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Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais – CESCAGE ISSN: 2175-8247 / 30ª Edição / JUL - DEZ / 2020
SISTEMA DE ATIVIDADE DE ARTESANATO E SUA RELAÇÃO COM A
ECOSSOCIOECONOMIA URBANA: O CASO DA FEIRA DO LARGO DA ORDEM
EM CURITIBA-PR
HANDICRAFT ACTIVITY SISTEM AND ITS RELATIONSHIP WITH
ECOSOCIOECONOMY: THE CASE OF LARGO DA ORDEM STREET FAIR IN
CURITIBA-PR
Fabíola Bevervanço Zdepski ¹
1 Pós-Doutora em Gestão Urbana pela PUCPR. Professora das Faculdades Integradas dos Campos Gerais (CESCAGE). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8237-7201.
Autora para correspondência: fabiolabz@gmail.com
Resumo: O pensamento ecossocioeconômico inova pelas especificidades que assume em diferentes campos do conhecimento, mormente pela associação de teorias e bases conceituais a partir de novos olhares para compreender a realidade. Com contribuições teóricas para a ecossocioeconomia baseadas na teoria da atividade, o presente artigo visa caracterizar o contexto social do sistema de atividade de artesanato da Feira do Largo da Ordem em Curitiba. O objetivo é analisar como a Ecossocioeconomia Urbana reflete em práticas de artesanato em uma perspectiva sociocultural e histórica. Metodologicamente, utilizou-se de observação direta (filmagens, gravações e entrevistas) das atividades e práticas de artesãos, com posterior uso do procedimento de autoconfrontação simples para instigá-los a refletir sobre suas atividades. Os resultados evidenciam que: (I) os cinco princípios da Teoria da Atividade estão associados com a ecossocioeconomia; (II) o aprendizado expansivo dos artesãos ocorre por co-configuração dinâmica do trabalho, por apropriação e transformação de conceitos, ferramentas e tecnologias; (III) o sistema de atividade é coletivo e orientado para o objeto mediado por instrumentos ou artefatos culturais; (IV) as contradições são fontes de mudanças e de desenvolvimento em e entre sistemas de atividade, e; (V) que, na perspectiva da ecossocioeconomia, as feiras livres urbanas são arranjos socioprodutivos estruturados com tessitura reticular. Conclui-se que, a exemplo da teoria da atividade, a ecossocioeconomia emerge do mundo da vida e do trabalho, em que os problemas e suas soluções acontecem por experimentações implexas na complexidade do cotidiano e em meio a contradições de mudanças paradigmáticas para superar as limitações do utilitarismo econômico por novas racionalidades. Palavras-chave: Ecossocioeconomia; Teoria da Atividade; Sistema de Atividade; Aprendizagem Expansiva; Artesanato. Abstract: Ecosocieconomic thinking innovates by the specificities it assumes in different fields of knowledge, mainly by the association of theories and conceptual bases from new perspectives to understand reality. With theoretical contributions to ecosocioeconomy, based on activity theory, the present article aims to characterize
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the social context of the handicraft activity system in Largo da Ordem Street Fair in Curitiba. The objective is to analyze how the Urban Ecosocioeconomy reflects on handicraft practices from a sociocultural and historical perspective. Methodologically, we used direct observation (filming, recording and interviews) of artisan activities and practices, with subsequent use of the simple self-confrontation procedure to instigate them to reflect on their activities. The results show that (I) the five principles of the Theory of Activity are associated with ecosocioeconomy; (II) the expansive learning of artisans occurs by dynamic co-configuration of work, by appropriation and transformation of concepts, tools and technologies; (III) the system of activity is collective and oriented to the object mediated by cultural instruments or artifacts; (IV) contradictions are sources of change and development in and between systems of activity, and; (V) that, from the perspective of eco-socioeconomic, urban free trade fairs are structured social-productive arrangements with reticular texture. It is concluded that, like activity theory, ecosocieconomy emerges from the world of life and work, in which the problems and their solutions happen through experiments implemented in the complexity of daily life and amid the contradictions of paradigmatic changes to overcome the limitations of economic utilitarianism for new rationalities. Keywords: Ecosocioeconomy; Activity Theory; Activity System; Expansive Learnins; Handicraft.
1 INTRODUÇÃO
O pensamento ecossocieconômico tem avançado desde meados do século
passado, explicitando os custos sociais e ambientais representados por
“deseconomias externas” de atividades empresariais impulsionadas pela busca
desenfreada de crescimento econômico e pela ampliação do processo de urbanização
(Kapp 1963, p.xxv - xxviii), abrindo novas perspectivas de desenvolvimento mais
sustentável e com melhor qualidade de vida (Sachs 1980; 1986; 2007), buscando
novas formas de gestão que privilegiem uma outra economia no campo das
organizações (Sampaio, 2010) e procurando abordagens de planejamento com
sensibilidade capaz de reintroduzir a dimensão social, respeitando as condições
ambientais, na busca de viabilidade econômica para novos projetos de sociedade
(Sachs, 2015, p.7).
Na atualidade, alternativas inovadoras permeadas por sensibilidade social a
partir da ecossocioeconomia têm sido observadas em diferentes campos, como, por
exemplo, em estudos para o desenvolvimento sinergético de florestas urbanas sob o
governo eletrônico (Yin e Bem, 2010), compreender atividades ou resultados focados
no meio ambiente e na sua conservação (Bennett e Lemelin 2013), avançar na teoria
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da sustentabilidade com escopo produto-estrutura-interior para o Design (Kusumarini
et al., 2011), para concepção de modelos de bio-economia e eco-economia como
bases para o desenvolvimento econômico de comunidades sustentáveis (Kitchen e
Marsden, 2011), valorizar e ampliar comunidades costeiras com morfologia heliêutica
social que buscam a apropriação comunal a partir de práticas fundadas no princípio
“giving for keeping” (Collet, 2006), avaliar feiras urbanas livres com espaço
ecossocieconômico (Grimm et al., 2016; Sampaio et al., 2017) e para compreender
arranjos socioprodutivos autogeridos comunitariamente para o desenvolvimento
territorial sustentável (Autor et al., 2018).
A Ecossocioecomia tem, assim, encontrado espaços promissores para ser
analisada a partir de sua dimensão humana e da relação do homem com seu contexto
social e coletivo. Nessa perspectiva, o presente artigo visa contribuir tendo como
objetivo caracterizar o contexto social do sistema de atividade de artesanato da Feira
do Largo da Ordem em Curitiba, analisando como a Ecossocioeconomia Urbana
reflete em práticas de artesanato em perspectiva sociocultural e histórica. A
investigação se volta para compreender como se configura tal sistema de atividade a
partir da identificação de suas práticas cotidianas e de preceitos da
ecossocioeconomia, que é compreendida como um conjunto de princípios
democráticos fundamentados nos preceitos de solidariedade, igualdade e gestão
compartilhada e sustentabilidade (Autor, 2010).
O desenvolvimento da presente investigação pauta-se em perspectiva de
análise a teoria sócio-histórica que, ao caracterizar aspectos tipicamente humanos do
comportamento, revela como essas características se formaram ao longo da história
e se desenvolvem ao longo da vida do indivíduo (Joenk, 2002). Essa teoria enfoca os
campos de interação, as instituições sociais e a estrutura social, tendo o sujeito como
quem constitui e é constituído num mundo social de mudanças que demandam novas
produções, reproduções e/ou transformações. Esses sujeitos contemporâneos são,
pois, homens concretos que, “em meio a novas necessidades, recriam a realidade ou
mesmo relacionam-se com ela a partir de como a significam”. Assim, pensar a
constituição do sujeito implica “considerar a dinâmica da relação sujeito-sociedade
como fundante de similaridades que as compõem, negam, produzem, reproduzem,
enfim, constituem” (Zanella et al. 2002, p.211-212).
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Empiricamente, a análise dos sistemas de atividades de artesanato na Feira de
Arte e Artesanato do Largo da Ordem, em Curitiba foi realizada a parir da observação
direta das atividades vinculadas à prática e entrevistas. Foi utilizado o método da
autoconfrontação simples para instigar os participantes a refletir sobre a atividade
realizada, proporcionando o questionamento e o redimensionamento de sua ação e
consequentemente da atividade.
Estruturalmente, o artigo está organizado da seguinte forma: no quadro
conceitual são abordados, no quadro conceitual, os conceitos e preceitos da teoria da
atividade e do sistema de atividade proposto por Engeström (2001), bem como a
Ecossocioeconomia Urbana e a atividade de artesanato. Em seguida, são
apresentadas a metodologia e a explicação dos métodos e técnicas de pesquisa
adotados. Na seção seguinte, há a apresentação e análise de dados, com a
apresentação da Feira do Largo da Ordem e a descrição do sistema de atividade de
artesanato da Feira do Largo da Ordem, construído a partir da pesquisa realizada com
os artesãos. Finalmente, há a discussão e são apresentadas as conclusões da
pesquisa.
Quadro conceitual
A ecossocioeconomia está imbricada na discussão sobre o
ecodesenvolvimento, que utiliza dos princípios da ecologia profunda ao repensar os
atuais estilos de vida. Como perspectiva de pensamento teórico-conceitual, a
ecossocioeconomia parte das experimentações e da análise da complexidade do
cotidiano, o que permite o desenvolvimento, com possibilidade de busca por aspectos
qualitativos essenciais. Como proposta para ações práticas, a ecossocioeconomia
busca sistematizar alternativas para a solução de problemas reais de acordo com a
diversidade dos arranjos socioeconômicos e culturais e as diferenças de recursos de
cada região, prevalecendo as identidades culturais e os interesses comuns dos grupos
(Sachs, 2007; 2008; Sampaio, 2010).
A ecossocioeconomia privilegia experiências de grupos organizados
formalmente ou informalmente, chamados de organizações (Fernandes e Sampaio,
2006), que, em suas dinâmicas de funcionamento, são ordenadas normas internas
(ou critérios intraorganizacionais). Essa dinâmica organizacional pressupõe a
necessidade de um processo de governança que conecte o contexto das ações e
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decisões internas (interorganizacionais) às externalidades das ações
(extraorganizacionais) para responder com efetividade às demandas socioambientais
do território em que a organização se insere com intencionalidades implícitas ou
explícitas; logo, estrategicamente. Isso implica a adoção de um modelo de gestão que
incorpore a sustentabilidade nas dimensões social, econômica e ambiental ao cálculo
dos resultados negociais. A extrarracionalidade, por sua vez, prevê no processo de
tomada de decisão considerar o conhecimento local (Sampaio, 2010; Sampaio et al,.
2011).
Em um contexto urbano, Sachs (2007) recomenda estratégias de
ecodesenvolvimento intensivas para configurações urbanas mais equilibradas, para
mitigar as dificuldades sociais e ambientais existentes na maioria das cidades. Desta
forma, a ecossocioeconomia urbana considera a complexidade dos subsistemas
vinculados ao território urbano e busca atender às demandas do ecodesenvolvimento
na sua acepção urbana por meio da efetividade dos critérios extraorganizacionais
(Garcia, et al. 2015).
O artesanato, em uma perspectiva que se aproxima do contexto
ecossocieconômico, pode ser entendido como um processo (político) de trabalho, pois
se apresenta como alternativa a partir de uma atividade criadora na busca de uma
melhor relação social e com o ambiente, por possibilitar uma visão de mundo para
além de uma lógica de capital (Mészários, 2011) e uma visão mais sensível (Duarte
2001). O trabalho artesanal traz, nessa perspectiva, a possibilidade de pensar, além
da atividade criadora do sujeito, na construção de sua autonomia e na transformação
da sua realidade a partir da problematização e do repensar de suas práticas,
possibilitando ir além de uma lógica societal externamente imposta. Nesse sentido, é
possível identificar o artesanato presente nas feiras urbanas como experiências
ecossocioeconômicas em curso, podendo ser identificadas como arranjos
socioprodutivos. Os arranjos estão fundamentas em uma forma de organização que
auxilia a superar barreiras de crescimento, quando fala-se em contexto econômico,
podendo assumir os mais variados tamanhos e contribuir para o surgimento de
externalidades monetárias e tecnológicas e, ao mesmo tempo, criar condições para
uma interação cooperativa e solidária (Crocco et al., 2003).
A teoria da atividade é uma estrutura filosófica e interdisciplinar que toma a
prática como unidade básica de análise (Rêgo, 1995). Para Lev Vigotski, principal
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expoente dessa teoria, o pensamento é social e pertence a um sistema coletivo de
ação, ou seja, os indivíduos não estão separados da situação cultural em que se
desenvolvem (Magalhães e Oliveira, 2011; Rêgo, 1995). A prática pode ser vista,
então, como uma forma de análise do comportamento dos atores individuais, com
suas realizações e condutas, bem como o resultado do processo de interação que é
construído histórica e socialmente a partir da sua legitimação em determinado
contexto organizacional.
A teoria da aprendizagem expansiva, formulada por Engeström (1987, 2001,
2002), baseia-se em ideias fundamentais apresentadas por Vigotski, Leontiev, Ilenkov
e Davydov, figuras-chave na escola russa histórico-cultural da teoria da atividade,
principalmente nas discussões feitas por Leontiev e no diagrama inicial de Vigotski,
que considera a tríade sujeito-objeto-mediação. Engeström incluiu à análise as regras,
a comunidade e a divisão de trabalho na análise da atividade, realçando a diferença
entre a ação individual e a ação coletiva a partir da necessidade de desenvolver
ferramentas conceituais para analisar e compreender a comunicação entre as
múltiplas perspectivas e redes dos sistemas interativos de atividade (Engeström
Seannino, 2010, p.2).
Engeström e Sannino (2010) indicam que a teoria da aprendizagem expansiva
é particularmente útil em análises de aprendizagem não tradicionais e nas
configurações híbridas e multi-organizacionais. Para os autores, o surgimento de
atividade de aprendizagem expansiva é visto como uma consequência das
transformações históricas no trabalho e gera uma demanda social e histórica por um
novo tipo de aprendizagem.
A ecossocioeconomia se pauta em três princípios: a gestão interorganizacional,
a efetividade extraorganizacional e a extraterritorialidade. O primeiro ocorre na
mediação entre os interesses público e privado, quando as decisões organizacionais
consideram as consequências de seus atos ao seu entorno territorial e aqueles que
vão sofrer as externalidades da sua ação. O segundo diz respeito a critérios
socioeconômico-ambientais integrados ao cálculo das consequências societárias para
incorporar a necessidade de responder às demandas procedentes do território onde
está instalada. Não apenas na microcomplexidade do território, mas também na
macrocomplexidade dos demais espaços associados. O território da
ecossocioeconomia é resultado da dinâmica e entrelaçamento dos fluxos econômico,
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social, geográfico e natural (território microcomplexo), que se refletem nos espaços
aos quais se correlaciona (território macrocomplexo), sejam estes locais,
microrregionais, regionais, nacionais ou internacionais. O terceiro, resulta da
operacionalização dos dois primeiros princípios, associando no processo de gestão e
tomada de decisão organizacional a socioeconomia das organizações, as demandas
sociais do seu território, por meio do emprego de uma racionalidade ou, então, uma
extraracionalidade (racionalidade restrita a um território, isto é, conhecimento local)
sustentada nas bases do ecodesenvolvimento, como forma de combater a hegemonia
da racionalidade utilitarista (Sampaio, 2010).
A análise do sistema de atividade humana deve representar as ações
individuais ou de um grupo inseridas e integradas em uma estrutura mais ampla,
denominada de sistema de atividade coletiva (Engeström, 1987). Na maioria dos
contextos humanos, as atividades são mediadas pelo uso de instrumentos que são
culturalmente estabelecidos, principalmente pelas tradições de atividades geradas
anteriormente por outros seres humanos que podem ser invocadas no presente pelo
uso desses instrumentos ou artefatos previamente estabelecidos (Engeström, 2001).
O artesanato é uma prática social, dinâmico e em constante transformação. No
núcleo da prática artesanal há uma relação indissociável entre o fazer e o pensar,
afastando-se de uma simples reprodução de habilidades e, atrelado a isso, há uma
conexão entre os materiais, natureza e o engajamento do artesão (físico e intelectual),
aliando imaginação criativa e movimentos do corpo. Na prática artesanal, para Lima
(2009, p.2), é “o gesto humano que determina o ritmo da produção. É o homem que
impõe sua marca sobre o produto.”
A partir de um sistema de atividade coletivo, é possível falar em aprendizagem
expansiva, considerando que o conteúdo e os resultados de aprendizagem não são
apenas conhecimento, mas novas formas de atividades práticas e novos artefatos
construídos ao longo do processo de descoberta. O aprendizado é, então, dirigido por
verdadeiras necessidades de desenvolvimento de práticas humanas e instituições,
necessidade esta que geralmente se manifesta em perturbações, falhas, problemas e
episódios de questionar a prática existente (Engeström, 1987).
As rupturas tornam-se, então, fatores determinantes para as relações entre os
indivíduos, sendo influenciadas também por outros contextos, pois a sociedade e o
meio transformam-se a partir das relações econômicas e históricas e toda atividade
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está inserida em um contexto social, compartilhada a partir das regras sociais,
artefatos e tecnologias. Isso permite que o processo de aprendizagem prossiga
através de ciclos complexos de ações de aprendizagem, permitindo que novos objetos
e motivos sejam criados e implementados, abrindo possibilidades mais amplas para
os atores envolvidos na atividade, bem como trazendo a possibilidade do
desenvolvimento de novas ferramentas como veículos para transformar os
procedimentos da atividade. Na Feira do Largo da Ordem, a integração, a vivência e
a troca de experiências entre os feirantes e os visitantes, contribuem para a criação
de situações de aprendizado, novas técnicas e padrões institucionais de organização
e relações sociopolíticas.
Engeström (2001) desenvolveu cinco princípios da teoria da atividade,
acrescentando a elas o princípio de transformação expansiva da atividade. Em
resumo, o primeiro princípio diz respeito à unidade de análise, que é o sistema de
atividade coletivo orientado a um objeto e mediado por artefatos; o segundo é formado
pela multiplicidade de vozes, com diferentes pontos de vista, tradições e interesses; a
historicidade é o terceiro princípio; o quarto se relaciona à centralidade das
contradições como fontes de mudança e desenvolvimento; e o quinto princípio é
representado pelas transformações expansivas nos sistemas de atividade, quando há
a recontextualização do motivo e do objeto da atividade e a ampliação dos horizontes
de possiblidades.
O objeto da aprendizagem expandida “consiste no contexto da crítica, do
contexto da descoberta e do contexto da aplicação dos conteúdos (...) específicos sob
exame” (Engeström 2002a, p.197). Há, então, uma transição expansiva a partir da
auto-organização e criação de redes de aprendizagem que transcendem as fronteiras
institucionais e criam um instrumento coletivo de aprendizagem. Para Engeström
(2002), o primeiro contexto característico dos espaços de aprendizagem é o de prática
social, que surge nos espaços de aprendizagem, ou seja, no contexto de descoberta,
e que ocorre entre aprendizes no processo de aprendizagem.
O artesanato não conteria significado se observado fora do seu contexto
cultural, pois são os hábitos, costumes, tradições, conhecimentos e experiências que
geram as condições de vida que dão origem e existência ao artesanato (Pereira,
1979). A atividade de artesanato é constituída, portanto, de tenções e interações entre
as dimensões econômica e social do trabalho artesão, que revelam a complexidade e
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a dinâmica dialógica entre a produção cultural e o seu potencial econômico, entre o
tradicional e o contemporâneo.
Os elementos que permitem uma construção colaborativa do conhecimento são
os sujeitos, o objeto, os instrumentos ou ferramentas, a divisão do trabalho, as regras
e a comunidade. Os sujeitos são as pessoas, grupos ou subgrupos que são os que
realizam a atividade e que sua maneira de agir é tomada como ponto de vista para a
análise. O instrumento ou as ferramentas são responsáveis pela mediação entre o
sujeito e o objeto. Os instrumentos podem ser físicos e simbólicos, externos e internos
(Engeström, 2001). O objeto é o que se busca alcançar na atividade, ou seja, é um
convite à interpretação, fazendo sentido pessoal e trazendo transformação social,
abrangendo a “matéria-prima” e o “espaço do problema” no qual a atividade é dirigida
e desenvolvida. A divisão de trabalho revela o papel de cada sujeito na atividade,
define como as atividades são distribuídas, conscientemente ou não, entre os
indivíduos e como as ações irão configurar relações de poder com o objeto da
atividade. Com isso, tem-se a divisão horizontal de tarefas e divisão vertical de poder
e status (Engeström e Sannino, 2010). As regras definem a divisão de trabalho,
organizam a atividade e são representadas por regulamentos explícitos e implícitos,
convenções e normas que restringem as ações dentro do sistema de atividade. A
comunidade é constituída por todos aqueles que se relacionam indiretamente na
construção do objeto, ou seja, compreende os indivíduos e subgrupos que
compartilham o mesmo objeto em geral (Engeström e Sannino, 2010). Um sistema de
atividade estrutura-se conforme a Figura 1:
Figura 1: A estrutura de um sistema de atividade humano.
Fonte: Engeström (2002a, p.36).
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Ao analisar o esquema apresentado na Figura 1, Engeström (2002a, p.36)
explica que “o sub-triângulo superior [...] pode ser visto como ‘a ponta do iceberg’
representando ações individuais e grupais aninhadas em um sistema de atividades
coletivo”. Na figura, o objeto “é mostrado com a ajuda de uma figura oval” para indicar
“que ações orientadas para o objeto são sempre, explicita ou implicitamente,
caracterizadas por ambiguidade, surpresa, interpretação, busca de sentido e potencial
para mudanças.”
O processo de descoberta surge a partir da ascensão do abstrato para o
concreto. A partir desse processo os indivíduos passam a ter a oportunidade de
“analisar criticamente e sistematicamente sua atividade prática e suas conclusões
internas” para que possam então “elaborar e implementar na prática um caminho
alternativo, um modelo novo de fazer trabalho” (Engeström, 2002b, p.192).
Para a ecossocioeconomia, as cidades são resultado de um processo social no
qual o espaço produzido somente pode ser compreendido à luz das sociedades que
o habitam. Partimos, então, do pressuposto de que os espaços urbanos, ao
constituírem redes associativas ou organizações da sociedade civil, atuando de
maneira a contribuir para a concepção e implantação de políticas públicas, criam
ambiência para a emergência de arranjos sociopolíticos e/ou socioprodutivos que, por
sua vez, promovem iniciativas muitas vezes invisíveis ao Estado.
As atividades dos artesãos, então, podem se mostrar importantes para a
dinamização da vida social, econômica e cultural de contextos urbanos. Entendemos
que as iniciativas estabelecidas podem indicar perspectivas de sustentabilidade do
desenvolvimento local e constituir-se importantes meios para combater a pobreza e a
exclusão social (Grimm et al., 2018), o que é passível de ser observados nas
experiências postuladas sobre as ecossocioeconomias no debate atual.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
A análise dos sistemas de atividades de artesanato na Feira de Arte e
Artesanato do Largo da Ordem, em Curitiba, foi realizada a partir da observação direta
das atividades vinculadas à prática, o que envolveu o uso de filmagens, gravações e
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a realização de entrevistas pautadas em roteiros de coleta de dados sobre as
atividades dos artesãos que expõem seus trabalhos naquele local.
Buscou-se compreender os contextos que se materializa o sistema de atividade
analisado para identificar se é possível concebê-lo como um espaço de aprendizagem
(Engeström, 2002a; 2011; 2014), que permita ao artesão aprender e criar algo que
ainda não está posto na atividade dos artesãos e compreender como a
Ecossocioeconomia Urbana e suas manifestações poderiam perpassar suas práticas.
Para isso foi utilizado o método da autoconfrontação simples como fase em que
pesquisador e pesquisado se reúnem para assistir à sequência filmada e editada pelo
pesquisador, com o pesquisado emitindo comentários a partir do autoconfronto
estabelecido com as imagens do seu fazer (Faïta, 1997; Faïta e Vieira, 2003). Com a
autoconfrontação simples buscou-se instigar os participantes a refletir sobre a
atividade realizada, que foi observada e filmada anteriormente, proporcionando o
questionamento e o redimensionamento de sua ação e consequentemente da
atividade. Entendemos que, ao estimular os indivíduos a refletir sobre suas atividades
e o contexto em que se insere, há a possibilidade de transformação de atividades e
de ampliação das formas de vivência entre os indivíduos envolvidos nos sistemas de
atividade de artesanato e outros atores, como o turista, por exemplo. Interessa
identificar como os indivíduos resgatam as criações que são fruto de sua experiência
e do compartilhamento em comunidade, reinterpretam e expandem a atividade de
artesanato.
A pesquisa envolveu um levantamento das manifestações de artesanato da
Feira do Largo da Ordem, um mapeamento das formas de produção e técnicas,
priorizando aquelas com predominância das técnicas manuais. Foi feito um contato
inicial com os artesãos com o intuito de conhecer os seus modos de produção e
convidá-los a participar da pesquisa. Os relatos orais e a produção foram registrados
utilizando como metodologia a narrativa (Manning e Cullum-Swan, 1994) e coletados
por meio de atividade de campo. Na coleta foram também analisados documentos no
site da Prefeitura Municipal de Curitiba sobre as normas, atividades e forma de
organização da feira.
O critério para a escolha dos respondentes foi a de ser feirante legalmente
inscrito para comercializar no espaço da Feira e produzir artesanato de acordo com
as normas estabelecidas pelo Instituto de Turismo da cidade de Curitiba, além de ser
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responsável por todo o processo de produção do artesanato que comercializa. O
estudo se limitou a cinco feirantes em função da estratégia de utilização de narrativas
individuais e da autoconfrontação, que foi realizada aos domingos durante a
realização Feira, com o objetivo de captar em profundidade traços do modus vivendi
que possam ser relacionados e confrontados com a base teórico-conceitual
desenvolvida.
Os indivíduos entrevistados participaram de livre e espontânea vontade do
processo de pesquisa. Os artesãos foram informados na primeira abordagem que
poderiam, se quisessem, desistir de participar da pesquisa a qualquer momento, sem
que isso lhes trouxessem algum tipo de ônus ou prejuízo e que haveria o descarte dos
vídeos e outros materiais produzidos até então. Ao total, três feirantes desistiram de
participar da pesquisa ao longo do processo, alegando que, por causa da dinâmica da
feira, teriam medo de perder clientes durante a realização da pesquisa, já todo o
processo foi realizado in loco. O movimento de pessoas durante a feira pode ser de
fato considerado um fator limitador, principalmente pela de dispersão dos
entrevistados em alguns momentos para atender aos clientes e eventual necessidade
de retomar informações anteriores. Houve, então a necessidade de ajustar o processo
de coleta de dados à dinâmica da feira e ao seu período de duração.
Os trechos literais apresentados foram incluídos com a anuência dos
pesquisados. Cada descrição procurou preservar traços da linguagem de cada
indivíduo no uso dos termos e no significado dado a cada questão.
As entrevistas preliminares foram realizadas no período de dezembro a abril e
o processo de autoconfrontação simples ocorreu no período de abril a junho de 2018.
2.1. FEIRA DE ARTE E ARTESANATO DO LARGO DA ORDEM
O contexto do estudo é formado pela Feira de Arte e Artesanato do Largo da
Ordem, em Curitiba, que funciona aos domingos entre as 9h e as 14h, cuja trajetória
histórica remonta a década de 1970, e onde são comercializados artesanatos dos
mais variados além de alimentação e a oferta de atrações artísticas e culturais.
A Feira ocupa um espaço que começa na Rua Mateus Leme, passa pela Rua
José Bonifácio, cruza as ruas do Rosário e Duque de Caxias e vai até uma altura da
Rua Jaime Reis, contorna a Praça Garibaldi, cruza as ruas Dr. Murici, Ébano Pereira,
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Desembargador Ermiliano de Leão e termina próximo à Mesquita Muçulmana, ficando
as barracas em sua maioria no Largo São Francisco. Nesse lugar, o povo manifesta
seus usos, costumes por meio do seu artesanato, gastronomia e outros elementos
culturais típicos, sendo considerado um atrativo turístico frequentado tanto por
moradores da cidade e região quanto por turistas (Roesler et al., 2008) de diferentes
contextos nacionais e internacionais.
A feira tem aproximadamente de 1,6 km de extensão e é formada por
aproximadamente 1.400 barracas habilitadas para comercializar variados produtos e
serviços. O público circulante é de aproximadamente 22 mil pessoas. A organização
da Feira é de competência da Secretaria de Turismo de Curitiba, que regulamenta o
funcionamento e as atividades por meio do Decreto N° 797/06 e da participação de
sete feirantes que fazem parte de uma Comissão de Feira. Essa Comissão, em
conjunto com outros membros do Poder Público, Iniciativa Privada e Área
Educacional, participa das decisões sobre a gestão da feira (Grimm et al., 2016). O
objetivo do decreto é religar a exposição e comercialização de produtos provenientes
de atividades artesanais e artísticas culturais, que abrangem artes plásticas, arte
popular, artesanato, produção artesanal de pequena escala e atividades oriundas de
apresentação artística, objetos de coleção e antiguidades e arte culinária.
2.2 DESCRIÇÃO DO SISTEMA DE ATIVIDADE DE ARTESANATO
Nesta seção são apresentados os relatos dos artesãos obtidos a partir das
entrevistas e do processo de autoconfrontação, que organizados com vistas a
configurar o sistema de atividade de artesanato proposto por Engeström (2001). Os
relatos dos participantes buscam relacionar os achados durante o processo de
pesquisa com os elementos do sistema de atividade de artesanato construído a partir
da análise do contexto estudado.
2.2.1 Constituição do Sistema de Artesanato da Feira do Largo da Ordem
A análise do sistema de atividade de artesanato foi realizada a partir da análise
da atividade dos indivíduos que produzem e vendem artesanato em bancas de feira e
que oferecem o resultado de sua produção diretamente ao
turista/morador/frequentador na Feira do Largo da Ordem aos domingos, sendo
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regularmente autorizado para tal. A atividade de artesanato aqui é entendida como
toda a produção resultante da transformação de matérias-primas, predominantemente
realizada de forma manual ou de pequenas máquinas, por indivíduos que tenham o
domínio integral de uma ou mais técnicas artisticamente articuladas.
Os artesãos participantes da pesquisa foram: Júlio, pintor e entalhador de
profissão, vende esculturas feiras de pneus na Feira do Largo da Ordem há dois anos,
junto com seu irmão; Marcelo era proprietário de uma oficina de lateria e pintura,
tornou-se artesão há 7 anos e comercializa esculturas em metal na Feira há
aproximadamente 3 anos; Elke, que é professora de profissão e começou a fazer
trabalhos manuais após se casar e começou a fazer as peças em tecido para cozinha
exclusivamente para participar das feiras, sendo que atua na Feira do Largo da Ordem
há dois anos e há sete anos na Feira do Passeio Público. Izabel, que trabalha na Feira
do Largo da Ordem há 19 anos e que começou a atuar na feira em uma barraca de
lanches e hoje produz e vende peças com madeira de reaproveitamento com seu
marido; Henry, que era funcionário de uma empresa multinacional quando resolveu
sair do emprego para ficar mais tempo com a família e então resolveu fazer cursos
sobre produção de móveis de madeira e de marchetaria em busca nova alternativa de
renda e também como terapia após descobrir uma doença, e atua na Feira há 7 anos.
Os sujeitos envolvidos na atividade de artesanato na Feira tinham outras
atividades antes de empreender na Feira e hoje têm, no artesanato, sua principal fonte
de sustento. Júlio, por exemplo, vem de família artesã enquanto Marcelo tinha
interesse em artes em metal desde a infância e antes de ser artesão tinha uma oficina
de lataria e pintura e relata refletir sobre as peças que descartava e a possibilidade de
criar a partir delas: “(...) tinha essa oficina de lataria e pintura e eu via essas peças
que iam ser jogadas fora e pensei, puxa, o que eu posso fazer com isso? E comecei
a brincar.” “A partir dali comecei a me interessar mais, mais, até que chegou um
momento que eu parei com a oficina e me dediquei só a esse trabalho” (Marcelo,
artesão). Na maioria dos casos, há um aproveitamento das experiências anteriores
pelos artesãos. Todos já participam da Feira há, pelo menos, dois anos e seus relatos
apontam terem já conhecimento parcial de técnicas e ferramentas de trabalho que
permitiram a transição das atividades anteriores para o artesanato, tendo, então, o
aprendizado facilitado por essa trajetória e práticas. Há, também, uma preocupação
premente com a sustentabilidade, fato que presente na fala de artesãos Marcelo, Julio,
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Izabel e Henry, que usam madeira e outros materiais de descarte em suas peças e
que fizeram dessa preocupação uma prática, além de uma fonte de renda.
Em relação ao objeto, eles são diversos e se transformam pela interação dos
artesãos com o público, redes sociais e internet. A internet é utilizada como fonte de
inspiração, local de venda e divulgação por alguns deles. Marcelo relata que pesquisa
fotos de instrumentos musicais e barcos vikings na Internet, mas, segundo ele, o
próprio processo de transformar aqueles materiais que iriam ser jogados fora já fazem
o objeto ser bem diferente da foto, pois ao procurar aproveitar todos os objetos que
tem para fazer uma escultura, cada escultura acaba sendo feita de forma diferente
porque ele nem sempre tem as mesmas peças.
Já Elke se diz autodidata quando se refere ao aprendizado das técnicas que
utiliza para produzir as peças, “vou procurando, vou pesquisando, vou fazendo”. Ela
afirma que a inspiração para fazer as peças vem das revistas e da Internet (Pinterest),
bem como das aulas de artesanato que leciona, e relata que chega a sonhar com as
peças. Os turistas e visitantes também são fonte de inspiração quando trazem
informações que a ajuda a repensar alguma peça: “algumas pessoas olham o produto
e dizem, ah, por que você não põe o botão assim? E então eu penso como essas
mudanças podem dar mais praticidade à peça”. Ao falar sobre suas como cria novas
peças, Elke relata: “eu vi na televisão que várias pessoas levam marmita de casa para
o trabalho então eu pensei em fazer essa peça como uma opção”. “Eu não crio todas
as peças iguais, eu faço cada uma de um jeitinho diferente, porque eu acho que o
artesanato não é indústria.” “Eu vou combinando as cores e decidindo o que eu vou
fazer enquanto eu vou fazendo.”
Ao descrever como busca ideias para produzir, Izabel diz: “se eu te contar que
vem tudo dessa cabeça aqui...eu deito à noite e já fico imaginando e aí levanto e vou
fazer”, e complementa: “é tão gostoso trabalhar com a madeira que você vai criando”,
algumas inspirações vem do cotidiano, como uma peça que ela vê numa novela, mas
“daquilo ali a gente já faz outras coisas também”.
Henry começou produzindo peças representativas do Estado do Paraná, como
as peças com figuras de araucária e pinhão, com o objetivo de servir como souvenir
para os turistas. Hoje, além de manter alguns produtos nessa linha, ele busca a
inspiração em imagens e outros produtos que não são feitos de marchetaria “vejo fotos
de pinturas, de entalhes em madeira”, ele fala, “vi um trabalho de entalhe em madeira
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na casa da minha mãe, achei bonito e agora vou tentar fazer em marchetaria.”
“Algumas coisas eu crio, outras eu me inspiro em coisas já feitas.”
Há relativamente pouca interação dos feirantes entre si. Esse fato se explica
porque a interação é vista, por muitos, como fonte de conflito, principalmente pelo uso
do espaço e eventuais semelhanças entre produtos de diferentes feirantes, o que
causa certa concorrência.
A divisão do trabalho é influenciada pela forma como o trabalho é organizado,
pelo exercício de atividade manual essencialmente individual e em pequena escala.
A maioria dos artesãos trabalham individualmente ou com a ajuda de familiares.
Segundo Júlio, o trabalho tanto de produção quanto de venda é dividido entre ele e o
irmão. Júlio explica: “por exemplo, enquanto um corta o outro pinta. Ou enquanto um
corta, o outro lava o pneu.” Ambos podem fazer todo o processo, mas dividem o
trabalho para “não ficar repetitivo.” Ele relata, ainda, que os custos e ganhos são
divididos igualmente entre os dois e eles se revezam semanalmente para vender os
produtos na barraca, para gerenciar a página do Facebook e para fazer as entregas
ou o envio das peças.
Outros feirantes exercem concomitantemente outras atividades relacionadas
quando o tempo permite. Elke ensina costura em sua casa. Ela relata que tentou
ensinar sua filha para que ela a ajudasse na produção, mas sua filha escolheu não
seguir a atividade da mãe.
Sobre as ferramentas de trabalho, o artesanato é produzido em casa,
preservando as características conceituais que o define como tal, com produção
predominantemente manual a partir de insumos locais, utilizando-se de pequenas
máquinas e de ferramentas específicas.
É possível identificar o uso instrumentos externos na fala de alguns feirantes.
Julio, por exemplo, participa de um grupo de artesãos nas redes sociais e desse grupo
retira grande parte da informação sobre técnicas, materiais e procedimentos para
elaborar as peças que produz, sendo uma ferramenta externa de aprendizagem, pois
essa interação influencia na forma como as peças são produzidas. Marcelo relata que,
por causa do peso das peças, foram necessárias adaptações para atender o turista.
Então, ao longo do processo, ele tenta deixar a peça mais leve sem tirar as
características artísticas e, pelo fato de trabalhar com peças improváveis, ele tenta
adaptar as peças que ele encontra nas esculturas que têm mais saída. Além de
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sempre repensar a questão de materiais que nunca são os mesmos, Marcelo
complementa: “eu não tenho como produzir em série porque cada escultura é feita
com as peças que tenho à disposição no momento”, entretanto, ele procura não sair
do padrão estabelecido e da gama de produtos, pois entende que já é conhecido pelo
estilo das esculturas que produz.
As regras versam em torno da forma e da qualidade no atendimento aos
clientes, principalmente aos turistas, havendo uma grande preocupação em informá-
los sobre as características das peças que são oferecidas. Em termos
organizacionais, há uma preocupação expressiva dos artesãos em seguir as normas
impostas pela prefeitura para a permanência na Feira, principalmente ao respeito à
oferta de produtos aprovados quando da obtenção da licença para atuar na feira, bem
como assiduidade e cumprimento de horários para montagem e encerramento da
feira. Quanto ao controle externo, os artesãos não demonstraram perceber uma
fiscalização mais intensiva do que a assinatura da presença em lista que é passada
pelos fiscais da prefeitura, mas todos se veem na obrigação de cumprir as regras pré-
estabelecidas.
Em relação as regras para a produção das peças, os artesãos que utilizam de
ferramentas e máquinas para sua produção mostram-se preocupados com normas de
segurança durante o processo de produção das peças. Alguns feirantes, criam
algumas regras próprias para a produção da peça. Henry ele relata que na segunda-
feira, após ver peças que foram vendidas na feira no domingo e ele vai precisar repor,
ele estabelece quantas peças vai fazer na semana. “Primeiro eu vou cortando as
lâminas e às vezes eu já sinto que não vai dar para fazer tudo aquilo. E, então, eu já
separo uma parte porque sei que não vou fazer tudo.” Ao repensar a meta que foi
estabelecida anteriormente ele vai mudando, pois sabe o tempo que leva para
produzir as peças para que sejam comercializadas no domingo. “Segunda e terça eu
tenho que cortar, até no máximo quarta, aí na quinta eu tenho que colar, lixar, passar
selador, então conforme eu vou cortando, eu já vou vendo se vou conseguir terminar
algumas coisas ou não.” Ele adapta sua rotina se tem encomendas, por exemplo.
A relação com a comunidade é marcada internamente pela interação com os
turistas, outros feirantes e com a prefeitura. Nenhum artesão participante da pesquisa
faz parte de associações ou cooperativas, sejam elas relacionadas à participação na
Feira ou não. A relação com outros feirantes é vista com certa harmonia,
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principalmente com os mais próximos, que são considerados como “família”.
Entretanto, há relatos de conflitos entre feirantes por questão de uso do espaço e
oferta de produtos semelhantes. Izabel relata saber que “lá embaixo, que dizem que
tem muita guerra”, mas que não se envolve. “Esse lado é o melhor que tem, todos se
dão muito bem”. Ela diz não perceber troca de informação entre os feirantes, pois
“cada um trabalha com seus produtos, cada um vê a sua parte” e que “coma correria
do atendimento da Feira não dá tempo de conversar com ninguém”. Um problema
percebido por ela, é que muitos feirantes revendem e não produzem o que vendem, o
que, para ela, descaracteriza o que é o artesanato e é uma fonte de brigas e
discussões entre os feirantes. Externamente, alguns artesãos, como o Júlio, Marcelo
e Henry fazem parte de grupos e têm perfis nas redes sociais para troca de informação
e para a divulgação de seus produtos.
3 DISCUSSÃO
Durante o desenvolvimento da pesquisa com os artesãos foi possível identificar
a os cinco princípios da atividade propostos por Engeström (2001) e relacioná-los com
a Ecossocioeconomia Urbana.
Em relação ao aprendizado expansivo (Engeström, 2001) entre artesãos que
atuam na Feira do Largo da Ordem de Curitiba, evidenciou-se ocorre por co-
configuração dinâmica do trabalho a partir da apropriação e transformação de
conceitos e ferramentas, como uma aprendizagem transformadora capaz de ampliar
radicalmente os resultados trabalho em função de influências culturais e tecnológicas.
Todos os entrevistados exerciam outro tipo de atividade econômica antes de
participarem da Feira ou introduziram novas ferramentas, explicitamente objetivadas
e articuladas para criar modelos e conceitos novos de trabalho. Com isso, verificou-
se a configuração necessária para a identificação da aprendizagem expansiva, dado
que houve a aprendizagem necessária para a transformação do conceito de uma
atividade de um tipo histórico para outro na transição entre as atividades exercidas
anteriormente e aquela exercida na Feira.
A partir da análise das falas dos feirantes, é possível identificar a aprendizagem
expandida a partir do momento em que os feirantes analisam sua prática, transformam
os objetos que produzem a partir da interação com os visitantes da feira e
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compradores, da busca e aplicação de novas técnicas e na tentativa e erro na criação
e venda das peças. É possível identificar o contexto de transição expansiva conforme
apregoado por Engeström (2002) na Feira do Largo da Ordem, pois os feiram buscam
ressignificar sua prática e seus produtos a partir da auto-organização e criação de
redes de aprendizagem, fazendo da feira um espaço coletivo de aprendizagem.
O sistema de atividade é coletivo e orientado para o objeto e mediado por
instrumentos ou artefatos culturais. Na análise dos sistemas de atividade de
artesanato foi possível perceber que a agência é dividida entre os indivíduos em parte
dos casos descritos, seja pela participação da família e da interação com os turistas e
pelas redes sociais. Nesse sistema, o conhecimento é repassado em partes ou
indiretamente e, ao mesmo tempo, o sujeito agente se configura como fonte de
informação e conhecimento.
A multiplicidade de vozes considera que os artefatos (ferramentas), regras e
divisão do trabalho trazem consigo e permitem a análise das história, valores e
posições dos sujeitos que moldam a atividade e demandam diferentes ações de
negociação e colaboração. A multiplicidade de vozes é explicitada nas diferentes
origens dos indivíduos, nas suas relações com a Feira e na forma como os artesãos
utilizam a sua história na condução e dinamização da própria atividade. A
multiplicidade de vozes também é percebida nas relações dos indivíduos com a
comunidade, bem como na busca de relações de parceria para divulgar e oferecer os
seus produtos. Desta forma, entendemos que o sistema de atividade deve ser visto à
luz das histórias dos indivíduos, pois sua historicidade é construída e transformada ao
longo do tempo em função de condicionantes territoriais e a trajetória dos artesãos
demonstra que suas práticas vêm sendo construídas e descontruídas espaço-
temporalmente.
As contradições são fontes de mudança e de desenvolvimento resultam de
construção histórica em e entre sistemas de atividade, pois ao promoverem tensões
em tais sistemas motivaram o desenvolvimento pela necessidade de adequação a
novos contextos. A fonte de contradição primária identificada foi a situação
econômica, que motivou a busca por novas opções de renda em que o artesanato se
configurou como oportunidade. A força motriz das mudanças foi a preocupação de
que a configuração dos produtos tenha valor de troca no mercado a partir de
elementos como originalidade, preço e atratividade.
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Os novos usos atribuídos às ferramentas de trabalho existentes apresentaram-
se como fontes de contradição secundária, pois permitiram a modificação e a
construção dos objetos das atividades analisadas no sistema de atividade. A
contradição terciária ocorre quando se introduz uma forma culturalmente mais
avançada no sistema de atividade central, causando, assim, um desconforto entre o
objeto ou motivo da atividade central com o objeto ou motivo que foi inserido. A
inserção artesanato como atividade econômica mostrou a geração de contradição
terciária pelo surgimento da necessidade de capacitação e treinamento para o
desenvolvimento da atividade. A contradição quaternária, que ocorre entre a atividade
central e suas atividades circunvizinhas na rede de sistemas é identificada nas
relações entre os feirantes, principalmente nos conflitos e mal-entendidos entre os
indivíduos e grupos constituídos para tratar das questões da Feira em termos de
espaço e oferta de produtos, conforme relatos.
Analisando o contexto da Ecossocioeconomia Urbana, a Feira, vista como um
arranjo socioprodutivo representado pela organização da feira, pode, de acordo com
Grimm et el. (2018), ser considerada uma tessitura de rede interorganizacional por
caracterizar-se como uma experiência de empreendimento socioeconômico
compartilhado, coordenada por instituições governamentais e que resulta da
combinação de diferentes lógicas, como a solidária presente na autogestão
compartilhada, a utilitária e econômica relacionadas a interesses individuais. Os
artesãos, então, valem-se e se apropriam da racionalidade instrumental, mas
privilegiando ganhos coletivos imediatos no âmbito individual e intraorganizacional
partilhados, sendo reflexos do e gerando reflexos no ambiente extraorganizacional que
se desenvolve dinâmica e historicamente, como sugere a ecossocioeconomia.
O estudo mostrou que o sistema de atividade de artesanato da Feira do Largo
da Ordem pode abranger dimensões socioculturais, econômicas, ambientais e
político-espaciais, configurando-se, assim, como uma atividade que permite a
participação cidadã, o empoderamento local, o sentimento de pertencimento, a
geração de trabalho e renda (Grimm et al., 2018) e, especificamente o sistema de
artesanato que nela se insere, é potencializado a partir da geração de valor com base
na criatividade dos artesãos aplicada com a mediação de ferramentas e tecnologias
sobre materiais para geração de artefatos ambientalmente sustentáveis.
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo se propôs a caracterizar o contexto social e coletivo do
sistema de atividade de artesanato dos artesãos do Largo da Ordem e analisar como
ecossocioeconomia repercute nas práticas de artesanato.
Entendemos que a teoria da atividade, percebida como uma teoria cultural da
ação, pode fornecer um modelo de análise da prática social, vista aqui como prática
ecossocioeconômica. A ecossocioeconomia urbana no contexto analisado converge
para uma nova ação social norteada para o desenvolvimento mais sustentável por
preocupar-se com formas de produção menos suscetíveis a desperdícios e por pautar-
se em critérios e normas extraorganizacionais de práticas sustentáveis passíveis de
serem aplicadas via a autogestão, preservando o direito à liberdade individual e a
capacidade de revelar e aplicar saber tradicional historicamente criado e aplicado.
A análise da relação entre a teoria da atividade e a ecossocioeconomia urbana
permitiu extrair e sistematizar o contexto de aprendizagem no âmbito da objetividade
coletiva e a dimensão tácita do conhecimento no âmbito da intersubjetividade. Da
mesma forma como acontece na teoria da atividade, a ecossocioeconomia emerge do
mundo da vida e do trabalho onde problemas e suas soluções acontecem a partir de
lógicas preponderantemente de não-mercado. É também pensada a partir das
experimentações, das complexidades do cotidiano, das contradições inerentes à
mudança paradigmática que se deseja, principalmente quando se pensa nas limitações
do utilitarismo economicista.
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