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    PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIAPortal Educação

    CURSO DE

    FARMACOTERAPÊUTICA DE

    DOENÇAS CARDIOVASCULARES

     Aluno:

    EaD - Educação a Distância Portal Educação

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    CURSO DE

    FARMACOTERAPÊUTICA DEDOENÇAS CARDIOVASCULARES

    Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para estePrograma de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuiçãodo mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contidosão dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

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    SUMÁRIO

    1 FARMACOTERAPÊUTICA NA ANGINA

    2 FARMACOTERAPÊUTICA NA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA

    3 FARMACOTERAPÊUTICA DAS DOENÇAS TROMBÓTICAS

    4 FARMACOTERAPÊUTICA DAS DISLIPIDEMIAS

    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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    1 FARMACOTERAPÊUTICA NA ANGINA

    A angina de peito caracteriza-se por intensa dor torácica que ocorre quando

    o fluxo sanguíneo coronário é inadequado para fornecer o oxigênio necessário ao

    coração. É a mais comum das condições associadas à isquemia tecidual. A causa

    primária decorre do desequilíbrio entre a necessidade de oxigênio do coração e o

    oxigênio suprido pelos vasos coronários.

    FIGURA 1 – ANGINA DE PEITO

    FONTE: Goodman & Gilman, 2003.

    A angina é classificada em:

    ANGINA ESTÁVEL - episódios anginosos precipitados por exercício,

    emoção ou estresse. Associada a estenose aterosclerótica fixa de uma artéria

    coronariana. Quando o desequilíbrio ocorre durante exercício ou estresse emocional

    a necessidade de oxigênio do miocárdio aumenta e o fluxo sanguíneo coronário não

    aumenta de modo proporcional (angina de esforço);

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    ANGINA INSTÁVEL ou ANGINA DE REPOUSO - ruptura da placa de

    ateroma com consequente adesão e agregação plaquetária que promovem redução

    do fluxo coronário. Caracteriza-se por episódios de dor em repouso e possibilidadede precipitar um infarto do miocárdio;

    ANGINA VARIANTE ou DE PRIZMETAL - vasoespasmo coronariano focal

    ou difuso que reduz episodicamente o fluxo coronariano, habitualmente está

    associado a ateromas subjacentes. Pode ocorrer em repouso.

    Os fármacos antianginosos atuam diminuindo a necessidade de oxigênio do

    miocárdio por reduzir a frequência cardíaca, volume ventricular, pressão sanguínea

    e contratilidade. Os principais fármacos utilizados na angina são os nitratos e nitritos,

    os bloqueadores dos canais de cálcio e os bloqueadores beta-adrenérgicos. Esses

    fármacos são eficazes na angina por serem capazes de reduzir a pré- e a pós-carga,

    dilatar as arteríolas coronarianas e inibir a agregação plaquetária.

    Os nitratos e nitritos, como a nitroglicerina, dinitrato de isossorbida, 5-mono-

    nitrato de isossorbida e nitrato de amila atuam na célula endotelial, promovendo

    aumento do nível intracelular de GMPc que reduz o influxo de cálcio intracelular

    causando relaxamento da musculatura lisa. A biodisponibilidade destes agentes é

    muito baixa, geralmente são administrados por via sublingual, evitando o efeito de

    primeira passagem e favorecendo a rápida absorção. A duração do efeito é de 15-30

    minutos. Outra via alternativa é a via transdérmica e oral prolongada.

    Os efeitos adversos são hipotensão postural, tontura, taquicardia, cefaleia

    pulsátil severa, efeito paradoxal da vasodilatação (taquicardia reflexa e aumento da

    contratilidade). O íon nitrito reage com a hemoglobina (ferro ferroso) produzindo

    metemoglobina (ferro férrico) que apresenta baixa afinidade pelo oxigênio. Os

    nitratos podem causar um quadro de pseudocianose, hipóxia tecidual e morte.

    É observado nos pacientes que utilizam nitratos ou nitritos tolerância que

    pode ser justificada pela incapacidade do músculo liso vascular em converter o

    nitrito ou nitrato em óxido nítrico ou pela ativação de mecanismos extrínsecos à

    parede do vaso. A tolerância é frequente quando são utilizadas preparações de ação

    prolongada ou infusões intravenosas contínuas por mais de algumas horas de modointerrupto. Uma interação medicamentosa bastante grave é a associação de nitratos

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    ou nitritos com inibidores da fosfodiesterase, como o sildenafil, que pode propiciar

    em uma hipotensão severa.

    FIGURA 2 – QUADRO DE VIAS DE ADMINISTRAÇÃO, DOSES E DURAÇÃO DOS

    EFEITOS DE NITRATOS

    FONTE: Fuchs e cols., 2006. 

    2 FARMACOTERAPÊUTICA NA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA

    A insuficiência cardíaca caracteriza-se em uma falência do coração como

    uma bomba, ocasionando incapacidade na manutenção do débito cardíacoadequado e mecanismos compensatórios, para manter a reserva cardíaca. As

    principais causas dos distúrbios da função cardíaca são: valvulopatias, miocardite,

    insuficiência coronariana, miocardiopatias, defeitos cardíacos congênitos;

    hipertensão sistêmica, hipertensão pulmonar e excesso de líquidos endovenosos.

    Os pacientes com insuficiência cardíaca apresentam como sinais clínicos

    taquicardia, fadiga ao exercício, dispneia, retenção hídrica (edema periférico e/ou

    pulmonar) e cardiomegalia.

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    A terapia da insuficiência cardíaca compreende os seguintes fármacos:

    diuréticos, inibidores da ECA, betabloqueadores, digitálicos, agentes inotrópicos

    (inibidores de fosfodiesterase e dobutamina). De acordo com o grau da insuficiênciapode ser utilizada a associação desses fármacos.

    FIGURA 3 – ESQUEMA TERAPÊUTICO NA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA

    FONTE: Page & Curtis, 1999.

    Os digitálicos são glicosídeos cardíacos com um núcleo esteroide associado

    a uma lactona insaturada e um resíduo glicosídico. São encontrados na natureza emespécies como Digitalis purpurea  (digoxina), D. lanata (digoxina e digitoxina) e

     Acokanthera ouabaia (oubaína). Os glicosídeos digitálicos, digoxina e digitoxina são

    ativas por via oral, apesar de a digitoxina ser menos hidrofílica (ausência de hidroxila

    no C12), a digoxina é a mais utilizada terapeuticamente.

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    FIGURA 4 – ESTRUTURA QUÍMICA DOS DIGITÁLICOS E A ESPÉCIE DIGITALIS.

    FONTE: Adaptado de http://toxicopoeia.com

    O mecanismo de ação dos digitálicos consiste na inibição da bomba da Na/K

    ATPase, resultando em aumento da concentração intracelular de cálcio e elevação

    da intensidade da interação dos filamentos de actina e miosina do sarcômero

    cardíaco. Em relação à farmacocinética, os digitálicos possuem boa absorção por

    via oral, biodisponibilidade de aproximadamente 70%, pode ser inativada por

    bactérias entéricas em alguns indivíduos, são amplamente distribuídos e não sofrem

    metabolização extensa. A digitoxina é metabolizada no fígado e excretada no

    intestino pela bile, os metabólitos, como a digoxina podem ser reabsorvidos no

    intestino. Os pacientes com insuficiência renal apresentam baixa depuração dos

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    As principais interações medicamentosas são relatadas com o tratamento de

    digitálicos e os seguintes fármacos:

      Diuréticos tiazídicos e de alça (aumento do risco de hipopotassemia);  Espironolactona (aumento do tempo de meia-vida da digoxina);

      Bloqueadores do Canal de Cálcio (aumento da concentração

    plasmática de digoxina e verapamil);

      Amiodarona (aumento da concentração plasmática da digoxina);

      Quinidina (aumento da concentração plasmática de digoxina);

      Antiácidos (reduz a absorção da digoxina);

      Propranolol (induz bradicardia acentuada);  Anfotericina (induz hipopotassemia);

      Simpaticomiméticos (aumento da incidência de arritmias).

    As bipiridinas amrinona e milrinona são agentes inibidores da

    fosfodiesterase III presentes nos vasos e coração, que proporcionam aumento da

    contratilidade cardíaca e do influxo de cálcio durante o potencial de ação, além do

    efeito vasodilatador significativo. Esses fármacos são administrados por via oral ouparenteral, seu tempo de meia-vida de 2-3h (amrinona) e 30-60 minutos (milrinona)

    e excretados na urina (10-40%). Os efeitos adversos são náusea, vômitos,

    trombocitopenia e arritmias (menos frequentes que os digitálicos).

    A dobutamina é outro fármaco que pode ser administrado na insuficiência

    cardíaca, atua estimulando os receptores beta-adrenérgicos, sendo mais seletivo

    para o subtipo beta-2-adrenérgico. Promove vasodilatação, aumento do volume de

    sangue ejetado e do débito cardíaco e diminuição da resistência vascular periférica.

    O tratamento com dobutamina deve ser em curto prazo, em consequência do risco

    de tolerância. Os efeitos adversos da dobutamina são taquicardia, arritmia e

    tolerância.

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    3 FARMACOTERAPÊUTICA DAS DOENÇAS TROMBÓTICAS

    As doenças trombóticas, como trombose venosa profunda, embolia

    pulmonar, trombose arterial e trombose cerebral vascular são decorrentes do

    processo de trombogênese e agregação plaquetária. A ativação das plaquetas (pelo

    contato com o colágeno e outras estruturas da matriz extracelular – como acontece

    nas lesões das paredes vasculares) é o primeiro e decisivo passo da hemostasia

    primária. Mesmo quando não há lesão no vaso, as plaquetas podem ser ativadas

    devido a uma lesão no endotélio. Quando a função do endotélio está comprometida

    (hipertensão, níveis altos de LDL, diabetes e fumo) há um aumento na probabilidade

    de adesão dos trombos no endotélio. 

    A etapa de adesão do trombo no endotélio é mediada por uma glicoproteína

    (GP Ib/IX) na superfície das plaquetas e pelo fator de von Willebrandt (uma proteína)

    na superfície das células endoteliais. Logo que as plaquetas são ativadas, alteram-

    se na forma e passam a ter afinidade pelo fibrinogênio. Isso se deve a uma alteração

    conformacional da GP IIb/IIIa na membrana da plaqueta. Segue-se a formação de

    uma rede de plaquetas, por meio de pontes de fibrina. A vasoconstrição (estimulada

    pela serotonina e tromboxano A2) favorece a fixação do trombo. Após adesão ao

    endotélio as plaquetas estendem-se sobre a superfície endotelial lesada e mais

    plaquetas vão se aderindo. O endotélio fornece ADP para ativação plaquetária e

    essa pode ser liberada para outras plaquetas. O ADP liga-se na superfície

    plaquetária por meio do receptor purinérgico P2Y.

    Os agentes farmacológicos utilizados nas doenças trombóticas são os

    antiplaquetários, anticoagulantes e fibrinolíticos. Os fármacos antiplaquetários atuam

    modulando a atividade plaquetária e diferenciam entre si quanto ao mecanismo de

    ação e estrutura química como descritos abaixo:

     ÁCIDO ACETILSALICÍLICO – dose terapêutica 75-100 mg/dia; inibe a ciclo

    oxigenase plaquetária bloqueando a geração de tromboxano A2; inibe a reação deliberação dos grânulos das plaquetas e a agregação plaquetária. Utilizada

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    quando associado ao AAS é tão eficaz quanto à ticlopidina e o ácido acetilsalicílico.

    O tratamento pode propiciar como efeito adverso fibrilação atrial, insuficiência

    cardíaca, hemorragia do trato gastrintestinal (associado ao ácido acetilsalicílico) erara trombocitopenia. Os efeitos adversos são menos frequentes que a ticlopidina.

     ANTAGONISTAS DA GPIIb/IIIa -  ligam-se ao receptor GPIIb/IIIa das

    plaquetas impedindo a ligação do fibrinogênio e de outros ligantes e, dessa forma,

    inibindo a agregação plaquetária.

     ABCIXIMAB - fragmento Fab de um anticorpo monoclonal humanizado

    dirigido contra o receptor GPIIb/IIIa, também se liga ao receptor de vibronectina nas

    plaquetas, nas células endoteliais vasculares e nas células musculares lisas. Usado

    com angioplastina percutânea para trombose coronariana. Administrado por via

    parenteral possui longa duração de ação e apresenta alto custo. A adição de

    abciximab à terapia antitrombótica reduz os eventos isquêmicos tanto em longo

    prazo quanto em curto prazo em pacientes submetidos à angioplastia coronariana

    de alto risco. Os efeitos adversos incluem sangramento, trombocitopenia,

    hemorragia intracerebral.

    EPIFIBATIDE  - peptídeo sintético administrado por via parenteral utilizado

    como adjuvante da intervenção coronária percutânea ou aterectomia para evitar

    complicações isquêmicas. Possui curta duração de ação, os efeitos adversos

    relatados são semelhantes ao abciximab.

    TIROFIBAN  - análogo da tirosina não peptídeo atuando como inibidor

    específico e do receptor GPIIb/IIIb. Apresenta curta duração de ação, sendo

    administrado por infusão intravenosa geralmente associada com heparina. Os

    efeitos adversos são iguais ao abciximab, também se observar ainda que raramente

    a ocorrência de dissecção da artéria coronariana. 

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    FIGURA 6 – MECANISMO DE AÇÃO DOS AGENTES ANTIPLAQUETÁRIOS 

    FONTE: López-Palop & Sáez, 2006.

    Os agentes anticoagulantes são utilizados tanto para a prevenção quanto

    para o tratamento de doenças trombóticas. Existem quatro classes de agentes

    anticoagulantes:

    HEPARINA - composto glicosaminoglicano com grupos SO3 e COO- e sítios

    negativos na molécula que são responsáveis pela ligação com a antitrombina III

    (ATIII) e pela complexação com a protamina. As heparinas se dividem em heparina

    não fracionada ou de alto peso molecular e heparina fracionada ou de baixo peso

    molecular. É utilizada na terapia da trombose, embolia pulmonar, isquemia cerebral,

    pós-operatório, infarto e transplante de válvulas. Em casos graves de trombose a

    hepariana é utilizada em altas doses diariamente.

    HEPARINA NÃO FRACIONADA – combina-se com a antitrombina III e inibe

    a hemostasia secundária por meio da inativação não seletiva da trombina (fator IIa),

    do fator Xa, IXa e fator XIIa. Administrada três vezes ao dia por via subcutânea;

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    HEPARINA DE BAIXO PESO MOLECULAR  - combina-se com a

    antitrombina III e inibe a hemostasia secundária por meio da inativação seletiva do

    fator Xa. Administrada uma vez ao dia por via subcutânea. Exemplos: enoxaparina,dalteparina e cetoparina.

    A heparina aumenta cerca de mais de mil vezes a velocidade de ligação da

    ATIII no fator de coagulação ativo. O fator Xa para ser inibido basta o contato com o

    complexo ATIII-heparina, diferente do fator IIa que precisa estar em contato com a

    heparina. Nesse caso a heparina LWM é suficiente.

    O principal efeito adverso da heparina é a hipersensibilidade caracterizada

    por um quadro de asma, urticária, rinite, febre e colapso. Além disso, é observada

    alopecia, hemorragia, lacrimejamento, tonteiras e vertigens e trombocitopenia. O

    efeito trombocitopênico é um dos efeitos mais críticos durante a terapia com

    heparina, resultando em sangramento grave e excessivo. Esse quadro é mais

    frequente em pacientes fazendo uso de heparina não fracionada do que com a

    heparina de baixo peso molecular. A reversão da trombocitopenia é realizada com a

    administração de um antagonista específico, o sulfato de protamina. A protamina é

    um peptídeo altamente básico que se combina com a heparina como um par iônico,

    formando um complexo estável desprovido de ação anticoagulante.

    VARFARINA – anticoagulante oral administrado na forma de sal dissódico e

    consiste numa mistura racêmica composta de quantidades iguais de dois

    enantiômeros (a forma levógira S é quatro vezes mais ativa que a forma dextrógira

    R). Seu efeito anticoagulante decorre da inibição da epóxido redutase hepática que

    catalisa a regeneração da vitamina k reduzida resultando na redução da síntese de

    fatores de coagulação II, VII, IX e X (vitamina k-dependente) e proteína C e S,

    fatores da coagulação. O efeito anticoagulante inicia-se após 8 a 12 horas após

    administração.

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    FIGURA 07 – MECANISMO DE AÇÃO DOS ANTICOAGULANTES ORAIS

    FONTE: Golan e cols., 2009.

    A varfarina é aplicada na profilaxia e no tratamento da embolia pulmonar,

    trombose venosa profunda e embolia sistêmica. O tratamento deve ser iniciado compequenas doses diárias de 5-10 mg de varfarina. É necessária uma monitorização

    do tempo de protrombina expresso como relação normalizada internacional (INR).

    Durante a terapia com varfarina devem-se considerar possíveis interações

    medicamentosas quando da coadministração com outros fármacos que se ligam

    extensivamente à albumina plasmática e com fármacos que induzem ou inibem as

    enzimas microssomais interferindo no metabolismo. O efeito anticoagulante da

    varfarina pode ser diminuído pela administração de vitamina K ou pela ingestão dealguns alimentos verdes, como salsa, couve, alface, devendo o paciente ser

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    orientado. Uma das contraindicações absolutas da terapia com varfarina são a

    gestação devido ao risco de distúrbios hemorrágicos e/ou defeitos congênitos com o

    feto e pacientes com tendência hemorrágica ou discrasia.Os efeitos anticoagulantes e o sangramento em excesso decorrente do uso

    da varfarina podem ser revertidos pela interrupção do fármaco e pela administração

    de grandes doses de vitamina K1 e plasma fresco congelado e concentrado.

    FONDAPARINUX – é um pentassacarídeo composto dos cinco carboidratos

    essenciais necessários para a ligação da ATIII; trata-se de um inibidor indireto

    específico do fator Xa. Utilizado na profilaxia e no tratamento da trombose venosa

    profunda e da embolia pulmonar. Os efeitos adversos são hemorragia,

    trombocitopenia (de incidência menor que o uso da heparina), anormalidades da

    prova hepática e reações anafiláticas;

    LEPIRUDINA/ DESIRUDINA/ BIVALIRUDINA –  são polipeptídeos

    recombinados baseados na proteína hirudina da sanguessuga medicinal ligam-se ao

    sítio ativo da trombina atuando como um inibidor direto. São utilizados na

    trombocitopenia induzida pela heparina (lepirudina), profilaxia contra a trombose

    venosa profunda (desirudina) e anticoagulação em pacientes submetidos à

    angiografia e angioplastia coronariana. Os efeitos adversos relacionados ao uso

    desses análogos da hirudina consistem em insuficiência cardíaca, hemorragia

    gastrintestinal, sangramento, hipertensão ou hipotensão, paralisia de nervos

    periféricos e faciais e insuficiência renal. São contraindicados em pacientes com

    sangramento ativo significativo, com hipertensão grave, no comprometimento renal e

    na gravidez.

    Os agentes fibrinolíticos atuam na lise rápida dos trombos por meio da

    catálise da serina protease, a plasmina, a partir de seu zimogênio precursor, o

    plasminogênio. A plasmina digere a rede de fibrina e fatores de coagulação

    inespecificamente, eliminado os trombos. Consequentemente, o efeito adverso

    comum a todos os agentes fibrinolíticos é a hemorragia.

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    FIGURA 8 – MECANISMO DE AÇÃO DOS FÁRMACOS ANTIFIBRINOLÍTICOS

    FONTE: Katzung, 2003.

     ÁCIDO AMINOCAPROICO - análogo da lisina que se liga ao plasminogênio

    e à plasmina, inibindo-os, atuando como potente inibidor da fibrinólise revertendo os

    estados de fibrinólise excessiva. Os efeitos adversos consistem em miopatia

    induzida por fármacos, necrose muscular, bradiarritmia e hipotensão;

    ESTREPTOQUINASE -  proteína produzida por estreptococos beta-

    hemolíticos que formam um complexo não covalente e estável com o plasminogênio

    numa proporção 1:1. Após a ligação há uma alteração conformacional no

    plasminogênio que passa a expor o local ativo, formando plasmina livre no plasma.

    A administração é na forma de infusão intravenosa numa dose de ataque de

    250.000 U, seguida de 100.000 U/h, durante 24-72 horas. Os pacientes com

    anticorpos antiestreptocócicos podem desenvolver um quadro de febre, reaçõesalérgicas e resistência ao tratamento. Os efeitos adversos incluem hemorragia,

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    alergia, anafilaxia e febre. A estreptoquinase pode desencadear uma resposta

    antigênica nos seres humanos, fazendo com que seu uso anterior se torne uma

    contraindicação;

    UROQUINASE - enzima serina protease isolada de cultura de células renais

    humanas, que converte diretamente o plasminogênio em plasmina ativa. A dose de

    ataque de 300.000 U são administradas durante 10 minutos e a dose de

    manutenção de 300.000 U/h é administrada durante 12 horas.

    O fator ativador do plasminogênio tecidual (t-PA) é uma serina protease

    liberada pelas células endoteliais capaz de se ligar à fibrina por meio de locais de

    lisina na extremidade aminoterminal e ativar o plasminogênio. Esse ativador possui

    maior especificidade por plasminogênio ligado à fibrina, o que limita a fibrinólise. O t-

    PA humano pode ser produzido por tecnologia de DNA recombinante. Possibilitando

    na clínica a utilização dos fármacos:

     ALTEPLASE - um t-PA humano não modificado de alto custo; inicialmente

    administrada na forma de infusão intravenosa de 60 mg e, a seguir, de 40 mg numa

    taxa de 20 mg/h;

    RETEPLASE - um t-PA humano com remoção de algumas sequências de

    aminoácidos; administrada em duas injeções intravenosas de 10 U cada, na forma

    de bolus a intervalo de 30 minutos.

    4 FARMACOTERAPÊUTICA DAS DISLIPIDEMIAS

    As hiperlipidemias ou hiperlipoproteinemias são distúrbios metabólicos que

    resultam no aumento da concentração plasmática de espécies de glicoproteínas.

    Resultando em sequelas graves como pancreatite aguda, aterosclerose e

    complicações cardiovasculares (doença cardíaca coronariana, acidente vascular

    encefálico, aneurisma, gangrena, infarto e doença vascular periférica).

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    Os lipídios e o colesterol são transportados no sangue na forma de

    complexos macromoleculares de lipídios associados a proteínas (lipoproteínas).

    Este complexo consiste num núcleo central de lipídio hidrofóbico (triglicerídeos ouésteres de colesterol) envolto por um revestimento mais hidrofílico de compostos

    polares (fosfolipídios, colesterol livre e apoliproteínas associadas). As lipoproteínas

    podem ser classificadas em: HDL, LDL, VLDL e quilomícrons.

    FIGURA 9 - METABOLISMO DO COLESTEROL 

    FONTE: Katzung, 2003.

    O transporte do colesterol segue a via exógena e endógena.

    Via Exógena do Colesterol

    •  O colesterol e os TGS absorvidos pelo TGI são transportados na linfa

    e, a seguir, no plasma sob a forma de quilomícrons até os capilares no músculo e

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    FIGURA 11 – MECANISMO DE AÇÃO DAS ESTATINAS

    FONTE: Golan e cols., 2009.

    As estatinas são bem absorvidas por via oral e sofrem extenso efeito de

    primeira passagem. A sinvastatina é um profármaco de lactona inativa que depende

    de metabolização hepática para transformação na sua forma ativa. Recomenda-se

    que a administração das estatinas seja à noite, devido à biossíntese de colesterol

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    ocorrer ao dia. Os efeitos adversos das estatinas consistem em lesão hepática, dor

    muscular, miopatias, miosite que pode evoluir para rabdomiólise, insuficiência renal

    aguda, flatulência, diarreia e hipersensibilidade (exantemas). A associação de umfármaco do tipo estatina e niacina ou genfibril aumenta o risco a rabdomiólise.

    As doses dos principais fármacos utilizados na clínica para tratamento das

    dislipidemias estão representadas no quadro abaixo:

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    Guia de Remédios. 9. ed. São Paulo: Escala, 2008/ 2009.

    GUIMARÃES, J. I.; cols. II Diretrizes para o diagnóstico e tratamento dainsuficiência cardíaca. Arq. Bras. Cardiol. Sp IV, v. 79, 2002.

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    PAGE, C. P. et al. Farmacologia Integrada. 1. ed. São Paulo: Manole, 1999.

    PALOP-LÓPEZ, R.; SÁEZ, M. P. C. Tratamiento coadyuvante en elintervencionismo coronario percutáneo del in farto agudo de miocardio. Rev.Esp. Cardiol. Supl., p. 39-48, 2006. 

    RANG, H. P. et al. Farmacologia. 5..ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.

    SILVA, P. Farmacologia. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.

    TOZER, T. N.; ROWLAND, M. Introdução à Farmacocinética e àFarmacodinâmica. As bases quantitativas da terapia farmacológica. Porto Alegre:

    Artmed, 2009.

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