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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU - USJT
PROGRAMA DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
ESTRATÉGIAS PARA ENSINAR ESPORTE NAS AULAS DE EDUCAÇÃO
FÍSICA: UM ESTUDO NA CIDADE DE APARECIDA - SP
José Martins Freire Júnior
Orientadora: Professora Doutora Sheila Aparecida Pereira dos Santos Silva.
São Paulo
2016
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José Martins Freire Júnior
ESTRATÉGIAS PARA ENSINAR ESPORTE NAS AULAS DE EDUCAÇÃO
FÍSICA: UM ESTUDO NA CIDADE DE APARECIDA - SP
Dissertação apresentada à banca
examinadora da Universidade São Judas
Tadeu – USJT, como exigência parcial para
obtenção do título de Mestre em Educação
Física, linha de pesquisa: Educação física,
escola e sociedade, sob a orientação da
Professora Doutora Sheila Aparecida
Pereira dos Santos Silva.
São Paulo
2016
3
Freire Júnior, José Martins
F866e O ensino do esporte nas aulas de educação física do 6º ano de
escolas municipais da cidade de Aparecida - SP / José Martins
Freire Júnior. - São Paulo, 2016.
213 f. : il. ; 30 cm.
Orientadora: Sheila Aparecida Pereira dos Santos Silva.
Dissertação (mestrado) – Universidade São Judas Tadeu, São
Paulo, 2016.
1. Educação física - Ensino. 2. Esportes escolares. 3. São Paulo. I. Silva,
Sheila Aparecida Pereira dos Santos. II. Universidade São Judas Tadeu,
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física. III. Título
CDD 22 – 796.407
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da
Universidade São Judas Tadeu
Bibliotecária: Daiane Silva de Oliveira - CRB 8/8702
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BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________
Prof. Dr. Luciano Basso
____________________________________________________
Prof. Dr. Luiz Sanches Neto
_____________________________________________________
Profª Drª Sheila Aparecida Pereira dos Santos Silva
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“A atividade física e esportiva não é um fim em si; deve ser praticada e servir como
um meio de plena realização do aluno, um instrumento de educação para aprender a
ganhar e perder, como um meio de emancipação, e também um método de
socialização sistemática para muitos jovens de ambos os sexos”.
Sílvia Cristina Madrid Finck
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à minha esposa, Adriana M. Ozaki Freire, às minhas filhas
Ana Lívia A. O. Freire e Maria Eduarda A. O. Freire e à minha mãe Maria Vilany A.
Freire que sempre estiveram ao meu lado para me amparar e ajudar nos momentos difíceis
e alegres desta jornada.
Ao meu pai, José Martins Freire, que sempre fez de tudo para me ajudar.
Às minhas irmãs, Ana Paula A. Freire, Elaine A. Freire e Juliana A. Freire.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por sempre me dar força para continuar a buscar esse sonho.
Especialmente, à Professora Dra. Sheila Aparecida Pereira dos Santos Silva por me
acolher, me ensinar, me orientar e também por toda atenção, dedicação e paciência que
teve comigo nesses dois anos e meio.
Ao professor e amigo Daniel T. Maldonado pelos inúmeros ensinamentos e
orientações.
À minha mãe, Maria Vilany, e à minha esposa Adriana que sempre me apoiaram e
me ajudaram muito para que eu pudesse continuar.
Aos professores da Universidade São Judas Tadeu pela excelência nas aulas e todos
os ensinamentos proporcionados durante esses dois anos de curso.
À Secretaria de Educação de Aparecida (SP) que colaborou para a realização deste
trabalho.
À secretaria de educação e coordenação de educação física de Guaratinguetá (SP).
Aos professores de Guaratinguetá (SP) que fizeram parte do Estudo Piloto e aos
professores de Aparecida (SP) que fizeram parte da pesquisa.
Aos professores e amigos Maurício Galdino, Enrique Cimaschi Neto, Estela Máris,
Igor Moreira, Marcela Avellar e Luís Carlos Pires que sempre me apoiaram e me ajudaram
na minha jornada.
Aos meus amigos do programa de mestrado em educação física na USJT.
Aos professores que participaram da banca de qualificação, Luciano Basso e Luiz
Sanches Neto.
A todos aqueles que me ajudaram diretamente ou indiretamente nesta jornada.
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RESUMO
O esporte é um dos conteúdos trabalhados pela Educação Física escolar que possui várias
possibilidades didático-pedagógicas. Pensando nisso, o objetivo deste trabalho foi
descrever e analisar como os professores de Educação física ensinam os conteúdos
esportivos nas aulas ministradas do 6º ao 9º ano nas escolas municipais da cidade de
Aparecida-SP. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de orientação fenomenológica, na
modalidade fenômeno situado, utilizando a técnica da entrevista semiestruturada. As
entrevistas foram transcritas e lidas pelo pesquisador para que o mesmo se familiarizasse
com o material e identificasse as unidades de significado presentes nos discursos dos
pesquisados. A análise ocorreu em nível individual (análise ideográfica) e, posteriormente,
abrangeu o grupo como um todo (análise nomotética). Os resultados mostraram que os
professores ensinam, principalmente os esportes coletivos de quadra, como objetivo de
desenvolver os alunos integralmente, mas possuem uma forte ligação com os objetivos
relacionados ao aspecto físico motor, ou seja, melhorar a base motora. Em relação às
estratégias de ensino, a maioria utiliza os jogos pré-desportivos, o jogo formal com regras
oficiais, exercícios de repetição dos fundamentos e atividades lúdicas. Os estilos de ensino
Comando (A) e Tarefa (B) são os mais comumente utilizados. A maior parte dos discursos
evidencia contradições entre objetivos educativos, declarados por meio do esporte, e as
estratégias de ensino utilizadas.
PALAVRAS – CHAVE: Educação física; Estratégias de ensino; Esporte escolar.
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ABSTRACT
Sport is one of the contents worked for Physical Education which has several didactic and
pedagogical possibilities. Thinking about it, the aim of this study was to describe and
analyze the way ten physical education teachers in the city of Aparecida-SP, of both
genders, working in eight public schools, teach sports content for the 6th up to 9t grades.
This is a qualitative research of phenomenological orientation, situated phenomenon mode,
which used the technique of semi-structured interview. The interviews were transcribed
and read by the researcher to acquaint with the material and identify the units of meaning
present in the speeches of those surveyed. The analysis took place on an individual level
(ideographic) and subsequently covered the group as a whole (nomothetics). The results
showed that teachers mainly teach team sports court, aims to develop the full students, but
have a strong connection with the objectives related to the motor physical aspect, training
athletes, attend competitions, improve motor base. In relation to teaching strategies, most
uses pre-sports games, the formal game with official rules, repetition exercises of the
fundamentals and recreational activities. Command teaching styles (A) and task (B) are the
most commonly used. Most of the speeches showed contradictions between educational
objectives stated through sport and the teaching strategies used.
KEYWORDS: Physical Education; Teaching strategies; School sport.
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1: identificação dos sujeitos
Quadro 2: formação dos sujeitos
Quadro 3: Análise ideográfica do Professor 1
Quadro 4: Análise ideográfica do Professor 2
Quadro 5: Análise ideográfica do Professor 3
Quadro 6: Análise ideográfica do Professor 4
Quadro 7: Análise ideográfica do Professor 5
Quadro 8: Análise ideográfica do Professor 6
Quadro 9: Análise ideográfica do Professor 7
Quadro 10: Análise ideográfica do Professor 8
Quadro 11: Análise ideográfica do Professor 9
Quadro 12: Análise ideográfica do Professor 10
Quadro 13: Matriz 1 – Objetivos dos docentes
Quadro 14: Matriz 2 – Esportes ensinados
Quadro 15: Matriz 3 – Conteúdos relacionados aos esportes
Quadro 16: Matriz 4 – Dinâmica das atividades utilizadas para ensinar esportes
Quadro 17: Matriz 5 – Técnicas expositivas utilizadas para ensinar esportes
Quadro 18: Matriz 6 – Avaliação de ensino
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SUMÁRIO
1 – INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 13
2 – OBJETIVOS ............................................................................................................................. 16
2.1 GERAL: ................................................................................................................................... 16
2.2 ESPECÍFICOS: .......................................................................................................................... 16
3 - REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................................ 17
3.1 O ESPORTE .............................................................................................................................. 17
3.2 ESPORTE HERÓI OU VILÃO ..................................................................................................... 20
3.3 PAPEL DO ESPORTE NA EDUCAÇÃO DOS ALUNOS ................................................................... 23
3.4 CRÍTICAS AO ESPORTE COMPETIÇÃO NO ÂMBITO ESCOLAR ................................................... 29
4 – ESTRATÉGIAS PARA ENSINAR O ESPORTE ................................................................. 33
4.1 O JOGO COMO MEIO PARA O ENSINO DOS ESPORTES ............................................................... 36
4.2 ESTILOS DE ENSINO ................................................................................................................ 39
4.2.1 Estlios de ensino voltados para a reprodução ................................................................ 40
4.2.2 Estlios de ensino voltados para a produção do conhecimento ....................................... 42
4.3 PROPOSTA DE APARECIDA- SP ............................................................................................... 43
5 – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .......................................................................... 45
5.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ............................................................................................ 45
5.2 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS .................................................................................. 46
5.3 SUJEITOS DA PESQUISA E CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO ........................................... 46
5.3.1 Amostra ........................................................................................................................... 46
5.3.2 Identificação dos sujeitos ............................................................................................... 47
5.3.3 Critérios de inclusão ....................................................................................................... 49
5.3.4 Critérios de exclusão ....................................................................................................... 49
5.3.5 Riscos aos sujeitos da pesquisa ....................................................................................... 49
5.4 ESTUDO PILOTO ...................................................................................................................... 49
6 – APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS ............................................................... 51
6.1 TRANSCRIÇÃO DO DISCURSO DOS SUJEITOS E REPECTIVAS ANÁLISES
IDEOGRÁFICAS ........................................................................................................................ 51
6.1.1 Transcrição do discurso do Professor 1. ........................................................................ 51
6.1.2 Transcrição do discurso do Professor 2 ......................................................................... 64
6.1.3 Transcrição do discurso do Professor 3 ......................................................................... 74
6.1.4 Transcrição do discurso do Professor 4 ......................................................................... 84
6.1.5 Transcrição do discurso do Professor 5 ......................................................................... 90
6.1.6 Transcrição do discurso do Professor 6 ....................................................................... 100
6.1.7 Transcrição do discurso do Professor 7 ....................................................................... 115
6.1.8 Transcrição do discurso do Professor 8 ....................................................................... 124
6.1.9 Transcrição do discurso do Professor 9 ....................................................................... 131
6.1.10 Transcrição do discurso do Professor 10 ................................................................... 141
7- CONSTRUÇÃO DOS AGRUPAMENTOS........................................................................... 157
7.1 – OBJETIVOS DOS DOCENTES ................................................................................................ 157
7.2 – ESPORTES ENSINADOS ....................................................................................................... 163
7.2.1 – Conteúdos relacionados aos esportes ........................................................................ 171
12
7.3 - ESTRATÉGIAS DE ENSINO RELACIONADAS AOS ESPORTES ................................................. 176
7.3.1 – Estratégias de ensino relacionadas as técnicas expositivas utilizadas para ensinar
esportes .................................................................................................................................. 188
7.4 – AVALIAÇÃO DE ENSINO ..................................................................................................... 191
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................. 196
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 198
APÊNDICES ................................................................................................................................. 208
APÊNDICE I ................................................................................................................................ 209
APÊNDICE II ............................................................................................................................... 211
APÊNDICE III ............................................................................................................................. 213
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1 – INTRODUÇÃO
No Brasil, o primeiro contato das crianças e adolescentes com o esporte,
geralmente, ocorre na escola durante as aulas de Educação física. No meu caso, não foi
diferente. Iniciei minha vida esportiva aos 12 anos de idade, em 1999, na modalidade
handebol e, após alguns meses, já estava inserido na “seleção” da escola para disputar
competições e torneios escolares.
Essa atração pelo esporte perdurou até o último ano do Ensino Médio em 2004 e, ao
concluí-lo, passei a competir em Jogos Regionais representando a cidade de Aparecida-
SP. Dois anos mais tarde, em 2006, ingressei no curso de graduação em Educação física e,
nos anos de 2009 e 2010, obtive, no referido curso, os títulos de licenciatura e bacharel,
respectivamente. No entanto, pude constatar nesta trajetória do Ensino Superior que a
maioria das disciplinas esportivas refletia a minha prática da Educação física escolar,
ficando apenas em torno da reprodução de técnicas e fundamentos esportivos.
A partir desta experiência pautada na “mera reprodução de movimentos”, foi
possível perceber que o esporte não estava sendo utilizado como um meio educacional,
pois não estava sendo construído acerca de sua história e conceito, nem dos valores que
este rico conteúdo costuma envolver. No entanto, destaco a atuação de dois professores
que, em certo momento da graduação, especificamente no ano de 2007, durante as aulas
das disciplinas esportivas de futebol de campo e de voleibol, mostraram o outro lado do
esporte, trazendo a preocupação em utilizar estratégias lúdicas que fomentassem o
aprendizado da criança e que, além de desenvolver capacidades físicas, técnicas e táticas,
também educasse.
Fatores estes que foram preponderantes para a ampliação do meu modo de pensar o
esporte, contribuindo para a expansão das possibilidades na minha prática docente. Ao me
graduar no Ensino Superior, em 2010, passei a ser treinador de handebol da categoria sub-
21 das equipes feminina e masculina de uma pequena cidade do Vale do Paraíba. Além
disso, também iniciei a minha fase como professor de educação física escolar e, graças
àquelas disciplinas citadas na graduação, passei a desenvolver o esporte como um meio
educacional com os alunos de 1º ao 5º do Ensino Fundamental I.
O interesse pelo esporte continuou presente em meus estudos: participei de vários
cursos de iniciação esportiva e pedagogia do esporte e, em 2012, me tornei professor da
disciplina Pedagogia do Handebol de uma Instituição de Ensino Superior na qual me
formei e pude perceber que algumas das disciplinas esportivas ainda eram pautadas na
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reprodução de movimentos e das técnicas esportivas. Porém, este fato parece não ser um
fato isolado, sendo comum em outras instituições.
As constantes mudanças nas inúmeras áreas do conhecimento e, inclusive, a
evolução das ciências do esporte fizeram com que fosse necessário buscar um novo modo
de entender o esporte e suas diferentes manifestações. E, assim, o fenômeno esportivo pode
ser apresentado em 5 principais e significativas manifestações: Esporte Profissional,
Iniciação Esportiva, Esporte como Conteúdo do Lazer, Esporte de Representação e Esporte
Escolar (PAES; MONTAGNER; FERREIRA, 2009).
No entanto, mesmo com tantas manifestações esportivas, percebemos que o modelo
de esporte profissional ou de alto rendimento, no qual prioriza a reprodução das técnicas
esportivas, são reforçados nos cursos de graduação de uma forma tradicional e, com isso,
os futuros profissionais podem preconizar o ensino destes modelos na escola.
Como relata Finck (2012), os alunos possuem um conhecimento limitado sobre o
esporte, pois alguns professores ainda encaram a escola como um espaço de formação de
atletas, cobrando a execução correta das técnicas esportivas, deixando de lado o caráter
lúdico e prazeroso do esporte. Desconsiderando, assim, os movimentos espontâneos e a
expressividade dos alunos.
A educação física escolar deve pautar-se na formação integral dos alunos, visando
desenvolver os aspectos: sociais, cognitivos, motores e afetivos. Fazendo com que as aulas
se tornem espaços para observação, manifestação e transformação dos aprendizados para
que os alunos possam transferí-los para a vida. O esporte é um caminho para isso, desde
que não seja desenvolvido apenas por meio do modelo do esporte profissional, mas pela
valorização do processo de ensino-aprendizagem e das relações pessoais, dando
importância à totalidade do ser humano (GALATTI; PAES, 2006).
Para que o aprendizado ocorra de maneira satisfatória, é importante que o professor
possua uma conduta pedagógica centrada no aluno e, dependendo do estilo que adotar,
pode favorecer um melhor desenvolvimento de sua turma. Assim, cada atividade, cada
esporte, cada conteúdo possuem aspectos a serem ensinados por determinados estilos que
permitam a produção de novos conhecimentos e aspectos que devem ser ensinados por
estilos que solicitem sua reprodução. Por este motivo, há estilos mais apropriados para
alcançar determinados objetivos de um episódio. Com isso, destaca-se a importância dos
professores conhecerem os estilos e saberem qual ou quais usarem nos inúmeros momentos
da educação física escolar (KRUG, 2009).
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Diante disso, este estudo buscará responder as seguintes questões: como os
professores de Educação Física ensinam o esporte na escola? Quais as modalidades
esportivas ensinadas? Quais são os conteúdos esportivos ensinados na educação física
escolar? A prática esportiva contribui para a formação dos alunos dentro do ambiente
escolar? De que forma contribui? Qual é a contribuição? Dentre os estilos de ensino
enunciados por Muska Mosston (1986), quais os professores utilizam para ensinar o
esporte na escola?
Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi descrever e analisar como os professores
de Educação física ensinam os conteúdos esportivos nas aulas ministradas do 6º ao 9º ano
nas escolas municipais da cidade de Aparecida-SP. O presente trabalho foi elaborado da
seguinte forma: no primeiro capítulo há a apresentação do autor. Detalharemos, no
segundo capítulo, o objetivo geral e os específicos. No capítulo seguinte, será comentado
sobre o esporte, a contribuição deste patrimônio sociocultural para os alunos no ambiente
escolar, como também pontos positivos e negativos. O quarto capítulo aborda as diferentes
formas de ensinar o esporte no ambiente escolar e também os estilos de ensino propostos
por Muska Mosston (1986).
Os procedimentos metodológicos, amostra, estudo piloto dentre outros pontos serão
explicados no quinto capítulo. No sexto capítulo, está descrito, passo a passo, a análise
ideográfica e os perfis dos sujeitos. Já no sétimo capítulo, serão apresentadas e discutidas
as matrizes nomotéticas feitas a partir da análise dos discursos. As considerações finais
serão desenvolvidas no oitavo capítulo e as referências bibliográficas no nono capítulo.
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2 – OBJETIVOS
2.1 Geral
Descrever e analisar como os professores de Educação física ensinam os conteúdos
esportivos nas aulas ministradas do 6º ao 9º ano nas escolas municipais da cidade de
Aparecida-SP.
2.2 Específicos
Apontar e discutir as estratégias de ensino utilizadas pelos professores de Educação
Física no ensino do esporte na escola.
Identificar quais estilos de ensino propostos por Muska Mosston (1986) os
professores de Educação física utilizam para o ensino do esporte em suas aulas.
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3 - REVISÃO DE LITERATURA
O esporte está presente na sociedade há séculos, manifestando-se de diferentes
formas e com inúmeros significados, sendo praticado nos mais diversos locais do planeta.
Como aponta Finck (2012), “o esporte como fenômeno social se manifesta em diferentes
contextos e tem objetivos distintos” (p. 93).
Nas escolas, é uma manifestação da cultura corporal, como afirma os Parâmetros
Curriculares Nacionais (1997), que pode ser ensinada de várias formas e com métodos
diversificados. Sendo assim, o professor de Educação Física tem grande responsabilidade
ao ensinar aos alunos os diferentes conteúdos relacionados ao esporte, pois, dependendo da
maneira que o faz, poderá ou não contribuir de forma significativa para um aprendizado
voltado para autonomia, emancipação, participação efetiva dos alunos, aspectos
preponderantes para uma educação democrática.
Pois "uma prática excludente e seletiva, que impede crianças, adolescentes e jovens
de serem livres e de desenvolverem sua autonomia e criticidade, contradiz os atributos
educativos [...]" (BRASIL, 2004, p. 11).
Na sequência, refletiremos sobre o esporte.
3.1 O esporte
O esporte faz parte da nossa cultura e contribui de várias formas para a vida das
pessoas e está presente em diferentes contextos públicos: escolas, parques e praças, ou
privados: clubes, escolinhas de esportes e ginásios.
Bracht (2005) relata que o conceito de esporte precisa abarcar inúmeras
possibilidades, pois há um grau de diferenciação muito grande no contexto esportivo no
qual se destacam as seguintes classificações: esporte de alto rendimento ou de rendimento,
esporte de lazer e esporte educativo. Buscando conceitos que expliquem as diferenças entre
tais classificações, no Brasil, em 1985, José Sarney instituiu uma comissão de
reformulação do esporte brasileiro. Isso foi incorporado pela Constituição Federal de 1988
que diferenciou o conceito do esporte em 3 classificações, sendo elas: desporto-
performance, desporto-participação e desporto-educação.
Apesar da diferenciação em sua classificação, elas se aproximam, principalmente o
esporte-educação com esporte-participação em que um adentra o “espaço” do outro, pois é
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possível enxergar o esporte-participação dentro de um ambiente educacional, pois essa
prática de caráter educativo pode estar presente a todo momento, tendo, como
determinante, sua forma de sua aplicação, não importando o local de sua execução.
De acordo com Marques, Almeida e Gutierrez (2007), o esporte possui diferentes
manifestações que estão relacionadas a duas categorias. A primeira se refere ao sentido da
prática ligada às intenções e ao contexto na qual ocorre. A segunda corresponde à
modalidade em que se desenvolve por meio de atividades que possuem caráter esportivo,
ou seja, possuem regras, normas e órgãos reguladores. Enfim, toda atividade esportiva
possui um sentido e se manifesta por meio de uma modalidade que irá expressar os valores
e atitudes pelos quais se orienta.
Pode-se perceber que esporte é um componente de destaque mundial,
consequentemente é apontado como um dos fenômenos sociais mais expressivos na
atualidade e que teve a sua expansão atrelada às transformações sociais que ocorreram nos
últimos anos, conquistando uma posição diferenciada em vários campos, sendo eles:
político, econômico, educacional, cultural e social (KORSAKAS; ROSE JÚNIOR, 2002).
Abro um parêntese, nesse momento, para relembramos que nos anos 90, o Brasil se
abria de vez para o neoliberalismo, fazendo com que o ideal capitalista tomasse toda a
sociedade, inclusive a Educação e a Educação Física escolar. Com isso, a competição
tornou-se o a priori das aulas, aceitando, quase que passivamente, o rito da sociedade.
Nessa perspectiva, Assis (2001) entende que, ao invés do esporte da escola, o que
está ocorrendo é o esporte na escola. Soares et al (1992) dão sua contribuição em relação
ao processo do esporte neste contexto. Para eles,
essa influência do esporte no sistema escolar é de tal magnitude que temos,
então, não o esporte da escola, mas sim o esporte na escola. Isso indica a
subordinação da educação física aos códigos/sentido da instituição esportiva,
caracterizando-se o esporte na escola como um prolongamento da instituição
esportiva: esporte olímpico, sistema desportivo nacional e internacional. Esses
códigos podem ser resumidos em: princípios de rendimento atlético/desportivo,
competição, comparação de rendimento e recordes, regulamentação rígida,
sucesso no esporte como sinônimo de vitória, racionalização de meios e técnicas
etc. (p. 54).
Retomando, Vago (1996) aponta que o esporte é considerado uma prática cultural
que incorpora valores sociais, culturais, econômicos, estéticos e utiliza diversos espaços da
sociedade para acontecer. Entre esses espaços, podemos citar: ruas, parques, clubes,
escolinhas de esportes, entre outros espaços de lazer e, claro, a escola, foco deste estudo.
19
Dialogamos com Taffarel (2000) quando a autora descreve que o esporte não pode
ser analisado de forma isolada e fora do contexto das inúmeras relações e interações que
possui com a sociedade, pois, desta maneira, é dar-lhe uma autonomia inexistente. Esse
tipo de análise considera uma visão totalmente idealista de que o “desporto é algo bom em
si mesmo” e que está acima de tudo e de todos.
“Nota-se a emergência da vinculação entre as políticas esportivas e o discurso da
promoção da cidadania ou de inclusão social” (MELO (2005) apud NOGUEIRA (2011), p.
111). Ou seja, quem praticar esporte será um sujeito de sucesso, de caráter integro,
reduzindo apenas a um fator complexidade da sua construção. Apropriando-se do
estereótipo para chegar a “glória esportiva”, o atleta é constituído de inúmeros valores e
valências que quase o torna um “super-homem”.
Bassani, Torri e Vaz (2003) relatam que o século XX foi dominado pelo fenômeno
esportivo e, atualmente, continua sendo apontado como uma das referências centrais da
sociedade que mantem as regras, os valores, as normas e seu status. Simbolizando, para a
sociedade, a ideologia do sucesso, de auto superação, da quebra de barreiras e limites, do
progresso contido nos corpos dos atletas que são exemplos de beleza, determinação,
renúncia, audácia dentre outras qualidades.
Sendo relevante ressaltar que a sociedade atual é considerada como potente
consumidora do esporte. Isso pode ser notado pelo aumento das academias de ginástica e
escolinhas esportivas particulares que visam atender as camadas sociais (média e alta) da
população. Em contrapartida, existem os centros esportivos e de lazer gerenciados pelo
sistema público que oferecem inúmeras práticas corporais para a população em geral, mas
que, infelizmente, não conseguem atender a todos de maneira satisfatória (BETTI;
ZULIANI, 2002).
Não podemos deixar de mencionar a importância que fenômeno esportivo tem para
o mundo. Para tal elucidação, remetemo-nos à abordagem de Helal (1990) quando o autor
inicia seu livro com o imaginário de um turista no metrô nos Estado Unidos. Em uma
segunda-feira de manhã, o mesmo começa a observar os cidadãos e acaba percebendo que
a seção esportiva dos jornais prevalecia na leitura das pessoas que lá estavam.
Isso nos faz refletir sobre “[...] a possibilidade de o esporte ser um fenômeno social
que impregna profundamente a vida cotidiana do homem moderno, de modo geral”. Ele
conclui dizendo que “o esporte é uma das instituições sociais mais sólidas do mundo
moderno” (HELAL, INSERIR DATA, p. 10-11).
20
Entretanto, se faz necessário remetermos ao passado para lembrarmos que a relação
entre homem e esporte passa por várias transformações. Diante disso, a prática esportiva
pode ser transformada e adaptada a qualquer momento para que possa assumir significados
de acordo com o contexto social e histórico na qual está inserida e, em consequência,
atender de forma eficiente os anseios de seus praticantes (KORSAKAS; ROSE JÚNIOR,
2002).
Por isso, não se pode analisar o deporto de forma isolada e fora do contexto de suas
inúmeras relações e interações que possui com a sociedade, pois, desta maneira, é dar-lhe
uma autonomia inexistente. Esse tipo de análise considera uma visão totalmente idealista
de que o “desporto é algo bom em si mesmo” e que está acima de tudo e de todos
(TAFFAREL, 2000).
O ser humano é um sujeito histórico, socialmente construído e que vive através de
relações interpessoais, fazendo que sua existência seja constituída de significados,
tornando-se, muitas vezes, visível à ressignificação da prática esportiva para poder se
adequar às reais necessidades de determinada população. O professor tem que ter a
dimensão de quão complexo é o indivíduo e entender que o que nos faz sermos iguais são
as nossas singulares. Para uma real eficácia do esporte no auxílio da construção do sujeito,
é necessário que sua prática seja voltada para a emancipação do indivíduo e não tenha
como determinante, o econômico, reproduzindo a lógica capitalista da submissão do
homem.
Para tanto, levanta-se a questão: o esporte é herói ou vilão?
3.2 Esporte: herói ou vilão
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) (1998), as diretrizes
políticas para a educação física nos anos 70 eram baseadas em um modelo piramidal que
tinha como base a educação física escolar e o desporto juvenil. No segundo nível da
pirâmide, encontrava-se a busca pela melhora da aptidão física da população urbana que
ficava sob a responsabilidade da iniciativa privada, sendo visto como o desporto de massas
e, no topo da pirâmide, o desporto de elite.
Nos anos 80, este modelo passa a ser contestado, já que não colabora para que o
Brasil se torne uma potência olímpica ou mesmo aumente o número de praticantes de
esportes da elite. Com isso, ocorre uma crise de identidade da área, gerando uma mudança
21
expressiva nas políticas educacionais. As aulas de Educação Física escolar passaram a ser
trabalhadas nas primeiras séries do Ensino Fundamental, com o objetivo de desenvolver o
aspecto psicomotor do aluno e, assim, retirar da escola a função de promover o esporte de
alto rendimento (BRASIL, 1998).
A tradição cultural nas aulas de Educação Física tem sido, ao longo dos anos, muito
perversa com alunos que são desprezados durante a passagem pela educação básica, pois
não atendem aos padrões motores desejados e, por muitas vezes, tornam-se adultos que
possuem certa mágoa em relação às aulas de Educação Física escolar. Estes ficaram à
margem das atividades propostas nestas aulas e, infelizmente, não possuem, ou mesmo não
desenvolveram a autonomia para usufruir da cultura corporal de movimento. Com isso, até
hoje, não conseguem se envolver em práticas esportivas por não acreditarem na capacidade
própria de participarem e também por não reconhecerem a importância deste envolvimento
(DAOLIO, 1996).
Pode-se perceber que o esporte praticado por crianças e adolescentes nesta fase de
desenvolvimento pouco difere do modelo esportivo de alto rendimento praticado pelo
adulto. As diferenças são percebidas apenas na diminuição do tamanho da bola, da quadra,
do tempo de jogo, entre outros aspectos. Contudo, atitudes condenáveis como insultos da
torcida e de técnicos passam a fazer parte desse meio, mesmo na presença de crianças.
Outro agravante são os treinamentos que consistem na realização e repetição de tarefas
exaustivas similares ao modelo adulto, tendo como foco os resultados positivos nas
competições. Parece que tais condições também são encontradas no ambiente escolar.
Exemplo disso são as equipes de competição formadas e selecionadas durante as aulas de
Educação Física. Quando isso acontece, a intenção de ensinar o esporte a todos e que todos
o pratiquem deixa de existir para dar oportunidade para a busca dos melhores
(KORSAKAS; ROSE JÚNIOR, 2002).
Com relação à situação descrita, podemos indagar algumas possibilidades para
entender os motivos pelos quais ainda levam as aulas de Educação Física terem, como fim,
o rendimento esportivo, concordando que o esporte, mesmo dentro da escola, é o retrato
fiel da sociedade em que vivemos.
Por tanto, ele se desenvolve de forma excludente, competitiva; a Educação Física
escolar, como o esporte, é relegada ao segundo plano diante as autoridades que gerem a
nossa sociedade. No caso da escola, pela a equipe de direção que somente consegue um
reconhecimento quando se chega com troféus conquistados em disputas entre escolas.
22
Disputas que, em muitas vezes, são pautadas por violências, humilhações, desrespeitos
entre outras situações calamitosas. Costumeiramente, é só nesse cenário, na vitória em
torneios, que o profissional de Educação Física é “enxergado” pela unidade escolar.
De acordo com o estudo de Darido (2004), foi possível perceber que nas aulas de
Educação Física escolar apenas uma parcela da turma participa efetivamente nas atividades
propostas pelo professor e, na maioria das vezes, estes alunos são os mais habilidosos. Há
um aspecto intrigante, pois muitos professores ainda estão fortemente ligados à perspectiva
esportivista e, por este motivo, acabam valorizando os alunos com melhor desempenho nas
aulas e colaboram para o afastamento daqueles que necessitam ainda mais de estímulos
para a participação nas atividades. Isso gera um número maior de alunos dispensados ou
que simplesmente não participam das aulas.
Percebe-se explicitamente, no entendimento do autor citado, a dicotomia que vive a
Educação Física escolar na qual, na maioria das vezes, os sujeitos que se apropriam dessa
disciplina são os que “supostamente” menos precisam daquela vivência na escola.
Podemos afirmar isso não com o intuito de enfatizar que existe um bom acervo motor e
que esses alunos não devam participar das aulas, mas na direção que esses, devido a suas
habilidades adquiridas, terão sempre a oportunidade de estarem inseridos em um programa
esportivo. Por outro lado, os menos “habilidosos”, por vezes, tem a única oportunidade de
estarem praticando esportes na aula, mas se negam por vários motivos.
Entre eles, podemos citar a exclusão durante as aulas, pois estar presente no jogo
não quer dizer que está participando efetivamente da partida, ou ainda, medo de sofrer
bullying de seus colegas por sua pouca experiência em determinada atividade. Outro
motivo é a vontade de não fazer aula de Educação Física que está atrelado ao seu direito de
não gostar de esportes. Porém, essa possibilidade não se justifica legalmente, mas, como
essas aulas se desvinculam por inúmeras vezes de seus objetivos, reações nessa direção
acabam sendo aceitas.
O objetivo não é remover o esporte do conteúdo curricular das aulas de Educação
Física escolar, mas, sim, desenvolvê-lo de uma maneira diferente, dando um novo enfoque
e, assim, assegurar que os alunos compreendam o esporte a partir de suas origens,
evoluções e possibilidades de atuação. Também é importante desenvolver a reflexão sobre
as inúmeras dimensões culturais relacionadas ao esporte e que são fontes de aprendizado,
assim como os padrões de beleza impostos pela mídia, os conceitos de saúde, as políticas
23
esportivas e as formas de discriminação presentes neste meio e na sociedade (BARROSO;
DARIDO, 2006).
O profissional de Educação Física, em seu campo de atuação profissional, tem
como obrigação possibilitar a seus alunos as mais vastas experiências motoras possíveis.
Essas experiências vêm através das inúmeras possibilidades que a disciplina em questão
oferta, entre elas o esporte. Entretanto, é importante que, em sua prática, o profissional
construa conhecimentos teóricos com os discentes das atividades que serão desenvolvidas
e não somente “jogar por jogar”. Esses conhecimentos, no caso específico do esporte,
podem estar no campo da história, na evolução da modalidade, nos benefícios biológicos,
nas contribuições sociais, entre outras infinitas possibilidades que constroem o campo do
saber.
Acreditamos que, se o esporte foi desenvolvido na escola como possibilidade de
formação de sujeito crítico-emancipado e autônomo, construtor da cidadania, crianças e
adolescentes possam ser “indiferentes às diferenças” e que a escola e os professores
possibilitem uma Educação Física de qualidade com quantidade, pois qualidade sem
quantidade é privilegio através do puro prazer que a prática esportiva nos traz. Assim,
podemos afirmar que o esporte é herói.
Em contrapartida, se o esporte na escola for pautado pela segregação, exclusão,
tendo como o maior objetivo a competição, privilegiando os mais habilidosos em
detrimento dos menos, uma prática na direção da submissão, sob o olhar que a escola é o
local de formação de possíveis atletas, nesse cenário, pode-se dizer que o esporte vai para o
lado vilão da história.
Na sequência desse instigante caminho, discutiremos o esporte como possibilidade
educacional.
3.3 Papel do esporte na educação dos alunos
Ao longo do século XX, as práticas culturais de esporte foram sendo escolarizadas
e se tornaram conteúdo da Educação Física, passando a fazer parte do cotidiano escolar. De
acordo com Vago (1996), a escola é vista como uma instituição social que pode possibilitar
o envolvimento dos alunos com uma cultura escolar de esporte. Portanto, é importante que,
ao invés de reproduzir apenas técnicas e táticas dentro deste conteúdo, o professor o
24
promova como um movimento propositivo de intervenção e transformação na história
cultural da sociedade.
Diante disso, a escola tem a possibilidade de problematizar o esporte como um
fenômeno sociocultural que possui inúmeras vertentes e, assim, construir o ensino de
forma que possa confrontar com os valores e códigos que tornaram o fenômeno esportivo
excludente e seletivo, favorecendo pontos importantes como: a participação, o respeito, o
lúdico, apropriando-se do esporte como uma prática cultural, tentando diminuir ou até
eliminar os códigos dominantes da sociedade que estão agregados ao esporte (VAGO,
1996).
Acredita-se também que, para se formar um cidadão que possa contribuir para uma
sociedade mais justa e democrática, o esporte pode ser uma grande ferramenta desde que
transcenda o ato competitivo em si. Sendo assim, a educação formal ou não formal, como a
Educação Física escolar ou projetos socioesportivos, podem constituir-se em um caminho
que possibilite a cidadania de crianças e adolescentes. Para tanto, o professor tem que
elaborar suas aulas de maneira crítica reflexiva, fazendo com que os alunos sejam os
protagonistas do seu processo de ensino-aprendizagem e não meros coadjuvantes nesse
longo processo.
Desta forma, o processo de ensino-aprendizagem pode ser entendido como um
sistema orientado por três componentes: professor, aluno e matéria que têm como objetivo
proporcionar mudanças efetivas nos comportamentos, capacidades e competências dos
alunos, ou seja, na conquista de novos conhecimentos, habilidades, atitudes e valores.
O professor estabelece a medição entre o aluno e a matéria de ensino, buscando
desenvolver um conteúdo adequado às características, necessidades, expectativas e
interesse dos alunos para que não seja muito além do seu potencial e também seja
desafiador. Para isso, é necessário que o professor possua um conhecimento prévio da
matéria e do aluno, sendo um porto de partida para o processo de ensino-aprendizagem
(TANI; BASSO; CORRÊA, 2012).
A vivência esportiva não deve ser pautada apenas no aspecto físico da prática e em
seus movimentos específicos, ela terá sentido quando envolver o aluno na pluralidade do
esporte, ou seja, nos aspectos históricos, culturais, físicos e sociais que permitam uma
prática educacional (BOLONHINI; PAES, 2009).
É de claro consenso que todos os esportes têm uma história, uma origem, o motivos
que os levaram a serem criados, onde foram inventados. Todos os esportes passaram por
25
processo de evolução, se adequando cada vez mais ao mundo em que vivemos e trazer luz
sobre essas informações é de grande valia na construção de conhecimento dos discentes.
Para que o fenômeno esportivo seja caracterizado de natureza educacional, é
essencial que os docentes proporcionem um tratamento pedagógico adequado que possa
contribuir de forma significativa para uma formação cidadã e também para o
desenvolvimento da autonomia nos alunos. Diante disso, o esporte deve ser desenvolvido
por meio de três referenciais, sendo eles: o técnico e tático, o socioeducativo e histórico
cultural que colabora com os dois primeiros citados e direciona os processos de ensino, a
vivencia e aprendizagem das modalidades esportiva, respeitando, assim, a integralidade do
esporte (MACHADO; GALATTI; PAES, 2014).
Ao longo dos anos, o esporte foi legitimado na sociedade e, com isso, pôde garantir
seu lugar na escola e nas aulas de Educação física escolar. Passou a desenvolver-se
mundialmente e se tornou elemento hegemônico da cultura de movimento, influenciando,
em grande escala, a Educação Física escolar e foi se transformando no seu principal, ou até
mesmo, o único conteúdo de ensino a ser desenvolvido nas aulas (VAGO, 1996).
Guimarães et al (2001) ressaltam que, com a Lei de Diretrizes e Bases para
Educação (LDB) de 1996, ocorreu a inclusão da Educação Física como componente
curricular obrigatório da Educação Básica. As propostas curriculares, a partir de então,
deveriam buscar desenvolver não apenas o esporte, mas a dança, os jogos, a ginástica em
geral, as lutas. O esporte deveria ter o intuito de contribuir na formação integral da criança
e do adolescente. Para isto, o professor é determinante, pois caberá a ele selecionar a
dinâmica coletiva que será adotada, se haverá competição, cooperação, recreação, regras
mais ou menos flexíveis, exercendo sua missão de incluir todos.
A partir desta visão, não deve haver espaço para a exclusão dos menos habilidosos,
mas práticas que envolvam e atendam a necessidade de todos. O professor utilizará de seu
espaço para despertar o respeito mútuo, a dignidade, a solidariedade, a afetividade e a
coletividade entre os alunos, buscando construir relações equilibradas e produtivas entre o
grupo, além de fazê-los reconhecer e respeitar as capacidades físicas e de desempenho de
si e de seus colegas (GUIMARÃES et al., 2001).
Percebe-se, assim, a complexidade da formação do sujeito, não deixando de atentar
que a escola é uma grande possibilidade no auxílio dessa construção. No entanto, não é a
única, pois o ser humano é um ser socialmente construído através das relações
26
interpessoais e essas relações perpassam por inúmeros locais de convívio, sendo a família a
primeira.
Retomando o passado, no século XX, o processo de escolarização em constante
expansão fez com que mais crianças tivessem acesso à educação, no entanto, o número de
dificuldades de aprendizagem também aumentou de forma significativa, chamando a
atenção de especialistas da área que buscavam facilitar e sistematizar o ensino. Após certo
período, a sociedade percebe que, para a melhora do desenvolvimento da criança, não era
suficiente, apenas, frequentar a escola, mas era primordial que a criança fosse submetida
aos estímulos diversos para que pudesse responder à sua formação. Com isso, foram
criadas atividades complementares que auxiliassem no processo formativo infantil, como
as aulas de línguas, informática, artes, música e inclusive a prática de esportes
(KORSAKAS; ROSE JÚNIOR, 2002).
No ambiente escolar, o processo de formação e de transmissão de valores e atitudes
desejáveis é elevado, pois a instituição possui como um dos principais objetivos
desenvolver nas crianças e adolescentes a moral cidadã e o professor é peça fundamental
para a conquista destes objetivos. O principal responsável pelo desenvolvimento da
cidadania na escola é o professor, já que, dentro da instituição de ensino, é a pessoa quem
mais tem contato com os alunos e, por isso, estabelece vínculos afetivos e sociais, além de
ser uma referência para seus alunos, é também a autoridade adulta presente a todo o
momento que pode solicitar a ordem, a disciplina e colabora para a descoberta do
conhecimento (GUIMARÃES, et al, 2001).
Nesse mesmo caminho, Florentino e Saldanha (2007), chamando a atenção para o
papel do professor, dizem: “o professor de Educação Física tem a responsabilidade de
preparar seus alunos para a cidadania” (p. 1).
Nota-se que a escola possui inúmeras responsabilidades perante a sociedade, sendo
considerada como um local de produção cultural. Ela pode utilizar o esporte para
proporcionar e produzir novos aprendizados, os quais possibilitem diferentes perspectivas
sobre o fenômeno esportivo e não apenas entender e aprender sobre o esporte de
rendimento - principal modelo divulgado pela mídia - mas aprender sobre as inúmeras
manifestações esportivas e suas relações com a sociedade. Desta forma, sugere-se que, no
ambiente escolar, seja possível ampliar a visão dos alunos com relação ao esporte e,
consequentemente, levar a sociedade a enxergar e vivenciar o esporte de outras maneiras
(VAGO, 1996). Assim, a prática esportiva tem que trilhar o caminho da cidadania.
27
Verifica-se que não é viável que o esporte na escola seja desenvolvido como um
conteúdo cuja ênfase é dada apenas ao saber fazer como nas décadas de 60 a 80, pois, nesta
época, predominava o esporte de rendimento. Hoje, é primordial que haja um tratamento
pedagógico para o esporte que se agregue de forma positiva à vida dos alunos, que busque
valorizar e possibilitar a participação de todos nas atividades, independentemente do alto
desenvolvimento de habilidades motoras e destrezas físicas. Além disso, são necessários
momentos de reflexão e ação durante as atividades que englobem aspectos conceituais,
procedimentais e atitudinais da modalidade esportiva (BARROSO; DARIDO, 2006).
Sendo assim, faz-se necessário conceituar o conteúdo a ser ensinado, esclarecer os
procedimentos que serão realizados e contextualizar as atitudes, os valores que estão
embutidos no esporte que estão sendo ensinados. É evidente que existem inúmeros limites
culturais e políticos que dificultam a criação de uma cultura de esporte escolar, sendo
necessário que a escola possua especificidades e uma organização própria para contrapor-
se ao chamado esporte de rendimento vivenciado e produzido pela sociedade capitalista. O
professor tem a tarefa de entender e superar esses possíveis limites e buscar ser um
produtor de cultura dentro da escola, ou seja, propor novas possibilidades de vivenciar o
esporte dentro do ambiente escolar (VAGO, 1996).
Entretanto, é de conhecimento que a recusa ao esporte, a recusa da elaboração de
políticas esportivas não se restringe ao espaço escolar. Suassuna, Almeida et al (2007)
apontam que as prioridades do poder público são para as políticas voltadas para as áreas da
saúde e do trabalho em detrimento das áreas do esporte e lazer. Para “[...] Bracht (2003),
uma coisa é não considerar o esporte como prioridade, outra é ignorá-lo juntamente com o
lazer” (BRACHT (2003) apud SUASSUNA et al (2007), p. 25).
Bracht (2005) entende que o esporte não é prioridade, pois “no conjunto das ações
governamentais[,] o fenômeno esportivo situa-se antes numa posição marginal frente a
setores como os da economia, da saúde, da educação, da habitação” (p. 81).
Retomando a Educação Física escolar, almeja-se uma nova referência para a sua
metodologia de ensino que busque formar o aluno para que tenha condições de conquistar
a autonomia e entender a importância de participar efetivamente da sociedade em que está
inserido, visando sempre o coletivo, refletindo e agindo em prol de todos. Contudo, para
que todos estes pontos sejam alcançados, é fundamental que o aluno aprenda a não ser
apenas um receptor de conteúdos e se torne um dos construtores do processo educacional
(BARROSO; DARIDO, 2006).
28
Atualmente, o esporte possui lugar de destaque no âmbito escolar, pois além de ser,
em muitos momentos, o conteúdo central da EFE, ainda possui um espaço reservado nas
atividades extracurriculares. Ainda neste contexto, nota-se um forte discurso de que o
esporte está ligado diretamente a uma melhor educação de crianças e adolescentes e,
muitas vezes, assume um papel louvável sendo responsável por salvar pessoas das drogas e
da violência (BASSANI; TORRI; VAZ, 2003).
O esporte é um grande viés para a construção de uma vida saudável, longe de
vícios. Entretanto, não é certeza que se a criança ou adolescente praticarem atividades
esportivas estarão longe dos males do mundo que, por muitas vezes, as drogas, a violência,
estão muito perto do meio em que vivem. O que vem ocorrendo ao longo do tempo é a
criação deste “mito” que a inserção em um programa esportivo é a certeza de uma vida
correta e saudável. Se não tornar um atleta, certamente será um cidadão do bem.
Dória e Tubino (2006), em defesa do esporte, relatam que a prática esportiva
[...] vai além de evitar o envolvimento de crianças com o crime e as drogas, que
confere aos participantes melhoria real na qualidade de vida e proporcionar
condições de saúde, tudo isso associado ao livre exercício da criatividade através
do esporte (p. 78).
De acordo com Vago (1996), o esporte foi se consolidando como prática cultural
recorrente na sociedade moderna que avançou para dentro da escola usando seus espaços,
seus componentes educativos e, assim, concretizou-se como conteúdo da Educação física.
No entanto, é necessário que haja uma prática escolar de esporte específica que tenha
objetivos claros e diferenciados do esporte vivenciado fora do ambiente escolar. É preciso
tomar cuidado, pois a instituição esportiva possui uma maior expressão e, assim, pode
acabar determinando as ações que devem ser realizadas dentro das aulas de Educação
fisica.
Segundo Barroso e Darido (2006), o esporte é um fenômeno cultural e está
enraizado em nossa sociedade. Portanto, deve-se fazer presente em vários locais, entre eles
a escola. No entanto, é necessário, também, ter certo cuidado ao ensiná-lo, pois, como é
sabido, o ambiente escolar sofreu e sofre influências de acontecimentos externos e o
esporte, desde o momento em que passou a ser parte deste local, segue o mesmo caminho a
ponto de, em alguns momentos da História, a prática esportiva ser tornar o único conteúdo
a ser ministrado.
29
É conspícuo que a escola atue em todos os conteúdos, inclusive no esporte, mais
ainda que as atividades a serem ensinadas não devam ser desenvolvidas com um objetivo
voltado apenas para sua prática. Necessita que seja um meio para a formação dos alunos
tendo, como eixo norteador, uma pedagogia para a autonomia (BARROSO; DARIDO,
2006).
Guimarães et al (2001) argumentam que a Educação Física, como outras
disciplinas, possui significativa responsabilidade em relação ao processo de formação das
crianças e adolescentes, no desenvolvimento dos valores e atitudes positivas para uma vida
em sociedade. Estes aspectos devem fazer parte dos conteúdos de ensino e cabe ao
professor organizar e coordenar esta formação durante as aulas de Educação física. Para
isto, é fundamental um planejamento prévio para tornar todos os momentos educativos,
proporcionando aos alunos reflexão e discussão sobre os fatos ocorridos nas aulas.
A escola deve buscar ser um espaço democrático que tenha a possibilidade de
ofertar uma pedagogia direcionada à cidadania que, assim como a educação, a cultura
corporal de movimento também é um direito de todos.
Sendo assim, é crucial que sejam dadas condições para que os alunos possam
conhecê-la, reconstruí-la e transformá-la, porém, isso é tarefa para o professor que irá
identificar e ofertar as inúmeras possibilidades de conhecimentos relacionados à cultura
corporal de movimento. A partir disso, há motivos para excluir, das aulas de educação
física, o esporte como instrumento de simples repetição de movimentos. Nesta perspectiva,
é importante tê-lo como um importante instrumento pedagógico que auxilie na formação
de cidadãos que reflitam sobre os valores e atitudes (BARROSO; DARIDO, 2006).
Após dar ênfase no esporte como possibilidade educacional, refletiremos, na
sequência, sobre outra vertente: o lado competitivo.
3.4 Críticas ao esporte competição no âmbito escolar
Parece que, entre Educação Física e esporte, há uma dicotomia que relaciona teoria
ligada à visão humanística e a prática relacionada à visão tecnicista. Mesmo com as
reformulações dos objetivos, conceitos, planos de aula no ambiente escolar, ainda persiste
o modelo tecnicista no qual visa o aluno como um atleta, um adulto em miniatura e, para
isso, usa o método de ensino-aprendizado-treinamento que desenvolve as atividades por
30
meio da reprodução e repetição, ou seja, sem uma visão pedagógica, metodológica,
educacional e formativa (GRECO; BENDA, 1999).
A competição escolar deve propor diferentes tipos de tarefas, sejam elas
individuais, coletivas, cooperativas e de oposição, fazendo com que o aluno vivencie
diferentes formas de situação-problema. Diante disso, deve ser preconizada a organização
da competição, as intenções educativas e metodológicas para que haja uma participação
democrática de todos. Com isso, há que manter a preocupação relacionada ao processo no
qual o aluno aprenda com a competição. Contudo, o ensino formal ainda utiliza a
reprodução do modelo adulto de competição na escola e, assim, por ser uma cópia das
competições institucionalizadas, acarreta a ausência de um tratamento pedagógico voltado
à educação do sujeito. Há ainda uma falta de compromisso da escola com as competições
que acontecem em ambiente escolar. (REVERDITO; SCAGLIA, 2009).
Para Freire (2009), a competição faz parte da vida da criança do adolescente.
Portanto, esses devem vivenciá-la, o que fica em questão é a forma como a competição é
apresentada a esse público
Não se deve confundir o elemento competitivo contido no espírito humano e
presente em todas as civilizações com as formas nefastas que a competição
adquire em certos momentos da história. Recusar-se a fortalecer, na Educação, a
forma depravada com que a competição se manifesta na sociedade tecnocrática é
desejável, mas sem negar à criança o direito de exercer e ampliar sua cultura (p.
138).
O esporte é um produto cultural altamente valorizado, pelo menos no aspecto
econômico, pois a cada dia são injetadas quantias volumétricas na busca de melhores
resultados. Além disso, a ciência não demonstra grandes interesses no ser humano ou na
dimensão social do esporte, mas, apenas, tem como interesse os aspectos tecnológicos e a
melhora de performance dos atletas, fazendo com que estes se tornem objetos de
manipulação que devem aprimorar o físico e a técnica esportiva, deixando o esporte
exclusivo para os atletas de elite (KUNZ, 2006).
Não podemos perder a dimensão que vivemos em um mundo capitalista cuja busca
pelo o lucro sobrepõe a qualquer interesse social, coletivo, ou, até mesmo, individual. Em
certas situações, a exploração do homem pelo homem, no mundo esportivo, fica
evidenciada em vários momentos. Entre eles, podemos citar atletas que se dopam para
conseguirem melhores resultados para garantirem bons patrocínios, ou não perdê-los;
quando o atleta é levado à exaustão na busca de performance e, com isso, lesiona-se
31
gravemente; casos de atletas que são esquecidos por terem diminuído o rendimento. Para
esse mundo, esses profissionais são descartáveis, pois são desprovidos de valores, ou seja,
não produzem mais lucros. Esses são alguns exemplos, de vários outros, que acontecem
quando o maior objetivo é o acumulo de capital.
É visível que o esporte, para ser desenvolvido nos moldes e nos padrões de alto
rendimento, necessita de inúmeras exigências que, cada vez menos, pessoas conseguem
atender o exigido, porém ainda é o modelo que muitos seguem. Existindo uma falsa
consciência de que o esporte de alto rendimento é o modelo mais apropriado para prática
esportiva de todos. Além disso, muitas vezes, os profissionais de Educação Física não
percebem o poder dessa falsa consciência e se tornam agentes reforçadores deste modelo
(KUNZ, 2006).
É na escola que encontramos uma grande busca pela prática esportiva. Este fato não
pode ser negado, porém a escola parece não acreditar nas possibilidades e na função
educativa do esporte-competição. Pois, para que esporte de competição tenha uma maior
credibilidade no meio escolar, é necessário que alguns paradigmas sejam quebrados, tais
como: vencer a qualquer custo, individualismo e a intensa busca por resultados. Diante
disso, a competição escolar deve ser embasada em alguns pilares: cooperação, valores
sociais, coeducação, cooperação, participação, autonomia e pluralidade cultural
(REVERDITO; SCAGLIA, 2009).
O esporte escolar, por vários anos, vem sofrendo inúmeras críticas por copiar o
modelo de esporte de alto rendimento. De acordo com Taffarel (2000), esta manifestação
do esporte, da maneira como é desenvolvida na Educação física escolar, não colabora para
a diminuição da desigualdade social, pois os objetivos propostos não estão unificados com
os anseios voltados para uma sociedade mais justa e igualitária, mas segue pelo caminho
inverso, favorece e aumenta a desigualdade entre os indivíduos.
Referenciando Orlick (1978), Paes (2001) descreve a relação entre esporte e
sociedade:
os jogos e os esportes são reflexos da sociedade em que vivemos, mas também
servem para criar o que é refletido. Muitos valores importantes e modos de
comportamento são aprendidos por meios das brincadeiras dos jogos esportivos
(p. 79).
Se por um lado as práticas esportivas, as ginásticas, as artes marciais, as danças e as
práticas para aptidão física estão sendo transformadas em produtos comerciais que
difundem a ideia da cultura corporal de movimento e isso é positivo, por outro, alguns
32
aspectos são preocupantes: crianças e adolescentes entram em contato precocemente com
alguns esportes e práticas corporais inspiradas em modelos para adultos, o estilo de vida
veiculado é sustentado pelas novas condições socioeconômicas (capitalismo/ consumismo,
poluição, violência e diminuição dos espaços de lazer) (BETTI; ZULIANI, 2002).
Esse novo modelo de vida tem como ponto de preocupação as inúmeras
possibilidades de condições que colaboram para que as pessoas assumam uma postura
sedentária e que as crianças e adolescentes aumentem o número de horas em frente aos
recursos audiovisuais. Isso favorece, assim, o abandono dos jogos e brincadeiras populares
e ainda colabora com uma possível substituição das experiências práticas esportivas pelo
simples fato de ser um espectador esportivo (BETTI; ZULIANI, 2002).
Essa dialética da vida contemporânea é um dos maiores desafios que os
profissionais da Educação Física têm que enfrentar. Sendo eles: 1- a propagação das
atividades esportivas por meio dos veículos de comunicação, captando, assim, novos
adeptos para essas práticas que vislumbram o sucesso na vida via esporte (imagem
vendida); 2- para o tão esperado sucesso, o que ocorre é uma precocidade na inserção de
crianças no mundo dos homens; 3- a questão também perpassa o mundo tecnológico,
massificador da lógica do capital, cria diversos produtos que prendem a atenção da
população em geral, em especial crianças e adolescentes, fazendo com que essa parcela se
torne “refém” de suas invenções, construindo, assim, uma população mais sedentária,
obesa e com diversas doenças. De protagonistas do esporte, o que se têm são espectadores
do esporte.
Em muitos momentos, a tarefa do professor não foi a de possibilitar oportunidades
a todos os alunos para que pudessem descobrir e vivenciar a cultura corporal de
movimento, mas captar os biologicamente mais bem-dotados e treiná-los com o intuito de
levá-los a conquistar espaços em equipes esportivas e, assim, representarem a escola ou
outras instituições. Parece que tal processo de seleção era algo quase que inconsciente no
docente que, em muitos momentos, habita o imaginário social da Educação física escolar.
A partir disso, pode-se perceber a dificuldade dos professores em desenvolver os trabalhos
em turmas heterogêneas (DAOLIO, 1996).
Seguimos com as estratégias para ensinar o esporte.
33
4 – ESTRATÉGIAS PARA ENSINAR O ESPORTE
A Educação Física tem buscado, ao longo dos anos, avançar e superar os modelos
dominantes da área: tecnicismo e esportivismo. Contudo, o cotidiano escolar ainda é
composto por práticas esportivas que produzem fortemente estes modelos (CORREIA,
2006).
Percebe-se a presença de tais modelos nas aulas de Educação Física escolar, pois
em sua grande maioria, os profissionais dão ênfase às técnicas esportivas e, com isso, os
alunos são ensinados através de exercícios que buscam aprimorar a técnica necessária para
tal prática. No entanto, vale lembrar que o indivíduo é um ser sociocultural e as aulas
voltadas apenas para a técnica esportiva colabora para a fragmentação da formação integral
dos mesmos e alguns aspectos importantes não são desenvolvidos, como: respeito mútuo,
cooperação e afetividade que são a base para viver em sociedade (GUIMARÃES; ET AL,
2001).
Em oposição aos modelos dominantes (tecnicismo, esportivista e biologista),
começam a surgir, na década de 70, novas abordagens com o intuito de trazer uma maior
ação e reflexão da Educação Física e, com isso, buscou-se tentar atender as diferentes
dimensões do ser humano. Algumas abordagens foram bem impactantes: a psicomotora, a
construtivista, a desenvolvimentista e as abordagens críticas que puderam colaborar para
ampliação das práticas pedagógicas educacionais e também a visão da área em relação aos
possíveis conteúdos a serem ensinados (BRASIL, 1998).
O Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) nos lembra que, em relação ao âmbito
escolar, a partir do Decreto n. 69.450, de 1971, considera a Educação Física como “a
atividade que, por seus meios, processos e técnicas, desenvolve e aprimora forças físicas,
morais, cívicas, psíquicas e sociais do educando” (p.22).
A história nos conta que, nesse período, a Educação Física escolar continuou com
seu enfoque na aptidão física. Também não pudera ser diferente, pois o país se encontrava
em meio ao período mais sombrio de sua história: a ditadura militar. O esporte nessa época
era usado pelos governantes como produto de massificação e alienação da população
brasileira.
Abrimos um parêntese para relembramos e elucidarmos o que foi dito. Como
exemplo, podemos citar o programa “Esporte para Todos”, conhecido EPT, programa de
34
cunho político usado como manobra eficaz de alienação da população através do esporte.
Segundo Castellani Filho (2008),
Foi também no início dos anos 70, que começou a ganhar corpo, o depois
conhecido como Movimento “Esporte para Todos”, o EPT... “Braço direito do
Desporto de massa, apresentado como uma proposta de esporte não formal,
inspirado no quadro teórico da Educação Permanente, encontrou o EPT, campo
fértil para sua propagação em nosso país, a partir da necessidade sentida pela
classe dominante, de convencer os segmentos menos favorecidos da sociedade
brasileira, de que o desenvolvimento econômico propalado na fase do “milagre”
tinha correspondente no campo social. Essa idéia foi apreendida nos sinais tidos
como significativos de melhoria da qualidade de vida do povo brasileiro
(abstratamente considerado, por considerar a divisão da sociedade em classes
sociais). O EPT, assim, seria a comprovação de que ao desenvolvimento
econômico alcançado no início da década de 70, correspondia o desenvolvimento
social da sociedade brasileira, expresso - dentre outras formas - no acesso às
atividades físicas de lazer pela camada da população, até então, dela alijada [...]
(p. 116).
Retomando o assunto, infelizmente, muitos professores ensinam para seus alunos a
exclusão dos menos habilidosos. A trapaça à falta de respeito são atitudes normais
presentes no ambiente esportivo, pois são aspectos importantes para a conquista das
vitórias. Além disso, reforça que a justiça, a igualdade de oportunidades, dentre outros
valores éticos - que podem ser melhorados com a prática esportiva - não são importantes e
até podem atrapalhar os triunfos nas competições (KORSAKAS; ROSE JÚNIOR, 2002).
Esses valores distorcidos são trabalhados e ensinados durante as aulas, como
também as técnicas das modalidades propriamente ditas e, para o ensinamento dos
fundamentos, existem métodos de ensino tradicionais, como método parcial, global entre
outros.
O método parcial é caracterizado pela utilização de exercícios desvinculados do
contexto do jogo no processo de ensino que consiste em ensinar determinada modalidade
esportiva através da repetição dos movimentos e técnicas específicas dos esportes. Nesse
método, dedica-se a maior parte do tempo ao aprendizado das partes em detrimento da
prática do todo (jogo). É interessante lembrar que, no contexto histórico da Educação
Física, o método parcial foi (e ainda é) muito utilizado. Desse modo, o professor se
mantém em uma posição de único responsável pela montagem, duração e modificação dos
exercícios e, portanto, é apontado como a figura central do processo de ensino (DARIDO;
BONFOGO, 1993).
Há uma contínua evolução dos esportes, sendo que a cada dia surgem novas
possibilidades e novos métodos para melhor atender o interesse dos alunos. Porém, o
35
modelo tecnicista ainda é utilizado na maioria das vezes pelos professores, talvez, por
acreditarem na alta eficácia desta proposta. No entanto, existem novos modelos de ensino
dos esportes que não visem somente o gesto técnico (CASTRO; GIGLIO; MONTAGNER,
2008).
O tecnicismo ainda é priorizado por muitos docentes que não enxergam o processo
de educação de forma democrática, pois querer centrar o poder em si, torna-se o ensino
tanto quanto autoritário; como já descrito, o discente tem que estar no papel de
protagonista de seu aprendizado e não na situação de coadjuvante. A dialética deve ser a
priori no processo de ensino-aprendizagem, ou seja, a troca de conhecimento se faz
necessária ocorrer entre ambas as partes, professor/aluno, para chegarmos naquilo que
Paulo Freire entende como uma educação transformadora e não uma educação bancária na
qual o docente somente deposita o conhecimento ao seu discente.
Outro método importante, apontado por Darido e Bonfogo (1993) para o processo
de ensino aprendizado dos esportes, é o método global, visto como uma maneira de ensinar
por meio do todo (jogo). Deste modo, é possível ter uma maior valorização da construção
do conhecimento, sendo que o professor pode ter contribuições e intervenções importantes
em relação ao respeito ao adversário, às regras e também propiciar a aprendizagem das
estratégias e os aspectos intrínsecos ao jogo. Alertamos que esse método não é
simplesmente “jogar por jogar”. Ele trabalha o aluno por meio de jogos, minijogos, jogos
pré-desportivos, entre outros, com a constante presença do professor, fazendo intervenções,
mediações a todo o momento em que for necessário, pois o deixar jogar não é sinônimo de
método global.
Como ponto positivo do método em questão, podemos afirmar que o mesmo é
muito estimulante para os discentes.
Greco, Benda e Ribas (2001) propõem que o ensino-aprendizagem-treinamento é
modelo com uma maior abrangência que os métodos de ensino, pois, de acordo com os
autores, este modelo pode formar o aluno para a prática esportiva e para a vida, fazendo
com que a criança incorpore a atividade física em seus hábitos.
Este modelo é dividido em nove fases: Fase pré-escolar até os 6 anos; Fase
universal dos 6 aos 12 anos, sendo a mais ampla e rica dentro do processo de formação
esportiva; Fase de orientação, iniciando por volta dos 11 e 12 anos e perdura até os 13 e
14 anos; Fase de direção, iniciada por volta dos 13-14 anos até os 15-16, podendo
começar o aperfeiçoamento e a especialização técnica em uma modalidade esportiva,
36
valorizando a participação em outras modalidades esportivas complementares; Fase de
especialização, iniciando aos 15-16 e se prolonga até os 17-18 anos; Fase de
aproximação que abrange o período de 18 aos 21 anos, ocorrendo uma possível transição
para a carreira esportiva. As outras três são: Fase de alto nível, Fase de recuperação e
Fase de recreação e saúde (GRECO; BENDA; RIBAS, 2001).
Ressaltamos a contribuição de Korsakas e Rose Júnior (2002) que trazem à tona a
ideia do princípio educativo. Para ambos, alguns princípios são importantes ao ensinar o
esporte, como a heterogeneidade, por exemplo, colaborando com o enriquecimento do
processo de aprendizagem. Se apoiam na coeducação que significa uma transformação
recíproca, ou seja, uma criança que domina um conteúdo auxilia no aprendizado de outra,
ou seja, meninos e meninas desenvolvendo as atividades juntos. Com isso, o professor
mediador pode enfatizar a união dos esforços dos alunos para as conquistas de metas em
comum, pois os indivíduos aprendem e ensinam quando se envolvem, enquanto se
comunicam e trocam aprendizados.
4.1 O jogo como meio para o ensino dos esportes
De acordo com Costa e Nascimento (2004), o método global é caracterizado pela
situação de jogo, por este motivo gera um alto nível de motivação. Assim, alguns
professores tentam justificar a utilização do jogo propriamente dito a todo o momento.
Sendo assim, utilizar sempre essa possibilidade, ou seja, colocar apenas o modelo de
esporte de alto rendimento nas aulas de Educação Física e permitir que os alunos
exclusivamente só joguem, sem uma intervenção adequada e efetiva por parte do educador,
poderá colaborar para que haja um aprendizado insatisfatório.
A singularidade dos indivíduos faz como que as salas sejam heterogêneas, portanto
o ensino não pode ser homogêneo. Sempre o mesmo, devido à diferença individual, uns
aprendem só jogando e outros não. Sendo o método global amplo que não se restringe ao
jogo de forma acabada, o profissional, dentro desse método, pode criar variáveis que
atendam ao anseio de todos os discentes.
Para Barroso e Darido (2006), o esporte como conteúdo da Educação Física escolar
possui muitas características que podem ser exploradas pelos professores e alunos. Diante
disso, aqueles não devem ficar restritos aos movimentos e técnicas necessárias à prática
esportiva e também não ter um olhar diferenciado apenas para os mais habilidosos. Sendo
37
assim, é essencial ofertar condições a todos os alunos, independente das diferenças físicas
e motoras.
Por vezes, os professores pulam as etapas do aprendizado dos jogos esportivos
coletivos e vão direto para o jogo, criando frustrações dos professores/técnicos e ainda a
formação de alunos dependentes, pois tais educadores não estimulam as reflexões dentro
das práticas corporais propostas nas aulas. (VENDITTI JÚNIOR; SOUSA, 2008).
A dependência desse aluno se dá no campo de entender o novo, sendo que cada
ação do jogo e da vida são inéditas, o deparar com o desconhecido é rotineiro. Portanto, se
o aluno/indivíduo não for educado em prol da autonomia, versará no momento de tomada
de decisão em situações que desconhece.
Castro, Giglio e Montagner (2008) apontam o jogo como uma ferramenta muito
interessante para o aprendizado dos esportes coletivos, pois existem várias semelhanças
funcionais, além de ter uma grande transferência do aprendizado para outras modalidades
esportivas e para a própria modalidade objetivada. Os jogos esportivos coletivos fazem
parte da cultura do país e é um excelente meio para a formação dos cidadãos. Nesse
sentido, a prática deve ser realizada de forma criteriosa, sadia e com objetivos claros
(PIMENTEL; GALATTI; PAES, 2010). Portanto, o profissional de Educação Física tem
que chamar atenção dos alunos para as práticas esportivas através de recursos pedagógicos
diferenciados que os motivem a participar das aulas de conteúdo esportivo (VENDITTI
JÚNIOR; SOUZA, 2008).
Ainda de acordo com os autores citados, muitos modelos têm como objetivo a
compreensão da tática, a ocupação dos espaços e o desenvolvimento das habilidades dentro
do contexto do jogo. Sendo assim, tornam-se peças fundamentais para um aprendizado
significativo. Nesse sentido, o jogo gera alegria, tensão, incerteza, imprevisibilidade,
ordem e desordem, sendo seriamente encarado por seus participantes. O jogo possui
características antagônicas caracterizadas por ser um sistema fora de controle e do poder
coercitivo do professor (LEONARDO; SCAGLIA; REVERDITO, 2009).
A incerteza do jogo, a busca pelo inédito são fatores de estímulo à participação.
Porém, dentro do ambiente escolar, essa participação deve estar pautada de conhecimentos,
e não somente jogar pelo puro prazer de jogar.
O jogo é um fenômeno cultural carregado de valores éticos, mas propõe uma
suspensão da realidade. O professor tem a possibilidade de organizar práticas pautadas por
uma teoria fundamentada no jogo, o qual deve ser realmente jogado para atingir os
38
objetivos e gerar uma prática significativa. Para Castro, Giglio e Montagner (2008), esta
atividade é considerada uma ferramenta facilitadora da aprendizagem, pois oferece
condições de liberdade de expressão e a busca pela auto superação que os próprios
jogadores se impõem, além de possuir caráter lúdico. Kroger e Roth (2002) relatam que
para aprender o jogo é necessário jogar, sendo assim as crianças devem aprender primeiro
a jogar com liberdade, buscando reconhecer e perceber os problemas presentes.
De acordo com Bolonhini e Paes (2008), Teaching Games for Understanding
(TGFU) é apontada como uma forma de ensino contextualizada que utiliza jogos reduzidos
para ensinar o esporte. Tais jogos podem ser com espaços, número de jogadores e tempo
reduzidos, equipamentos e regras adaptadas. Porém, a estrutura tática é muito semelhante,
e, com isso, o aluno compreende a lógica do jogo para que, assim, seja capaz de dar
respostas para as inúmeras situações-problema presentes em uma partida.
Portanto, o foco é na compreensão da tática, antes mesmo de se preocupar com o
aprendizado do gesto técnico. É importante ressaltar que, nesta forma de ensinar o esporte,
a reflexão coletiva sobre a prática e também a elaboração de estratégias, verbalização e
análise são pontos necessários para a construção do conhecimento, ou seja, ação-reflexão-
diálogo-ação e, com isso, fazer com que os alunos se posicionem criticamente durante este
processo. Diante disso, o professor de Educação Física deve intervir fazendo
questionamentos para favorecer esse crescimento nos alunos.
Bayer (1986) propõe os princípios operacionais dos quais a conservação da posse
de bola, a progressão dos jogadores até a meta e ataque adversários são relatados como
princípios ofensivos. Os defensivos são compostos pelos seguintes pontos: recuperar a
posse de bola, impedir e dificultar a progressão dos jogadores e proteger sua própria meta.
Todos estes princípios, de acordo com o autor, são muito importantes na montagem dos
jogos para os alunos e estão totalmente interligados aos esportes coletivos.
Sendo assim, é necessário que professor esteja consciente sobre a importância do
planejamento das atividades esportivas e da utilização de uma metodologia de ensino,
partindo do conhecimento prévio dos alunos, para que, ao mediar um novo aprendizado -
seja ele motor, cognitivo ou afetivo-social - a bagagem de experiência destes alunos,
acumulada ao longo dos anos e adquirida em diferentes espaços educacionais, possa
auxiliá-los durante as aulas de Educação Física escolar. Desse modo, a criança é vista
como um ser cultural que vai sendo formado e “moldado” a partir das influências de seus
pais, de familiares, do ambiente escolar, do meio no qual está inserido e das atividades
39
motoras, como: jogos, brincadeiras, dentre outras atividades (KORSAKAS; ROSE
JÚNIOR, 2002).
Para uma aprendizagem significativa, os estilos de ensino - abordados a seguir -
também são importantes estratégias para os docentes ensinarem o esporte na escola.
4.2 Estilos de Ensino
Os Estilos de Ensino é uma teoria proposta por Muska Mosston (1986) e, de acordo
com Gozzi e Ruete (2006), fazem parte de um Spectrum que compõe uma teoria que
objetiva analisar a estrutura das tomadas de decisões em um comportamento de ensino e
aprendizagem. Tais decisões podem ser tomadas tanto pelo professor quanto pelo aprendiz-
aluno. É importante ressaltar que o conhecimento do Spectrum possibilita ao professor
novos caminhos didáticos pelo conhecimento e utilização de vários estilos de ensino, como
mudar de um para outro. Tal conhecimento poderá auxiliar no planejamento das aulas,
visando que o educador se torne observador, conselheiro e criador que consiga colaborar
para o desenvolvimento da autonomia de seus alunos.
De acordo com Krug (2009), existe uma Anatomia dos Estilos de Ensino que é
composta por três fases:
Pré-impacto: está relacionada a todas as decisões que antecedem o contato entre o
aprendiz e o professor, ou seja, o planejamento;
Impacto: corresponde às decisões ligadas à ação e à implementação do
planejamento;
Pós-impacto: agrega as decisões voltadas à avaliação e à performance do que foi
aplicado na etapa de Impacto, ou seja, é responsável por analisar o desenvolvimento das
etapas anteriores para fazer os ajustes necessários.
O Spectrum foi desenvolvido por Muska Mosston (1986), sendo formado por dez
estilos de ensino que representam duas capacidades básicas humanas: a reprodução e a
produção de novos conhecimentos.
No entanto, outros autores relatam que os estilos são organizados de acordo com
essas capacidades. Sendo assim, os estilos de Comando (A), Tarefa (B), Recíproco (C),
Auto checagem (D) e Inclusão (E) estão vinculados à reprodução. Já os estilos Descoberta
Guiada (F), Descoberta Convergente ou Solução de Problemas Convergente (G) estão
relacionados à descoberta e à produção de novos conhecimentos. Por fim, os estilos
40
Descoberta Divergente ou Solução de Problemas Divergente (H), Individual (I), iniciado
pelo aluno (J), e Auto Ensino (K) estão ligados à descoberta e criatividade (GOZZI;
RUETE, (2006); KRUG, 2009).
4.2.1 Estlios de ensino voltados para a reprodução
Em uma situação de ensino e aprendizagem, professor e aluno podem tomar as
decisões durante os diferentes momentos da aula. No entanto, em uma aula na qual o estilo
(A) manda direto ou Comando é aplicado, o professor é o principal condutor das ações, ou
seja, toma todas as decisões nas três fases: pré-impacto, impacto e pós-impacto. Desta
forma, resta ao aluno apenas acatar e executar as tarefas propostas (MOSSTON;
ASHWORTH, 1986).
Nesse sentido, Heine, Carbinatto e Nunomura (2009) relatam que o estilo de
ensino Comando (A) é apontado como uma ferramenta importante para o ensino de
habilidades motoras e possui algumas vantagens como: objetivos claros, aquisição das
habilidades realizada de maneira específica, eficiência na organização do grupo e no tempo
de execução das atividades. Neste estilo, os alunos se sentem seguros por saber o que e
como irão desempenhar as atividades. Sendo assim, o professor determina tudo, ou seja, o
volume, o ritmo, a intensidade e, com isso, não abre espaço para a criatividade individual e
autonomia dos alunos.
De acordo com Mosston e Ashworth (1986), o segundo estilo, denominado Tarefa
(B), uma nova realidade é estabelecida entre professor e aluno, pois novas condições de
aprendizado são ofertadas e o professor passa a confiar mais nos alunos e fornece uma
devolutiva sobre as execuções das tarefas para cada um, em particular.
Desta forma, no estilo Tarefa (B), é esperado que os alunos executem a tarefa
conforme um modelo, mas existe a possibilidade de que tomem decisões relacionadas ao
domínio físico, ordem das tarefas, tempo de início, velocidade e ritmo de execução, dentre
outros (GOZZI; RUETE, 2006). Sendo assim, este estilo está ligado à situação pedagógica
na qual o professor apresenta uma tarefa à turma, mas que pode ser realizada de acordo
com o padrão de desempenho de cada aluno, ou seja, o aluno conhece seus limites, pode
escolher o número de vezes, a duração e intensidade que conseguir superar, ou seja,
respeita-se sua individualidade (HEINE; CARBINATTO; NUNOMURA, 2009).
41
O terceiro estilo apontado por Mosston e Ashworth (1986) é o Reciproco (C) no
qual favorece as relações sociais entre os alunos e possibilita condições para oferecer
devolutivas imediatas. Desta forma, o aluno tem a oportunidade de repetir as tarefas tendo
um observador pessoal em que os papeis são trocados. Com isso, o aluno, no momento,
executa e, em outro, observa.
Krug (2009) afirma que a interação social entre os pares e os possíveis feedbacks
proporcionados pelo par, sob a supervisão do docente, estão relacionados ao estilo
Recíproco (C). Neste estilo, é importante ressaltar que o retorno dado pelo par está
embasado em uma ficha construída pelo professor que os auxiliará na execução e na
observação das tarefas.
Na medida em que novos estilos são utilizados, também novas realidades são
propostas e, com isso, transferem-se mais responsabilidades para os alunos. Diante disso,
no estilo Auto checagem (D), o aluno já passou pelos outros estilos, possuindo certa
experiência para analisar suas ações e execuções e, assim, fornecer o seu próprio feedback.
Liberando, desta forma, a total dependência de fontes externas para avaliarem e
manifestarem suas devolutivas (MOSSTON; ASHWORTH, 1986).
Desta forma, no estilo Auto checagem (D), a retroalimentação deixa de ser dada
pelo professor, ou por outro aluno, e passa a ser responsabilidade do próprio, buscando,
assim, mais poder de decisão (GOZZI; RUETE, 2006).
Para Mosston e Ashworth (1986), nos quatro primeiros estilos prevalece a mesma
característica, ou seja, executar um padrão único definido pelo professor. Contudo, no
estilo Inclusão (E), é proposta uma concepção diferente das tarefas, pois múltiplos níveis
de uma mesma tarefa são ofertados para os alunos. Assim, o aluno poderá escolher em qual
nível ele se encaixa, liberdade esta que não era permitida nos estilos anteriores.
Sendo assim, no estilo Inclusão (E), pode-se dizer que são planejados vários níveis
de dificuldade com a intenção de incluir todos os alunos, ou seja, ao explicar a atividade, o
professor comentará sobre as opções possíveis. Isso permite ao aluno fazer uma reflexão e
escolher o desafio adequado à suas características. Dessa maneira, ele aprende a avaliar as
opções e quando estará pronto para partir para outro nível (KRUG, 2009).
Os cinco estilos apresentados neste tópico estão relacionados à execução de tarefas
propostas pelo professor, tendo constantes retroalimentações pelo próprio ou mesmo pelos
alunos. Em cada estilo é aumentada, aos poucos, a autonomia dos alunos. Abaixo
descreveremos os estilos que favorecem a produção de novos conhecimentos.
42
4.2.2 Estlios de ensino voltados para a produção do conhecimento
Com relação à descoberta e produção de novos conhecimentos, existem diferentes
estilos. Gozzi e Ruete (2006), assim como Mosston e Ashworth (1986) relatam que o estilo
Descoberta Guiada (F) é caracterizado pela relação particular entre professor e aluno.
Sendo que os inúmeros questionamentos do professor irão gerar uma sequência de
respostas dadas pelo aprendiz, ainda que cada pergunta leve apenas uma resposta. Isso gera
um processo que converge para o descobrimento de um conceito planejado.
Nesse estilo, a paciência é uma qualidade essencial para o processo. Sendo assim,
tanto o aluno como o professor, precisam desenvolver essa qualidade para o melhor
aproveitamento (MOSSTON e ASHWORTH, 1986).
No estilo de Descoberta Convergente ou Solução de Problemas Convergente (G), o
aluno é estimulado a utilizar o seu raciocínio, pensamento crítico, ensaio e erro com o
intuito de descobrir uma única resposta para a questão ou uma solução para o problema
(KRUG, 2009).
O estilo Divergente, de acordo com Mosston e Ashworth (1986), possibilita que o
aluno inicie a descoberta e a produção de opções com relação ao conteúdo. O aluno, neste
contexto, toma as decisões em relação às tarefas específicas, permitindo envolver-se com a
capacidade humana da diversidade, convidando-o a ir além do conhecido.
Sendo assim, o estilo de Descoberta Divergente ou Solução de Problemas
Divergente (H) é caracterizado pela busca de múltiplas e divergentes respostas, fazendo
com que o aluno entenda a estrutura da atividade e, assim, com criatividade e suas
habilidades, consiga verificar e encontrar inúmeras soluções para determinado problema
(GOZZI; RUETE, 2006).
A respeito do estilo Programa Individual, Mosston e Ashworth (1986) relatam que
esse estilo representa um passo além da descoberta, ou seja, o aluno descobre e monta a
pergunta/problema, o professor decide o conteúdo, o tema geral e o aluno tem a missão de
tomar as decisões em relação às perguntas/problemas e as múltiplas soluções, organizando-
os por categorias, temas e objetivos. É importante ressaltar que, para ter êxito neste estilo,
é necessário que o aluno tenha adquiridos inúmeras experiências nos estilos anteriores.
Reforçando este conceito, Krug (2009) define Programa Individual (I) como um
momento de maior independência para descobrir a solução para o problema do aluno.
Neste momento, o papel do professor consiste em participar nas decisões sobre o conteúdo
43
geral a ser apresentado, enquanto o papel do aluno é executar um tópico específico deste
conteúdo geral, ou seja, identificar e analisar situações para a solução deste desafio, além
de planejar o desempenho nas ações.
Já o estilo Iniciado pelo aluno (J) está ligado à condição do ensino e da
aprendizagem pelo próprio aluno. Apesar de muito parecido com o estilo Programa
Individual em sua estrutura e procedimentos, este possui uma mudança considerável, pois é
a primeira vez que o aluno inicia a atividade e este decide se está pronto para continuar,
investigar, descobrir, montar o programa e colocá-lo em prática para o seu próprio
desenvolvimento. Sendo assim, o aluno tem sobre ele a máxima responsabilidade para
executar os episódios de ensino e aprendizagem (MOSSTON; ASHWORTH, 1986).
O estilo Auto Ensino (K) dispensa a presença do professor, pois o objetivo é
ensinar a si mesmo (GOZZI; RUETE, 2006). De acordo com Mosston e Ashworth (1986),
o próprio indivíduo toma todas as decisões que, previamente, foram tomadas por professor
e aluno, participando, assim, dos dois papéis. Essa reciprocidade ocorre na própria reflexão
do aluno e de suas próprias experiências. É importante ressaltar que estes dois últimos são
difíceis de serem encontrados nas aulas de Educação Física.
Apresentamos os estilos de ensino e, na sequência, discutiremos a proposta de
ensino da cidade de Aparecida-SP.
4.3 Proposta de Aparecida-SP
A Secretaria Municipal de Educação da cidade de Aparecida-SP elaborou um livro
didático para os professores no qual possui o conteúdo programático divididos em quatro
bimestres. Sendo estes relacionados às disciplinas que são contempladas do 6º ao 9º ano.
No que se refere à disciplina Educação Física, foi proposto conteúdos relacionados ao
conhecimento sobre o corpo, atividades rítmicas e expressivas, lutas, jogos, brincadeiras e
o esporte.
Esportes coletivos de quadra são sugeridos pelo livro didático nos quatro bimestres
de todos os anos Ensino Fundamental II. Iniciado no primeiro bimestre do sexto ano com a
modalidade voleibol, em seguida, no segundo bimestre, o futsal; no terceiro, o handebol e,
por fim, no quarto bimestre, o basquetebol. É indicado que os professores ensinem as
regras, os fundamentos e a história destes esportes, seguindo a mesma ordem em todos os
anos.
44
São propostos outros esportes, tais como atletismo, jogos paraolímpicos, capoeira
entre outras artes marciais e também tópicos diferentes como a violência no esporte, a
organização e o planejamento de eventos esportivos, porém são pontuados minimamente e,
no livro didático, não se repetem ao longo do ciclo. Fica clara a importância dada aos
esportes coletivos de quadra.
É importante ressaltar que neste livro didático contém apenas tópicos e subtópicos
sobre os conteúdos, não existem exemplos de aulas, ou de atividades. Sendo assim, a
criatividade e o planejamento das aulas ficam sob a responsabilidade e a criatividade do
professor. No entanto, o livro didático propõe uma direção para os professores, e, além
disso, podem desenvolver o trabalho de uma forma similar nas escolas.
45
5 – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
5.1 Caracterização da pesquisa
Richardson (1999) destaca que existem dois métodos de pesquisa, o quantitativo e o
qualitativo. O primeiro se refere ao tratamento das informações de forma quantificada,
medindo a frequência com que certas coisas acontecem. Já o método qualitativo perpassa
pela interpretação das palavras e situações. De acordo com o objetivo deste estudo no qual
as percepções dos professores serão analisadas e as suas aulas observadas, optou-se pelo
método qualitativo.
Thomas e Nelson (2002) complementam que a pesquisa qualitativa tem como
objetivo compreender a essência do fenômeno. Busca-se entender o significado de uma
experiência para os participantes em um ambiente específico. Silva (1991) coloca que
realizar uma pesquisa, numa perspectiva fenomenológica, implica em mover-se ao redor de
algum fenômeno na busca pelo conhecimento.
Martins e Bicudo (2003) apresentam a pesquisa qualitativa como a busca pela
compreensão do objeto pesquisado sem a pretensão de produzir generalizações, princípios
e leis. Ela visa ao entendimento, e não a explicação dos fenômenos estudados.
A pesquisa qualitativa de caráter descritivo está ligada ao estudo de status, sendo
utilizada com grande frequência nas áreas da educação e das ciências comportamentais. É
importante ressaltar que a relevância deste tipo de pesquisa está ligada ao fato de que os
problemas podem ser solucionados e as práticas otimizadas através das observações,
análises, descrições objetivas e íntegras (THOMAS; NELSON, 2003).
Para Martins e Bicudo (2003), na abordagem fenomenológica, o pesquisador
procura reavivar, tematizar e compreender os fenômenos da vida cotidiana do modo como
tais fenômenos são vividos, experienciados e conscientemente percebidos. Diante disso, o
pesquisador tem a responsabilidade de desvelar e explicitar a construção dos
acontecimentos relacionados à vida diária dos sujeitos em relação ao fenômeno estudado,
fazendo com que este fenômeno se mostre na linguagem do sujeito pesquisado, ou seja, nas
mais variadas formas pelas quais eles podem aparecer tipicamente.
Este estudo foi aprovado pelo comitê de Ética da Universidade São Judas Tadeu
(USJT) sob o registro CAAE 39164314.9.0000.0089 e se caracteriza como uma pesquisa
qualitativa de caráter descritivo com abordagem fenomenológica. De acordo com o
46
objetivo deste estudo, as percepções dos professores serão analisadas. Assim, optou-se pelo
método qualitativo.
5.2 Instrumentos de coleta de dados
Para a realização desta pesquisa foi utilizada a entrevista semiestruturada que
consiste em questões em uma ordem pré-determinada realizada pelo entrevistador. No
entanto, dentro de cada questão, há liberdade para o entrevistado acrescentar comentários.
Além disso, outras questões podem ser levantadas, dependendo das respostas dos
entrevistados, ou seja, podem existir questões suplementares sempre que algo de
interessante apareça e que não esteja previsto na lista original de questões (MOREIRA,
2004).
Costa e Costa (2009) propõem o uso da entrevista como uma prática discursiva a
partir da qual é possível construir faces da realidade. No momento da entrevista, o
pesquisador poderá apreender as respostas verbais e não verbais frente às perguntas que
fará.
A sensibilidade e a percepção do pesquisador são essenciais na captação e no
processamento das observações e das respostas. A visão do mundo varia com a percepção
de cada um sendo largamente subjetiva, diante disso, a observação e a coleta de dados
precisam ser realizadas no ambiente natural no qual ocorre o fenômeno que está sendo
investigado (THOMAS; NELSON, 2003). O roteiro completo de entrevista está descrito
no Apêndice III desta pesquisa. A entrevista foi composta por três questões abertas, sendo
que a primeira tem como função auxiliar na compreensão das duas últimas questões.
5.3 Sujeitos da pesquisa e critérios de inclusão e exclusão
5.3.1 Amostra
Foi composta por doze (n=12) professores de Educação Física de ambos os sexos,
dos quais lecionam em oito (n=8) escolas públicas da cidade de Aparecida-SP. Porém, dois
(n=2) professores não aceitaram participar da pesquisa. Os participantes assinaram o
Termo de Consentimento livre e esclarecido (TCLE) que se se encontra anexo ao trabalho
47
(Apêndice II). A Secretaria de Educação do município de Aparecida-SP autorizou o estudo
e assinou o Termo de Autorização e Responsabilidade (Apêndice I).
5.3.2 Identificação dos sujeitos
Os colabores desta pesquisa foram compostos por professores de Educação Física
escolar, sendo sete do sexo masculino e três do sexo feminino. A média de idade deste
grupo foi de 38,3 anos com desvio padrão de 9,02 anos. Com relação ao vínculo
empregatício destes professores, sete eram efetivos no cargo, enquanto três eram
contratados. Esse contrato tem a duração de um ano e, para isso, é realizado um processo
seletivo.
Dois docentes possuíam experiência com a Educação Física escolar de 1 a 5 anos.
Cinco possuíam entre 6 a 10 anos de experiência com as aulas de Educação Física. Dois
deles já possuíam de 11 a 15 anos de experiência na escola e, por fim, apenas um professor
possuía 20 anos de experiência na docência.
Quadro 1: Identificação dos sujeitos
Características /Sujeitos P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 Total
SEXO
Masculino X X X X X X 6
Feminino X X X X 4
Idade
24 a 29 anos X X 2
30 a 35 anos X X X 3
36 a 40 anos X X 2
41 a 45 anos X 1
Acima de 46 anos X X 2
Regime de contratação
Efetivo X X X X X X X 7
Seletivo X X X 3
Tempo de experiência
1 a 5 anos X X 2
6 a 10 anos X X X X X 5
48
Em relação à formação inicial da amostra, sete professores possuem licenciatura
plena e três possuem licenciatura e bacharelado em Educação Física, sendo que todos se
formaram em uma faculdade particular da região do Vale do Paraíba. Quanto ao ano de
conclusão da graduação, há uma variação importante, pois dois professores se formaram
até o ano 1989, um professor no ano de 1998, cinco professores entre 2000 e 2009; os
outros terminaram a graduação após o ano de 2010.
No que se refere à formação continuada, o Professor 1 possui uma especialização
em Educação Física escolar, já o Professor 3 possui especialização em Supervisão e
Orientação educacional. O Professor 7 tem especialização em esporte para pessoas com
necessidades especiais, enquanto que o Professor 8 possui especialização em ensino lúdico.
Por fim, o Professor 10 possui uma pós-graduação stricto sensu (Mestrado) em Ciências
Sociais.
Quadro 2: Formação dos sujeitos
Características /Sujeitos P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 Total
FORMAÇÃO INICIAL
Licenciatura plena X X X X X X X 7
Licenciatura/Bacharelado X X X 3
ANO DE CONCLUSÃO DA
GRADUAÇÃO
Até 1989 X X 2
1990 a 1999 X 1
2000 a 2009 X X X X X 5
2010 em diante X X 2
FORMAÇÃO CONTINUADA
Pós-Graduação lato sensu X X X X X 5
Pós-Graduação stricto
sensu (Mestrado)
X 1
11 a 15 anos X X 2
16 a 20 anos X 1
49
5.3.3 Critérios de inclusão
Participaram da pesquisa aqueles que estavam vinculados a uma escola municipal,
atuando diretamente com as aulas de Educação física.
5.3.4 Critérios de exclusão
Foram excluídos do grupo pesquisado aqueles que deram respostas evasivas
durante a entrevista ou que, por algum motivo, não aceitaram participar da entrevista.
5.3.5 Riscos aos sujeitos da pesquisa
Existia um risco, ainda que mínimo, dos entrevistados se sentirem constrangidos
pelas perguntas, porque poderiam percebê-las como uma avaliação de seu trabalho. Esse
risco foi minimizado com o desenvolvimento de um clima de familiaridade entre
pesquisador e pesquisado devido aos contatos anteriores, visitas à escola e esclarecimento
total das possíveis dúvidas dos entrevistados. No entanto, esclarecemos aos professores que
qualquer desconforto na situação de entrevistado poderia, a qualquer momento,
interromper sua participação na pesquisa e que interrupção da entrevista deveria devolver-
lhe a sensação de equilíbrio sem que, para isso, fosse necessária qualquer intervenção do
pesquisador ou de outra pessoa.
5.4 Estudo piloto
Foi realizado um estudo piloto com três professores de Educação Física escolar, do
sexo masculino, todos efetivos no cargo em uma pequena cidade do Vale do Paraíba. Esse
estudo inicial foi autorizado pela Coordenação de Educação Física deste mesmo município.
Os professores foram graduados na mesma faculdade, porém em épocas distintas. Para
tanto, faremos um breve histórico dos nossos colaboradores, identificando-os como sujeito
1, 2 e 3, resguardando, assim, os professores e fazendo valer a ética na pesquisa.
O sujeito 1 tem 30 anos de idade, possui o título de Licenciado e Bacharel em
Educação Física, tem experiência profissional de 10 anos e atua, pelo mesmo período, nas
aulas dessas disciplinas no Ensino Fundamental I e II, em uma escola municipal e não
possui pós-graduação.
50
O sujeito 2 tem 26 anos, possui o título de Licenciado e Bacharel em Educação
Física, tempo de experiência profissional de 6 anos, porém, na Educação Física escolar,
está há 4 anos, atuando no Ensino Infantil, Fundamental I e II em escolas municipais.
Atualmente, faz pós-graduação, de caráter lato-sensu, na área de Musculação e
condicionamento físico. Percebe-se, pautado no curso que faz que seu interesse
profissional não é a docência escolar.
Por fim, o sujeito 3 tem 40 anos, é graduado em Pedagogia e possui licenciatura
plena em Educação Física com experiência profissional de 20 anos na Educação Física
escolar. Atua, no momento, no Ensino Fundamental e Médio em escolas municipais e
estaduais. Possui dois cursos de pós-graduação, sendo um em Psicopedagogia e outro em
Atividade motora adaptada.
51
6 – APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS
6.1 TRANSCRIÇÃO DO DISCURSO DOS SUJEITOS E REPECTIVAS ANÁLISES
IDEOGRÁFICAS
6.1.1 Transcrição do discurso do Professor 1.
Pesquisador: 1- O que você pensa sobre o esporte na escola do 6º ao 9º ano?
Eu penso que o esporte na escola... para educação física, ele é de
fundamental importância. Se nós formos reparar na condição atlética do esporte
brasileiro, hoje o nível de pessoas que procuram o esporte em caindo, número de atletas no
Brasil vem caindo. Então eu acho que o [esporte começa dentro da escola 1] para que se
tenha um incentivo. Nossa cidade hoje, para nós que trabalhamos nos jogos
regionais assim, nós vemos que muitas cidades contratam atletas porque hoje o [esporte
dentro da escola que não existe, não tem mais como fornecer atletas da própria cidade
1], então eu acho que o [esporte dentro da escola é de suma importância, é essencial para o
desenvolvimento do esportenacional.1]
[Do 6º ao 9º ano eu acho que é uma situação onde começa a base 1]. Toda [base
esportiva ela começa desde os 8 anos 9 anos desde que seja forma lúdica ou pré desportiva
3]. Mas de 6º ao 9º ano eu acho que é.... entra naquela situação da importância no
esporte, da relevância do Esporte, porque é fundamento onde você vai ensinar toda a
base para [formação de um atleta 1]. Então esporte do 6º ao 9º ano ele começa a ser
votado muito grande para a [formação de base, os fundamentos é um trabalho que o atleta
vai desenvolver ao longo do esporte que ele precisa praticar. 1]
Pesquisador: E essa formação de base que você fala seria para que? Para o
aluno praticar o esporte na escola. Fora da escola... para a vida?
Professor 1:
Como eu disse na primeira pergunta, nós temos um grande problema com a
formação de atletas para o Brasil, para nossa cidade aqui de Aparecida ou de outros
locais, e a [formação de atletas na própria cidade 1]. Então eu acho assim, que é [essa
formação do atleta dentro da escola vem a calhar sobre isso, a formação para ele ser um
atleta 1].E também como nós sabemos, tudo nessa vida tem regras. [Eu penso que o
esporte, é o que mais vai conseguir ensinar regras para uma pessoa.2] Se a bola tem que ser
em cima da linha ou o passe não pode ser conduzido, não pode ser dois toques no vôlei,
52
o handebol, dependendo, você não pode andar com a bola correndo. São regras. [As regras
são de suma importância. É a mesma coisa se ele vai levar essa relevância para a vida
dele.2] [Ele não pode roubar, ele não pode furtar, ele não pode matar, ele não pode fazer o
tráfico, então são as comparações que nós fazemos entre as regras esporte com a regra da
vida 2]. [Para criança saber que tudo tem regra e essa regra pode usar dentro da escola
como fora da escola. 2]
Pesquisador: Você fala de uma transferência. O que aprende no esporte, ele
leva para a vida.
Professor 1:
Exatamente a intenção é sempre essa, que é transferência. [Da mesma forma que
você vai ensinar no jogo coletivo. É saber que um atleta depende do outro. Não é só uma
pessoa que vai resolver o jogo 2]. Se nós fizemos uma comparação, Neymar no Barcelona
joga muito mais. Porque que no Barcelona ele joga muito mais? Porque o conjunto do
Barcelona é interessante. Todo mundo ajuda, então todo mundo sabe sua função, no que
fazer. Já na seleção O Neymar é uma dependência muito grande dele porque hoje não
temos um conjunto. É a mesma coisa é o coletivo, [você ensinar criança através do esporte
a trabalhar o coletivo A trabalhar até mesmo com outras pessoas numa empresa e saber que
ele vai precisar do outro. 2]
Pesquisador: 2 - Quais são seus objetivos educativos ao assinar o esporte na
escola?
Professor 1:
Para falar a verdade eu [sou um cara muito voltado para o esporte e para formação
de atletas 1]. [Eu trabalho na escola e vejo que a formação do atleta é essencial 1]. Eu
gosto muito dessa parte de [formar uma base dentro da escola para a formação do atleta
1]. Como eu já disse é [ensinar ele, através do esporte, um pouco de cidadania 2]. Você
saberá incluir, por regras, que tem regras no esporte, como disse na outra pergunta que tem
regras fora da escola também. [Você usar o esporte para essa questão social e a formação
do cidadão mesmo 2]. Então é isso que nós levamos. Eu tinha um time e os meninos
começaram a jogar com 13 anos. Aqui em Aparecida. E foram comigo até os 20, 21
anos. Nós ficamos tristes, mas um, [dois eu sei que eu perdi para as drogas. Mas a maioria
está no exército ou trabalha 2]. É isso que acaba motivando. Você conseguir, não só você,
mas, [você tem uma parcela de ajuda para que esse menino fosse um cidadão, uma pessoa
53
de bem. 2]. [Eu penso que o esporte pode auxiliar pessoas na questão social. 2] [Lógico
que nós também temos alguns problemas dentro do esporte como foi o caso da
Rússia. Quase toda a equipe russa de atletismo foi pega com problema de doping. Isso
não é uma questão certa. Isso não é ser um cidadão de bem. A partir do momento que você
usa qualquer tipo de droga para se dar bem você está burlando as regras. 2]
Pesquisador: 3 - Me fale sobre como você ensina conteúdos esportivos nas
aulas de educação física. Como você os desenvolve?
Professor 1:
Como eu já disse anteriormente eu sou.... eu gosto muito de esporte. Eu perco
tempo assistindo. Eu passo, o que eu assisto na televisão é tudo voltado para esporte. E os
ensinamentos que eu passo dentro da escola, o conteúdo esportivo, [eu passo a parte
teórica, explico de onde surgiu e como surgiu, como que foi criado aquele esporte, 4] .
[Então eu explico como funciona o que é aquele esporte como se desenvolveu, a
história do esporte é o que eu acho essencial tem gente que acha que não tem nada a ver
passar mas eu gosto de saber da onde veio, porque que foi criado aquele esporte 4.]
[Passo jogos pré desportivos 3] que eu tento tirar e [principalmente a questão de
fundamentos básicos trabalhar muita habilidade né, basquete quicar a bola com uma das
mãos, com as duas primeiro sempre com as duas depois com uma mão só pra criança
aprender a quicar a bola com a direita com a esquerda, devolver habilidade motora 4] [até
que eu chegue na parte das regras 4], onde entra aquela questão que eu falei pra você nós
[usarmos o esporte como matéria de educação para cidadania através do jogo 2], [aí você
começa a passar o jogo você coloca uma regra depois você explica o que pode e o que não
pode,2] porque não adianta eu dar o jogo e a criançada sair empurrando um ao
outro, batendo fazendo isso não sabe como jogar né, então você tem que primeiro: agora
nós vamos quicar. Agora nós vamos quicar e passar a bola. [Sempre lembrar: é jogo
coletivo. 2] Nós temos que passar, então [vamos jogar o joguinho dos dez passes. Saber
que tem que passar, 3] [fazer o nunca três e quicar a bola.3] Agora nós vamos
arremessar. Vamos quicar e arremessar. [E assim você vai evoluindo até chegar, um faz
cesta aqui e o outro faz cesta do outro lado do jogo. Até chegar o visual do jogo. 3]
[De vez em quando eu peço trabalho, converso, porque do sexto ao nono, não tem
que ficar explicando já peço trabalho. Instigar a curiosidade deles para saber 3]. [A escola
pede, às vezes dá uma avaliação tudo sobre aquilo ali, a história, sobre a parte histórica da
54
modalidade] e [depois fundamento, 4] [até chegar à parte do jogo.3] [Apesar do 6º ao 9ّº
gente sempre deixar jogar mais. Daí apita para. Não. Olha o jogo não é para fazer isso.3]
Pesquisador: Mas você deixa jogar o jogo mesmo ou alguns jogos pré-
desportivos, como você falou? Como seria, por exemplo? Do sexto ao nono, eles já
vêm com uma certa bagagem para jogar direto como você. Acha que eles precisam
passar pelos jogos pré-desportivos ou pelas brincadeiras ou pela repetição?
Professor 1:
E às vezes o pessoal fica assim: [ah você trabalha no quadrado mágico? Futebol
basquete vôlei e futsal. Sim eu trabalho bastante.4] Por que é aquilo que a escola me
oferece. [Mas, eu trabalho atletismo 4]. Teve até um fato que eu, numa conversa com a
Vice-Diretora, eu até chorava dentro da escola, porque na minha escola tinha uma menina
que era um fenômeno correndo. [A menina era um fenômeno. Tem de oito para nove
anos e se destacava muito e não em cima das outras meninas, mas em cima dos meninos.
1] Então o destaque era muito grande. [ A quadra nossa era pequena, mas eu simular uma
corrida de 200, para eles aprenderem. O que é uma corrida de 200. Começa ali na curva e
vai terminar na reta lá. Então eu sempre brincava: é um " J". A corrida de 200 é um
“J”. Você sai da curva e termina na reta. 4] E era assim, você punha lá na raia de
dentro, na raia para fora ela chegava certinho. Era do mesmo jeito. Não tinha muita
diferença. Isso foi com os meninos. Com as meninas... então era….[ Eu chorava porque a
cidade não proporciona uma atividade, um apoio para que nós professores possamos passar
essas meninas para a cidade. 1]
Pesquisador: Que é uma escolinha... ou uma turma de Treinamento específico.
Professor 1:
Exatamente. Porque daí você vai ver o que? Você vai ver que tudo que faz na
escola vai perder na esquina. Mas ele vai perder na esquina, porque vai chegar numa certa
idade que na esquina ali tem um dinheirinho mais fácil. [Então nós estamos perdendo
muito, porque nós não temos apoio da área Esportiva para essa formação 1]. Então eu acho
assim: eu, voltando à questão de como eu trabalho, eu trabalho nisso. [Trabalho na questão
histórico 4], [com os fundamentos do jogo 4] e o [contexto do jogo 4] O que é o
jogo, trabalho a questão dos fundamentos até chegar à parte do jogo. Faço isso com o
55
primeiro ao quinto e do sexto ao nono. [São duas aulas de 50 minutos, aqui é diferente
porque é no contra turno.5]
Pesquisador: O que me intriga aqui é essa questão de sexo. Porque é separado
meninos de meninas. Mulheres e homens. Você acha que isso é ruim? É bom?
Professor 1:
[Se nós formos olhar pela questão social eu acho que a mistura de sexos tanto faz
5.] Porquê do primeiro ao quinto é junto. Durante a grade. Influencia? [Pode influenciar na
hora do futebol. Na hora que você der o futsal ou o futebol vai influenciar porque os
meninos... 5]E difícil você pôr na cabeça deles que eles estão ali. A questão do 6º ao 9º
ano eu... não sei se é melhor ou se é pior, porque aqui em Aparecida está.... Na minha
época era assim. Sempre foi assim e essa questão.... [Às vezes eu acho melhor, as vezes eu
acho pior.5]
Pesquisador: Você ensina o esporte de maneira diferente dos meninos para as
meninas ou não?
Professor 1:
Sim. Como a questão do último bimestre. Estou com o oitavo ano. [Para pôr na
cabeça das meninas que é para jogar futsal, é um sacrifício. Elas não querem. É uma outra
só que joga. Elas não jogam 5]. [Então para ela seu trabalho uma parte mais fitness. 4] A
parte de academia. Aí quando você trabalha essa questão com elas. Aí elas se
interessam mais.] [Estamos tendo no Brasil uma evasão muito grande da disciplina de
educação física, principalmente quando é contra turno.5] Os meninos já não. [Um ou outro
não gosta 5]de, mas pelo menos o fundamento ali, a gente conversa, [faz uma avaliação 3]
ali, [na hora de jogar futebol mesmo, o futebol em si, eu deixo a critério. Tem gente que
gosta e tem gente que não gosta. As outras modalidades, handebol, vôlei, basquete eu já
cobro.6] [Acho que tem de participar. 6]Ah Professor eu gosto de luta. Tudo bem mas
participa para você ver o que é, se você vai gostar. [Eu tenho uma participação muito
maior nas outras modalidades do que no futebol. Sempre fica uns 6 que não gostam, que
não sabem jogar. Existe aquela questão... a panelinha.... O gordinho vai para o gol... por
mais que você trabalha isso sempre tem essa questão. Às vezes eu mesmo ia jogar bola e
falava com os caras lá: gente, futebol é para quem sabe. Quem não sabe não pode
56
jogar. Você que está jogando acaba atrapalhando. O cara pegava bola e não sabe nem
chutar a bola. Então aí você.... E o racho de adulto, vira uma guerra tremenda. 6].
Pesquisador: Gostar de fazer. Como você citou alguns pontos da história,
fundamentos sobre os jogos, como você estrutura uma aula sobre o
esporte, independente se ela for teórica ou prática, como que você organizaria? Por
exemplo: ah, hoje eu vou dar aula de…. Sei lá…. Controle de corpo no handebol ou a
história de handebol. Como que você organizaria?
Professor 1:
[Vamos montar um plano de aula. Nós começamos com a parte de aquecimento e
alongamento, explique a importância de se aquecer bem. Ah, mas nós vamos jogar
handebol, porque que eu tenho que aquecer? Porque eu tenho que alongar as pernas? Você
tem que alongar as pernas porque você vai correr. Mesmo você sendo uma criança você
pode ter uma lesão. Isso é uma primeira parte da questão prática. 7] É o
alongamento. [Depois nós passamos para a questão de fundamento. Trabalho com a
questão do fundamento. De quicar a bola, passe com as duas mãos, por cima da
cabeça, passe de ombro com uma mão só, passe quicado, saber que eu posso passar por
cima ou posso passar por baixo. 7] [Então aí vem a parte fundamental até chegarmos a
parte do jogo. Daí já deixa jogar. E durante o jogo, eu vou parando. Para. Isso aqui não
pode. 7] [ Geralmente eu faço a quadra inteira.3 ] [Quando estava acontecendo com o
oitavo ano. Estavam ali poucos meninos, no máximo.... Não dava nem doze... não dava
nem 10... tinha dia que era assim. 5] E o que eu fazia? Por exemplo colocar a meia
quadra. Então a metade da quadra eu colocava, dirigia 2 times, e estava ali.... Olha você
tem 5 chances para fazer um gol. Um time defende e você ataca. Aí deu a 5 e eu
trocava chances. A questão do fundamento até chegar no jogo. Eu sempre trabalho dessa
forma. Mas é sua aula teórica. Pergunto qual.… o que você fez? Sempre tem um que tenha
curiosidade de ler. O outro só faz o cola e cópia. No caso tem a
questão.... Principalmente eu [tento usar a mídia.4] [Olha vai passar um jogo de handebol
feminino na Globo. Assistam para vocês verem e depois a gente conversa.3]
57
Pesquisador: Aqui em Aparecida existe a proposta. Você a utiliza? É pedido
que vocês sigam?
Professor 1: [sim, eu utilizo, não sigo à risca, mas utilizo. A secretaria pede que os
professores sigam a proposta, mas é algo flexível.8]
Quadro 3: Análise ideográfica do Professor 1
Seleção das unidades de significado Unidades de significado na linguagem
do pesquisador
1. O esporte começa na escola.
O esporte da escola que não existe,
não tem mais como fornecer atletas
para a própria cidade.
O esporte da escola é de suma
importância, essencial para o esporte
nacional.
Do 6º ao 9º ano eu acho que é uma
situação onde começa a base para a
formação de um atleta.
Formação de base, fundamentos, é um
trabalho que o atleta vai desenvolver
ao longo do esporte que ele precisa
praticar.
A menina era um fenômeno. Tem de
oito para nove anos e se destacava
muito e não apenas em cima das
outras meninas, mas em cima dos
meninos.
Eu chorava porque a cidade não
proporciona uma atividade, um apoio
para que nós professores
pudéssemos passar essas meninas para
a cidade.
Então nós estamos perdendo
1. O professor relata que o primeiro
contato do indivíduo com o esporte
é na escola. Descreve ainda que a
Educação Física Escolar é um
espaço para formação de atleta,
mas, ultimamente, não está
conseguindo atender esse aspecto.
Reforça a ideia de que a Educação
Física escolar deve formar a base
para ser um atleta, começando do
6º ao 9º ano.
O professor comenta ainda sobre a
falta de apoio da prefeitura para a
formação de atletas, pois os
talentos esportivos escolares não
têm um local em que pudessem
melhorar suas habilidades e
capacidades esportivas.
58
muito, porque nós não temos apoio da
área Esportiva para essa formação.
2. Eu penso que o esporte, é o que mais
vai conseguir ensinar regras para uma
pessoa.
Ele não pode roubar, ele não pode
furtar, ele não pode matar, ele não
pode fazer o tráfico, então são as
comparações que nós fazemos entre
as regras esporte com a regra da vida.
Para criança saber que tudo tem
regra e essa regra pode usar dentro da
escola como fora da escola
Da mesma forma que você vai ensinar
no jogo coletivo. É saber que um
atleta depende do outro. Não é só uma
pessoa que vai resolver o jogo, você
ensinar criança através do esporte a
trabalhar o coletivo
A trabalhar até mesmo com outras
pessoas numa empresa e saber que ele
vai precisar do outro.
Ensinar ele, através do esporte, um
pouco de cidadania
Você usar o esporte para essa questão
social e a formação do cidadão
mesmo.
Dois eu sei que eu perdi para as
drogas. Mas a maioria está no exército
ou trabalha.
Eu penso que o esporte pode auxiliar
pessoas na questão social.
Usarmos o esporte como matéria de
2. O professor faz uma relação entre o
aprendizado do esporte na escola e
a vida dos alunos. A partir do
esporte escolar, o aluno aprende os
valores que são básicos para a
sociedade, tais como: amizade,
solidariedade, respeito, união,
coletividade, cidadania e ética.
Com isso, os alunos buscam
caminhos corretos em suas vidas.
Nesse aspecto, o professor comenta
também que o esporte de alto
rendimento traz algumas questões
negativas, como o doping.
59
educação para cidadania através do
jogo.
Sempre lembrar: é jogo coletivo.
Lógico que nós também temos alguns
problemas dentro do esporte como foi
o caso da Rússia. Quase toda a equipe
russa de atletismo foi pega com
problema de doping. Isso não é uma
questão certa. Isso não é ser um
cidadão de bem. A partir do momento
que você usa qualquer tipo de
droga para se dar bem você está
burlando as regras.
3. Base esportiva começa desde de os 8
ou 9 anos de idade, desde que seja de
forma lúdica ou pré desportiva.
Passo jogos pré desportivos.
Você começa a passar o jogo você
coloca uma regra depois você explica
o que pode e o que não pode,
Vamos jogar o joguinho dos dez
passes. Saber que tem que passar,
fazer o nunca três e quicar a bola.
E assim você vai evoluindo até
chegar, um faz cesta aqui e o outro
faz cesta do outro lado do jogo. Até
chegar o visual do jogo.
Apesar do 6º ao 9ّº gente sempre
deixar jogar mais. Daí apita
para. Não. Olha o jogo não é para
fazer isso. Até chegar à parte do jogo.
De vez em quando eu peço
trabalho, converso, porque do sexto
3. Para ensinar o esporte na escola, o
professor utiliza atividades lúdicas
e jogos pré-desportivos.
Através do jogo também vai
pontuando as regras da modalidade.
Depois destas estratégias iniciais, o
professor vai aumentando a
complexidade até tentar aproximar
o esporte escolar do esporte formal.
Para isso, faz pequenas pausas
durante a aula e vai explicando
sobre a modalidade.
Além disso, pesquisas na internet e
trabalhos escritos também são
estratégias para que os alunos
aprendam sobre os esportes.
Do 6º ao 9º ano, o professor realiza
provas teóricas para avaliar o
aprendizado dos alunos sobre o
esporte.
60
ao nono, não tem que ficar
explicando, já peço trabalho. Instigar
a curiosidade deles para saber.
A escola pede, às vezes dá uma
avaliação tudo sobre aquilo ali, a
história, sobre a parte histórica da
modalidade.
Olha vai passar um jogo de handebol
na Globo. Assistam para ver se vocês
gostam depois a gente conversa.
Além disso, solicita que os alunos
assistam a algum tipo de esporte na
televisão para, depois, realizar uma
discussão sobre o assunto na aula
de Educação Física escolar.
4. Eu passo aula teórica, explico de onde
surgiu e como surgiu, como que foi
criado aquele esporte.
Então eu explico como funciona o que
é aquele esporte como se
desenvolveu, a história do esporte é o
que eu acho essencial tem gente que
acha que não tem nada a ver passar,
mas eu gosto de saber da onde veio,
porque que foi criado aquele
exportem. Principalmente a questão
de fundamentos básicos trabalhar
muita habilidade né.
Basquete quicar a bola com uma das
mãos, com as duas, sempre com as
duas depois com uma mão só para a
criança aprender a quicar a bola com a
direita com a esquerda, devolver
habilidade motoras.
Até que eu chegue na parte das regras.
Tento usar a questão da mídia.
4. Com relação aos conteúdos ligados
ao esporte, o professor relata
explicar sobre o histórico, como
surgiu a modalidade e possíveis
curiosidades.
Destaca ensinar os fundamentos
das modalidades, além das
habilidades motoras e as regras
necessárias para a prática esportiva.
5. São duas aulas de 50 minutos, aqui é
diferente por é no contra turno.
5. As aulas nesta cidade pesquisada
acontecem no contra turno e ainda
61
Se nós formos olhar pela questão
social eu acho que a mistura de
gêneros tanto faz. Às vezes eu acho
melhor, as vezes eu acho pior.
Pode influenciar na hora do futebol.
Na hora que você der o futsal ou o
futebol vai influenciar porque os
meninos...
Para pôr na cabeça das meninas que é
para jogar futsal, é um sacrifício. Elas
não querem. É uma outra só que
joga. Elas não jogam.
Estamos tendo no Brasil uma evasão
muito grande da disciplina de
educação física, principalmente
quando é contra turno.
Quando estava acontecendo com o
oitavo ano. Estavam ali poucos
meninos, no máximo.... Não dava nem
doze... não dava nem 10... tinha dia
que era assim.
são separadas por sexo. Para o
professor, a relação entre os sexos
não faz muita diferença.
Comenta que se a modalidade a ser
ensinada for o futsal, os meninos
irão reclamar por jogar com as
meninas que também não gostam
de jogar essa modalidade. Diante
disso, a separação faz sentido.
É relatado, ainda, um problema
relacionado à evasão, pois, como é
no contra turno, muitos alunos não
vão.
6. Na hora de jogar futebol mesmo, o
futebol em si, eu deixo a critério. Tem
gente que gosta e tem gente que não
gosta.
As outras modalidades,
handebol, vôlei, basquete eu já
cobro. Acho que tem de participar. Eu
tenho uma participação muito
maior nas outras modalidades do que
no futebol. Sempre fica uns 6 que não
gostam, que não sabem jogar.
Existe aquela questão... a
6. Durante as aulas, o professor
comenta que, ao aplicar a
modalidade futsal, poucos alunos
participam e que cobra a
participação nas outras
modalidades. No caso do futsal, é
permitido fazer quem apenas gosta.
Pois este professor afirma que o
futsal é para quem sabe, quem não
sabe acaba atrapalhando.
62
panelinha.... O gordinho vai para o
gol... por mais que você trabalha
isso sempre tem essa questão. Às
vezes eu mesmo ia jogar bola e falava
com os caras lá: gente, futebol é para
quem sabe. Quem não sabe não pode
jogar. Você que está jogando
acaba atrapalhando. O cara pegava
bola e não sabe nem chutar a
bola. Então aí você.... E o racho de
adulto, vira uma guerra tremenda.
7. Vamos montar um plano de aula. Nós
começamos com a parte
de aquecimento e
alongamento, explique a importância
de se aquecer bem. Ah, mas nós
vamos jogar handebol, porque que eu
tenho que aquecer? Porque eu tenho
que alongar as pernas? Você tem que
alongar as pernas porque você vai
correr. Mesmo você sendo uma
criança você pode ter uma lesão. Isso
é uma primeira parte da questão
prática
Depois nós passamos para a questão
de fundamento. Trabalho com a
questão do fundamento. De quicar a
bola, passe com as duas mãos, por
cima da cabeça, passe de ombro com
uma mão só, passe quicado, saber que
eu posso passar por cima ou posso
passar por baixo. Então aí vem a parte
fundamental até chegarmos a parte do
7. O professor afirma que a aula é
iniciada com o aquecimento
alongamento. Durante essas
atividades, explica a importância de
cada uma para os alunos. Em
seguida, coloca em prática a
execução dos fundamentos da
modalidade que irá ser ensinada na
aula. Logo após, entra a parte
principal composta pelo jogo. Nela,
o professor deixa que os alunos
joguem, mas faz algumas pausas
para explicações.
63
jogo. Daí já deixa jogar. E durante o
jogo, eu vou parando. Para. Isso aqui
não pode
8. Sim, eu utilizo, não sigo à risca, mas
utilizo. A secretaria pede que os
professores sigam a proposta, mas é
algo flexível.
8. Há uma proposta com os
conteúdos a serem desenvolvidos
pelas disciplinas. O professor segue
esse plano de referência. É pedido
pela Secretaria de Educação da
cidade que seja seguido pelos
professores.
Perfil individual do Professor 1
(1) O professor coloca que o esporte começa na escola. Sendo assim, é um local
que formará a base atlética dos alunos para que possam participar de competições
representando a cidade a qual pertencem. No entanto, essa relação entre escola e apoio
municipal está diminuindo a cada dia, pois o profissional de Educação Física ensina a base
esportiva para os alunos, mas o poder municipal não fornece subsídios, instalações e
professores para que estes jovens sejam aperfeiçoados e possam se tornar atletas
representantes da cidade.
(2) Ao falar sobre os aspectos educativos do esporte, o professor destaca que,
durante as aulas de conteúdo esportivo, os alunos são estimulados a desenvolverem valores
básicos para viver em sociedade, ou seja, amizade, solidariedade, respeito, ética,
honestidade, união, coletividade e cidadania. Sendo assim, o aluno que vivencia a prática
esportiva acaba seguindo por caminhos corretos na vida. Porém, comenta também que o
esporte possui pontos negativos que os alunos precisam aprender como é o caso do doping,
algo ilegal, mas que muitos atletas fazem uso para que possam atingir resultados melhores.
(3, 4) Com relação às estratégias utilizadas, o docente aponta atividades recreativas
ou lúdicas, jogos pré-desportivos e o esporte propriamente dito. Relata sempre intervir
durante as atividades para que os alunos compreendam a modalidade esportiva ensinada.
Trabalhos escritos e pesquisa na internet também são aplicados para que possam aprender
sobre a modalidade esportiva em questão. Alguns conteúdos ficam evidentes na fala do
64
professor, tais como: a história, pontos relevantes da modalidade, os fundamentos,
habilidades motoras específicas e as regras de cada esporte.
(5) Existe uma peculiaridade nesta cidade, pois as aulas de Educação Física são no
contra turno e separadas por sexo. Em seu discurso, o professor demonstra este primeiro
aspecto que faz com que a aula não tenha tantos alunos frequentes, ocasionando, assim, um
elevado índice de evasão. No que se refere à relação entre os sexos, parece não ser algo
importante para o professor. É um ponto importante, pois meninas têm interesses diferentes
dos meninos. Com isso, turmas mistas dificultariam a prática de determinadas modalidades
esportivas, como, por exemplo, o futsal.
(6, 7) O professor faz um breve comentário sobre sua atuação e intervenção durante
as aulas, cita a questão do futsal, dando a entender que essa é uma modalidade para quem
sabe, pois quem não domina este esporte não deve jogar e que casos de exclusão sempre
acontecem. Com isso, há uma participação menor por parte dos alunos. Destaca ainda que,
nas outras modalidades esportivas, há uma cobrança maior de sua parte para que os alunos
participem. A organização da aula deste professor é marcada pelo aquecimento e
alongamento e por uma sequência de repetição dos fundamentos. Logo após o jogo em si,
não relata se há um fechamento da aula.
(8) A proposta desenvolvida pela Prefeitura Municipal é composta pelos conteúdos
para todas as disciplinas. Os professores são orientados a seguirem estes conteúdos, porém
o professor relata que modificações podem ser realizadas.
6.1.2 Transcrição do discurso do Professor 2
Pesquisador:
1 - O que você pensa sobre o esporte na escola do 6º ao 9º ano?
Professor 2:
[O esporte na escola teve uma fase muito boa na qual você conseguiria trazer o
aluno para o convívio da atividade física através do esporte. Hoje, atualmente, foi deixado
um pouco de lado, mas ainda é praticado na escola nas aulas de Educação física 1] [pelo
menos as noções básicas você passa para o aluno para que ele, no futuro, em outro local,
ele possa ter um conhecimento que prática esportiva está sendo realizada 2], então o
esporte está nesta fase na escola.
65
[Do 6º ao 9º ano a maioria dos professores tem o seu plano de ensino engessado. 1]
[Cada bimestre ele ainda trabalha uma modalidade esportiva, então no primeiro bimestre
ele foca voleibol, no segundo bimestre foca handebol, no terceiro bimestre, quando tem
condições, estrutura, ele foca o basquete e deixa o futsal para o final do ano, onde vai fazer
um torneio, vai fazer o famoso inter classe. 4]
Pesquisador: Esse é mais o geral.
Professor 2:
Esse é o currículo engessado e a gente sabe o que acontece.
Pesquisador: Mas vocês fizeram um acordo entre vocês ou não? Isso é o que
você imagina e acaba vivenciando?
Professor 2:
[Na Secretaria de Educação de Aparecida teve uma reunião e, nessa reunião, com
os professores de Educação física, foi elaborado um livro de apoio e nesse livro foi
colocado os conteúdos que nós devemos seguir. Não é o definitivo, mas foi apenas um
apoio.8]
Pesquisador: Mas ainda é pedido?
Professor 2:
[Ainda é cobrado alguma coisa em relação ao que a gente planejou.8] Quando o
coordenador da escola tem uma visão, ele tem um pouco de conhecimento sobre Educação
física, que é raro, ele se interessa em ver o que o professor está passando para o aluno.
Porque infelizmente a formação dos nossos coordenadores é a pedagogia e voltada para a
alfabetização. [Então nós também de Educação física, nas nossas atividades, nós ajudamos
a professora de sala na alfabetização, a matemática, no português com jogos recreativos,
com jogos adaptados, 2] mas poucos coordenadores têm visão então a [gente fica muito
amarrado, preso a verificar se o aluno está sabendo ler, escrever e interpretar. 2]
Pesquisador: 2 - Quais são seus objetivos educativos ao ensinar o esporte na
escola?
66
Professor 2:
[Olha eu sempre trabalhei com turma de treinamento. Eu vim de turma de
treinamento certo? Eu comecei no basquete, passei pelo handebol, finalizei agora com o
técnico de vôlei. Essa turma de treinamento visava a participação dos jogos regionais
então a cidade tem que participar dos jogos regionais porque senão ela não é incluída no
projeto do Estado. É verba e vários benefícios. Na escola então existe turma de
treinamento. 1] Ao professor era atribuída a ele aulas. [Ele fazia no contra turno, aquele
aluno que se destacava e que se você percebesse que habilidade dele estava um pouquinho
acima dos demais e aí você trazia para o treinamento. O importante citar aqui é que o
aluno não era bem de português, matemática, ciência, geografia, biologia, mas ele se
destacava na Educação física, no esporte. Então professor de Educação física, muitas
vezes, ele tinha que brigar.... Não sei se é o termo... para aquele aluno poder frequentar as
aulas de treinamento, porque para os outros professores esse aluno não merecia. 1] [Então
eles não viam que o professor estava tentando resgatar esse aluno do outro lado. Está
tentando mostrar para o aluno que por esse caminho aqui o futuro seu vai ser melhor do
que se você for para o outro caminho. Então essa visão que o professor de Educação física
tem e que muitas vezes não é compreendido.2]
Pesquisador: A questão dos valores do esporte?
Professor 2:
Isso. [E o aluno que frequentou turma de treinamento, participou numa competição,
ele fica diferenciado. Você percebe que ele começa a mudar as atitudes dele porque ele
percebe que dentro da quadra, onde o professor coloca os valores dele de vida, ele percebe
que aquele caminho é o caminho correto então ele começa a deixar de lado o caminho
errado e hoje, na verdade, que está acabando com a nossa educação. 2]
Pesquisador: Mas você acha que, dentro da escola, o esporte consegue resgatar
esses valores sem levar a questão do treinamento? O senhor tem essa visão que o
aluno desenvolve de outras maneiras ou não?
Professor 2:
[Chegar... fazer a prática e adeus. Não tem uma conversação, não tem uma roda de
conversa, não escuta o aluno. Muitas vezes o professor de Educação física é o professor
67
que vai escutar o aluno nas suas dificuldades 3] e ele vai ter que estudar, vai ter que fazer
diversas leituras para poder orientar os alunos.
Pesquisador:
3 - Me fale sobre como você ensina conteúdos esportivos nas aulas de educação
física:
Professor 2:
[Olha eu adotei Educação física construtivista, ou seja, você parte de um exercício
com menor dificuldade até chegar no exercício complexo. Então todas as aulas você coloca
um desafio. Então você coloca um desafio pequeno hoje, amanhã um médio e depois um
complexo. E o esporte é a mesma coisa. 3] [Você começa o esporte pela iniciação e depois
vai para o aperfeiçoamento. Na iniciação é o básico e depois o aperfeiçoamento.... Aí já é
uma coisa mais complexa. Aí você já começa a pensar a competir com outras equipes 1]
[Nas aulas todos os alunos participam da atividade então na aula de Educação física a
maioria dos desafios são pequenos. Por que você pensa englobar toda a turma. Não é mais
engessado: meninos e meninas, os bons e os ruins...hoje não. Hoje nós temos a inclusão
presente na nossa sala. Tem que saber passar uma atividade para toda turma.6]
Pesquisador: E a iniciação... Você pensa que é do primeiro ao quinto e o
aperfeiçoamento do sexto ao nono?
Professor 2:
[Iniciação é a base. Desde o primeiro ano até o quinto ano eu gosto de frisar que a
única disciplina que ensina o aluno a competir é Educação física, ou seja, ele trabalha
desde o primeiro ano como psicológico da criança, ensinando a criança que ela vai
competir. Ela vai ter que competir nesse mundo capitalismo nosso. Eu sempre friso isso, a
Educação física é a única disciplina que ensina criança a competir. 1]
Pesquisador: E, pensando na estrutura, você dá aula como organiza?
Professor 2:
Eu tenho colegas, que a aula é dividida em três tempos, tenho colegas de aula
dividida em quatro tempos. [Você começa com uma roda de conversa, você pode colocar
alongamento, você faz a parte principal que é o conteúdo da aula, depois você vai faz uma
68
volta calma. 7] Isso eu acho que é o básico de uma aula. Existe aquela aula que é
diferenciada. [Aula show que os loucos como nós ainda conseguem fazer que é colocar
uma peruca, uma pintura, montar uma gincana e montar um torneio, um concurso 3] e você
dá a cara a tapa, e você consegue [fazer uma aula diferenciada, mas não é todo dia não] 6
Temos condição de fazer isso, mas não é todo dia. [Todo mundo quer trabalhar com a faixa
etária adulta porque a criança de hoje é diferente criança da nossa época.6]
Pesquisador: Com relação às aulas serem no contra turno, qual a sua opinião?
Professor 2:
[Na minha opinião, dessa forma é muito produtiva, pois os alunos vêm com o
intuito de fazer aula. 5]
Pesquisador: Mas, e a questão do sexo?
Professor 2:
[Bom, turmas mistas é complicado. E eles já fazem junto do primeiro ao quinto
ano, então do sexto ao nono, separado fica melhor. 5]
Pesquisador: Alguma coisa mais a acrescentar?
Professor 2:
Eu gostaria de dizer para vocês que estão chegando aí...estão fazendo
mestrado...existe muita filosofia na Educação física. Então até o nosso nome está
mudando: é professor, educador, é preparador físico, educador físico, mas a base a
consistência da Educação física é a mesma. Ela não muda. Isso quem está fazendo
mestrado percebe isso. É o que a gente gostaria de passar para vocês. [Tenho orgulho de
ser professor Educação física, independentemente da situação financeira, você tem que
gostar de dar aula, você tem que fazer uma atividade com amor, com prazer e a criança
reconhece isso. 6]
Quadro 4: Análise ideográfica do Professor 2
Seleção das unidades de significado Unidades de significado na linguagem
do pesquisador
1. O esporte na escola teve uma fase
muito boa, na qual você conseguiria
1. O esporte escolar, antigamente,
estava voltado ao resgate do aluno
69
trazer o aluno para o convívio da
atividade física através do esporte.
Hoje, atualmente, foi deixado um
pouco de lado, mas ainda é praticado
na escola nas aulas de Educação
física.
Olha eu sempre trabalhei com turma
de treinamento. Eu vim de turma de
treinamento certo? Eu comecei no
basquete, passei pelo handebol,
finalizei agora com o técnico de vôlei.
Essa turma de treinamento visava a
participação dos jogos regionais então
a cidade tem que participar dos jogos
regionais porque senão ela não é
incluída no projeto do Estado. É verba
e vários benefícios. Na escola então
existe turma de treinamento.
Ele fazia no contra turno, aquele
aluno que se destacava e que se você
percebesse que habilidade dele estava
um pouquinho acima dos demais e aí
você trazia para o treinamento. O
importante citar aqui é que o aluno
não era bem de português,
matemática, ciência, geografia,
biologia, mas ele se destacava na
Educação física, no esporte. Então
professor de Educação física, muitas
vezes, ele tinha que brigar.... Não sei
se é o termo... para aquele aluno poder
frequentar as aulas de treinamento,
porque para os outros professores esse
para a prática da atividade física,
mas, de acordo com o Professor 2,
o esporte na escola está um pouco
esquecido.
Este professor comenta que, por
muitos anos, esteve envolvido
com turmas de treinamento de
diferentes modalidades esportivas
que tinham como objetivo a
competição.
Relata ainda que o esporte
escolar começa com a iniciação
como pontos básicos da
modalidade, do 1º ao 5º ano.
Logo, do 6º ao 9º ano, acontece o
aperfeiçoamento com a
introdução das competições.
70
aluno não merecia.
Você começa o esporte pela iniciação
e depois vai para o aperfeiçoamento.
Na iniciação é o básico e depois o
aperfeiçoamento.... Aí já é uma coisa
mais complexa. Aí você já começa a
pensar a competir com outras equipes.
Iniciação é a base.
2. Pelo menos umas noções básicas você
passa para o aluno para que ele, no
futuro, em outro local, ele possa ter
um conhecimento que prática
esportiva está sendo praticada.
Então nós também de Educação física,
nas nossas atividades, nós ajudamos a
professora de sala na alfabetização, a
matemática, no português com jogos
recreativos, com jogos adaptados, a
gente fica muito amarrado, preso a
verificar se o aluno está sabendo ler,
escrever e interpretar.
Então eles não viam que o professor
estava tentando resgatar esse aluno do
outro lado. Está tentando mostrar para
o aluno que por esse caminho aqui o
futuro seu vai ser melhor do que se
você for para o outro caminho. Então
essa visão que o professor de
Educação física tem e que muitas
vezes ele não é compreendido.
E o aluno que frequentou turma de
treinamento, participou numa
competição, ele fica diferenciado.
2. O professor destaca que o esporte
escolar irá colaborar para que o
aluno consiga, futuramente,
prestigiar o esporte e reconhecer
alguns pontos importantes da
modalidade.
Com relação ao ambiente escolar,
deixa claro que o esporte escolar,
hoje, tem a função de colaborar
com o desenvolvimento dos
alunos de maneira
interdisciplinar, sendo um auxílio
para as outras disciplinas.
No entanto, aquele aluno que
participa ativamente das
atividades esportivas é
considerado diferenciado dos
demais, pois ele aprende alguns
valores importantes que carregará
para sua vida.
71
Você percebe que ele começa a mudar
as atitudes dele porque ele percebe
que dentro da quadra, onde o
professor coloca os valores dele de
vida, ele percebe que aquele caminho
é o caminho correto então ele começa
a deixar de lado o caminho errado e
hoje, na verdade, que está acabando
com a nossa educação.
3. Chegar...fazer uma prática e adeus.
Não tem uma conversação, não tem
uma roda de conversa, não escuta o
aluno. Muitas vezes o professor de
Educação física é o professor que vai
escutar o aluno nas suas dificuldades.
Olha eu adotei Educação física
construtivista, ou seja, você parte de
um exercício com menor dificuldade
até chegar no exercício complexo.
Então todas as aulas você coloca um
desafio. Então você coloca um desafio
pequeno hoje, amanhã um médio e
depois um complexo. E o esporte é a
mesma coisa.
Jogos recreativos e jogos adaptados.
Aula show que os loucos como nós
ainda conseguem fazer que é colocar
uma peruca, uma pintura, montar uma
gincana e montar um torneio, um
concurso.
3. O professor relata utilizar a roda
de conversa, o construtivismo,
tendo, assim, uma progressividade
entre os exercícios, ou seja, do
mais simples para o mais
complexo.
Comenta ainda que, em alguns
dias, faz uso de gincanas, torneios
e concursos para motivar a
participação dos alunos.
4. Cada bimestre ele ainda trabalha uma
modalidade esportiva, então no
primeiro bimestre ele foca voleibol,
4. Os conteúdos são organizados por
bimestres, de acordo com o a
proposta para a disciplina. Assim,
72
no segundo bimestre foca handebol,
no terceiro bimestre, quando tem
condições, estrutura, ele foca o
basquete e deixa o futsal para o final
do ano, onde vai fazer um torneio, vai
fazer o famoso Inter classe.
em cada um, está presente uma
modalidade esportiva; voleibol,
handebol, basquete e futsal.
5. Na minha opinião, dessa forma é
muito produtiva, pois os alunos vêm
com o intuito de fazer a aula.
Bom, turmas mistas é complicado. E
eles já fazem junto do primeiro ao
quinto ano, então do sexto ao nono,
separado fica melhor.
5. A questão do contra turno é bem
vista pelo professor e, além disso,
a separação por sexo facilita a
realização de seu trabalho.
6. Nas aulas todos os alunos participam
da atividade então na aula de
Educação física a maioria dos
desafios são pequenos. Por que você
pensa englobar toda a turma. Não é
mais engessado: meninos e meninas,
os bons e os ruins...hoje não. Hoje nós
temos a inclusão presente na nossa
sala. Tem que saber passar uma
atividade para toda turma.
Todo mundo quer trabalhar com a
faixa etária adulta porque a criança de
hoje é diferente criança da nossa
época.
Tenho orgulho de ser professor
Educação física, independentemente
da situação financeira, você tem que
gostar de dar aula, você tem que fazer
uma atividade com amor, com prazer
e a criança reconhece isso.
6. As aulas de Educação Física são
compostas por alunos
heterogêneos. Sendo assim, os
desafios são pequenos para que
todos possam atingir os objetivos
almejados, tendo a consciência
que a aula deve ser organizada de
uma forma que englobe a turma
toda.
Diante desses desafios, muitos
profissionais estão se distanciando
da escola, pois preferem trabalhar
com adultos a crianças e
adolescentes. Sendo assim, o
professor relata que, para ser um
professor de Educação Física
escolar, é necessário gostar de
lecionar, pois, dessa forma, o
profissional terá um maior
comprometimento com as aulas e
73
isso acarreta o reconhecimento
dos alunos.
7. Você começa com uma roda de
conversa, você pode colocar
alongamento, você faz a parte
principal que é o conteúdo da aula,
depois você vai faz uma volta calma.
7. A estrutura de aula é composta
por quatro partes: uma roda de
conversa inicial, alongamento,
parte principal e a volta à calma.
8. Na secretaria de Educação de
Aparecida teve uma reunião e, nessa
reunião com os professores de
educação física, foi elaborado um
livro de apoio e nesse livro foi
colocado os conteúdos que devemos
seguir. Não é o definitivo, mas é
apenas um apoio.
Ainda é cobrado alguma coisa em
relação ao que a gente planejou.
Do 6º ao 9º ano a maioria dos
professores tem o seu plano de ensino
engessado.
8. O livro de apoio foi elaborado
pelos próprios professores, mas
não todos. É uma referência em
relação ao conteúdo das aulas que
devem ser seguidos pelos
professores.
Dessa forma, o plano de ensino se
torna engessado.
Perfil individual do Professor 2
(1) O Professor 2 afirma que sempre esteve envolvido com turmas de treinamento
de diferentes modalidades esportivas e que, antigamente, o esporte conseguia envolver o
aluno para uma continuidade na prática de uma atividade física. Porém, as escolas
municipais não possuem estas turmas de treinamento, apenas a escolas estaduais. Diante
disso, o esporte está um pouco esquecido no ambiente escolar.
(2) Parece que, na visão deste professor, o esporte escolar é visto pelas outras
disciplinas apenas como um suporte para auxiliar nos demais aprendizados escolares, mas
também pode colaborar para que o aluno aprenda a prestigiar uma modalidade esportiva.
Além disso, os alunos que participam ativamente do esporte aprendem valores importantes
para a vida em sociedade.
74
(3,4) A organização didática é realizada e embasada pela abordagem pedagógica
construtivista, utiliza, durante as aulas, rodas de conversa, exercícios progressivos, jogos
recreativos e adaptados, concursos, torneios e gincanas. O conteúdo está voltado para o
aprendizado dos esportes coletivos de quadra.
(5, 6, 7) O fato das aulas serem no contra turno e separadas por sexo são produtivas
e ocasionam uma melhor participação dos alunos nas atividades, mas isso não impede que
as turmas ainda sejam heterogêneas. Sendo assim, é necessário que o professor planeje
uma aula que possa englobar e atender as necessidades todos os alunos. Dessa forma, a
aula é dividida em quatro partes: uma roda de conversa inicial, alongamento, parte
principal e a volta à calma.
(8) O livro didático é uma referência para os professores elaborarem suas aulas. A
Secretaria de Educação orienta para que os professores sigam os conteúdos. O ponto
positivo é que este livro foi discutido e desenvolvido por alguns professores efetivos da
rede.
6.1.3 Transcrição do discurso do Professor 3
Pesquisador:
1 - O que você pensa sobre o esporte na escola do 6º ao 9º ano?
Professor 3:
[ Bom hoje eu acho que é um muito importante o esporte na escola porque o mundo
lá fora está tão difícil e quanto mais agente trazer as crianças para dentro da escola, 1]
desenvolver um trabalho, [vamos supor o treinamento com crianças onde eles possam
escolher as modalidades que eles gostem, e com isso vão se empenhar mais, ter mais
educação e quem sabe surge um atleta na escola.1] Quando a criança se determina com
uma modalidade que ela se identifica melhor com certeza ela vai produzir mais ainda do
que uma criança que não gosta de tal modalidade. [ Não adianta se não gosta de vôlei e
coloca para jogar vôlei.1]
Pesquisador: E o esporte dentro da escola? O que você acha que representa
para a escola na sua visão? Seria importante? É básico? Ou o esporte deixou de ser
importante dentro da escola?
Professor 3:
75
A própria direção e o próprio Professor mesmo. Eu acho que às vezes não dão valor
no que a gente sente, no que a gente é tão importante nesse esporte, [porque no esporte a
gente desenvolve várias modalidades, pode ajudar várias crianças dentro da sala de aula,
coordenação motora, escrever, concentração, lateralidade, a criança vai identificar de
várias maneiras que a gente pode ajudar na sala de aula. 2] Eu acho que como está hoje,
para mim não aceito, do jeito que está hoje. [No contra turno onde acaba não rendendo
muito. As crianças acabam 80% não indo na Educação física. A maioria não produz,
porque não vão e acaba ficando com nota vermelha porque não vai, não pode avaliar a
criança.5]
Pesquisador: Eles não ligam se ficar com nota vermelha?
Professor 3:
Eles não ligam. [ Eles não se preocupam, por mais que você vá dar um trabalho
alternativo para eles, mas eles não vão. Ele não aparece. Ele não é assíduo então vão
poucas crianças. Uma turma de 30 a 40 alunos vão 6, 7 ou 8. 5]
Pesquisador: Então, do sexto ao nono, é como se não tivesse?
Professor 3:
[Como se não tivesse. Principalmente do sexo masculino dá bastante, agora do
sexo feminino não é muito positivo não porque eu acho que tinha que ser no mesmo turno
do dia. Iria ser mais produtivo...5]
Pesquisador: Isso é uma peculiaridade de Aparecida porque em Guará, por
exemplo, é dentro da grade. A maioria das cidades é dentro da grade.
Professor 3:
[Agora as outras cidades estão ficando também. Potim já é assim, então acho que
não é muito produtivo. 5] [Você pode trabalhar muita coisa com criança não só o esporte
ou modalidade como outras coisas como qualidade de vida, alimentação, várias coisas que
você pode trabalhar com ela, mas o aluno não está presente.4] Outra coisa, a gente não está
em sala de aula quando é contra turno. Então você fica focado ali no esporte, eu dava...
para você entender, eu explico as partes mais rápidas, os principais e dava a provinha, mas
não é produtivo para mim não, tinha que uma sala preparada para passar vídeo, enxugar o
conteúdo, acaba dificultando.
76
Pesquisador: Também tem a relação de sexo, não é? Como você vê isso?
Professor 3:
[Desse modo eu acho positivo porque acabar trabalhando uma... vamos supor, uma
dessa específica as meninas uma ginástica e com os meninos não. Eles não irão aceitar
isso. Acaba atrapalhando. Nesta específico de separar, eu acho positivo. 5]
Pesquisador: Quais são seus objetivos educativos para ensinar o esporte na
escola? O que você pensa sobre isso? Eu vou ensinar o esporte por quê? O que é bom
para o aluno?
Professor 3:
[Eu acho que o esporte tem muitas regras e hoje em dia o que está faltando é regra
para as crianças, respeito. Porque no esporte o que a gente pensa: tem que ter respeito com
atleta...ter responsabilidade porque quando você vai numa modalidade ele tem que ter o
respeito com colega, 2] isso eles não têm muito então a gente vai buscando isso para ele.
Quando você vai explicar o[ fundamento, o jogo, 4]onde [você não pode machucar o
colega, que tem seu respeito, 2] quando jogar isso a gente vai ter que estar falando várias
vezes para o aluno. É uma parte muito importante você perde bastante tempo fazendo isso
com eles ao invés de estar dando aula, porque falta muito deles. [Eles não têm regras. Falta
muita regra para ele. Você está explicando a regra de uma modalidade você tem que
explicar que aquilo ali é daquele jeito, tem de fazer daquele jeito, é uma regra que vai
servir para eles também quando a gente tem regra da vida vamos supor: trabalhar. É o
horário para chegar na escola, horário para chegar no trabalho, tempo de terminar aquela
regra para eles sabendo que eles vão ter que cumprir pelo resto da vida dele 2]
Pesquisador:
3- Me fale sobre como você ensina conteúdos esportivos nas aulas de Educação
física: como você faz, que estratégia utiliza, roda de conversa, jogos, brincadeiras?
Professor 3:
[Quando eu começo uma modalidade de acordo com o livro didático da escola.
8] [Daí eu vou passar determinada modalidade, eu vou começar a explicar logo as
regrinhas depois eu vou para os fundamentos 4], a [escola que tem condições eu passo um
vídeo, o que não tem a gente não faz. 3] [Aí vai começar a prática dos
77
fundamentos, devagar, 4] [depois vai para o jogo... tem sala que a gente faz adaptação. 3]
Do sexto ao nono é a dificuldade que eu falei para você. [Quando é contra turno e você não
tem a sala passo básico. Eu passo apostila para eles e eu explico o que está na apostila para
eles. 3]
Pesquisador: Você faz um caderninho para seguir?
Professor 3:Sim. [Para os alunos seguirem depois a gente explica, dá uma provinha
e dá trabalho também.3]
Pesquisador: Mas, como tem poucos alunos, a parte prática fica mais difícil de
fazer?
Professor 3:
Fica mais difícil. [Porque tem dia que não dá nenhum time, vamos supor uma
modalidade de voleibol você precisa de 12. 5] Você não vai ter na verdade. [A gente
trabalha mais com adaptação do que com o jogo.3] Porque as crianças mesmo têm muitas
dificuldades. [As crianças que não tiveram uma boa parte pedagógica desde primeiro ano
chegam ao sexto ano que não sabe nem segurar uma bola 1]. Isso atrapalha. [E hoje um dia
de trabalho com muito aluno de inclusão. Daí a gente tem que estar adaptando aula de
acordo, para ele para não se sentir excluído da aula. Eu tenho uma cadeirante. Tem dia que
eu dou uma atividade determinada só para ela, mas tem dia que eu dou uma queimada. Ela
também participa porque eu faço o jogo voltado para ela. 6] Igual de tabela de basquete,
não tem. Tem várias coisas que às vezes não depende do professor, depende do que a gente
tem que trabalhar. Às vezes ele não tem material. Aí você tem que trazer seu material.
[Tem escola que não tem quadra. Aqui tem. Por exemplo Chagas que eu dou aula. Lá não
tem quadra. Então eu trabalho no pátio. Eles vão para o sexto ano sem saber. Sem ter
jogado numa quadra.6]. [Tem um livro didático, também o livro da Educação física. Não
um livro. É um plano uma referência.8]
Pesquisador: Você utiliza o livro? É pedido para que vocês o utilizem?
Professor 3:
[É pedido. A secretaria pede para todos porque eu falei para você que são vários
bimestres. Cada bimestre tem uma modalidade um esporte para trabalhar. 8]
78
Pesquisador: Como você estrutura uma aula, mesmo que ela seja teórica,
ou seja, prática. Como você estruturaria uma aula sobre esporte? Quais os passos que
você faria, por exemplo, na aula?
Professor 3:
[Na teoria como eu falei eu começo já com as regrinhas, vai passando na lousa e
perguntando para eles, alguém conhece? ... vamos supor: futsal eu vou instigando deles
primeiro para saber o que eles conhecem, depois eu vou passando o que precisa, o que é
futsal para eles? Depende de cada sala. Vou perguntando para ele e vou instigando para
eles primeiro depois eu passo as regras, fundamento... é isso, isso e aquilo. Explico. Às
vezes até demonstro. Levo uma bola para sala e às vezes até demonstro. 3] [Depois eu vou
para pratica passando alguns fundamentos. O passe, vou passando a bola, o chute, o pênalti
mostrar para eles, a lateral, escanteio, algumas regrinhas básicas. 4] Dependendo de cada
sala.
Quadro 7: Análise ideográfica do Professor 3
Seleção das unidades de significado Unidades de significado na linguagem
do pesquisador
1. Bom hoje eu acho que é um muito
importante o esporte na escola porque
o mundo lá fora está tão difícil e
quanto mais agente trazer as crianças
para dentro da escola.
Vamos supor o treinamento com
crianças onde eles possam escolher as
modalidades que eles gostem, e com
isso vão se empenhar mais, ter mais
educação e quem sabe surge um atleta
na escola.
Não adianta se não gosta de vôlei e
colocar para jogar vôlei.
As crianças que não tiveram uma boa
1. Na visão deste professor, a escola
juntamente com o esporte, tem a
função de dar um suporte para a
formação dos alunos, pois existem
inúmeros problemas e conflitos
que podem afetá-los na vida em
sociedade.
Mas, não adianta passar uma
modalidade que os alunos não
gostam. É preciso ter
desenvolvido algo que os motive
a fazer e, com isso, pode até
descobrir um talento esportivo ou
um atleta.
79
parte pedagógica desde primeiro ano
chegam ao sexto ano que não sabe
nem segurar uma bola.
2. Por que no esporte a gente desenvolve
várias modalidades, pode ajudar
várias crianças dentro da sala de aula,
coordenação motora, escrever,
concentração, lateralidade, a criança
vai identificar de várias maneiras que
a gente pode ajudar na sala de aula.
Eu acho que o esporte tem
muitas regras e hoje em dia o que está
faltando é regra para as crianças,
respeito. Porque no esporte o que a
gente pensa: tem que ter respeito com
atleta...ter responsabilidade porque
quando você vai numa modalidade ele
tem que ter o respeito com colega,
você não pode machucar o colega,
que tem seu respeito.
Eles não têm regras. Falta muita regra
para eles. Você está explicando a
regra de uma modalidade você tem
que explicar que aquilo ali é daquele
jeito, tem de fazer daquele jeito, é
uma regra que vai servir para eles
também. Quando a gente tem regra da
vida vamos supor: trabalhar. É o
horário para chegar na escola, horário
para chegar no trabalho, tempo de
terminar aquela regra para
eles sabendo que eles vão ter que
cumprir pelo resto da vida dele.
2. De acordo com o professor, o
esporte escolar pode colaborar
para inúmeros aprendizados
inclusive que deem suporte para
as outras disciplinas, como:
melhora da escrita, da
concentração, da lateralidade,
entre outros aspectos. As regras
dos esportes são pontos fortes no
discurso, pois irão auxiliar os
alunos a aprenderem sobre as
regras em geral e também sobre
os valores que são básicos para
uma vida em sociedade, como
respeito, responsabilidade,
amizade e a cooperação.
80
3. Aí vai começar a prática dos
fundamentos devagar, depois vai para
o jogo... tem sala que a gente faz
adaptação.
Quando é contra turno e você não tem
a sala passo básico. Eu passo apostila
para eles e eu explico o que está na
apostila para eles.
Para os alunos seguirem depois a
gente explica, dá uma provinha e dá
trabalho também.
A gente trabalha mais com adaptação
do que com o jogo.
Na teoria como eu falei eu começo já
com as regrinhas, vai passando na
lousa e perguntando para eles, alguém
conhece? ... vamos supor: futsal eu
vou instigando deles primeiro para
saber o que eles conhecem, depois eu
vou passando O que precisa, o que é
futsal para eles? Depende de cada
sala. Vou perguntando para ele e vou
instigando para eles primeiro depois
eu passo as regras, fundamento... é
isso, isso e aquilo. Explico. Às vezes
até demonstro. Levo uma bola para
sala e às vezes até demonstro.
A escola que tem condições eu passo
um vídeo, o que não tem a gente não
faz
3. Inúmeras estratégias são utilizadas
pelo professor: execução e
repetição dos fundamentos, o jogo
em si, utilização de apostilas para
os alunos, explicações na lousa,
trabalhos escritos, jogos
adaptados, questionamentos para
os alunos, demonstrações e
vídeos.
Para verificar aprendizado, um
dos critérios utilizados pelo
professor é a utilização de provas
escritas.
4. Você pode trabalhar muita coisa com
criança não só o esporte ou
modalidade como outras coisas como
4. O professor destaca alguns
conteúdos desenvolvidos: esporte,
alimentação, qualidade de vida, os
81
qualidade de vida, alimentação, várias
coisas que você pode trabalhar com
ela, mas o aluno não está presente.
Fundamento, o jogo.
Daí eu vou passar determinada
modalidade, eu vou começar a
explicar logo as regrinhas depois eu
vou para os fundamentos.
Depois eu vou para pratica passando
alguns fundamentos. O passe,
vou passando a bola, o chute, o
pênalti mostrar para eles, a lateral,
escanteio, algumas regrinhas básicas.
fundamentos do jogo, o jogo em
si, as regras e os materiais
esportivos.
5. No contra turno onde acaba não
rendendo muito. As crianças acabam
80% não indo na Educação física. A
maioria não produz porque não vão e
acaba ficando com nota vermelha
porque não vai, não pode avaliar a
criança.
Eles não se preocupam, por mais que
você vá dar um trabalho alternativo
para eles, mas eles não vão. Ele não
aparece. Ele não é assíduo então vão
poucas crianças. Uma turma de 30 a
40 alunos vão 6, 7 ou 8.
Fica mais difícil. Porque tem dia que
não dá nenhum time, vamos supor
uma modalidade de voleibol você
precisa de 12.
Como se não tivesse. Principalmente
do sexo masculino dá bastante, agora
do sexo feminino não é muito positivo
5. As aulas no contra turno se
tornam um ponto falho para este
professor, pois os alunos não são
assíduos. Muitas vezes, ficam
com nota vermelha e nem se
interessam. Os meninos vão em
maior número do que as meninas.
Com relação à separação por
sexo, na visão deste professor, é
uma forma que proporciona um
melhor desenvolvimento das
aulas.
82
não porque eu acho que tinha que ser
no mesmo turno do dia. Iria ser mais
produtivo...agora as outras cidades
estão ficando também. Potim já é
assim, então acho que não é muito
produtivo.
Desse modo eu acho positivo
porque acabar trabalhando
uma... vamos supor, uma dessa
específica as meninas uma ginástica e
com os meninos não. Eles não
irão aceitar isso. Acaba
atrapalhando. Nesta específico de
separar, eu acho positivo.
6. E hoje um dia de trabalho com muito
aluno de inclusão. Daí a gente tem
que estar adaptando aula de acordo,
para ele para não se sentir excluído da
aula. Eu tenho uma cadeirante. Tem
dia que eu dou uma atividade
determinada só para ela, mas tem dia
que eu dou uma queimada. Ela
também participa porque eu faço o
jogo voltado para ela.
Tem escola que não tem quadra. Aqui
tem. Por exemplo Chagas que eu dou
aula. Lá não tem quadra. Então eu
trabalho no pátio. Eles vão para o
sexto ano sem saber. Sem ter jogado
numa quadra.
6. Nas turmas de Educação Física,
existem alunos diferenciados que
precisam ser incluídos nas aulas.
Diante disso, para o ensino do
esporte, o professor necessita
fazer algumas adaptações para
que todos participem. Há a
questão da quadra, pois, em
algumas escolas, não existe um
espaço adequado e, com isso,
mais adaptações são feitas pelos
professores para que os alunos
possam experimentar a prática
esportiva. Contudo, muitos alunos
vão para o sexto ano sem
conhecer uma quadra
poliesportiva.
7. Daí eu vou passar determinada 7. O professor começa a aula sobre o
83
modalidade, eu vou começar a
explicar logo as regrinhas depois eu
vou para os fundamentos.
Depois eu vou para pratica passando
alguns fundamentos. O passe,
vou passando a bola, o chute, o
pênalti mostrar para eles, a lateral,
escanteio, algumas regrinhas básicas.
esporte através de uma conversa
inicial sobre os pontos
importantes da modalidade e
algumas regras. Em seguida,
passa para realização dos
fundamentos até entrar na parte
do jogo.
8. Quando eu começo uma
modalidade de acordo com o livro
didático da escola.
Tem um livro didático, também o
livro da Educação física. Não um
livro. É um plano uma referência.
É pedido. A secretaria pede para todos
porque eu falei para você que são
vários bimestres. Cada bimestre tem
uma modalidade um esporte para
trabalhar.
8. A proposta para a Educação Física
escolar, deste município, é
utilizada por este professor, pois é
uma referência e, além disso, uma
orientação da Secretaria de
Educação para que os professores
sigam seus conteúdos.
Perfil individual do Professor 3
(1,2) Quanto ao esporte escolar, é referenciado como um meio para colaborar na
formação das crianças e adolescentes, sendo importante desenvolver esportes que os alunos
gostem de fazer, fazendo com que os envolvidos se dediquem mais. Dentro do esporte
escolar, podem-se encontrar talentos que poderão ser futuros atletas. É importante destacar
que, para este professor, o esporte escolar pode auxiliar os alunos nas outras disciplinas e
na melhora da coordenação motora, aprendizado das regras esportivas e dos valores para
viver em sociedade.
(3,4) Dentre as estratégias utilizadas, o professor declara que considera importante
para parte prática a demonstração e repetição dos fundamentos, jogos adaptados e o jogo
em si. Utiliza também apostilas para os alunos, trabalhos escritos, explicações na lousa,
84
provas, vídeos e questões para os alunos responderem. Os conteúdos estão relacionados ao
esporte, à qualidade de vida e à alimentação.
(5,6) O professor relata que o fato das aulas serem no contra turno colaboram para a
participação de um número menor de alunos. A questão das turmas não serem mistas
colabora para que sejam elaboradas atividades específicas para os sexos, facilitando a
participação. Porém, existem os alunos com necessidades especiais e isso faz com que o
profissional modifique as aulas para que todos participem efetivamente.
(7,8) O professor relata que inicia a aula com algumas considerações importantes
sobre os esportes e também com questionamentos para os alunos. Em seguida, começa a
realização dos fundamentos na quadra e, depois, a prática do jogo. As aulas devem ser
montadas com base na proposta desenvolvida pela Secretaria de Educação.
6.1.4 Transcrição do discurso do Professor 4
1 - O que você pensa sobre esporte na escola do 6º ao 9º ano?
Professor 4:
Bom o [esporte tem desempenhado um papel de extrema importância no
desenvolvimento físico, motor, afetivo e psíquico dos alunos na escola.2] Tem como
base uma [ferramenta de auxílio para que sejam trabalhadas todas as competências e
aptidões do aluno na escola juntamente com as outras disciplinas do currículo escolar.2]
Bom do 6º ao 9º ano eu penso que o esporte exerce um papel de auxílio também no
desenvolvimento físico, [noções de qualidade de vida, importância de uma alimentação
saudável, hábitos de higiene, 4] [noções de organização, disciplina 2]e [principalmente um
maior conhecimento sobre o corpo , juntamente também com outras matérias teóricas que
fazem parte de um contexto interdisciplinar. 4]
Pesquisador: Quais são seus objetivos educativos ao ensinar esporte na
escola? Quando você ensina, o que você quer atingir? Qual objetivo que você quer
alcançar?
Professor 4:
[Desenvolver principalmente aspectos físicos, cognitivos e um reforço dos laços
afetivos com o aluno na relação professor-aluno aluno-professor e o aluno na escola 4.]
85
Pesquisador: Você acha que, além dessa questão motora, cognitiva e afetiva,
que são pontos importantíssimos, você acha que tem alguma coisa a mais que o
esporte agrega quando o ensina?
Professor 4:
Eu acho que seria também no [desenvolvimento da escrita, da oralidade e na
interpretação de fatos, busca de soluções para algumas situações-problemas 2] enfim, a
prática esportiva e atividade física tem com base nos estudos realizados até hoje um [papel
importante no auxílio da aprendizagem como por exemplo aprender brincando.3]
Pesquisador: Aprendizado integral, não é?
Professor 4:
Isso.
Pesquisador:
3- Me fale sobre como você ensina conteúdos esportivos nas aulas de Educação
física:
Professor 4:
Os conteúdos esportivos são [divididos por bimestre de acordo com o interesse das
salas.3] [Alguma dificuldade em relação a materiais e recursos. Eu praticamente,
em alguns momentos de improviso, 6] [ eu uso de materiais alternativos, atividades
recreativas, onde conteúdo esportivo está agregado. 3] [Ele não é o principal fator e sim
uma ferramenta de auxílio também no desenvolvimento da aprendizagem.1] [A maior parte
das atividades são jogos e brincadeiras onde estão incluídos fundamentos básicos
de iniciação Esportiva. 3]
Pesquisador: O que você pensa na questão do contra turno? Você acha que
interfere? É melhor ou pior? E tem relação ainda de separar homens e mulheres. O
que você pensa sobre isso?
Professor 4:
[Eu acho que o horário do contra turno é um horário ideal. Sou a favor do horário
de contra turno. Primeiramente pelo fato dos alunos que vem no contra turno são os alunos
que estão interessados em fazer a aula. Grande parte dos alunos que vem no horário de
86
contra turno são os alunos que querem, que desejam fazer, que querem ter experiência na
aula de Educação física. 5]
Pesquisador: E essa questão de separar homens e meninas. Qual sua visão
sobre isso?
Professor 4:
[Fico dividido. Eu acho válido a separação de masculino e feminino, mas por outro
lado eu acho que ficou um pouco a desejar também, tendo em vista que, quando as duas
turmas, turmas mistas, masculina e feminina estão presentes existe uma série de
dificuldades, principalmente com a parte do desempenho das meninas, crítica por parte dos
meninos, deboche, brincadeiras, coisas, comportamento e atitudes dos meninos que podem
constranger as meninas. Além do fator sexualidade. Já percebo que está muito acentuado
nas duas turmas o que se não houver o devido controle acaba virando uma bagunça. 5]
Pesquisador: Aqui, em Aparecida, tem aquela proposta feita pela
secretaria. Como que é vocês são obrigados a seguir? Você tem que montar um
plano de aula encima disso?
Professor 4:
[Existe um direcionamento por parte da secretaria, do plano de ensino, do conteúdo
programático mas temos a liberdade de mudar, de adaptar, é um plano bastante flexível.8]
Pesquisador: Não é muito cobrado, mas tem como uma referência.
Professor 4:
[Tem como uma referência um norte, uma direção a ser seguida, mas não
necessariamente que você tem que ser 100% do que está escrito. 8]
Pesquisador: Pensando numa estrutura de aula que seja teórico-prática sobre
o esporte, como você estruturaria a aula? Hoje, vou dar aula de basquete. Como você
faria essa estrutura de aula?
Professor 4:
[Bom primeiramente a gente coloca o tema o assunto dá aula para os alunos, nós
explicamos do que vai ser tratado, o que vai ser tratado a aula no dia. Uma breve
explicação teórica. Se nós fomos colocar fundamentos, partimos primeiramente do
87
alongamento, aquecimento na modalidade a ser trabalhada e depois começamos a trabalhar
fundamentos adaptados à realidade da turma em níveis de iniciação. Em sequência o jogo
adaptado ou recreativo e por último o jogo em si com regras oficiais 7].
Quadro 6: Análise ideográfica do Professor 4
Seleção das unidades de significado Unidades de significado na linguagem
do pesquisador
1. Ele não é o principal fator e sim uma
ferramenta de auxílio também no
desenvolvimento da aprendizagem.
1. Possui a visão de que o esporte
escolar é uma ferramenta de
ensino.
2. Esporte tem desempenhado um papel
de extrema importância no
desenvolvimento físico, motor,
afetivo e psíquico dos alunos na
escola.
Ferramenta de auxílio para que sejam
trabalhadas todas as competências e
aptidões do aluno na
escola juntamente com as outras
disciplinas do currículo escolar.
Desenvolvimento da escrita, da
oralidade e na interpretação de
fatos, busca de soluções para algumas
situações-problemas.
Noções de organização, disciplina.
2. O esporte escolar é um meio para
desenvolver o aluno integralmente
em todos os seus aspectos: físico,
motor, psíquico e afetivo. Além
disso, colabora com o
desenvolvimento da oralidade; da
escrita, interpretação de fatos,
soluções de problema, ou seja,
deve ser desenvolvido em
conjunto com outras disciplinas
de maneira interdisciplinar.
3. Papel importante no auxílio da
aprendizagem como por exemplo
aprender brincando.
Os conteúdos esportivos são
divididos por bimestre de acordo com
o interesse das salas.
Eu uso de materiais
alternativos, atividades
3. O professor acredita que o esporte
pode ser ensinado de maneira
lúdica com a utilização de
atividades recreativas e jogos
adaptados.
Organiza os conteúdos esportivos
por bimestres, de acordo com o
interesse das turmas.
88
recreativas, onde conteúdo esportivo
está agregado.
A maior parte das atividades são jogos
e brincadeiras onde estão
incluídos fundamentos básicos
de iniciação Esportiva.
4. Noções de qualidade de
vida, importância de uma alimentação
saudável, hábitos de higiene.
Principalmente um
maior conhecimento sobre o
corpo, juntamente também com outras
matérias teóricas que fazem parte de
um contexto interdisciplinar.
4. No que se refere aos conteúdos, o
professor destaca que noções de
qualidade de vida, alimentação
saudável, hábitos, higiene e
conhecimento sobre o corpo
podem ser desenvolvidos através
do esporte.
5. Eu acho que o horário do contra turno
é um horário ideal. Sou a favor do
horário de contra turno.
Primeiramente pelo fato dos alunos
que vem no contra turno são os alunos
que estão interessados em fazer a
aula. Grande parte dos alunos que
vem no horário de contra turno são os
alunos que querem, que desejam
fazer, que querem ter experiência na
aula de Educação física.
Fico dividido. Eu acho válido a
separação de masculino e feminino,
mas por outro lado eu acho que ficou
um pouco a desejar também, tendo em
vista que, quando as duas
turmas, turmas mistas, masculina e
feminina estão presentes existe uma
série de dificuldades, principalmente
5. Para o professor, as aulas no
contra turno são ideais, pois são
frequentadas pelos alunos que
realmente querem participar. Com
relação à separação por sexo, para
o professor, é importante, pois
com turmas mistas existem muitas
dificuldades em relação à
aceitação do desempenho das
meninas por parte dos meninos,
além da sexualidade que, do 6º ao
9º ano, está muito evidente.
89
com a parte do desempenho das
meninas, crítica por parte dos
meninos, deboche, brincadeiras, coisa,
comportamento e atitudes dos
meninos que podem constranger as
meninas. Além do fator sexualidade.
Já percebo que está muito acentuado
nas duas turmas o que se não houver o
devido controle acaba virando uma
bagunça.
6. Alguma dificuldade em relação a
materiais e recursos. Eu
praticamente, em alguns momentos de
improviso.
6. As escolas da cidade não possuem
muitos materiais para as aulas de
Educação Física. Com isso, é
necessário que o professor utilize
ainda mais a criatividade e
improvisação.
7. Bom primeiramente a gente coloca o
tema o assunto dá aula para os
alunos, nós explicamos do que vai ser
tratado, o que vai ser tratado a aula no
dia. Uma breve explicação teórica. Se
nós fomos colocar
fundamentos, partimos primeiramente
do alongamento, aquecimento na
modalidade a ser trabalhada e depois
começamos a trabalhar
fundamentos adaptados à realidade da
turma em níveis de iniciação. Em
sequência o jogo adaptado ou
recreativo e por último o jogo em si
com regras oficiais
7. Quanto à aula, o professor começa
com o objetivo e o tema que irá
ser desenvolvido neste dia. Em
seguida, são realizados o
aquecimento e o alongamento.
Logo, inicia-se a execução dos
fundamentos de forma adaptada
para a turma e, na sequência, um
jogo adaptado e, por fim, o jogo
com as regras oficiais.
8. Existe um direcionamento por parte
da secretaria, do plano de ensino, do
8. A proposta da prefeitura é uma
referência para os professores.
90
conteúdo programático mas temos a
liberdade de mudar, de adaptar, é um
plano bastante flexível.
Tem como uma referência um norte,
uma direção a ser seguida, mas não
necessariamente que você tem que ser
100% do que está escrito.
Porém, alguns têm a liberdade de
fazer alterações e adaptações, pois
não é necessário seguir tudo que
está na proposta.
Perfil individual do Professor 4
(1,2) De acordo com Professor 4, o esporte pode desenvolver o aluno
integralmente, sendo apontado como uma ferramenta educacional para que o aluno possa
aprender inúmeros conhecimentos, dando suporte às outras disciplinas.
(3,4) Para ensinar o esporte na escola, o professor utiliza atividades recreativas,
jogos adaptados e organiza os conteúdos esportivos por bimestres de acordo com o
interesse dos alunos, dando ênfase ao esporte voltado para a qualidade de vida,
alimentação saudável, hábitos, higiene e conhecimento sobre o corpo.
(5,6) A Secretaria Municipal coloca as aulas de Educação Física no contra turno.
Este ponto, na fala do professor, é ideal, pois participam das aulas aqueles que realmente se
interessam. As relações de sexo acarretam muitas dificuldades para o professor, pois as
capacidades motoras entre meninas e meninos são diferentes e isso faz com que a falta de
respeito aconteça, além da sexualidade muito aflorada presente nesta faixa etária. Um
agravante relatado pelo professor foi a falta de material para a Educação Física escolar.
(7,8) O professor relata que faz uma breve introdução da modalidade que irá ser
ensinada no dia, depois passa a realização dos fundamentos, jogo adaptado e, por fim, um
jogo oficial. Os conteúdos estão organizados em uma proposta elaborada pela prefeitura
como uma referência para o professor, podendo ser adaptada, se necessário.
6.1.5 Transcrição do discurso do Professor 5
Pesquisador: O que você pensa sobre o esporte na escola do 6º ao 9º ano?
91
Professor 5:
[É muito importante, mas é uma pena que hoje em dia não está muito.... A gente
não consegue fazer o que a gente fazia por exemplo na minha época quando eu
estudava. Está meio complicado aqui no município de Aparecida-SP por exemplo, a gente
não tem turma de treinamento, o que eu achava muito importante e o Estado tem. Então eu
acho que aqui no município de Aparecida falta isso para as escolas. Tem escolinhas por
aí, mas eu acho que dentro da escola deveria ter. 1]
[Do 6º ao 9º é a idade mesmo que a gente inicia porque até o quinto são jogos
esportivos e a partir do sexto a gente começa com um esporte com fundamentos e regras e
tudo....1] [Então eu acho importante também a gente estar trabalhando no mínimo uns 4
esportes. A gente faz as 4 modalidades inteiras 4], [jogos de torneios que a gente faz e até o
inter classe a gente faz dentro da escola. 3] [Interescolares tem. A gente tem.1] Teve até
agora no final do ano e parece que vai ter... Falaram de 1 a 4, mas eu não tenho
certeza porque não chamaram a gente para uma reunião ainda. Então eu acho que não
sei. Se vai dar tempo, mas [é importante, é legal essa socialização dos alunos entre as
escolas é muito importante eu acho. 2]
Pesquisador: Quais são seus objetivos educativos para ensinar esporte na
escola? Qual o objetivo de ensinar o esporte?
Professor 5:
[Então aqui, não só aqui, mas eu procuro ensinar além do Esporte. Eu converso
muito com os alunos quando começam a falar em regras. Antes das regras eu converso
muito com ele a questão de comportamento, de postura com o colega etc... por
exemplo: palavrão dentro da quadra eu fico muito brava e tiro do jogo. Então eles
aprenderam que não é para falar. Às vezes quando escapa sai um pouquinho do jogo. 2]
É. Tem tudo isso.[ Então eu trabalho muito conduta e valores e hoje está
complicado. Você sabe que a família é desestruturada e os alunos estão todos meio
perdidos então eu procuro dar essa... Valores de conduta e comportamento. Acho que além
do esporte que a gente ensina, regra, fundamento e começa antes de tudo é
comportamento. A postura são os valores de respeito com o colega. Amizade. De
humilhar os outros: você não joga nada, você é ruim de bola...2]
Pesquisador: Isso acontece?
92
Professor 5:
[Muito... muito... tem uns especiais. Tem alguns que são especiais. O Warlley por
exemplo: ele fica no gol, e às vezes furava e aí o povo xingava.... Quem xingar vai ficar no
gol e depois separadamente eu dizia: olha para você ver não tem como você xingar o
cara. Você é perfeito. Olha como ele é. Se esforçava e caia no chão.... Às vezes a gente
chama no canto e conversa como no caso desse mesmo. Entendeu... então eu chamo ele no
canto porque eu acho que eles dão mais atenção, mas não chamo atenção assim alto no
meio da turma... Porque às vezes até responde e posso sofrer assim...embate.6]
Pesquisador:
3- Me fale sobre como você ensina conteúdos esportivos nas aulas de Educação
física:
Professor 5:
[Eu começo com muito aquecimento e alongamento. Eles não
gostam. Detestam. Eu explico porque estou fazendo. Por exemplo: estou alongando, está
alongando quadríceps. Explicando: Onde fica o quadríceps? Aqui na coxa. Então eles vão
gravando sabe... e vamos alongar a panturrilha: o que é panturrilha? Eu vou
explicando. Teve uma coisa que eu falei esses dias eu estava dando aula para as
meninas. Contrai o glúteo! O que é glúteo professora? Meu Deus do céu! Do sexto ao nono
já era para estar sabendo. Então eu uso muito assim para estar chamando atenção
deles porque se eu falar: 20 voltas na quadra. Ah professora, correr para quê? Então eu
dou um aquecimento também diversificando. Diferente para não ficar monótono e falando
no esporte, começa os fundamentos e depois eu sento com eles e falo sobre regras
também...7]
Pesquisador: O fundamento, como você ensinaria por exemplo? Como você
organizaria atividades?
Professor 5:
[Voleibol por exemplo: Então começa com toque. Pega bola ensina posição da
mão, posicionamento de cotovelo, testa, tudo...Até que tenho bastante bola. E aí ensino por
exemplo: fundamento toque. Aí mostro na bola, posição. Depois começa o 2 a 2. E aí toca,
segura, o outro, toca. É difícil né. Depois Manchete. A mesma coisa. Ensino
posicionamento de braço, depois começa uma passada da cortada, como
impulso saque. Todo processo do fundamento. 3]
93
Pesquisador: Até chegar ao jogo?
Professor 5:
[É. aí eles ficam brigando: Vamos jogar professora! Às vezes até faço uma
experiência: Vamos jogar! Não sai nada. Nem o saque chega do outro lado. Então... viu
como é importante o fundamento 6]. [Faço minivoleibol. Começa o sexto ano em
passar a bola. Sem fundamento, só com a mão, como se faz na terceira idade. Só para
colocar uma regra de três toques 3]
Não gostam de fazer. Mas começo devagar porque não tem como. Não vai dar
jogo até eles entenderem que não. [Por exemplo voleibol: é um bem atrativo, mas eu
consegui esse ano, no nono ano, eu dei para o masculino. Imagine eles que só gostam de
futebol... E futebol... E futebol. Eu consegui no primeiro bimestre voleibol e eles
aprenderam a jogar bem. Os caras são tudo do tamanho dessa porta aí. O Iago, João
Vitor... são todos altos. Imagina que desperdício ficar só no futebol.6]
[Basquete esse ano ficou devendo porque faltou o aro. Está ali dentro do
quartinho. Eu pedi para colocarem, mas não colocaram daí com uma cesta só. Sem
chance. Mas o vôlei, o futsal com certeza conseguimos trabalhar bem esse ano. 4]
Pesquisador: Você segue a proposta que é pedida?
Professor 5:
[Eu comecei bem, até segui o primeiro bimestre que foi o voleibol. Passei para
todo mundo só que aí eu operei meu joelho e fiquei segundo e terceiro bimestre fora.
O último é futsal. Então esse ano eu segui.8]
Pesquisador: Mas é pedido para que vocês sigam ou não?
Professor 5:
[É pedido, mas não é cobrado. Aí você faz o que você quiser.8]
Pesquisador: Entendi. As aulas aqui também são no contra turno. Você acha
que isso é importante. É melhor?
Professor 5:
[Eu acho melhor, porque na hora da aula, se for feminino e masculino junto... Não
dá para você dar uma atividade. Esporte então... inviável. Como você vai trabalhar futsal
94
menino e menina? Não dá. Vira o lúdico. Isso é um ponto que não dá para eu misturar os
dois. Acho muito difícil trabalhar com os dois. Nessa idade um mexe com o outro. Não
dá. Outra coisa é a roupa. A maioria vem com calça jeans. Como você vai preparar? Não
dá. E fica inviável porque você dar aula para os meninos vamos dizer e as meninas sentam
e não querem fazer. No contra turno já é outro papo. Ele vem com outra roupa, já vem
preparado para aquilo. Só as meninas eu dou aulas específicas, só para elas. Se tiver um
menino junto já bagunça. Então eu acho importante separar meninos de meninas. A
roupa. e porque tem um horário específico. Eu acho melhor no contra turno. 5]
Pesquisador: Pensando numa estrutura de aula, você já comentou meio por
cima como seria, mas como definiria a estrutura da sua aula, por exemplo: Como que
você começa? Como que você termina?
Professor 5:
Então... eu uso muito disso. Fiz a chamada, conversar sobre alguma coisa, e[ aí vou
explicar o que vou dar. Sempre começa com aquecimento, alongamento e depois eu dou o
esporte específico do bimestre, e para terminar, sempre estou chamando um ou outro para
conversar com certos assuntos que às vezes não foi legal na aula. Um comportamento... E
aí eu fecho a aula. 7]
Quadro 7: Análise ideográfica do Professor 5
Seleção das unidades de significado Unidades de significado na linguagem
do pesquisador
1. É muito importante, mas é pena
que hoje em dia não está muito.... A
gente não consegue fazer o que a
gente fazia por exemplo na minha
época quando eu estudava. Está meio
complicado aqui no município de
Aparecida-SP por exemplo, a gente
não tem turma de treinamento, o que
eu achava muito importante e o
Estado tem. Então eu acho que aqui
no município de Aparecida falta isso
1. Na visão deste professor, o
esporte escolar não é algo
produtivo como antigamente, pois
não existem as turmas de
treinamento para aprimorar as
capacidades dos alunos nas
modalidades esportivas.
As competições entre as escolas
ainda são realizadas pela
prefeitura, porém, na opinião do
professor, isso não basta. Sendo
95
para as escolas. Tem escolinhas por
aí, mas eu acho que dentro da
escola deveria ter.
Interescolares tem, a gente tem.
assim, deveriam colocar, nas
escolas, as turmas de treinamento.
2. É importante, é legal essa
socialização dos alunos entre as
escolas é muito importante eu acho.
Então aqui, não só aqui, mas eu
procuro ensinar além do Esporte. Eu
converso muito com os alunos quando
começam a falar em regras. Antes das
regras eu converso muito com ele a
questão de comportamento, de postura
com o colega etc.... por
exemplo: palavrão dentro da
quadra eu fico muito brava e
tiro do jogo. Então eles aprenderam
que não é para falar. Às vezes quando
escapa sai um pouquinho do jogo.
Então eu trabalho muito conduta e
valores e hoje está complicado. Você
sabe que a família é desestruturada
e os alunos estão todos meio
perdidos então eu procuro
dar essa... Valores de conduta e
comportamento. Acho que além do
esporte que a gente ensina, regra,
fundamento e começa antes de tudo é
comportamento. A postura são os
valores de respeito com o colega.
Amizade. De humilhar os
outros: você não joga nada, você é
ruim de bola.
2. De acordo com o professor, o
esporte escolar pode ir além do
aprendizado dos fundamentos e
das regras, pode ser um meio para
melhorar a postura, o
comportamento e os valores dos
alunos.
96
3. Jogos de torneios que a gente faz e até
o Inter classe a gente faz dentro da
escola.
Voleibol por exemplo: Então começa
com toque. Pega bola ensina posição
da mão, posicionamento de cotovelo,
testa, tudo...até que tenho bastante
bola. E aí ensino por exemplo:
fundamento toque. Aí mostro na bola,
posição. Depois começa o 2 a 2. E aí
toca, segura, o outro, toca. É difícil
né. Depois Manchete. A mesma
coisa. Ensino posicionamento de
braço, depois começa uma passada da
cortada, como impulso saque. Todo
processo do fundamento.
Faço minivoleibol. Começa o sexto
ano em passar a bola. Sem
fundamento, só com a mão, como se
faz na terceira idade. Só para colocar
uma regra de três toques.
3. Para ensinar o esporte são
destacadas algumas estratégias
como torneios, exercício de
repetição, individual e em dupla,
fazendo cada fundamento da
modalidade que irá ser ensinada,
alguns jogos adaptados para que
os alunos consigam compreender
e, depois, jogar com regras
oficiais.
4. Do 6º ao 9º é a idade mesmo que a
gente inicia porque até o quinto são
jogos esportivos e a partir do sexto a
gente começa com um esporte com
fundamentos e regras e tudo....
Então eu acho importante também a
gente estar trabalhando no mínimo
uns 4 esportes. A gente faz as 4
modalidades inteiras.
Basquete esse ano ficou
devendo porque faltou o aro. Está ali
dentro do quartinho. Eu pedi para
4. Do 6º ao 9º ano, para o professor,
é a época correta para iniciar o
esporte, tendo como conteúdo as
regras, os fundamentos e as
quatro modalidades esportivas
diferentes. Este ano, o
basquetebol não foi contemplado
por falta de estrutura. Entretanto,
o futsal e o voleibol foram
ensinados de forma satisfatória.
97
colocarem, mas não colocaram daí
com uma cesta só. Sem chance. Mas o
vôlei, o futsal com
certeza conseguimos trabalhar bem
esse ano.
5. Eu acho melhor, porque na hora da
aula, se for feminino e masculino
junto... não dá para você dar uma
atividade. Esporte então...
inviável. Como você vai trabalhar
futsal menino e menina? Não dá. Vira
o lúdico. Isso é um ponto que não dá
para eu misturar os dois. Acho muito
difícil trabalhar com os dois. Nessa
idade um mexe com o outro. Não
dá. Outra coisa é a roupa. A maioria
vem com calça jeans.
E fica inviável porque você dar aula
para os meninos vamos dizer e as
meninas sentam e não querem
fazer. No contra turno já é outro papo.
Ele vem com outra roupa, já vem
preparado para aquilo. Só as meninas
eu dou aulas específicas, só para
elas. Se tiver um menino junto já
bagunça. Então eu acho
importante separar meninos de
meninas. A roupa, e porque tem um
horário específico. Eu acho melhor no
contra turno.
5. O contra turno é uma vantagem
no ponto de vista do professor,
pois os alunos vão com a roupa
apropriada, ou seja, já vêm
preparados para aula.
Quanto à separação por sexo, é
muito eficaz, pois os alunos não
sabem se relacionar e as práticas
mistas ficariam com uma
performance muito baixa.
6. Muito... muito... tem uns especiais.
Tem alguns que são especiais.
O Warley por exemplo: ele fica no
6. O professor relata algumas
situações que é necessário intervir
durante aula, pois existem alunos
98
gol, e às vezes furava e aí o povo
xingava.... Quem xingar vai ficar no
gol e depois separadamente eu dizia:
olha para você ver não tem como você
xingar o cara. Você é perfeito. Olha
como ele é. Se esforçava e caia no
chão.... Às vezes a gente chama no
canto e conversa como no caso desse
mesmo. Entendeu... então eu chamo
ele no canto porque eu acho que eles
dão mais atenção, mas não chamo
atenção assim alto no meio da turma...
Porque às vezes até responde e posso
sofrer assim...embate.
É. aí eles ficam brigando: Vamos
jogar professora! Às vezes até faço
uma experiência: Vamos jogar! Não
sai nada. Nem o saque chega do outro
lado. Então... viu como é importante o
fundamento.
Por exemplo voleibol: é um
bem atrativo, mas eu consegui esse
ano, no nono ano, eu dei para o
masculino. Imagine eles que só
gostam de futebol... E futebol... E
futebol. Eu consegui no primeiro
bimestre voleibol e eles aprenderam
a jogar bem. Os caras são tudo do
tamanho dessa porta aí. O Iago, João
Vitor... são todos altos. Imagina que
desperdício ficar só no futebol.
com necessidades especiais que
até tentam fazer determinado
esporte, mas não conseguem
desempenhar muito bem suas
funções. Então, alguns alunos
debocham destes, sendo
necessária uma intervenção para
que alguns compreendam as
dificuldades de outros.
Relata ainda que, ao colocar os
exercícios relacionados aos
fundamentos, ou aplicar algum
jogo adaptado, os alunos
reclamam, pois, preferem jogar
com as regras oficiais. Quando
tentam fazer, desta forma, o jogo
não acontece. Entretanto, este
ano, o professor conseguiu
desviar o foco do futsal e
desenvolveu outras modalidades
que os alunos conseguiram
aprender e jogar.
7. Eu começo com muito aquecimento e
alongamento. Eles não
7. Em relação à aula, o professor
inicia com o aquecimento e o
99
gostam. Detestam. Eu explico
porque estou fazendo. Por
exemplo: estou alongando, está
alongando quadríceps.
Explicando: Onde fica o
quadríceps? Aqui na coxa. Então eles
vão gravando sabe... e vamos alongar
a panturrilha: o que é panturrilha? Eu
vou explicando. Teve uma coisa que
eu falei esses dias eu estava dando
aula para as meninas. Contrai o
glúteo! O que é
glúteo professora? Meu Deus do céu!
Do sexto ao nono já era para estar
sabendo. Então eu uso muito assim
para estar chamando atenção
deles porque se eu falar: 20 voltas na
quadra. Ah professora, correr para
quê? Então eu dou um aquecimento
também diversificando. Diferente para
não ficar monótono e falando no
esporte, começa os fundamentos e
depois eu sento com eles e falo sobre
regras também...
Aí vou explicar o que vou
dar. Sempre começa com
aquecimento, alongamento e depois
eu dou o esporte específico do
bimestre, e para terminar, sempre
estou chamando um ou outro para
conversar com certos assuntos que às
vezes não foi legal na aula. Um
comportamento... E aí eu fecho a aula.
alongamento e vai orientado sobre
a importância destas atividades. O
aquecimento é diversificado para
que os alunos não fiquem
desmotivados. Quando a aula tem
o conteúdo esportivo, a segunda
parte é composta pela execução
dos fundamentos. Depois, é feita
uma orientação sobre as regras e,
ao final, uma roda de conversa
para falar sobre assuntos extras
que acontecem na escola.
100
8. Eu comecei bem, até segui o primeiro
bimestre que foi o voleibol. Passei
para todo mundo só que aí eu operei
meu joelho e fiquei segundo e terceiro
bimestre fora. O último é futsal. Então
esse ano eu segui.
É pedido, mas não é cobrado. Aí você
faz o que você quiser.
8. O professor relata que segue a
proposta, pois é essa a orientação.
Porém, não existe nenhuma
cobrança sobre sua utilização.
Diante disso, o professor segue, se
assim quiser.
Perfil individual do Professor 5
(1,2) O professor destaca que seriam necessárias turmas de treinamento na escola
para que o esporte pudesse ser melhor desenvolvido neste ambiente. O esporte escolar é
um meio para melhorar o comportamento, a postura e ensinar bons valores para os alunos.
(3,4) Como estratégias de aprendizado do esporte, o professor utiliza exercícios de
formas variadas, jogos adaptados, jogo com regras oficiais e torneios entre as salas para
motivar os alunos. Já os conteúdos ficam relacionados às regras, aos fundamentos, ao jogo
com regras oficiais e às modalidades esportivas coletivas de quadra.
(5,6) Quanto às aulas de Educação Física serem realizadas no contra turno, é um
ponto favorável, pois os alunos vão preparados para aula e a separação por sexo é melhor,
pois as atividades devem ser diferenciadas.
(7,8) A organização da aula possui uma roda de conversa inicial, logo após o
aquecimento e o alongamento com algumas orientações a respeito destas atividades e
também sobre o conteúdo da aula. Há uma parte para a execução e repetição dos
fundamentos, para orientação sobre as regras e uma roda de conversa final na qual o
professor conversa com os alunos sobre assuntos relacionados ao ambiente escolar. A
proposta sobre os conteúdos é uma referência para o profissional, mas que, na sua opinião,
os profissionais podem não seguir.
6.1.6 Transcrição do discurso do Professor 6
Pesquisador: O que você pensa sobre esporte na escola do 6º ao 9º?
101
Professor 6:
Bem eu penso que existe sim uma importância. Você sabe, [é de certa forma
trazer principalmente as quatro modalidades que a gente tem condições para trabalhar
dentro do espaço escolar, que é o futsal, handebol, basquete e o vôlei.4] E dentro disso
tudo fazer um trabalho de consciência também em relação a tudo, porque sempre
coloco também, [ como eu disse a interdisciplinaridade na parte da geografia, da
história, da própria matemática e colocar tudo isso dentro de um contexto 4] onde o aluno.
E acho que o [esporte é uma coisa muito democrática. Porque dentro do handebol escolar
você pode ter um alto e um baixo, pode ter um mais gordinho pode ter o mais magrinho,
então dentro do handebol eu acho que essa oportunidade e o aluno pode se encaixar 1], eu
acredito que [esporte é um caminho dentro da escola, serve para que o aluno entenda e veja
de um modo geral o esporte e a função da escola em termos de formação 2] e também ele
se encaixa em uma situação onde [eles vão trabalhar as partes motoras e claro também vai
melhorar a sua autoestima.2]
[Então do sexto ao nono... o que a gente enfrenta é um pouquinho de
dificuldade, por isso que a gente... eu tenho um pouquinho de experiência com relação do
primeiro ao quinto e eu vejo que isso tem que ser uma continuidade.1] [Então infelizmente
às vezes eu vejo também que a gente necessita que haja um estímulo maior para o
aluno em relação as competições. Você trabalhar simplesmente o esporte dentro de um
modo geral a gente vivenciou por muito tempo jogos escolares, infelizmente essa
coisa....Ficou de lado então tem que haver isso para ter de uma certa forma um retorno de
tudo aquilo que você fez que treinou dentro de uma escola para poder...1]
[Recentemente nós fizemos um trabalho na escola municipal Coteca que de fato a
escola toda estava envolvida, pois eles aprenderam sobre a modalidade, sobre as regras da
modalidade, e foi um cunho legal uma coisa final que deu bons resultados, onde você
percebe que espaço educação física e esporte de um modo geral dentro da escola, tem sim
uma importância muito grande de resgatar o aluno, do aluno se encontrar de uma forma a
gente não perder esse aluno para caminhos ruins. 1]
[E de fato ver uma situação, pode-se dizer um espetáculo, onde vibração e as
emoções, fatos que chegam a tocar o aluno pela a própria importância daquilo para quem
está assistindo e para quem de fato faz parte ali. 1] E também vejo esse lado pela
experiência que eu tenho na parte interdisciplinar porque [eu entendo de regra fui
arbitro da Federação Paulista de Futebol de Salão e ali, alunos que dão problema na
102
escola acabam de certa forma acabam se encaixando, dentro da nossa área a gente sempre
tem uma noção bem próximo na realidade que a disciplina, sem sombra de dúvidas tem um
papel muito importante dentro da continuidade, dessa progressão do aluno enquanto ele
forma a vida pessoal.2]
Pesquisador: Quais são seus objetivos educativos assinar esporte na escola?
Professor 6:
[Então, a ideia é sempre essa trazer o aluno para uma coisa mais completa e ele se
transformar no ser humano. É lógico que a ideia é sempre formar um bom cidadão, vê-lo
mais tarde bem realizado de uma pessoa que preserva sua integridade, o seu caráter, tem
também o cuidado com o seu corpo, e saiba explorar seu corpo que tenha consciência do
seu corpo que tenha consciência que isso é muito importante para a saúde dele para a
manutenção, inclusive também, sua própria vida social dele. 2] E nessas rachinhas, nesses
joguinhos [o esporte sempre abriu muitas portas para todos inclusive para mim em relação
a esse estudo para a gente fazer amizade a gente está inserido na sociedade. O esporte na
minha opinião proporcionar isso: engrandecimento dessa situação do aluno então sempre o
objetivo é focado nisso na autoestima no desenvolvimento integral do aluno, 2] porque isso
aí dentro da educação física, porque eu já cheguei a trabalhar com um treinamento também
já direcionado por esporte, mas sem fugir disso muito também.[Porque o próprio
treinamento fora da escola pode deixar de lado essa afirmação principalmente nessa fase de
formação psicológica do aluno onde você pode
encaminhar desencaminhar. Para educar e encaminhar o aluno porque nem sempre... já
participei já, já fui em escolinhas em São Paulo e a gente vê o foco é sempre isso aí. É a
formação do cara. Mas não vai ser jogador não vamos estragar a vida do cara. E a escola eu
assumir isso também. O que importa é que a gente educa sim, a gente forma a gente
direciona para uma vida, uma boa convivência na sociedade.2]
Pesquisador:
3 - Me fale sobre como você ensina conteúdos esportivos nas aulas de educação
física:
Professor 6:
O que a gente sempre procura... [eu procuro avaliar, é a situação que o aluno
chegou ali e de uma certa forma ele a princípio, conhecer a história do Esporte, saber um
103
pouco sobre a geografia do esporte, a matemática do Esporte, sobre as regras do
Esporte..4] e a gente vai dentro daquela parte toda ali passando os[ fundamentos
4], passando uma situação e alguns já vindo... do sexto ao nono já trazem um pouquinho de
experiência em relação a isso, coisa já trabalhadas em todas as modalidades
Então eu gosto muito de basquete. Beleza. Porque às vezes você pega lá 30
alunos numa aula de educação física. Eu não procuro fazer lista. Faço separado. Meninos e
meninas separados. [Então às vezes você pega: ah professor, eu não gosto de futebol. A
professor, eu não gosto de basquete. Então às vezes, na minha opinião, eu acho, é
lógico que deve experimentar tudo. 6] . Mas o que eu digo, que para tudo isso o estado
proporciona os jogos escolares.... Então acho que para tudo isso ter uma....
Pesquisador: Não tem mais isso?
Professor 6:
[Infelizmente deu se uma brecada nisso tudo. É como eu digo: a gente está nesse
espaço aqui, eu vejo que nós temos bons profissionais aqui, só que às vezes a gente
esbarra numa situação onde a gente precisa da melhoria do espaço, através de um
investimento público, de uma pista de atletismo... onde a ideia nossa é
essa: pegar, dentro desse projeto, fazer voltar a ter jogos escolares, mas todas as
modalidades, ou seja, atletismo, futsal, handebol... Aí sim acho que a coisa fundamental na
escola. 1]Porque de repente você vai faz: mas porque eu estou fazendo isso? Para quê que
é isso? [Quando existe time, como existia na nossa época, na minha época também, de
repente você vai para uns jogos regionais. Você se destaca bastante você vai para os jogos
abertos. Dentro dos jogos abertos talvez ele seja uma oportunidade e se transformar um
jogador de futebol, de voleibol, handebol profissional.1] Porque nós temos, até com muita
honra falou isso, em Guaratinguetá o trabalho que o professor Maneco fazia, juntamente
com a secretaria de Guaratinguetá, talvez o professor Alexandre também, de
handebol. Então nós temos atletas que estão...
Pesquisador: Duas que saíram de lá...
Professor 6:
Na Seleção Brasileira. Seleção olímpica. [A educação é carro-chefe quê, a
educação física e o esporte são importantes sim para que a cidade se desenvolver.6] Então
essa situação. Então às vezes a gente esbarra nisso. Agora a vontade nossa sempre estar
104
trabalhando em relação a isso. Ver o aluno se desenvolver. Porque a gente tem... [Então de
repente como você vai fazer um trabalho adequado, uma situação que de fato vá dá
resultado. Tem um negócio do basquete também. Você vai na escola e cadê a tabela? Não
tem tabela. Não tem bola.6]
Pesquisador: Pensando assim, do sexto ao nono. Pensa numa modalidade
qualquer. Daria ênfase, por exemplo: brincadeira.... Eu prefiro aula teórica... eu
prefiro vídeo.... Eu prefiro jogos.... Comente um pouco sobre isso.
Professor 6:
De uma certa forma, quando se tem condições, acho que tudo isso tem que ser
trabalhado. Acho que para o projeto ser completo tem que.... Porque aí você acaba
atingindo tudo no aluno. [Porque tem aluno que aprendi ali fazendo, outros ouvindo outros
vendo. Acho que tudo isso que diz respeito à execução do projeto é necessário. A sala de
informática é necessária, as aulas teóricas são necessárias, as aulas práticas são
necessárias. Eu acho que tudo isso está dentro de um contexto 3.] É aquilo que eu falo para
você, tem que ter condições para isso. Então infelizmente a estrutura da nossa escola, digo
a nível nacional não é adequado, mas a gente se esforça. [Vai lá mostra…. Olha
isso.... Indica as vezes.... Para fazer um trabalho.... Vai ter os jogos pan-
americanos, assistam. Esse bimestre é handebol assistam.3 ] Certamente você tem que
jogar um pouquinho para o aluno para ele retornar isso aí. E dentro do possível a gente
procura a escola diversificar. Então não existe uma coisa só. [Que a brincadeira é
importante, eu me surpreendi esse ano só para reafirmar isso, uma brincadeira com os
oitavos e nonos anos, de queimada. Você percebendo tudo aquilo ali você ver que tem
tudo os movimentos das modalidades. De uma certa forma consegui dar uma
dinâmica diferente. Agora futsal. Não, vamos continuar com isso aqui. Poxa me
surpreenderam. Uma turminha que ia só para jogar bola 3] e você percebe. [Eu dava um
retorno para ele do porquê disso. No futebol você viu que conseguiu se desvencilhar mais
fácil? Você trabalhou a parte mental disso. Você melhorou sua amplitude de visão, o
campo visual. Está vendo como o negócio é diferente? Você faz um recuo sem
esforço. Uma parte lateral sem esforço. Você consegue abaixar e fazer isso. E outra
coisa, como eram muitos alunos, você consegue ocupar o espaço sem trombar com
ninguém, sem nada. Você simplesmente, numa situação dessas você está treinando até o
105
drible de corpo. E várias modalidades precisam disso. A gente sempre procura, de uma
certa forma, repito, dentro das condições que a gente tem, de material, de sala...3]
Pesquisador: Aqui, as aulas são no contra turno. Queria que você comentasse
um pouco sobre isso. E também a relação que é separado, homem e mulher.
Professor 6:
[O contra turno tem duas situações uma é a situação que tem outros projetos na
cidade aí, o aluno ter uma certa liberdade e querer sair da escola, às vezes ele prefere o
projeto. A gente tem um probleminha sério em relação a outras opções de o aluno
frequentar a aula. Tem um projeto aqui que é muito bom que é a casa do pequeno. Tem o
pensa.5]
[Uma certa forma pai e mãe dentro de uma vida moderna, nem sempre estão
presentes às vezes você fica lá com seus 12, 13 anos dentro de casa e também vejo uma
outra situação, eu tenho dificuldade de trabalhar com os alunos da parte da manhã, não
dormem cedo. Então vai acordar para a educação física 7:00 horas da manhã?
.... Entendeu? Vai chegar lá como? Vai ter disposição? 5]
[Você quer resgatar o aluno, você quer trazer para um... Porque eu vejo sempre
essa situação, meu modo geral, da educação física escolar, desafio de colocar um
aluno com noção, não digo nem ciência, noção de que ele tem para o resto da vida que ele
precisar fazer uma atividade física que na minha opinião é fundamental.2]
[A gente esbarra nisso. Diversidade. Numa situação em que você pega vários
alunos, várias alunas, mas quando você vai ver que a aula é feminina, hoje é masculina e
amanhã feminina.... Porque você já direciona. Um dia você vai dar aula de ritmo. Vai dar
uma situação próxima em que elas gostam. 5]
Pesquisador: Pensando numa aula, independente se ela seja teórica... Mas,
pensando numa estrutura de aula, como vou dar aula de handebol? Como você
estruturaria a aula de hoje? No sétimo ano, vou dar aula de handebol. Como seria?
Professor 6:
.[Vamos treinar fundamentos de novo? Vamos. Vamos melhorar isso. Vamos fazer
isso tudo são detalhezinhos que vão fazer a diferença essa coisa de brilhar mesmo, do
lapidar, da própria situação até mesmo a situação de um atleta. 3 ]
106
Pesquisador: Aqui, em Aparecida, tem a proposta. E queria saber como foi
pedido para que sigam ou não. É só uma referência? Aquela propostinha da
Educação Física. Que tem todas as...
Professor 6:
[Deve ser um projeto da própria escola. Diz muito em relação à identidade da
escola. Por que você vem em determinada cidade, que em determinados bairros, o foco e o
talento sempre sai o handebol. Em São José é um exemplo disso. Do outro lado é
futsal, do outro lado é basquete. A gente tem que chegar numa situação dessas e não ter
um mecanismo trancado, engessado. Então infelizmente, é até ideia a continuidade, e a
gente chegar numa situação de conversar novamente, porque foi feito a toque de caixa e de
fato, sinceramente, não tem como você pegar e dizer assim: vai dar resultado. Infelizmente
não tem nem o pontapé inicial em relação a isso. É muito, na minha opinião, muito vago e
foge muito da realidade da comunidade. 8]
Quadro 8: Análise ideográfica do Professor 6
Seleção das unidades de significado Unidades de significado na linguagem
do pesquisador
1. Esporte é uma coisa muito
democrática. Porque dentro do
handebol escolar você pode ter um
alto e um baixo, pode ter um mais
gordinho pode ter o mais magrinho,
então dentro do handebol eu acho
que essa oportunidade e o aluno pode
se encaixar.
Então do sexto ao nono... o que a
gente enfrenta é um pouquinho de
dificuldade, por isso que a gente... eu
tenho um pouquinho de experiência
com relação do primeiro ao quinto
e eu vejo que isso tem que ser uma
continuidade.
Então infelizmente às vezes eu vejo
1. Na visão deste professor, o
esporte escolar é algo muito
democrático, pois permite a
participação de indivíduos com
diferentes capacidades motoras.
No município, o estímulo para as
competições escolares não existe,
mas é um fator importante para o
desenvolvimento dos alunos. De
acordo com este professor, não
adianta desenvolver um trabalho
com o esporte no meio escolar se
não há uma competição para que
os alunos participem e possam se
destacar, até terem a oportunidade
de se tornarem profissionais.
107
também que a gente necessita que
haja um estímulo maior para o
aluno em relação as
competições. Você trabalhar
simplesmente o esporte dentro de um
modo geral a gente vivenciou por
muito tempo jogos escolares,
infelizmente essa coisa…Ficou de
lado então tem que haver isso para ter
de uma certa forma um retorno de
tudo aquilo que você fez que treinou
dentro de uma escola para poder.
Recentemente nós fizemos um
trabalho na escola
municipal Coteca que de fato a escola
toda estava envolvida, pois eles
aprenderam sobre a modalidade, sobre
as regras da modalidade, e foi
um cunho legal uma coisa final que
deu bons resultados, onde você
percebe que espaço educação física e
esporte de um modo geral dentro da
escola, tem sim uma importância
muito grande de resgatar o aluno, do
aluno se encontrar de uma forma a
gente não perder esse aluno para
caminhos ruins
E de fato ver uma situação, pode-se
dizer um espetáculo, onde vibração e
as emoções, fatos que chegam a tocar
o aluno pela a própria importância
daquilo para quem está assistindo e
para quem de fato faz parte ali.
108
Porque de repente você vai faz: mas
porque eu estou fazendo isso? Para
quê que é isso?
Quando existe time, como existia na
nossa época, na minha época
também, de repente você vai para uns
jogos regionais. Você se
destaca bastante você vai para os
jogos abertos. Dentro dos jogos
abertos talvez ele seja uma
oportunidade e se transformar um
jogador de futebol, de
voleibol, handebol profissional.
2. Esporte é um caminho dentro da
escola, serve para que o aluno entenda
e veja de um modo geral o esporte a
função da escola em termos de
formação.
Eles vão trabalhar as partes motoras e
claro também vai melhorar a sua
autoestima.
Eu entendo de regra fui arbitro da
Federação Paulista de Futebol de
Salão e ali, alunos que dão
problema na escola acabam de certa
forma acabam se encaixando, dentro
da nossa área a gente sempre tem uma
noção bem próximo na realidade que
a disciplina, sem sombra de
dúvidas tem um papel muito
importante dentro
da continuidade, dessa progressão do
aluno enquanto ele forma a vida
2. O esporte escolar pode favorecer
para que o aluno tenha uma
formação de suas habilidades
motoras, de sua autoestima e
também visa à formação de um
cidadão que saiba viver em
sociedade. Além disso, colabora
para que o aluno conheça o seu
corpo e também entenda a
importância da prática de
atividade física.
109
pessoal.
Então, a ideia é sempre essa trazer o
aluno para uma coisa mais completa e
ele se transformar no ser humano. É
lógico que a ideia é sempre formar um
bom cidadão, vê-lo mais tarde bem
realizado de uma pessoa que preserva
sua integridade, o seu caráter, tem
também o cuidado com o seu corpo, e
saiba explorar seu corpo que tenha
consciência do seu corpo que tenha
consciência que isso é muito
importante para a saúde dele para a
manutenção, inclusive também, sua
própria vida social dele.
O esporte sempre abriu muitas portas
para todos inclusive para mim em
relação a esse estudo para a gente
fazer amizade a gente está inserido na
sociedade. O esporte na minha
opinião pode proporcionar
isso: engrandecimento dessa situação
do aluno então sempre o objetivo é
focado nisso na autoestima no
desenvolvimento integral do aluno.
Porque o próprio treinamento fora da
escola pode deixar de lado essa
afirmação principalmente nessa fase
de formação psicológica do
aluno onde você pode
encaminhar desencaminhar. Para educ
ar e encaminhar o aluno porque nem
sempre... já participei já, já fui em
110
escolinhas em São Paulo e a gente vê
o foco é sempre isso aí. É a formação
do cara. Mas não vai ser jogador não
vamos estragar a vida do cara. E a
escola eu assumir isso também. O que
importa é que a gente educa sim, a
gente forma a gente direciona para
uma vida, uma boa convivência na
sociedade.
Você quer resgatar o aluno, você quer
trazer para um... Porque eu
vejo sempre essa situação, meu modo
geral, da educação física
escolar, desafio de colocar um
aluno com noção, não digo nem
ciência, noção de que ele tem para o
resto da vida que ele
precisar fazer uma atividade física que
na minha opinião é fundamental.
3. Porque tem aluno que aprendi ali
fazendo, outros ouvindo outros
vendo. Acho que tudo isso que diz
respeito à execução do projeto é
necessário. A sala de informática é
necessária, as aulas teóricas são
necessárias, as aulas práticas são
necessárias. Eu acho que tudo isso
está dentro de um contexto.
Vai lá mostra…. Olha isso.... Indica
as vezes.... Para fazer um
trabalho.... Vai ter os jogos pan-
americanos, assistam. Esse bimestre é
handebol assistam.
3. O professor destaca em seu
discurso algumas estratégias para
ensinar o esporte, tais como: a
vivência prática do esporte,
demonstrações do professor e
treinamento dos fundamentos,
aulas teóricas, utilização da sala
de informática, jogos e
brincadeiras e também assistir a
alguns esportes que irão passar na
televisão.
De acordo com o professor, após
as vivências das atividades
relacionadas ao esporte, algumas
111
Que a brincadeira é importante, eu
me surpreendi esse ano só
para reafirmar isso, uma brincadeira
com os oitavos e nonos anos, de
queimada. Você percebendo tudo
aquilo ali você ver que tem tudo, os
movimentos das modalidades. De
uma certa forma consegui dar uma
dinâmica diferente. Agora
futsal. Não, vamos continuar com isso
aqui. Poxa me surpreenderam. Uma
turminha que ia só para jogar bola.
Eu dava um retorno para ele do
porquê disso. No futebol você viu que
conseguiu se desvencilhar mais
fácil? Você trabalhou a parte mental
disso. Você melhorou sua amplitude
de visão, o campo visual. Está
vendo como o negócio é
diferente? Você faz um recuo sem
esforço. Uma parte lateral sem
esforço. Você consegue abaixar e
fazer isso. E outra coisa, como eram
muitos alunos, você consegue ocupar
o espaço sem trombar com
ninguém, sem nada. Você
simplesmente, numa situação dessas
você está treinando até o drible de
corpo. E várias modalidades precisam
disso. A gente sempre procura, de
uma certa forma, repito, dentro das
condições que a gente tem, de
material, de sala.
explicações são feitas sobre os
movimentos realizados que
podem ser utilizados em inúmeros
esportes.
112
Vamos treinar fundamentos de
novo? Vamos. Vamos melhorar
isso. Vamos fazer isso tudo são
detalhezinhos que vão fazer a
diferença essa coisa de brilhar
mesmo, do lapidar, da própria
situação até mesmo a situação de um
atleta.
4. De certa forma trazer principalmente
as quatro modalidades que a gente
tem condições para trabalhar dentro
do espaço escolar, que é o futsal,
handebol, basquete e o vôlei.
Como eu disse a
interdisciplinaridade na parte da
geografia, da história, da própria
matemática e colocar tudo isso dentro
de um contexto.
Eu procuro avaliar, é a situação que o
aluno chegou ali e de uma certa
forma ele a princípio, conhecer
a história do Esporte, saber um pouco
sobre a geografia do esporte, a
matemática do Esporte, sobre as
regras do esporte.
Fundamentos.
4. Os conteúdos são focados nas
quatro modalidades esportivas de
quadra, das quais o aluno aprende
sobre as regras, os fundamentos e
também conceitos sobre
Geografia, História e Matemática
relacionados ao esporte.
5. A gente esbarra
nisso. Diversidade. Numa situação em
que você pega vários alunos, várias
alunas, mas quando você vai ver que a
aula é feminina, hoje é masculina e
amanhã feminina.... Porque você já
direciona. Um dia você vai dar aula de
5. O professor relata que a separação
permite que aula seja direcionada
e, assim, aplicar atividades que
despertam um maior interesse
para cada sexo.
Há um problema, pois os alunos
têm certa liberdade para
113
ritmo. Vai dar uma situação
próxima em que elas gostam.
O contra turno tem duas
situações uma é a situação que tem
outros projetos na cidade aí, o aluno
ter uma certa liberdade e querer sair
da escola, às vezes ele prefere o
projeto. A gente tem um probleminha
sério em relação a outras opções de o
aluno frequentar a aula. Tem um
projeto aqui que é muito bom que é a
casa do pequeno. Tem o pensa.
Uma certa forma pai e mãe dentro de
uma vida moderna, nem sempre estão
presentes às vezes você fica lá com
seus 12, 13 anos dentro de casa e
também vejo uma outra situação, eu
tenho dificuldade de trabalhar com os
alunos da parte da manhã, não
dormem cedo. Então vai acordar para
a educação física 7:00 horas da
manhã? .... Entendeu? Vai chegar lá
como? Vai ter disposição?
frequentar as aulas, já que existem
outros projetos educativos na
cidade. Além disso, não há uma
cobrança da família para que
compareçam às aulas de
Educação Física.
6. Então às vezes você pega: ah
professor, eu não gosto de futebol. A
professor, eu não gosto de
basquete. Então às vezes, na minha
opinião, eu acho, é lógico que deve
experimentar tudo.
A educação é carro-chefe que, a
educação física esporte e são
importantes sim para que a cidade se
desenvolver.
6. É relatado pelo professor que a
educação juntamente com a
Educação Física e o esporte são
importantes suportes para o
desenvolvimento da cidade. No
entanto, nas escolas, não há um
apoio para que isso ocorra de
maneira eficaz.
114
Então de repente como você vai fazer
um trabalho adequado, uma situação
que de fato vá dá resultado. Tem um
negócio do basquete também. Você
vai na escola e cadê a tabela? Não tem
tabela. Não tem bola.
7. Deve ser um projeto da própria
escola. Diz muito em relação à
identidade da escola. Por que você
vem em determinada cidade, que em
determinados bairros, o foco e o
talento sempre sai o handebol. Em
São José é um exemplo disso. Do
outro lado é futsal, do outro lado
é basquete. A gente tem que chegar
numa situação dessas e não ter
um mecanismo trancado, engessado.
Então infelizmente, é até ideia a
continuidade, e a gente chegar numa
situação de
conversar novamente, porque foi feito
a toque de caixa e de fato,
sinceramente, não tem como você
pegar e dizer assim: vai dar resultado.
Infelizmente não tem nem o pontapé
inicial em relação a isso. É muito, na
minha opinião, muito vago e foge
muito da realidade da comunidade.
8. O professor deixa claro, em seu
discurso, que os conteúdos a
serem ensinados devem ser
organizados por cada escola e de
acordo com a característica da
comunidade, e não como está na
proposta elaborada pela Secretaria
de Educação. Portanto, uma nova
reunião deve ser feita para
reorganizar a proposta, pois essa
foi feita de maneira muito rápida
e não está conseguindo bons
resultados.
Perfil individual do Professor 6
(1,2) O professor relata que o esporte escolar é algo democrático, pois indivíduos
com capacidades motoras e físicas distintas podem jogar. Destaca também que, no
115
município, não há competições para os alunos participarem e que, de certa forma, faz falta
para uma formação diferenciada dos alunos e, até mesmo, para que possam ter a
oportunidade chegar a ser um atleta profissional. Nesse sentido, o esporte escolar tem
grande influência na formação do cidadão e também na melhora da autoestima.
(3,4) Para ensinar o esporte no ambiente escolar, o professor utiliza aulas teóricas,
aulas em laboratórios de informática, vídeos relacionados e também atividades práticas:
jogos, brincadeiras, treinamento dos fundamentos. Faz ainda uma reflexão sobre todas as
atividades, relacionando-as com as modalidades esportivas. Os conteúdos desenvolvidos
são as quatro modalidades esportivas coletivas: as regras, os fundamentos, a História, a
Geografia e a Matemática.
(5,6,7) As aulas no contra turno possuem algumas dificuldades, pois os alunos têm
certa liberdade para frequentar outros projetos e, com isso, não comparecem às aulas de
Educação Física. A separação por sexo facilita o desenvolvimento das aulas, pois, dessa
forma, o professor pode aplicar atividades direcionadas à cada público.
(8) A proposta foi colocada pela Secretaria Municipal, mas não é seguida pelo
professor, pois, na sua opinião, os conteúdos devem ser algo específico de cada escola e de
cada comunidade e, da maneira como foi descrita e orientada, não terá bons resultados.
6.1.7 Transcrição do discurso do Professor 7
Pesquisador: O que você pensa sobre o esporte na escola do 6º ao 9º ano?
Professor 7:
[O esporte hoje em dia.… antigamente tinha caráter de socialização de
caráter educativo. Perdeu muito, essas características estão sendo muito
banalizadas, jogado de qualquer forma sem prescrição certa e correta dos exercícios, sem
avaliação correta do professor. Então, resumindo, eu acho que o esporte hoje em dia, em
caráter exclusivo na escola, está praticamente... as características hoje em dia perderam
quase todas. Então na realidade eu acho que deveríamos voltar às origens quando o
esporte era para caracterizar o ser humano como o próprio ser mesmo, trabalhar de maneira
correta.1 ]
[ Então... o esporte do 6º ao 9º ano é de caráter mais técnico. Eu acho que nessa
parte você já pode usar as nomenclaturas corretas sempre desde o início, 1] [mas é um
esporte mais voltado para o aprendizado, o crescimento do eu, do ser, da criança 2] [e
116
muitas vezes essas aulas podem ser aulas lúdicas, podem ser aulas técnicas. Eu trabalho
geralmente, quando começa o ano, a gente começa com uma aula voltado mais para sala de
aula. A gente vai para um vídeo educativo depois agente explica as técnicas do esporte e ao
decorrer do ano vai trabalhando. 3]
Pesquisador: Quais são seus objetivos educativos ao ensinar esporte na escola?
Professor 7:
[O professor, não só eu, mas todos os professores, almejam o esporte na escola com
o crescimento do aluno, tanto físico quanto psíquico. Que o aluno cresça tanto na
parte psíquica como na parte física dele o esporte em si, como caráter educativo, tem
muitas particularidades. São os valores propriamente dito. Tem esportes que você aprende
a ganhar e perder, você aprende... você aprende a forma correta de agir, crescer como ser
humano, crescer como pessoa, se desenvolver, retorno a dizer, tanto física
quanto intelectualmente.2]
Pesquisador:
3- Me fale sobre como você ensina conteúdos esportivos nas aulas de educação
física:
Professor 7:
Os alunos participam bem das aulas, há uma questão aqui pois a turmas são
separadas por sexo...
Pesquisador: Isso facilita?
Professor 7:
[Isso facilita e é um meio de exclusão, pois não tem motivo para separar, pois desde
de antigamente as turmas eram mistas, até na faculdade. E esse convívio é primordial para
o crescimento do indivíduo. E como ele vai crescer? Sabendo a diferença de sexo. A
diferença que eu tenho pelo e a minha amiga não tem? Porque eu sou forte? A capacidade
física minha vai além da dela... E essa diferença, essa intervenção que fizeram, melhorou
em termos e atrapalhou e outros termos.5] [Agora o ensino esportivos nas aulas de
educação física já vieram através de uma proposta da própria Secretaria de Educação e a
gente segue a proposta. 8] [Material para educação física não tem. É dado nenhum
material de apoio. Nós, professores, nós corremos atrás. Muitas vezes o material da
117
escola, nas práticas esportivas... se você for dar uma aula de futsal você tem que trazer o
seu material de futsal aula. Independente de qualquer modalidade que for esportiva. Se for
basquetebol você traz material de apoio: livro, jornal, vídeo, internet.... Todo professor tem
que fazer não tem apoio nenhum. Uma grande evolução nessa área seria voltar esse
olhar para a ajuda do professor, porque todas as outras matérias têm.
6]. [Simplesmente nos dão uma cartilha, o livro, e pede para a gente seguir aquele
cronograma, mas o professor adapta o cronograma e vai fazendo adaptações. No caso as
aulas práticas de educação física a gente começa seguindo a cartilha chega no meio você
vê, não tem coesão o que está escrito ali. Porque eu quero te mostrar um livro que tenha
lido que mostra o conteúdo programático eu tenho matéria que é para ser trabalhado no
primeiro bimestre a gente aprende na faculdade que é para trabalhar no quarto
bimestre então a gente aprende invertido os valores era para você trabalhar por
exemplo lateralidade noções de espaço coordenação motora...Fundamentos básicos... O
que é uma matéria de iniciação do primeiro bimestre quando as crianças chegam crus na
escola você vai ensinar ele tem parte relacionada ao básico ao quarto bimestre que já era
desenvolvido tudo. Então tem uma parte muito sem lógica. Não
tenho um equilíbrio. Ensinar os conteúdos esportivos da escola. 8]
Pesquisador: Fale sobre a estratégia que você utiliza. Eu utilizo jogos.... Ou eu
utilizo brincadeiras?
Professor 7:
[Utilizamos jogos 3] [tanto jogos de tabuleiro jogos de mesa como tênis de mesa
4] [jogos lúdicos utilizo todas as aulas material de apoio livros que eu trago porque a
escola não tem filmes relacionados ao esporte vai ser trabalhado na modalidade
esportiva que vai ser trabalhada a gente utiliza fala de vídeo então a princípio quando o
aluno chega na escola a gente trabalha com ele mais a parte teórica em sala de aula.3]
Pesquisador: O primeiro passo seria a teoria?
Professor 7:
[Teoria, mas não só a teoria. Trabalho também com a prática intercalando a Teoria
com a prática e depois num segundo momento a parte de ilustração que seria de livro
3] [que seria mostrar como se faz como é a quadra as medidas por exemplo o
basquetebol na medida... a parte lúdica muitas vezes eu uso outras modalidades, por ser
118
professor de capoeira eu inclui o que não está dentro do currículo
escolar como modalidades extras a gente faz uma combinação das aulas com alguns
parceiros. 4]
Pesquisador: Pensando em uma estrutura de aula, por exemplo. Hoje, eu vou
dar aula de basquete. Como seria estrutura a aula que você daria?
Professor 7:
[Na segunda aula eu levo ele para a quadra propriamente dita faz uma
brincadeira lúdica com ele para eles conhecerem as linhas a tabela, fala pra eles fazerem
um desenho, o jogo propriamente dito em uma terceira fase já começar apresentar pra eles
o movimento básicos do basquete segurar a bola na posição correta com a parte calejada
da mão, aquela parte toda que você já sabe, daí eu vou dando sequência na aula até chegar
no jogo propriamente dito 7] então a estrutura da minha aula seria a parte teórica dentro da
sala de aula mostrando pra ele as posições os arremessos os passes os tipos de
passes, depois que eles visualizarem toda essa parte depois que tiverem essa noção aí eu
levo na escola que tem quadra vai pra quadra, a escola que não tem quadra a gente se
adapta, improvisa. Ali atrás tem uma cesta, um espaço, muitas vezes fazemos ali agora. [O
grande problema na cidade é que não são todas as escolas que tem quadra e quando
tem não tem estrutura mas é basicamente isso.6]
Quadro 9: Análise ideográfica do Professor 7
Seleção das unidades de significado Unidades de significado na linguagem
do pesquisador
1. O esporte hoje em
dia.… antigamente tinha caráter
de socialização de caráter educativo.
Perdeu muito, essas
características estão sendo muito
banalizadas, jogado de qualquer
forma sem prescrição certa e correta
dos exercícios, sem avaliação correta
do professor. Então, resumindo, eu
acho que o esporte hoje em dia, em
1. Na opinião deste professor, o
esporte, no ambiente escolar,
sofreu algumas modificações
negativas. Com isso, deixou de
colaborar com a formação integral
do indivíduo.
Destaca ainda que, do 6º ao 9º
ano, o esporte escolar deve ser
desenvolvido de forma mais
técnica.
119
caráter exclusivo na escola, está
praticamente... as características hoje
em dia perderam quase todas. Então
na realidade eu acho que deveríamos
voltar às origens quando o esporte era
para caracterizar o ser humano como
o próprio ser mesmo, trabalhar de
maneira correta.
Então... o esporte do 6º ao 9º ano é de
caráter mais técnico. Eu acho que
nessa parte você já pode usar as
nomenclaturas corretas sempre desde
o início.
2. Mas é um esporte mais voltado para o
aprendizado, o crescimento do eu, do
ser, da criança.
O professor, não só eu, mas todos os
professores, almejam o esporte na
escola com o crescimento do
aluno, tanto físico quanto psíquico.
Que o aluno cresça tanto na
parte psíquica como na parte física
dele o esporte em si, como caráter
educativo, tem particularidades. São
os valores propriamente dito. Tem
esportes que você aprende a ganhar e
perder, você aprende... você aprende a
forma correta de agir, crescer como
ser humano, crescer como pessoa, se
desenvolver, retorno a dizer, tanto
física quanto intelectualmente
2. Com relação aos objetivos
educativos que o esporte escolar
pode colaborar na formação dos
alunos, este professor relata, em
seu discurso, que o esporte pode
desenvolver o aluno de forma
integral, ou seja, físico, motor,
afetivo-social e cognitivo. Além
disso, ensina também, para o
aluno, a importância de saber
competir, dos valores que devem
conter no meio esportivo e na
sociedade.
3. Utilizamos jogos.
Jogos lúdicos utilizo todas as aulas
3. O professor utiliza diferentes
estratégias para envolver os
120
material de apoio livros que eu trago
porque a escola não tem filmes
relacionados ao esporte vai ser
trabalhado na modalidade
esportiva que vai ser trabalhada a
gente utiliza fala de vídeo então a
princípio quando o aluno chega na
escola a gente trabalha com ele mais a
parte teórica em sala de aula.
Teoria, mas não só a teoria. Trabalho
também com a prática intercalando a
teoria com a prática e depois num
segundo momento a parte de
ilustração que seria de livro.
alunos nas aulas, tais como: jogos,
atividades lúdicas, livros de
apoio, vídeo e filmes para que os
alunos possam aprender sobre as
modalidades esportivas.
Juntamente com as estratégias
acima descritas, utiliza aulas
teóricas e práticas.
4. Tantos jogos de tabuleiro jogos de
mesa como tênis de mesa
Que seria mostrar como se faz como é
a quadra as medidas por exemplo o
basquetebol na medida... a parte
lúdica muitas vezes eu uso outras
modalidades, por ser professor de
capoeira eu inclui o que não está
dentro do currículo
escolar como modalidades extras a
gente faz uma combinação das
aulas com alguns parceiros.
4. O professor relata alguns esportes
utilizados como conteúdo para as
aulas de Educação Física: tênis de
mesa, jogos de tabuleiro,
capoeira, basquetebol; as regras
dos esportes em geral.
5. Isso facilita e é um meio de exclusão,
pois não tem motivo para separar,
pois desde de antigamente as turmas
eram mistas, até na faculdade. E esse
convívio é primordial para o
crescimento do indivíduo. E como ele
vai crescer? Sabendo a diferença de
5. Na visão deste professor, as aulas
no contra turno facilitam o
trabalho, mas, para os alunos, é
uma forma de exclusão, pois a
sociedade é mista. Sendo assim,
da forma como é organizado, na
cidade, os alunos não irão apender
121
sexo. A diferença que eu tenho pelo e
a minha amiga não tem? Porque eu
sou forte? A capacidade física
minha vai além da dela... E essa
diferença, essa intervenção que
fizeram, melhorou em termos e
atrapalhou e outros termos.
sobre as diferenças entre os sexos.
6. Material para educação física não
tem. É dado nenhum material de
apoio. Nós, professores, nós
corremos atrás. Muitas vezes o
material da escola, nas práticas
esportivas... se você for dar uma aula
de futsal você tem que trazer o seu
material de
futsal aula. Independentemente de
qualquer modalidade que for
esportiva. Se for basquetebol você
traz material de apoio: livro,
jornal, vídeo, internet.... Todo
professor tem que fazer não tem apoio
nenhum. Uma grande evolução nessa
área seria voltar esse olhar para
a ajuda do professor, porque todas as
outras matérias têm o grande
problema na cidade é que não são
todas as escolas que tem quadra e
quando tem não tem estrutura, mas é
basicamente isso
6. Na cidade, não há materiais para
as aulas práticas que atendam às
necessidades das escolas, e nem
materiais de apoio para os
professores de Educação Física.
Outra questão é a falta de quadra
nas escolas.
7. Na segunda aula eu levo ele para a
quadra propriamente dita faz uma
brincadeira lúdica com ele para eles
conhecerem as linhas a tabela, fala
7. O professor relata que, em uma
aula voltada para o esporte, os
alunos são levados a uma
brincadeira para que vão
122
para eles fazerem um desenho, o jogo
propriamente dito em uma terceira
fase já começar a apresentar para eles
os movimentos básicos do
basquete segurar a bola na posição
correta com a parte calejada da mão,
aquela parte toda que você já sabe, daí
eu vou dando sequência na aula até
chegar no jogo propriamente dito
reconhecendo as linhas limítrofes
da quadra. Em seguida, vai para o
ensino dos fundamentos da
modalidade e, em um terceiro
momento, para prática do jogo
propriamente dito.
8. Agora o ensino dos esportes nas aulas
de educação física já veio através de
uma proposta da própria Secretaria de
Educação e a gente segue a proposta.
Simplesmente nos dão uma cartilha, o
livro, e pede para a gente
seguir aquele cronograma, mas o
professor adapta o cronograma e vai
fazendo adaptações. No caso as aulas
práticas de educação física a gente
começa seguindo a cartilha chega no
meio você vê, não tem coesão o que
está escrito ali. Porque eu quero te
mostrar um livro que tenha lido que
mostra o conteúdo programático eu
tenho matéria que é para ser
trabalhado no primeiro bimestre a
gente aprende na faculdade que é para
trabalhar no quarto bimestre então a
gente aprende invertido os valores era
para você trabalhar por
exemplo lateralidade noções de
espaço coordenação
motora...Fundamentos básicos... O
8. O professor comenta que a
proposta é passada para os
professores no início do ano e que
deve ser seguida. Porém, faz
inúmera críticas a esta proposta e
relata que o professor precisa
fazer adaptações para que o
conteúdo seja mais bem
desenvolvido.
123
que é uma matéria de iniciação do
primeiro bimestre quando as
crianças chegam crus na escola você
vai ensinar ele tem parte
relacionada ao básico ao quarto
bimestre que já era desenvolvido tudo.
Então tem uma parte muito sem
lógica.
Não tenho um equilíbrio. Ensinar os
conteúdos esportivos da escola.
Perfil individual do Professor 7
(1,2) O esporte do 6º ao 9º ano pode ser desenvolvido de maneira mais técnica.
Nesse sentido, o professor pode cobrar mais dos alunos nessa fase do ensino. Entretanto, o
esporte ensinado na escola pode colaborar também para que haja uma formação integral
dos alunos, ou seja, desenvolvê-los nos aspectos físico-motor, cognitivo e afetivo social.
Porém, para este professor, o esporte praticado na escola perdeu um pouco destas
características.
(3,4) O Professor 7 destaca inúmeras estratégias para ensinar o esporte na escola,
utilizando vídeos, filmes, figuras, explicações na lousa, demonstrações, jogos adaptados e
brincadeiras dentro de aulas teóricas e práticas. Cita ainda alguns conteúdos: capoeira,
basquete, tênis de mesa, regras e os fundamentos das modalidades esportivas.
(5,6) No que se refere às aulas serem desenvolvidas no contra turno e separadas por
sexo, para este professor, facilita seu trabalho, porém alega não ser o mais correto, pois os
alunos têm a necessidade aprenderem a lidar com seus limites e entender as diferenças e as
dificuldades do outro sexo. Outra questão que afeta diretamente os alunos e o trabalho do
profissional é falta de apoio e de materiais por parte do município.
(7,8) O professor relata que a primeira aula sobre o esporte é teórica, sendo
abordados os principais pontos da modalidade, a segunda é prática na qual é desenvolvida
uma brincadeira na quadra para que os alunos vão se familiarizando com as linhas
limítrofes. A segunda parte é composta pela execução dos fundamentos e, por fim, é
realizado um jogo que se aproxime da modalidade. Os conteúdos esportivos são
embasados pela proposta da cidade, mas, de acordo com o professor, não é uma referência
124
que os professores seguem constantemente, pois existem muitas falhas. Sendo assim, os
profissionais vão modificando e adaptando para melhor desenvolverem seus conteúdos.
6.1.8 Transcrição do discurso do Professor 8
Pesquisador: O que você pensa sobre o esporte na escola?
Professor 8:
[Eu acho muito bacana o esporte na escola e não esporte da escola, é que uma tem
diferença aí.1] [Só que eu tento passar o máximo de conteúdo baseado no livrinho da
Educação que a gente tem um livrinho que a gente ganha no começo do ano então cada
bimestre tem uns tópicos para a gente ensinar então por exemplo: primeiro bimestre
voleibol, segundo bimestre futsal... Só que eu acho um pouco batido deveria mudar um
pouco. 8]
[Eu acho que são repetitivos. Se você pegar o livrinho mesmo vai ver que de 6º ao
9º ano é o mesmo esporte tanto o primeiro bimestre quanto o segundo bimestre...8]
Pesquisador: É o quarteto fantástico....
Professor 8:
É o quarteto fantástico exatamente. Só que assim eu procuro trazer umas coisas
diferentes para eles mesmos do que eu tenho encaixado durante as aulas.
Pesquisador: Quais são seus objetivos educativos ao ensinar esporte na escola
Professor 8:
[Olha Juninho eu acho assim igual eu falo para os alunos: olha gente vocês não vão
sair profissionais do vôlei, sair profissional do handebol... Não. 1] [Eu gosto de passar o
básico para ele que ele conheça o esporte.2] [Porque muitas vezes não só no município de
Aparecida, mas em Potim. Eu levei o handebol porque eles não sabiam o que era handebol
então apenas faça o básico é a história os fundamentos e as regras.4] [Então a primeira
aula a gente faz uma roda de conversa e digo: olha gente vocês conhecem esse Esporte? Já
assistiu? Já viu? Já ouviu falar? Só para eu ter o conhecimento deles e a partir daí eu
monto as aulas.3]
125
Pesquisador:
3 - Me fale sobre como você ensina conteúdos esportivos nas aulas de
Educação física:
Professor 8:
[Então como falei a gente faz uma roda de conversa aí eu faço uma avaliação dos
alunos. Não é teórica a avaliação, é mais uma conversa entre a gente ali. Então a gente
agora começar com os fundamentos primeiro, aí eu pesquiso sobre todos os fundamentos
que eu posso passar. Pode ser que seja passado em uma aula, mas nunca dá para fazer em
uma aula, então começo com os fundamentos básicos, primeiro mostro material para eles e
vou passando para eles poderem ver de mão em mão...3.]
Pesquisador: Você diz as bolas?
Professor 8:
[Isso mesmo. As bolas, exatamente.... Eu começo com os fundamentos básicos que
seria, vamos dar um exemplo: basquete começo lá: Olha gente fundamento do passe,
existem vários tipos de passes: passe de peito, passe picado, passe de ombro e vou indo....
Vou modificando depois do arremesso ensino certos arremessos, adentrar nas regras
mesmo da modalidade e acho que isso 4. [Às vezes eu faço o jogo sim, aliás na maioria das
vezes eu faço. O jogo que seria próximo do real. 3]
Pesquisador: Tem dificuldades?
Professor 8:
[Muitas dificuldades. Eu que trabalho do primeiro ao nono ano eu acho assim, que
falha muito a parte motora dos alunos, lógico que a gente sabe que tem muito aí que são
espertos, que brincam na rua e que tem mais contato, agora muitos alunos principalmente
as meninas, hoje em dia, sexto, sétimo ano, tem muita dificuldade na parte da coordenação
motora mesmo..6.]
[Eu acho que é geral isso. Dificulta na hora que eles chegam nas séries finais que é
para a gente passar um esporte desses, no caso handebol que é um esporte difícil, mais
complexo e fica meio difícil trabalhar com a parte prática. 6]
Pesquisador: As aulas são no contra turno. O que você pensa sobre isso... sobre
as aulas serem no contra turno?
126
Professor 8:
[Muito difícil. Muito difícil. Eu acho que não só aqui, mas em várias outras escolas
a maioria das escolas são assim. Potim está assim agora. Potim está mudando esse ano.
Acho muito difícil principalmente aqui. Acessibilidade.... Não temos quadra. 5]
[Esse ano mesmo mudamos várias vezes de lugar. Até surgiu um local fixo, mas os
alunos.... Eles ficam desanimados de ter que vir, ter que se locomover, tem gente que nem
vai por conta que é muito longe. Agora para voltar em outro horário porque tem aluno que
sai onze e meia então... e, agora esse ano a gente está começando a segunda aula a partir dá
um e quarenta, mas antigamente já foi mais cedo então até tem que ir para casa dele
almoçar e voltar fica meio difícil. Sinceramente eu não gosto 5.]
Pesquisador: O que você pensa sobre essa relação de sexo em que as turmas
são separadas. No caso, a maioria das cidades ainda é mista e dentro da grade. O que
você pensa sobre isso?
Professor 8:
[Eu acho que se falando em conteúdo específico que tem para passar, dá para passar
tanto para as meninas na turma delas quanto para os meninos no horário deles. Isso é
tranquilo. Se fosse misto também para mim também daria para ser feito do mesmo jeito.5]
Pesquisador: Você comentou pouco, mas eu vou perguntar. A proposta foi
pedida para que vocês sigam ou não? Você segue, se quiser?
Professor 8:
[A gente tem que seguir, mas aquilo que eu falei para você: eu trago muita coisa
para agregar.8]
Pesquisador: Você comentou sobre a roda de conversa, mas pensa numa
estrutura de aula. Assim, como você organizaria para dar aula hoje?
Professor 8:
[Eu começo lá na parte inicial que seria introdução, aí a gente vai para um
alongamento, fazer um aquecimento e falar de algum jogo, a aula é sempre dobradinha. Aí
depois eu entro na parte específica que a parte dos fundamentos ou das regras. Depois a
gente faz o jogo mesmo e para finalizar a gente termina: Olha gente o que foi passado
hoje? E se sobrar um tempinho ou outro eles ficam um tempinho livres. 7]
127
Quadro 10: Análise ideográfica do Professor 8
Seleção das unidades de significado Unidades de significado na linguagem
do pesquisador
1. Eu acho muito bacana o esporte na
escola e não esporte da escola, é que
uma tem diferença aí.
Olha Juninho eu acho assim igual eu
falo para os alunos: olha gente vocês
não vão sair profissionais do vôlei,
sair profissional do handebol... Não
1. O professor comenta que o
esporte escolar deve ser diferente,
ter sua própria identidade. E que
os alunos estão na Educação
Física para aprender sobre ele,
para conhecê-lo e não para se
tornarem profissionais.
2. Eu gosto de passar o básico para ele
que ele conheça o esporte.
2. Na visão deste professor, a escola
tem como objetivo passar para o
aluno conhecer, no mínimo, o
básico sobre as modalidades
esportivas.
3. Então a primeira aula a gente faz uma
roda de conversa e digo: olha gente
vocês conhecem esse Esporte? Já
assistiu? Já viu? Já ouviu falar? Só
para eu ter o conhecimento deles e a
partir daí eu monto as aulas.
Às vezes eu faço o jogo sim, aliás na
maioria das vezes eu faço. O jogo
que seria próximo do real.
Então como falei a gente faz uma roda
de conversa aí eu faço uma avaliação
dos alunos. Não é teórica a avaliação,
é mais uma conversa entre a gente ali.
Então a gente agora começar com os
fundamentos primeiro, aí eu pesquiso
sobre todos os fundamentos que eu
posso passar. Pode ser que seja
passado em uma aula, mas nunca dá
3. Primeiramente, o professor faz
uma avaliação diagnóstica através
de uma roda de conversa e indaga
os alunos sobre o esporte que irá
ser ensinado. A partir das
respostas e do conhecimento
prévio dos alunos, as aulas serão
planejadas. O jogo é uma
estratégia muito utilizada pelo
profissional para ensinar o esporte
na escola.
Outra estratégia é a apresentação
dos materiais necessários à prática
esportiva para que os alunos
conheçam e entendam ainda mais
sobre a modalidade. O professor
analisa, ainda, quais são os
principais fundamentos que
128
para fazer em uma aula, então começo
com os fundamentos básicos primeiro
mostro material para eles e vou
passando para eles poderem ver de
mão em mão.
devem ser ensinados.
4. Porque muitas vezes não só no
município de Aparecida, mas em
Potim. Eu levei o handebol porque
eles não sabiam o que era handebol
então apenas faça o básico é a história
os fundamentos e as regras.
Isso mesmo. As bolas, exatamente....
Eu começo com os fundamentos
básicos que seria, vamos dar um
exemplo: basquete começo lá: Olha
gente fundamento do passe, existem
vários tipos de passes: passe peito,
passe picado, passe de ombro e vou
indo.... Vou modificando depois do
arremesso ensino certos arremessos,
adentrar nas regras mesmo da
modalidade e acho que isso.
4. Os conteúdos esportivos
ensinados estão ligados ao
histórico, às regras e aos
fundamentos básicos de cada
modalidade esportiva.
5. Muito difícil. Muito difícil. Eu acho
que não só aqui, mas em várias outras
escolas a maioria das escolas são
assim. Potim está assim agora. Potim
está mudando esse ano. Acho muito
difícil principalmente aqui.
Acessibilidade.... Não temos quadra.
Esse ano mesmo mudamos várias
vezes de lugar. Até surgiu um local
fixo, mas os alunos.... Eles ficam
desanimados de ter que vir, ter que se
5. Para este professor, o fato das
aulas de Educação Física serem
no contra turno atrapalha a
assiduidade dos alunos, pois as
escolas não têm quadra e, com
isso, a aula pode ser feita em
outro local fora do ambiente
escolar, atrapalhando muito.
Com relação à separação entre os
sexos, não há nenhum problema
quanto a isso. Os conteúdos são
129
locomover, tem gente que nem vai por
conta que é muito longe. Agora para
voltar em outro horário porque tem
aluno que sai onze e meia então... e,
agora esse ano a gente está
começando a segunda aula a partir dá
um e quarenta, mas antigamente já foi
mais cedo então até tem que ir para
casa dele almoçar e voltar fica meio
difícil. Sinceramente eu não gosto.
Eu acho que se falando em conteúdo
específico que tem para passar, dá
para passar tanto para as meninas na
turma delas quanto para os meninos
no horário deles. Isso é tranquilo. Se
fosse misto também para mim
também daria para ser feito do mesmo
jeito.
passados de forma igual e, se
fosse misto, seria da mesma
maneira, sem diferença.
6. Eu acho que é geral isso. Dificulta na
hora que eles chegam nas séries finais
que é para a gente passar um esporte
desses, no caso handebol que é um
esporte difícil, mais complexo e fica
meio difícil trabalhar com a parte
prática
6. Faz um comentário breve que a
Educação Física escolar, do
primeiro ao quinto ano, não está
fornecendo uma base motora bem
desenvolvida para os alunos. Com
isso, quando chegam no Ensino
Fundamental II, não conseguem
desempenhar muito bem as
modalidades esportivas.
7. Eu começo lá na parte inicial que seria
introdução, aí a gente vai para um
alongamento, fazer um aquecimento e
falar de algum jogo, a aula é sempre
dobradinha. Aí depois eu entro na
parte específica que a parte dos
7. A parte inicial é uma introdução
sobre a modalidade esportiva que
irá ser ensinada naquela aula. Em
seguida, são realizados o
alongamento e o aquecimento.
Depois, vem a parte principal ou
130
fundamentos ou das regras. Depois a
gente faz o jogo mesmo e para
finalizar a gente termina: Olha gente o
que foi passado hoje? E se sobrar um
tempinho ou outro eles ficam um
tempinho livres.
específica na qual o professor
ensina sobre os fundamentos e as
regras. O jogo também é aplicado
e praticado pelos alunos. No final
da aula, é feita uma roda de
conversa para discutir o que foi
praticado e desenvolvido. Caso o
tempo de aula ainda não tenha
acabado, os alunos podem ficar
livres.
8. Só que eu tento passar o máximo de
conteúdo baseado no livrinho da
Educação que a gente tem um livrinho
que a gente ganha no começo do ano
então cada bimestre tem uns tópicos
para a gente ensinar então por
exemplo: primeiro bimestre voleibol,
segundo bimestre futsal... Só que eu
acho um pouco batido deveria mudar
um pouco.
Eu acho que são repetitivos. Se você
pegar o livrinho mesmo vai ver que de
6º ao 9º ano é o mesmo esporte tanto
o primeiro bimestre quanto o segundo
bimestre.
A gente tem que seguir, mas aquilo
que eu falei para você: eu trago muita
coisa para agregar.
8. O professor comenta que, no
início do ano, recebe a proposta
com os conteúdos da disciplina e
que se empenha para seguir e
passar o que está na proposta,
apesar de considerar muito
repetitivos. Sendo assim, sempre
traz conteúdos diferentes para
poder agregar mais
conhecimentos aos alunos.
Perfil individual do Professor 8
(1,2) Na visão do Professor 8, o esporte escolar deve ser um conteúdo diferenciado
e não apenas uma cópia do modelo do alto rendimento, deve agregar conhecimentos
básicos sobre a modalidade, dando uma outra visão aos alunos.
131
(3,4) Para ensinar o esporte na escola, o Professor 8 realiza uma avaliação
diagnóstica no primeiro dia sobre aquela modalidade que irá ser ensinada através de uma
roda de conversa através da qual questiona os alunos para que comentem sobre os
possíveis conhecimentos acerca da modalidade. Apresenta, nas aulas, alguns materiais,
fundamentos por meio de exercícios e também utiliza um jogo pré desportivo, os principais
conteúdos esportivos, como as regras, os fundamentos, o jogo e a história da modalidade.
(5,6) Com relação às aulas serem realizadas no contra turno, o Professor 8 relata
que este fato atrapalha muito a assiduidade dos alunos, pois problemas relacionados à
horários, transporte e localização da quadra fazem com que faltem muito. No entanto, a
separação ou a união não afeta o trabalho e não há diferença para este professor, pois os
conteúdos podem ser desenvolvidos da mesma forma, sem diferenças. A aula de conteúdo
esportivo é prejudicada pela falta de base motora que os alunos vão para o Ensino
Fundamental II.
(7,8) A aula começa com uma parte introdutória sobre o conteúdo que irá ser
ensinado, logo após, o aquecimento e o alongamento. No segundo momento, é a parte
principal composta pela execução dos fundamentos e do jogo, além das regras. No final, é
feita uma roda de conversa para que os alunos exponham suas dúvidas e suas experiências
vividas. Os conteúdos esportivos são seguidos na proposta, conforme é indicado no início
do ano pela Secretaria Municipal de Ensino. Porém, como o Professor 8 alega serem muito
repetitivos, sempre agrega novos conteúdos.
6.1.9 Transcrição do discurso do Professor 9
Pesquisador: O que você pensa sobre o esporte na escola do 6º ao 9º ano?
Professor 9:
[Eu acho importante, principalmente pela parte social dos alunos. Além de aprender
as disciplinas, é importante o convívio no dia-dia, saber os limites, as regras saber as regras
esportivas, as regras de conduta. Eu acho legal isso aí. 2]
[Do 6º ao 9º ano eu trabalho mais os esportes em si, as regras.... 4 ] [A diferença
que eu vejo é isso. Até as próprias atividades. Você pode dar um treino mais puxado com
eles também. Eu prefiro dar aula sempre do 6º ao 9º. me sinto mais à vontade. 1]
[Entendem mais, absorvem mais, e não suga muito professor. Do primeiro ao
quinto é muito cansativo. Eles exigem de você a todo momento. Eles não são muito
132
independentes em relação a regras, em relação às brincadeiras e as atividades que você
dá. Mesmo se for dar uma pista de obstáculos para ele sempre tem
dificuldade. "professor é para passar por cima, é para pular?" Já do sexto ao nono você
consegue trabalhar mais outras partes com ele. 6][Principalmente se você quer dar
um vôlei. Ensinar regras ensinar fundamentos eles absorvem melhor isso aí. Consegue
desenvolver melhor.4]
Pesquisador: Quais são seus objetivos educativos ao ensinar esporte na
escola?
Professor 9:
[Eu gosto muito de puxar para parte esportiva de competição. 1] [Além de você dar
fundamento e ensinar as regras. Toda aula minha eu faço questão que eles joguem o
esporte. Como ele é, pois, eles aprendem a regra e às vezes a criança se identifica com o
esporte. Você tem que mostrar para ele todas as modalidades de quadra para ver com qual
ele se identifica 4.] Tanto que até hoje eu jogo basquete porque eu me identifiquei na
escola com o basquete. Até hoje eu prático. Eu acho legal você puxar do aluno a
experiência que ele vai adquirir para poder no futuro. É um negócio que vai marcar ele
para sempre. [Vai jogar bola para sempre, agora eu tenho dois filhos. Os dois filhos gostam
de vôlei. Eles não gostam de bola. Até hoje eles treinam vôlei. Mesmo que estejam fora da
escola já. É um negócio que a pessoa leva para a vida dela. 2]
Pesquisador:
3- Me fale sobre como você ensina conteúdos esportivos nas aulas de educação
física:
Professor 9:
[Eu começo sempre pelo aquecimento. Toda aula de 6º ao 9º ano
tem aquecimento. Dou uma caminhada, uma corridinha leve, depois eu dou um
alongamento depois esse alongamento eu sempre dou uma atividade recreativa antes de
começar, relacionada.7] [Eu estou mexendo com handebol por exemplo eu gosto de dar
uma queimada. Aí vai pegando um movimento de pegar a bola. Se é handebol vou dar
uma queimada. Depois eu ensino fundamento. Toque, posicionamento de jogadores... 4][E
durante as aulas vou explicando a parte teórica: lateral, pé na linha, a área só do
goleiro... para evitar eu monto só defesa e faço exercícios de defesa. Monto a defesa. Eu
133
apito e eles correm até o meio da quadra depois apito eles voltem fazem a defesa de
novo. Depois em seguida dou esse mesmo exercício com a bola. Eles vão tocando em
movimento como se fosse para o ataque. Apitei é como se eu tivesse perdido a bola. Eles
soltam a bola e volta correndo para fazer a defesa.3]
Assim eles já vão aprendendo a dinâmica do esporte e absorvendo as regras
também. Sempre evite entrar na área. Todo contato que você tiver com a bola dentro da
área é falta. Daí eu ensino que a linha pontilhada que é a linha de tiro livre. [Daí em
seguida eu sempre faço um joguinho. Sempre no começo é meio caos. Até eles terem essa
ideia de ter que voltar, de formar barreira, tem dificuldade de ficar tentando tomar a bola
do outro lado. Porque até o nono ano é difícil. Eles querem dá tapas uns nos outros, puxar a
bola. Daí você fica sempre forçando a ideia de eles voltarem a formar a barreira. Porque se
não fica esse “tapa pra lá, tapa pra cá”. E acabam não aprendendo nada. É que sempre tem
campeonato e se você não os treinarem você acaba passando vergonha. As crianças ficam
dando tapas uns nos outros não passa uma bola e não fazem nada. E a parte teórica... aqui
tem pouca parte teórica. Eu peço trabalho sobre as regras básicas e passa uma provinha
bem simples. Só pontos importantes, números de jogadores, tempo de jogo tamanho da
quadra, 3]
Pesquisador: E eles vão bem?
Professor 9:
[Vão bem. Tem uns que participam da aula melhor. Sabe quantos jogadores do time
de handebol? " tem sete, professor". Aqueles que praticam, os que vão à aula. Aqueles que
não vão, a gente sempre pede trabalho para tirar as faltas 3.]
Pesquisador: Esses alunos, às vezes, pensam como funciona?
Professor 9:
[Faz compensação. Faz um trabalho e quando tem avaliação teórica eles recebem o
material fazem a avaliação teórica na sala e aulas. A professora que trabalha com a gente
faz a mesma coisa. Não vai na aula mas vai fazer o trabalho para recompensar a falta de
vai fazer a prova teórica. 3]
Pesquisador: E é sempre dobradinha?
Professor 9:
134
[Isso. Por exemplo: só agora meu quarto bimestre... sempre deixa o futsal para o 4º
bimestre porque daí a hora que eles já estão mais relaxados. Seguindo as regras
certinho. Faz um campeonato de encerramento. Para acabar o ano, mas sempre durante o
ano eu deixo jogar a bolinha deles. Tipo uma troquinha. E eles curtem. Se você chegar e
não der o futebolzinho a criançada fica louca. Daí uns 20 minutinhos, 30 minutinhos finais
eu deixo jogar uma bolinha.3]
Pesquisador: Qual a sua visão sobre as aulas serem no contra turno?
Professor 9:
[Eu gosto. Eu acho importante, eles ficam mais à vontade. Na minha época de
colegial era no mesmo turno. Sair da aula todo suado e voltar. Por exemplo se tem
banheiro, porque lá na minha escola tinha banheiro, que tinha muito aluno que tinha
constrangimento de tomar banho. Preferiria voltar suado do que tomar banho na frente dos
alunos. Porque cada um tem o seu jeito de ser tem aluno que tem vergonha. Na minha
época foi assim. Então foi gostoso. Um monte de aluno nem fazia. A mãe arrumava
atestado para não frequentar a aula porque tinha vergonha. Eu acho melhor fora do turno.
5 ]
Pesquisador: A proposta da cidade? É pedido que vocês sigam?
Professor 9:
[Tenho um caderninho para a gente seguir. Mas eu acho que cada professor faz o
seu. Acho que não acompanha muito aquilo não. 8]
Pesquisador: Não é muito cobrado também.
Professor 9:
[Não é muito cobrado e o coordenador não acompanha. Apesar de ser feito pela
gente. A gente participou da elaboração. Não todos, mas alguns professores
participaram. Foi dado opinião, a gente fez uma listinha na época antes de montar esse
caderninho. A gente que fez. O conteúdo programático foi a gente que fez. As ideias
básicas sim. 8]
Pesquisador: E essa relação de sexo. Porque as turmas são separadas e não
mistas. O que você pensa disso?
135
Professor 9:
[Na minha opinião eu escolheria sempre separado. Mas eu nunca tive problema
com a turma mista. Todo ano tem uma turma mista e eu nunca tive problema. Mas
separado as crianças ficam mais à vontade. Para participar. As meninas não gostam muito.
Elas ficam envergonhadas porque os meninos ficam olhando. As meninas não ficam à
vontade. Os meninos não estão nem aí. Para ele tudo é festa. Agora tem menina que não
fica à vontade. Não frequenta aula. Mas eu nunca tive problemas de
comportamento. Agora turma que já é dividida no seu horário as crianças ficam mais à
vontade. O único diferencial que eu acho é isso 5.]
[Funciona nos mesmos moldes, alongamento, aquecimento, a brincadeira. Só que
eu faço o seguinte: quando acaba a atividade handebol eu dou 15 minutos para cada
turma. As meninas querem fazer um pic-bandeirinha, fazer uma queimada... daí as
meninas têm uns 15 minutos dela que é tipo um lazer delas e os meninos têm uns 15
minutos deles com o futebol. 7]
Quadro 11: Análise ideográfica do Professor 9
Seleção das unidades de significado Unidades de significado na linguagem
do pesquisador
1. A diferença que eu vejo é isso. Até as
próprias atividades. Você pode dar um
treino mais puxado com
eles também. Eu prefiro dar aula
sempre do 6º ao 9º me sinto mais à
vontade.
1. O professor relata que sua
preferência do 6º ao 9º ano pode
exigir mais alunos e que o
treinamento pode ser mais
intenso.
2. Eu acho importante, principalmente
pela parte social dos alunos. Além
de aprender as disciplinas,
é importante o convívio no dia-
dia, saber os limites, as regras saber as
regras esportivas, as regras de
conduta. Eu acho legal isso aí.
Vai jogar bola para sempre, agora eu
tenho dois filhos. Os dois filhos gostam
2. Os objetivos educativos, ao
ensinar o esporte na escola, para
este professor, estão ligados à
parte social dos alunos, à relação
interpessoal, a aprender sobre os
limites. Além disso, o esporte
escolar pode colaborar para que
os alunos aprendam a gostar da
prática esportiva e tenham
136
de vôlei. Eles não gostam de bola. Até
hoje eles treinam vôlei. Mesmo
que estejam fora da escola já. É um
negócio que a pessoa leva para a vida
dela.
consciência sobre o que deve ser
feito durante toda a vida.
3. E durante as aulas vou explicando a
parte teórica: lateral, pé na linha, a
área só do goleiro... para evitar eu
monto só defesa e faço exercícios de
defesa. Monto a defesa. Eu apito e
eles correm até o meio da
quadra depois apito eles voltem fazem
a defesa de novo. Depois em seguida
dou esse mesmo exercício com a
bola. Eles vão tocando em
movimento como se fosse para o
ataque. Apitei é como se eu tivesse
perdido a bola. Eles soltam a bola e
Volta correndo para fazer a defesa.
Daí em seguida eu sempre faço um
joguinho. Sempre no começo é meio
caos. Até eles terem essa ideia de ter
que voltar, de formar
barreira, tem dificuldade de ficar
tentando tomar a bola do outro
lado. Porque até o nono ano é
difícil. Eles querem dá tapas uns nos
outros, puxar a bola. Daí você fica
sempre forçando a ideia de eles
voltarem a formar a barreira. Porque
se não fica esse “tapa para lá, tapa
para cá”. E acabam não aprendendo
nada. É que sempre tem campeonato e
3. As estratégias utilizadas são: aula
teórica sobre as regras e também
demonstrações e intervenções
durante as aulas práticas. Utiliza
também exercícios e jogos para
ensinar o esporte na escola.
Em alguns momentos,
dependendo da escola, provas e
trabalhos escritos são pedidos aos
alunos. Aqueles que não
frequentam as aulas devem
entregar os trabalhos solicitados
pelo professor para compensar as
faltas.
No final do ano, o professor
costuma organizar um
campeonato interclasse na escola.
137
se você não os treinarem você acaba
passando vergonha. As crianças ficam
dando tapas uns nos outros não passa
uma bola e não fazem nada. E a parte
teórica... aqui tem pouca parte
teórica. Eu peço trabalho sobre as
regras básicas e passa uma provinha
bem simples. Só pontos
importantes, números de jogadores,
tempo de jogo tamanho da quadra.
Vão bem. Tem uns que participam da
aula melhor. Sabe quantos jogadores
do time de handebol? " tem
sete, professor". Aqueles que
praticam, os que vão à aula. Aqueles
que não vão, a gente sempre pede
trabalho para tirar as faltas.
Faz compensação. Faz um trabalho e
quando tem avaliação
teórica eles recebem o material fazem
a avaliação teórica na sala e aulas. A
professora que trabalha com a gente
faz a mesma coisa. Não vai na aula
mas vai fazer o trabalho para
recompensar a falta de vai fazer a
prova teórica.
Isso. Por exemplo: só agora meu
quarto bimestre... sempre deixa o
futsal para o 4º bimestre porque daí a
hora que eles já estão mais
relaxados. Seguindo as regras
certinho. Faz um campeonato de
encerramento. Para acabar o ano, mas
138
sempre durante o ano eu deixo jogar a
bolinha deles. Tipo uma troquinha. E
eles curtem. Se você chegar e não der
o futebolzinho a criançada fica
louca. Daí uns 20 minutinhos, 30
minutinhos finais eu deixo jogar uma
bolinha.
4. Do 6º ao 9º ano eu trabalho mais os
esportes em si, as regras....
Principalmente se você quer dar
um vôlei. Ensinar regras ensinar
fundamentos eles absorvem melhor
isso aí. Consegue desenvolver melhor.
Eu estou mexendo com handebol por
exemplo eu gosto de dar uma
queimada. Aí vai pegando um
movimento de pegar a
bola. Se é handebol vou dar uma
queimada. Depois eu ensino
fundamento. Toque, posicionamento
de jogadores...
4. No que se refere aos conteúdos
esportivos ensinados nas aulas, o
professor destaca alguns: as
regras, os fundamentos, o
posicionamento tático e o jogo.
5. Eu gosto. Eu acho importante, eles
ficam mais à vontade. Na minha
época de colegial era no mesmo
turno. Sair da aula todo suado e
voltar. Por exemplo se tem
banheiro, porque lá na minha escola
tinha banheiro, que tinha muito aluno
que tinha constrangimento de tomar
banho. Preferiria voltar suado do que
tomar banho na frente dos
alunos. Porque cada um tem o seu
jeito de ser, tem aluno que tem
5. Em relação às aulas serem no
contra turno, para este professor, é
muito melhor, pois, dessa forma,
os alunos não precisam retornar à
sala de aula todos suados. Reforça
ainda que as meninas têm
vergonha dos meninos. Então,
horários distintos para os sexos
são melhores, pois, dessa forma,
os alunos não ficam inibidos e
participam mais. Contudo, relata
não ter problemas em desenvolver
139
vergonha. Na minha época foi
assim. Então foi gostoso. Um monte
de aluno nem fazia. A mãe arrumava
atestado para não frequentar a aula
porque tinha vergonha. Eu acho
melhor fora do turno.
Na minha opinião eu escolheria sempre
separado. Mas eu nunca tive problema
com a turma mista. Todo ano tem uma
turma mista e eu nunca tive
problema. Mas separado as crianças
ficam mais à vontade. Para participar. As
meninas não gostam muito. Elas ficam
envergonhadas porque os meninos ficam
olhando. As meninas não ficam à
vontade. Os meninos não estão nem
aí. Para ele tudo é festa. Agora tem
menina que não fica à vontade. Não
frequenta aula. Mas eu nunca tive
problemas de comportamento. Agora
turma que já é dividida no seu horário as
crianças ficam mais à vontade. O único
diferencial que eu acho é isso
um trabalho com turmas mistas.
6. Entendem mais, absorvem mais, e não
suga muito professor. Do primeiro ao
quinto é muito cansativo. Eles exigem
de você a todo momento. Eles não são
muito independentes em relação
a regras, em relação às brincadeiras e
as atividades que você dá. Mesmo se
for dar uma pista de obstáculos para
ele sempre tem
dificuldade. "professor é para passar
por cima, é para pular?" Já do sexto
6. O professor, em seu discurso,
declara alguns pontos positivos
em relação às aulas do 6º ao 9º
ano, pois os alunos compreendem
melhor as atividades e os
conteúdos, são mais
independentes e necessitam
menos da intervenção e
explicação do profissional.
140
ao nono você consegue trabalhar mais
outras partes com ele.
7. Eu começo sempre pelo
aquecimento. Toda aula de 6º ao 9º
ano tem aquecimento. Dou uma
caminhada, uma corridinha
leve, depois eu dou um
alongamento depois esse alongamento
eu sempre dou uma atividade
recreativa antes de começar,
relacionada.
Funciona nos mesmos
moldes, alongamento, aquecimento, a
brincadeira. Só que eu faço o
seguinte: quando acaba a atividade
handebol eu dou 15 minutos para cada
turma. As meninas querem fazer um pic-
bandeirinha, fazer uma queimada... daí as
meninas têm uns 15 minutos dela que é
tipo um lazer delas e os meninos têm uns
15 minutos deles com o futebol.
7. A estrutura de aula seguida por
este professor possui quatro
momentos: aquecimento e
alongamento na primeira parte; na
segunda, uma atividade
recreativa, depois a parte
principal. Ao final no quarto
momento, o professor permite que
os alunos escolham uma atividade
para praticarem.
8. Tenho um caderninho para a gente
seguir. Mas eu acho que cada professor
faz o seu. Acho que não acompanha
muito aquilo não.
Não é muito cobrado e o coordenador não
acompanha. Apesar de ser feito pela
gente. A gente participou da elaboração.
Não todos, mas alguns professores
participaram. Foi dado opinião, a gente
fez uma listinha na época antes de montar
esse caderninho. A gente que fez. O
conteúdo programático foi a gente que
fez. As ideias básicas sim.
8. O professor comenta que existe
uma proposta para a Educação
Física escolar no município, mas
afirma que não existe uma
cobrança por parte da
coordenação para que realmente
seja seguida. Mesmo sendo
montada por alguns professores
que atuam na rede regular de
ensino, não é uma utilização
unânime por este grupo.
141
Perfil individual do Professor 9
(1,2) O Professor 9 relata que o esporte escolar do 6º ao 9º ano pode ser feito de
forma mais intensa como um treinamento esportivo. A vivência do esporte na escola pode
colaborar com o desenvolvimento das questões específicas da modalidade e também
estimular a questão social dos alunos, desenvolvendo, assim, a relação interpessoal e
também despertar o interesse pela prática esportiva.
(3,4) Algumas estratégias para ensinar o esporte na escola são elencadas pelo
professor: exercícios, jogos pré-desportivos, aulas teóricas, provas, demonstrações de
trabalhos escritos e até um campeonato intercalasse para motivar os alunos. Os principais
conteúdos são os fundamentos, as regras e o jogo em si.
(5,6) O professor demonstra, em seu discurso, ser a favor das aulas no contra turno,
pois os alunos se sentem menos inibidos e incomodados. A separação entre os sexos
também colabora para que aulas sejam mais bem desenvolvidas, já que as meninas, na
opinião deste professor, não gostam de fazer aulas com os meninos, mas, para ele, não há
problemas em trabalhar com turmas mistas. Destaca ainda que, no Ensino Fundamental II,
os alunos aprendem com mais facilidade e têm mais autonomia, necessitando menos do
auxílio profissional.
(7,8) A aula é iniciada com o aquecimento e o alongamento, na segunda parte, uma
atividade lúdica, logo após é a parte principal e, ao final da aula, o professor permite que os
alunos escolham uma atividade, ou um esporte, para praticarem. Com relação à proposta da
disciplina, o Professor 9 relata que participou da confecção deste material, mas acredita
que os professores não a seguem, pois não é cobrado. Diante disso, fica a critério do
profissional utilizá-la como base para as aulas de Educação Física.
6.1.10 Transcrição do discurso do Professor 10
Pesquisador: O que você pensa sobre o esporte na escola do 6º ao 9º ano?
Professor 10:
Eu acho que a questão do esporte na escola tem que ficar um pouco [atento para
não cair nessa ideia institucionalizada do esporte na escola, nessa reprodução do esporte
institucionalizado no ambiente escolar. Tive essa preocupação, desse modo de pensar e não
reproduzir, não fazer a exclusão dentro da escola é válido mas acho, ou acredito, tem que
ter a presença da metodologia do trabalho do professor…1]Vai depender muito da
142
metodologia utilizada pelo professor para que a exclusão não ocorra. Porque você vai
pensar no futsal onde se começa a ter esse espectro de esporte, esportivizado, e acaba
sendo uma reprodução onde só os melhores jogam. Isso é meio perigoso para o ambiente
escolar. [Agora se ele souber trabalhar o esporte de uma forma onde ele vai incluir a todos
e em segundo plano o resultado é válido 1].
[Mas entender isso, não voltar a educação física dos anos 70 por exemplo onde a
esportivização era muito protagonizada por pensar um governo militar, usar o esporte
como essa ferramenta de produção de corpos dóceis por exemplo…pensar nisso que foi
muito usado em 70 o esporte nesse intuito. Alienação do indivíduo via esporte para não
discutir os meios em que está vivendo. Sim de uma produção de uma sociedade saudável.
Isso vem sem poder pensar na prática esportiva de uma sociedade mais saudável.2] Agora
quais os objetivos a serem seguidos? É bem discutível. [O esporte na escola...o esporte da
escola me agrada um pouco mais. Você usar o ambiente escolar para...Daí usando
Esporte... A nomenclatura Esporte, mas envolvendo tudo quanto é a atividade Esportiva.
Falo da sua sociologia do esporte que divide Esporte, jogo e brincadeiras. 1]
Se você souber trabalhar num ambiente escolar torna-se interessante. Usando nome
Esporte, pensando o esporte como uma...nessa perspectiva eu acho muito válido usar o
nome Esporte. [Esporte da escola, a prática das atividades dentro de um ambiente escolar
para fins educacionais. 1]Porque se a gente for pensar na realidade aqui dessa escola a
parte motricidade é fundamental não vamos discutir isso entendeu, entretanto, o
desenvolvimento motor das crianças é muito grande. O aspecto motor às vezes. Muito
bons.
Começo fazendo uma resposta simples, [sou a favor do esporte. Acho que é um
grande meio até de uma forma atrativa e temos dentro da escola como conversado e você
sabe como funciona a educação física escolar do ciclo 2 aqui.1] Está menos digo, não estou
sendo a favor desta forma, longe disso. [Vivemos numa sociedade entre homens e
mulheres que convivem juntos em qualquer ambiente então não consigo entender que só
naquele momento exclusivo, que seria, podemos dizer com esse pico, como a melhor
relação entre os dois. Entre os gêneros. E chega nesse momento separa. Agora nessa
separação se parar para pensar no trabalho de esporte ela torna-se um pouco mais fácil. Até
em níveis físicos, motores que queira ou não é diferente sim. Sem preconceito, mas o
acervo motor dos meninos às vezes é maior do que o das meninas pela vida é
constituída, brincar pela rua.......sociedade a forma que é, apesar de nessa escola aqui tem
143
muitas meninas boas na parte esportiva, mas ainda tem essa discrepância. Para a gente
fazer um trabalho de esporte, do 6º ao 9º ano aqui isso favorece. 5] [Apesar de pouco
espaço, já dei iniciação de atletismo os alunos como desde saída, corrida saltos, pensando
em saltos, tudo bem adaptado, por exemplo salto em distância, pega a corda e marca...isso
eles gostam. Handebol 4] é bem aceito aqui em termos de iniciação. Essas tabelas aí
quando chegaram a semana passada porque teve a inauguração da escola. [Vôlei nunca
trabalhei. Nunca.6]
Pesquisador: Por quê?
Professor 10:
[Por exclusivamente não tem nenhum tipo de nada de material.6] Por que essa bola
por exemplo que você está vendo aí. Se eu pedir, se eu conseguir essa bola para fazer um
campeonato entre sexto e sétimos anos que eu dou aula para eles. Então não peguei a
escola toda, trouxe o sexto e o sétimo. Só colocar. E por sinal está interessante. [Na
primeira semana veio X aluno, na segunda semana aumentou o número de alunos
participando. Porque a ideia é colocar todos para jogar e ter essa vivência. Então até que
tem essa obrigatoriedade de ter substituição. A substituição que coloca para os alunos não
é o de entrar e sai dos mesmos. Tem que fazer uma rotatividade. Sai quem não saiu ainda.
Para poder envolver todos os participantes.3][ Daí tem sim a ideia da competição, mas de
uma forma pouco mais saudável podemos dizer, já regrando com João Batista Freire no
livro “educação física de corpo inteiro”, que ele não nega a competição em ambiente
escolar, e sim ele nega da forma que é feito. Nisso eu também concordo porque para quem
joga é gostoso jogar e é prazeroso e estimulantes só não pode ser tarjado no jogo
discriminado em uma partida não é teoricamente bom suficiente. Aí caímos na concepção
do esporte da escola.2] Mas sou a favor e muito. Mas temos aqui a parte da coletiva. Parte
em que os alunos gostam. Em agosto tem a corrida dos Estudantes aqui. Eles pedem por já
ter vivenciado essa experiência. É diferente. Então repito: handebol é bem aceito
também. Mas o futsal....
Pesquisador: É o carro chefe.
Professor 10: Sem dúvida.
144
Pesquisador: Quais são seus objetivos educativos ao ensinar esportes na
escola?
Professor 10:
[Partindo do pressuposto que temos uma sociedade composta de regras e temos que
saber respeitá-las e discuti-las o esporte, qualquer atividade, é composta regras. Começa
por aí. Se não tem como. Desde a prática esportiva falando do jogo mesmo, ou até mesmo
na brincadeira. A brincadeira que esses meninos estão fazendo, elas são compostas de
regras. Só que umas regras já são feitas e outras construídas. E você dentro desse ambiente
escolar começa a discursar regras para os alunos dá a voz aos mesmos para construir regras
para a sua vida. Isso é fundamental para chegarmos em cidadania.2] [Porque quando a
gente ver Galvão Bueno gritando, o jeitinho brasileiro que o Neymar burlou uma falta. Que
ele fala do jeitinho brasileiro é nada mais que a pilantragem. Isso é trazido para dentro do
ambiente escolar também. Então quando o professor consegue discutir isso e mostrar para
o aluno que isso errado, que a regra tem que ser cumprida, não tem que aceitá-las de
cabeça baixa, concordo plenamente, essa ideia disciplinar, novamente, mas você tem que
saber aceitar, discutir é respeitar. 2]No aspecto de cooperação você saber cooperar, que no
esporte, eu acho fundamental, numa sociedade totalmente individualista que
preconiza de vandalismo com a melhor formação temos por obrigação em correr para o
caminho oposto. Ou então a cooperação é fundamental para isso. [O esporte coletivo, que
você vai querer ganhar do outro, mas você vai ter que jogar com o seu par, esse aspecto de
coletivo é fundamental. O cooperativo, o coletivo, a sociabilidade, os alunos de um para o
outro saber empurrar e chutar não precisa de muito. Você sabe muito bem isso. Quando
você consegue trabalhar sociabilidade, afetividade dentro do esporte, ele é fundamental
para a construção do sujeito. Eu enxergo esporte assim. Uma grande ferramenta de
construção do sujeito. Não é o único, mas é um grande viés. Grande ferramenta 2].
Pesquisador:
3 - Me fale sobre como você ensina conteúdos esportivos nas aulas de educação
física:
Professor 10:
[Ela é totalmente prática, que a prática eu falo que é explicada aqui na quadra,
não…. Até mesmo pela estrutura que tem aqui, você não tem sala de aula à tarde. Aí você
tem descrição de movimento explicando o que que é realizado, mas principalmente dentro
145
do próprio jogo 3] [Atividade do jogo que eu falei do futsal e do handebol. 4] Apesar de
que eles estão.... Está liberado uma sala de computador ali que tem o slide, que é uma coisa
que estou pensando bem para o ano que vem, pois nunca levei. Você conseguir mas tem
que ser agendado porque os alunos usam muito à tarde. Não é sempre que está disponível
ali. A internet às vezes funciona às vezes não funciona. Mas é uma possibilidade de boa eu
estou pensando sinceramente o ano que vem. Nessa possibilidade de levá-los a esse
visual uma atividade nessa direção. [Mas hoje foi totalmente prático explicando
movimento, e a criançada usar os jogos adaptados. Por exemplo handebol você usar alguns
tipos de queimada você tem a função de passe troca bola, arremesso e o jogo propriamente
dito. Futsal a mesma coisa com jogos adaptados.3] [Jogo às vezes em que está o
golzinho, se tem outras possibilidades de fazer o gol, gol que é de dentro para fora e de
fora para dentro, de mão dadas.........Jogos pré desportivos são jogos adaptados pré
desportivos para isso. Pensando nas meninas elas dão para fazer um trabalho melhor mais
analítico. Pela quantidade questão 3.]
[No basquete e o vôlei nunca se foi feito nada. Nem essas adaptações ao
basquete...Júnior o principal, principal mesmo, nessa escola por exemplo, eu não consegui
enxergar meios de fazer. A bola que quica aqui só tenho essa de borracha. Eu tinha uma de
borracha depois eu tinha essa que chegou recentemente uma outra de salão. Ideia para
poder usar tipo um cesto seria... ou lixo a mão do colega mais seria com um pouco de
receio de a bola pegar o rosto dele.6]
Pesquisador: Ou o arco? Saco de lixo? É. Em vez de cesta móvel com arco usa
a cesta com saco de lixo. Daí dois alunos sai andando com o saco.
Professor 10:
O arco eu não tenho, o bambolê. Não temos bambolê. Mais voltado nessa
direção. Até que se....esses dias eu fui perguntar se tinha porque não tinha mais
nenhum. Havia acabado. Se eu utilizar saco de lixo?
[Eu já fiz isso com o gol móvel no futebol. E no handebol também, mas não
arremessando. Já trabalhei com dois, um segurando na mão do outro, proteger gol e
troca de passe e arremesso.3] [E as meninas, apesar de falarem que as meninas não gostam
muito de educação física e tem uma resistência maior, pelo menos aqui na escola Edgar de
Souza, eu nunca vi isso. Vejo uma muito boa aceitação e elas são muito mais
exigentes para aulas que os meninos. Tem um nível de exigência maior. Por exemplo para
146
os meninos, se eu for ter que ficar no futsal, todas as aulas, 98% aceita muito bem. E as
meninas cobram atividades diversificadas muito bem. Elas gostam. 5]
Pesquisador: Então, você faz uma teoria e prática na própria quadra?
Professor 10:
Sim. A teoria seria...[ o contexto histórico... 4]eu já consegui o interesse através do
trabalho até mesmo no [futebol de rua 4]. [Para ter um trabalho teórico sobre futebol de
rua que até.... Queimada com as meninas. 3]
Pesquisador: Em relação à proposta. O que é pedido para você? O caderninho.
Professor 10:
[Ele é dividido por 4 bimestres.8]
Pesquisador: Sim, eu sei. Mas pedem que vocês sigam?
Professor 10:
[Não. Nunca teve uma...ordem explicita. 8]
Pesquisador: Quem foi que fez a proposta? Tem uma uma ideia? Foi a
secretaria?
Professor 10:
[Não sei. Não sei se tem um corpo docente envolvido nisso. E se tem, quem foi esse
corpo docente, com essas formações. 8]
Pesquisador: Mas não é pedido para que vocês sigam?
Professor 10:
[Nunca ninguém me deu material específico. Parece que no começo do ano, quando
eu não estava aqui, teve um HTPC que foi voltado para cada disciplina. Teve uma
educação física aí nesse não participei. Parece que teve uma reunião.... Não sei se você
chegou a conversar com outro professor, se falou alguma coisa sobre isso....8]
Pesquisador: Pensando na estrutura. Você citou uma estrutura de João Batista
Freire. Essa que você segue na Educação Física escolar? Essa estrutura de aula?
Professor 10:
147
[Sigo a linha de João Batista Freire do livro Pedagogia do futebol. Ele divide em
cinco fases a aula. A primeira aula ele....A primeira parte, desculpa. É colocar uma roda de
conversa rapidamente sobre o conteúdo ensinado da aula passada. Por exemplo
trabalhamos na ideia....Revisão da aula, assunto teórico sobre a experiência do aluno que
foi pertinente ou você pode cortar isso e discutir o assunto atual. Por exemplo quando teve
aquele caso do Valentino Rossi. Que ele chutou o cara. Trouxe esse momento de discussão
com aluno no começo de aula. Se viram, o que acharam. A discussão passou por esse aí.
Fazer o aluno refletir na sua própria prática. Segunda parte é composto de uma
atividade, um jogo adaptado, sobre a aula anterior. Exemplo, se trabalhamos arremesso no
handebol, o jogo adaptado com foco no arremesso. Terceira parte seria iniciação dá aula
nova. Mas eles geralmente colocam dois fundamentos. Não sei que fundamentos. Em 50
minutos dois fundamentos dão uma passada, mas dois fundamentos da aula. Adapto para
um fundamento. 7]
Pesquisador: E a quarta?
Professor 10:
[A quarta um jogo adaptado que seja avaliação de aula. Para poder
diagnosticar assimilação do conhecimento do fundamento ensinado. A quinta parte seria
uma roda de conversa, que eles chamam de volta calma, roda de conversa para poder
discutir aula. O que achou, a maior dificuldade, a experiência vivida. Tudo isso com o
intuito do aluno reflexivo sobre sua própria prática. 7]
Quadro 12: Análise ideográfica do Professor 10
Seleção das unidades de significado Unidades de significado na linguagem
do pesquisador
1. Atento para não cair nessa ideia
institucionalizada do esporte na
escola, nessa reprodução do esporte
institucionalizado no ambiente
escolar. Tive essa preocupação, desse
modo de pensar e não reproduzir, não
fazer a exclusão dentro da escola é
válido mas acho, ou acredito, tem que
1. O professor destaca que, dentro da
escola, o esporte deve ser
desenvolvido de uma maneira
diferente do modelo de alto
rendimento, ou seja, utilizar o esporte
com fins educacionais, buscando a
participação de todos.
148
ter a presença da metodologia do
trabalho do professor.
Agora se ele souber trabalhar o
esporte de uma forma onde ele vai
incluir a todos e em segundo plano o
resultado é válido.
O esporte na escola...o esporte da
escola me agrada um pouco mais.
Você usar o ambiente escolar
para...Daí usando esporte... A
nomenclatura Esporte, mas
envolvendo tudo quanto é a atividade
esportiva. Falo da sua sociologia do
esporte que divide Esporte, jogo e
brincadeiras.
Esporte da escola, a prática das
atividades dentro de um ambiente
escolar para fins educacionais.
Sou a favor do esporte. Acho que é
um grande meio até de uma forma
atrativa e temos dentro da escola
como conversado e você sabe como
funciona a educação física escolar do
ciclo 2 aqui.
2. Daí tem sim a ideia da competição,
mas de uma forma pouco mais
saudável podemos dizer, já regrando
com João Batista Freire no livro
“educação física de corpo inteiro”,
que ele não nega a competição em
ambiente escolar, e sim ele nega da
forma que é feito. Nisso eu também
concordo porque para quem joga é
2. O Professor 8 relata que, no ambiente
escolar, pode haver uma competição,
porém deve ser algo que auxilie na
formação do indivíduo e não apenas
que os melhores joguem. Diante
disso, este professor, quando
promove uma competição, estabelece
algumas regras que fazem com que
todos participem de maneira
149
gostoso jogar e é prazeroso e
estimulantes só não pode ser tarjado
no jogo discriminado em uma partida
não é teoricamente bom suficiente. Aí
caímos na concepção do esporte da
escola.
Mas entender isso, não voltar a
educação física dos anos 70 por
exemplo onde a esportivização era
muito protagonizada por pensar um
governo militar, usar o esporte como
essa ferramenta de produção de
corpos dóceis por exemplo…pensar
nisso que foi muito usado em 70 o
esporte nesse intuito. Alienação do
indivíduo via esporte para não discutir
os meios em que está vivendo. Sim de
uma produção de uma sociedade
saudável. Isso vem sem poder pensar
na prática Esportiva de uma sociedade
mais saudável.
Partindo do pressuposto que temos
uma sociedade composta de regras e
temos que saber respeitá-las e discuti-
las o esporte, qualquer atividade, é
composta regras. Começa por aí. Se
não tem como. Desde a prática
esportiva falando do jogo mesmo, ou
até mesmo na brincadeira. A
brincadeira que esses meninos estão
fazendo, elas são compostas de regras.
Só que umas regras já são feitas e
outras construídas. E você dentro
prazerosa e saudável.
Sendo assim, o professor aponta que,
na escola, o esporte não pode ter um
caráter apenas de reprodução como
era feito antigamente, com o intuito de
produzir corpos dóceis.
Nesse sentido, o esporte escolar pode
auxiliar no respeito às regras, formar
cidadãos, pois a corrupção no Brasil
está em todos os setores e, com isso, o
profissional, dentro da escola, precisa
comentar e ensinar os alunos sobre os
diretos e deveres. Além disso, a
cooperação, a amizade, as relações
sociais e afetivas que acontecem no
esporte, na visão deste professor, são
essenciais para a formação do sujeito.
150
desse ambiente escolar começa a
discursar regras para os alunos dá a
voz aos mesmos para construir regras
para a sua vida. Isso é fundamental
para chegarmos em cidadania.
Porque quando a gente ver Galvão
Bueno gritando, o jeitinho
brasileiro que o Neymar burlou uma
falta. Que ele fala do jeitinho
brasileiro é nada mais que a
pilantragem. Isso é trazido para dentro
do ambiente escolar também. Então
quando o professor consegue discutir
isso e mostrar para o aluno que isso
errado, que a regra tem que ser
cumprida, não tem que aceitá-las de
cabeça baixa, concordo
plenamente, essa ideia
disciplinar, novamente, mas você tem
que saber aceitar, discutir é respeitar.
O esporte coletivo, que você vai
querer ganhar do outro, mas você vai
ter que jogar com o seu par, esse
aspecto de coletivo é fundamental. O
cooperativo, o coletivo, a
sociabilidade, os alunos de um para o
outro saber empurrar e chutar não
precisa de muito. Você sabe muito
bem isso. Quando você consegue
trabalhar
sociabilidade, afetividade dentro do
esporte ele é fundamental para a
construção do sujeito. Eu enxergo
151
esporte assim. Uma grande
ferramenta de construção do
sujeito. Não é o único, mas é um
grande viés. Grande ferramenta.
3. Ela é totalmente prática, que a prática
eu falo que é explicada aqui na
quadra, não…. Até mesmo pela
estrutura que tem aqui, você não
tem sala de aula à tarde. Aí você tem
descrição de movimento explicando o
que que é realizado, mas
principalmente dentro do próprio jogo
Para ter um trabalho teórico
sobre futebol de rua que
até.... Queimada com as meninas.
Eu já fiz isso com o gol móvel no
futebol. E no handebol também, mas
não arremessando. Já trabalhei com
dois. Um segurando na mão do
outro. Proteger gol e troca de passe e
arremesso. Mas hoje foi totalmente
prático explicando movimento, e a
criançada usar os jogos adaptados. Por
exemplo handebol você usar alguns
tipos de queimada você tem a função
de passe troca bola, arremesso e o
jogo propriamente dito. Futsal a
mesma coisa com jogos adaptados.
Jogo às vezes em que está o
golzinho, se tem outras possibilidades
de fazer o gol, gol que é de dentro
para fora e de fora para dentro, de
mão dadas.........Jogos pré
3. O professor relata que a aula é
totalmente prática. Diante disso, usa
as seguintes estratégias: explicações e
demonstrações dos movimentos,
jogos pré-desportivos, inúmeras
adaptações que faz nos diferentes
jogos para favorecer o aprendizado
dos alunos. Além disso, solicita
alguns trabalhos escritos sobre as
modalidades esportivas.
152
desportivos são jogos adaptados pré
desportivos para isso. Pensando nas
meninas elas dão para fazer um
trabalho melhor mais analítico. Pela
quantidade questão.
4. Apesar de pouco espaço, já dei
iniciação de atletismo os alunos como
desde saída, corrida saltos, pensando
em saltos, tudo bem adaptado, por
exemplo salto em distância, pega a
corda e marca...isso eles gostam.
Handebol.
Atividade do jogo que eu falei do
futsal e do handebol.
O contexto histórico.
Eu já fiz isso com o gol móvel no
futebol. E no handebol também, mas
não arremessando. Já trabalhei com
dois. Um segurando na mão do
outro. Proteger gol e troca de passe e
arremesso.
4. Em relação aos conteúdos esportivos,
o professor relata que busca
desenvolver durante as aulas: o
atletismo, o handebol, o futsal, o
contexto histórico, o futebol de rua e
os fundamentos técnicos das
modalidades.
5. Vivemos numa sociedade entre
homens e mulheres que convivem
juntos em qualquer ambiente então
não consigo entender que só naquele
momento exclusivo, que seria,
podemos dizer com esse pico, como a
melhor relação entre os dois. Entre os
gêneros. E chega nesse momento
separa. Agora nessa separação se
parar para pensar no trabalho de
esporte ela torna-se um pouco mais
fácil. Até em níveis físicos, motores
5. O professor relata não concordar com
a separação entre os sexos, pois, na
sua opinião, essa convivência é muito
importante para a formação dos
indivíduos.
No caso do esporte escolar, isso é
vantajoso, pois, em questões física e
motora, existem muitas diferenças
entre homens e mulheres. Comenta
ainda que, nesta escola, as meninas
são bem participativas e gostam de
atividades diferenciadas sem ser muito
153
que queira ou não é diferente sim.
Sem preconceito, mas o acervo motor
dos meninos às vezes é maior do que
o das meninas pela vida é
constituída, brincar pela
rua.......sociedade a forma que é,
apesar de nessa escola aqui tem
muitas meninas boas na parte
esportiva, mas ainda tem essa
discrepância. Para a gente fazer um
trabalho de esporte, do 6º ao 9º ano
aqui isso favorece. E as
meninas, apesar de falarem que as
meninas não gostam muito de
educação física e tem uma resistência
maior, pelo menos aqui na escola
Edgar de Souza, eu nunca vi
isso. Vejo uma muito boa aceitação e
elas são muito mais exigentes para
aulas que os meninos. Tem um nível
de exigência maior. Por exemplo para
os meninos, se eu for ter que ficar no
futsal, todas as aulas, 98% aceita
muito bem. E as meninas cobram
atividades diversificadas muito
bem. Elas gostam.
repetitivas, ao contrário dos meninos,
pois, se for futsal toda aula, é mais
que suficiente.
6. No basquete e o vôlei nunca se foi
feito nada. Nem essas adaptações ao
basquete...Júnior o principal, principal
mesmo, nessa escola por exemplo, eu
não consegui enxergar meios de
fazer. A bola que quica aqui só tenho
essa de borracha. Eu tinha uma de
6. O professor afirma que, na escola,
não há materiais nem equipamentos
necessários à prática do voleibol e do
basquetebol e, por este motivo, não
enxerga formas para ensinar tais
modalidades.
154
borracha depois eu tinha essa que
chegou recentemente uma outra de
salão. Ideia para poder usar tipo
um cesto seria... ou lixo a mão do
colega mais seria com um pouco de
receio de a bola pegar o rosto dele.
Por exclusivamente não tem nenhum
tipo de nada de material.
7. Sigo a linha de João Batista Freire do
livro Pedagogia do futebol. Ele
divide em cinco fases a aula. A
primeira aula ele…A primeira
parte, desculpa. É colocar uma roda
de conversa rapidamente sobre o
conteúdo ensinado da aula
passada. Por exemplo trabalhamos na
ideia....Revisão da aula, assunto
teórico sobre a experiência do
aluno que foi pertinente ou você pode
cortar isso e discutir o assunto
atual. Por exemplo quando teve
aquele caso do Valentino Rossi. Que
ele chutou o cara. Trouxe esse
momento de discussão com aluno no
começo de aula. Se viram e o que
acharam. A discussão passou por esse
aí. Fazer o aluno refletir na sua
própria prática. Segunda parte é
composto de uma atividade, um jogo
adaptado, sobre a aula
anterior. Exemplo, se trabalhamos
arremesso no handebol, o jogo
adaptado com foco no
7. O professor destaca João Batista
Freire e assume que segue o modelo
de plano de aula deste que possui
cinco partes: Primeira parte:
estabelecer uma roda de conversa e
expor o conteúdo que irá ser
desenvolvido naquela aula, ou uma
revisão sobre a aula anterior. Segunda
parte: composta por um jogo
adaptado sobre a aula anterior. A
terceira parte seria um conteúdo
novo. Na quarta, outro jogo adaptado,
porém com o intuito de avaliar a
assimilação dos alunos em relação ao
conteúdo que foi ensinado. Por fim,
na quinta parte, ocorre uma discussão
sobre as vivências para que os alunos
possam refletir sobre o seu
envolvimento.
155
arremesso. Terceira parte seria
iniciação dá aula nova. Mas eles
geralmente colocam dois
fundamentos. Não sei que
fundamentos. Em 50 minutos dois
fundamentos dão uma passada, mas
dois fundamentos da aula. Adapto
para um fundamento.
A quarta um jogo adaptado que seja
avaliação de aula. Para poder
diagnosticar assimilação do
conhecimento do fundamento
ensinado. A quinta parte seria uma
roda de conversa, que eles chamam de
volta calma, roda de conversa para
poder discutir aula. O que achou, a
maior dificuldade, a experiência
vivida. Tudo isso com o intuito do
aluno reflexivo sobre sua própria
prática.
8. Ele é dividido por 4 bimestres.
Não. Nunca teve uma... ordem
explícita.
Não sei. Não sei se tem um corpo
docente envolvido nisso. E se
tem, quem foi esse corpo
docente, com essas formações.
Nunca ninguém me deu material
específico. Parece que no começo do
ano, quando eu não estava aqui, teve
um HTPC que foi voltado para cada
disciplina. Teve um de educação
física aí nesse não participei.
8. O professor 8 relata que a proposta do
município é dividida em quatro
bimestres, mas não há uma ordem
para que os professores sigam esta
proposta. Aponta ainda que não sabe
se há um corpo docente envolvido,
mas alega que, no período em que a
proposta foi lançada, não estava no
município e desconhece os fatos.
156
Parece que teve uma reunião.... Não
sei se você chegou a conversar com
outro professor, se falou alguma coisa
sobre isso.
Perfil individual do Professor 10
(1,2) O professor demonstra que, na escola, o esporte abordado deve ser diferente
do modelo de alto rendimento e deve buscar incluir todos os integrantes das aulas de
Educação Física, ou seja, utilizar o esporte escolar para fins educacionais, buscando, assim,
ensinar mais que esporte. Outro ponto forte deste professor foi relatar que o esporte não
deve ser utilizado como uma mera reprodução no ambiente escolar, pois deve-se repudiar a
formação de corpos dóceis e acríticos, como já aconteceu em décadas passadas. Diante
disso, formar alunos através do esporte escolar que aprendam sobre os direitos e deveres e
saibam dialogar e questionar durante as aulas e também na vida em sociedade.
(3,4) Os principais esportes ensinados são o atletismo, o handebol, o futsal e futebol
de rua. Os conteúdos esportivos são: o contexto histórico, as regras e os fundamentos
técnicos. As aulas propostas são, na maioria das vezes, práticas, utilizando explicações
verbais, demonstrações dos movimentos e jogos pré-desportivos com inúmeras
modificações, porém trabalhos escritos também fazem parte das estratégias do professor.
(5,6) A separação entre os sexos não é apoiada pelo professor, pois alega que essa
convivência no ambiente escolar é muito importante para a formação dos alunos.
Entretanto, para o ensino do esporte, é muito vantajoso, já que as questões físicas e
técnicas são muito diferentes entre meninas e meninos. A falta de material nas escolas é
um fator limitante para o melhor desenvolvimento de sua prática profissional.
(7,8) Para desenvolver o conteúdo esportivo, o professor estrutura as aulas de
acordo com o modelo de João Batista Freire, composto por cinco partes. Os conteúdos são
embasados por uma proposta ofertada pelo município, mas não há uma cobrança para que
os professores a sigam.
157
7- CONSTRUÇÃO DOS AGRUPAMENTOS
A sistematização das respostas obtidas dos entrevistados permitiu identificar as
unidades de significado nos discursos, trabalho que deu suporte à confecção dos
agrupamentos relacionados ao fenômeno estudado com o objetivo de compreender como
os docentes de Educação Física, que atuam na rede municipal de Aparecida, ensinam o
esporte em suas aulas.
Os resultados serão apresentados mostrando as principais modalidades esportivas
ensinadas pelos docentes, seus objetivos, os conteúdos trabalhados, as estratégias de ensino
utilizadas e os principais instrumentos de avaliação utilizados pelos professores de
Educação Física, quando ensinam esportes.
7.1 – Objetivos dos docentes
Nesse tópico do trabalho, serão mostrados e discutidos os objetivos relacionados ao
ensino dos esportes nas aulas de Educação Física mencionados pelos professores
pesquisados.
Quadro 14: Matriz 1 - Objetivos dos docentes
A seguir, apresentaremos os significados atribuídos aos objetivos de ensino
declarados pelos professores.
Os objetivos do ensino de esportes mencionados com mais frequência foram:
Auxiliar na formação dos valores: os professores destacaram que o esporte
escolar pode colaborar para que os alunos aprendam sobre os valores que são
↓ Objetivos / Professores → P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 Total
Auxiliar na formação de valores X X X X X X X 8
Buscar a formação integral X X X X X X X 7
Participar de competições X X X X 4
Desenvolver a base motora X X X X 4
Formar atletas X X X 3
Melhorar a disciplina e a organização X X X 3
Ensinar hábitos saudáveis X X 2
Melhorar a autoestima X 1
158
fundamentais para a vida em sociedade como amizade, honestidade, respeito,
solidariedade, ética, cooperação, dentre outros.
Buscar a formação integral: os aprendizados dos conteúdos esportivos podem
desenvolver o aluno em todos os aspectos: cognitivo, motor e afetivo-social.
Ajudam também na formação e no desenvolvimento do aluno, fazendo com que ele
compreenda seus direitos e deveres.
Em menor número, os docentes de Educação Física tiveram como objetivos:
Participar de competições: de acordo com os professores, as competições são
importantíssimas, pois não basta que o aluno pratique o esporte na escola, é
necessário que haja competições para que participem, embora, no momento, a
prefeitura não esteja organizando este tipo de evento.
Desenvolver a base motora: os professores relatam que a base motora dos alunos
é desenvolvida e melhorada nas aulas de Educação Física e isso é voltado ao
estímulo e ao aproveitamento dos conteúdos esportivos.
Formar atletas: quando se ensinam conteúdos esportivos nas aulas de Educação
Física, o objetivo é melhorar as capacidades físicas e técnicas dos alunos para que
possam se tornar atletas.
Melhorar a disciplina e organização: os alunos envolvidos com as modalidades
esportivas se tornam diferenciados dos demais, são mais disciplinados e
organizados, graças aos aprendizados decorrentes dos esportes.
Ensinar hábitos saudáveis: o ensino do esporte formam hábitos saudáveis.
Melhorar a autoestima: com a participação saudável e prazerosa no esporte
escolar, os alunos podem melhorar a autoestima.
A maioria dos objetivos que os docentes de Educação Física possuem ao ensinar
esportes, em suas aulas, está relacionada ao domínio afetivo-social (auxiliar na formação
de valores, buscar a formação integral, melhorar a disciplina, organização e melhorar a
autoestima). Também apareceram alguns objetivos que enfatizam o ensino voltado para o
domínio motor (participar de competições, formar atletas e desenvolver a base motora).
Interessante mencionar que nenhum professor mencionou ter objetivos relacionados ao
domínio cognitivo.
159
Analisaremos, de forma mais aprofundada, se os objetivos mencionados pelos
docentes de Educação Física, que colaboraram com este estudo, estão relacionados aos
objetivos apontados pela literatura do esporte educacional.
Ao pensar na prática esportiva dentro da escola, acreditamos ser conspícuo saber o
que venha ser o esporte-educação. Nesse sentido, Dória e Tubino (2006) assim o definem:
O Esporte Educacional é um direito de todos os jovens, na infância e na
adolescência. Ele compreende as atividades praticadas nos sistemas de ensino, e
em formas assistemáticas de Educação, evitando-se a seletividade e a hiper-
competitividade de seus praticantes, com a finalidade de alcançar o
desenvolvimento integral do indivíduo e o exercício para a cidadania, a prática
do lazer ativo, tendo alguns princípios para a formação da educação, princípios
estes destacados na Conferência Brasileira de Esporte Educacional (1996):
coeducação; participação; cooperação; emancipação; inclusão e
corresponsabilidade (p. 82).
Convergindo a esse entendimento, auxiliar na formação dos valores dos alunos foi
um objetivo apontado por sete professores (P1, P2, P3, P5, P6, P7, P10), mostrando
preocupação com o desenvolvimento afetivo-social durante as aulas.
O discurso do P10 ilustra essa preocupação:
O esporte coletivo, que você vai querer ganhar do outro, mas você vai ter que
jogar com o seu par, esse aspecto de coletivo é fundamental. O cooperativo, o
coletivo, a sociabilidade, os alunos de um para o outro, saber empurrar e
chutar não precisa de muito. Você sabe muito bem isso. Quando você consegue
trabalhar sociabilidade, afetividade dentro do esporte, ele é fundamental para a
construção do sujeito. Eu enxergo esporte assim. Uma grande ferramenta de
construção do sujeito. Não é o único, mas é um grande viés. Grande ferramenta.
Moreno e Machado (2006) apontam que, no contexto escolar, o esporte pode
utilizar diversificadas abordagens, se organizar de maneira diferenciada e buscar metas e
objetivos pertinentes à escola. Para isso, os professores de Educação Física escolar
necessitam estabelecer objetivos que colaborem na construção e formação dos alunos
através do esporte, preocupação presente no discurso do P7:
Tem esportes que você aprende a ganhar e perder, você aprende... você aprende
a forma correta de agir, crescer como ser humano, crescer como pessoa, se
desenvolver, retorno a dizer, tanto física quanto intelectualmente.
A educação em valores é algo que pode ser bem desenvolvido nas aulas, porém
depende muito da intervenção do profissional.
160
A Educação Física é reconhecida como uma área de conhecimento que trata da
cultura corporal de movimento. Diante disso, esta disciplina tem a missão de introduzir e
integrar o aluno nesta cultura, buscando formar um cidadão que irá produzi-lo como um
instrumento de comunicação, de expressão de sentimentos, emoções, de lazer e
manutenção da saúde (BRASIL, 1998).
Nesse sentido, a Educação Física escolar pode possibilitar às crianças e
adolescentes diferentes conhecimentos e vivências. Dentre estas figuras, a prática esportiva
pode colaborar para o desenvolvimento da autonomia e dos valores morais (FINCK, 2012).
Essa ideia é reforçada pelo P9:
Eu acho importante, principalmente pela parte social dos alunos. Além
de aprender as disciplinas, é importante o convívio no dia-dia, saber os
limites, saber as regras esportivas, as regras de conduta. Eu acho legal isso aí.
Para que os valores humanos positivos sejam apreendidos pelos alunos, não basta
acreditar que as práticas esportivas, por si só, irão ensiná-los, como alertam Hirama, Santos
Joaquim e Montagner (2011). Segundo os pesquisadores, é necessário que tenham
significado na vida da pessoa, serem sentidos, com vivências que realmente façam com
que haja uma reflexão racional do valor, pois, só dessa forma, tais valores poderão fazer
parte das atitudes destes alunos.
No discurso de alguns professores, fica evidente acreditarem que o simples fato de
aprender as regras dos esportes faz com que os alunos aprendam a respeitar as regras da
sociedade, a respeitar o colega, como percebemos na fala do P3:
Eu acho que o esporte tem muitas regras e hoje em dia o que está faltando é
regra para as crianças, respeito. Porque no esporte o que a gente pensa: tem que
ter respeito com atleta... ter responsabilidade porque quando você vai numa
modalidade ele tem que ter o respeito com colega.
Apenas entender as regras não basta, é necessário que o ambiente das aulas seja
rico em valores, que, nas atividades, existam, a todo o momento, uma relação de amizade,
cumplicidade, honestidade, dentre outros valores importantes para uma vida em grupo.
Os professores entrevistados destacam que aulas de Educação Física de caráter
esportivo podem colaborar para que os alunos se desenvolvam de forma integral, ou seja,
nos aspectos afetivo-sociais, físico-motor e cognitivo, a exemplo do que diz o P4:
161
o esporte tem desempenhado um papel de extrema importância no
desenvolvimento físico, motor, afetivo e psíquico dos alunos na escola.
A recomendação de ensinar esporte visando o desenvolvimento integral dos alunos
está presente, entre outros autores, em Paes; Montagner e Ferreira (2009). Estes afirmam
que o professor deve buscar uma pedagogia do esporte que seja centrada no indivíduo e na
sua relação com o esporte, ou seja, sistematizar, organizar e propor procedimentos
pedagógicos, entendendo o ser humano em seu desenvolvimento integral. Neste sentido, as
práticas esportivas podem e devem atender muito mais do que apenas a melhoria do jogo,
podem colaborar também para a vida dos praticantes.
Alguns professores pesquisados possuem, em sua formação inicial e em sua
experiência prática de ensino, uma forte ligação com o esporte de alto rendimento. Essa
realidade aparece de forma clara nas falas dos P6 e P8, respectivamente:
Então, infelizmente, às vezes eu vejo também que a gente necessita que haja
um estímulo maior para o aluno em relação às competições. Você trabalhar
simplesmente o esporte dentro de um modo geral a gente vivenciou por muito
tempo jogos escolares, infelizmente essa coisa…Ficou de lado então tem que
haver isso para ter de uma certa forma um retorno de tudo aquilo que você
fez que treinou dentro de uma escola.
Eu gosto muito de puxar para parte esportiva de competição.
Podemos notar que o professor tem, como um dos objetivos de aulas, o treinamento
das modalidades esportivas e a participação em competições, mas o esporte escolar possui
outras características que poderão colaborar para outros fins na vida do aluno e que
parecem não estar sendo priorizados por estes professores.
Sobre a intenção de utilizar as aulas de Educação Física com o objetivo de formar
atletas, Paes (2001) afirma que
com relação à formação de atletas na escola, gostaríamos de marcar nossa
posição discordando de autores que afirmam que a Educação Física escolar está
compromissada com o esporte de alto rendimento. Podemos afirmar que não é
esse objetivo da Educação Física na escola, e assim nos juntamos a uma
infinidade de parceiros da área que fazem, com razão, esta afirmação.
Analisando tecnicamente essa situação, fazendo o seguinte questionamento: Será
que é possível formar um atleta?[...] lembramos que a realidade das escolas no
Brasil, sobretudo a das escolas públicas, não oferece condições de trabalho, no
que diz respeito ao material didático e ao espaço físico para o professor ministrar
suas aulas. Com relação ao esporte de rendimento na escola, entendemos que
nela não existe esporte, mas, sim, atividade esportivizada (p. 37-8).
Parece que essa não é a visão do P1, quando diz:
162
Então eu acho assim, que é essa formação do atleta dentro da escola vem a
calhar sobre isso, a formação para ele ser um atleta. Para falar a verdade eu sou
um cara muito voltado para o esporte e para formação de atletas. Eu trabalho na
escola e vejo que a formação do atleta é essencial.
Há indícios, todavia, de que a visão de que as aulas de Educação Física devem estar
voltadas para a formação de atletas vem mudando a cada dia, de acordo com Darido e
Souza Junior (2013). Esses autores apontam que os professores devem possuir como
objetivos problematizar, interpretar, relacionar e analisar com seus alunos todos os
aspectos que envolvem as manifestações da cultura corporal de movimento, inclusive o
esporte. Além disso, mencionam que deveria ser objetivo das aulas que os discentes
tivessem condições de manter uma prática esportiva regular, se assim desejarem, sem o
auxílio de especialistas, além de compreenderem o papel das diferentes modalidades
esportivas na sociedade em todos os seus aspectos.
A respeito do ensino do esporte na escola, Neira (2014) sugere que os docentes de
Educação Física tenham como objetivo, ao ensinar o esporte, que as crianças e os
adolescentes tenham condições de compreender a ocorrência do fenômeno esporte,
assumindo a sua condição de sujeito da cultura ao atribuir novos significados ao esporte
escolar. O professor também deve ter como objetivo que o aluno estabeleça uma relação
mais crítica e qualificada com o esporte, ser capaz de entendê-lo e produzi-lo na escola em
conformidade com as características do grupo.
Maldonado, Silva e Neira (2015) analisaram como propostas curriculares de
Educação Física escolar de dez estados brasileiros propõem objetivos para o ensino dos
esportes na escola. Os autores mencionaram que os principais objetivos que aparecem nas
propostas são: desenvolver atitudes positivas em relação ao esporte, incluindo a
consciência crítica; refletir sobre a influência da mídia no esporte; organizar e participar de
eventos esportivos; desenvolver e compreender os elementos táticos dos esportes coletivos;
compreender as regras dos esportes coletivos; conhecer a história dos esportes coletivos;
vivenciar os esportes coletivos; desenvolver conceitos de saúde relacionados aos esportes
coletivos; praticar as habilidades motoras específicas dos esportes coletivos; praticar os
esportes coletivos nos momentos de lazer e compreender conceitos do treinamento
desportivo.
Portanto, podemos perceber que os docentes de Educação Física da rede municipal
de Aparecida possuem, em sua maioria, objetivos educativos muito amplos, gerais, como a
163
formação de valores e do cidadão, mas pouco se referem aos objetivos específicos que
possam ser alcançados com as aulas e que, uma vez atingidos, contribuiriam para chegar,
ao final da Educação Básica, com objetivos mais amplos.
Além disso, ao contrário do que a literatura recente sugere, esses professores ainda
utilizam as aulas de Educação Física com caráter de turmas de treinamento, objetivam
formar atletas e participar de competições e possibilitam que apenas os alunos mais
habilidosos participem efetivamente das aulas.
7.2 – Esportes ensinados
Nesse momento do trabalho, apresentaremos e discutiremos os resultados relativos
às principais modalidades esportivas ensinadas durante as aulas de Educação Física na rede
municipal de Aparecida-SP. Na primeira coluna, constam os esportes ensinados e, na
primeira linha, os professores são identificados com a letra P.
Quando o professor ensina certa modalidade esportiva, a Matriz 1 foi assinalada
com um X no cruzamento entre a linha da modalidade e a coluna do professor pesquisado.
Quadro 13: Matriz 2 - Esportes ensinados
A maioria dos professores entrevistados ensina as modalidades esportivas coletivas
de quadra mais tradicionais (futsal, handebol, basquetebol e voleibol). Poucos
mencionaram trabalhar com o atletismo, capoeira, futebol de rua, o tênis de mesa e os
jogos de tabuleiro.
↓ Esportes / Professores → P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 Total
Futsal X X X X X X X X X X 10
Handebol X X X X X X X X X 9
Voleibol X X X X X X X X X 9
Basquetebol X X X X X X X X 8
Atletismo X X 2
Capoeira X 1
Futebol de rua X 1
Tênis de mesa X 1
Jogos de tabuleiro X 1
164
Percebe-se que os esportes tradicionais ainda prevalecem nas aulas de Educação
Física no Ensino Fundamental, apesar da formação profissional oferecida nos últimos vinte
anos contemplar vários outros esportes competitivos, como a ginástica, as lutas, esportes
alternativos, esportes radicais e também as diferentes possibilidades motoras que essa
manifestação da cultura corporal de movimento pode proporcionar (BETTI, 1999).
Na pesquisa de Pereira e Silva (2004), os conteúdos da Educação Física do Ensino
Médio nas redes federal, estatual e privada foram analisados. Utilizaram análises
documentais dos diários de classe e entrevistas com 22 professores. Nesse estudo, foi
possível constatar que o esporte era hegemônico aparecendo em 76.1 % dos registros.
Destaque para os seguintes esportes: futsal com 43.6%, o voleibol com 28.4%, o handebol
com 9.2%, o basquete com 8.7%, o atletismo com 6.4%, o futebol de campo e o futebol de
sete com 1.6% cada, e a ginástica artística com 0.5%. Por meio das entrevistas com os
professores, foi possível notar que raramente a ginástica ocupava o tempo todo das aulas,
pois era utilizada apenas como forma de aquecimento ou alongamento.
Pereira e Moreira (2005) realizaram uma pesquisa com o intuito de verificar a
participação dos alunos do Ensino Médio nas aulas de Educação Física. A pesquisa
envolveu duas escolas privadas da Zona Leste da cidade de São Paulo, 446 alunos do
Ensino Médio e quatro professores de Educação Física. A pesquisa de campo foi realizada
utilizando-se como instrumentos para coleta de informações a observação num total de 80
horas/aula, aplicação de questionário para alunos e entrevista com professores. Entre as
constatações da pesquisa destaca-se que não ocorreu a participação de todos os alunos em
46% das aulas observadas, sendo que em 75% delas foi proposta como atividade apenas a
prática esportiva pura e simples, principalmente das quatro modalidades esportivas
tradicionais.
Maldonado e Limongelli (2009) realizaram uma revisão de literatura sobre a prática
pedagógica dos professores de Educação Física escolar que atuam nas séries iniciais do
Ensino Fundamental e obtiveram resultados parecidos. Os autores relataram que as
modalidades esportivas tradicionais também são as mais ensinadas nesse ciclo de
escolarização, com pouca ou quase nenhuma diversificação das modalidades ensinadas.
Santos e Nista-Piccolo (2011) analisaram como dez docentes de Educação Física,
que atuam em oito diferentes escolas de Ourinhos-SP, ensinam esse componente curricular
no Ensino Médio e aplicam o esporte em suas aulas. Os resultados mostraram que o ensino
165
abrange apenas as modalidades esportivas tradicionais de quadra, praticadas de forma
competitiva e excludente.
Millen Neto et al (2011) verificaram, por meio de entrevistas semiestruturadas,
aplicadas a sete docentes de Educação Física de escolas estaduais e municipais de Barra
Mansa-RJ, que o conteúdo central das aulas desse componente curricular são as
modalidades esportivas tradicionais seguindo o modelo do alto rendimento
Moreira, Silva e Mourão (2012), por sua vez, tiveram como objetivo identificar em
que momentos da aula se manifestavam situações de exclusão e auto exclusão, como
também descrever suas razões, o comportamento dos alunos envolvidos nestes eventos, a
intervenção do professor e suas estratégias de inclusão. Para isso, observaram aulas de
Educação Física e entrevistaram alunos do Ensino Médio e professores de duas escolas,
uma da rede particular e outra da rede pública da cidade de Juiz de Fora-MG. Os resultados
mostraram predominância de auto exclusão, sobretudo porque predomina o ensino dos
esportes coletivos de quadra tradicionais. A pesquisa também mostrou que os docentes da
escola particular possuíam uma maior preocupação em incluir os alunos do que os da
escola pública.
Fortes et al (2012) descreveram os conteúdos e ações dos professores, no contexto
da Educação Física escolar, na cidade de Pelotas-RS. O estudo realizou 240 observações
de aulas em 68 turmas. O System for Observing Fitness Instruction Time (SOFIT) é um
software de observação no qual foi utilizado como instrumento para avaliar as aulas de
Educação Física. Observou-se que o “jogo livre” foi a estratégia metodológica mais
utilizada nas aulas (45,3%) e os esportes coletivos tradicionais de quadra foram os
conteúdos mais frequentes, sendo que, no Ensino Fundamental, o basquete ficou com
(17%), futsal (38,4%), handebol (7%) e voleibol com (21%). Isso mostra que a Educação
Física, muitas vezes, tem o esporte como conteúdo dominante, desta forma, é necessário
repensar como esta disciplina vem sendo desenvolvida.
Silva (2013) avaliou a prática pedagógica de professores de Educação Física, tendo
como amostra seis docentes dos anos iniciais do Ensino Fundamental que atuam na rede
municipal de ensino de Campina Grande-MS, em seis diferentes escolas. Embora outros
conteúdos sejam ministrados, os esportes coletivos tradicionais, sobretudo o futebol,
predominaram.
Cabe considerar, uma vez que os esportes coletivos tradicionais são os mais
ensinados na escola, se também são conteúdos significativos na vida dos alunos.
166
Nessa perspectiva, Oliveira (2013) verificou o que as aulas de Educação Física
representam para os alunos do Ensino Fundamental da cidade de Araxá-MG e como é a
participação destes nas aulas. A pesquisa foi desenvolvida em cinco escolas públicas do
município com a participação de 96 discentes, com dados coletados por meio de um
questionário contendo questões abertas e fechadas. Nos resultados obtidos, percebeu-se
que o que mais representa a Educação Física, para os pesquisados, são as modalidades
esportivas tradicionais, sendo o futebol a modalidade mais praticada e apreciada pelos
meninos e, em contrapartida, a menos apreciada pelas meninas.
Kravchychyn e Oliveira (2012), por sua vez, realizaram um estudo descritivo com o
objetivo de verificar, junto aos alunos do Ensino Médio, os conteúdos que estudaram e
vivenciaram nas aulas de Educação Física do Ensino Fundamental e sua aplicação no
cotidiano. Como instrumento de medida, foi aplicado um questionário a 57 alunos de uma
escola particular da cidade de Maringá-PR, sendo 23 do sexo feminino e 34 do sexo
masculino. As questões versaram sobre tempo de estudo na escola, conteúdos estudados na
Educação Física escolar no Ensino Fundamental, importância e aplicação desses conteúdos
no cotidiano. Verificou-se que os conteúdos foram quase totalmente as modalidades
esportivas tradicionais, com predominância da prática pela prática e que, de forma geral,
não são utilizados no dia-a-dia dos alunos.
Em termos das modalidades esportivas ensinadas nas aulas, os resultados do nosso
estudo confirmam a mesma configuração relatada nos estudos aqui mencionados já que,
dos 10 professores pesquisados, apenas P1, P7 e P10 ensinam modalidades esportivas
diferentes dos tradicionais esportes coletivos de quadra. Tomemos como exemplo de
professores que se diferenciam dos demais em termos de conteúdos ensinados P1 e P10
que ensinam atletismo, P7 que ensina capoeira, jogos de tabuleiro e tênis de mesa e,
novamente, o P10 que ensina o futebol de rua.
Todos os demais deixaram claro sua preferência pelo ensino das modalidades
esportivas de quadra, como evidencia esse trecho do P6:
[...] é de certa forma trazer principalmente as quatro modalidades que a gente
tem condições para trabalhar dentro do espaço escolar, que é o futsal, handebol,
basquete e o vôlei.
O professor reforça que, na cidade, os materiais são escassos. Encontramos esta
dificuldade em um grande número de escolas, porém, passar o jogo para os alunos, através
167
da cópia do modelo de alto rendimento, é um caminho muito mais fácil para os
professores, desta forma, essa comodidade faz com que eles deem preferência para as
modalidades esportivas coletivas de quadra que, na maioria das vezes, necessitam apenas
de uma bola.
Nesse sentido, a tradição destes esportes parece estar mantida dentro das aulas de
Educação Física desta rede de ensino e parece haver dificuldade ou desinteresse da maior
parte dos professores em ensinar outras modalidades que poderiam ser ajustadas ao
ambiente escolar, talvez pela estrutura das escolas, clientela e, até mesmo, a formação
profissional.
A Secretaria Municipal de Educação de Aparecida reforça essa situação quando
enfatiza o ensino dos esportes ditos tradicionais, popularmente conhecidos na área como
“quarteto fantástico”, já que, no início do ano letivo, entrega aos professores uma proposta
para o ensino da disciplina e solicita que a sigam, como é possível constatar no discurso
dos P1 e P7, respectivamente:
Ah você trabalha no quadrado mágico? Handebol, basquete vôlei e futsal. Sim
eu trabalho bastante.
Agora o ensino esportivo nas aulas de Educação Física já vem através de uma
proposta da própria Secretaria de Educação e a gente segue a proposta.
Esta proposta possui como característica um padrão de ensino das modalidades
esportivas no que se refere à ordem, organização e conteúdos. No 1º bimestre, há a ênfase
no voleibol; no 2º bimestre, futsal; no 3º bimestre, handebol e, no 4º bimestre, basquetebol.
Essa sequência se repete ao longo de todo o Ensino Fundamental II. Outros esportes
aparecem na proposta apenas no 7º ano, quando é sugerido ensinar capoeira e atletismo.
No 8º ano, ensina-se lutas (jiu-jitsu, capoeira e judô), e, no 9 º ano, apenas ginástica.
Seguramente, a existência dessa proposta é um fator definidor da priorização do
ensino dos esportes coletivos de quadra nas escolas, apesar de, nesse contexto, haver um
aspecto intrigante, pois, de acordo com os próprios professores, a proposta pode ser
modificada, sendo apenas uma base para o planejamento das aulas, como afirma o P1:
Sim, eu utilizo, não sigo à risca, mas utilizo. A Secretaria pede que os
professores sigam a proposta, mas é algo flexível.
168
De acordo com o P8, seria necessário buscar outras possibilidades para os alunos
vivenciarem as práticas esportivas:
Eu acho que são repetitivos. Se você pegar o livrinho mesmo vai ver que de 6º
ao 9º ano é o mesmo esporte, tanto o primeiro bimestre quanto o segundo
bimestre.
Talvez este círculo vicioso não seja rompido pelo fato de os próprios professores
terem participado da elaboração dessa proposta, como nos relata o P2:
Na Secretaria de Educação de Aparecida teve uma reunião e, nessa reunião,
com os professores de Educação Física, foi elaborado um livro de apoio e nesse
livro foi colocado os conteúdos que nós devemos seguir. Não é o definitivo,
mas foi apenas um apoio.
Isso denota que, associado ao fato da Secretaria Municipal sugerir a repetição dos
esportes coletivos de quadra ao longo do Ensino Fundamental II, pode-se mencionar outros
dois aspectos que influenciam na escolha dos conteúdos: 1) a formação profissional inicial
recebida pelos professores, e 2) a experiência de vida destes profissionais com a disciplina
Educação Física escolar, já que a maneira como ensinam atualmente segue os mesmos
moldes da época em que eram alunos.
Alves (2007) corrobora nossa observação a respeito da formação profissional ao
afirmar que não é surpresa que as aulas de Educação Física tenham como seu principal
foco de ensino as modalidades esportivas tradicionais de quadra, pois, ao observar o
currículo das Instituições de Ensino Superior, é notável a presença de disciplinas de caráter
esportivo, principalmente dos esportes coletivos e com bola.
Se a formação e as experiências anteriores destes professores tivesse sido outra,
talvez pudessem ter questionado como a proposta foi montada e tivessem dado diferentes
opiniões a respeito da organização desta ferramenta de apoio à disciplina. O que fica clara
é a conduta de respeito da Secretaria de Educação em relação às crenças e referenciais dos
professores, uma vez que abriu espaço para ouvi-los e construiu uma proposta pedagógica
de acordo com que eles pensam.
Mesmo tendo havido tal participação, foi possível notar, nos discursos de alguns
professores, certo descontentamento em relação a essa organização, além do que a maioria
dos entrevistados declarou não seguir a proposta. O depoimento do P9 deixa clara essa
realidade:
169
Tenho um caderninho para a gente seguir. Mas eu acho que cada professor faz
o seu. Acho que não acompanha muito aquilo não. Não é muito cobrado e o
coordenador não acompanha. Apesar de ser feito pela gente. A gente participou
da elaboração. Não todos, mas alguns professores participaram. Foi
dado opinião, a gente fez uma listinha na época antes de montar esse
caderninho. A gente que fez. O conteúdo programático foi a gente que fez. As
ideias básicas sim.
Pode-se perguntar se a realidade da Educação Física escolar está fadada à eterna
restrição dos conteúdos ligados a essas modalidades esportivas coletivas. Nesse sentido,
vários estudos já foram publicados mostrando práticas pedagógicas inovadoras de docentes
que diversificaram os conteúdos ensinados em suas aulas.
Matthiesen, Silva e Silva (2008), por exemplo, refletiram sobre as possibilidades de
ensino do atletismo no campo escolar, a partir de um relato de experiência realizado em
uma escola pública do município de Rio Claro com alunos de Ensino Fundamental.
Sá e Miskiw (2009) ensinaram outros esportes como badminton, beisebol, futebol
americano, peteca e tênis de campo com enfoque nas três dimensões do conteúdo, em uma
escola pública localizada na região Sul do Brasil, com turmas de Ensino Médio.
Souza e Machado (2014) apresentaram e analisaram uma experiência que abordou
o conteúdo do voleibol sentado, a partir da transformação didática do voleibol tradicional
nas aulas de Educação Física, em uma escola de pública de Ensino Fundamental da região
Sul do Brasil.
Bocchini e Maldonado (2014) descreveram uma experiência sobre a tematização
dos esportes com rodas nas aulas de Educação Física, a partir da perspectiva das teorias
pós-críticas de educação, em uma escola municipal localizada na zona norte da cidade de
São Paulo.
Tinôco, Batista e Araújo (2014) relataram uma experiência em que apontaram
possibilidades pedagógicas no ensino do badminton enquanto conteúdo das aulas de
Educação Física em uma escola pública de Ensino Fundamental da região Nordeste do
Brasil.
Mello e Pinheiro (2014) apresentaram experiências obtidas em um estágio
supervisionado com o ensino de rugby para alunos do Ensino Médio de uma escola
localizada na região Sul do Brasil.
Sousa e Araújo (2015) fizeram um relato de experiência apresentando os processos
e resultados de uma prática pedagógica que compreendeu o ensino do esporte-educação
170
enquanto possibilidade de ampliação da cultura de movimento de estudantes do Ensino
Médio de uma escola pública localizada na região Nordeste do Brasil.
Maldonado e Silva (2015) descreveram uma experiência pedagógica, realizada com
alunos do 7º ano do Ensino Fundamental, de uma escola municipal da zona leste de São
Paulo, nas aulas de Educação Física em que os autores tematizaram os esportes radicais
com enfoque nas três dimensões do conteúdo e mostram que, dessa maneira, conseguiram
atender ao projeto político-pedagógico da escola.
Portanto, podemos afirmar que talvez falte formação continuada aos professores
pesquisados para que seja possível ter contato com outras possibilidades e horizontes para
a Educação Física escolar. Talvez, por meio da formação continuada por intermédios de
cursos, grupos de estudos presenciais ou à distância, fosse possível levar aos professores
pesquisados a literatura mais atual sobre objetivos, conteúdos e estratégias de ensino e
estimulá-los a rever sua prática pedagógica e tentar diversificar os conteúdos
predominantemente ensinados na rede municipal de Aparecida-SP.
Sabemos que existem muitos fatores que dificultam a prática pedagógica dos
professores no cotidiano escolar público, tornando mais difícil a ampliação das
modalidades esportivas ensinadas nas aulas (MALDONADO; SILVA, 2016). Entretanto,
com criatividade e compromisso didático-pedagógico, é possível ensinar outros esportes
nas aulas, principalmente realizando adaptações dos materiais e transformando
didaticamente o esporte (KUNZ, 2006).
Consideramos importante ressaltar, ainda, que o professor que irá desenvolver o
esporte escolar deve possuir uma visão diferenciada e, com base nisso, abordar as
modalidades esportivas no âmbito escolar de forma inovadora, propiciando aos alunos
aprenderem de maneira saudável e prazerosa, buscando que estes desenvolvam a
autonomia e uma visão crítica para que entendam que o esporte pode ser praticado e
vivenciado de formas diferentes daquelas ditadas pelo modelo do esporte de alto
rendimento divulgado pela mídia.
Concordamos com a perspectiva de Galvão, Rodrigues e Silva (2005) que afirmam
que o esporte realizado durante as aulas de Educação Física precisa ser visto como uma
manifestação da cultura corporal de movimento e que deve envolver o aluno com um
tratamento didático e pedagógico, ou seja, propor caminhos para o desenvolvimento
integral e a plena utilização social do esporte, tendo em vista finalidades educativas.
171
7.2.1 – Conteúdos relacionados aos esportes
Nesse tópico, mostraremos e discutiremos os tópicos que os professores de
Educação Física ensinam quando o assunto é o esporte.
Quadro 15: Matriz 3 - Conteúdos relacionados aos esportes
Ao serem indagados sobre os principais tópicos ligados aos conteúdos esportivos
ensinados, a maioria dos docentes mencionou que estimulam os alunos a conhecerem:
Os fundamentos técnicos: os professores priorizam ensinar nas aulas de Educação
Física os principais fundamentos das modalidades esportivas: passe, drible,
recepção, chute, arremesso dentre outros.
As regras dos esportes: as principais regras são explicadas para os alunos antes da
realização da parte prática e também durante as atividades propostas.
História dos esportes: o conteúdo relacionado à história dos esportes é transmitido
para os alunos para que entendam como surgiu a modalidade esportiva.
Conhecimentos sobre o corpo: através do aprendizado relacionado ao esporte, os
professores exploram conhecimentos sobre o corpo, fazendo ligações entre este
conteúdo e o esporte escolar.
Em menor escala, alguns docentes de Educação Física também mencionaram que
ensinam outros conteúdos esportivos em suas aulas. Entre eles estão:
↓ Tópicos / Professores → P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 Total
Fundamentos técnicos X X X X X X X X X X 10
Regras esportivas X X X X X X X X 8
História do esporte X X X X 4
Conhecimentos sobre o corpo X X X X 4
Mídia ligada ao esporte X X X 3
Fundamentos Táticos X X 2
Qualidade de vida e alimentação
saudável
X X 2
172
Mídia ligada ao esporte: os professores utilizam a mídia relacionada ao esporte
para discutir assuntos marcantes e também para que os alunos assistam às
competições esportivas e, dessa maneira, se envolvam mais com o esporte.
Fundamentos táticos: os professores destacam a importância de aprender sobre o
posicionamento ofensivo e defensivo para que os discentes possam compreender,
de forma ampla, as modalidades esportivas que são ensinadas nas aulas e para
praticar o esporte de maneira correta.
Qualidade de vida e alimentação saudável: estes tópicos são relacionados aos
esportes. Por meio do aprendizado esportivo, os professores estimulam os alunos a
aprenderem novos conhecimentos sobre a qualidade de vida e alimentação
saudável.
A maioria dos conteúdos ensinados pelos professores está relacionada aos aspectos
do domínio cognitivo (regras dos esportes, história dos esportes, conhecimento sobre o
corpo, mídia ligada ao esporte, e qualidade de vida e alimentação saudável). Também
podemos observar conteúdos relacionados aos aspectos do domínio motor (fundamentos
técnicos e fundamentos táticos).
Darido e Souza Júnior (2013) mencionam que, quando nos referimos aos
conteúdos, englobamos conceitos, ideias, fatos, processos, princípios, leis científicas,
regras, métodos de compreensão e aplicação, hábitos de estudos, de trabalho, de lazer e de
convivência social, valores, convicções e atitudes. Portanto, os conteúdos se relacionam ao
que os alunos devem saber conhecer (dimensão conceitual), ao que se deve saber fazer
(dimensão procedimental), e como se deve ser (dimensão atitudinal) com a finalidade de
alcançar os objetivos educacionais.
Para as aulas de Educação Física, Galvão, Rodrigues e Silva (2008) e Darido e
Souza Júnior (2013) sugerem como conteúdos conceituais: conhecer as mudanças pelas
quais passaram os esportes ao longo da história e identificar informações relevantes e
esclarecedoras sobre aspectos históricos, cinesiológicos, fisiológicos, sociais, entre outros
que contribuam para a ampliação do conhecimento nas diversas modalidades esportivas.
Esses autores sugerem que os conteúdos procedimentais sejam: vivenciar e
adquirir alguns fundamentos básicos dos esportes, verificar os fundamentos científicos,
buscar esclarecimentos e interpretar os contextos das informações apresentadas em
programas esportivos de rádio e televisão e realizar levantamentos, por certo período, das
173
modalidades esportivas mais veiculadas ou com maior espaço nos meios de comunicação
de massa e posterior análise dos motivos.
Os conteúdos atitudinais sugeridos são: valorizar o patrimônio dos esportes,
respeitar os adversários, os colegas e resolver os problemas com atitude de diálogo e não
violência, predispor-se a participar de atividades em grupos, cooperando e interagindo,
reconhecer e valorizar atitudes não preconceituosas relacionadas à habilidade, sexo,
religião, entre outras, adotar o hábito de praticar modalidades esportivas visando à inserção
de um estilo de vida ativo, analisar a postura dos discentes como consumidor dos
espetáculos e do universo que envolve a divulgação e veiculação do fenômeno esportivo.
Com relação a esta exploração dos conteúdos, os dez professores pesquisados
declaram ensinar fundamentos técnicos das modalidades esportivas, enquanto oito
professores relatam que, além dos fundamentos, também ensinam as regras dos esportes
(P1, P3, P5, P6, P7, P8, P9 e P10).
O P3 relata que o primeiro passo são as regras e, em seguida, os fundamentos:
Daí eu vou passar determinada modalidade, eu vou começar a explicar logo as
regrinhas, depois eu vou para os fundamentos.
Outra sequência didática é mencionada pelo P1:
Principalmente a questão de fundamentos básicos trabalhar muita habilidade né,
basquete quicar a bola com uma das mãos, com as duas, primeiro, sempre com
as duas, depois com uma mão só para a criança aprender a quicar a bola com a
direita com a esquerda, desenvolver habilidade motora, até que eu chegue na
parte das regras.
Assim, ao analisar as respostas dos docentes de Educação Física da rede municipal
de Aparecida fica claro que, na maioria das vezes, eles estimulam o desenvolvimento de
ordem procedimental e conceitual (aprender os fundamentos técnicos e as regras das
modalidades esportivas, por exemplo), conforme se observa comumente na aplicação
tradicional do modelo esportivista.
Em uma sequência, ou na outra, o que fica claro é que o ensino nunca parte de uma
perspectiva global, mas sempre de uma perspectiva analítica em que se acredita que o
aprendizado das partes conduz ao aprendizado do todo.
174
Esses docentes ainda pautam a sua prática pedagógica em uma perspectiva
tradicional do ensino de esportes na escola em que a técnica esportiva parece ser algo
essencial nas vivências esportivas.
A técnica esportiva parece ser algo essencial nas vivências ligadas ao esporte
Contudo, dentro do ambiente escolar, o envolvimento do aluno com a cultura corporal é o
objetivo principal da Educação Física proposta no contexto escolar. Desta forma, a
cobrança relacionada à técnica esportiva pode ocorrer, mas não deve ser o ponto mais
importante da atividade. Sendo assim, a técnica esportiva não pode ser entendida como um
fator limitador da participação dos alunos, ou seja, juntamente com os outros componentes
que objetivam incluir os alunos nas modalidades esportivas (GALVÃO; RODRIGUES;
SILVA, 2008).
Neste sentido, Soares et al (1992) relatam que existem ainda alguns pressupostos
tecnicistas que consideram necessários os domínios técnicos, táticos e físicos como
predeterminantes para aprendizagem do esporte e sua prática, demonstrando, claramente,
uma finalidade concentrada somente na vitória nas competições. Porém, na escola, o
esporte precisa ser entendido e ensinado como um meio para resgatar valores que
privilegiam o coletivo e não o individual, defendendo o respeito, a solidariedade e a
importância de aprender a jogar “com” o companheiro e não “contra” o adversário.
Diante disso, ao considerarmos o esporte como fenômeno social, tema da cultura
corporal, faz-se importante questionar suas normas, suas condições de adaptação à
realidade social e cultural do contexto em questão (SOARES et al., 1992).
O aprendizado dos esportes parece ter uma pequena mudança em sua tônica com o
evoluir das séries em que são ensinados, mas a perspectiva analítica e, porque não arriscar
dizer, carente de significado para os alunos, parece não mudar. Sendo assim, o aprendizado
dos esportes para os professores pesquisados está sempre ligado a estes conteúdos, como
mostram os relatos 5, 6 e 9, respectivamente:
[...] do 6º ao 9º é a idade mesmo que a gente inicia porque até o quinto são
jogos esportivos e a partir do sexto a gente começa com um esporte com
fundamentos e regras.
[...] sobre as regras do Esporte... e a gente vai dentro daquela parte toda
ali passando os fundamentos, passando uma situação e alguns já vindo...
[sic] do sexto ao nono já trazem um pouquinho de experiência em relação
a isso, coisa já trabalhadas em todas as modalidades.
175
“Além de você dar fundamento e ensinar as regras. Toda aula minha eu faço
questão que eles joguem o esporte”.
Darido e Souza Júnior (2013) mencionam que os docentes de Educação Física
devem aprofundar os conhecimentos, abordando os diferentes aspectos que compõem os
seus significados, ou seja, quando for tratar do futebol, por exemplo, o professor deve
ensinar além do fazer (técnicas e táticas), abordando a sua presença na cultura, as suas
transformações ao longo da história, a dificuldade de expansão do futebol feminino (causas
e efeitos), a mitificação dos atletas de futebol, os grandes nomes do passado, a violência
nos campos de futebol, dentre outras questões.
Nas respostas dos docentes, também aparecem outros conteúdos de ordem
conceitual, como o ensino da história dos esportes, o conhecimento do corpo, a qualidade
de vida e a alimentação saudável e os músculos atuantes na prática dos esportes. Também
aparece um conteúdo de ordem procedimental (aprender a se posicionar taticamente para
praticar os esportes) e apenas um conteúdo de ordem atitudinal (discutir as relações da
mídia com o esporte).
Como exemplifica o relato do P1:
[...] eu passo a parte teórica, explico de onde surgiu e como surgiu, como que
foi criado aquele esporte. Então eu explico como funciona o que é aquele
esporte como se desenvolveu, a história do esporte é o que eu acho essencial.
Tem gente que acha que não tem nada a ver passar, mas eu gosto de saber da
onde veio, porque que foi criado aquele esporte.
Ensinar tais tópicos é importante, se considerarmos que toda modalidade esportiva
possui sua especificidade, a qual inclui técnicas e táticas, regras, origem e história, entre
outros pontos fundamentais (FINCK, 2012).
Tanto o P6 quanto o P10 se preocupam em ensinar tópicos de caráter conceitual
ligados aos esportes:
[...] eu procuro avaliar, é a situação que o aluno chegou ali e de uma certa
forma ele a princípio, conhecer a história do esporte, saber um pouco sobre a
geografia do esporte, a matemática do esporte.
A teoria seria [...] o contexto histórico [...]
No entanto, vale comentar que há ainda uma grande quantidade de tópicos que
podem ser abordados quando o tema é o esporte.
176
As aulas de Educação Física, no ambiente escolar, podem discutir sobre as relações
entre nutrição, gasto energético e a prática de esportes; as relações entre a prática esportiva,
lesões e o uso de anabolizantes; o desenvolvimento das capacidades físicas (força,
resistência e flexibilidade), a relação entre esporte e saúde; a relação entre esporte,
sociedade e interesses econômicos; a organização social, o esporte e a violência; o esporte
com a intenção de lazer e o que visa à profissionalização; as diferenças e similaridades
entre a prática de jogos e esportes; as adaptações necessárias para a prática do esporte
voltado para o lazer; e a autonomia do aluno para elaborar, discutir e modificar regras das
diferentes modalidades esportivas (DARIDO; SOUZA JÚNIOR, 2013).
A partir dessas respostas, é possível identificar que os professores analisados
ensinam conteúdos principalmente de ordem procedimental com a intenção de fazer com
que os discentes aprendam a jogar de forma competitiva as poucas modalidades esportivas
ensinadas durante suas aulas.
7.3 - Estratégias de ensino relacionadas aos esportes
Neste momento, serão demonstradas e discutidas as estratégias de ensino que os
professores de Educação Física adotam relacionadas à dinâmica das atividades no ensino
dos esportes nas aulas de Educação Física.
Quadro 16: Matriz 4 – Dinâmica das atividades utilizadas para ensinar esportes
↓ Dinâmica das atividades/Sujeitos → P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 Total
Jogos pré – desportivos X X X X X X X X X 9
Jogos formais com as regras oficiais X X X X X X X X X 9
Exercícios de repetição dos
movimentos
X X X X X X X 7
Atividades lúdicas X X X X X X 6
Roda de conversa inicial X X X X X X 6
Torneios internos X X X X X 5
Trabalhos teóricos X X X X 4
Roda de conversa final X X 2
177
As principais estratégias de ensino ligadas à dinâmica das atividades utilizadas
pelos docentes de Educação Física para alcançar os objetivos e trabalhar com os conteúdos
relacionados com os esportes em suas aulas foram:
Jogos pré-desportivos. Nesses jogos, os docentes realizam algumas alterações no
jogo oficial com o objetivo de facilitar a aprendizagem dos alunos e ensinar novos
conhecimentos.
Jogo formal com regras oficiais. Os professores estimulam que os alunos
participem do jogo formal, com as regras oficiais. Essa estratégia é utilizada
principalmente quando os docentes querem treinar os alunos para participarem de
competições esportivas.
Exercícios de repetição dos movimentos. A repetição dos movimentos realizada
por meio de exercícios faz parte das aulas, pois os professores relatam que é
necessário aprender os movimentos técnicos dos esportes.
Uma parcela considerável dos docentes de Educação Física, que participaram deste
estudo, também utiliza as seguintes estratégias para ensinar esportes na escola:
Atividades lúdicas. Brincadeiras e atividades de caráter lúdico aparecem nos
discursos dos professores. Essa estratégia é utilizada para motivar os alunos para a
participação das aulas.
Roda de conversa inicial. Esta estratégia geralmente é utilizada no início da aula.
Tem como função a parte introdutória na qual é feita uma explicação prévia sobre
aula com objetivos e orientações iniciais.
Torneios internos. No final do ano, alguns professores organizam uma competição
interna, sendo uma sala contra a outra. Geralmente, são sistematizados jogos de
futsal para os meninos e queimada ou handebol para as meninas.
Trabalhos teóricos. A pesquisa e a entrega de um trabalho teórico são outras
estratégias utilizadas para que os alunos conheçam e aprendam sobre as
modalidades esportivas.
Roda de conversa final. Esta estratégia está ligada ao fechamento da aula, sendo
uma maneira de verificar o que os alunos aprenderam sobre o esporte, dando
oportunidade para que falem e opinem sobre os aprendizados.
178
Os docentes de Educação Física da rede municipal de Aparecida possuem como
principais estratégias para ensinar esportes: os jogos pré-desportivos, os jogos formais com
as regras oficiais e os exercícios de repetição dos movimentos. Também aparecem nas
respostas dos docentes a utilização de atividades lúdicas, roda de conversa inicial,
realização de torneios internos e a solicitação de trabalhos teóricos sobre as modalidades
esportivas.
É importante ressaltar que os jogos desportivos coletivos colaboraram no
aprendizado das modalidades esportivas. Além disso, o professor consegue desenvolver
uma função educativa na prática destes jogos, atrelando valores como: inclusão,
convivência, respeito e ética, pois o jogo pré-desportivo é imprevisível, possui desafios que
motivam os alunos a participarem das aulas. Sendo que, os diferentes desafios (problemas)
apresentados no jogo fazem com que os alunos emitam respostas criativas e hábeis,
individuais e coletivas que irão auxiliar tanto na melhora do jogo quanto para a formação
vida dos alunos (PAES; MONTAGNER; FERREIRA, 2009).
É importante ressaltar que nove professores pesquisados relatam utilizar os jogos
pré-desportivos para ensinar o esporte na escola. Esse achado é reforçado pelos docentes
P1, P3, P4 e P8, respectivamente.
Passo jogos pré desportivos.
[...] depois vai para o jogo [...] tem sala que a gente faz adaptação.
Em sequência o jogo adaptado ou recreativo e por último o jogo em si com
regras oficiais.
Às vezes eu faço o jogo sim, aliás na maioria das vezes eu faço. O jogo que
seria próximo do real.
Krug (2009) relata que, no campo da Educação Física, os esportes são riquíssimos
em possibilidades para descobrir, planejar e inventar, pois, dentro do jogo, sempre existe
outra forma de passar a bola ou uma estratégia para atacar ou defender no futebol,
handebol ou basquetebol, dentre outros.
Desta forma, percebemos que os jogos pré-desportivos podem ter uma grande
influência para a produção de novos conhecimentos ou de diferentes respostas para um
problema, porém o professor precisa estar atento para intervir, mediar e propor novos
problemas.
179
O estilo produção divergente (H) está ligado à produção de novos conhecimentos.
Este estilo busca estimular as capacidades cognitivas do aluno para a descoberta de
múltiplas soluções para um problema. Como é exemplificado no caso do futebol, o jogador
A recebe a bola e o jogador B está próximo para realizar a marcação. Quais são as opções
que o jogador em posse de bola tem para poder se livrar da marcação? A partir de um
problema como este, o professor pode solicitar aos alunos que planejem duas respostas
para essa situação problema, respeitando as regras do jogo (KRUG, 2009).
Sendo assim, como mencionado, o jogo pré-desportivo é rico em situações-
problema que podem estimular os alunos a pensarem em diferentes respostas, mas, na
presente pesquisa, os professores, em seus discursos, não relataram que aplicam os jogos
na escola com esse objetivo de estimular o aluno a desenvolver essas ações cognitivas e
motoras dentro do jogo, formando, assim, alunos mais inteligentes taticamente e
independentes para praticar os esportes ensinados.
De acordo com os professores pesquisados, essas estratégias com jogos são
voltadas mais para a questão lúdica do que para uma transferência para as modalidades
esportivas ensinadas na escola. Com isso, os professores dão ênfase ao jogo formal, por
acreditarem em uma maior eficácia dessa estratégia.
Entretanto, Finck (2012) relata que o esporte de rendimento possui objetivos e
características que o distinguem do esporte educacional e o de lazer, pois a primeira
classificação está ligada a uma ênfase na competitividade, regras rígidas, movimentos
padronizados, produtividade, o recorde e a vitória. Esse esporte é veiculado nas grandes
mídias e influencia o ambiente escolar.
Nesse sentido, o modelo acima descrito é utilizado por 9 entre 10 professores
pesquisados, pois utilizam a estratégia do jogo formal com as regras oficiais para ensinar o
esporte na escola. Isso foi evidente na fala dos professores. Entretanto, no ambiente
escolar, o professor deve variar as formas de ensinar, pois apenas a prática esportiva, desta
forma, não garante que os alunos aprendam as modalidades que estão sendo ensinadas pelo
professor e nem mesmo auxilia na construção e formação dos alunos.
Seguindo com esse modelo de esporte de rendimento, os exercícios de repetição
dos fundamentos fazem parte das estratégias de 7 professores (P1, P2, P3, P5, P6, P7 e P9)
dos quais relatam a importância de aprender as técnicas esportivas para poderem vivenciar
o esporte na escola, como notamos nos discursos de cada um deles, respectivamente.
180
[...] formação de base, os fundamentos é um trabalho que o atleta vai
desenvolver ao longo do esporte que ele precisa praticar.
[...] você parte de um exercício com menor dificuldade até chegar no
exercício complexo.
Aí vai começar a prática dos fundamentos.
Voleibol, por exemplo: Então começa com toque. Pega bola ensina
posição da mão, posicionamento de cotovelo, testa, tudo... Até que
tenho bastante bola. E aí ensino, por exemplo: fundamento toque. Aí mostro na
bola, posição. Depois começa o 2 a 2. E aí toca, segura, o outro, toca. É difícil
né. Depois Manchete. A mesma coisa. Ensino posicionamento de braço, depois
começa uma passada da cortada, como impulso saque. Todo processo do
fundamento.
Então... o esporte do 6º ao 9º ano é de caráter mais técnico. Eu acho que
nessa parte você já pode usar as nomenclaturas corretas sempre desde o início.
Depois eu ensino fundamento. Toque, posicionamento de jogadores...
E durante as aulas vou explicando a parte teórica: lateral, pé na linha, a área só
do goleiro... para evitar eu monto só defesa e faço exercícios de defesa. Monto a
defesa. Eu apito e eles correm até o meio da quadra depois apito eles voltam e
fazem a defesa de novo. Depois em seguida dou esse mesmo exercício com a
bola. Eles vão tocando em movimento como se fosse para o ataque. Apitei é
como se eu tivesse perdido a bola. Eles soltam a bola e volta correndo para
fazer a defesa.
Desse modo, percebe-se que a estratégia de ensino jogo formal com regras oficiais
utilizada pelos professores estão ligadas ao modelo esportivista. De acordo com Merida e
Merida (2013), as práticas esportivas ligadas a este modelo proporcionam apenas uma
mera reprodução de movimentos e técnicas, sem que haja uma reflexão por parte de alunos
e professores. Outro ponto negativo é a exclusão dos menos habilidosos, muitas vezes, pelo
próprio aluno que possui certa dificuldade, o qual não se sente à vontade para participar
das aulas de caráter esportivo e até por colegas e professores reforçando o esporte
tradicional no ambiente escolar. Como percebemos no relato:
Existe aquela questão [...] a panelinha [...] O gordinho vai para o gol... por mais
que você trabalha isso sempre tem essa questão.
Krug (2009) menciona que, para os alunos aprenderem qualquer tarefa física e
conseguir um nível razoável de execução, é necessário que o aprendiz repita a tarefa
diversas vezes. Além disso, é necessário que o professor esteja sempre orientando e
corrigindo estes alunos para que possam melhorar suas performances.
181
Nesse sentido, a utilização de exercícios de repetição dos fundamentos para ensinar
o esporte na escola está presente nos discursos da maioria dos professores, deixando claro
o domínio total das ações durante as aulas, pois os alunos não são incentivados a
questionar ou mesmo dialogar, ou seja, não são incentivados a desenvolver a autonomia e o
protagonismo nas atividades.
Os estilos de ensino são caracterizados pelas capacidades humanas básicas: a
reprodução de ideias, movimentos e modelos, a produção do conhecimento e a descoberta
e criação de novos modelos. Sendo os estilos de reprodução: comando (A), tarefa (B),
recíproco (C), auto checagem (D) e inclusão (E). Existem ainda os de produção e
descoberta do conhecimento: descoberta guiada (F), solução de problemas divergente (G),
solução de problemas convergente (H), individual (I), iniciado pelo aluno (J) e auto Ensino
(K) (GOZZI; RUETE, 2006).
De acordo com os estilos de ensino propostos por Muska Mosston (INSERIR
DATA), a estratégia repetição dos exercícios está associada aos estilos de reprodução do
conhecimento: comando (A), tarefa (B), recíproco (C), auto checagem (D) e inclusão (E).
Estes estilos estão todos relacionados à repetição de tarefas propostas pelo professor com o
intuito de aperfeiçoar os movimentos objetivados nas aulas de Educação Física. É
importante ressaltar que, nesta ordem de estilos, há um crescente em relação à autonomia
do aluno, pois, no estilo comando (A), o aluno apenas executa o que o professor sugeriu,
enquanto nos outros estilos o professor passa a conceder uma maior autonomia para os
alunos na execução das tarefas, ou seja, toma algumas decisões no processo de
aprendizado. (MOSSTON; ASHWORTH, 1986).
Desta forma, no estilo comando (A), o professor tem o controle de tudo, ou seja,
toma as decisões em todos os momentos da aula e para o aluno resta apenas executar e
obedecer o professor, tendo sempre um modelo a seguir. Entre o estilo comando (A) e o
estilo tarefa (B), existem pequenas mudanças, pois, no segundo estilo, algumas decisões
são transferidas ao aluno, propondo uma nova realidade entre professor-aluno, já que
aquele passa a confiar neste que poderá tomar algumas decisões na execução da tarefa, mas
deve ainda seguir as orientações estabelecidas (MOSSTON; ASHWORTH, 1986).
O aluno é apenas um ouvinte e reprodutor dos movimentos, tomando poucas
decisões nas tarefas, como percebemos nos relatos:
Vamos treinar fundamentos de novo? Vamos. Vamos melhorar
isso. Vamos fazer isso tudo são detalhezinhos que vão fazer a diferença essa
182
coisa de brilhar mesmo, do lapidar, da própria situação até mesmo a situação de
um atleta.
Eu começo com os fundamentos básicos que seria, vamos dar um
exemplo: basquete começo lá: Olha gente fundamento do passe, existem vários
tipos de passes: passe de peito, passe picado, passe de ombro e vou indo.... Vou
modificando, depois dou arremesso, ensino certos arremessos, adentrar nas
regras mesmo da modalidade e acho que isso.
Com isso, os estilos: recíproco (C), auto avaliação (D) e inclusão (E) não fazem
parte do repertório de estratégias dos professores. Apesar de estarem ligados à repetição e à
execução de tarefas, possuem algumas características específicas que não são mencionadas
pelos professores na descrição de suas atividades ao utilizarem apenas os estilos comando
(A) e tarefa (B), confirmando apenas que os alunos são meros executores de exercícios.
Para Heine, Carbinatto e Nunomura (2009), aquele aluno que aprende um esporte
exclusivamente por meio do estilo comando (A) alcançará uma melhora dos aspectos
motores e físicos, pois este estilo estimula em grande escala estes aspectos. Porém,
desenvolverá, em menor escala, o aspecto cognitivo. Com isso, ficará bastante dependente
da voz ou sinais de comando do professor, o que contribui pouco para desenvolver a
autonomia, a iniciativa e a capacidade de tomar decisões.
Gozzi e Ruete (2006) afirmam que, no estilo tarefa (B), há uma grande semelhança
com o com o comando (A), pois os alunos ainda seguem um modelo estabelecido pelo
professor. Porém, existe a possibilidade de os alunos tomarem algumas decisões,
relacionados ao aspecto físico-motores, sendo: ordem das tarefas, tempo de início,
velocidade e ritmo para a execução, término da tarefa, intervalo, postura e local.
Desta forma, os alunos que já conhecem o movimento poderão fazer mais
rapidamente. Os alunos com dificuldades poderão analisar melhor como fazer para
melhorar o desempenho. De acordo com o Professor 3, as turmas são muito heterogêneas.
Com isso, precisa propor tarefas que a turma toda consiga fazer.
Então todas as aulas você coloca um desafio. Então você coloca um desafio
pequeno hoje, amanhã um médio e depois um complexo. E o esporte é a mesma
coisa. Você começa o esporte pela iniciação e depois vai para o
aperfeiçoamento. Nas aulas todos os alunos participam da atividade então na
aula de Educação física a maioria dos desafios são pequenos. Por que você
pensa englobar toda a turma.
De acordo com a pesquisa de Gozzi e Ruete (2006), em segmentos não escolares
(clubes), foi encontrado alguns dados importantes em relação aos estilos de ensino, sendo
183
que, nas aulas de natação, predominava, com 46%, o estilo tarefa, seguido pela descoberta
guiada 23%, estilo inclusão 15%, auto checagem e produção divergente com 8%. Na
modalidade esportiva futebol, foram encontrados 55% para o estilo tarefa e 43% para estilo
comando.
Na pesquisa de Silva (2013) com seis escolas e seis professores de Educação Física
do Ensino Fundamental I, foram observadas 12 aulas de cada professor, totalizando 72
aulas. Em todas, o estilo tarefa (B) prevaleceu com estratégia principal de ensino.
Nesse sentido, os professores de Educação Física têm a responsabilidade de ensinar
seus alunos muito mais do que apenas jogar bola, fazer ginástica ou a dançar. É importante
que os alunos compreendam o que estão fazendo e por qual motivo fazem, pois a prática
esportiva educacional deve ter significado para os praticantes, além de estimular a
formação da cidadania e do pensamento crítico. Essas aulas também devem proporcionar
momentos de reflexão sobre os conceitos e atividades com perguntas geradoras das
reflexões e ainda sugerir questionamentos (NISTA-PICCOLO; MOREIRA, 2012).
Assim, é muito importante que o profissional de Educação Física faça uma variação
na utilização dos estilos, sendo esta uma atitude extremamente desejável do ponto de vista
do desenvolvimento integral do aluno (HEINE, CARBINATTO; NUNOMURA, 2009) e
isso não ocorreu com os docentes de Educação Física que participaram deste estudo.
Os professores (P1, P2, P3, P4, P6, P7 e P9) também fazem uso das atividades
lúdicas para que seus alunos possam aprender o esporte de diferentes formas. Essas
atividades, presentes na cultura popular das crianças, podem ser utilizadas, porém, cabe ao
professor adequá-las ao contexto das aulas para que atendam aos objetivos almejados e
também às características do grupo. Com isso, podem possibilitar a vivência dos
fundamentos de forma prazerosa, alegre e descontraída (PAES; MONTAGNER;
FERREIRA, 2009).
Sendo assim, ensinar o esporte de maneira satisfatória está ligado à preparação dos
alunos para executar as habilidades através da descoberta do prazer de realizá-las.
Conscientizá-los sobre seus limites e capacidades, possibilitando uma variedade de
movimentos e novos conhecimentos. Dessa maneira, o professor deve centrar seu ensino
nas questões pedagógicas que permeiam a aprendizagem de seus alunos, ou seja, inovando
propostas e criando um ambiente participativo e saudável (NISTA-PICCOLO; TOLEDO,
2014).
184
Os docentes mencionam que utilizam a roda de conversa inicial para iniciar as
aulas. Esse é um ponto importante nas aulas de Educação Física nas quais os professores
explicarão os objetivos das aulas e as possíveis atividades que serão realizadas, atentando e
motivando os alunos para a participação. Esse é um momento necessário para que os
alunos se envolvam e, até mesmo, participem questionando e dialogando com o professor.
Para Mosston e Ashworth (1986), a roda de conversa inicial está relacionada à fase
de impacto na qual o professor irá explicar e demonstrar as tarefas e os modelos que os
alunos seguirão na aula. É considerado um momento no qual constantes orientações
acontecerão para o melhor desenvolvimento das atividades.
Embora nem todos os professores façam as rodas de conversa inicial, de acordo
com Rodrigues e Darido (2012), é recomendado que as aulas iniciem e finalizem em roda,
de modo que todos os alunos possam se posicionar, lembrando e debatendo sobre o que foi
realizado na presente aula e na anterior, além disso, trazer fatos novos ou curiosidades
acerca do cotidiano esportivo.
Percebemos a importância tanto da roda de conversa inicial quanto a final, pois são
momentos nos quais alunos e professores podem dialogar e debater sobre aula. No entanto,
na presente pesquisa, apenas os professores P8 e P10 disseram realizar uma roda de
conversa final para poder fazer um resumo geral da aula e possibilitar a discussão dos
alunos, além de fornecer feedbacks sobre o processo de ensino-aprendizagem. Podemos
observar essa realidade nos discursos abaixo:
Eu começo lá na parte inicial que seria introdução, aí a gente vai para
um alongamento, fazer um aquecimento e falar de algum jogo, a aula é sempre
dobradinha. Aí depois eu entro na parte específica que a parte dos fundamentos
ou das regras. Depois a gente faz o jogo mesmo e para finalizar a gente termina:
Olha gente o que foi passado hoje? E se sobrar um tempinho ou outro eles
ficam um tempinho livres.
A quinta parte seria uma roda de conversa, que eles chamam de volta
calma, roda de conversa para poder discutir aula. O que achou, a maior
dificuldade, a experiência vivida. Tudo isso com o intuito do aluno
reflexivo sobre sua própria prática.
Nesse sentido, na roda de conversa final, o professor pode propor aos alunos
discutir os pontos positivos e negativos, os aprendizados, o que faltou e o que será
desenvolvido na próxima aula, além de outros aspectos que o professor julgar necessário.
Na roda, todos são iguais, não existe melhores ou piores, todos podem se ver, ouvir e falar,
185
ou seja, um espaço coletivo, propiciando, assim, aprendizados importantes como: ouvir o
colega, aguardar a sua vez para falar, respeitar opiniões, argumentar, discordar e concordar
(RODRIGUES; DARIDO, 2012).
Nos estilos de ensino de propostos por Muska Mosston (1986), os feedbacks são
peças fundamentais para o processo de aprendizado dos alunos, sendo que, dependendo do
estilo, podem ser dados pelos próprios alunos a outros ou do professor aos alunos. Sendo
assim, durante a execução das atividades, orientações são feitas aos alunos, já na fase pós-
impacto mais informações e devolutivas seriam comentadas. Desta forma, a roda de
conversa final, ou durante as atividades, têm uma relação interessante entre esses aspectos
dos estilos (KRUG, 2009).
Outro ponto importante a ser discutido sobre as estratégias de ensino utilizadas
pelos professores de Educação Física para ensinar esportes em suas aulas é que a Secretaria
de Educação do município pesquisado organiza as aulas no contra turno. Além disso, as
turmas não são mistas. Essa forma de organização é um fato preocupante, pois os alunos
necessitam deste convívio social entre os sexos para auxiliar na sua formação. No entanto,
cinco professores (P1, P2, P3, P4 e P5) relatam que, para as aulas, essa separação de sexos
é essencial, pois as práticas esportivas são melhores desenvolvidas.
Se nós formos olhar pela questão social eu acho que a mistura de gêneros tanto
faz. Porque do primeiro ao quinto é junto. Durante a grade. Influencia? Pode
influenciar na hora do futebol. Na hora que você der o futsal ou o futebol vai
influenciar porque os meninos... E difícil você pôr na cabeça deles que eles
estão ali. A questão do 6º ao 9º ano eu... não sei se é melhor ou se é
pior, porque aqui em Aparecida está.... Na minha época era assim. Sempre foi
assim e essa questão.... Às vezes eu acho melhor, as vezes eu acho pior.
Bom, turmas mistas é complicado. E eles já fazem junto do primeiro ao quinto
ano, então do sexto ao nono, separado fica melhor.
Desse modo eu acho positivo porque acabar trabalhando uma... vamos supor,
uma dessa específica as meninas uma ginástica e com os meninos não. Eles não
irão aceitar isso. Acaba atrapalhando. Nesta específico de separar, eu acho
positivo.
Eu acho que o horário do contra turno é um horário ideal. Sou a favor do
horário de contra turno. Primeiramente pelo fato dos alunos que vem no contra
turno são os alunos que estão interessados em fazer a aula. Fico dividido. Eu
acho válido a separação de masculino e feminino, mas por outro lado eu acho
que ficou um pouco a desejar também, tendo em vista que, quando as duas
turmas, turmas mistas, masculina e feminina estão presentes existe uma série de
dificuldades, principalmente com a parte do desempenho das
meninas, crítica por parte dos meninos, deboche, brincadeiras, coisas,
comportamento e atitudes dos meninos que podem constranger as
186
meninas. Além do fator sexualidade. Já percebo que está muito acentuado nas
duas turmas o que se não houver o devido controle acaba virando uma bagunça.
Eu acho melhor, porque na hora da aula, se for feminino e masculino junto...
Não dá para você dar uma atividade. Esporte então... inviável. Como você vai
trabalhar futsal menino e menina? Não dá. Vira o lúdico. Isso é um ponto que
não dá para eu misturar os dois. Acho muito difícil trabalhar com os dois. Nessa
idade um mexe com o outro. Não dá. Outra coisa é a roupa. A maioria vem com
calça jeans. Como você vai preparar? Não dá. E fica inviável porque você dar
aula para os meninos vamos dizer e as meninas sentam e não querem fazer. No
contra turno já é outro papo. Ele vem com outra roupa, já vem preparado para
aquilo. Só as meninas eu dou aulas específicas, só para elas. Se tiver um menino
junto já bagunça. Então eu acho importante separar meninos de meninas. A
roupa. E porque tem um horário específico. Eu acho melhor no contra turno.
Podemos perceber que, embora estes professores sigam e concordem com uma
estrutura didática que separa meninos e meninas das aulas e propõe um modelo do esporte
de alto rendimento para as aulas de Educação Física, tanto as orientações curriculares da
rede e a perspectiva educacional destes docentes não estão ligadas às orientações propostas
pela literatura mais recente para a o ensino do esporte na Educação Física escolar e na
utilização de diferentes estilos de ensino.
Para Galvão, Rodrigues e Silva (2008), o esporte é uma manifestação da cultura
corporal de movimento e, para ensiná-lo na escola, as estratégias de ensino precisam ser
variadas, tendo um tratamento diferenciado. Sendo assim, ao ensinar uma modalidade
esportiva nas aulas de Educação Física, os autores sugerem que os docentes devem refletir
com os discentes sobre o difícil relacionamento entre meninos e meninas na realização da
prática esportiva, a exclusão dos menos habilidosos, a violência, as dificuldades
relacionadas ao entendimento sobre a necessidade e os mecanismos de construção das
regras, a aplicação das noções sobre a organização tática.
Os professores também podem propor jogos nos quais as diferenças de habilidades
entre meninos e meninas, como o chutar, por exemplo, não sejam tão marcantes,
construindo um ambiente mais harmônico durante as aulas. As utilizações de materiais
alternativos aos oficiais também podem colaborar (a utilização de balões, bolas de espuma,
bolas de meio com enchimento macio), gerando um bom resultado e estimular a
participação dos menos habilidosos (GALVÃO; RODRIGUES; SILVA, 2008).
Ainda é necessário que os professores de Educação Física tentem incluir todos os
alunos durante as suas aulas, trabalhem de forma interdisciplinar, respeitar o projeto
político-pedagógico da escola, incentivar o trabalho com notícias sobre anabolizantes,
violência no esporte, padrão de beleza etc, utilizar vídeos, coletar informações na internet e
187
na mídia impressa, estimular a autonomia dos alunos, diversificar os espaços e os
materiais, convidar especialistas nas modalidades esportivas ensinadas para realizar
palestras e trabalhar com turmas heterogêneas, realizar trabalho em grupo e discutir as
relações de sexo que envolve os esportes (DARIDO; SOUZA JÚNIOR, 2013).
Neira (2014) sugere que o professor deve permanecer atento às relações embutidas
na trajetória e organização da modalidade esportiva ensinada, procurando ajudar o grupo a
significá-las. O professor pode indagar a turma sobre as condições assimétricas de
participação dos sujeitos, questões de sexo, consumo, história, formas de organização da
prática, gestos e recursos empregados, entre outros aspectos. Para o autor, é importante que
as atividades de ensino priorizem o diálogo sobre os diversos significados apreendidos
durante a leitura da gestualidade que caracteriza um determinado esporte.
Maldonado, Silva e Neira (2015) mencionam que as propostas curriculares
estaduais de Educação Física sugerem que os professores que ensinam esportes coletivos
devem utilizar as seguintes estratégias didáticas em suas aulas: promover debates entre os
alunos, ministrar atividades práticas, utilizar recursos audiovisuais, vivenciar os esportes
coletivos, realizar apresentações dos conteúdos desenvolvidos, realizar pesquisas em grupo
ou de forma individual, entrevistar pessoas envolvidas com os esportes coletivos, elaborar
painéis com ideias relacionadas aos esportes coletivos, praticar o esporte coletivo
compreendendo os elementos técnicos e táticos em conjunto, propor a realização da auto
avaliação, realizar rodas de conversa e utilizar a ludicidade para ensinar os esportes
coletivos.
Portanto, em relação às estratégias de ensino para ensinar esportes, os professores
de Educação Física da rede municipal de Aparecida, em muitos momentos, não seguem as
indicações realizadas pela literatura, pois utilizam, como principais estratégias didáticas, a
utilização de jogos pré-desportivos, jogos formais com regras oficiais, exercícios com
repetições de movimentos, a realização de torneios internos, demonstração dos
fundamentos, apresentação dos materiais e equipamentos esportivos, explicação e
intervenção durante as atividades, deixando claro o seu enfoque nos conteúdos de ordem
procedimental e de estimular a prática de poucas modalidades esportivas apenas para os
alunos mais habilidosos.
Embora também apareçam, nas estratégias dos docentes, a utilização de atividades
lúdicas, a roda de conversa inicial, trabalhos teóricos e roda de conversa final estão sempre
voltadas para o ensino das técnicas e das regras das modalidades esportivas e na melhora
188
do comportamento dos alunos para que possam praticar os esportes ensinados e a formação
do pensamento crítico e da cidadania dos discentes.
7.3.1 – Estratégias de ensino relacionadas às técnicas expositivas utilizadas para ensinar
esportes
Agora, discutiremos as técnicas expositivas que os professores de Educação Física
utilizam para ensinar o esporte em suas aulas.
Quadro 17: Matriz 5 – Técnicas expositivas utilizadas para ensinar esportes
As técnicas expositivas utilizadas pelos docentes para ensinar esportes em suas
aulas foram:
Demonstração dos fundamentos. Na hora de ensinar algum movimento esportivo,
os professores, em determinado momento da aula, fazem demonstrações para que
os alunos tentem realizar da mesma forma.
Explicação durante as atividades. Nos discursos, alguns professores relataram
que, durante as atividades, são realizadas pausas para novas explicações e
alterações nas atividades propostas.
Recursos audiovisuais. Alguns professores passam para os alunos vídeos sobre os
esportes. Para realizar essas atividades, os docentes utilizam a sala de informática e
pedem que utilizem a internet para realizar pesquisas relacionadas aos esportes, ou
mesmo ilustrações de livros.
A apresentação dos materiais e equipamentos esportivos. Bolas das diferentes
modalidades esportivas, tipos de redes e a dimensão das quadras são apresentados
↓Técnicas expositivas / Profs. → P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 Total
Demonstrações dos fundamentos X X X X 4
Explicações durante as atividades X X X X 4
Recursos audiovisuais X X X X 4
Apresentação dos materiais e
equipamentos esportivos
X X X 2
189
aos alunos. Os professores explicam sobre estes materiais e equipamentos para que
os estudantes compreendam mais sobre a modalidade esportiva que está sendo
desenvolvida.
O professor tem um papel essencial na formação de seus alunos, tem o dever de ser
um facilitador e um mediador do conhecimento, pois é ele quem elabora o ambiente
pedagógico, cria as situações didáticas, estabelece metas e objetivos, seleciona os
conteúdos a serem desenvolvidos nas aulas de Educação Física (NISTA-PICCOLO;
MOREIRA, 2012).
Apesar da demonstração ser um ponto importante no aprendizado de Educação
Física escolar apenas os professores P3, P5, P6 e P10 destacaram essa técnica em seus
discursos.
Explico. Às vezes até demonstro. Levo uma bola para sala e às vezes até
demonstro.
E aí ensino por exemplo: fundamento toque. Aí mostro na bola, posição. Depois
começa o 2 a 2. E aí toca, segura, o outro, toca. É difícil né. Depois Manchete.
A mesma coisa. Ensino posicionamento de braço, depois começa uma passada
da cortada, como impulso saque. Todo processo do fundamento.
Porque tem aluno que aprendi ali fazendo, outros ouvindo outros vendo.
Aí você tem descrição de movimento explicando o que que é realizado, mas
principalmente dentro do próprio jogo.
A demonstração dos movimentos e técnicas pelos professores de Educação Física,
para Krug (2009), está relacionada ao estilo comando (A) que permite ao professor
demonstrar a tarefa estabelecendo o modelo a ser copiado. Desta forma, esse estilo visa o
aprendizado e a memorização de padrões ou habilidades estereotipadas. Contudo, a
demonstração dos movimentos e tarefas podem ser utilizadas em outros estilos de ensino.
Outro ponto importante é a observação e a retroalimentação feita pelo professor que poderá
orientar antes, durante e no fim da execução das a tarefas.
Alguns professores pesquisados destacam a importância das pausas para
explicações nas atividades. Esse aspecto é necessário, pois o profissional pode colaborar
com os alunos para que consigam entender melhor seus erros e acertos.
Desta forma, nas aulas, é interessante garantir a participação efetiva dos alunos em
todas as atividades, buscando sempre o envolvimento, exemplificando: se em um jogo uma
190
equipe está perdendo por alguns pontos, é necessário que o professor faça uma intervenção
e uma reflexão com o grupo, solicitando que esta equipe, que está em desvantagem, pense
em algumas estratégias defensivas para evitar levar outros pontos, incentivando que os
alunos participem e proponham soluções para este problema encontrado no jogo
(RODRIGUES; DARIDO, 2012).
Sendo assim, o profissional deve intervir nas atividades com o objetivo de indagar e
motivar os alunos a buscarem outras respostas para os problemas ou dificuldades na
execução das atividades. Nos discursos dos professores, fica evidente que as pausas estão
ligadas ao seguimento ou não das regras, como podemos perceber:
Apesar do 6º ao 9º ano gente sempre deixar jogar mais. Daí apita
para. Não. Olha o jogo não é para fazer isso.
E durante as aulas vou explicando a parte teórica: lateral, pé na linha, a área só
do goleiro.
O estilo Descoberta Guiada (F) é uma boa estratégia para instigar os alunos a
descobrirem a resposta de um problema, como, por exemplo, dentro de um jogo de alvo
realizado com as mãos, os jogadores precisam passar a bola entre eles, porém existe uma
marcação intensa por parte da outra equipe. Sendo assim, é necessário utilizar diferentes
tipos de trajetórias do passe para que a bola chegue até o companheiro. Com isso, o
professor pode fazer pausas durante o jogo e estabelecer uma pergunta que possa
encaminhar o aluno responder o problema que, no caso, seria passar a bola para o
companheiro que está sendo marcado.
No entanto, como percebemos na presente pesquisa, o simples fato de parar a aula,
um exercício, ou jogo e apenas advertir sobre as regras e, até mesmo, corrigir os
movimentos não é suficiente para reforçar uma educação democrática que visa à
participação e a autonomia, pois é interessante que haja um diálogo no qual o aluno tenha
oportunidade de se evolver ativamente.
Olha vai passar um jogo de handebol feminino na Globo. Assistam para vocês
verem e depois a gente conversa.
[...] escola que tem condições eu passo um vídeo, o que não tem a gente não faz.
Vai ter os jogos pan-americanos, assistam. Esse bimestre é handebol assistam.
[...] todas as aulas material de apoio livros que eu trago porque a escola não tem
filmes relacionados ao esporte vai ser trabalhado na modalidade esportiva que
191
vai ser trabalhada a gente utiliza fala de vídeo então a princípio quando o aluno
chega na escola a gente trabalha com ele mais a parte teórica em sala de aula.
Sendo assim, crianças e adolescentes devem ser tratados como leitores e produtores
das práticas esportivas para que alcancem uma compreensão melhor dos seus significados.
Ao propor como exemplo a analisar o skate, o autor propõe que os professores de
Educação Física podem discutir sobre as técnicas empregadas pelos skatistas, suas
vestimentas, gírias e regulamentos das competições. Para que isso aconteça, o docente
pode organizar vivências, alterando executores e observadores, apresentar vídeos, coletar
relatos de skatistas, entre outras atividades (NEIRA, 2014).
Os professores P7 e P8 relatam que, ao iniciarem o ensino de modalidade esportiva
nas aulas, apresentam aos alunos as bolas, a quadra e outros materiais necessários à prática
esportiva.
[...] depois num segundo momento a parte de ilustração que seria de livro, que
seria mostrar como se faz como é a quadra as medidas por exemplo o
basquetebol na medida [...]
[...] primeiro mostro material para eles e vou passando para eles poderem ver de
mão em mão..”7.6 – Avaliação de ensino relacionada aos esportes ensinados
nas aulas de Educação Física escolar pelos docentes das escolas da rede
municipal de Aparecida.
7.4 – Avaliação de ensino
Nesse momento, será demonstrada e discutida a avaliação de ensino que os
professores de Educação Física possuem relacionados ao ensino dos esportes em suas
aulas.
Quadro 18: Matriz 6 – Avaliação de ensino
↓ Tipos / Professores → P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 Total
Trabalho teórico X X X X X 5
Teórica X X X 3
Diagnóstica X X X 3
192
Os professores, que mencionaram algum tipo de avaliação, utilizam os seguintes
instrumentos avaliativos:
Trabalho teórico. A entrega de trabalhos teóricos sobre a modalidade esportiva
estudada no bimestre é utilizado como instrumento avaliativo.
Avaliação teórica. Alguns professores relatam fazer uma avaliação teórica sobre as
regras ou sobre o histórico da modalidade esportiva que foi ensinada naquele
bimestre.
Avaliação diagnóstica. Na primeira aula sobre alguma modalidade esportiva,
alguns professores fazem uma avaliação diagnóstica por meio de uma conversa no
início da aula, fazendo questionamentos aos alunos sobre as modalidades esportivas
para analisar o conhecimento prévio que eles possuem para que, depois,
programem as aulas do bimestre
Os docentes de Educação Física da rede municipal de Aparecida, que relataram na
entrevista sobre a avalição, possuem como principais instrumentos de avaliação: pesquisas
sobre o histórico e as regras das modalidades esportivas ensinadas, provas sobre o histórico
e as regras das modalidades esportivas ensinadas, e avaliação diagnóstica para
compreender sobre o conhecimento prévio que os alunos possuem sobre os esportes
trabalhados em aula.
Nesse sentido, Rodrigues e Darido (2012) afirmam que a avaliação pode e deve
possibilitar ao professor uma avaliação contínua de sua prática, em relação às
competências, objetivos, conteúdos e estratégias. Visando auxiliar no processo de
aprendizado individual e coletivo dos alunos, pois pode mostrar aspectos que precisam ser
revistos, melhorados ou reconhecidos.
Embora os professores não tenham sido questionados na entrevista sobre a
avaliação dos alunos nas aulas de Educação Física, alguns professores acabaram
comentando nos discursos. Os professores P1, P3, P6, P9 e P10 comentaram solicitar
trabalhos escritos para os alunos sobre as regras e a história do esporte ensinado naquele
bimestre. Como podemos notar nos discursos:
Para os alunos seguirem depois a gente explica, dá uma provinha e dá trabalho
também.
Eu peço trabalho sobre as regras básicas.
193
A teoria seria...o contexto histórico... eu já consegui o interesse através do
trabalho até mesmo no futebol de rua. Para ter um trabalho teórico sobre futebol
de rua que até [...] Queimada com as meninas.
Para Darido e Souza Júnior (2013), a avaliação na Educação Física Escolar não
pode ser utilizada com um instrumento de pressão e castigo. Aliás, muito pelo contrário.
Os autores sugerem que a avaliação deve se mostrar útil para as partes envolvidas
(professores, alunos e escola), contribuindo para o autoconhecimento e para análise das
etapas já vencidas, no sentido de alcançar os objetivos previamente traçados.
O professor de Educação Física, ao ensinar esportes na escola, deve considerar a
observação, a análise e a conceituação de elementos que compõem a totalidade da conduta
humana. Nesse sentido, o processo de avaliação deve estar voltado para analisar a
aquisição de competências, habilidades, conhecimentos e atitudes dos alunos (DARIDO;
SOUZA JÚNIOR, 2013).
Outra forma de avaliação utilizada pelos professores foi a avaliação teórica, mas
que possui os mesmos objetivos que o trabalho escrito, ou seja, avaliar os conhecimentos
dos alunos em relação às regras e á história dos esportes.
A escola pede, às vezes dá uma avaliação tudo sobre aquilo ali, a história, sobre
a parte histórica da modalidade.
Eu peço trabalho sobre as regras básicas e passa uma provinha bem simples. Só
pontos importantes, números de jogadores, tempo de jogo, tamanho da quadra.
No entanto, a avaliação deve abranger não apenas estes itens acima apontados, mas
a dimensão cognitiva (competências e conhecimentos), motora (habilidades motoras e
capacidades físicas) e atitudinal (valores), verificando a capacidade do aluno expressar sua
sistematização dos conhecimentos relativos às diversas modalidades esportivas aprendidas
durante as aulas em diferentes linguagens (corporal, escrita e falada) (DARIDO; SOUZA
JÚNIOR, 2013).
Ainda de acordo com os pesquisadores citados, o problema não está nas escolas dos
instrumentos e, sim, na concepção que sustenta essas escolhas. Podem-se utilizar provas
teóricas, trabalhos, seminários, gravação em videoteipe para avaliar habilidades e atitudes,
observações sistemáticas, fichas e, inclusive, testes de capacidades físicas. O maior
problema não está na forma de coletar informações, mas no sentido da avaliação que deve
194
ser realizada como um contínuo diagnóstico das situações de ensino e aprendizagem, sendo
útil para todos os envolvidos no processo pedagógico.
Ao se pensar nas três dimensões dos conteúdos, o docente de Educação Física, que
ensina esportes na escola, pode avaliar, na dimensão conceitual, se os alunos
compreenderam: as principais habilidades motoras e regras envolvidas naquela modalidade
esportiva; a função das regras em um jogo; a função da criação de táticas em um jogo; a
história desse esporte; a situação do esporte no país e no mundo; a inserção dessa
modalidade esportiva na mídia; as diferenças e semelhanças dos esportes jogados por
homens e por mulheres; e o significado das Copas do Mundo de futebol (GALVÃO;
RODRIGUES; SILVA, 2008; DARIDO; SOUZA JÚNIOR, 2013).
Na dimensão procedimental, pode ser avaliado se os alunos estão conseguindo
aprender: as habilidades motoras referentes à modalidade esportiva ensinada; a elaborar
táticas durante o jogo; a cumprir tarefas relacionadas às possíveis apresentações e
discussões sobre pesquisas solicitadas pelo docente; a coletar notícias sobre matérias
jornalísticas, realizando comentários sobre as mesmas; a confeccionar livros, reunindo
textos e figuras pesquisadas pelos estudantes, juntamente com textos produzidos por eles; e
a organizar essas notícias em painéis em diferentes espaços da escola para que os demais
estudantes possam aprender sobre os temas que estão sendo estudados de um determinado
esporte (GALVÃO; RODRIGUES; SILVA, 2008; DARIDO; SOUZA JÚNIOR, 2013).
Na dimensão atitudinal, pode ser avaliado se os alunos conseguem: cumprir as
regas do esporte; respeitar as possibilidades e os limites das habilidades motoras dos
colegas; interagir entre meninos e meninas; cumprir as tarefas solicitadas; ter disposição
para aquisição de novos conhecimentos; se adaptar ao uso de espaços e dos materiais
esportivos que a escola possui; expressar sentimentos, inibições e dificuldades; e o docente
de Educação Física ainda pode propor que os alunos realizem uma autoavaliação do
processo de ensino-aprendizagem sobre os esportes (GALVÃO; RODRIGUES; SILVA,
2008; DARIDO; SOUZA JÚNIOR, 2013).
As atividades avaliativas descritas em propostas curriculares oficiais de Educação
Física de diferentes redes estaduais de ensino brasileiras sugerem que a avaliação deve ser
processual e que as mesmas situações utilizadas para avaliar o aprendizado do estudante
também podem servir para estimular o seu aprendizado. Nada impede a aplicação de
provas e o professor é orientado a solicitar que os estudantes realizem análises de jogos,
vídeos, campeonatos, apresentem seus trabalhos durante as aulas, que participem de
195
debates, produzam textos relacionados com o esporte coletivo trabalhado, entrevistem
especialistas nas temáticas ligadas ao esporte coletivo, confeccionem materiais, recriem
jogos e regras, participem de testes e da organização de eventos (MALDONADO; SILVA;
NEIRA, 2015).
Na presente pesquisa, os professores P3, P8 e P10 relatam utilizar, em alguns
momentos, a avaliação diagnóstica para analisarem como estão o entendimento e o
conhecimento prévio dos alunos em relação os conteúdos.
Na teoria como eu falei eu começo já com as regrinhas, vai passando na lousa e
perguntando para eles, alguém conhece? ... vamos supor: futsal eu vou
instigando deles primeiro para saber o que eles conhecem, depois eu vou
passando o que precisa, o que é futsal para eles? Depende de cada sala. Vou
perguntando para ele e vou instigando para eles primeiro.
Então a primeira aula a gente faz uma roda de conversa e digo: olha gente vocês
conhecem esse Esporte? Já assistiu? Já viu? Já ouviu falar? Só para eu ter o
conhecimento deles e a partir daí eu monto as aulas.
Como ponto de partida, seria interessante que o professor investigasse o
conhecimento prévio dos alunos acerca do esporte a ser ensinado, isso pode ser verificado
por meio de testes motores, jogos ou mesmo um diálogo sobre o assunto (SILVA;
GUIMARÃES, 2014).
Mais uma vez, ao comparar o que a literatura sugere com a forma de avaliar dos
docentes de Educação Física que atuam na rede municipal de Aparecida, podemos
observar um enorme descompasso. Esses professores avaliam seus alunos com provas
sobre os esportes, pedem trabalhos sobre as modalidades esportivas ensinadas e alguns
deles avaliam quais esportes os discentes já haviam aprendido antes da sua aula. Embora
todos esses instrumentos de avaliação sejam importantes, fica claro que esses docentes
possuem uma visão restrita e acrítica de Educação Física em que avaliam apenas se os
alunos conseguem jogar minimamente as modalidades esportivas trabalhadas em aula.
196
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Dentre as inúmeras modalidades esportivas possíveis de serem ensinadas na
Educação física escolar, na presente pesquisa, pode-se notar o quanto os professores
utilizam prioritariamente os esportes coletivos de quadra. É certo que, na proposta do
município para a disciplina, tais esportes são apontados para que os professores ensinem
nas aulas, contudo os próprios professores da cidade declararam que é uma proposta
flexível e que podem inserir conteúdos diferenciados.
Outro fato importante é a separação das turmas por sexo feita pela própria
Secretaria de Educação e que a maioria dos professores afirma que, desta forma, é melhor,
pois meninas e meninos na mesma aula, na opinião dos pesquisados, não é um fato
positivo. Podemos afirmar que este fato impressiona, pois, mesmo com os aspectos ditos
como positivos pelos profissionais, não sobrepõem a importância dessa diversidade de
aprendizados entre os sexos dentro das aulas de educação física. Sabemos que a conivência
entre os sexos é essencial no desenvolvimento e na formação dos aspectos afetivo-sociais
dos alunos.
Quando relacionamos objetivo, conteúdo, método e avaliação dos professores
pesquisados podemos perceber que os principais objetivos destacados pelos professores
estão ligados aos aspectos afetivo-sociais, enquanto os principais conteúdos citados estão
relacionados aos aspetos físico-motores, pois atendem ao conhecimento e aprendizado dos
fundamentos e das regras sobre a modalidade.
Seguindo neste modelo, as estratégias utilizadas pelos docentes estão diretamente
ligadas ao estilo comando (A) e tarefa (B), pois os professores, a todo momento, estão à
frente das ações nas aulas e controlam a organização. O tempo destinado à tarefa que, na
maioria das vezes, busca desenvolver as habilidades motoras dos alunos e não possibilita
uma maior participação e envolvimento nas aulas, pois são meros reprodutores, não
possuem espaço para comentar, dialogar ou interferir, sendo estes pontos importantes para
uma educação autônoma e democrática.
Diante disso, podemos notar que os docentes pesquisados têm uma visão ingênua
do esporte, pois acreditam que apenas o fato do aluno aprender e praticar o esporte no
ambiente escolar irá desenvolvê-lo de forma integral. No entanto, desta forma como
ensinam o esporte na escola, os professores não conseguem atingir os objetivos de ordem
197
social. Isso mostra que, mesmo com o aumento dos cursos de extensão, pós-graduação, das
publicações e livros nesta linha de pesquisa e ensino do esporte na escola que mostram
novas abordagens, diferentes reflexões e estratégias de ensino, os profissionais pesquisados
continuam ensinando de forma atrasada que pode estar ligada tanto à formação inicial em
Educação Física, quanto à experiência ligada ao esporte, como atleta ou técnico esportivo.
A maior parte dos discursos evidenciou contradições entre objetivos educativos
declarados por meio do esporte e as estratégias de ensino utilizadas.
198
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207
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208
APÊNDICES
209
APÊNDICE I
Termo de Autorização e Responsabilidade da Instituição para realização da pesquisa
(SECRETARIA MUNICIPAL)
Título da pesquisa: ESTRATÉGIAS PARA ENSINAR ESPORTE NAS AULAS DE
EDUCAÇÃO FÍSICA: UM ESTUDO NA CIDADE DE APARECIDA - SP
Eu,___________________________________________, nascido/a em
__________________, portador/a do RG nº. _______________________, responsável
pela Secretaria Municipal de Educação/ Diretoria de Ensino ________________, situada à
______________________________________________________________, e e-mail
_______________________________, abaixo assinado, autorizo a realização da pesquisa
supracitada nas dependências das escolas municipais e estaduais situadas na cidade de
Aparecida - SP, como também me responsabilizo pela oferta de condições de acesso às
informações e pessoas necessárias de modo a garantir a execução da referida pesquisa sob
responsabilidade do pesquisador Prof. José Martins Freire Junior, aluno do Curso de
Mestrado em Educação Física da Universidade São Judas Tadeu, orientado pela Profa.
Dra. Sheila Aparecida Pereira dos Santos Silva, membro do Curso de Mestrado em
Educação física da Universidade São Judas Tadeu.
Assinado este Termo de Consentimento, estou ciente que:
1 o objetivo deste trabalho foi descrever e analisar como os professores de Educação física
ensinam os conteúdos esportivos nas aulas ministradas do 6º ao 9º ano nas escolas
municipais da cidade de Aparecida-SP.
2. Durante a pesquisa, serão utilizados como instrumentos para coleta de dados:
a) Entrevista com os professores/as de Educação Física.
3. Todos os participantes da pesquisa preencherão o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido.
4. Existe um risco, ainda que mínimo, dos entrevistados se sentirem constrangidos pelas
perguntas porque podem percebê-las como uma avaliação de seu trabalho. Esse risco será
minimizado com o desenvolvimento de um clima de familiaridade entre pesquisador e
210
pesquisado devido aos contatos anteriores, visitas à escola e esclarecimento total das
possíveis dúvidas dos entrevistados.
5. A instituição terá como benefícios a oportunidade que o projeto de pesquisa
proporcionará para que o professor de Educação Física reflita sobre o seu trabalho
educativo.
6. Os profissionais, por sua vez, serão beneficiados com a possibilidade de terem um
momento de reflexão sobre sua prática que pode não ocorrer sem o estímulo gerado pela
pesquisa, podendo gerar tomada de decisões no sentido de buscar meios para solucionar
problemas.
7. Os participantes estarão livres para interromper a qualquer momento sua participação na
pesquisa, sem sofrer qualquer tipo de constrangimento ou dano.
8. A concretização e bom andamento da coleta de dados dependem da disponibilidade dos
pesquisados em colaborarem com o desenvolvimento do estudo.
9. Todos os dados pessoais dos participantes serão mantidos em sigilo, sendo todo material
registrado e arquivado pelo pesquisador pelo período de cinco anos e destruído após esse
período.
10. Todos os dados institucionais serão mantidos em sigilo.
11. Os resultados gerais obtidos serão utilizados apenas para alcançar os objetivos da
pesquisa expostos acima, incluindo sua publicação na literatura científica especializada;
12. Poderei contatar o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da USJT para apresentar
recursos ou reclamações em relação à pesquisa pelo telefone (11) 2799-1665.
13. Poderei entrar em contato com o Prof. José Martins Freire Junior, responsável pelo
estudo, sempre que julgar necessário pelo telefone (12) 9-8288-8712 e e-mail
14. Este Termo de Autorização possui duas vias, permanecendo uma em meu poder e outra
com o pesquisador responsável.
15. Obtive todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente sobre
minha autorização à realização desta pesquisa.
São Paulo, ___ de _________ de 2015.
Assinatura/cargo/função
Carimbo da Instituição e Carimbo de quem assinou
211
APÊNDICE II
Termo de consentimento Livre e Esclarecido
Título da pesquisa: ESTRATÉGIAS PARA ENSINAR ESPORTE NAS AULAS DE
EDUCAÇÃO FÍSICA: UM ESTUDO NA CIDADE DE APARECIDA - SP
Eu,______________________________________________________________________
____R.G__________________________ dou meu consentimento livre e esclarecido para
participar como voluntário do projeto de pesquisa supracitado sob responsabilidade do
pesquisador José Martins Freire Junior, aluno do curso de Pós-Graduação Stricto-Sensu em
EF da Universidade São Judas Tadeu e da orientadora Prof. Dra. Sheila Aparecida Pereira
dos Santos Silva, docente do curso de Pós-Graduação Stricto-Sensu em EF da
Universidade São Judas Tadeu.
Assinando esse Termo de Consentimento, estou ciente que:
1- O objetivo deste trabalho foi descrever e analisar como os professores de Educação
física ensinam os conteúdos esportivos nas aulas ministradas do 6º ao 9º ano nas escolas
municipais da cidade de Aparecida-SP.
2- Responderei a uma entrevista individual, contando com questões abertas e que deve
levar em torno 30 (trinta minutos) a respeito do ensino do esporte na escola.
3- Poderei obter como benefício à possibilidade de refletir, conjuntamente com o
pesquisador, a respeito da minha prática pedagógica e fatores que a afetam, de modo que
eu possa compreendê-los e pensar em maneiras de lidar com eles.
4- Participando dessa pesquisa, corro o risco, ainda que mínimo, de que o processo de
entrevista e diálogo com o pesquisador cause alterações momentâneas em meu estado
psicológico, gerando alguma sensação de ansiedade e podendo interferir no meu bem-estar
nos primeiros momentos da entrevista.
5- Estou livre para interromper a qualquer momento a minha participação na pesquisa sem
sofrer qualquer tipo de constrangimento ou prejuízo ao meu trabalho ou à minha imagem
diante de meus colegas, diretores ou alunos.
6- Meus dados pessoais serão mantidos em sigilo e os resultados gerais obtidos serão
utilizados apenas para alcançar os objetivos do trabalho expostos acima, incluída sua
publicação na literatura científica especializada.
7- Poderei contatar o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São Judas para
apresentar recursos ou reclamações em relação à pesquisa pelo telefone (11) 2799-1665.
212
8- Poderei entrar em contato com os pesquisadores do estudo José Martins Freire Junior p
elo telefone (12) 9-8288-8712 ou pelo e-mail [email protected].
9-Custo/reembolso para o participante: não haverá nenhuma remuneração pela participação
na pesquisa, como também não haverá despesas extras cotidianas pela participação no
estudo, pois a coleta de informações será realizada em situação agendada e local pré-
estabelecido em acordo entre os pesquisadores e o participante.
10- Esse Termo de Consentimento é feito em duas vias, sendo que uma permanecerá em
meu poder e a outra com os pesquisadores.
11- Obtive todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente sobre a
minha participação na referida pesquisa.
São Paulo,___________ de _________________________ de 2015.
______________________________________________________
Assinatura do professor voluntário
213
APÊNDICE III
Roteiro de Entrevista
Identificação dos entrevistados
Nome:____________________________________________Sexo:________________
Data de Nasc.:____________Ano de conclusão da Licenciatura:___________________
Ano de conclusão do Bacharelado:____________________
Universidade:___________________________________________________________
Pós-graduação (Especialização, Mestrado e Doutorado):
______________________________________________________________________
Tempo de experiência na área:______________________________________________
Tempo de experiência como docente nas aulas de Educação Física
Escolar:__________________
Ensino (Infantil, Fundamental I ou II e Médio):________________________________
Escola (Municipal ou Estadual):____________________________________________
1 – O que você pensa sobre o esporte na escola do 6º ao 9º ano?
2 – Quais são seus objetivos educativos ao ensinar esporte na escola?
3 –Me fale sobre como você ensina conteúdos esportivos nas aulas de Educação Física:
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