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Londrina - Paraná 2016
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU
MESTRADO EM EXERCÍCIO FÍSICO NA PROMOÇÃO DA SAÚDE
ANDRÉA SANT ANNA
EXERCÍCIO FÍSICO PARA IDOSOS COM DEMÊNCIA: APLICAÇÃO E ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS
ANDRÉA SANT’ ANNA
Londrina - Paraná
2016
EXERCÍCIO FÍSICO PARA IDOSOS COM DEMÊNCIA: APLICAÇÃO E ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS
Relatório Técnico apresentado à UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde. Orientadora: Profª Drª Deise Aparecida de Almeida Pires Oliveira
AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
Dados Internacionais de catalogação-na-publicação Universidade Norte do Paraná
Biblioteca Central Setor de Tratamento da Informação
Sant’Anna, Andréa S223e Exercício físico para idosos com demência: aplicação e
orientações metodológicas. / Andréa Sant’Anna. Londrina: [s.n], 2016
127f. Relatório Técnico (Mestrado Profissional em Exercício
Físico na Promoção da Saúde). Universidade Norte do Paraná. Orientadora: Profª. Drª. Deise Aparecida de Almeida Pires
Oliveira 1 – Exercício Físico na Promoção da Saúde– Relatório
Técnico de mestrado- UNOPAR 2- Exercício Físico 3- Demências 4- Planejamento I- Oliveira; Deise Aparecida de Almeida Pires, orient. II- Universidade Norte do Paraná.
CDU 796.61
ANDRÉA SANT’ ANNA
EXERCÍCIO FÍSICO PARA IDOSOS COM DEMÊNCIA: APLICAÇÃO E ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS
Relatório Técnico apresentado à UNOPAR, referente ao Curso de Mestrado
Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde, Área e Concentração
Atividade Física e Envelhecimento como requisito parcial para a obtenção do título
de Mestre Profissional conferido pela Banca Examinadora:
_________________________________________ Profª Drª Deise Aparecida de Almeida Pires
Universidade Norte do Paraná
_________________________________________ Prof. Dr. Denilson de Castro Teixeira
Universidade Norte do Paraná
_________________________________________ Prof. Dr. Nídia Aparecida Hernandes Universidade Estadual de Londrina
Londrina, _____de ___________ de 2016.
SANT’ ANNA, Andréa. Exercícios físicos para idosos com demência : aplicação e orientações metodológicas. 2016. 136 f. Dissertação (Mestrado Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde) - Centro de Pesquisa em Ciências da Saúde, Universidade Norte do Paraná, Londrina, 2016.
RESUMO As demências são doenças que afetam o sistema cognitivo do indivíduo idoso e estão associadas a causas diversas, inclusive ao aumento da longevidade e a problemas circulatórios. As demências podem provocar impactos negativos na qualidade de vida do idoso e de seus familiares; nesse sentido, estratégias que venham dar suporte a todos os envolvidos nesse contexto são importantes. Particularmente, a prática de exercícios físicos tem sido apontada como uma das estratégias para minimizar os declínios relacionados às demências e consequentemente melhorar a qualidade de vida do indivíduo acometido com essa doença. Considerando o aumento da longevidade e o consequente aumento da incidência de demências, há necessidade de melhorar a capacitação de profissionais para atuar nesse campo de trabalho. Observando essa realidade, esse trabalho teve como objetivo, elaborar e publicar um livro com sugestões e orientações para a aplicação de exercício físico para idosos com demência. O livro foi composto por capítulos com assuntos diversos sobre a temática, como caracterização sobre o processo de envelhecimento biopsicossocial, demências, avaliação relacionada ao contexto das demências e sugestões de exercícios físicos e orientações didáticas e metodológicas para a sua aplicação em idosos com demências. Como parte do processo de trabalho de conclusão de curso foi desenvolvido um artigo científico sobre valores de referência no teste de sentar em levantar em 30 segundos para idosos fisicamente independentes. Espera-se que o conjunto desses trabalhos possam contribuir para atuação dos profissionais que trabalham com o exercício físico e consequentemente melhorar a qualidade de vida das pessoas idosas. Palavras-chave: Exercício físico. Demências. Planejamento.
SANT’ ANNA, Andréa. Physical exercicises of elderly people with dementi a: applications and methodological guidelines. 2016. 136 f. Dissertação (Mestrado Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde) - Centro de Pesquisa em Ciências da Saúde, Universidade Norte do Paraná, Londrina, 2016.
ABSTRACT Dementias are diseases that affect the cognitive system of the elderly and are associated with several causes, including the increased longevity and circulatory problems. Dementias may cause negative impacts on the quality of life of the elderly and their families; accordingly, strategies that will support all those involved in this context are important. In particular, the practice of physical exercise has been identified as one of the strategies to minimize declines related to dementia and consequently improve the quality of life of individuals affected with this disease. Considering the increased longevity and the consequent increase in the incidence of dementia, there is need to improve the training of professionals to work in this field. Noting this reality, this study aimed to establish and publish a book with suggestions and guidelines for the use of physical exercise for the elderly with dementia. The book consisted of chapters on various topics on the theme, such as characterization of the biopsychosocial aging, dementias, evaluation related dementias context and suggestions of physical exercise and educational and methodological guidelines for its use in elderly patients with dementia. As part of the course conclusion work process developed a scientific article on reference values for 30-second sit-ta-stand test to physically independent elderly. It is expected that all of these works can contribute to work of professionals involved with physical exercise and consequently improve the quality of life of older people. Key words: Dementia. Exercises. Planning.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 6
1.1 OBJETIVOS............................................................................................. 7
1.1.1 Objetivo Geral .......................................................................................... 7
1.1.2 Objetivos Específicos .............................................................................. 7
2 METODOLOGIA ...................................................................................... 8
2.2 Levantamento Bibliográfico ..................................................................... 8
2.2 Elaboração e Organização do Conteúdo do Livro ................................... 8
REFERÊNCIAS ....................................................................................... 12
APÊNDICES ............................................................................................ 13
APÊNDICE A – Livro ............................................................................... 14
APÊNDICE B – Artigo científico................................................................111
ANEXOS ................................................................................................. 126
ANEXO A - Trabalho apresentado em evento científico .......................... 127
6
1 INTRODUÇÃO
O processo de envelhecimento é caracterizado por alterações biológicas
que levam a declínios na estrutura corporal e consequentemente a prejuízos na
capacidade funcional do idoso. Essas mudanças são desencadeadas por fatores
genéticos, estilo de vida e meio ambiente, que levam a vulnerabilidade do organismo
a combater as doenças (FARINATTI, 2008). É importante destacar que as
alterações não deveriam levar o idoso a estados de comorbidades e perda sua
autonomia; quando isso acontece, há indícios de que o padrão de normalidade do
processo de envelhecimento foi alterado. Envelhecer nessa condição coloca o idoso
mais vulnerável a adquirir doenças e comorbidades (AMERICAN COLLEGE OF
SPORTS MEDICINE, 2009).
De acordo com Reicmann e Cummigs (1998) demências são um dos
exemplos desses acometimentos adquiridos quando o envelhecimento não é bem-
sucedido, para os autores, há uma estimativa que 5% das pessoas com mais de 65
anos têm forma grave de demência e que 12% são portadores de demências
moderadas. Já aos 80 anos essa prevalência passa dos 40%. As demências não
podem ser revertidas, mas podem ter evolução controlada por meio de medidas
preventivas e de reabilitação. Nesse sentido, a atividade física/exercício físico são
apontados como importantes recursos para o controle dessa doença.
O trabalho adequado, ou seja, que venha atender as necessidades do
idoso com demência, depende da qualificação e adequada intervenção do
profissional. É importante destacar que pelo fato da área do envelhecimento ser
relativamente nova nas disciplinas curriculares do curso de Educação Física, e
consequentemente muitos profissionais terem se formado sem o contato com esses
conteúdos, nem sempre possuem qualificações suficientes para atuarem nessa
área. Mediante esse contexto, observa-se a necessidade de materiais com
subsídios teóricos e práticos para o desenvolvimento de programas de exercício
físico para idosos com demências, sobretudo em estágios iniciais da doença,
períodos em que o indivíduo responde melhor a esse tipo de intervenção.
Portanto, a proposta desse trabalho, o desenvolvimento de um livro
didático para orientação do profissional de Educação Física para trabalhar com
indivíduos idosos com demências, vem ao encontro das necessidades da área de
atender uma demanda de trabalho cada vez maior. Ademais, esse livro poderá
7
também subsidiar outros profissionais da área da Saúde que atendem a essa
população e orientar cuidadores e familiares com sugestões para a conduta diária,
como também, sobre a importância da atividade física/exercício físico para a
preservação e até a melhora do estado geral de saúde do idoso com demência.
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo Geral
Elaborar um livro técnico para o planejamento e aplicação de exercício
físico e aumento do nível de atividade física de indivíduos idosos com diagnóstico de
demências.
1.1.2 Objetivos Específicos
• Apresentar informações teóricas a respeito do processo de envelhecimento,
das demências e prática de atividade física/exercício físico para idosos com
demência;
• Apresentar exercício físico que venham contribuir coma aptidão física e
funcional do idoso com demência;
• Apresentar estratégias para aumentar a atividade física habitual do idoso com
demências;
• Apresentar orientações didáticas e metodológicas para a atuação profissional
com idosos com demenciados.
8
2 METODOLOGIA
Com base nas justificativas apontadas na introdução, a construção do
livro foi realizada mediante as etapas descritas a seguir:
2.1 Levantamento Bibliográfico
Nessa etapa foram selecionados artigos e livros com o objetivo de
embasar cientificamente o conteúdo do livro. Foram utilizadas as bases de dados
PubMed, Medline, Scielo e Google Scholar para o levantamento de livros e artigos
científicos com temáticas abordadas no livro.
2.2 Elaboração e Organização do Conteúdo do Livro
O conteúdo foi organizado seguindo a proposta do livro que é
instrumentalizar o profissional de Educação Física a desenvolver programas de
exercícios físicos/atividades físicas com idosos com demências. Na sequência são
apresentados os capítulos que fazem parte do livro.
ENVELHECIMENTO
Neste capítulo são apresentados os fatores diversos que influenciam o
processo de envelhecimento humano. Aspectos demográficos, políticos sociais e
determinantes biológicos e psicossociais.
ASPECTOS DEMOGRÁFICOS DO ENVELHECIMENTO
Neste tópico são abordados os determinantes do envelhecimento
populacional e as características sociais e políticas que definem esse processo: a)
aspectos demográficos relacionados ao envelhecimento; b) cronologia do
envelhecimento e c) heterogeneidade da velhice.
9
ASPECTOS BIOLÓGICOS
Neste tópico são apresentadas as principais alterações biológicas
decorrentes do processo de envelhecimento: composição corporal, sistemas ósseo e
muscular, cardiovascular, respiratório e neurológico. São apresentadas também as
alterações na aptidão física e motora decorrentes das alterações biológicas no
indivíduo em seu processo de envelhecimento.
ASPECTOS PSICOSSOCIAIS
Nessa seção são apresentadas as prováveis mudanças nos aspectos
sociais que o idoso enfrenta no processo de envelhecimento, assim como as
principais alterações psicológicas.
ENVELHECIMENTO E ALTERAÇÕES NA APTIDÃO FÍSICA E FUNCIONAL
Neste tópico são apresentadas as definições de capacidade funcional,
alterações provocadas pelo processo de envelhecimento e níveis de Status
(capacidade) funcional.
CONHECENDO AS DEMÊNCIAS
CARACTERIZAÇÃO DAS DEMÊNCIAS
Nessa sessão são apresentados os principais tipos de demências, suas
características, causas e consequências.
AVALIAÇÃO DO IDOSO COM DEMÊNCIA
São apresentadas as principais formas de avaliar e caracterizar o idoso
com demência.
10
ATIVIDADE FÍSICA E EXERCÍCIO FÍSICO PARA IDOSOS COM DEMENCIAS
Nesse capítulo são apresentadas estratégias para aumentar o nível
de atividade física habitual e sugestões de exercícios físicos a serem trabalhados
com idosos com demências.
AUMENTANDO O NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA HABITUAL DO IDOSO COM
DEMÊNCIAS
Neste tópico são apresentadas estratégias para melhorar o nível de
atividade física habitual dos idosos com demências. As estratégias abordam o
ambiente doméstico, atividades que podem ser realizadas no entorno da residência
do idoso, no seu bairro, em espaços abertos e o papel dos familiares e cuidadores
nesse processo.
EXERCÍCIO FÍSICO PARA IDOSOS COM DEMÊNCIA
Exercícios Posturais
Este tópico versa sobre a conceituação das capacidades neuromotoras,
como equilíbrio, coordenação motora, agilidade corporal, tempo de reação e ritmo.
Serão apresentadas também sugestões de exercícios e orientações de aplicação.
Exercícios para Fortalecimento Muscular
Força membros inferiores
Força membros superiores
Exercícios para as Capacidades Neuromotoras
Equilíbrio corporal
11
Coordenação motora
Agilidade corporal
Tempo de reação
Atividades lúdicas e recreativas
PLANEJAMENTO E PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIO FÍSICO PARA IDOSOS COM DEMENCIAS
PLANEJAMENTO DE PROGRAMAS DE EXERCÍCIOS PARA IDOSOS
Esta seção foi dedicada ao planejamento de programas de exercícios
para idosos com demências, considerando as necessidades dos idosos, definição de
objetivos, conteúdos, utilização de estratégias de ensino e recursos humanos e
materiais e estratégias para o controle do treinamento.
ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS E METODOLÓGICAS
Este tópico versou sobre a importância da comunicação do professor com
o aluno idoso. Elementos importantes como posicionamento do profissional, tom de
voz, expressão corporal, entre outros, serão apresentadas. Nesse tópico será
abordada também a postura do profissional para a comunicação adequada com o
idoso, proporcionando o melhor desenvolvimento possível do idoso com demências.
12
REFERÊNCIAS
AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE. Exercise and physical activity for older adults. Medicine & Science in Sports & Exercise , Madison, v. 41, n. 7, p. 1510-1530, 2009.
CARVALHO, J. R. M.; GARCIA, R. A. O envelhecimento da população brasileira: um enfoque demográfico. Caderno de Saúde Pública , Rio de Janeiro, v. 19, n. 3, 2003.
CUMMINGS, J. L.; REICHMAN, W. E. Dementia. In: DUTHIE, E. H. J.; KATZ, P. R. Practice of geriatrics . 3. ed. Philadelphia: WB Saunders Company, 1998. p. 268-78.
FARINATTI, P. T. V. Envelhecimento, promoção da saúde e exercício : bases teóricas e metodológicas. Barueri: Manole, 2008.
NASRI, F. O envelhecimento populacional no Brasil. Programa de Geriatria e Gerontologia do Hospital Israelita Albert Einstein. Revista Einstein , São Paulo, v. 6, n. 1, p. 4-6, 2008.
14
APÊNDICE A - Livro
EXERCÍCO FISICO PARA IDOSOS COM DEMÊNCIA:
APLICAÇÃO E ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS
Andréa Sant’ Anna
Denilson de Castro Teixeira
15
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................... 17
CAPÍTULO 1 – ENVELHECIMENTO ........................................................ 19
1.1 ASPECTOS DEMOGRÁFICOS DO ENVELHECIMENTO ........................ 19
1.2 ASPECTOS BIOLÓGICOS ........................................................................ 20
1.2.1 Sistema Musculoesquelético e Articular .................................................... 21
1.2.2 Sistema Cardiovascular e Respiratório ...................................................... 23
1.2.3 Sistema Nervoso ....................................................................................... 25
1.3 ASPECTOS PSICOSSOCIAIS .................................................................. 27
1.4 ENVELHECIMENTO E ALTERAÇÕES NA CAPACIDADE FUNCIONAL . 29
CAPÍTULO 2 - CONHECENDO AS DEMENCIAS .................................... 31
2.1 CARACTERIZAÇÃO DAS DEMÊNCIAS ................................................... 31
2.1.1 Doença de Alzheimer ................................................................................ 32
2.1.2 Demência Vascular .................................................................................... 35
2.1.3 Demência por Corpúsculo de Lewy ........................................................... 36
2.1.4 Demência Frontotemporal ......................................................................... 38
2.1.5 Demências Associadas ao Parkinson ........................................................ 39
2.1.6 Demência Mista ......................................................................................... 40
2.1.7 Demências Reversíveis ............................................................................. 40
CAPÍTULO 3 - ATIVIDADE FÍSICA E EXERCÍCIO FÍSICO PA RA
IDOSOS COM DEMÊNCIAS ..................................................................... 43
3.1 AUMENTANDO O NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA HABITUAL E A
PRÁTICA DE EXERCÍCIOS FÍSICOS EM IDOSOS COM DEMÊNCIAS . 46
3.2 EXERCÍCIOS FÍSICOS PARA IDOSOS COM DEMÊNCIAS .................... 49
3.2.1 Exercícios Posturais .................................................................................. 50
3.2.2 Exercícios para Fortalecimento Muscular ................................................. 56
3.2.2.1 Exercícios para membros inferiores .......................................................... 56
3.2.2.2 Exercícios para membros superiores ........................................................ 64
3.2.3 Exercícios Neuromotores........................................................................... 71
16
3.2.3.1 Equilíbrio corporal ...................................................................................... 71
3.2.3.2 Coordenação motora ................................................................................ 75
3.2.3.3 Tempo de reação ....................................................................................... 83
3.2.4 Atividades Lúdicas e Recreativas ............................................................. 85
CAPÍTULO 4 - PLANEJAMENTO E PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIO
FÍSICO PARA IDOSOS COM DEMÊNCIAS ............................................. 92
4.1 AVALIAÇÃO FÍSICA E FUNCIONAL DO IDOSO COM DEMÊNCIA ......... 92
4.2 PLANEJAMENTO DE ATIVIDADES E EXERCÍCIOS FÍSICOS PARA
IDOSOS ..................................................................................................... 96
4.2.1 Planejamento ............................................................................................. 96
4.3 ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS E METODOLÓGICAS .............................. 101
REFERÊNCIAS ....................................................................................... 103
17
INTRODUÇÃO
O processo de envelhecimento é caracterizado por alterações biológicas
que levam a declínios na estrutura corporal e consequentemente a prejuízos na
capacidade funcional do idoso. Essas mudanças são desencadeadas por fatores
genéticos, estilo de vida e meio ambiente, que levam a vulnerabilidade do organismo
a combater as doenças (FARINATTI, 2008). É importante destacar que, as
alterações não deveriam levar o idoso a estados de comorbidades e perda sua
autonomia; quando isso acontece, há indícios de que o padrão de normalidade do
processo de envelhecimento foi alterado. Envelhecer nessa condição coloca o idoso
mais vulnerável a adquirir doenças e comorbidades (AMERICAN COLLEGE OF
SPORTS MEDICINE, 2009).
As demências são um dos exemplos desses acometimentos adquiridos
quando o envelhecimento não é bem-sucedido, mas também possuem forte
associação com a idade. De acordo com Cummings e Reichmann (1998) há uma
estimativa que 5% das pessoas com mais de 65 anos tem forma grave de demência
e que 12% são portadores de demências moderadas. Já aos 80 anos essa
prevalência passa dos 40% em estágio moderado. As demências não podem ser
revertidas, mas podem ter evolução controlada por meio de medidas preventivas de
reabilitação. Nesse sentido, a atividade física/exercício físico são apontados como
importante recurso para o controle dessa doença.
A intervenção do profissional de Educação Física com indivíduos idosos
com demências é de extrema importância e pode contribuir significativamente para a
atenuação dos efeitos deletérios da doença, melhor a qualidade de vida do idoso, da
sua família e sobretudo do seu cuidador. Para subsidiar a aplicação dessas
intervenções, esse livro foi construído visando atender as necessidades da área e
subsidiar também outros profissionais da área da Saúde que atendem a essa
população e orientar cuidadores e familiares sobre a importância da atividade
física/exercício físico para a preservação e até a melhora do estado geral de saúde
do idoso com demência.
Este livro foi desenvolvido em quatro capítulos com objetivo de situar o
leitor sobre os determinantes biológicos e psicossociais do envelhecimento, o
entendimento sobre as demências, apresentação de sugestões de exercícios físicos
18
e estratégias para a ampliação de atividade física habitual de idosos com demências
e planejamento de programas de exercícios físicos para idosos com demências e
orientações didáticas e metodológicas para a sua aplicação.
19
CAPÍTULO 1
ENVELHECIMENTO
O processo de envelhecimento e sua consequência natural, a velhice,
continuam sendo uma das principais preocupações da humanidade desde o início
da civilização (FREITAS; PY, 2011). Isto porque, o envelhecimento traz mudanças
que afetam a aparência física, as funções do organismo e a forma de viver dos
indivíduos.
O envelhecimento é determinado por transformações multidimensionais,
ou seja, que envolve os campos biológico, psicológico, social, histórico e político.
Isso faz com que esse processo extrapole a condição individual e se manifeste
também em condições mais amplas, como na população. Dentro deste contexto,
Freitas e Py (2011) ressaltam que o envelhecimento individual possui relação direta
com o aumento da idade, é considerado natural, irreversível e é acompanhado por
reduções progressivas da função e mudanças nos papéis sociais. Já o
envelhecimento populacional ocorre quando aumenta a participação da população
idosa no total da população.
Entendemos que, para uma atuação adequada de um profissional com
essa população é necessário que ele conheça a respeito das especificidades
referentes ao envelhecimento nos seus mais diversos contextos, para que adquira a
sensibilidade para avaliar as necessidades dos idosos, assim como, as estratégias e
atitudes em suas interações com os idosos durante as intervenções.
1.1 ASPECTOS DEMOGRÁFICOS DO ENVELHECIMENTO
O envelhecimento da população é um fenômeno mundial iniciado
primeiramente nos países desenvolvidos. Essa transformação demográfica é
causada devido à queda da mortalidade, diminuição das taxas de fecundidade e
aumento da expectativa de vida, causada por melhoras nas condições de saúde e
qualidade de vida (MENDES et al., 2005). Com o passar do tempo, o
envelhecimento populacional também se torna realidade nos países em
desenvolvimento, sobretudo, pelos avanços tecnológicos relacionados à área da
saúde nos últimos 60 anos, como vacinas, uso de antibióticos e quimioterápicos, que
20
tornaram possível a cura de muitas doenças e a melhora na qualidade de vida da
população em geral (MENDES et al., 2005).
A grande diferença é que os países desenvolvidos levaram várias
décadas para essa transformação populacional, diferentemente dos países em
desenvolvimento em que essas mudanças estão acontecendo de forma bem mais
rápida (ZIMERMANN, 2000). Essa realidade traz maiores dificuldades para esses
países fazerem os ajustes em suas políticas públicas, sobretudo na saúde e
previdência social, que são necessárias para a assistência adequada a essa
população e para o equilíbrio financeiro do país (RAMOS et al.,1993).
No Brasil o envelhecimento da população está em franco
desenvolvimento. Segundo Camarano e Kanso (2009), a população brasileira
experimentou mais elevadas taxas de crescimento, em torno de 3% ao ano, entre as
décadas de 1950 e 1970. Dessa forma, duas modificações significativas foram
observadas: queda das taxas de fecundidade e queda da mortalidade. Por exemplo,
em 1940, a população idosa representava 4,1%, por volta de 11% em 2010 e
projeções de 16 a 18% em 2050, colocando o Brasil em sexto lugar em número de
idosos no mundo (IBGE, 2000).
Camarano e Kanso (2009) destacam que essas mudanças demográficas
trazem implicações significativas em vários setores da sociedade, como por exemplo
nas estruturas familiares, que passam a ser menores, a demanda por políticas
públicas e a distribuição de recursos na sociedade.
Outro aspecto a ser considerado é que o envelhecimento populacional
traz também o aumento de indivíduos com comorbidades e impactos aos serviços
de saúde. Dentre elas destacam-se as demências que têm a sua prevalência
aumentada com o avanço da idade. Sendo assim, políticas públicas e iniciativas
privadas que objetivam dar apoio ao indivíduo idoso e seus familiares são de
fundamental importância.
1.2 ASPECTOS BIOLÓGICOS
O envelhecimento é um processo caracterizado por transformações
notáveis em diversas dimensões, dentre elas, as relacionadas aos aspectos
biológicos são uma das mais marcantes por trazerem impactos significativos no
indivíduo como na sua função e aparência física (KAUFFMAN; JAKSON, 2001).
21
De acordo com Thompson (2002), de modo geral, as alterações
fisiológicas decorrentes do processo de envelhecimento são resultantes de uma
diminuição gradual de aproximadamente 1% da capacidade de reserva orgânica a
partir dos 30 anos de idade. Essas alterações, normalmente, não são decorrentes de
patologias, mas sim dos desgastes comuns a longo prazo, ou excessos como
exercícios e nutrição inadequada, uso de medicações a longo prazo, exposição a
agentes nocivos durante longo período na vida produtiva, tais como sol, agentes
químicos e maus hábitos com tabagismo, etilismo e sedentarismo.
Várias teorias que buscam explicar como e porque envelhecemos
consideram que o ser humano, por mais que esteja livre de patógenos, possui um
tempo de vida limitado e que a nossa reprodução celular, responsável pela
continuidade da vida, possui um limite máximo. Uma das teorias mais aceitas é a
que considera que a cada reprodução celular erros acontecem no interior das
células, levando a redução dos telómeros que formam as extremidades dos
cromossomos e que são responsáveis pela estabilidade estrutural cromossômica.
A magnitude e/ou a velocidade dessas alterações poderão levar a
limitações mais ou menos severas na estrutura corporal e na funcionalidade do
indivíduo que envelhece. Essas alterações colocam também o idoso em uma
condição de vulnerabilidade tornando-o mais propenso a adquirir doenças. Na
sequência, as principais alterações biológicas associadas ao processo de
envelhecimento são apresentadas.
1.2.1 Sistema Musculoesquelético e Articular
O envelhecimento está associado a importantes alterações na
composição corporal. Com a idade, há um aumento na massa de gordura corporal,
especialmente com o acúmulo de depósitos de gordura na região abdominal e
diminuição da massa corporal magra (THOMPSON, 2002). Dentre os vários
componentes da massa corporal magra, a sua redução deve-se basicamente à
redução da massa muscular esquelética (FRONTERA; HUNGHES; EVANS, 1991).
De acordo com Fechine e Trompieri (2012), dos 25 aos 65 anos de idade,
a massa muscular se reduz cerca de 10% a 16% e após esse período,
aproximadamente 10% por década. É importante ressaltar que o indivíduo aos 80
anos pode reduzir em torno de 40% a sua massa e força muscular. Essas alterações
22
podem trazer consequências negativas significativas à funcionalidade e autonomia
do indivíduo idoso.
No Quadro 1 são apresentadas as principais alterações morfológicas,
fisiológicas e químicas que acontecem nos sistemas musculoesquelético, e as
principais consequências para o indivíduo idoso, segundo a bibliografia levantada
nesse livro.
Quadro 1 - Alterações musculoesqueléticas e suas consequências decorrentes do processo de envelhecimento
Alterações musculoesqueléticas Consequências
• Diminuição de proteína contrateis; • Substituição do tecido muscular por adiposo e
conjuntivo; • Diminuição da área transversal relativa das fibras
tipo II; • Diminuição do aporte sanguíneo, densidade
mitocondrial e da atividade das enzimas oxidavas;
• Atrofia lenta e constante dos músculos do tronco e das extremidades;
• Perda do potencial de força e agilidade; • Aumento da taxa de gordura no interior dos
músculos; • Diminuição do peso dos músculos entre 30 e 70
anos; • Diminuição da reserva de glicogênio muscular.
• Fraqueza muscular; • Lentidão dos movimentos; • Fadiga precoce; • Limitações funcionais; • Diminuição da amplitude de
movimento articular; • Encurtamentos musculares.
Fonte: Elaborado pela autora.
A redução da massa muscular pode gerar importantes déficits orgânicos e
funcionais, dentre os quais se destaca a atrofia muscular, deterioração de músculos,
tendões e ligamentos, diminuição da força muscular, da flexibilidade, do VO2maximo,
déficits na coordenação motora, na capacidade de realizar as atividades cotidianas e
nas atividades laborais (ALMEIDA; VALENTIM; DIEFENBACH, 2004; ARAÚJO;
BERTOLINE; MARTINS JUNIOR, 2014; CIVINSKI; MONTIBELLER; BRAZ, 2011).
Tendo em vista que, o sistema musculoesquelético desempenha funções
essenciais como movimento, postura e estabilidade articular, a partir do momento
que ele perde as condições de desenvolvê-las com eficiência, ele pode levar a um
estilo de vida com características mais dependentes, com mais suscetibilidade às
quedas e consequentemente comprometer a qualidade de vida do idoso.
Vale considerar que as implicações artrocinesiológicas ocasionadas pelo
envelhecimento, também comprometem a eficiência do movimento, ou seja, a
23
rigidez do tecido conjuntivo periarticular, ocasionada pelo envelhecimento, provocam
a diminuição da velocidade do movimento articular dos idosos, levando a um
declínio natural da atividade global (DONALD; NEUMANN, 2011).
Dessa forma observa-se que, os fatores diretamente relacionados com a
diminuição do ângulo de movimento das articulações, são basicamente o fator
natural de envelhecimento, a diminuição do nível de atividade, e em terceiro ponto a
considerar, é que qualquer patologia pode afetar o tecido conjuntivo articular e
comprometer ou levar a limitações funcionais. De acordo com Neumann (2000), para
que o movimento possa ser executado com amplitude, pré-requisitos são
necessários para uma amplitude completa, como integridade das superfícies
articulares, uma tração motora suficiente e a não rigidez do tecido conjuntivo
articular.
A estabilidade articular, é um componente importante para o idoso, no
que diz respeito a amplitude de movimento, segurança durante a movimentação afim
de evitar quedas, como também, no sentido de evitar as algias (dores articulares),
que poderão ser ocasionadas por compressão, enfermidades, grandes períodos de
internamento e pela falta de movimentação.
De acordo com Amundsen (2002), a perda de amplitude de movimentos
tende ocorrer nos seguintes movimentos articulares: abdução do ombro, flexão do
quadril, flexão do joelho, dorsiflexão do tornozelo, flexão cervical, extensão cervical,
flexão lombar e extensão lombar.
O sistema muscular, esquelético e articular possuem suas funções
integradas e as suas alterações sejam elas provocadas pelo processo de
envelhecimento normal ou por um processo mais acelerado, provocado por
doenças, irão influenciar diretamente na qualidade da movimentação do indivíduo
idoso. Nesse sentido, conhecer esses mecanismos e a sua associação com o
envelhecimento são necessários para que o profissional proponha intervenções
adequadas ao idoso. É importante destacar que o idoso com demências pode ter
esse processo acelerado, devido ás alterações neurológicas e o estilo de vida ainda
mais sedentário que caracteriza essa população.
1.2.2 Sistema Cardiovascular e Respiratório
24
Com o avanço da idade, o coração e os vasos sanguíneos também
apresentam alterações morfológicas e teciduais, mesmo na ausência de qualquer
doença. Essas alterações são consideradas normais no processo de
envelhecimento. As principais alterações estão relacionadas à diminuição da
complacência de todo o sistema, ou seja, nos componentes central (coração e
acessórios) e periférico (vasos sanguíneos) (AFIUNE, 2013).
O sistema cardiovascular é ser divido em duas partes, central e periférico.
A parte central abrange a estrutura cardíaca, a rede de vasos sanguíneos, a
composição do sangue e a volemia (volume sanguíneo em circulação no organismo
humano). Já a segunda é responsável pela extração de oxigênio do sangue, função
essa, específica dos tecidos, particularmente da massa muscular esquelética
(FARINATTI, 2008).
Com o avanço da idade, as alterações na estrutura e na função cardíaca
resultam em um enrijecimento no sistema cardiovascular. Essas modificações
ocorrem em diversos segmentos do sistema e são impossíveis de se observar a olho
nu. Bem como a modificação na massa ventricular esquerda que sofre um pequeno
aumento e enrijecimento de suas paredes, entretanto anatomicamente seu tamanho
não muda (FRONTEIRA; DANSON; SLOVIK, 2001).
Uma das principais mudanças vasculares ocorrem na artéria aorta, que
perde elasticidade devido ao aumentado nível de colágeno e também à calcificação
e de outros processos degenerativos. Do mesmo modo, a velocidade de onda de
pulso arterial aumenta e acaba por contribuir com a diminuída complacência total do
sistema cardiovascular (FRONTEIRA; DANSON; SLOVIK, 2001).
Fronteira, Danson e Slovik (2001) destacam ainda, que essas alterações
cardíacas têm efeitos mínimos nos indivíduos em repouso, mas tornam-se
significativamente mais aparentes durante o exercício físico. A mudança mais
consistente que prejudica o desempenho no exercício é a diminuição da frequência
cardíaca máxima. Para Farinatti (2008), muitos estudos buscam explicar o declínio
da capacidade aeróbica máxima no processo de envelhecimento. Devido às
modificações dos diferentes fatores centrais; no entanto, ainda poucos levam em
consideração as múltiplas variáveis que provavelmente também exerçam influências
como os aspectos culturais, diferenças de condicionamento físico e atividade física
habitual.
25
A eficiência da capacidade cardiorrespiratória, também, é de suma
importância para o indivíduo em idade avançada, pois ela está relacionada à
produção de energia indispensável para os processos metabólicos, dos quais,
dispõem da capacidade aeróbica para transportar o oxigênio aos tecidos ativos e do
potencial desses tecidos para consumi-los (FARINATTI, 2008).
No entanto, no processo de envelhecimento, a capacidade aeróbica sofre
um declínio, devido alterações nas estruturas dos pulmões, coração e vasos
sanguíneos. Um dos melhores indicadores de potência aeróbica é o VO2max. Ele é
considerado o melhor indicador de capacidade aeróbica total e também das
variações do metabolismo aeróbio associada a idade, e das condições do sistema
cardiorrespiratório (FARINATTI, 2008; MCARDLE et al., 2008).
Com o avançar da idade o VO2max, diminui devido a influência de muitos
fatores relacionados ao processo de envelhecimento. No entanto, essas alterações
em condições não patológicas, não implicam em modificações importantes na
função respiratória, ao menos no sentido e limitar o consumo e oxigênio. O que
ocorrem são mudanças nas estruturas pulmonares, vias aéreas e caixa torácica, o
que vem representar algumas das causas das limitações da ventilação pulmonar no
exercício (FARINATTI, 2008).
Para Shephard (2003) e Farinatti (2008), as mudanças estruturais no
sistema respiratório resultam na redução da elasticidade do tórax, o que diminui a
ampliação torácica e aumenta o trabalho respiratório, porém, nesse caso, a
elasticidade dos pulmões pode aumentar, provocando redução na força de retração
das fibras elásticas pulmonares. No entanto, ainda ocorre a diminuição da massa
muscular estriada (intercostais e os abdominais) responsável por auxiliar no trabalho
respiratório.
Esses fatores podem contribuir para o aumento do gasto energético
respiratório em indivíduos em idade avançada. Entretanto, a atividade física regular
e de intensidade adequada pode constituir um mecanismo importante de
compensação das dificuldades respiratórias e atenuar o declínio do VO2max. No
entanto, além da alteração natural do processo do envelhecimento, na capacidade
cardiorrespiratória também é influenciada pela genética e o estilo de vida, e pode
refletir negativamente na independência desses indivíduos (FARINATTI, 2008;
MCARDLE, 2008).
26
1.2.3 Sistema Nervoso
O sistema neurológico também sofre modificações com o processo de
envelhecimento. Segundo Cançado, Alanis e Horta (2013), o sistema nervoso
central é o mais biologicamente afetado com o processo de envelhecimento, pelo
fato de ser responsável pela vida de relação (sensações, movimentos, funções
psíquicas) e pela vida vegetativa (funções biológicas internas).
As principais alterações morfofuncionais no sistema neural com o
processo de envelhecimento estão relacionadas a um declínio progressivo durante a
vida em torno de 1,4 e 1,7% das suas funções por década a partir dos 30 anos de
idade. Além disso, mudanças morfológicas relevantes, sobretudo, a partir dos 65
anos de idade, ocorrem com a substância branca e corpo caloso resultando na
redução de grandes e pequenos neurônios corticais (CANÇADO; ALANIS; HORTA,
2013).
Essas alterações durante o processo de envelhecimento, podem ocorrer
pelo desgaste ou degeneração em decorrência do tempo ou por patologias
específicas que afetam o sistema nervoso central. É importante destacar que, como
em outros sistemas corporais, a redução da estrutura neural leva a uma lentificação
das funções físicas e cognitivas, mas não necessariamente à perda da autonomia.
Degenerações importantes e que afetam a capacidade de autogoverno normalmente
estão associadas a processos patológicos (CANÇADO; ALANIS; HORTA, 2013).
A identificação do que é normal e patológico em relação a alterações
cognitivas muitas vezes não é uma tarefa simples, envolve avaliações específicas
que vão desde entrevistas, testes cognitivos, exames e a avaliação global do
paciente. Quando o sistema nervoso central perde uma quantidade estrutural
importante, os acometimentos decorrentes não são irreversíveis, mas, existem
várias situações em que os déficts cognitivos são reversíveis, na depressão, hipo ou
hipertiroidismo, má nutrição e deficiências vitamínicas (principalmente B12, ácido
fólico e tiamina), anemia, desidratação e distúrbios eletrolíticos, medicações,
infecções, embolias e insuficiências metabólicas (hepática, cardíaca, renal,
respiratória) (CANÇADO; ALANIS; HORTA, 2013).
Ou ponto importante que deve ser considerado, é que a preservação das
funções mentais e motoras condicionadas ao sistema nervoso, dependem também
da capacidade de reserva adquirida ao longo da vida. Por exemplo, se o idoso foi
27
uma pessoa que, durante as suas diversas fases da vida obteve estímulos para
ampliar sua capacidade de reserva cognitiva e motora, provavelmente manterá com
melhor qualidade essas capacidades em sua velhice; ao contrário, a falta de
estímulos pode impedir a otimização do desenvolvimento do sistema e
consequentemente um cérebro menos resiliente.
Enfim, as mudanças no sistema neurológico, podem afetar os aspectos
cognitivos e psicológicos dos idosos (COSTA, 2014). Não há alterações súbitas na
em sua cognição, quando o processo de envelhecimento transcorre normalmente
(MIOTTO, 2014), mas as alterações neurológicas, diminui a velocidade do
processamento de informações em comparação aos mais jovens e o tempo para a
aprendizagem é maior (BADDELEY, 2012). Segundo Moraes et al. (2007) o
indivíduo idoso pode enfrentar também dificuldades de memória. Essas alterações
não chegam a prejudicar a atividade funcional e autonomia do idoso, pois a
plasticidade cerebral, ou seja, um conjunto de processos fisiológicos a níveis
celulares e moleculares, que permitem os neurônios mudar suas respostas em
função a um determinado estímulo, mantém no cérebro a capacidade de compensar
esses declínios (LIU et al., 2012).
As mudanças súbitas na cognição do indivíduo idoso que o impedem de
exercer uma vida normal, como a falta de memória, a perda da capacidade de
julgamento e de raciocínio, alterações na linguagem e mudanças na personalidade,
extrapolam a normalidade do envelhecimento. Esse estado de incapacidade
cognitiva é causado por uma doença mental, denominada de demência, sendo que a
doença de Alzheimer é uma das mais prevalentes (MIOTTO et al., 2013). Além das
demências, a depressão também é uma doença que tem sua prevalência
aumentada na velhice. De natureza multifatorial, sofre influência das alterações
bioquímicas do organismo, mas também é influenciada por fatores psicossociais
(MOTA, 2012).
As principais alterações patológicas relacionadas ao sistema nervoso e
que podem levar às demências serão abordadas no próximo capítulo.
1.3 ASPECTOS PSICOSSOCIAIS
A saúde psicológica do idoso sofre influenciada dos aspectos biológicos
como por exemplo alterações no sistema nervoso, alterações hormonais e
28
bioquímicas que podem influenciar no seu estado psicológico e até levar a doenças
como a depressão (BRASIL, 2007). Segundo, Aziz e Steffens (2013), as mudanças
no estado psicológico são influenciadas também pelo ambiente social e pelo meio
ambiente. Nesses aspectos estão envolvidos os relacionamento com parente e
amigos e toda a sociedade que o cerca.
O processo de envelhecimento traz modificações no indivíduo em vários
aspectos que se diferenciam das outras faixas etárias, como a aposentadoria, a
mudança de papéis sociais, a saída dos filhos de casa, diminuição dos rendimentos
e a morte do cônjuge e de amigos e parentes. Essas mudanças podem impactar a
qualidade de vida e percepção de bem-estar dos idosos, havendo necessidade
assim, de mecanismos para minimizar esses efeitos (BJØRKLØF et al., 2013;
GOLDSTEIN, 1995).
Apesar de vários aspectos deletérios do envelhecimento e/ou fatores
associados, é importante destacar que a velhice, como qualquer outra fase da vida
apresenta perdas e ganhos. Por exemplo, o envelhecimento é protetor em várias
dimensões da saúde mental (distúrbios de humor, de ansiedade, de controle e
impulso, abuso de substâncias) (ANDRADE et al., 2012). Ainda o envelhecimento
tende a melhorar a percepção de sentir-se bem, preocupação, estresse e raiva.
Outro aspecto importante e mantido com o envelhecimento é a capacidade de
responder a estímulos motores, gerando adaptações benéficas em física e
psicossocialmente (STONE et al., 2010).
O idoso que segue com sua vida de uma forma autônoma, com apoio
familiar e inserido em uma dimensão social, não somente mantém sua saúde como
a melhora consideravelmente. Reflexivamente, é uma pessoa mais feliz, saudável e
satisfeita com a vida e tem mais qualidade e visibilidade. É de extrema importância,
que o declínio natural e impositivo da velhice não inquira também, a estabilização ou
a considerável perda da sensação de ânimo e bem-estar. No entanto, é necessária
uma vida ativa física e socialmente, para que se tenha uma certa independência e
somatize benefícios em detrimento dos transtornos comportamentais (DIENER,
2000).
As mudanças físicas, mentais e sociais que acompanham o
envelhecimento trazem consigo desafios ao controle emocional que estão acima e
além daqueles experimentados de forma rotineira pela maioria dos indivíduos mais
jovens (SPIRDUSO, 2005). Os autores também colocam a dificuldade que os
29
indivíduos de qualquer idade enfrentar os desafios emocionais, mas os idosos, tem
problemas adicionais como perdas acumulativas pela e inevitáveis no decorrer dos
anos.
A expressão sintomas psicológicos e comportamentais nas demências é
empregada para descrever uma heterogênea gama de sintomas psiquiátricos,
reações psicológicas e alterações do comportamento que podem surgir nos diversos
quadros demenciais. (TAVARES; SOUZA, 2011).
Esses sintomas diferenciados em idosos com demência, caracterizam
atitudes psicossociais no dia a dia do idoso com demência, são sintomas relativos a
alteração na sensopercepção, no conteúdo do pensamento, no humor e
principalmente no comportamento que são geralmente identificados em entrevista
com paciente e com seus familiares/cuidadores. (TAVARES; SOUZA, 2011).
Sintomas psicológicos e comportamentais nas demências, exibem uma
relevância social significativa, pelo fato de causarem intenso sofrimento em
pacientes, familiares, cuidadores e demais membros da sociedade a seu redor.
(TAVARES; SOUZA, 2011).
Devido esses sintomas e as repentinas modificações comportamentais, a
qualidade de vida desses idosos, bem como, dos familiares diminuem, e acabam
ocasionando institucionalização do idoso. Aumentando os gastos financeiros, e
acarretando o distanciamento maior de forma lenta dos idosos com membros da
família.
O idoso necessita se adaptar ao processo de envelhecimento com
relação à autoestima, auto eficácia e na sensação de controle corporal, contrapondo
a visão geral e negativa da sociedade relacionada às modificações físicas
decorrentes do processo de envelhecimento. (PAES; TEIXEIRA, 2015).
1.4 ENVELHECIMENTO E ALTERAÇÕES NA CAPACIDADE FUNCIONAL
As alterações nos aspectos biológicos e psicossociais decorrentes do
processo de envelhecimento e fatores associados, podem influenciar a capacidade
do indivíduo idoso de executar as suas tarefas cotidianas. De acordo com Neri
(2004) a capacidade funcional corresponde ao grau de preservação da capacidade
de realizar as tarefas do cotidiano. Spirduso (2005) destaca que a capacidade
funcional é caracterizada pelo conjunto de dois grupo de atividades: as atividades
30
básicas da vida diária (AVD) que estão relacionadas às atividades de higiene
pessoal como o auto-cuidado, tomar banho, se vestir e alimentar-se e, as atividades
instrumentais da vida diária (AIVD), relacionadas à atividades que requerem maiores
deslocamentos e maior gasto energético como arrumar a casa, ir às compras, utilizar
transporte coletivo e visitar as pessoas.
Além das mudanças biológicas desencadeadas pelo processo de
envelhecimento, a capacidade funcional também é influenciada pelo estilo de vida
adotado ao longo da vida (SHEPHARD, 2003). O nível de atividade física habitual
tem uma estreita relação com a capacidade funcional em indivíduos idosos.
Entende-se por atividade física, qualquer movimento corporal acima dos níveis de
repouso, portanto todo o movimento corporal é considerado atividade física, como
realizar as atividades domésticas, atividades de lazer, prática de exercícios físicos,
caminhar entre outras (CASPERSEN; MATHEW, 1985). Portanto, a capacidade
funcional do indivíduo idoso depende e é preservada de acordo com o nível de
atividade física que ele realiza.
A atividade física habitual da população idosa, em geral diminui com o
passar do tempo e, suas causas estão associadas a fatores multidimensionais como
decréscimo da condição física e barreiras arquitetônicas e sociais as quais os idosos
enfrentam (FARINATTI, 2008; SHEPHARD, 2003). A diminuição da atividade física
habitual pode levar o indivíduo em idade avançada à inatividade física ou à síndrome
do desuso, que por sua vez pode levar ao desenvolvimento de doenças e à
fragilidade física (SHEPHARD, 2003). Já está bem documentado na literatura que a
prática de exercícios físicos e maiores níveis de atividade física habitual estão
associados à diversos benefícios à saúde, como na prevenção e reabilitação de
doenças, melhor percepção de qualidade de vida e bem-estar subjetivo.
Enfim, a capacidade de manter as tarefas do cotidiano na velhice é uma
das principais preocupações dos profissionais que atuam no campo do
envelhecimento (HUEY-TZY; CHIEN-HSUN; LI-HUI, 2009). A boa funcionalidade
física traz autonomia à pessoa idosa e contribui para melhora do seu estado de
saúde e qualidade de vida (WERNGREN-ELGSTRÖM; CARLSSON; IWARSSON,
2009). Dentre os diversos fatores preditores da boa aptidão fisco/funcional, a prática
de exercícios físicos é cientificamente comprovada como uma das mais importantes
estratégias (BUCHNER et al., 1997; HUNTER; MCCARTHY; BAMMAN, 2004).
31
CAPÍTULO 2
CONHECENDO AS DEMENCIAS
2.1 CARACTERIZAÇÃO DAS DEMÊNCIAS
O processo de envelhecimento provoca diversas alterações no indivíduo,
inclusive na sua capacidade cognitiva. Com o passar do tempo, a diminuição do
processamento de informações torna a aprendizagem do indivíduo idoso mais lenta
e diminui a sua capacidade de memorização. Essas mudanças estão associadas
também aos estímulos recebidos ao longo da vida. A maior preservação da
capacidade cognitiva está associada ao maior uso do cérebro ao longo da vida.
Apesar dessas mudanças, as alterações dentro de um processo normal de
envelhecimento não devem provocar prejuízos à qualidade de vida do idoso.
Quando essas alterações são importantes a ponto de trazer impactos negativos à
autonomia dos idosos, são denominadas de demências (ZIMERMANN, 2000).
A demência, segundo Bruns (2009), é considerada uma síndrome clínica
resultante do declínio progressivo da capacidade intelectual do indivíduo,
caracterizada por um conjunto de sinais e sintomas que se expressam por
dificuldades de memória, transtorno de linguagem, alterações comportamentais e
prejuízos nas atividades diárias. A demência, segundo Figueira et al. (2004), é
caracterizada por prejuízos em pelo menos uma das funções que envolvem a
gnosia, praxia e funções executivas. Esse processo poderá interferir negativamente
na capacidade funcional, desempenho social ou profissional do indivíduo. Segundo
Bertelli, Bianchini e Cruz (2009), a demência pode ser causada por uma variedade
de condições neuropalogógicas e degenerativas que as fazem ter causas diferentes.
O entendimento sobre as demências, seus conceitos, suas
características, causas, consequências e formas de diagnóstico, são fundamentais
para que o profissional possa trabalhar adequadamente com indivíduos com essas
doenças. As demências acometem muitos indivíduos no mundo todo, sobretudo
idosos. Segundo a World Health Organization (2010), estima-se que a quantidade de
indivíduos acometidos com demências no mundo supere os 35 milhões e, sua
prevalência vem aumentando de forma significativa. De acordo com Figueir et al.
(2004), estima-se que 3% dos indivíduos aos 70 anos possuem demências e que a
32
sua incidência pode chegar de 20% a 30% aos 85 anos, dobrando a sua incidência a
cada cinco anos. As entidades citam ainda dados epidemiológicos de um estudo
realizado na zona urbana de São Paulo e interior do estado que sugerem que a
prevalência varia de 1,6% na faixa de 65 a 69 anos, até 38,9% acima de 84 anos.
Apesar desses dados, há dúvidas em relação aos números de indivíduos com
demências no Brasil, devido às dificuldades metodológicas encontradas nos estudos
realizados no país.
Embora as demências apresentem características semelhantes em
alguns de seus sintomas, as suas causas podem ser diferentes. De acordo com
Bertelli, Bianchi e Cruz (2009), os principais tipos de demências são a Doença de
Alzeheimer (DAZ), a Demência de Corpúsculos de Lewy (DCL), a Demência
Frontotemporal (DFT) e a Demência da Doença de Parkinson. (DDP). Na sequência
são apresentadas as características dos principais tipos de demência.
2.1.1 Doença de Alzheimer
A Doença de Alzheimer (DAZ), descoberta pelo alemão neuropatologista
Alois Alzheimer, é a demência mais prevalente, atingindo cerca de 60% de todas as
demências (LOGIUDICE, 2012). Atualmente, 35,6 milhões de pessoas convivem
com a doença e a estimativa é de que esse número praticamente dobre a cada 20
anos, chegando a 65,7 milhões em 2030 (WIMO; WINBLAND; JONSON, 2010). Este
crescimento está relacionado ao aumento da longevidade e do número de pessoas
com idades mais avançadas, que deve crescer exponencialmente nos próximos
anos.
A DAZ é ocasionada por um processo degenerativo do tecido cerebral e
pela formação de placas neuríticas que dificultam a comunicação neuronal (HARDY
et al., 2014). Seus fatores de risco estão relacionados ao processo de aterogênese e
doenças associadas à idade: a hipertensão arterial, diabetes, dislipidemia,
tabagismo e doenças cerebrovasculares (CARAMELLI; BARBOSA, 2002).
Placas neuríticas: são placas extracelulares de depósito de proteínas insolúveis beta amiloides. A grande quantidade dessas placas prejudica a comunicação neuronal. Aterogênese: formação de lesões ateromatosas ou placas de ateroma em artérias.
33
De acordo com a Alzheimer’s Association (2015), o cérebro do indivíduo
acometido por DAZ sofre modificações significativas que levam ao encolhimento do
córtex, danificando as regiões envolvidas com a memória, emoções, cognição,
movimentação e equilíbrio. Essa redução traz impactos mais importantes quando
atinge o hipocampo, uma região do córtex responsável pela formação de novas
lembranças. Nessa fase, mudanças estruturais no cérebro são observadas, como
redução da sua massa total (Figura 1).
Figura 1 - Características do cérebro com e sem DAZ
Fonte : Elaborado pela autora.
As consequências da DAZ são diversas. No início se manifestam de
forma sutil e vão se tornando progressivamente mais importantes. A memória
certamente é o efeito clínico mais marcante e que pode ser observado rapidamente
pelos familiares. Outras manifestações estão relacionadas ao prejuízo no controle
motor, hiperatividade e irritabilidade (BREMENKAMP et al., 2014).
Segundo Caramelli et al. (2011) múltiplos déficts cognitivos são
observados como o comprometimento da memória, a afasia, que é a perturbação da
linguagem e a agnosia que é a dificuldade em reconhecer objetos, pessoas, sons e
formas. Azevedo et al. (2010) e Cornelius (2003), complementam ressaltando que a
DAZ irá influenciar diretamente nas funções executivas, ocupacionais e nas
atividades sociais.
34
A DAZ é classificada de acordo com Green (2001) em três estágios
segundo o comprometimento da doença. São eles: 1) estágio inicial ou leve, 2)
estágio moderado e 3) estágio avançado. Na sequência são apresentadas as
características de cada uma:
Doença de Alzheimer inicial ou leve:
Nesse estágio, muitas vezes o diagnóstico não é reconhecido, isto
porque, nesta fase os pacientes preservam as suas habilidades sociais e
conversacionais. Os pacientes apresentam sintomas de prejuízo adicional de
domínio cognitivo como atenção, resolução de problemas, linguagem e práxis.
Doença de Alzheimer moderada:
À medida que a doença progride, os sintomas em outras áreas, além da
memória se tornam mais óbvios. Esses incluem problemas de linguagem e
dificuldades para se achar nas palavras, junto com os prejuízos descritos no estágio
inicial. Problemas comportamentais, sintomas psiquiátricos e agitação aparecem
frequentemente. Nesta fase, a perda das habilidades cognitivas é óbvia,
destacando-se a perda de memória, deterioração nas habilidades verbais,
diminuição do conteúdo e da variação da fala, aumento dos distúrbios
comportamentais caracterizados por frustação, impaciência, inquietação, agressão
verbal ou física e um óbvio declínio das habilidades sociais.
Doença de Alzheimer avançada:
Nesta fase, à medida que os déficits de memória e linguagem pioram, os
pacientes podem ter dificuldades de achar palavras e de compreensão significativas,
se tornando incompreensíveis, podendo até se tonarem mudos. A morte vai
provavelmente ocorrer até dez anos após o diagnóstico. Nos estágios mais severos,
o paciente é acometido por infecções geralmente respiratórias. Quando o idoso
entra nessa fase, é importante para a família o auxílio de profissionais que possam
desenvolver os cuidados paliativos para manter a qualidade de vida desse indivíduo.
35
2.1.2 Demência Vascular
Esse tipo de demência diferencia-se da doença de Alzheimer
principalmente pelo fato de como se manifesta, ou seja, seu aparecimento é súbito e
não indicioso e, por ser mais comum em homens (CARAMELLI et al., 2011).
A Demência Vascular (DV), também conhecida por Demência de
Múltiplos Infartos, é uma das demências mais frequentes, compreendendo cerca de
10% dos casos. Quando associada a doenças cardiovasculares a sua prevalência
aumenta para 15% (CARAMELLI; BARBOSA, 2002). Para Engelhardt e Laks (2007)
a demência vascular compreende em comprometimento cognitivo, dificuldade
crescente nas atividades de vida diária e sintomas de comportamento e
psicológicos.
A expressão sintomas psicológicos e comportamentais nas demências é
empregada para descrever uma heterogênea gama de sintomas psiquiátricos,
reações psicológicas e alterações de comportamento que podem surgir nos diversos
quadros demenciais (TAVARES JUNIOR; SOUZA, 2011).
Em se tratando da demência vascular, o indivíduo passa a ter momentos
de comportamento bem diferenciados do normal, ou seja, momentos de apatia,
redução da motivação, falta de interesse, falta de iniciativa e indiferença, marcados
pelo desinteresse nas atividades da vida diária como os cuidados pessoais
(TAVARES JUNIOR; SOUZA, 2011).
O paciente com demência vascular difere rapidamente seu
comportamento quando entra em algum estado de desconforto, como algum
ambiente tumultuado, se tornando eufórico e agitado rapidamente (PENA, 2010).
Giacomin (2011) apresenta a etiologia da demência vascular baseada nas
patologias, sinais e sintomas pré-existentes do paciente como infartos em vasos de
grande calibre, infartos lacunares múltiplos, hipodensidade subcorticais evidenciadas
em diagnóstico de imagem, infarto único em localização estratégica, vasculites
inflamatórias, entre outros fatores.
Mediante essas condições, para melhor entendimento, a demência
vascular foi subdividida de acordo com alguns critérios propostos pelo State of
California Alzheimer’s Disease and Treatament Centers. São eles: demência
36
vascular isquêmica provável, demência vascular isquêmica possível, demência
vascular definitiva (GIACOMIN, 2011).
O termo “múltiplos infartos” que também classifica esse tipo de demência,
deve-se a um quadro secundário, proveniente do efeito de múltiplos infartos
cerebrais, com efeito acumulativo. Caramelli e Barbosa (2002) ressaltam que as
demências vasculares também podem ser causadas por lesões únicas em locais
estratégicos, associada a lesões extensas da substância branca, angiopatia amiloide
e demência por acidentes vasculares cerebrais hemorrágicos.
A evolução das demências vasculares, devido a períodos de alternância
de piora rápida e posterior estabilização, revela um perfil de evolução do tipo “em
escada, diferindo, portanto, da evolução de outras demências degenerativas, as
quais revelam um progredir das perdas cognitivas mais indicioso e homogêneo
(FLORIANO; DALGALARRONDO, 2007).
A demência vascular apresenta além das consequências acima citadas
pelo Alzheimer, sinais e sintomas neurológicos focais (ex: exagero de reflexos
tendinosos profundos, resposta extensora plantar, em uma das extremidades,
paralisia pseudobulbar, anormalidades de marcha, fraqueza em uma das
extremidades) ou evidencias laboratoriais indicativas de uma doença
cerebrovascular, considerada etimologicamente relacionadas com a perturbação.
(CARAMELLI et al., 2011).
2.1.3 Demência por Corpúsculo de Lewy
A demência por corpúsculo de Lewy, ou doença difusa com corpúsculos
de Lewy, é cada vez mais reconhecida como causa de demência no idoso
(CUMMINGS; REICHMAN, 1998). Trata-se de uma demência progressiva que pode
preceder ou acompanhar o aparecimento de parkinsonismo e que se identifica pelo
comprometimento cognitivo flutuante, proeminente interrupção de atenção e
habilidades visuais espaciais, alucinações visuais e quedas (LOURO, 2013). Ela
está incluída no grupo das chamadas sinucleinopatias, do qual fazem parte a
doença de Parkinson idiopática, sem e com demência e atrofia de múltiplos sistemas
(GALVIN et al., 2001). Entende-se por múltiplos sistemas, uma patologia que
caracteriza-se pela combinação de diferentes graus de parkinsonismo, com
37
diferentes disfunções, as quais podem ser cerebelosas, autonómicas,
corticoespinhais, piramidais e extrapiramidais.
De acordo com Marti (2014), essa demência é considerada relativamente
nova. As doenças neurodegenerativas são situadas no córtex cerebral, tendo em
vista que a doença de Lewy está incluída no grupo das chamadas sinucleidopatias,
do qual fazem parte a Doença de Parkinson sem e com demência.
A doença de Lewy, acomete cerca de 20% dos pacientes a partir dos 65
anos com síndrome demencial (CARAMELLI et al., 2011). Acredita-se que a doença
de Lewy é a segunda demência mais prevalente, depois da doença de Alzheimer,
em idosos com mais de 85 anos, correspondendo a 5% do total (MARTI, 2014).
O diagnóstico clínico da demência por corpúsculo de Lewy é feito
quando ocorrem sintomas que caracterizam a demência por pelo menos 6 meses de
duração com declínio cognitivo flutuante, com períodos de confusão mental,
alucinações especialmente visuais, quedas com maior frequência; sinais
extrapiramidais espontâneos, tais como rigidez e bradicinesia. (CARAMELLI et al.,
2011).
Os achados patológicos estão diretamente relacionados com os
corpúsculos de Lewy, que são inclusões intracitoplasmáticas eosinófilas hialinas,
encontradas geralmente no córtex cerebral e no tronco encefálico, neocorticais,
como placas senis e, em maior extensão, emaranhados neurofibrilares.
Marti (2014) coloca que o diagnóstico da doença de Lewy é realizado a
partir de eventos de outras patologias que possam ser observados na anatomia por
exames de imagem ou referência ao diagnóstico patológico, ou seja, esse tipo de
demência pode ocorrer logo após um ou mais episódios de acidente vascular
cerebral, isquemias transitórias, mudanças extensas da substância branca à
neuroimagem.
Os principais sintomas estão relacionados a flutuações cognitivas e
déficts na performance global, situações essas que variam de acordo com o
indivíduo e podem durar minutos ou horas. Alucinações bem formadas e detalhadas,
que muitas vezes fazem os cuidadores ou a família acreditarem no que o paciente
Sinucleinopatias: anormalidade no metabolismo da Alfa-sinucleína ao nível molecular.
38
viu, devido a riqueza de detalhes, alucinações de forma mais rara mais também
acontecem, ou seja em espaços grande de tempo (TAVARES; AZEREDO, 2003).
2.1.4 Demência Frontotemporal
A Demência Frontotemporal (DFT) é ocasionada por uma disfunção dos
lobos frontais e temporais. Segundo Mendez et al. (1993), ela corresponde de 10% a
15% dos casos de demência degenerativa, ocorrendo principalmente após os 40
anos de idade, com igual incidência em homens e mulheres. Caramelli et al. (2011)
ressalta que esse tipo de demência apresenta um percentual elevado de incidência
familiar. Cerca de 20% dos casos mostram um padrão de herança autossômico
dominante (CARAMELLI et al., 2011).
As DFT, afetam sensivelmente o lobo frontal do cérebro, podendo
estender-se ao lobo temporal (TEIXEIRA, 2002). Nesse tipo de demência, observa-
se um início seletivo nos lobos frontais e temporais anteriores (CARAMELLI et al.,
2011).
De acordo com Caramelli et al. (2011), foram descritas características
neuropatológicas de base necessária para esse tipo de demência, como perda
neuronal cortical, mais intensa nos lobos frontais e nas porções anteriores dos lobos
temporais, como uma relativa preservação da formação hipocamoal, tendo em vista
que, para o diagnóstico, há necessidade de exames histopatológico invasivos que só
podem ser realizados pós morte.
No caso dessa demência o que difere das demais, é que ela exibe
importantes alterações comportamentais. Mudanças que tornam os indivíduos com
características de impulsividade, distraibilidade, desinibição e mudança na conduta
social.
Em geral, a demência frontotemporal é caracterizada por alterações
neuropsicológicas de funções tradicionalmente relacionadas com o córtex frontal e
temporal, com preservação das funções mediadas pelas regiões posteriores do
cérebro (CARAMELLI et al., 2011). Ela normalmente se manifesta em torno de 45 a
64 anos, com frequência relativa semelhante a Doença de Alzheimer em indivíduos
com idade abaixo de 60 anos, 10 anos mais cedo do que as demais doenças
(LOANNIDIS et al., 2012).
39
A diferença entre a demência frontotemporal e a doença de Alzheimer é a
região do cérebro acometida e suas repercursões, ou seja, na demência
frontotemporal, o declínio no estágio inicial exibe importantes alterações
comportamentais, diferenciando assim da Doença de Alzheimer, que além do
comportamento, afeta de forma significativa a memória episódica. É importante
destacar que, os acometimentos decorrentes dessa demência, não se restringem
somente ao comportamento, mas também à ação motora. Reflexos primitivos,
incontinência esfincteriana, acinesia, rigidez, tremor e distúrbios de marcha são
alguns dos seus sintomas.
Pacientes em estágio inicial mostram discreto comportamento da memória
episódica, mas exibem importantes alterações comportamentais, como mudanças
precoces na conduta social, desinibição, rigidez, inflexibilidade, hiporalidade,
comportamento estereotipado e perseverante, exploração incontida de objetos no
ambiente, desatenção, impulsividade, falta de persistência e perda precoce da crítica
(CARAMELLI et al., 2011).
No quadro clínico da demência podem prevalecer distúrbios de
personalidade e comportamento, caso as lesões sejam frontais, ou, se forem
temporais, prevalecem distúrbios de linguagem como afasia progressiva e demência
semântica (NEARY et al., 1998).
Segundo Teixeira (2002), os fenômenos de desinibição (sexual e
hilariante) são os sintomas mais precoces característicos da demência fronto
temporal. Segundo Brun et al. (1994), pacientes com essa demência também
apresentam reflexos primitivos, em especial sinais de frontalização ao exame
neurológico que são reflexos de preensão palmar, de sucção, e de projeção tônica
dos lábios (BRUN et al., 1994).
2.1.5 Demências Associadas ao Parkinson
A prevalência da Demência associada a Doença de Parkinson varia de
26% a 44% e ocorre em fases mais tardias da doença, chegando a afetar cerca de
80% dos casos de DP (Doença de Parkinson) após 8 anos de evolução
(BOSBOOM; STOFFERS; WOTERS, 2004). Esse tipo de demência apresenta o
quadro clínico semelhante ao declínio cognitivo leve e, atualmente, o diagnóstico se
40
baseia na regra de um ano de sintomas que caracterizam a demência (MCKEITH et
al., 2005).
A modificação patológica mais marcante da doença de Parkinson,
encontra-se na substância negra, denominada a região do mesencéfalo responsável
pelo neurotransmissor dopamina, o qual é essencial para modulação dos
movimentos. Modificações microscópicas incluem, perda de neurônios, gliose e os
neurônios sobreviventes, podem conter Corpos de Lewy (MELO; BARBOSA;
CARAMELLI, 2007). Dessa forma, os autores admitem que, a doença ascende, e ao
longo do tempo atingirá o tronco encefálico e as regiões corticais. O envolvimento
cortical, começa antero medialmente no mesocórtex temporal, e, deste para o
néocoretx, atingindo córtices associativos as áreas pré-frontais. Esse padrão de
acometimento, ascendente justificaria em parte, a instalação mais tardia de
demências no paciente com doença de Parkinson (MELO; BARBOSA; CARAMELLI,
2007).
Alterações do parkinsionismo, como postura curvada, rigidez, e andar
com os passos mais curtos, podem gerar desequilíbrio e levar o indivíduo a quedas
e consequentemente fraturas (COLE et al., 2011).
2.1.6 Demência Mista
Como o nome já sugere esse tipo de demência é caracterizada pela
alternância de sintomas de demência vascular e doença de Alzheimer, ou seja, de
acordo com estudos patológicos, estima-se que mais de um terço dos pacientes com
Doença de Alzheimer apresentam também lesões vasculares e, proporção similar de
pacientes com demência vascular exibam alterações patológicas características de
doença de Alzheimer. A coexistência das duas doenças denomina-se demência
mista (FONSECA et al., 2008).
O diagnóstico desse tipo demência é sugerido na presença de uma tríade
de fatores clássicos de risco cerebrovasculares, manifestações clinicas de episódios
cerebrovasculares e a existência do quadro demencial (CHARLES, 1998).
Um estudo realizado em 2008 por Fonseca e colaboradores, propôs como
discussão que pacientes com demência mista procuram atendimento mais
rapidamente que pacientes acometidos por outra demência, e que sintomas como
alucinações, apatia, são mais frequentes nesse tipo de demência tendo em vista
41
que, na doença de Alzheimer são características do processo mais avançado da
doença (FUH; CUMMINGS, 2005).
2.1.7 Demências Reversíveis
Segundo Agência Nacional de Saúde Suplementar (2011), alguns tipos de
demências também podem ser reversíveis. Esse é o tipo considerado mais raro, e
por sua vez, quando o diagnóstico é feito precocemente e adequado, o declínio
cognitivo pode ser revertido. As principais causas são a Hidrocefalia por pressão
normal ou comunicante e os tumores primários ou metastáticos (BARBOSA;
MACHADO; VIEIRA, 2011).
Hidrocefalia de pressão intermitente do adulto: caracterizada pela tríade
clássica demência, ataxia, e incontinência urinária. Pode ser idiopática ou
secundária a condições que interferem na absorção liquória: a demência é leve e de
início lento e progressivo. Nesse caso, a deterioração da memória é comum, mas a
apraxia e agnosia não (CARAMELLI et al., 2011).
Pelagra: é a deficiência do ácido nicotínico afeta os neurônios do córtex
cerebral, gânglios da base, tronco cerebral, cerebelo e corno anterior da medula
espinhal. Seus sinais mais comuns são diarreia, gossite, anemia e lesões cutâneas
eritematosas (GALLUCCI NETO; MARCHETTI, 2005 ).
Deficiência vitamina B12: É a causa mais rara das demências reversíveis,
compromete a função cognitiva global, observa-se uma lentidão mental acentuada,
uma perda de memória recente, e dificuldade de concentração. Segundo Caramelli
et al. (2011), não ocorrem déficts corticais e focais. As manifestações psiquiátricas
são exuberantes e, o paciente acometido por essa demência, passa a ter reações
como falar mais alto, usar palavras que antes não usava e agressividade.
Hipotiroidismo: É causa de demência reversível e psicose crônica. É
caracterizada por lentificação mental, perda de memória e irritabilidade (GALLUCCI
NETO; MARCHETTI, 2005).
Depressão: A depressão por si só ocasiona lentidão mental, apatia,
irritabilidade, descuido pessoal, dificuldade de concentração e memória e mudança
de comportamento, sintomas também presentes na demência. Nesse sentido,
critérios bem definidos são importantes e é fundamental que o profissional
compreenda as diferenças básicas, para que esses dois acometimentos não sejam
42
confundidos, já que as possibilidades terapêuticas e o prognóstico diferem
consideravelmente (SCORALICK et al., 2011). Há evidências de que apesar da
reversibilidade inicial da deficiência cognitiva, uma proporção de pacientes, maior do
que esperada, com pseudodemência depressiva acaba desenvolvendo demência
verdadeira (RASKIND, 1998).
A depressão pode também acometer o indivíduo com demência, e nesses
casos ela se constitui em uma importante causa de incapacidade dos indivíduos com
demência, podendo ocasionar piora na qualidade de vida, na execução de tarefas
básicas de vida diária, aumentando o risco de agressão física e riscos de suicídios
(SCORALICK et al., 2011).
Na sequência, no Quadro 2, são apresentadas as principais
características da depressão e demência.
Quadro 2 - Principais características da depressão e demência.
Fonte : Scoralick et al. (2011).
Características Depressão Demência Duração dos sintomas até a época da consulta
Curta Longa
Data do início pode ser identificada com precisão
Usual Pouco usual
Progressão dos sintomas Usual Pouco usual História da depressão Usual Menos usual Queixas das perdas cognitivas Minimizadas Minimizadas no estagio tardio da
doença Descrição do doente da sua perda cognitiva
Detalhada vaga
Incapacidade Detalhada Ocultada no estágio tardio Esforço para executar tarefas Pequeno Grande Tentativa de vencer a doença Máxima Mínima Reação emocional Grande aflição Indiferença no estágio tardio Humor Deprimido Lábil Deterioração para as atividades sociais Precoce Tardia Comportamento congruente com a perda da capacidade da perda cognitiva
Pouco usual Usual
Atenção e concentração Adequadas Ineficientes Resposta do tipo “não sei” Usuais Não usuais Respostas do tipo “quase certo” Pouco usuais Usuais no estágio tardio. Perda da memória recente como para eventos remotos
Igual Maior
Perda de memória lacunar Igual Maior Performance em tarefas maiores com semelhantes
Variável Consistente
43
CAPÍTULO 3
ATIVIDADE FÍSICA E EXERCÍCIO FÍSICO PARA IDOSOS COM DEMÊNCIAS
É sabido que em 2020, ocorrerá um aumento de 84 a 176% no número
de idosos em nossa sociedade com moderada ou grave incapacidade e que, a
implantação de programas de exercícios físicos e o estímulo ao aumento do nível
de atividade física habitual e de outras estratégias de prevenção e melhora
funcional são de extrema importância e podem minimizar ou evitar a incapacidade
(FREITAS; KOPILER; CAMPOS, 2011).
Segundo Bouchard, Malina e Pérusse (1997), a atividade física e
exercício físico possuem conceitos diferentes, apesar de estarem associados. A
atividade física é qualquer movimento corporal que demande gasto energético
acima dos níveis de repouso, portanto, estão inclusos movimentos corporais do
cotidiano como as atividades de higiene pessoal, atividades domésticas, atividades
laborais, locomoção, dentre outras essenciais para a sobrevivência humana. Já os
exercícios físicos é uma subdivisão da atividade física, mas tem objetivos definidos,
como melhorar a aptidão física e funcional com práticas organizadas e regulares
para esse fim, como por exemplo exercícios em academia, exercícios resistidos,
atividade aeróbica programadas, entre outros.
É importante destacar nesse contexto, que ambos, a atividade física e o
exercício físico são importantes para a preservação da funcionalidade física do
idoso com demências. A manutenção da atividade física, ou seja, estimular o idoso
a realizar as suas atividades físicas do cotidiano são importantes para a sua saúde
e qualidade de vida, mas precisam ser complementadas com o exercício físico, que
por meio de atividades mais específicas conseguem mais efetivamente
proporcionar uma ampliação da capacidade de reserva orgânica do idoso e
consequentemente da sua funcionalidade.
O exercício físico pode contribuir para prevenção do declínio cognitivo, e
postergar o atraso do aparecimento de demências. Um conjunto de evidências
sugere que, a vida ativa tem um efeito protetor sobre o cérebro em idosos. Sendo
que a atividade física pode abrandar o percurso de doença como a de Alzheimer.
Pode ainda prevenir o aparecimento de várias complicações devastadoras, como
44
quedas, distúrbios de comportamento, mobilidade, deficiência ou perda de peso
que resultam em uma taxa de hospitalização e incapacidade (PORTELA, 2014).
O objetivo dos exercícios e da reabilitação no idoso é preservar ou
melhorar ao máximo a sua capacidade funcional. Esses objetivos são alcançados
por meio de programas que visam aumentar a capacidade aeróbica, força
muscular, flexibilidade e habilidades motoras (FREITAS; KOPILER; CAMPOS,
2011).
Wincheter et al. (2014) realizaram estudos randomizados controlados
para verificar a ação benéfica dos exercícios físicos sobre indivíduos com
demências e verificaram que eles exercem a função de atrasar as perdas
ocasionadas pela doença, como distúrbios motores, encurtamentos e deformidades
posturais e dependência. Os estudos mostraram também que a prática de
exercícios físicos promove o fortalecimento muscular, prevenindo as quedas,
lesões e fraturas. Estudos ressaltam também que a prática de exercícios físicos e
um estilo de vida ativo podem atuar como fator protetor contra sintomas
depressivos e demências (GONÇALVEZ et al., 2014).
Segundo Hernandez et al. (2010), devido as diversas perdas neurais, o
equilíbrio bem como a postura corporal ficam comprometidos no idoso com
demência. Porém, a força muscular de membros inferiores é um fator de grande
relevância nesse processo de degradação, pois diminui significativamente,
prejudicando a marcha e as atividades em geral que envolvem a mobilidade.
Em concordância com o autor acima, Freitas, Kopiler e Campos (2001)
relatam que os idosos também sofrem maiores repercussões da perda de massa
muscular e aumento do percentual de gordura, que se apresenta de forma mais
enfática nos mais sedentários. Nesse sentido, esses agravantes podem ser
maiores nos idosos com demências devido à tendência a uma vida sedentária.
Vários tipos de exercícios devem ser trabalhados com os idosos com demências,
afim de estimulá-los a auxiliá-los a preservarem as suas funções. Os autores
relatam que os exercícios resistidos são fundamentais para a preservação da
funcionalidade física do idosos e que o preconceito quanto a sua realização,
associado à falta de conhecimento para sua aplicação de forma correta, impedem
com que os benefícios advindos dessa modalidade possam ser ofertados para o
grupo de idosos com demências que geralmente possuem um importante estado de
fragilidade física.
45
A estratégia de implantação e manutenção de programa de exercícios de
reabilitação ou prevenção, deve seguir normas bem estabelecidas, sendo
consideradas a frequência, duração e a intensidade (FREITAS; KOPILER;
CAMPOS, 2011).
Já está bem estabelecido que a prática regular de exercícios físicos é
associada a melhora da flexibilidade, força muscular, capacidade aeróbica,
memória recente, cognição, independência física e qualidade de vida (DIAS;
GURJÃO; MARUCCI, 2006), inclusive para os idosos com demências. Nesse
sentido, cabe ao profissional compreender as modificações provocadas pelas
demências, avaliar as necessidades dos idosos com esses acometimentos e aplicar
adequadamente estratégias que o permitam serem mais ativos fisicamente e em
consequência preservar a sua função física.
Quadro 3 - Recomendações para realização de exercícios para idosos de com diagnóstico de demências
• Identificar no dia a dia as necessidades do idoso;
• Desenvolver uma relação de confiança do idoso com o profissional;
• Definir local, horário e manter ao máximo essa definição;
• Questionar a família ou ao cuidador e teve alguma intercorrência antes da sessão;
• Utilizar roupas adequadas ao clima e compatíveis as atividades;
• Questionar ao cuidador com relação ao processo medicamentoso antes da sessão;
• Aferir pressão arterial diariamente;
• Elaborar um programa coerente e cumpri-lo;
• Iniciar gradativamente a intensidade e carga dos exercícios;
• Desenvolver as atividades somente quando o idoso estiver em bom estado
• Lembrar ao idoso sobre a ingestão de líquidos antes, durante e após a sessão;
• Exemplificar e explicar bem o exercício para um bom entendimento do idoso;
• Utilizar um tom de voz adequado e claro, preferencialmente posicionar-se em frente ao idoso
para dialogar e explicar o exercício;
Fonte : Freitas, Kopiler e Campos (2011).
Os estudos a respeito da influência da prática de atividade física nas
demências, ainda são relativamente novos e, apesar de alguns resultados serem
contraditórios, muitos tem apontado que a atividade física previne a demência,
retarda o aparecimento da doença, melhora os aspectos da função cognitiva e reduz
os seus sintomas (PETROIANU et al., 2010). Outro ponto importante destacado em
46
alguns estudos, é que, ao manter o idoso com demência fisicamente mais ativo, ele
preservará melhor a sua função cognitiva e funcional e consequentemente
provocará menor desgaste mental do seu cuidador (SANTOS; CORTINA, 2011).
Com base nas informações apresentadas fica evidente a necessidade de
manter o indivíduo idoso com demência em atividade, tanto física como mental. Para
isso, algumas estratégias precisam ser conhecidas para que o responsável pelo
idoso possa colaborar nesse processo e encaminhá-lo para a alternativa mais
adequada, tanto em relação às suas necessidades quanto a estrutura e os recursos
que o idoso e sua família dispõem. Nesse sentido, é importante destacar que é
possível implementar o nível de atividade física do idoso com demência pela
realização de atividades físicas e pela prática do exercício físico, como são
demonstradas e exemplificadas na sequência:
3.1 AUMENTANDO O NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA HABITUAL E A PRÁTICA DE
EXERCÍCIOS FÍSICOS EM IDOSOS COM DEMÊNCIAS
Estudos mostram, que conforme a idade avança as pessoas vão se
tornando menos ativas fisicamente e esse quadro se agrava com a demência. Isso
quer dizer, que o idoso nesse estado se movimenta bem menos que os jovens e
adultos, inclusive na realização das suas atividades cotidianas. Dessa forma, se o
movimento é tão importante para a preservação da saúde e manutenção da
qualidade de vida do idoso com demência estratégias devem ser adotadas para que
eles se mantenham fisicamente mais ativos. Na sequência são apresentadas três
estratégias, sugeridas por Paes e Teixeira (2015) que podem ser utilizadas para
tornar o indivíduo idoso com demência fisicamente mais ativo.
Para Petroainu et al. (2010), a influência de atividades de lazer e físicas
na redução da perda cognitiva ocorrem pelo estímulo da neurogênese e da
sinaptogênese produzida por fatores neurotróficos, que teriam sua produção
aumentada durante a prática regular dos exercícios e a possível ampliação da
reserva cognitiva, que ocorreria particularmente em idosos com manutenção de
atividades com maior estímulo cognitivo por longo período.
Na sequência são apresentadas três estratégias, sugeridas por Teixeira
(2015) que podem ser utilizadas para tornar o indivíduo idoso com demência
fisicamente mais ativo.
47
- Estratégia 1- Fazer com que o idoso se movimente mais dentro de casa
Sempre que possível incentivar o idoso a realizar suas atividades
cotidianas. Deve ser delegado ao idoso tarefas que ele possa realizar dentro de
casa de acordo com a sua condição física e cognitiva, como se vestir e tomar banho
sozinho, tirar a louça da mesa, arrumar sua cama, varrer a casa, tirar pó dos móveis,
entre outros.
- Estratégia 2- Fazer com que o idoso se movimente mais ao ambiente externo a
casa:
Incentivar o idoso a interagir com o quintal da casa ou área comum de
apartamentos, como varrer o quintal, cuidar do jardim e tratar de animais.
- Estratégia 3- Fazer com que o idoso saia mais de casa:
O idoso deve ser estimulado a sair de casa sempre acompanhamento por
um responsável. Convidar o idoso a ir a pé ao mercado próximo, a dar uma volta no
bairro e a subir pequenos lances de escadas ao invés de elevador. Animais de
estimação, com o cão, também podem contribuir para esse processo, ao incentivar o
idoso á leva-los para passear.
Obs.: Os familiares e cuidadores possuem um papel muito importante
nessas estratégias, pois são eles que representam a possibilidade de maior
movimentação para esses idosos. Deve ser avaliado quais atividades os idosos
possuem condições de realizar, considerando o estágio da sua doença. O
importante não é que o idoso execute essas atividades com perfeição, mas sim que
se movimente mais no seu dia a dia, mesmo que requeira supervisão do cuidador.
Por isso, mesmo com dificuldades ele deve ser incentivado e valorizado após a
realização dessas tarefas.
Apesar de muito importantes para a preservação da saúde do idoso com
demência, nem sempre as atividades físicas cotidianas são suficientes para esse
48
fim. Em muitos casos recomenda-se a prática de exercícios físicos, ou seja, uma
prática regular e organizada, com objetivos de melhorar especificamente a condição
física do idoso. Essas atividades necessitam de acompanhamento profissional ou do
cuidador em atividades mais simples como uma caminhada diária. A seguir são
apresentadas algumas estratégias apresentadas por Paes e Teixeira (2015) para a
implementação da prática de exercício físico para o idoso.
- Estratégia 1- Exercitando-se dentro de casa
O idoso pode se exercitar regularmente dentro de sua casa com a
supervisão do cuidador. São recomentados exercícios simples para o fortalecimento
e mobilidade de membros inferiores e superiores. Nesse caso, os supervisores
devem buscar auxílio de profissionais que trabalham com exercício físico como o
Educador Físico e Fisioterapeutas.
- Estratégia 2- Exercitando-se de forma lúdica dentro de casa
Jogos e brincadeiras praticadas de forma regular podem auxiliar e
incentivar o idoso a se exercitar mais, como lançamento de bolas, jogar bolas ao
cesto, bola na lata, dançar, entre outras atividades que fazem parte da cultura
popular. Atividades para a coordenação motora fina também são importantes e
ajudam a preservar os movimentos das mãos. São atividades manuais como
artesanatos, desenho pintura, escultura com argila e massa de modelar.
- Estratégia 3- Caminhadas regulares e academias ao ar livre
Proporcionar ao idoso caminhadas regulares em locais abertos como
parques e bosques. Grande parte das cidades possuem academias ao ar livre.
Essas estruturas também devem ser utilizadas para que o idoso se exercite. Os
equipamentos e os exercícios são fáceis de serem realizados. Essas atividades
devem ser acompanhadas pelo cuidador.
- Estratégia 4- Participação em programas de exercícios físicos
49
Caso o idoso com demência possua condições ele deve se inserir em
programas de exercícios comunitários com acompanhamento profissional, como
aulas de ginástica, hidroginástica, musculação entre outros.
- Estratégia 5- Programa de exercícios físicos personalizados
Dependendo do estado de demência do idoso e a condição financeira
familiar, um programa de exercício físico personalizado poderá colaborar muito com
a preservação da funcionalidade física e cognitiva do idoso. Esses programas
podem ser realizados no ambiente domiciliar, em clínica ou academia.
Obs.: Sempre que possível os programas de exercícios físicos devem ser
organizados para estimular também a atividade cerebral dos idosos. Assim, as
atividades motoras devem ser organizadas também pensando na utilização da
cognição (raciocínio) dos idosos. A utilização de materiais coloridos e de diferentes
tamanhos e texturas também contribuírem para esse objetivo.
O aumento do nível de atividade física diária do idoso requer incentivo e a
adoção de estratégias adequadas para esse fim. O papel da família e do cuidador é
fundamental para que esse objetivo seja alcançado, seja estimulando o idoso a se
movimentar dentro de casa ou encaminhando a profissionais especializados. A
imposição para a realização dessas atividades não é o melhor caminho para tornar o
idoso com demência fisicamente mais ativo. O idoso deve ser conduzido à prática de
maneira mais natural possível, em um ambiente favorável que o estimule a
realização dessas atividades. Por fim, a família e ou cuidador devem avaliar os
recursos que dispõem para estimular o idoso com demência a ser mais ativo no seu
dia a dia e, mesmo com poucos recursos financeiros é possível criar situações e
ambientes favoráveis para que ele se movimente mais e viva melhor (TEIXEIRA,
2015).
3.2 EXERCÍCIO FÍSICO PARA IDOSOS COM DEMÊNCIA
Como já relatado anteriormente, o exercício físico é um dos recursos mais
importantes para a preservação e manutenção da função física e funcional dos
50
idosos com demências. A prática de exercícios físicos pode também melhorar a
função cognitiva, pois provoca alterações fisiológicas como o aumento do fluxo
sanguíneo cerebral, um dos mecanismos responsáveis pela função cognitiva. As
atividades com estímulos diversificados, como o uso de materiais com cores e
tamanhos diferentes, variações nos estímulos, tanto na intensidade como no
volume, exigem maior envolvimento cognitivo dos idosos. Quando possível, as
atividades em grupo também podem potencializar a atividade cognitiva.
Nesse livro, a proposta não é esgotar as possibilidades de trabalhos com
os idosos com demências, mas sim apresentar algumas propostas que possam ser
implementadas e modificadas pelos profissionais. As possibilidades são muitas,
portanto o roteiro com os exercícios apresentados indica segmentos e objetivos de
exercícios distintos que devem ser considerados no momento do profissional
elaborar e planejar exercícios físicos para essa população.
Na sequência são apresentadas sugestões de exercícios posturais,
exercícios para o fortalecimento de membros inferiores e superiores, exercícios para
as capacidades neuromotoras, como equilíbrio, coordenação motora e tempo reação
e também sugestões de atividades lúdicas e recreativas.
3.2.1 Exercícios Posturais
A manutenção de uma adequada postura corporal é importante para uma
movimentação mais equilibrada, com menor gasto energético e eficiência mecânica.
As alterações estruturais do organismo decorrentes do envelhecimento podem
provocar alterações posturais que venham prejudicar a funcionalidade física do
idoso, sobretudo os demenciados que tendem a assumir posturas inadequadas
devido à inatividade e à falta de consciência corporal.
É importante destacar que uma estrutura é estável desde que a linha de
gravidade do centro de massa localize-se dentro da base de apoio. A estabilidade é
melhorada abaixando o centro de gravidade, ou aumentando a base de apoio,
devido a essa condição, os idosos tendem a aumentar a base de sustentação dos
pés, bem como, deslocar o centro de gravidade para baixo, buscando uma
estabilização postural e manutenção do equilíbrio (KISNER; COLBY, 2009).
É importante compreender a influência da força da gravidade que é
imposta nas estruturas do tronco e membros inferiores, oferecendo um desafio
51
constante para manutenção da estabilidade da postura (KISNER; COLBY, 2009).
Nesse sentido, exercícios posturais e de equilíbrio são necessários para os idosos
com demência.
52
Técnicas de estabilização: coluna cervical
Passo 1: Sentado, o mais ereto possível na cadeira, mantendo os dois pés apoiados no chão. Passo 2: O idoso deverá colocar as duas mãos atrás da cabeça, conforme a demonstração do profissional. Passo 3: Solicitar ao idoso que abaixe sua cabeça em direção ao tronco, orientando-o que coloque o queixo no esterno. Passo 4: Solicitar que o idoso preste a atenção na contagem do professor que contará pausadamente até terminar a expiração.
Figura 1 Figura 2 Figura 3 Obs.: As propostas de exercícios podem apresentar variações de acordo com o grau de comprometimento do idoso. Exemplo: Comprometimento leve: executar o exercício em pé ou utilizando bola suíça para aumentar o grau de estabilização de coluna globalmente. Comprometimento moderado ou grave: por segurança o idoso deverá estar sentado em cadeira bem firme, e em local que não possa causar riscos de queda. Obs: No caso de idosos com demências é importante a demonstração do exercício quantas vezes for necessária para que o exercício seja executado corretamente. Em caso de dificuldade na execução, o profissional deverá auxiliar o idoso a realizar o movimento, posicionando o seu corpo e membros corretamente.
53
Técnicas de estabilização: coluna torácica
Passo 1: Sentar-se o mais ereto possível na cadeira, mantendo os dois pés apoiados no chão. Passo 2: Segurar firmemente, um bastão, elástico ou faixa de tecido e, com os braços totalmente estendidos elevar até acima da cabeça e ou até o limite articular. Passo 3: Nesse momento o idoso deverá realizar uma inspiração profunda, e lentamente flexionar o troco com o acompanhamento dos braços. Se necessário um ponto de referência pode ser colocado na frente do idoso (profissional ou objeto) para auxiliá-lo a atingir o ponto adequado da flexão. Passo 4: Voltar a posição inicial sempre inspirando e expirando profundamente.
Figura 1 Figura 2 Figura 3
As propostas de exercícios podem apresentar variações de acordo com o
grau de comprometimento do idoso. Exemplo.
Comprometimento leve: executar o exercício em pé ou utilizando bola
suíça para aumentar o grau de estabilização de coluna globalmente.
Comprometimento moderado ou grave: por segurança o idoso deverá
estar sentado em cadeira bem firme, e em local que não possa causar riscos de
queda.
54
Observações:
- Durante esse exercício, o importante é observar e corrigir a curvatura da
coluna, ou seja, de forma cooperativa o professor poderá induzir a uma melhor
flexão da coluna.
- Como variações, outros objetos podem ser utilizados para o idoso
segurar como bolas de diferentes tamanhos, halteres, arcos entre outros.
- É importante a demonstração do exercício quantas vezes for necessária
para que o exercício seja executado corretamente.
Técnicas de estabilização: coluna lombar
Passo 1: Em pé, de frente a uma parede, com afastamento lateral das pernas na largura dos ombros. Passo 2: Solicitar que o idoso coloque as duas mãos na parede, na altura e largura dos ombros. Passo 3: Solicitar que empurre a parede, levando a cabeça para trás e realizando uma hiperlordose na coluna. Passo 4: Voltar a posição inicial sempre inspirando e expirando profundamente.
Figura 1 Figura 2 Figura 3
Variações:
Para idosos com comprometimento leve e moderado: realizar o mesmo
exercício em decúbito ventral apoiando no assento de uma cadeira, step ou bola
suíça. Para a segurança do idoso, nessas variações é fundamental a supervisão
55
direta do profissional.
Técnicas de estabilização: coluna
Passo 1: Em pé, com os pés afastados na largura dos ombros, segurar um bastão
com as duas mãos com afastamento ligeiramente superior à largura dos ombros.
Passo 2: Estender os braços o máximo possível acima da cabeça e inclinar
lateralmente a coluna para direita e após esquerda.
Passo 3: Ao retornar na posição inicial. Permanecer na posição de inclinação entre
8 a 10 segundos.
Figura 1 Figura 2 Figura 3
Obs: A amplitude do movimento deve ser exigida confirme a capacidade do idoso. Observações Gerais:
− O professor deverá demonstrar todos os exercícios.
− Repetir cada exercício o número suficiente para que as adaptações
necessárias sejam realizadas.
− Solicitar que os exercícios de estabilização postural sejam executados de
acordo com o limite do idoso e com atenção a respiração profunda, tendo
em vista que umas das complicações das demências é o trato respiratório.
56
3.2.2 Exercícios para Fortalecimento Muscular
3.2.2.1 Exercícios para membros inferiores
Quadril e quadríceps- Exercício 1
Passo 1: Sentado em uma cadeira, com a coluna mais ereta o possível.
Passo 2: Com um elástico nas mãos, entrelaçar na sola de um dos pés.
Passo 3: Executar a flexão de quadril, subindo o membro inferior por inteiro, sem
flexionar o joelho.
Passo 4: Repetir o mesmo exercício no outro membro.
Figura 1 Figura 2 Figura 3
Obs: Executar de 8 a 10 repetições em cada membro. Executar de uma a três
séries, de acordo com a condição do idoso. A postura deverá estar a mais ereta
possível. Não executar a flexão do joelho.
57
Quadril e quadríceps- Exercício 2
Passo 1: Em pé de frente ao encosto da cabeira, ou barra, apoiar com as duas mãos
e com uma bola suíça de 55 cm logo atrás.
Passo 2: Executar os movimentos de sentar e levantar apoiando o quadril na bola
suíça.
Passo 3: Manter a posição de flexão de quadril de 6 a 8 segundos e retornar a
posição inicial.
Passo 4: Durante toda a execução do exercício, estimular a inspiração nasal e a
expiração bucal, o mais profundo possível.
Figura 1 Figura 2 Figura 3
Obs: Para o idoso com maior nível de comprometimento, esse movimento pode ser
utilizado sentando em uma cadeira ou banco. Para maior segurança, o professor
poderá ficar de frente para o idoso e segurar nas mãos dele ao invés dele se apoiar
na cadeira.
Variações:
a) Executar o movimento fazendo flexão de ombro unilateral.
b) Executar o movimento fazendo flexão de ombro bilateral.
c) Executar o movimento realizando adução dos ombros no momento da flexão
do quadril.
58
Quadril, joelho e ombros
Passo 1: Sentado em uma cadeira, com a coluna ereta, braços estendidos à frente
do corpo na altura dos ombros e mãos unidas.
Passo 2: Colocar um dos pés em cima de uma bola, estender até o limite, com o
movimento simultâneo de elevação do braço estendido.
Passo 3: Retornar à posição inicial
Figura 1
Figura 2
Figura 3
Obs: Em caso de dificuldade na realização do movimento combinado, o idoso
poderá realiza-lo fracionado: primeiro executar o movimento com as pernas e na
sequencia os braços, até conseguir realiza-los simultaneamente. A inspiração deve
ser realizada via nasal e a expiração via oral.
59
Quadril (Sartório)
Passo 1: Em pé, em frente ao encosto de uma cadeira ou barra, com as mãos
apoiadas, flexionar o quadril, elevando frontalmente um dos joelhos até a altura
máxima possível.
Passo 2: Rodar medialmente o quadril mantendo o pé em direção ao joelho.
Passo 3: Realizar o exercício unilateral, de 6 a 8 repetições, aconselha-se 1 a 2
séries devido a dificuldade de equilíbrio.
Figura 1 Figura 2 Figura 3
Obs: Atentar a possível extensão de coluna devido a compensação do exercício.
Por ser um exercício de grau maior de dificuldade, é importante observar o nível de
entendimento do idoso. Combinações de movimentos podem ser realizadas, como
por exemplos, execuções unilaterais e combinadas.
60
Quadril- joelho (Ísquiossurais)
Passo 1: Deitado em decúbito ventral, em colchonete confortável.
Passo 2: Colocar as duas mãos embaixo do rosto.
Passo 3: De forma unilateral flexionar o joelho, repetindo de 6 a 8 vezes.
Figura 1 Figura 2 Figura 3
Obs: Ficar atento à possível extensão de coluna devido a compensação do
exercício.
Variações:
a) Executar o movimento bilateralmente.
b) Para idosos com menos comprometimento utilizar pesos (caneleiras) para
propor uma resistência.
c) Ação combinada flexionar o joelho e estender o quadril, tirando a perna do
solo de acordo com seu limite.
d) Para idosos com dificuldades de mobilidade, o exercício deve ser executado
em um plano elevado, como cama, maca ou tablado.
e) Esse exercício pode também ser executado em pé apoiado na parede.
61
Quadril (Adutores)
Passo 1: Deitado em decúbito dorsal, em colchonete confortável.
Passo 2: Colocar as duas mãos embaixo da cabeça, para estabilizar a cervical.
Passo 3: Manter as pernas flexionadas e os pés apoiados no chão.
Passo 4: Pressionar uma bola de 23 a 30 cm entre os joelhos.
Figura 1 Figura 2 Figura 3
Obs: Ficar atento à possível extensão da coluna devido a compensação do
exercício.
Variação:
a) Para idosos com melhor condição física, o movimento pode otimizado com
uma leve elevação do quadril. Esse movimento otimiza a contração da região
do períneo, importante para prevenir a incontinência urinária.
b) Para idosos com dificuldades de mobilidade, o exercício deve ser executado
em um plano elevado, como cama, maca ou tablado.
c) Esse exercício pode também ser executado em pé ou sendo em uma cadeira.
62
Quadril (abdutores)
Passo1: Sentado em uma cadeira, com a coluna mais ereta possível, com pés e
pernas unidas e com elástico envolto na região das coxas.
Passo 2: Executar movimento de afastamento dos joelhos e pés
simultaneamente.
Passo 3: Voltar a posição inicial.
Figura 1 Figura 2 Figura 3
Obs. Diferentes tipos de resistência podem ser empregadas, considerando a
condição física do idoso.
63
Joelhos e gastrocnêmios
Passo1: Em pé com a coluna ereta, apoiando com as mãos no encosto de uma
cadeira ou barra.
Passo 2: Com as pernas ligeiramente afastadas, para maior estabilidade, o idoso
deverá executar a dorsiflexão alternada dos pés.
Passo 3: Executar de 10 a 12 repetições em três séries.
Figura 1 Figura 2 Figura 3
Obs. Esse exercício, o objetivo maior, é que a região das articulações
metatarsofalangicas (região dos dedos), sejam pressionadas contra o solo, para
que o exercício seja efetivo. Podem ser executados também com as pernas
unidas e com os joelhos estendidos.
64
3.2.2.2 Exercícios para membros superiores
Braquial
Passo 1: Sentado em uma cadeira, e com as costas apoiadas no enconsto.
Passo 2: Segurar uma bolinha de tênis em cada uma das mãos. O antebraço deverá
estar em posição de pronação, com flexão dos cotovelos a 90º. Flexionar
alternadamente os cotovelos, levando o punho em direção aos ombros.
Passo 3: Executar 10 repetições alternadas.
Figura 1 Figura 2
Figura 3
Obs: Esse exercício fortalece a musculatura braquial e mobiliza a articulação dos
cotovelos. Estruturas utilizadas para atividades simples como higiene pessoal (lavar o
rosto, pentear os cabelos, passar um lenço no nariz).
Variação:
a) Os idosos com melhores condições físicas e mentais, poderão realizar esse
exercício sentado em uma bola suíça. Além de trabalhar simultaneamente o
controle postural, poderá também ser trabalhado o fortalecimento da
musculatura da coluna.
b) Caso o idoso apresente condições, várias combinações de movimentos dos
membros superiores podem ser realizadas, como movimentos simultâneos,
alternados e unilaterais. Halteres ou outro material que ofereça resistência,
poderão substituir as bolinhas de tênis.
65
Manguito rotador
Passo 1: Sentado em uma cadeira com as costas apoiadas no encosto, cotovelos
fletidos a 90º, segurando uma bola macia com aproximadamente 35cm.
Passo 2: Executar com um dos membros a rotação lateral em 90º, levando a bola
para a lateral, mantendo o cotovelo junto ao corpo.
Passo 3: Repetir para o outro lado a rotação. Executar 10 repetições para cada lado,
tentando não derrubar a bola.
Figura 1 Figura 2 Figura 3
Variação:
a) Realizar movimentos unilaterais, simultâneos e alternados. A condição física e
mental dos idosos deve ser considerada.
b) Outros materiais podem substituir a bola, como elásticos, garrafas pet,
almofadas e outros materiais alternativos.
66
Coracobraquial
Passo 1: Posição inicial em pé, com os pés afastados lateralmente, na largura dos
ombros.
Passo 2: Com as duas mãos, deverá segurar firmemente uma toalha de banho, com
os braços estendidos, na altura dos ombros. Levar simultaneamente os braços para a
lateral direita, executar uma flexão leve do hemitoráx, com leve flexão dos joelhos.
Na sequência executar o mesmo movimento para a esquerda.
Passo 3: Executar 10 repetições para cada lado, tentando manter a toalha o mais
estendida o possível.
Figura 1 Figura 2 Figura 3
Variações:
a) Para idosos com melhor condição física e mental, a intensidade deve ser
aumentada, assim, a toalha pode ser substituída por elástico. Pode ser
executado também sentado em uma bola suíça com apoio em sua base.
b) Quando o paciente estiver familiarizado com o exercício, ele poderá executá-lo
segurando de 5 a 10 segundos em adução.
c) Para os idosos mais frágeis recomenda-se executar sentado em uma cadeira.
67
Redondo menor: articulação escápuloumeral
Passo 1: Idoso sentado em uma cadeira, com a coluna ereta apoiada no encosto,
braços ao longo do corpo, segurando uma bola pequena com cada uma das mãos.
Passo 2: Executar rotação lateral com os braços estendidos, buscando o maior
ganho de ADM possível.
Figura 1 Figura 2 Figura 3
Obs: Ficar atento à possível movimentação da coluna devido a compensação do
exercício.
Variações:
a) Executar movimentos bilateralmente.
b) Sentado em bola suíça e em pé.
c) Utilização de outros materiais como toalhas, bexigas e hateres de ½ a 1 kg.
68
Bícepcs
Passo 1: Posição inicial sentada em uma cadeira, com as costas apoiadas no
encosto e braços estendidos ao longo do corpo.
Passo 2: Executar a flexão de cotovelo, saindo da posição estendida e tentando
chegar ao máximo da flexão.
Figura 1 Figura 2 Figura 3
Obs: Ficar atento à possível movimentação da coluna devido a compensação do
exercício.
Variação:
a) Executar também movimentos unilateriais, alternados e simultâneos.
b) Para idosos com mais habilidades colocar sobrecarga, que seja segura e que
não possa se tornar risco para ele nem para o profissional. Substituir o halter
por bolsa com areia, com peso de 1 kg.
c) Esse exercício pode também ser executado em pé e com ombros em
abdução, dependendo do grau de comprometimento do idosos
69
Ombros com estimulação do esternocleido
Passo 1: Em pé, com afastamento lateral dos pés, segurando uma toalha de banho
nas mãos.
Passo 2: Com as duas mãos deverá elevar os dois braços o máximo que conseguir
com movimento de inspiração.
Passo 3: No momento da inspiração, deverá baixar lentamente até a cintura com o
pescoço rodado para um dos lados.
Passo 4: Repetir para o outro lado a rotação.
Figura 1 Figura 2
Obs: levando em consideração que a ação do músculo em questão é a inspiração, e
que com a idade e a doença demência a inspiração fica cada vez menos profunda,
observa-se a necessidade de uma estimulação dos músculos respiratórios.
Variações:
a) Para idosos com melhor condição física e mental, solicitar que execute mais
de um ciclo respiratório com a rotação da cervical.
b) Outra variação, pode ser realizada com o paciente em decúbito dorsal.
c) Esse exercício pode também ser executado sentado caso o idoso tenha
dificuldade de equilíbrio.
70
Serratio anterior: articulação escápulotorácica
Passo 1: O idoso deve iniciar em pé, de frente para o profissional ou o outro colega
de grupo, com as mãos espalmadas um no outro.
Passo 2: Com uma das mãos, executar o movimento de empurrar a mão do outro e
retornar a posição inicial.
Passo 3: Manter os membros inferiores em posição de passo para que tenha
equilíbrio, observar se os braços estão na linha dos ombros e as mãos estão
espalmadas e punho fletidos.
Figura 1 Figura 2 Figura 3
Obs: Ficar atento à possível movimentação da coluna devido a compensação do
exercício.
Variação:
a) Para idosos com melhor condição de compreensão solicitar que execute o
exercício em adução e rotação medial.
b) Outra variação desse exercício, pode ser o uso de bola de 35 cm, pressionada
na parede para que a resposta seja mais eficiente.
c) Esse exercício pode também ser executado sentado caso o idoso tenha
dificuldade de equilíbrio acentuada.
71
3.2.3 Exercícios Neuromotores
Os exercícios neuromotores são atividades que objetivam estimular o
desenvolvimento das capacidades motoras como equilíbrio, tempo de reação,
agilidade, coordenação motora e ritmo. São consideradas importantes para o
trabalho de pessoas idosas, pois estão associadas à melhora da mobilidade e
consequentemente movimentação mais segura e independente. O desenvolvimento
das habilidades motoras, por meio desses exercícios auxiliarão o idoso a enfrentar
melhor os desafios do dia a dia que requerem mobilidade e ajudam principalmente a
evitar quedas e lesões. Dentre eles destaca-se o equilíbrio corporal, a coordenação
motora, o tempo de reação e a agilidade (PAES; TEIXEIRA, 2015).
Em geral, as quedas são problemas que afetam pessoas com uma
grande variedade de diagnósticos. Equilíbrio, ou estabilidade postural, é um termo
genérico usado para descrever o processo dinâmico por meio do qual a posição do
corpo mantém-se estabilizada (KLOSS; HEISS, 2009).
Para os autores acima, considerado equilíbrio estático quando o corpo
está em repouso, e equilíbrio dinâmico quando está estabilizado em movimento.
Considera-se também que o equilíbrio é maior quando o centro de massa (CM) ou
centro de gravidade (CG) do corpo, é mantido sobre sua base de apoio.
O equilíbrio é uma tarefa complexa de controle motor que envolve a
detecção e a integração de informações sensoriais para avaliar a posição e o
movimento do corpo (KLOSS; HEISS, 2009).
O equilíbrio estático deve ser trabalhado de forma diferenciada e
progressiva com os idosos com demência. Certamente tendo a segurança como um
requisito indispensável.
Paes e Texeira (2015) ressaltam que exercícios com olhos fechados para
aumentar o grau de dificuldade estimulando o sistema vestibular e proprioceptivo
devem ser trabalhdos.
3.2.3.1 Equilíbrio corporal
Equilíbrio corporal é a habilidade de controlar o centro de massa corporal
sobre sua base de sustentação. O equilíbrio pode ser estático ou dinâmico. Entende-
se por centro de Massa, o ponto que está no centro da massa corpórea total, ou
72
seja, a projeção vertical do centro de massa que também é denominado de centro
de gravidade. Já a base de sustentação é a área do corpo que está em contato com
a superfície de apoio, como por exemplo, os pés quando o indivíduo está em pé ou o
quadril quando o indivíduo está sentado em um banco e com as pernas suspensas
(SHUMWAY-COOK; WOOLLCOTT, 2010).
O equilíbrio corporal é subdividido em equilíbrio estático e dinâmico. O
equilíbrio estático é a habilidade de controlar a oscilação postural durante uma
posição imóvel, como por exemplo, manter-se em pé com apoio bipodal, unipodal e
também na posição sentada (SPIRDUSO, 2005). O equilíbrio dinâmico, é a
habilidade do indivíduo para manter o controle do centro de massa corporal
enquanto se movem sobre a sua superfície de apoio. Ocorre quando a posição do
corpo muda de um local para o outro como na locomoção ou, quando os
movimentos da parte superior do corpo desviam o centro de massa, obrigando o
indivíduo deslocar a sua superfície de apoio recuperando o equilíbrio, como por
exemplo, em tarefas de apanhar um objeto em uma mesa e controlar o corpo em pé
em uma freada do ônibus coletivo (SHUMWAY-COOK; WOOLLCOTT, 2010;
SPIRDUSO, 2005).
Sistemas sensoriais que influenciam no equilíbrio
O processamento que envolve o controle postural necessita de
orientações com base em informações sobre a posição do corpo e sua trajetória no
espaço. Essas informações são fornecidas pelos sistemas sensoriais. O sistema
nervoso central recebe essas informações aferentes e seleciona respostas efetivas e
reguladas no tempo para a ação estabilizadora. A execução das respostas
programadas pelo sistema nervoso central é feita pelo sistema efetor, composto pelo
sistema musculoesquelético. Os sistemas sensoriais responsáveis pelo equilíbrio
corporal são: os sistemas visual, vestibular e somatossensorial. Na sequência,
Shumway-Cook e Woollacott (2010) e Spirduso (2005) apresentam as definições de
cada sistema.
73
Visual: ajuda a orientar o corpo no espaço trazendo informações ao sistema
nervoso central sobre a posição e o movimento do corpo e seus segmentos e a
obstáculos no ambiente a ser interagido.
Vestibular: é um sistema de receptores, localizado no ouvido interno, que fornece
ao sistema nervoso central informações sobre a posição e movimentos da cabeça
em relação às forças gravitacionais e de inércia.
Somatosensorial: fornece informações ao sistema nervoso central sobre a
superfície de apoio e ao movimento dos segmentos corporais, por meio dos
receptores articulares, tendíneos e musculares.
Equilíbrio estático
Passo 1: Idoso em pé ao lado de uma cadeira, segurando como apoio.
Passo 2: Elevar uma das pernas de cada vez, e contar de 5 a 10 segundos com a
mesma suspensa.
Passo 3: Alternar uma vez a perna direita outra vez a perna esquerda.
Passo 4: Realizar 3 séries de 8 repetições
Figura 1 Figura 2 Figura 3 Obs: Não permitir a movimentação da coluna durante o exercício.
Variações:
a) Esse exercício pode também ser executado elevando o braço contrário da perna
74
que está em suspensão
b) Respeitando-se as condições do idoso, inúmeras variações podem ser
trabalhadas nessa capacidade, modificando o plano de apoio (pés), como apoio
bipodal, unipodal, tandem, semi-tandem, ponta dos pés, calcanhares, entre
outros. O grau de complexidade também pode ser aumentado modificando o
posicionamento dos braços, como para frente, para trás, para o alto, para as
laterais, mãos na cabeça, entre outros. Pode também ser utilizados materiais
para o idoso se equilibrar em cima, como colchonetes, trampolins, prancha de
equilíbrio, entre outros.
Equilíbrio dinâmico
Passo1: colocar no chão dois espaguetes paralelamente.
Passo 2: idoso deverá andar entre os espaguetes, executando um passo entre outro
sem pisar, nem deslocar o espaguete.
Passo 3: Repetir de 3 a 4 vezes esse caminho.
Figura 1 Figura 2 Figura 3
Variações:
a) Colocar um espaguete e solicitar o idoso que ande lateralmente apoiando
bem o médio pé no espaguete.
75
b) Outras formas de deslocamento podem ser utilizadas, como andar sobre uma
linha, sobre ripas de madeira, cordas, entre outros materiais. Vários tipos de
deslocamentos podem ser adotados, como andar de costas, de lado, pé ante
pé, na ponta dos pés, com os calcanhares, entre outras formas.
Obs: Caso o idoso apresente dificuldades ele deverá ter apoio com o profissional, ou
iniciar se deslocando sobre uma linha demarcada no chão.
3.2.3.2 Coordenação motora
Coordenação motora é a habilidade de integrar sistemas motores com
várias modalidades sensoriais no controle do corpo no espaço para um movimento
eficiente. A coordenação motora depende dos componentes de aptidão motora de
equilíbrio, velocidade e agilidade, contudo, não está intimamente relacionada à força
e resistência (GALLAHUE; OZMUN, 2005). A coordenação é utilizada diariamente
na realização das atividades cotidianas, na prática de esportes e nas atividades de
lazer.
A coordenação motora é classificada em global ou grossa e fina. A
coordenação motora global é a organização que permite o corpo utilizar grandes
grupos musculares para realizar uma tarefa de movimento como por exemplo correr,
saltar, arremessar e lançar. Ela também se subdivide em coordenação motora global
envolvendo os membros inferiores, os membros superiores e multimembros, ou seja,
movimentos coordenados envolvendo simultaneamente os membros inferiores e
superiores (KNOPMAN et al., 2009; ECKERT, 1993).
A coordenação motora fina, utiliza pequenos grupos musculares para
realizar uma tarefa com precisão como em atividades manipulativas como escrever,
digitar, desenhar e recortar. Esses movimentos também são utilizados o tempo todo
na realização das atividades cotidianas como higiene pessoal, trabalhos laborais e
artesanais (KNOPMAN et al., 2009; ECKERT, 1993).
Alguns autores também classificam a coordenação motora em
coordenação óculo-manual e óculo-pedal, que são movimentos coordenados
utilizando-se como parâmetros à visão e atividades manuais e a visão e movimentos
com os pés (GALLAHUE; DONNELLY; 2008).
76
Coordenação Passo 1: Idoso em pé de frente para um círculo desenhado no chão, de preferência
em cores de destaque.
Passo 2: Primeiramente o idoso deverá caminhar até ficar próximo ao círculo.
Quando estiver perto deverá colocar um pé alternando com o outro, semelhante ao
subir escadas, ou no movimento de pisar dentro e fora do círculo.
Passo 3: Esse exercício deverá ser desenvolvido por tempo, cronometrado pelo
profissional.
Figura 1 Figura 2 Figura 3
Variações:
a) Para idosos com melhor condição física, o profissional poderá identificar
dentro do círculo um E para esquerdo, um D para o lado direito. Com uma voz
de comando adequada, solicitar ao idoso na entrada do exercício que faça
com o membro correspondente ao solicitado.
b) Para essa variação é importante que o comando seja dado em tempo
adequado, para que o idoso possa tomar a decisão do movimento.
77
Coodenação motora- membros inferiores
Passo 1: o Profissional deverá desenhar no chão limitado por fita adesiva colorida,
um círculo e dois quadrado identificados com D para direita e E para esquerda.
Passo 2: No círculo o idoso deverá entrar sempre anteriormente utilizando um pé de
cada vez, ou seja, alternado direita com esquerda. Ao comando, o idoso deverá
dirigir-se ao quadrado e fazer a entrada lateralmente, conforme a voz de comando do
profissional.
Passo 3: Esse exercício estimula a coordenação de membros inferiores, bem como,
a cognição do idosos, sendo assim, deverá ser utilizado sempre que possível nas
sessões e a forma de mensuração por tempo.
Figura 1 Figura 2 Figura 3
Obs: O profissional deverá ter um comando firme e bem definido para que o idoso
saiba exatamente qual atitude deverá tomar, durante o exercício.
Variação:
a) Durante o transcorrer do exercício o profissional poderá desenvolver pequenas
variações conforme as atitudes do idoso, exemplo, repetir o mesmo lado de
entrada. Desde que, não venha confundi-lo, que já esteja bem estabelecida a
relação dele com o exercício inicial.
78
Coordenação motora- membros superiores
Passo 1: Idoso sentado em uma cadeira, segurando com as duas mãos uma bola
leve de 35 cm aproximadamente.
Passo 2: Deverá arremessar para o alto e pegar com as duas mãos, tentando evitar
que a bola caia no chão, e evitar ao máximo realizar deslocamentos com o corpo.
Passo 3: Realizar, 10 arremessos fazer uma pausa e repetir as séries até completar
5 séries.
Figura 1 Figura 2
Obs: O profissional deverá estar atento a contagem, estimulando o idoso contar
junto, pois essa ação otimiza o exercício, bem como, trabalha a cognição.
Variações:
a) Realizar arremessos apenas com uma das mãos e recuperar a bola com a
outra.
b) Arremessar com a direita recuperar com a direita, invertendo logo após.
c) Arremessar com as duas mãos, bater uma palma e recuperar.
d) Arremessar com as duas mãos falar palavras com uma letra pré-determinada
e recuperar.
79
Coordenação motora- membros superiores
Passo 1: Idoso sentado, deverá arremessar uma bola de aproximadamente 35 cm
para cima e recuperar com as duas mãos.
Passo 2: Ao arremessar deverá abduzir os membros inferiores, ao recuperar aduzir.
Passo 3: Realizar, 10 arremessos fazer uma pausa e repetir as séries até completar
5 séries.
80
Coodenação motora- multimembros
Passo1: Sentado em uma cadeira, com um arco leve e flexível segurando nas mãos.
Passo 2: Elevar os braços acima da cabeça e ao mesmo tempo erguer uma das
pernas.
Passo 3: Executar o movimento alternando os membros inferiores, e coordenando o
ciclo respiratório profundamente.
Passo 4: Executar 4 vezes com cada membro, repetindo 3 séries com intervalos de
descanso.
Figura 1 Figura 2 Figura 3
Obs.: várias combinações de movimentos podem ser realizadas como elevação dos
braços alternado com as pernas, elevação dos braços simultaneamente com as
pernas, entre outros.
81
Coordenação motora- multimembros
Passo 1: Idoso sentado na cadeira, deverá arremessar uma bola de
aproximadamente 35 cm para cima e recuperar com as duas mãos.
Passo 2: No momento de recuperar deverá se levantar da cadeira.
Passo 3: Após segurar a bola, sentar-se novamente.
Figura 1 Figura 2 Figura 3
Obs.: O profissional poderá estipular o número de repetições a serem realizadas em uma
sequência, como por exemplo cinco execuções completas consecutivas. Para
estimular a cognição, o profissional poderá solicitar que o idoso realize a contagem
dos ciclos, tanto em voz alta, como mentalmente.
Variações:
a) Realizar arremessos apenas com uma das mãos e recuperar com as duas.
b) Arremessar com as duas mãos falar palavras com uma letra pré-determinada
e recuperar.
c) Arremessar a bola com as duas mãos bater palmas e segurar a bola.
d) Alternar o ciclo de movimentos como por exemplo, arremessar a bola para
cima, pegar a bola e permanecer em pé, arremessar a bola para cima, pegar a
bola e sentar e assim sucessivamente.
82
Coordenação motora fina e multimembros Passo 1: Posição inicial sentada e ao sinal do professor, deverá se levantar, andar o
mais rápido possível até o painel com fechaduras, abri-las com a mão direita e fechá-
las com a mão esquerda ou vice-versa.
Passo 2: Repetir a ação e alternar a ordem de execução com as mãos.
Figura 1 Figura 2 Figura 3
Obs: Esse exercício poderá auxiliar o idoso com demências a manter por mais tempo
as sua coordenação motora fina.
Variação:
a) Por ser uma atividade mais complexa, o profissional, deverá avaliar a forma de
conduzi-la, ou seja, poderá iniciar com apenas uma ação e aos poucos ir
aumentando o grau de dificuldade.
b) Diferentes velocidades e variações na marcha podem ser realizadas como
velocidades rápida, média e lenta, andar de frente, costas, lado entre outra.
83
3.2.3.3 Tempo de reação
O tempo de reação é o período decorrente entre um estímulo e o início da
resposta voluntária que pode ser uma ativação muscular ou movimento corporal. O
tempo de reação pode ser simples, ou de escolha. O tempo de reação simples é o
tempo que um indivíduo demora entre um estímulo e a ativação voluntária da
musculatura para executar um movimento, ou seja, quando a tarefa envolve apenas
um estímulo e uma resposta. Já o tempo de escolha, diz respeito ao tempo que um
indivíduo demora entre estímulos e a ativação voluntária da musculatura para
executar duas ou mais opções de movimento, ou seja, quando a tarefa possui mais
de um estímulo e consequentemente um movimento específico para cada estímulo
(GALLAHUE; OZMUN, 2005; SHUMWAY-COOK; WOOLLCOTT, 2010).
O tempo de reação é utilizado nas atividades cotidianas em que há
necessidade de reagir rapidamente frente a uma situação, como atender ao telefone,
avançar de carro em um sinaleiro, sair do elevador quando a porta se abre
automaticamente, entre outros.
84
Tempo de reação Passo 1: Idoso em pé, lançar a bola para o profissional, que ao sinal do profissional
9apito) deverá devolve-la com um pouco de dificuldade, ou seja, não exatamente
nas mãos.
Passo 2: Solicitar que o idoso devolva com uma das mãos decidida na hora, fazendo
com que o idoso tenha que pensar no momento.
Passo 3: Realizar, 10 arremessos fazer uma pausa e repetir as séries até completar
5 séries.
Figura 1 Figura 2 Figura 3 Figura 4 Obs: O profissional deverá estar atento a contagem, estimulando o idoso contar
junto, pois essa ação otimiza o exercício, bem como, trabalha a cognição.
Variações:
a) Realizar arremessos apenas com uma das mãos e recuperar a bola com a
outra.
b) Arremessar com a direita recuperar com a direita, invertendo logo após.
c) Arremessar com as duas mãos, bater uma palma e recuperar.
d) Arremessar com as duas mãos falar palavras com uma letra pré-determinada
e recuperar.
Mão esquerda
85
3.2.4 Atividades Lúdicas e Recreativas
Kuns (2001), relata a existência grande de conhecimentos teóricos sobre
atividades lúdicas em geral, e sua importância na durante a vida de escolares, bem
como, na vida adulta. Desta forma, não se contesta a necessidade de inclusão de
atividades recreativas em programas de exercícios para idosos, com o objetivo de
incentivar a permanência nas atividades programadas, otimizar a socialização com o
profissional, desenvolver outras capacidades que possam ser planejadas em cada
atividade proposta durante o programa de exercícios.
Para idosos com demência, as atividades lúdicas com utilização de
matérias coloridos, números letras, palavras entre outros acessórios, colaboram com
o processo de estimular a memória recente. Ademais esses tipos de atividades, por
serem mais atrativas, podem favorecer a concentração do idoso e melhorar a
adesão e aderência à atividade, já que é característica de idosos com demências a
falta de concentração e a dificuldade de permanecer durante um tempo mais longo
em uma atividade.
86
Bola na parede
Passo1: Sentado em uma cadeira, de frente para uma parede a uma distância de
aproximadamente dois metros e com uma bola leve na mão.
Passo 2: O idoso deverá lançar a bola na parede e recuperá-la sem deixar cair no
chão.
Passo 3: Para otimizar a memória recente do idoso o cuidador poderá brincar com
palavras que ele deverá repeti-la ao lançar a bola.
Passo 4: Lançar a bola de 10 a 15 vezes na parede, repetir 3 vezes.
Figura 1 Figura 2 Figura 3
87
Organizando os lenços
Passo1: solicitar que o idoso sentado em uma cadeira observe a sequencia de
cores de lenços fixadas em outra cadeira.
Passo 2: após o professor retirar os lenços e misturá-los o idoso deverá montar a
mesma sequência.
Passo 3: para otimizar a memória recente do idoso o profissional deverá repetir a
atividade várias vezes mudando as cores.
Figura 1 Figura 2
Obs: os lenços poderão ser de TNT e preferencialmente amarrá-los no espaguete,
não utilizar alfinetes para evitar acidentes. As cores são fatores importantes para a
memória recente, bem como, são utilizadas como instrumento lúdico.
88
Acertando o balde.
Passo 1: Idoso sentado, deverá arremessar uma bola de aproximadamente 35 cm ou
menor, com o objetivo de acertar um balde.
Passo 2: Ao arremessar o idoso deverá ser orientado a utilizar as duas mãos e não
afastar as costas do encosto da cadeira.
Passo 3: Realizar essa atividade por tempo de acordo com o profissional, e dar um
caráter de competição, ou seja, estimular o idoso sempre fazer mais acertos do que
da última vez.
Figura 1 Figura 2 Figura 3
Variações:
a) Modificar a atividade de acordo com os acertos do idoso.
b) Colocar o balde em distâncias maiores.
c) Direção do balde: coloca-lo em diagonal para que o idoso, jogue com a mão
contraria.
d) Colocar o balde em uma superfície mais alta para maior dificuldade.
89
Conduzindo a bola
Passo 1: Idoso em pé deverá, com as duas mãos, ir empurrando a bola suíça, até um
ponto que o profissional determinar.
Passo 2: O caminho deverá ser limitado por fita adesiva colorida no chão.
Desenhando figuras como quadrado, círculo entre outras.
Passo 3: Deverá ser feito o mais rápido possível, porém com segurança, até chegar
ao ponto final determinado pelo profissional.
Figura 1 Figura 2 Figura 3
Variações:
a) Quanto melhor a condição do idoso, maior o número de figuras para ele
percorrer.
b) Após o idoso estar bem condicionado a essa atividade, poderá utilizar flechas
para aumentar a dificuldade.
c) Diferenciar a carona. Exemplo com as duas mãos, só com a mão direita, só
com a mão esquerda.
90
Resolvendo problemas
Passo 1: Uma mesa com os seguintes materiais: uma caixa de fósforo, cadeado
fechado, um quebra cabeça de quatro peças com duas já colocadas.
Passo 2: Uma cadeira com algumas chaves de cadeados, palitos de fósforos, e as
duas peças do quebra cabeça restantes.
Passo 3: O idoso deverá terminar de montar o quebra cabeça, abrir o cadeado e
colocar os fósforos dentro da caixa. Ao terminar deverá sentar como sinal de término
da atividade.
Figura 1 Figura 2 Figura 3
Variações:
a) De acordo com as condições do idoso, aumentar o nível de dificuldade das
atividades.
b) Dar um determinado tempo para que ele realize a atividade.
91
Arrumando a casa
Passo 1: A frente do idoso deverá ter duas cartolinas brancas, uma escrita cozinha,
outra sala. Entre as cartolinas uma mesa com um recipiente plástico com algumas
figuras de objetos pertencentes aos dois ambientes. As figuras deverão ser de
papelão e conter fita dupla face em seu verso.
Passo 2: Ao sinal do profissional o idoso deverá levantar seguir andando sobre uma
linha já determinada no chão. Pegar uma figura sem escolher no recipiente, observar
e colar na cartolina. Retornando ao lugar inicial.
Passo 3: Repetir a atividade conforme o tempo disponível ao final da sessão de
exercícios
Figura 1 Figura 2 Figura 3
Variações:
a) Diferenciar as linhas para o idoso chegar até as cartolinas.
b) Solicitar ao idoso quando retornar que diga 5 objetos que exista naquele
ambiente que ele colocou a gravura.
c) Dependendo das linhas que o idoso irá percorrer, também será trabalhado o
equilíbrio dinâmico.
92
CAPÍTULO 4
PLANEJAMENTO E PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIO FÍSICO PARA IDOSOS COM
DEMÊNCIA
4.1 AVALIAÇÃO FÍSICA E FUNCIONAL DO IDOSO COM DEMÊNCIA
A avaliação é para a organização de um programa de exercícios físicos
para idosos. As informações geradas nas avaliações indicam quais aspectos devem
ser priorizados no trabalho pelo profissional. (JONES; RIKLI, 2005; MATSUDO, S.,
2010; MATSUDO, V., 2010; OKUMA, 2010).
Se tratando de idosos com demências, além do diagnóstico médico, sobre
a confirmação do estágio da doença e comprometimentos, o profissional tem a sua
disposição uma série de avaliações que ele pode aplicar e que podem auxiliar na
obtenção de informações sobre o estado funcional, cognitivo e afetivo do idoso.
Essas informações são essenciais para que o profissional obtenha um quadro da
condição do idoso e possa planejar um programa de atividades considerando as
suas necessidades.
A avaliação, também, é uma oportunidade para que o profissional tenha
uma conversa “olho a olho” com o idoso e/ou o seu cuidador e conhecer mais sobre
ele e ambiente que vive. Essas informações irão lhe auxiliar na escolha dos
exercícios e estratégias e orientação dos familiares e cuidadores para adequarem o
ambiente e estimularem os idosos a se manterem fisicamente ativos.
Nem sempre é possível aplicar questionários com os idosos com
demências para obter informações a respeito do seu estado afetivo e informações
mais objetivas sobre informações sociodemográficas, comorbidades e estado de
saúde geral. Como por exemplo Modelo da Escala de auto-percepção do
desempenho de Atividades da vida diária (ANDREOTTI,OKUMA,1999). Caso o
idoso apresente comprometimento cognitivo que o impeça de transmitir as
informações fidedignamente, o profissional deverá se dirigir diretamente ao
profissional.
Nesse sentido, é importante identificar o nível de declínio cognitivo do
idoso, fator esse que interfere diretamente nos resultados das avaliações. Já, a
aplicação de testes físicos e motores podem ser aplicados mais facilmente com os
idosos com comprometimento cognitivo.
93
O processo avaliativo com idoso com demência, deve também contar com
a sensibilidade e o conhecimento técnico científico do profissional, para que ele
tenha condições de identificar a real condição do idoso. Segundo Guccione (2002), o
profissional deve utilizar um método avaliativo denominado de estratégia hipotético-
dedutiva, que é definida como formulação de uma lista curta de diagnósticos ou
ações potenciais dos indícios iniciais do idoso, seguida da realização de testes e
medidas clínicas. Dentre elas pode ser aplicada a rotina diária com os seguintes os
seguintes procedimentos:
a) Questionamentos rotineiros ao cuidador/ familiares: Como foi a noite anterior do
idoso? Alguma modificação na medicação? Algum episódio de agitação ou
sonolência? Alimentação normal e ingestão de líquidos dentro dos parâmetros?
Alguma atividade diferenciada da rotina?
Obs.: Essas questões podem modificar o quadro e contribui para alguma
intercorrência durante os exercícios, e nem sempre os cuidadores lembram de
comunicar o profissional.
b) Segurança: Antes de iniciar a sessão, o profissional deverá observar, as
condições do local onde irá realizar o trabalho, verificar as condições do material
e o local, como por exemplo se o local da aula está molhado, tumultuado, com
muitos objetos e o estado dos equipamentos, se não oferecem algum tipo de risco
ao idoso.
Obs.: De acordo com Holtgrefe (2009), independente do tipo de intervenção com
exercícios físicos, a segurança é um aspecto fundamental, sobretudo quando se
trata de idosos com demências.
c) Condições do paciente no dia: o planejamento deve ser previamente organizado
porém deve ser flexível e adaptado de acordo com as condições do paciente no
dia da sessão.
Obs.: Não é incomum o profissional ter que modificar totalmente o seu
planejamento devido as condições de humor do idoso ou algum acometimento
físico. Nesses casos o mais importante é oferecer alguma atividade que o idoso
aceite e a execute.
94
d) Anamnese diária: É prudente monitorar o estado de saúde do idoso
frequentemente e uma das medidas e avaliar os seus sinais vitais como a aferição
da pressão arterial, frequência cardíaca e frequência respiratória.
e) Inspeção diária rápida: Verificação se o idoso apresenta edemas de membros
inferiores significados, equimoses, traumas articulares como torsões e lesões
cutâneas em membros inferiores.
Variáveis antropométricas e metabólicas se constituem em variáveis
fundamentais para o diagnóstico do perfil nutricional e de aptidão cardiorrespiratória
dos idosos. No Quadro 4 são apresentadas algumas alternativas para a avaliação
dessa variáveis apresentadas por Paes e Teixeira (2015) a realizarem uma
compilação de avaliações.
Quadro 4 – Variáveis antropométricas e metabólicas VARIÁV
EIS MEDIDAS/TESTES AUTORES
Antropométricas Estrutura Física Peso, Estatura, Cálculo do IMC (índice de
massa corporal) Gordon; Chumlea; Roche (1998)
Composição Corporal - Adiposidade: dobras cutâneas - Circunferências cintura e quadril - Adiposidade: bioimpedância elétrica
França e Vívolo (1995 apud MATSUDO, S., 2010). Sardinha et al. (1998)
Metabólicas Potência Aeróbica - Caminhar 800 metros
- Teste de caminhada de 6 minutos (TC6) - Step de 2 minutos (passadas no lugar)
Matsudo S. (2010) Holland et al, Eur.Resp.J (2014) Rikli e Jones (1999)
Fonte : Paes e Teixeira (2015)
Existe uma grande variedade de testes que avaliam a aptidão física e
funcional de indivíduos idosos. A escolha, a exemplo das outras variáveis
apresentadas anteriormente, depende dos recursos disponíveis (equipamentos) e
variáveis que o profissional julga ser necessário conhecer. Grande parte das
avaliações apresentadas no Quadro 5 não necessitam de equipamentos sofisticados
e de alto custo, o que os tornam viáveis em qualquer contexto. As avaliações
apresentadas por Paes e Teixeira (2015) não são destinadas especificamente para
idosos com demências, mas podem ser utilizadas para essa população, sobretudo
por serem relativamente simples de serem executadas.
95
Quadro 5 – Variáveis de aptidão física e funcional
VARIÁVEIS MEDIDAS/TESTES AUTORES Neuromotoras Força Muscular
Membros Superiores - Preensão Manual
- Flexão de cotovelo
American Society of Hand Therapists (ASHT) (apud VIANNA; OLIVEIRA; ARAÚJO, 2007) Rikli e Jones (1999)
Membros Inferiores - Sentar e levantar da cadeira Jones, Rikli e Beam (1999) Flexibilidade - Sentar e alcançar no banco
- Sentar e alcançar na cadeira - Flexibilidade de ombro - Flexibilidade angular
Lemmink et al. (2003) Jones et al. (1998) Matsudo S. (2010) Matsudo S. (2010)
Funcionais e Mobilidade Equilíbrio - Estático, com controle visual
- Dinâmico – andar 3 metros - Escala de Berg
Willians e Greene (1990 apud SPIRDUSO, 2005) Podsiadlo e Richardson (1991) Miyamoto et al. (2004)
Agilidade Corporal - Agilidade e equilíbrio dinâmico da AAPHERD
Osness et al. (1990)
Velocidade Andar - Velocidade normal - Velocidade máxima
Willians e Greene (1990 apud SPIRDUSO, 2005)
Velocidade Levantar Cadeira - Uma vez Matsudo S. (2010) Mudanças de Posição - Sentado – em pé
- Em pé – sentado - Deitado – sentado - Deitado – em pé
Matsudo S. (2010)
Subir Escadas - Subir um lance de escada Matsudo S. (2010) Atravessar Ruas - Caminhar 30 metros Nagasaki et al. (1996) Colocar Meias - Sentado na cadeira colocar
um par de meias Matsudo S. (2010)
Coordenação Motora Fina - Teste de habilidades manuais - Coordenação motora (AAPHERD)
Andreotti e Okuma (1999) Osness et al. (1990)
Auto Avaliação Funcional - Escalas de AVDs, AIVDs e AAVD
Andreotti e Okuma (1999); Spirduso (2005); Rikli e Jones (1999)
Fonte : Paes e Teixeira (2015)
A partir dos resultados das avaliações, o profissional poderá planejar as
sessões direcionadas e com objetivos definidos aos idosos com diagnóstico de
Demência, além de considerar, as recomendações necessárias e limítrofes para o
dia a dia de trabalho.
Vale lembrar também que, a motivação e adesão são fundamentais para
o alcance do resultado e sucesso do trabalho, e cabe ao profissional documentar a
frequência das sessões, incentivar a família ou cuidadores a respitar os horários
determinados para o trabalho.
Desta forma, o idoso despertará o “gosto” pela realização dos exercícios,
a partir do momento em que sentir os benefícios em seu organismo, bem como, em
96
decorrência da boa convivência com o profissional, o qual deverá proporcionar
momentos agradáveis ao paciente, e, principalmente, dispensar-lhe especial
atenção ao conduzir as atividades que, por vezes, e dependendo das circunstâncias,
podem até gerar alguma diversão.
Logo, faz parte do planejamento adequado, momentos de incentivo à
prática e motivação em busca de melhorias funcionais, por meio da diversificação de
atividades que tenham seu objetivo bem definido.
4.2 PLANEJAMENTO DE ATIVIDADES E EXERCÍCIO FÍSICO PARA IDOSOS
4.2.1 Planejamento
O idoso com demência apresenta necessidades que precisam ser
trabalhadas nos programas de exercícios físicos. Uma avaliação funcional, o estado
mental e o estágio da doença devem fazer parte do diagnóstico para que o
profissional tenha subsídios para decidir quais as melhores estratégias a adotar em
um programa de exercícios físicos.
Segundo Holtgrefe (2009), o profissional que irá atuar com idoso deve
utilizar em suas intervenções exercícios preventivos e terapêuticos, que consiste no
treinamento planejado e sistemático de movimentos corporais, posturas ou
atividades que visem a prevenção de comprometimentos referentes ao processo
demencial, a melhora da função física e do estado geral de saúde.
A tomada de decisão referente ao planejamento de exercícios, refere-se a
um processo complexo e dinâmico que envolve o raciocínio, o pensamento analítico
e o conhecimento a respeito do estado físico e mental do idoso, o estágio da sua
doença e o conhecimento sobre os determinantes do exercícios físicos, como
relação entre volume, intensidade e frequência (JONES; JENSEN; ROTHSTEIN,
1995).
Sempre que possível, o profissional deve adotar programas que
contemplem a condição física global do idoso, pois ela é necessária para a
manutenção da funcionalidade física. Na figura abaixo Holtgrefe (2009) apresenta os
aspectos que estão relacionados à função física e que devem ser contemplados nos
programas de exercícios físicos. Esses aspectos devem ser trabalhados em idosos
independentemente das suas características físicas e mentais, a não ser que
97
apresente limitações que impeçam o desenvolvimento de uma ou mais delas.
Nesses casos as devidas adaptações devem ser realizadas.
Figura 2 - Aspectos inter-relacionados da função física
Fonte : Holtgrefe (2009).
O planejamento das atividades motoras para os idosos com demências,
assim como de outras modalidades de exercício físico depende de uma série de
etapas que devem ser seguidas. Segundo Gallo, Gobbi e Zuluaga (2013 apud
PAES; TEIXEIRA, 2015), cinco etapas devem ser seguidas para um planejamento
com sucesso: 1) avaliação dos indivíduos (diagnóstico), 2) estabelecimento das
metas (prognóstico), 3) determinação dos conteúdos, das formas de controle e
aumento das cargas de treinamento e organização logística das sessões de aula
(elaboração), 4) aplicação do programa (implementação) e 5) avaliação do processo
(avaliação).
Apesar de existirem variações nas metas a serem alcançadas em
programas de exercícios para os idosos com demências, devido à heterogeneidade
que essa doença desencadeia, o roteiro para a elaboração do planejamento não
apresenta muitas variações em relação ao idosos que não possuem demências. Isso
quer dizer que, as etapas do planejamento são as mesmas para diferentes
modalidades de exercício físico, como para grupos de idosos com alta ou baixa
aptidão física e funcional, como para programas que tem objetivos de desenvolver
98
prioritariamente aspectos sociais ou para aqueles que visam o desenvolvimento de
variáveis biológicas.
Paes e Teixeira (2015) ressaltam que as recomendações da American
College of Sports Medicine em 2009 preconizam que os programas de exercícios
para idosos devem ter uma frequência de duas a três vezes semanais com duração
de aproximadamente 60 minutos. Essa estrutura atende os princípios da sobrecarga,
supercompensação e adaptação e da continuidade/reversibilidade do exercício. O
número de sessões semanais, assim como o tempo de duração da aula dependem
das características do programa e nível de aptidão física e funcional dos idosos
participantes. É importante destacar, que as mesmas recomendações, indicam para
idosos frágeis e que não conseguem atingir as recomendações mínimas que se
exercitem o quanto for possível. Nessas condições podem se enquadrar os idosos
com demências. Dependendo do acometimento da doença, o idoso poderá
apresentar estágios de fragilidade física que o impedem de atender as
recomendações mínimas de atividade física para a preservação da sua saúde.
Nesse caso, o profissional deverá avaliar a sua real condição e administrar
exercícios de acordo com a sua condição. É importante ressaltar que muitos idosos
com demências apresentam dificuldades de concentração e consequentemente
toleram menos sessões de exercícios longas e pouco atrativas. Nesse sentido, o
profissional deverá ter a habilidade de proporcionar exercícios diversificados, que
atraiam e motivem os idosos com demências e, em um período de tempo que possa
ser tolerado por eles.
Na sequência são apresentadas as etapas para o planejamento das
sessões para idosos com demências adaptadas das sugestões feitas por Paes e
Teixeira (2015) para idosos saudáveis em aulas de hidroginástica.
Planejamento das aulas:
Após o diagnóstico da condição física, funcional e intelectual do idoso e o
estabelecimento das metas a serem alcançadas, na etapa da elaboração, o
profissional deverá fazer a planificação das atividades, ou seja, elencar os
conteúdos a serem trabalhados nas várias sessões de aulas em uma planilha. A
alocação dos conteúdos ao longo de várias sessões proporciona ao profissional uma
visão macro da estrutura do programa, permitindo distribuir com mais eficiência
99
esses conteúdos, observando os princípios do treinamento e as reais condições de
cada idoso.
Sessões das aulas:
Com base nas informações do planejamento das aulas, as sessões
podem ser elaboradas com a seguinte estrutura:
� Primeira parte: com duração de até cinco minutos, é denominada de
adaptação ou aquecimento, onde em um primeiro momento o aluno terá o
seu corpo melhor preparado para a realização dos exercícios.
Estratégias
− Deslocamento, movimentos articulares e atividades lúdicas e recreativas.
As atividades poderão ser realizadas individualmente, em duplas ou
pequenos grupos dependendo do comprometimento da doença.
� Segunda parte da aula: com duração aproximada de 10 a 15 minutos,
envolvendo as capacidades neuromotoras que serão distribuídas ao longo do
planejamento das sessões.
Objetivo: Desenvolver atividades de equilíbrio, coordenação motora, tempo de
reação e agilidade e ritmo.
Estratégias
− Planejar a rotatividade das capacidades ao longo das sessões de aula, uma
capacidade por sessão, como por exemplo, aula 01, capacidade de equilíbrio,
aula 02, tempo de reação e agilidade corporal, aula 03, coordenação e ritmo,
aula 4 equilíbrio e assim sucessivamente.
− As atividades poderão ser realizadas individualmente, em duplas, ou
pequenos grupos; atividades na forma de jogos e atividades lúdicas.
100
− Os exercícios desenvolvidos nessa parte da aula são propícios a serem
trabalhados em atividades lúdicas, portanto, o profissional deve aproveitar
esse momento para proporcionar atividades mais descontraídas e motivantes,
sem preocupações excessivas com regras muito rigorosas. Sempre que
possível, nesse momento da aula o profissional deve conduzir atividades
diferentes das que os idosos estão acostumados a realizar no cotidiano.
� Terceira parte da aula: com duração entre 20 a 30 minutos,
envolvendo exercícios posturais e de resistência muscular, seguindo
as propostas de exercícios apresentadas nesse livro.
Objetivo: Desenvolver a resistência muscular.
Estratégias
Diversas estratégias poderão ser adotadas para o trabalho com o
idoso com demência. A escolha delas depende das necessidades dos idosos, tempo
de aula, número de sessões semanais e o comprometimento da doença. Na
sequência algumas estratégias para o desenvolvimento da resistência muscular são
apresentadas.
− Trabalhar todos os seguimentos corporais em todas as sessões de aula.
− Trabalhar em todas as sessões exercícios neuromotores e que estimulem a
cognição.
− Trabalhar o fortalecimento muscular de membros superiores e inferiores em
todas as sessões de aula.
− Exercícios com diferentes níveis de impacto.
− Ritmos alternados ou constantes de execução de movimento.
− Exercícios parados e/ou em deslocamento.
− Exercícios executados com ou sem o uso de materiais.
− Exercícios distribuídos na forma de circuito envolvendo um ou mais
segmentos corporais com ou sem o uso de materiais.
− Exercícios respiratórios.
101
− Exercícios de prevenção de quedas.
− Os exercícios poderão ser realizados individualmente, em duplas ou
pequenos grupos.
As séries poderão ser controladas pelo número de repetições, de acordo
com a tolerância do idoso e objetivo da aula.
� Quarta parte da aula: com duração entre 5 a 10 minutos, atividades que
diminuam a frequência cardíaca promovendo uma sensação agradável e de
relaxamento ao final da aula.
Objetivo: Voltar à frequência cardíaca com valores próximos ao início da aula.
Estratégias
- Alongamento com ou sem material, trabalhando os principais grupos musculares
trabalhados nos exercícios de resistência.
- Massagem com ou sem material.
- Técnicas variadas de relaxamento.
- Uso ou não de músicas.
- Atividades individuais, em duplas e pequenos grupos.
- Exercícios respiratórios.
4.3 ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS E METODOLÓGICAS
Os objetivos a serem alcançados em uma sessão de exercícios
dependem de uma série de estratégias para que o processo ensino aprendizagem
seja eficiente. O profissional deve ter ciência que o tempo para a aprendizagem dos
idosos é maior em relação aos mais jovens e que o idoso com demência pode ter
essa capacidade comprometida. Nesse sentido o profissional deve utilizar-se de
técnicas de demonstração e verbalização em tom e velocidades adequadas para a
otimização da execução dos movimentos.
Além do exercício físico orientado é importante que o idoso com
demência seja estimulado a aumentar o seu nível de atividade física. Nesse sentido,
102
Matsudo, S. (2010) ressalta que qualquer atividade é válida para esse fim. Assim,
segundo a autora, cabe ao profissional orientar e sugestionar atividades físicas
moderadas de deslocamento, de lazer ou laboral, que venham contribuir para esse
aumento.
Segue abaixo algumas sugestões para que o idoso realize em casa, de
acordo com sua condição. (MATSUDO, S., 2009).
− Caminhadas leves, mesmo quando está cansado. No caso do idoso mais
comprometido pela demência, nunca deve estar desacompanhado.
− Levantar-se da cadeira e mudar manualmente os canais da TV. Essa
atividade deve ser realizada quando o ambiente não estiver tumultuado, pois
pode oferecer risco de queda.
− Dançar é uma importante estratégia, pois geralmente traz motivação e
desperta emoções positivas.
− Ir às compras em supermercados e feiras. É importante que o idoso com
demência não seja isolado de seus afazeres, e sim tenha alguém que possa
acompanha-lo nessas atividades.
− Estimular o idoso com a cuidar da sua casa, de acordo com suas
possibilidades e caso o estágio da doença permite. Essa atividade requer
supervisão para evitar atividades que venham oferecer perigo.
O profissional, além de ser o responsável por intervenções específicas
para os idosos com demência, ele tem um papel importante na orientação dos
familiares e cuidadores para organizarem um ambiente que favoreça uma vida mais
ativa para esses idosos. A atividade física e o exercício físico, praticados de forma
regular são necessários para a promoção da saúde e qualidade de vida dos idosos,
independente da sua condição física e cognitiva. Nesse sentido, cabe aos
profissionais se capacitarem para que as intervenções sejam cada vez mais
adequadas e que ajudem o idoso com demência e seus familiares a terem uma
melhor qualidade de vida.
103
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APÊNDICE B - Artigo científico
VALORES DE REFERÊNCIA DO TESTE DE SENTAR E LEVANTAR EM 30
SEGUNDOS EM INDIVÍDUOS IDOSOS FISICAMENTE INDEPENDENTES
RESUMO
O teste de sentar e levantar da cadeira em 30 segundos (TSL) avalia a força de membros inferiores e é uma das avaliações mais utilizadas com a população idosa, por ser um teste de fácil aplicação e que não dispõe de equipamentos caros e sofisticados. O presente estudo tem como objetivo estabelecer valores de referência do TSL para idosos fisicamente independentes, utilizando os métodos, curva de valores percentílicos e equação preditora com base em variáveis sociodemográficas e antropométricas. Participaram do estudo 508 indivíduos idosos, com mais de 60 anos, de ambos os sexos, fisicamente independentes, com estado mental normal, e com ausência de comorbidades que poderiam impedir a realização do teste. Os dados foram mensurados por meio da massa e estatura corporal para a determinação do IMC, informações sociodemográficas e a força de membros inferiores pelo teste de sentar e levantar da cadeira em 30 segundos proposto por Jones, Rikli e Beam (1999). Os resultados indicaram que a curva com os valores percentis apresenta vantagens na predição de valores de referência para o TSL em idosos fisicamente independentes em relação à equação de predição. Os valores percentílicos indicaram uma redução no desempenho do teste à medida que a idade avança e que idosos com IMC acima de 25 kg/m2 também tendem a ter desempenhos piores, com exceção na faixa etária <70 anos para os homens e >80 anos para as mulheres. Concluímos que as valores de referência se constituem em um instrumentos importante para a classificação dos idosos no que diz respeito a sua força muscular de membros inferiores. Palavras-chave: Força muscular. Idosos. Teste de sentar e levantar.
112
ABSTRACT The test of sitting and rising from a chair in 30 seconds (TSL), evaluates the strength of lower limbs and is one of the most widely used assessments with the elderly, to be an easy test application and it does not have expensive equipment and sophisticated . This study aims to establish reference values in the TSL to physically independent elderly, using the methods of percentile values curve and predictor equation based on sociodemographic and anthropometric variables. The study included 508 patients aged over 60 years, of both sexes, physically independent, with normal mental status, and with no comorbidities that could prevent the test. The data were measured by body mass and height to determine BMI, sociodemographic information and the strength of the lower limbs by the test sitting and rising from a chair in 30 seconds proposed by Jones, Rikli and Beam (1999). The results indicated that the curve with the values percentiles has advantages in predicting reference values for TSL physically independent elderly in relation to the prediction equation. The percentile values indicated a reduction in performance testing as advancing age and older with a BMI above 25 kg / m2 also tend to have worse performance, except in the age group <70 years for men and> 80 years to the women. We conclude that the reference values constitute an important instrument for classifying elderly people regarding their muscle strength of the lower limbs. Keywords: Muscular strength. Elderly. Test sitting and standing.
113
1 INTRODUÇÃO
Já está bem documentado na literatura, que os agravos à saúde do idoso,
estão relacionados aos aspectos biológicos que se modificam com o passar do
tempo. Dentre as principais alterações destacam-se o aumento da gordura corporal,
reduções na massa livre de gordura e nos sistemas neural, cardiovascular,
respiratório e imunológico.1,2 Essas mudanças irão culminar em alterações na
aptidão física como diminuição da capacidade cardiorrespiratória, força e resistência
muscular, sobretudo de membros inferiores e também na aptidão funcional, com
consequências negativas na realização das tarefas do cotidiano. É importante
destacar, que essas alterações podem ser potencializadas pelo estilo de vida
adotado ao logo da vida, sobretudo, por uma vida sedentária.3
As alterações na capacidade funcional acarretadas pelo processo de
envelhecimento podem levar o indivíduo idoso a ter dificuldades ou a não conseguir
realizar algumas tarefas do cotidiano que são fundamentais para a sua autonomia e
qualidade de vida.3 Desta forma, avaliar a aptidão física e funcional do indivíduo
idoso é de extrema importância para o diagnóstico da sua condição e para monitorar
a sua evolução durante um período de tempo ou durante um programa de
intervenção com exercícios físicos. Essas informações são necessárias para que os
profissionais possam interferir adequadamente nos aspectos mais vulneráveis da
aptidão física do idoso, adotando estratégias eficientes para reverter quadros de
déficits, se necessário.
Um dos aspectos mais vulneráveis da aptidão física do idoso é a força
muscular de membros inferiores.4,5 O processo de envelhecimento associado ao
desuso, leva a uma importante diminuição da massa e força muscular desses
membros, impactando na realização das atividades do cotidiano e na independência
física.6 Nesse sentido, particular atenção deve ser dada ao trabalho para a
preservação e fortalecimento desse grupo muscular, assim como a sua avaliação.
Um dos testes de campo mais utilizados para avaliar a força de membros
inferiores em indivíduos idosos é o teste de “sentar e levantar da cadeira em 30
segundos” (TSL), criado por Jones, Rikli e Beam em 1999.7 É um teste de fácil
aplicação, que não requer equipamentos sofisticados e possui correlação moderada
com o teste de 1RM de leg-press tanto para homens quanto para mulheres (r=0,78 e
114
r=0,71 respectivamente). Apesar de ser um teste amplamente utilizado, não há
padrões de referência para idosos brasileiros e que levem em consideração
variáveis antropométricas, além do gênero e a idade. Os valores de referência
existentes, foram criados pelos autores do teste, com parâmetros para a população
americana, levando-se em consideração o sexo e a idade, mas não as variáveis
antropométricas. A falta dessa informação, sobretudo, para a população brasileira,
traz dificuldades aos profissionais para interpretar o significado dos resultados
obtidos em relação às características individuais de cada idoso.
Com base nos pressupostos apresentados, esta pesquisa tem como
objetivo estabelecer valores de referência no TSL para idosos fisicamente
independentes, utilizando os métodos, curva de valores percentílicos e equação
preditora com base em variáveis sociodemográficas e antropométricas.
2 METODOLOGIA
Amostra
Em um delineamento transversal, participaram do estudo 508 indivíduos
idosos, com mais de 60 anos, de ambos os sexos. A amostra e os dados fazem
parte do Projeto EELO – Estudo sobre o envelhecimento e longevidade que teve
como objetivo investigar as condições sociodemográficas e de saúde da população
idosa do município de Londrina-PR, Brasil. A amostra é representativa da população
de Londrina e os idosos foram recrutados dos cadastros da Unidades de Saúde de
todas as regiões do município. Os critérios de inclusão foram: estado mental normal,
avaliado pelo Mini-exame do estado mental (MEEM) criado por Folstein e
colaboradores,8 considerando o nível de escolaridade proposto por Bertolucci e
colaboradores,9 função pulmonar normal, ser fisicamente independente, segundo os
critérios proposto por Spirduso10 e, ausência de comorbidades que poderiam impedir
a realização do teste. A presente pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em
Pesquisa Envolvendo Seres Humanos da Universidade Norte do Paraná, sob
parecer PP000709.
Instrumentos
115
Para a triagem os idosos foram submetidos a uma entrevista em que
foram aplicados o 1) questionário com informações sóciodemográficas (idade,
escolaridade e gênero), comorbidades e o nível sócio-econômico, 2) o Mini-exame
do estado mental e a independência física. Os idosos que atenderam os critérios de
inclusão foram submetidos às avaliações descritas a seguir:
Avaliação antropométrica:
A massa corporal foi mensurada em uma balança de plataforma digital da
marca Filizola, modelo ID 110, com precisão de 0,1 kg e a estatura por um
estadiômetro com precisão de 0,1 cm, de acordo com os procedimentos descritos
por Gordon et al. (1988).11 O índice de massa corpórea (IMC) foi determinado pelo
quociente massa corporal (kg) / estatura (m2).
Teste de Sentar e Levantar da Cadeira em 30 Segundos (TSL)
Validado por Jones, Rikli e Beam,7 tem como objetivo avaliar a força e
resistência dos membros inferiores. Instrumentos: cronômetro, cadeira com encosto
e sem braços, com altura de assento de aproximadamente 43 cm. Por razões de
segurança, a cadeira deve ser colocada contra uma parede, ou estabilizada de
qualquer outro modo, evitando que se mova durante o teste. Posição do avaliado:
sentado na cadeira com as costas encostadas no encosto e pés apoiados no chão.
Posição do avaliador: próximo ao avaliado, segurando a cadeira. Procedimento: o
participante cruza os braços com o dedo médio em direção ao acrômio. Ao sinal o
participante ergue-se e fica totalmente em pé e então retorna a posição sentada. O
participante é encorajado a completar tantas ações de ficar totalmente em pé e
sentar quanto possível em 30 segundos. O avaliador deverá realizar uma vez para
demonstrar o teste para que o participante tenha uma aprendizagem apropriada. O
teste deverá ser realizado uma vez. Pontuação: a pontuação é obtida pelo número
total de execuções corretas num intervalo de 30 segundos. Se o participante estiver
no meio da elevação no final dos 30 segundos, deve-se contar esta como uma
execução (Figura 1).
116
Figura 1- Teste de sentar e levantar em 30 segundos
Coleta de dados
Os dados foram coletados na Universidade Norte do Paraná nos anos de
2009 e 2010. As avaliações foram realizadas em um único período na seguinte
ordem: entrevista com a aplicação dos questionários, avaliações antropométricas e
na sequencia o teste de sentar e levantar em 30 segundos. As avaliações foram
realizadas por docentes envolvidos no projeto e alunos de iniciação científica
devidamente treinados. Os dados só foram coletados após os idosos receberem
todas as informações sobre o estudo e assinarem o Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido.
Análise Estatística
Foram utilizados dois métodos para estimar os valores de referências no
TSL, o primeiro, por meio da criação de uma tabela considerando os valores
percentis e o segundo, por meio da criação de uma equação preditora do
desempenho no teste. Em ambos os métodos foram consideradas variáveis
sociodemográficas e antropométricas. As análises foram realizadas mediante o
software estatístico SPSS versão 20.0 (SPSS Inc., USA). A normalidade dos dados
foi realizada pelo teste de Kolgomorov Smirnov e os dados descritivos apresentados
117
pela média e desvio padrão e valores percentis para a tabela com valores de
referência.
Inicialmente foi efetuada a análise exploratória dos dados para detectar
possíveis outliers, bem como analisar as distribuições das variáveis, na sequência,
foram calculadas a média, desvio-padrão e amplitude. A construção das cartas
percentílicas foi efetuada, separadamente, para cada variável Idade e IMC para
cada gênero. Os percentis foram obtidos pelo método LMS (COLE; GREEN, 1992).12
Para normalizar a distribuição dos valores em cada uma das variáveis, o método
LMS recorre à transformação Box-Cox, específica para as diferentes faixas etárias
(<70 anos, 70 a 80 anos e >80 anos). Foram comparados os desempenhos no TSL
entre homens e mulheres em cada uma das categorias propostas na tabela de
referência pelo teste t de Student.
Na predição da equação para estimar o desempenho dos idosos no TSL,
considerando variáveis sociodemográficas e antropométricas (sexo, idade, peso,
estatura e IMC), foi realizada uma regressão multivariada, com o método stepwise,
sendo o TSL a variável dependente e o sexo, idade, massa corporal, estatura e IMC
como variáveis independentes. O índice de significância adotado em todas as
análises foi de 5%.
3 RESULTADOS
Os valores de referência no TSL foram construídos levando-se em
consideração a idade e o IMC. Desta forma, na análise percentílica, a amostra foi
estratificada em três grupos etários (<70 anos, 70-80 anos e >80 anos) e, em cada
um deles, dois grupos considerando o IMC (≤25 e >25). Sendo assim, os valores de
referência para o TSL foram atribuídos a seis grupos para cada sexo, ou seja, idosos
com <70 anos, 70-80 anos e >80 anos com IMC ≤25 e idosos com <70 anos, 70-80
anos e >80 anos e com IMC >25. Na Tabela 1 são apresentadas as quantidades de
idosos em cada um dos seis grupos estratificados por gênero.
118
Tabela 1- Quantidade de idosos segundo a estratificação dos grupos utilizados para
determinar os valores de referência no TSL.
IMC (kg/m 2) IDADE n
HOMENS
≤25 <70 25
70-80 26 >80 10
>25
<70 45
70-80 41 >80 07
MULHERES
≤25 <70 41
70-80 34 >80 06
>25
<70 146
70-80 77 >80 14
Os resultados descritivos e comparativos sobre o desempenho dos idosos
em cada grupo etário e diferentes índices de massa corporal (IMC), apresentados na
Tabela 2, indicam que, de maneira geral, em ambos os sexos, o desempenho dos
idosos tende a declinar à medida que a idade avança. Tanto para os homens quanto
as mulheres, idosos com IMC igual ou abaixo de 25 kg/m2 e com mais de 80 anos
apresentaram significativamente pior desempenho no TSL dos que os idosos com
menos de 80 anos. Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas
no desempenho no TSL entre os grupos etários <70 e 70-80 anos.
Considerando os idosos estratificados nos grupos etários e que possuem
IMC >25 kg/m2, em ambos os sexos, houveram diferenças significativas no
desempenho dos idosos entre os três grupos etários, sendo que, os idosos
pertencentes aos grupos etários mais velhos possuem desempenho no TSL pior dos
que os idosos dos grupos etários mais jovens.
119
Tabela 2- Resultados descritivos e comparativos do desempenho no TSL entre
homens e mulheres em diferentes faixas etárias e IMC.
FAIXA ETÁRIA
IMC
(kg/m 2) < 70 anos 70 - 80 anos >80 anos
M DP M DP M DP P
Homem ≤25 11,4 1,9 11,3 2,8 9,1 2,8 <0,001b,c
>25 12,7 2,2 10,8 2,2 7,4 2,6 0,001a,b,c
Mulher ≤25 11,7 2,5 10,6 2,4 7,5 1,8 <0,001 b,c
>25 11,7 2,5 10,5 2,5 10,1 1,6 0,001 a,b,c a <70 anos ≠ 70-80 anos; b<70 anos ≠ >80 anos; c70-80 anos ≠ >80 anos.
Na Tabela 3, são apresentados os resultados referentes às curvas
percentílicas para homens e mulheres, levando em consideração as faixas etárias e
o IMC. Os resultados mostram uma relação entre o desempenho a idade e o IMC,
tanto para homens quanto para as mulheres, indicando que os desempenhos são
mais baixos para os idosos mais velhos e que possuem IMC mais alto. Em algumas
faixas etárias, o desempenho no TSL foi maior em idosos com IMC acima de 25
kg/m2 em relação dos que possuem abaixo. Nos homens foi no grupo etário ≤70
anos e nas mulheres >80 anos.
Tabela 3- Modelo de previsão/classificação para o teste de sentar e levantar da
cadeira em 30 segundos, por número de repetições, baseado em percentis da idade
e IMC.
PERCENTIS
Não esperado Na média Esperado
IMC(kg/m 2) IDADE 5 10 25 50 75 90 95
HOMENS
≤25 <70 9,0 9,0 10,0 11,5 12,0 14,5 15,8
70-80 3,0 6,0 11,0 12,0 13,0 14,0 14,8 >80 6,0 6,0 7,5 10,0 11,5 12,0 13,0
>25
<70 8,4 10,0 11,0 13,0 14,0 16,0 16,7
70-80 7,0 7,4 9,0 11,0 12,0 14,0 14,0 >80 4,0 4,0 4,5 6,0 9,8 10,0 11,0
MULHERES ≤25 <70 7,0 8,0 10,0 11,0 14,0 15,0 15,0 70-80 6,8 7,0 8,8 11,0 12,0 14,0 15,0
120
>80 5,0 5,0 6,5 7,0 9,3 10,0 11,0
>25
<70 8,0 9,0 10,0 12,0 13,0 14,0 16,0
70-80 7,0 7,8 8,5 10,0 12,0 14,0 15,0 >80 7,0 7,5 9,0 10,5 11,0 12,5 14,0
Na Tabela 4 é apresentado o modelo de regressão múltipla utilizado para
criar a equação para a predição do desempenho dos idosos no TSL. As variáveis
independentes idade e IMC explicaram 11% da variabilidade no TSL. O sexo não
permaneceu no modelo como variável preditora.
Tabela 04- Modelo de regressão múltipla para determinar a equação com valores de
referência para o desempenho no TSL em idosos, considerando as variáveis,
sociodemográficas e antropométricas.
Método de Entrada Previsores Beta P R2
Modelo 2 Forçada Constante 21,127 <0,001 0,110
Idade -0,137 <0,001
IMC -0,013 0,600
Modelo de equação para a predição do desempenho dos idosos no TSL FMI Previsto = 21,127 – (0,137*Idade) – (0,013*IMC).
4 DISCUSSÃO
Esta pesquisa foi realizada com o propósito de obter valores de referência
para o TSL para indivíduos idosos brasileiros fisicamente independentes,
considerando variáveis sociodemográficas e antropométricas. O TSL é uma
avaliação bastante utilizada na prática clínica, pois avalia de maneira simples e com
recursos de baixo custo a força de membros inferiores em indivíduos idosos. A
escolha dos dois métodos para a predição foi motivada pela expectativa de
encontrar o modelo mais adequado e prático para a classificação dos idosos
considerando o sexo, a idade e o IMC.
As análises dos dois métodos indicam que o modelo com as curvas
percentílicas apresentadas na Tabela 3 permitem de maneira mais eficaz a predição
dos valores de referência para TSL considerando o sexo, a idade e o IMC, do que a
equação. A regressão múltipla utilizada na construção da equação indicou que as
variáveis preditoras explicaram somente 11% da variabilidade no TSL, o que indica
121
limitações importantes nesse modelo para predizer os valores esperados para os
idosos. Outras variáveis preditoras não foram testadas, pois o objetivo é utilizar
variáveis de fácil mensuração para viabilizar a sua utilização em grande escala e por
profissionais que atuam na prática clínica.
A baixa variabilidade dessas variáveis pode ser explicada pelas
características do próprio teste e pela homogeneidade da amostra. Em relação as
características do teste, o seu resultado final expresso pelo número de repetições
em 30 segundos, um tempo relativamente curto, não permite margens grandes de
resultados entre os testados, o que o e pela homogeneidade da amostra. Por serem
fisicamente independentes, possuem funcionalidade física que lhes permitem
realizarem as suas atividades cotidianas sem ajuda. Desta forma, mesmo
apresentando idades e características antropométricas diferentes, possuem
funcionalidade física compatível com a independência física, o que os podem os
tornarem mais homogêneos nesses aspectos. Segundo Spirduso,10 a função física
do idoso pode não necessariamente apresentar relação com a idade cronológica. É
possível encontrar idosos com a mesma idade e com funções físicas muitos
diferentes e idosos mais velhos com funcionalidade melhor do que idosos mais
jovens. Essas condições dos idosos, que são influenciadas diretamente pelo etilo de
vida mostraram que uma equação considerando as variáveis propostas nesse
estudo não se constitui na melhor opção para determinar valores de referência no
TSL para idosos com essas características.
Já, o uso de curvas percentílicas para descrever aspetos da trajetória
modal e da variabilidade interindividual é uma das formas mais interessantes de
apresentar valores de referências para o desempenho em testes com essa
característica, sobretudo, de acordo com Silva et. al.,13 quando são construídas com
base em procedimentos metodológicos e analíticos robustos. O método LMS
apresenta estas características, sendo uma ferramenta estatística atual, vantajosa
em comparação com outros métodos de estimação,13 com uma distinta
representação gráfica e/ou numérica dos perfis configuracionais do desempenho
motor.
Os resultados comparativos entre os três grupos etários, em ambos os
sexos, indicaram uma diminuição no desempenho à medida que a idade avança.
Essas diferenças foram mais pronunciadas nos idosos acima de 80 anos, nos que
possuíam IMC ≤25 kg/m2 e, uma queda no desempenho dos grupos etários mais
122
velhos em relação ao grupo <70 anos, nos idosos com IMC maior do que 25 kg/m2.
O teste apresenta um bom poder de discriminação em relação à idade, essa
evidência já foi apontada por Rikli e Jones,14 quando estabeleceram os valores de
referência para esse teste para a população americana. A exemplo desse estudo, as
autoras também constataram quedas mais acentuadas no desempenho do teste a
partir dos 80 anos.
Em relação ao IMC, os idosos com índices mais altos tenderam a ter
desempenhos mais baixos, tanto no grupo de homens quanto no das mulheres.
Esses resultados podem ser explicados pelo fato do IMC ser um indicativo de
excesso de peso e gordura corporal. Apesar do IMC não discriminar massa magra
de gordura corporal, é muito provável que o IMC alto em indivíduos idosos seja
reflexo de quantidades excessiva de gordura corporal. É raro encontrar na
população idosa indivíduos com IMC alto e que seja devido à hipertrofia muscular.
Nesse sentido, estudos15,16 apontam que o excesso de gordura corporal em idosos
interferem negativamente no seu desempenho físico e funcional.
Apesar das evidências apontadas dos reflexos da gordura corporal no
desempenho motor de idosos, essa interferência deve ser analisada com cautela,
pois, segundo Bouchard, Dionne e Brochu (2009),17 o IMC baixo também pode
representar fragilidades em idosos causadas pela sarcopenia, osteoporose e
desnutrição crônica. Essas condições levam ao baixo peso e também podem
influenciar negativamente no desempenho motor do idoso.
Essas evidências podem nos auxiliar a explicar o melhor desempenho das
mulheres com mais de 80 e com IMC superior a 25 kg/m2 em relação às com IMC
abaixo desse índice. Em idades mais avançadas, às degenerações provocadas pelo
processo de envelhecimento e às comorbidades, aumentam a probabilidade de
mortalidade e incapacidades. Nesse sentido, IMC mais baixo em faixas etárias mais
velhas pode representar mais prejuízos à saúde por ter forte associação com à
fragilidade. Essa tendência também aconteceu no grupo de homens na faixa etária
<70 anos.
Entendemos como limitações deste estudo o reduzido número de idosos
com mais de 80 anos e o fato da pesquisa ter sido realizada somente com indivíduos
idosos fisicamente independentes, o que dificulta a extrapolação para idosos mais
fragilizados e em condições ótimas de aptidão física e funcional como os atletas.
Apesar disso, os resultados fornecidos nesse estudo, também podem servir de
123
parâmetro para os idosos mais frágeis ao possibilitar que sejam comparados com
idosos independentes e que os déficits para que sejam considerados fisicamente
mais ativos possam ser identificados. Outro ponto de destaque é que esse foi o
primeiro estudo a considerar a variável IMC na predição de valores de referência
nesse teste, considerando além do sexo e idade um importante componente que
influencia diretamente no desempeno motor.
CONCLUSÃO
Concluímos que dos dois métodos analisados para predizer valores de
referência no TSL para idosos fisicamente independentes, os valores percentílicos
apresentaram resultados mais adequados para esse fim do que a criação de uma
equação considerando variáveis sociodemográficas e antropométricas. A tabela com
os percentis, indicou tendência de pior desempenho no TSL à medida que a idade
avança, tanto para os homens quanto para as mulheres. Em relação ao IMC há uma
tendência de idosos com índices mais elevados a apresentarem pior desempenho
no TSL do que os idosos com índices mais baixos, com exceção no grupo etário <70
nos homens e >80 nas mulheres. Esses valores de referência poderão auxiliar os
profissionais a avaliarem melhor os idosos e a proporem intervenções mais
adequadas considerando às suas necessidades.
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