 1996; MULLER,

2006; ZALABAK, 2006;) compreendido neste trabalho como liderança

comunicacional.

A perspectiva bibliográfica revela a Liderança Comunicacional em nível de

interação e informação, sendo, neste último caso, o processo de comunicação

focado em emissor – mensagem – receptor, no qual o emissor seleciona o meio

correto e envia a mensagem clara para que o receptor receba-a exatamente como

foi transmitida. (BARRET, 2008).

A Liderança Comunicacional em níveis de informação aproxima-se o

máximo possível deste paradigma de comunicação, pois é entendida como forma de

antecipar interferências por meio de análise de público e “desenvolver estratégias de

30

comunicação que controle e facilite a transmissão eficaz de mensagens” (BARRET,

2008, grifo nosso).

Por assim, a autora define:

Liderança comunicacional é o controle, a transferência intencional de um significado pelo qual os líderes influenciam uma única pessoa, um grupo, uma organização ou uma comunidade. Liderança comunicacional utiliza toda a gama das habilidades de comunicação e recursos para superar interferências e para criar e transmitir mensagens que possam guiar, direcionar ou inspirar os outros a agirem (BARRET, 2008, p. 5, tradução nossa).3

Na perspectiva informacional, a liderança comunicacional muito se

aproxima da perspectiva funcionalista da comunicação, na qual ela é vista como “um

instrumento, uma ferramenta, cuja função, conforme apontado por Deetz e Kersten

(1983) é contribuir para o alcance dos objetivos organizacionais” (MARCHIORI,

2008c, p. 186).

Observa-se uma liderança comunicacional focada em atingir objetivos

prescritos por gerentes, os quais “podem fazer uso da comunicação como

instrumento e por esse meio controlar determinada situação” (PUTNAM apud

MARCHIORI, 2008c, p. 186).

Nesse sentido, a liderança comunicacional é vista em segmentos e mede-

se sua eficiência na escrita e na fala, no modo como o líder se comunica e o quanto

ele é persuasivo (BARRET, 2008, p. 7). Trata-se de “uma visão mecanicista e linear

de comunicação, a qual pode ser medida e avaliada” (MARCHIORI, 2008c, p. 185),

uma vez que o líder deve possuir controle na troca de informações com os

empregados e na criação de estratégias objetivas e mensagens dirigidas para seus

liderados (BARRET, 2008, p. 306).

Nota-se, assim, que o fluxo de informações nas relações verticais e

horizontais possuem, conforme destacam Cassam e Cox (apud CUNHA, 2010, p.

244), pouco valor isoladamente. A comunicação deverá assumir uma forma mais

complexa, envolvendo o processo de interação conforme passa-se a discutir a

seguir.

3 Do original: “Leadership communication is the controlled, purposeful transfer of meaning by which leaders influence a single person, a group, an organization, or a community. Leadership communication uses the full range of communication skills and resources to overcome interferences and to create and deliver messages that guide, direct, motivate, or inspire others to action”.

31

Nesta perspectiva interacional, revela-se um ambiente organizacional que

é criado por cada indivíduo, pela organização e por coalizões por intermédio do

diálogo e da conversação (CUNHA, 2010, p. 244), a qual compreende que liderança

não ocorre por si só, mas por meio de comportamentos de comunicação nas

interações com os liderados (ZABALAK, 2006, p. 224).

A liderança comunicacional, neste caso, é projetada como chave para o

relacionamento (BARGE, 1994, p. 56), uma vez que quando os líderes se

comunicam de forma eficaz, seus liderados vivenciam maiores experiências de

satisfação (MADLOCK, 2008, p. 62) e participam de um processo de entendimento

mútuo que gera impacto no relacionamento (RING apud CUNHA, 2010, p. 244).

Este entendimento de liderança comunicacional se faz inerente ao

relacionamento e ao processo de interação entre os atores da organização, além de

revelar a visão organizacional e a tomada de direções.

A liderança comunicacional é a visão da organização que direciona e redireciona todas as atividades organizacionais [...] A liderança comunicacional mapeia o curso da ação da organização. A eficácia dessa comunicação é, portanto, central para a excelência da organização (ZALABAK, 2006, p. 225, tradução nossa).

Além do que, a real liderança não ocorre por nomeação, mas pelos

comportamentos de comunicação nas interações com os outros (ZALABAK, 2006, p.

223). Bennis e Nanus (apud ZALABAK, 2006, p. 246) afirmam que líderes de

sucesso não apenas chamam a atenção, mas também prestam atenção em outras

pessoas, enfatizando-se a interação como essencial no relacionamento entre líderes

e liderados. Outro ponto que os autores destacam é “a gestão do significado por

meio da comunicação” ao entender que com o esforço consciente que os líderes

fazem para se comunicar, seus significados seriam aderidos por todos os níveis da

organização, ou seja, líderes preocupados em mensagens que desenvolvam a visão

organizacional e que utilizem cinco habilidades chaves, sendo:

[...] (1) a habilidade de aceitar as pessoas como elas são, não como você gostaria que elas fossem; (2) a capacidade de aproximar relacionamentos e problemas do presente e não do passado...(3) A habilidade de tratar aqueles que são próximos de você com a mesma atenção que você dá a estranhos e estranhos casuais...(4) a habilidade em confiar nos outros, mesmo se o risco parecer grande...(5) a habilidade de executar sem constantes aprovações e reconhecimento de outros. (BENNIS; NANUS apud ZALABAK, 2006, p. 246, tradução nossa, grifo nosso).

32

Nota-se nas habilidades citadas a prevalência dos relacionamentos

pessoais entre os atores da organização. O destaque para a produção de

significados, aproximação de relacionamento, trato com aqueles que estão próximos

e confiança são como ativos que permeiam o processo de interação organizacional e

o intensificam, já que a “falta de comunicação num relacionamento tende a levá-lo à

dissolução, em face da desconfiança e da dúvida” (ELMUTI; KATHAWALA apud

CUNHA, 2010). Tanto que Proetti (2003) observa que em um ambiente em que há

um nível melhor de comunicação e interatividade entre líderes e liderados, o

processo de comunicação e o desenvolvimento das pessoas e das tarefas fluem de

uma forma melhor.

Barge enfatiza que “a liderança comunicacional é entendida como um

processo interacional que ajuda as pessoas nas organizações a gerenciar seu

ambiente” (1994, p. 13). É necessário, segundo o autor, que, além de saber

enfrentar os problemas da organização, os líderes devem utilizar-se da comunicação

como forma de reduzir as ambigüidades do ambiente e entre os indivíduos, sendo a

comunicação encarada como um processo de gerenciar incerteza.

Em uma reflexão além, Zalabak (2006, p. 225) cita a liderança

comunicacional com parte das atividades de sensemaking da organização, ou seja,

como forma de observar e expressar as experiências vivenciadas (TAYLOR apud

RIBEIRO; MARCHIORI; CONTANI, 2010, p. 125), o que leva a entender como

responsabilidade do líder a promoção de uma interação colaborativa e reflexiva:

A reflexividade pressupõe um olhar vigilante, atento e crítico do líder sobre si mesmo se ele deseja, de fato, tornar-se um agente crítico e transformador. É necessário ser primeiramente autocrítico e autorreflexivo. (...) Para haver uma comunicação real e não alienadora nas organizações, é necessário que os gestores estabeleçam, de comum acordo, os conteúdos a serem trabalhados, e esse processo investigativo implica uma metodologia que não pode contradizer a dialogicidade (RIBEIRO; MARCHIORI; CONTANI, 2010, p. 124).

É fundamental, portanto, compreender que as organizações

contemporâneas devem apontar para um perfil de liderança que envolva uma

liderança comunicacional em níveis de interação propriamente dita, revelando ativos

como relacionamento e interação como premissas para os processos

organizacionais.

33

5 METODOLOGIA

O Grupo de Estudos Faces da Cultura e da Comunicação Organizacional

(GEFACESCOM) 4 vinculado à Universidade Estadual de Londrina, parte do estudo

teórico-empírico a respeito da temática Cultura e Comunicação Organizacional, que

vem sendo desenvolvido desde 2004, a fim de evidenciar e construir referenciais

teóricos que propulsionem avanços nesta área, aprimorando a relação entre cultura

e comunicação e trazendo novos olhares para as faces pesquisadas.

Dentre as faces que englobam o projeto científico, destacam-se para esta

monografia a comunicação e a liderança. Ambas são evidenciadas em todas as

etapas do estudo para desvendar de que forma o relacionamento entre líderes e

liderados pode ser aprimorado pela comunicação. Diante disso, propõe-se analisar o

imbricamento entre a comunicação e a liderança nos processos de relacionamentos

organizacionais.

Para tanto, o presente trabalho caracteriza-se como um estudo de caso

único, já que as análises atingidas pelo grupo de pesquisa e os resultados obtidos

nesta monografia retém as características holísticas e significativas dos eventos da

vida real – como o comportamento dos pequenos grupos, os processos

organizacionais e administrativos, entre outros (YIN, 2010, p. 24).

Em complemento a esse pensamento, Schramm defende que

A essência de um estudo de caso, a tendência central entre todos os tipos de estudo de caso, é que ele tenta iluminar uma decisão ou um conjunto de decisões: por que elas são tomadas, como elas são implementadas e com que resultado (SCHRAMM apud YIN, 2010, p. 38).

Segundo Lüdke e André (1986, p.18) o método de estudo de caso

considera que o conhecimento a respeito do tema se refaz constantemente. A

subjetividade e a interpretação do objeto de pesquisa consideram as várias

manifestações, situações e interconexões que envolvem o contexto do objeto

estudado, neste caso, uma gráfica paranaense – Midiograf.

4 Página do grupo de pesquisa: http://www.uel.br/grupo-estudo/gefacescom/

34

Diante disso, foram realizados dois tipos de pesquisas para o estudo. O

primeiro caracteriza-se como parte do projeto do grupo GEFACESCOM, tendo como

bolsista um dos membros deste trabalho de conclusão de curso. Durante essa fase,

foram aplicadas pesquisas qualitativas, que se caracterizam como a obtenção de

dados descritivos, obtidos no contato direto do pesquisador com a situação

estudada; enfatizando mais o processo do que o produto e se preocupando em

retratar a perspectiva dos participantes (BOGDAN; BIKLEN apud LÜDKE, 1986,

p.13).

Como ressalta Patton (apud DIAS, 2000), a pesquisa qualitativa incita a

abordagem interpretativa e não experimental. Logo, o pesquisador deverá entender

os fenômenos segundo a visão dos participantes da situação e, a partir de então,

fazer uma interpretação das informações obtidas.

Segundo Richardson (2007, p. 90):

A pesquisa qualitativa pode ser caracterizada como a tentativa de uma compreensão detalhada dos significados e características situacionais apresentadas pelos entrevistados, em lugar da produção de medidas quantitativas de características ou comportamentos.

A pesquisa ocorreu por meio de entrevista em profundidade junto ao

corpo gerencial e diretivo da organização, totalizando seis entrevistados num

período de julho a outubro de 2009, representando quatro pessoas do sexo

masculino e duas do sexo feminino. O instrumento de pesquisa pautou-se em um

roteiro estruturado de questões abertas aplicadas por entrevistas em profundidade.

Convém salientar que tal roteiro faz parte de um estudo publicado na obra Faces da

Cultura e da Comunicação Organizacional 5.

O método também privilegiou, foram pesquisas quantitativas com os

colaboradores da Midiograf para verificar como as relações entre líderes e liderados

se dão na organização. Segundo Richardson (2007, p. 70), a pesquisa quantitativa

caracteriza-se pelo emprego da quantificação na coleta de informações e no seu

tratamento e representa, em princípio, a intenção de garantir a precisão nos

resultados para que não haja distorções de análise e interpretação.

5 Marchiori, Marlene (Org). Faces da Cultura e da Comunicação Organizacional. 2ª edição. São Caetano do Sul, SP: Difusão Editora, 2008.

35

O pré-teste foi realizado com dez funcionários da gráfica para averiguar

possíveis desentendimentos e incompreensões do questionário. Após essa fase,

foram aplicados 128 questionários – 68,4% dos 187 funcionários - entre setembro e

outubro de 2010, nos turnos de trabalho matutino e noturno e, deste total de

pesquisas, apenas 4% não responderam (3 pessoas).

Com o uso dos métodos qualitativo e quantitativo permitiu a aplicação de

uma estratégia de pesquisa chamada “triangulação”.

Triangulação é um conceito que vem do interacionismo simbólico e é desenvolvido por Denzin (1979), significando (a) a combinação e o cruzamento de múltiplos pontos de vista; (b) a tarefa conjunta de pesquisadores com formação diferenciada; (c) a visão de vários informantes e (d) o emprego de uma variedade de técnicas de coleta de dados que acompanha o trabalho de investigação. Seu uso, na prática, permite interação, crítica intersubjetiva e comparação (DENZIN, 1979; MINAYO; SANCHES, 1993; MINAYO; CRUZ NETO, 1999 apud MINAYO, [2000?], p. 10).

A “triangulação metodológica” (DENZIN, 1989; COX; HASSARD, 2005

apud DUARTE, 2009a) faz-se pertinente, pois utiliza a integração dos seguintes

métodos de investigação: a pragmática, a qual se realiza no momento de processar

e analisar os dados; e a de caráter conceitual, que considera, antes da coleta e

análise dos dados, diferentes abordagens teóricas para explicar os fenômenos e

métodos de estudo (MINAYO, [2000?]).

Dessa forma, os resultados das pesquisas, somados aos estudos

bibliográficos, tiveram importância ímpar no desenvolvimento deste trabalho para

verificar como o relacionamento entre líderes e liderados pode ser aprimorado pela

comunicação, oportunizando, por meio da triangulação, maior compreensão dos

dados obtidos.

36

6 RELATO EMPÍRICO – UM ESTUDO DE CASO NA GRÁFICA MIDIOGRAF

6.1 CONTEXTUALIZANDO O CAMPO AMOSTRAL

A Midiograf é uma organização do ramo de indústria gráfica atuante na

produção de material publicitário, editorial e cartonagens desde o ano de 1992,

caracterizada como uma organização de médio porte, privada e com perfil

administrativo familiar.

Atualmente a organização conta com a colaboração de 187 funcionários

diretos que trabalham na sede em diferentes cargos, sendo a grande maioria do

nível operacional pela própria caracterização do negócio. A distribuição de

funcionários por cargos, na matriz, é feita da seguinte forma: Serviços Gerais: 9,

Acabamento: 76, Impressão: 24, Logística: 12, Digital: 8, CTP (Computer to

Conventional Plate – Chapa de gravação): 3, PCP (Planejamento e Controle de

Produção): 5, Pré-Impressão: 13, Comercial: 15, Estoque/Almoxarifado: 11,

Administrativo: 11.

A organização conta ainda com a colaboração de mais 11 funcionários

que atendem em duas filiais, uma na cidade de Maringá e outra em Curitiba, sendo

apenas escritórios comerciais, com a demanda de impressão enviada para Londrina.

O complexo gráfico possui 14 mil metros quadrados com maquinários de

alta tecnologia, centro de produção e espaços de lazer, como quadras esportivas e

churrasqueiras. A organização tem capacidade de atender uma grande demanda,

graças ao seu maquinário de última geração, e por funcionar 24 horas por dia.

Para assuntos que dizem respeito aos funcionários, como seleção,

acompanhamento do desenvolvimento na organização e demais questões, há o

Departamento de Recursos Humanos da Midiograf. O estágio atual da área é de

elaboração de projetos de remuneração e benefícios, missão, visão e valores e

incentivos ao ensino e educação, objetivando-se atingir 100% de escolaridade entre

os funcionários.

A estrutura administrativa da organização é composta por uma área

estratégica que abrange quatro principais áreas, subordinadas à diretoria, sendo:

Comercial, Suprimentos, PCP (Planejamento e Controle de Produção), e

37

Administrativo, e cada área tendo sob suas responsabilidades algumas sub-áreas,

relacionadas conforme organograma a seguir.

Figura 2 – Organograma da estrutura administrativa da Midiograf Fonte: COSTA, 2010.

A estrutura organizacional reflete a formalidade da organização na

condução dos processos de trabalho. No entanto, percebe-se uma flexibilização das

pessoas no sentido de se relacionarem, se aproximarem das diferentes áreas

conforme as necessidades que surgem, as quais requerem conhecimentos de

diferentes setores para a tomada de decisão.

Por esta causa, a estrutura fixa da Midiograf não representa rigidez na

condução dos processos organizacionais; muito pelo contrário, há interação e troca

de experiências entre os diferentes setores que mobilizam o desenvolvimento da

própria organização. Esse aspecto é reforçado pela atuação principalmente da

diretoria, que possui mobilidade sem esperar ser procurada pelos membros da

organização.

38

A gráfica ocupa posição no mercado como uma das maiores gráficas do

Paraná, com alto poder competitivo e priorização do fator qualidade, comprovado

pelas diversas premiações conquistadas em âmbito nacional. Estas conquistas foram

alcançadas devido à modernidade do parque de impressão com sistemas digitais de

alta tecnologia e pela criação do selo de Excelência em Qualidade Gráfica (EQG)

como garantia de que os impressos serão confeccionados buscando perfeição nas

cores, traços e formas, sendo estes os motivos da escolha da Midiograf como campo

de estudo para esta Monografia.

6.2 A PESQUISA QUALITATIVA

A pesquisa qualitativa realizada na organização segue o formato

abordado por esta monografia, ou seja, destacando as temáticas de liderança e

comunicação. Procura-se revelar como os processos organizacionais acontecem no

cotidiano discutindo os temas citados. As entrevistas, concedidas por seis gerentes e

diretores da gráfica, relataram as condutas de relacionamento e comunicação

vivenciadas entre líderes e liderados na organização.

As características de lideranças desenvolvidas na Midiograf conduzem os

processos de decisão e relações de poder concentrados na diretoria, a qual ouve e

respeita todas as áreas da organização. Este comportamento visa a participação dos

atores organizacionais, com abertura à discussão e argumentação, estimulando a

descentralização das decisões e o diálogo.

A pesquisa revelou que as lideranças demonstram habilidade para

conduzir os processos no sentido de influenciar os liderados sem apelo ao uso do

poder, já que acreditam que este termo está intimamente relacionado a associações

negativas, manipulação e exploração.

Eu acho a palavra poder muito forte. Eu não aplico. Lógico que tem algumas ações que eu tenho que fazer e determinar até porque é uma necessidade da empresa, mas eu não vejo o exercício do poder aqui não (Gestor A).

39

Considera-se que as lideranças acabam por exercer total influência no

comportamento dos liderados, porém de uma forma democrática e sem abuso de

autoridade, baseando-se no dialogo e compreensão entre as partes.

Os líderes certamente influenciam o comportamento das organizações. Desde o espelhamento na conduta até a orientação. Claro que você nunca vai mudar o comportamento forçando, você tem que estimular a pessoa a refletir e mudar a conduta, sendo primordial o exemplo. Não adianta você falar aquilo e não vivenciar entende? (Gestor D).

O modo de conduzir a liderança não é autoritário, já que privilegia a

comunicação entre a gerência e colaboradores. Além disso, os discursos dos líderes

priorizam um processo de interação que realmente ocorre entre os demais membros

da empresa e é visto como um diferencial, mas que, levados por uma perspectiva

funcionalista, acabam também focados em melhores rendimentos de trabalho.

Eu procuro ouvir todos. Quando alguém tem algum problema eles [liderados] têm liberdade para falar comigo. Você só vai ser um bom líder se você conhecer a sua equipe (Gestor F). Se eu sinto que a pessoa tem um problema, eu procuro sentar e conversar... Eu atuo muito assim, mas no conjunto o resultado é positivo. Não é porque você é líder que você trata mal alguém ou deixa de ouvir alguém... Sempre trato todos da melhor forma possível e é bom para que as enxerguem como agir com os outros (Gestor A).

Ainda, há o estímulo da capacidade de seus colaboradores de forma

descentralizada e democrática, onde o grau de participação de funcionários

influencia nas decisões das lideranças, pois quanto maior for o grau de influência

dos liderados, maior será a postura democrática do líder.

A gente sempre trabalha em conjunto, trocando idéias. Procuramos nunca impor ou determinar nada. Procuramos sempre conversar e ouvir todas as opiniões. Claro que existem alguns padrões que devem ser seguidos. A gente tem trabalhado da maneira mais acessível possível com todos os funcionários (Gestor C).

A liderança da organização valoriza o capital humano em todo o seu

ambiente de trabalho, socializando o conhecimento por meio do diálogo de ideias,

anseios e visões entre os níveis organizacionais (diretoria, gerentes e

colaboradores).

40

Eu não tenho aqui problemas de relacionamento. Às vezes a gente vê algumas tomadas de decisões que não me agradam, mas sempre procuro conversar com eles [colaboradores], procurando corrigir (Gestor B).

No que se refere à comunicação foi levantada a questão “o que é

comunicação para a instituição”, a fim de conhecer qual era o nível de informação

dos entrevistados a respeito da temática.

Os seis entrevistados afirmaram que a mesma é essencial para que

ocorra o bom andamento da organização, porém, foi muito citada sendo voltada para

a técnica, como mero instrumento de troca de informações entre os departamentos

para o bom desempenho das atividades corriqueiras da instituição. Como exemplo

observa-se a disposição de informações claras e corretas na ordem de serviço dos

pedidos feitos pelos clientes, já que este será repassado para os responsáveis para

a produção do produto.

Algumas características peculiares podem ser destacadas na vivência

organizacional, como o intenso uso da rede informal de comunicação em detrimento

da rede formal, podendo esta ser mais explorada para que haja uma fonte de

informações verídicas e confiáveis para evitar boatos e barreiras na comunicação,

sem, contudo, impor hierarquização e ordens burocráticas – aspectos que não são

característicos da Midiograf.

A comunicação é ainda muito oral. Não sei dizer o quanto. Mas as pessoas têm uma grande necessidade de falar. Estamos tentando formalizar [...] (Gestor A).

O fluxo de comunicação existente na Midiograf acontece em todos os

níveis, classificando-se como de caráter circular (KUNSCH, 2003), proporcionando

um ambiente transparente em suas relações. Destaca-se como qualidade da

Midiograf: comunicar-se por meio de canais abertos em todas as direções e manter

diálogos reais com os seus funcionários.

Não obstante, a liderança ainda mantém relacionamentos constantes com

os colaboradores, independente de sua área de atuação na organização.

Não há restrições para o diálogo e a participação, nós temos uma abertura. Todos nós, diretores, circulamos muito pela organização para facilitar essa abertura, para que os colaboradores consigam participar. Nós temos essa preocupação (Gestor F).

41

Nota-se a presença de um processo transparente, com canais abertos e

democráticos, que incentivam a interação social dos funcionários da organização. Os

relacionamentos interpessoais são estimulados pela empresa e os próprios diretores

se comportam de maneira disposta ao relacionamento e cientes da importância de

saber ouvir.

Observa-se que a diretoria da Midiograf começa a entender a

comunicação em uma perspectiva interacional, mas ainda mantém um processo

funcionalista por não priorizar os processos de comunicação frente a outros afazeres

da organização, classificados como mais importantes, como produção, vendas e

tecnologia.

Esta afirmação se confirma ao serem questionados a respeito de políticas

e objetivos de comunicação, uma vez que os entrevistados responderam que não há

formalização desses aspectos por parte da organização. Justificam-se ao dizer que

trabalham conforme a demanda, sendo estas discutidas em reuniões, por exemplo.

De um modo geral, os gestores afirmaram que esta é uma área precária da

instituição, que necessita de melhorias e maior atenção. O argumento para a defesa

é a recente mudança da Midiograf, em 2009, para a nova sede, havendo uma

dificuldade em focar-se nesta área, mas que pretendem destinar a devida atenção a

esta área.

A Empresa não tem uma política de comunicação definida. É bem informal. Não há nada formalizado. É conforme o surgimento da necessidade. Já tentamos pensar em um caminho que pudéssemos entrar na teoria e como não achamos, nem implantamos nada. A Diretoria pensou como poderíamos fazer, porém não chegamos a uma conclusão ainda. Isso está desta maneira por não ser nossa prioridade hoje e por não termos tempo também. Não entramos em contato com ninguém que pudesse nos fazer isso. Não aconteceu (Gestor B).

Em contrapartida, um ponto forte detectado da instituição são os gestores

reconhecer que o foco das relações modernas de trabalho está voltado para os

indivíduos e não mais somente ao negócio da empresa.

O foco do nosso negocio é o impresso, mas a cada dia que passa o nosso foco passa a ser o relacionamento entre as pessoas e gerenciar esse relacionamento [...] (Gestor A).

42

Diante disso, verifica-se, entre os líderes entrevistados, que a organização

atenta-se aos indivíduos, procurando estimular o relacionamento interno e

fomentando o diálogo e a participação, embora ainda reconheça a comunicação

muito mais em um sentido técnico e funcionalista do que em perspectivas

interpretativas.

6.3 A PESQUISA QUANTITATIVA

Nesta etapa foi desenvolvido um instrumento de pesquisa de caráter

quantitativo com 13 questões formuladas com base no referencial teórico desta

monografia e no questionário criado por Hon e Grunig (apud GALERANI, 2006) que

apresenta indicadores de relacionamento.

Inicia-se o instrumento de pesquisa atentando-se para as normas

estabelecidas pelo Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), de acordo

com a Resolução 196/96 do Conselho Nacional da Saúde6, que aprova as diretrizes

regulamentadoras de pesquisas que envolvem seres humanos e que garante a

confiabilidade e privacidade das informações prestadas. Assim, a priori, é

fundamental obter a concordância do entrevistado em participar da presente

pesquisa.

Neste âmbito, obteve-se 69% (128) de participação dos funcionários da

organização, de um total de 187 funcionários. Do total de respondentes, apenas 4%

(3) não concordaram em participar da mesma. Desse modo, o universo total de

respondentes é de 125 pessoas.

6 Resolução pode ser encontrada no link: http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/reso_96.htm

43

Gráfico 1 – Consentimento livre e esclarecido

A primeira questão do instrumento procura identificar, entre os

entrevistados, a quem eles respondem diretamente na organização.

Gráfico 2 – Líderes na organização

Nota-se que há forte concentração de funcionários atuando no setor de

produção e impressão de materiais gráficos, sendo eles mais de 50% dos

entrevistados7 desta pesquisa, destacando a importância das atividades

consideradas como técnicas. Caracteriza-se o líder de mesa como aquele

responsável pelo acompanhamento e confecção da produção na gráfica. O

encarregado de produção dá suporte para os líderes de mesa e supervisionam a

execução do processo produtivo. O gerente é responsável pela formulação das

7 Referente aos entrevistados que consideram com líder o encarregado de produção ou o líder de mesa.

96%

4%

Consentimento livre e esclarecido

Concordo em participar Não concordo em participar

11%

54%

25%

10%

Questão 1: Para você, quem é seu líder na organização?

Líder de mesa

Encarregado de produção

Gerentes

Diretores

44

estratégias de produção e supervisionam todos os outros setores e a diretoria define

o planejamento estratégico, as metas a serem alcançadas e direciona os

investimentos da Midiograf.

Verifica-se uma forte centralização das atividades consideradas como

técnicas e operacionais para a indústria gráfica. O principal fluxo de capital humano

encontra-se no chão de fábrica, onde o produto é produzido com o auxílio de

tecnologia e máquinas que estão cada vez mais capazes de substituir o ser humano,

mas, por enquanto, ele ainda é a força motriz da empresa.

No gráfico 3, ao definir seus líderes, os liderados afirmaram que seu líder

é aquele que comunica os planos e visões da organização, propondo novas

estratégias para a melhoria constante do ambiente de trabalho.

Gráfico 3 – Definição das características dos líderes

Os líderes da organização são vistos como agentes propulsores de

motivação, já que se preocupam em envolver seus funcionários nos processos de

crescimento da empresa e, além de estarem atentos aos caminhos que a

organização está se direcionando, procuram comunicar para os funcionários quais

serão os próximos desafios e etapas a serem conquistadas. Líderes que, de acordo

com esta pesquisa, entendem a necessidade de manter canais claros, abertos e

transparentes para que haja um relacionamento saudável entre líderes e liderados,

conforme pode ser visto nos gráficos 4 e 5 (a seguir).

27%

9%

9%

55%

Questão 2: Como você define seu líder?

Capaz de influenciar as atividades de um grupo para facilitar os esforços individuais e coletivos

Sua atenção é voltada somente às tarefas

Exerce a posição de líder de acordo apenas com a sua posição hierárquica na organização

Ele (a) comunica os planos e visões da organização, propondo novas estratégias para a melhoria constante

45

Gráfico 4 – Abertura dos líderes para participação dos liderados na tomada de decisão

Gráfico 5 – Liberdade dos liderados para conversar com seus líderes

Ao abordar sobre o processo de abertura e participação dos funcionários

na tomada de decisão e no dia a dia de trabalho, nota-se na Midiograf a presença de

uma comunicação aberta, em todos os níveis e com ampla facilidade de diálogo,

uma vez que, quase a totalidade dos entrevistados garante uma liberdade de

conversa e troca de opiniões que levam a organização a um verdadeiro processo de

relacionamento promovido pelo diálogo e participação de todos os atores

organizacionais.

As características observadas, como a abertura de canais claros, a

construção de diálogos e o reconhecimento da relação entre líderes e liderados,

conduzem a ação da comunicação como uma intensa razão para sua efetividade na

61%21%

16%

2%

Questão 3: Seu líder dá abertura para você expressar sua opinião no momento de tomar uma decisão?

Sempre

Quase sempre

Poucas vezes

Nunca

78%

12%10% 0%

Questão 4: Você tem liberdade para conversar com o seu líder?

Sempre Quase sempre Poucas vezes Nunca

46

organização (MARCHIORI, 2008b). Estas percepções reveladas no ambiente da

Midiograf a levam para um futuro promissor e destaque no ramo gráfico e

empresarial deste país, não raro que são poucas as organizações que conseguem

caminhar para um cenário saudável como este.

Longe ainda da plenitude – consideração também destacada pelo diretor

da empresa -, acredita-se que os processos organizacionais e a organização em si

começa a ser vivenciada em todos os seus sentidos, promovendo a satisfação de

cada indivíduo e das relações grupais, como observado pelos dados obtidos nesta

pesquisa.

No que se refere ao poder utilizado pela liderança para influenciar o modo

de agir dos funcionários, observa-se que estes, em sua maioria, reconhecem o uso

do poder, mas o entendem como uma forma positiva e, por exemplo, de incentivo a

trabalharem todos da maneira do líder.

Gráfico 6 – Utilização do poder pelos líderes

Diante dos dados obtidos na pesquisa quantitativa, observa-se que na

Midiograf o poder não é característica que se sobressai no relacionamento entre

líderes e liderados – uma vez que acima dele se coloca figuras de relacionamento

mútuo como diálogo, participação, atenção, igualdade e comunicação aberta mais

preponderantes que qualquer concepção negativa de autoritarismo e força.

De fato associações negativas ao uso do poder não estão relacionadas

na gestão da Midiograf, ao contrário, se existe reconhecimento de poder nos líderes

é em resultado, como expõe Freitas (apud MARCHIORI, 2008b), do magnetismo

pessoal decorrente de fatores da personalidade do líder que atraem os liderados.

Questionou-se sobre o motivo que levou o entrevistado a afirmar o uso do

poder pelo seu líder, obtendo-se 43 respostas. Dentre as opiniões, 23 pessoas

53%47%

Questão 5: Você acredita que o seu líder utiliza o poder para influenciar o seu modo de agir?

Sim Não

47

relataram que “o seu líder utiliza do poder para a melhoria dos procedimentos,

incentivando os funcionários a desempenhar suas funções com qualidade”. Já 12

funcionários responderam que “o líder utiliza-se do poder com autoridade por ser um

direito da sua função”. Outras 8 opiniões foram registradas, como:

Nas conversas em reuniões.

Conversando

Porque ele gosta de provocar

De forma estúpida.

A presença constrange e não dá abertura para brincadeiras.

Tenta nos convencer usando de psicologia.

No modo de tratar as pessoas.

Por ter mais experiência.

No entanto, tiveram afirmações de que o líder não utiliza o poder, com o

relato de 35 opiniões expressando o motivo. Desse total, 14 entrevistados afirmaram

que o seu líder não utiliza o poder, pois “trabalha em equipe, procurando fazer

sempre o melhor”; 9 pessoas descreveram que “cada um tem seu modo de trabalhar

e liberdade de ação”; 6 pessoas disseram que “não há necessidade de demonstrar

autoridade” e outras 6 opiniões apareceram, descritas a seguir:

Não concordo com alguns padrões exercidos por ele, e mantenho o

meu perfil na forma que considero correto.

Porque não.

Não dou motivo para que chegue a este ponto.

Para tornar as tarefas da mesa mais organizadas.

Ele me passa as tarefas, porém eu coordeno outro departamento. No

caso quem me passa a tarefa é de outro setor. Ele me passa a

programação a ser cumprida e eu coordeno minha equipe para que a

programação saia.

Eles não me influenciam.

48

Destaca-se a seguir um dos pontos base desta monografia, tratando

sobre o relacionamento vivenciado na organização.

Gráfico 7 – O que é relacionamento, na visão dos liderados.

O gráfico 7 demonstra a expressividade (37%) da visão de

relacionamento como transferência de informações, relevando traços de uma

perspectiva ainda firmada sob o funcionalismo. Porém, procurou-se compreender

dos entrevistados se o relacionamento é visto como interação entre duas ou mais

partes (31%) ou se, mais do que isso, relacionamento é estar preocupado com o

próximo sem interesses próprios (29%).

Embora permaneça presente um conceito ainda técnico, o relacionamento

deixa de ser entendido apenas em níveis de informação, pois, com uma totalidade

de 60% dos entrevistados (77 pessoas), ora fora visto como interação, ora como

preocupar-se com o próximo. Nesta visão, os funcionários elencaram quais são as

características que devem ser privilegiadas no relacionamento com seus líderes.

31%

37%3%

29%

Questão 6: Para você, o que é "relacionamento" nessa organização?

Interações entre duas ou mais partes

Transferência de informações

Oferecer algo às pessoas desde que haja alguma coisa em troca

Estar preocupado com o próximo sem esperar algo em troca

49

Gráfico 8 – Características para um bom relacionamento com o líder

Gráfico 9 – Características presentes no relacionamento com o líder

A opinião relatada pelos funcionários evidencia a confiança e o respeito

como as mais importantes seguidas de comprometimento, diálogo e empatia,

respectivamente.

As ideias de Cunha (2010) legitimam a importância desses elementos

como facilitadores para um processo autêntico de relacionamento, pois asseguram

que relacionamentos organizacionais não se concretizam em uma única vez, sendo

resultado de processos de interação contínua, onde cada membro ao se relacionar

15% 8% 3%

38% 36%

0%

10%

20%

30%

40%

Questão 7: Enumere de 1 a 5 as características por ordem de importância para um bom relacionamento com o seu líder

(sendo 1 mais e 5 menos)

Ordem de importância para um bom relacionamento com seu líder

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90%

Confiança

Respeito

Empatia

Diálogo

Comprometimento

Nenhuma das opções

Confiança Respeito Empatia DiálogoComprometim

entoNenhuma das

opções

Respostas 57% 77% 18% 57% 49% 1%

Questão 8: Quais destas características estão presentes no relacionamento com o seu líder? Assinale mais de uma se

necessário.

50

com o outro amplia seu nível de compreensão e de confiança. Tal afirmação vai ao

encontro dos estudos de Hon e Grunig (apud GALERANI, 2006), que selecionam a

confiança como um dos seis principais indicadores de resultados para um

relacionamento bem-sucedido.

Vale ressaltar que todas as características citadas, com exceção da

empatia, foram destacadas como presentes no relacionamento existente entre

líderes e liderados na Midiograf, evidenciando assim uma sintonia entre o que

acreditam ser indispensável para um relacionamento próspero e o que de fato ocorre

na organização.

Outros itens foram lembrados, no espaço reservado para “Outros” e

surgiram: respaldo, organização, apoio, amizade e liberdade de expressão e

participação.

O diálogo, com 57% de afirmação de sua existência na organização, é

ainda um pouco mais aprofundado neste questionário.

Gráfico 10 – Diálogo aberto entre líderes e liderados

Dos entrevistados, 75% afirmam que há realmente um diálogo aberto com

os seus líderes. Tal dado positivo indica que há interação entre as partes, visto que

o diálogo é imprescindível nos relacionamentos, sendo um transformador da

realidade comunicacional (FREITAS, 2008a, p. 146).

59%26%

14%

1%

Questão 9: Em sua opinião, há um diálogo aberto entre você e seu líder?

Sempre Quase sempre Poucas vezes Nunca

51

Além disso, para que haja o engajamento dos colaboradores dentro de

uma organização é preciso que haja uma comunicação de mão dupla, entre líderes

e liderados, de forma eficiente e que conscientize as pessoas ao diálogo

(DAMANTE; LOPES, 2003). Por sua vez, quando se questiona como acontece a

comunicação com o seu líder, houve destaque para as conversas informais,

reuniões e ordem de serviço, respectivamente. Verifica-se que a forma dos

colaboradores se comunicarem é informal e ocorre principalmente de forma oral,

característica fortemente presente na Midiograf.

Gráfico 11 – Canais de comunicação com os líderes

Quanto à compreensão das mensagens comunicadas pelo líder por parte

dos receptores, 50% dos entrevistados confirmam compreender as mensagens na

sua totalidade, e 45% afirma que as mensagens são compreendidas na maioria das

vezes, ou seja, que ainda não há entendimento de 100% nas informações.

Conversas informais

Reuniões E-mailsOrdem de

serviçoOutros

Respostas 77% 42% 9% 32% 3%

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

Questão 10: Na maioria das vezes, como acontece a comunicação com seu líder? Assinale mais de uma alternativa, se necessário.

52

Gráfico 12 – Compreensão da mensagem comunicada pelos líderes aos liderados

Este gráfico demonstra a necessidade de canais que transmitam as

mensagens de forma clara para que não haja divergências nas interpretações e

falhas na comunicação.

Nesta concepção, Thayer (1976) complementa ao afirmar que para a

comunicação ser entendida e analisada de forma profunda, deve-se compreender

que antes de comunicar é necessário conhecer a quem está se comunicando.

Ao analisar os dados apresentados no gráfico 13, quando questionados

sobre em que momento realmente acontece comunicação, 43% dos entrevistados

escolheram entre duas afirmativas de caráter totalmente funcionalista, entendendo

comunicação no momento de repasse de informações e quando é necessário avisar

o líder de que algo acontece na produção ou no trabalho.

50%45%

5%

Questão 11: A mensagem comunicada pelo seu líder é totalmente compreendida?

Sim, todas as vezes Na maioria das vezes Poucas vezes

53

Gráfico 13 – Momento em que acontece comunicação, de acordo com os liderados.

Apenas 3% assinalaram a opção que indica relacionamento com outras

pessoas e 54% dos funcionários acreditam que a comunicação acontece em todos

estes momentos (informação e interação).

E, para concluir o questionário, verifica-se de que forma os funcionários

acreditam que o relacionamento entre eles e seus respectivos líderes poderia

melhorar. Das 90 opiniões obtidas (71% do total de respondentes), 30% (27)

afirmaram que não precisa melhorar em nada, pois o relacionamento existente entre

as partes é adequado, estão satisfeitos com a forma com que se relacionam; já 20%

(18) sentem falta de mais diálogo entre eles e seus chefes; por sua vez, 10% (9)

afirmaram que o respeito sempre presente no relacionamento é fundamental; 9% (8)

acreditam que pode melhorar através da comunicação; 5% (4) solicitam mais tempo

para confraternizações e 4% (3) gostariam de ter mais tempo livre no trabalho.

Outras vinte e uma opiniões e sugestões surgiram, e destacam-se como

principais:

As lideranças não apenas exigir de forma arbitrária para que suas

"ordens" sejam cumpridas;

27%

16%

3%

54%

Questão 12: Em que momento realmente acontece COMUNICAÇÃO para você?

Quando as informações são repassadas para cumprir tarefas e ordens de serviços

Quando vou informar ou avisar meu líder de algo que está acontecendo na produção ou no trabalho

Quando vou me relacionar com as outras pessoas da equipe

Em todas as alternativas acima

54

Aqui nós somos uma tribo com muitos chefes, então eu acho que se

escolher apenas um chefe vai ser melhor.

Avisar antes de tomar alguma decisão para o departamento para que

todos estejam sabendo o que está acontecendo;

Cada líder defendendo mais o seu departamento e as pessoas que o

compõe.

Companheirismo, deixando de lado a hierarquia;

Com explicações mais claras e exatas;

Com os da noite é tranquilo. Mas tem uns da tarde que precisam

melhorar muito.

Confiança;

Conhecendo mais o setor de cada colaborador, vivenciando o dia a dia,

procurando saber se os mesmos possuem dúvidas;

Ele concordar com nossas ideias;

Ele estar mais presente na produção;

Informações padronizadas no momento adequado;

Mais reuniões;

Mais educação;

Que o líder possa ouvir mais as nossas solicitações e procurar

defender sua equipe.

Reconhecendo o valor de cada um através de elogios;

Reconhecimento financeiro;

Se ele tentasse entender melhor as pessoas e escutar às vezes o que

elas estão dizendo.

Se abrir mais;

Se possível não ter nenhuma interferência quando estou falando com

ele. E não ser interrompidas as reuniões.

Trocar o líder.

As informações obtidas neste estudo e acrescidas dos relatos da

pesquisa qualitativa – já descrita nesta monografia – permitiram uma análise por

meio do cruzamento das opiniões de líderes e liderados a fim de garantir

confiabilidade às discussões levantadas, conforme ver-se-á no tópico a seguir.

55

6.4 DISCUSSÃO DOS ESTUDOS QUALITATIVOS E QUANTITATIVOS

Nesta etapa é realizada uma discussão entre os dados obtidos por meio

da pesquisa qualitativa e quantitativa com o propósito de verificar se coadunam as

opiniões de líderes e liderados, além de revelar a articulação existente na

organização sob vista das áreas de liderança e comunicação. Ou seja, como que a

comunicação pode aprimorar o relacionamento entre líderes e liderados? A

comunicação encontra-se no nível informacional ou interacional na organização?

Existem encontros ou desencontros na avaliação das práticas comunicacionais entre

gestores e funcionários?

6.4.1 A Visão de Comunicação Caminhando para uma Perspectiva Interacional

Percebe-se que a organização vivencia um processo de evolução para

um estágio de comunicação que privilegia a interação no ambiente organizacional,

deixando o nível informacional, ou seja, “saindo de um estágio de provedores de

informação para uma posição mais abrangente, capaz de construir reflexivamente o

futuro das organizações” (EINSENBERG; RILEY apud MARCHIORI, 2008a, p. 209).

Os dados obtidos pelas pesquisas permitem considerar um relativo

avanço – que ainda encontra-se em construção – nos processos comunicacionais

existentes entre líderes e liderados, ou seja, o líder preocupando-se com a maneira

mais adequada para exercer sua liderança e promover o relacionamento por meio de

canais claros e abertos; e os liderados destacando o respeito e o diálogo como

basilares para a interação entre eles.

Tanto que se destacam na pesquisa quantitativa os expressivos números

que indicam a existência de diálogo entre líder e liderado no dia a dia e nas tomadas

de decisões, sendo esta uma característica que realça a organização no contexto

das relações comunicacionais.

Os líderes dão abertura para que os funcionários os abordem durante o

período de trabalho, sendo que a hierarquia não obsta a integração entre os atores

organizacionais, ao contrário, diretores, gerentes e funcionários participam juntos de

56

confraternizações e momentos de lazer em uma área específica da organização

construída com este propósito.

Sobressai na pesquisa quantitativa que a compreensão das mensagens

ocorre em todas ou quase todas as vezes que é transmitida, indicando a eficiência

do líder em comunicar-se com seus liderados – condição sine qua non para que

aconteça a liderança comunicacional (ZALABAK, 2006) 8.

Não obstante, entende-se que a organização ainda está caminhando para

um processo interacional, uma vez que a comunicação no nível informacional é mais

valorizada. A necessidade de evoluir no entendimento da interação, tanto na

perspectiva de líderes quanto na dos liderados, é um exemplo destes desafios, visto

que é imprescindível reconhecer que interação “é mais do que enviar e responder

mensagens” (RIBEIRO; MARCHIORI; CONTANI, 2010, p. 127).

Justamente por esta razão a organização é um processo de aprendizado

e evolução contínua a fim de valorizar, além de suas práticas funcionais, a ideia de

“entender emissão e recepção como espaços recursivos, já que emissor e receptor

passam a fazer parte de um processo de relações interligadas por fios dialógicos”

(RIBEIRO; MARCHIORI; CONTANI, 2010, p. 127). Para conduzir a compreensão

dos atores organizacionais sobre interação é imprescindível a atuação do

profissional de Relações Públicas como gerenciador deste processo, que levará os

indivíduos a uma reflexão sobre o sentido da comunicação na organização.

Chanlat (apud KUNSCH, 2010, p. 54) alerta que “reduzir a comunicação

humana nas empresas a uma simples transmissão de informação [...] é elidir todo o

problema do sentido e das significações”. Ou seja, a comunicação da Midiograf deve

deixar seu aspecto informacional a fim de que líderes e liderados trabalhem juntos,

cooperem e interpretem as necessidades e atividades da organização.

Este fato é ressaltado ao observar que, quando questionado sobre o

momento em que acontece a comunicação na organização, não há um

entendimento delineado em prol de processos de comunicação totalmente

interacionais, ora por indicar expressiva porcentagem em uma visão funcional, ora

por compreender comunicação em todos os sentidos – deixando a percepção de

que a verdadeira razão da comunicação está passando por despercebida, já que

apenas 3% a indicaram.

8 A liderança comunicacional é foco desta monografia e uma discussão sobre esta temática encontra-se no tópico 6.4.2 A liderança comunicacional como chave para o relacionamento.

57

Constata-se a mesma percepção nos discursos proferidos pela alta

administração nas entrevistas em profundidade, ao denotar a prioridade de

investimento e atenção em outras áreas da Midiograf, já que o processo de

comunicação acaba sendo construído de acordo com as necessidades emergenciais

da empresa. Além disso, não há uma política de comunicação evidenciada como

afirma um dos diretores da gráfica9.

Adverte-se que a organização precisa compreender a comunicação como

um pilar dos processos organizacionais, dando sentido às falas, discursos,

interações, mensagens, experiências e todo o composto que envolve a

comunicação. Ela deve ser entendida como prioridade nos planos e visões da

organização, preocupando-se com o amadurecimento das lideranças no que tange à

gestão da comunicação, com investimentos nesta área e articulando esta postura

com a visão da alta administração.

A Midiograf caminha para o desenvolvimento pleno da comunicação, visto

que líderes e liderados demonstram-se conscientes de sua importância para o

crescimento da empresa – faltando-lhes apenas vivenciar esta experiência. Um dos

primeiros passos a ser dado é imergir em processos de liderança que desenvolvam

cada vez mais a comunicação e o relacionamento, como destacado a seguir.

9 Conforme citação do Diretor C: “A Midiograf não tem uma política de comunicação definida. É bem informal. Não há nada formalizado. É conforme o surgimento da necessidade”.

58

6.4.2 A Liderança Comunicacional como Chave para o Relacionamento

Um dos polos de maior valorização na organização são os líderes,

responsáveis por facilitar os esforços individuais e coletivos a fim de cumprir os

objetivos que foram traçados (YUKL, 2005). Torna-se, então, imprescindível o uso

da comunicação para conquistar tais objetivos almejados, construindo fluxos seguros

de comunicação e relacionamento a fim de evitar ambigüidades e incertezas.

Liderança efetiva é completamente dependente de comunicação efetiva (BARRET,

2008).

Os líderes que atuam na Midiograf revelam-se, sob a óptica dos liderados,

como aqueles que comunicam os planos e visões da organização, propondo novas

estratégias para a melhoria constante, sendo conscientes de seu papel em

propulsionar os relacionamentos com os liderados.

Esse é justamente o melhor significado para a liderança comunicacional,

líderes que estejam engajados em se relacionar de maneira eficaz e proporcionar

aos seus liderados maiores experiências de satisfação e entendimento mútuo,

capazes de impactar nos seus relacionamentos (MADLOCK; RING apud CUNHA,

2010).

Reafirma este modelo de liderança, o entendimento dos liderados acerca

do que se compreende por “relacionamento” na organização, destacando que a

maioria dos funcionários pensa da mesma forma que seus líderes, ou seja, que

relacionamento é estar preocupado com o próximo sem esperar algo em troca ou,

até mesmo, que relacionamento trata-se de interações entre duas ou mais partes.

Vale destacar que a essência do relacionamento está presente na Midiograf, tanto

por parte de líderes quanto de liderados. O ato de relacionar-se constituído na

organização proporciona um ambiente de trabalho favorável ao diálogo e

crescimento.

Cunha (2010, p. 247) destaca a importância dos relacionamentos nas

organizações ao expor que:

[...] as relações interorganizacionais têm sido reconhecidas como importante recurso para a conquista e manutenção de vantagem competitiva [...]. Os relacionamentos colaborativos merecem destaque graças à sua capacidade de construir resultados superiores à estrutura hierárquica e às relações de mercado.

59

As opiniões reveladas pelos líderes corroboram para a importância dos

relacionamentos, de “não burocratizar as relações interpessoais”, conforme dito por

um dos diretores da organização. Esta atitude poderá levar à frieza nas relações e à

perda das satisfações dos liderados e das características que vem sendo

conquistadas, como respeito, confiança e diálogo. Porém, não impede que os

processos comunicacionais da organização sejam formalizados, evitando

divergências e desencontros das informações, buscando o pronunciando de uma

voz oficial da Midiograf, uma vez que tal postura concederá maior segurança para

que os líderes melhorem seus desempenhos, inclusive, na questão comunicacional

e nos relacionamentos.

Nesse sentido, a liderança comunicacional é base para o relacionamento,

desde que a organização tenha em mente a capacidade de se organizar –

formalizando seus processos - e competência para lidar com a alteridade, ou seja,

com “os públicos com os quais a organização se relaciona” (BALDISSERA, 2010a,

p. 208).

60

7 LIMITAÇÕES DO ESTUDO

Compreendem-se por limitações do estudo as questões que dificultaram o

desenvolvimento da monografia ou os fatores que a limitaram, analisando a partir de

então, o que poderia ser melhor trabalhado para este estudo.

A aplicação de pesquisas quantitativas com os funcionários da Midiograf

não trouxe os mesmos detalhes sobre os temas trabalhados – a comunicação e a

liderança – como o alcançado com a pesquisa qualitativa, realizada por meio de

entrevistas individuais. A técnica de abordagem aplicada foi proposta pela empresa

visando abordar a maior quantidade dos funcionários e, pela própria natureza da

metodologia quantitativa, não houve o aprofundamento das respostas obtidas.

Além disso, por não haver um horário específico para aplicação da

pesquisa, sendo esta aplicada no horário de refeição dos funcionários, alguns a

responderam rapidamente ou não foram abordados pela ausência neste horário.

Apesar de tais limitações, os resultados foram produtivos e pertinentes,

trazendo à tona discussões e reflexões sobre a comunicação, o relacionamento e a

liderança nos ambientes organizacionais possibilitando a concretização desta

monografia.

61

8 CONCLUSÃO

Procurou-se, nesta monografia, destacar a liderança comunicacional

como uma concepção teórica dos estudos de liderança que está aliada aos

processos de relacionamento humano nas organizações, uma vez que estas estão

cada vez mais direcionadas à totalidade da experiência humana (MUMBY, 2010).

A busca para responder “Como a comunicação pode aprimorar o

relacionamento entre líderes e liderados” trouxe à tona a perspectiva da liderança

comunicacional como chave para aperfeiçoar o relacionamento existente entre

líderes e funcionários, dois pólos que são interligados por tensões, hierarquia e

poder – características que devem ser neutralizadas por uma gestão de liderança

que agrega a comunicação em seu estilo.

Para a plenitude, é fundamental dispor de uma liderança comunicacional

voltada aos processos interacionais da comunicação, sem instrumentalizá-la, nem

prescrever condutas. A comunicação será aprimorada a partir do momento em que

líderes estimulem uma autocrítica dos processos organizacionais, do cotidiano, do

trabalho e das atividades a serem realizadas.

Cabe, então, ao profissional de Relações Públicas a gestão destes fluxos

e desenvolvimento da liderança comunicacional na alta administração. As atividades

das Relações Públicas se tornam responsáveis por, além de gerir a comunicação,

evidenciar comportamentos que valorizem o capital humano nos relacionamentos e

na organização em si.

A liderança comunicacional visto as abordagens teóricas, é capaz de

abarcar os conceitos trabalhados por esta monografia (relacionamento,

comunicação, interação) e indispensáveis para garantir o sucesso da organização.

Aplicando-se a teoria no estudo empírico realizado na gráfica Midiograf,

constata-se que a liderança revela-se com leves traços iniciais de uma liderança

comunicacional, cujas raízes ainda precisam ser solidificadas nos processos da

organização, até mesmo porque esta teoria é desenvolvida em estudos recentes e já

se evidencia nos ambientes organizacionais. Percebe-se que essa evolução vem

ocorrendo de forma gradual, ao passo que a alta administração venha valorizar a

área de comunicação e atenue suas práticas informacionais.

62

Os índices obtidos pela pesquisa quantitativa, além de serem positivos

para a organização, apresentam um cenário organizacional com condições que

favorecem a interação entre líderes e liderados, como abertura à participação dos

funcionários na tomada de decisões e a facilidade de acesso aos diretores da

empresa.

Os caminhos já estão abertos, pois os discursos de líderes e liderados

estão alinhados e coadunam com a realidade organizacional da Midiograf, no

sentido de priorizar o diálogo, o respeito e a confiança como ativos intangíveis em

prol de relacionamentos mútuos.

Por fim, a liderança comunicacional é revelada como fomento para a

aproximação entre líderes e liderados, propiciando um novo ambiente

organizacional, que privilegia os relacionamentos humanos por meio da

comunicação.

63

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68

APÊNDICE

69

APÊNDICE A

Questionário da pesquisa quantititiva aplicada junto aos funcionários da Midiograf

QUESTIONÁRIO DE PESQUISA

Olá! Somos alunos de Relações Públicas, da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e

estamos desenvolvendo o Trabalho de Conclusão de Curso sobre o tema “Liderança e

Relacionamento”. Um dos estudos desse trabalho é o relacionamento entre líderes e

liderados, o assunto deste questionário.

Por isso, convidamos o Sr.(a) para participar desta pesquisa.

CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Conforme a Resolução 196/96 que aprova as diretrizes e normas regulamentadoras de

pesquisas envolvendo seres humanos é preciso manter a confidencialidade e privacidade.

Desta forma, solicitamos sua permissão para que você possa fazer parte deste nosso estudo.

Mais uma vez reafirmamos nosso compromisso com a não identificação de seu nome e de

seu cargo na empresa.

( ) Concordo em Participar ( ) Não Concordo em Participar

1. Para você, quem é seu líder na organização?

( ) Líder de Mesa ( ) Encarregado de Produção ( ) Gerentes ( ) Diretores

2. Como você define o seu líder? ( ) Capaz de Influenciar as atividades de um grupo para facilitar os esforços individuais e coletivos ( ) Sua atenção é voltada somente às tarefas ( ) Exerce a posição de líder de acordo apenas com a sua posição hierárquica na organização ( ) Ele (a) comunica os planos e visões da organização, propondo novas estratégias para a melhoria constante

3. Seu líder dá abertura para você expressar sua opinião no momento de tomar uma decisão? ( ) Sempre ( ) Quase sempre ( ) Poucas vezes ( ) Nunca. Por quê?___________________________________________________________

70

4. Você tem liberdade para conversar com o seu líder? ( ) Sempre ( ) Quase Sempre ( ) Poucas vezes ( ) Nunca

5. Você acredita que o seu líder utiliza o poder para influenciar o seu modo de agir? ( ) Sim ( ) Não

Se sim, de que forma? _________________________________________________________ Se não, por quê? _____________________________________________________________

6. Para você o que é “relacionamento”nessa organização? ( ) Interações entre duas ou mais partes ( ) Transferência de informações ( ) Oferecer algo às pessoas desde que haja alguma coisa em troca ( ) Estar preocupado com o próximo sem esperar algo em troca

7. Enumere de 1 a 5 as características por ordem de importância para um bom relacionamento com seu líder (sendo 1 mais e 5 menos) ( ) Confiança ( ) Respeito ( ) Empatia ( ) Diálogo ( ) Comprometimento ( ) Outros. Quais? ___________________________________________________________

8. Quais destas características estão presentes no relacionamento com o seu líder? Assinale mais de uma se necessário. ( ) Confiança ( ) Respeito ( ) Empatia ( ) Diálogo ( ) Comprometimento ( ) Nenhuma das opções acima

9. Em sua opinião, há um diálogo aberto entre você e seu líder? ( ) Sempre ( ) Quase Sempre ( ) Poucas vezes ( ) Nunca. Por quê? _________________________________________________________

10. Na maioria das vezes como acontece a comunicação com seu líder? Assinale mais de uma alternativa, se necessário. ( ) Conversas informais ( ) Reuniões ( ) E-mails ( ) Ordem de serviço ( ) Outros. Quais?___________________________________________________________

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11. A mensagem comunicada pelo seu líder é totalmente compreendida? ( ) Sim, todas as vezes ( ) Na maioria das vezes ( ) Poucas vezes ( ) Nunca. Por quê?_______________ ___________________________________________

12. Em que momento realmente acontece COMUNICAÇÃO para você? ( ) Quando as informações são repassadas para cumprir tarefas e ordens de serviços ( ) Quando vou informar ou avisar meu líder de algo que está acontecendo na produção ou no trabalho ( ) Quando vou me relacionar com as outras pessoas da equipe ( ) Em todas as alternativas acima

13. Para finalizar, de que forma você acredita que o relacionamento entre você e seu líder pode melhorar? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Muito Obrigado!