I
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Instituto de Agronomia
Departamento de Geociências
Curso de Geologia
Trabalho de Conclusão de Curso
Mapeamento Geológico em Escala de Detalhe de Cacaria, Distrito de
Piraí, Rio de Janeiro.
Orientador
Francisco José da Silva, UFRRJ-DEGEO(IA)
Co-orientador
Victor Muniz, mestrando UERJ
Maio de 2014
II
Talitta Nunes Manoel
Mapeamento Geológico em Escala de Detalhe de Cacaria, Distrito de Piraí, Rio de Janeiro
Curso de Geologia / Departamento de Geociências
Instituto de Agronomia / Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
[Seropédica] Ano 2014
Trabalho de Graduação
III
Agradecimentos
Agradeço a Deus, pela vida e pela sustentação nos momentos mais difíceis.
Agradeço a minha família, minha mãe, pai e irmãos pelos momentos de acolhimento, risos e
também críticas que só visavam meu bem.
Agradeço aos meus amigos Allan, Chris, Dani, Gabi, Thaize e Verônica por toda a paciência
nesses últimos momentos e por todos os outros momentos onde me estenderam a mão.
Agradeço a minha família Geologia Rural 2009 por terem feito desses 5 anos de luta os melhores
da minha vida.
Agradeço a minha família República das Ousadas, não se assustem com o nome, somos meninas
tranquilas. Agradeço por terem dividido mais do que um casa comigo: dividimos um lar e
construímos um laço eterno de amizade.
Agradeço a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, por ter me proporcionado o começo da
minha vida geológica.
Agradeço o meu orientador Francisco Silva por todo o tempo investido em mim e por sempre me
apoiar nas minhas decisões.
Agradeço ao Professor Rubem Porto pela oportunidade de concretização deste trabalho.
Agradeço aos meus amigos Victor Muniz e Frederico Tavares pela companhia nesses campos e
por toda a ajuda na realização deste sonho.
Obrigada a todos!
IV
Resumo
Este trabalho tem como principal alvo a elaboração de mapa geológico em escala de detalhe 1:30.000 na região de Cacaria, Município de Piraí, Rio de Janeiro. Além de mapear as unidades geológicas, irá buscar um melhor enquadramento e compreensão das ocorrências litológicas que afloram na área de estudo que compreende a Megassequência Andrelândia, que é uma sequência metassedimentar pertencente ao Terreno Ocidental da Faixa Ribeira. Essa sequência sedimentar é de idade Neoproterozóica onde afloram rochas metamórficas de protólito sedimentar como gnaisses, anfibolitos, quartzitos e granulitos. Na área de estudo, essas associações de rochas compreendem a maior parte da área mapeada, porém, também ocorrem rochas ortoderivadas representantes do embasamento desta sequência sedimentar. Primeiramente, foi realizada uma pesquisa bibliográfica robusta focando todo o contexto geológico da área, desde a Faixa Ribeira até a designação em unidades destas rochas. Com o conhecimento teórico estruturado o próximo passo foi a realização do mapeamento focando na área que se encontra na porção sudeste da Folha Piraí e para isto foram feitos dez dias de trabalho de campo recolhendo informações de coordenada, atitude e descrição de 91 pontos de interesse. Após a conclusão do trabalho de campo foi feita uma tabela agrupando todas as informações obtidas em campo que foram adicionadas ao software ArcGis 10.2 para a confecção dos produtos deste trabalho: o perfil geológico, mapa de pontos (caminhamento) e mapa geológico. Por se tratar de uma região com poucos estudos e pesquisas detalhadas, este trabalho visou a complementação do conhecimento da geologia presente em Cacaria. Para um melhor entendimento das associações rochosas é necessário um estudo minucioso envolvendo proveniência, assim como a realização de lâminas petrográficas que não foram contempladas neste trabalho.
V
Sumário
AGRADECIMENTOS..................................................................................... III RESUMO....................................................................................................... IV LISTA DE FIGURAS, FOTOS e TABELAS ...................................................VI Capítulo 1: Introdução
1.1. Objetivo ...........................................................................................1 1.2. Localização e Vias de Acesso ........................................................1 1.3. Materiais e Métodos ........................................................................2
Capítulo 2: Aspectos Fisiográficos
2.1. Clima ...............................................................................................4 2.2. Vegetação e Atividades Socioeconômicas .....................................4 2.3. Hidrografia ...................................................................................... 5 2.4. Geomorfologia .................................................................................5
Capítulo 3: Geologia Regional
3.1. Província Mantiqueira......................................................................8 3.1.1. Terreno Ocidental.........................................................................9 3.1.2. Complexo Juiz de Fora ................................................................9 3.1.3. Megassequência Andrelândia.....................................................10
Capítulo 4: Classificação Informal das Unidades Estratigráficas...........11 Capítulo 5: Geologia da Área Mapeada
5.1. Estratigrafia....................................................................................13 5.1.1. Unidade Lorena ….............................................................13 5.1.2.Unidade Valadão …............................................................14 5.1.3. Unidade São Roque...........................................................15
5.2. Aspectos Macroscópicos e de Campo ..........................................17 5.3. Metamorfismo................................................................................19 5.4. Geologia Estrutural........................................................................20
CONCLUSÕES E DISCUSSÕES .................................................................23 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..............................................................25 ANEXO
VI
Lista de Figuras e Fotos Figura 1. Mapa Rodoviário da Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
(Fonte DNIT) ......................................................................................................................................2
Figura 2. Modelo digital de terreno observa-se as características acidentadas da porção central da
área onde não foi possível acessar para observações geológicas .................................................…7
Figura 3. Estratigrafia da Megassequência Andrelândia (Modificada de Pacciullo, 1997) ...............9
Figura 4. Seção estrutural composta do Orógeno Ribeira com a relação entre os diferentes terrenos
e domínios estruturais (capítulo XIII -CPRM-Província Mantiqueira) ...............................................10
Foto 1. Colinas alinhadas e aplainadas. Ao fundo a vegetação nativa da Mata Atlântica da Serra do
Mazomba...........................................................................................................................................7
Foto 2. Feldspato-biotita-granada gnaisse intemperizado. .............................................................15
Foto 3. Feldspato-Biotita-gnaisse com um leve estiramento na porção mais escura da
rocha................................................................................................................................................16
Foto 4. Intercalação da rocha calciossilicática com o anfibolito......................................................17
Foto 5. Feldspato-biotita-gnaisse com um leve estiramento na porção mais escura
.........................................................................................................................................................17
Foto 6. Biotita-feldspato gnaisse interpretado como de origem ortoderivada
.........................................................................................................................................................20
Foto 7. Cataclasito com a parte superior brechada.........................................................................22 Foto 8. Migmatito onde o paleossoma é representado por rocha calciossilicática e o neossoma por rochas quartzo-feldspáticas.............................................................................................................22
Foto 9. Biotita-feldspato gnaisse milonitizado, próximo ao contato......................................23
Foto 10. Dique de diabásio (a direita) do Valão da Costaneira da Prata cortando rochas
calciossilicáticas...............................................................................................................................23
Lista de Tabelas Tabela 1. Descrição das Unidades Informais por Harte (1976) ....................................................12
VII
1
1. INTRODUÇÃO
1.1. Objetivos
O trabalho realizado teve como principal objetivo a elaboração de mapa
geológico detalhado, na escala 1:30000, em parte da localidade de Cacaria, Distrito
de Piraí, Rio de janeiro (Anexo III).
Além de buscar a compreensão das ocorrências litológicas da área, este
trabalho irá agregar conhecimento por meio de mapeamento geológico numa região
de poucos estudos e com litologias variadas.
De modo geral a Folha Piraí, onde encontra-se inserida a região de estudo,
possui poucas referências de trabalhos de mapeamento em escala de detalhe. O
presente trabalho visa contribuir para colmatar esta deficiência em uma pequena
porção desta área.
1.2. Localização e Vias de Acesso
A área de estudo encontra-se inserida em Cacaria, localidade do distrito de
Piraí, Rio de Janeiro. A cidade de Piraí fica situada a cerca de 90 km de distância a
noroeste da capital do estado e tem como municípios limítrofes: Paracambi, Itaguaí,
Rio Claro e Pinheiral.
A cobertura topográfica da região estudada é feita por folha 1: 50.000
denominada Folha Piraí (SF23-Z-A-VI-1). O acesso à região a partir da cidade do Rio
de Janeiro pode ser feito principalmente de duas maneiras: o primeiro deles é feito
através da Rodovia Presidente Dutra (BR-116) até o município de Piraí e depois por
desvio para a estrada de Cacaria. Outro caminho, a partir da capital, é feito pela
Avenida Brasil com desvio para a BR-465, na altura de Campo Grande. Esta estrada
termina de encontro a Rodovia Presidente Dutra, já próximo ao município de Piraí, de
onde faz-se um desvio para a estrada de Cacaria (Figura 1).
Comentado [TN1]:
2
Figura 1. Mapa Rodoviário da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Fonte: DNIT.
1.3. Materiais e Métodos
Inicialmente a metodologia usada para a confecção deste estudo foi o
levantamento bibliográfico da região mapeada, tendo como foco trabalhos feitos
anteriormente na área. Porém, não há muito material de pesquisa para a área de
Cacaria, conforme anteriormente mencionado. Desta forma as regiões mais próximas
como Lídice e Rio Claro serviram de base para a correlação geológica com a área
estudada por estarem inseridas no mesmo contexto geológico.
Tendo feito essa revisão bibliográfica, o próximo passo foi a delimitação da
área de estudo que contemplou uma porção a sudoeste da área mapeada por Mello
(2013), em contato com esta. Com a ajuda da imagem aérea de Monumento (Anexo
II), antigo nome de Cacaria, foram traçados os principais contatos geológicos da área
com o objetivo de facilitar o reconhecimento de campo e a delimitação dos mesmos.
Foram descritos 91 pontos (Anexo V), dez dias de campo, em área de 12 km X25 km
(Anexo I). Após os trabalhos de campo, foi elaborada uma planilha dos dados com
3
todas as informações da área: coordenadas, atitudes e litologias. Para a introdução
no Software ArcGis 10.2 ®, estes itens foram colocados em modelo de uma planilha
Excel e em seguida iniciou-se a confecção do mapa da área. Os produtos obtidos
neste trabalho foram o mapa geológico na escala 1:30.000 e o perfil geológico na
escala 1:20.000 (Anexo IV).
Para a elaboração do trabalho foram utilizados os seguintes materiais e
métodos:
GPS (Garmin).
Bússola tipo Bruton.
Mapa Topográfico Folha Piraí (1:50000).
Imagem Aérea de Monumento, (IBGE).
Mapa Geológico do Estado do Rio de Janeiro (1:50000); produzido
pelo DRM (- Serviço Geológico do Estado do Rio de Janeiro).
Mapa Geológico da Folha Volta Redonda (1:100000) produzido pelo
CPRM (- Serviço Geológico do Brasil).
Software ArcGis 10.2 ®.
Software Global Mapper 15.0 ®.
4
2. ASPECTOS FISIOGRÁFICOS
2.1. Clima
A região possui um clima tropical de altitude, tendo o verão principalmente
como o período de chuvas. A temperatura média anual fica na faixa de 20,5 °C e
varia de 16,6 °C em julho a 23,9 °C em fevereiro. A precipitação média acumulada no
ano de 2000 foi de 104,98 mm. A pluviosidade maior é ao sul e diminui
gradativamente em direção ao Vale do Paraíba (Dados da Prefeitura Municipal de
Piraí, Rj, 2001).
2.2. Vegetação e Atividades Socioeconômicas
A vegetação típica deste segmento da Serra do Mar é a floresta tropical,
pertencente a Mata Atlântica. Esta floresta se mantém sob um clima de intensas
chuvas no verão, com posteriores estiagens de até três meses. De maneira geral, é
constituída por plantas lenhosas com alturas que podem ultrapassar os 50 m, sendo
observadas também espécies de pequeno porte e de crescimento rápido como
arbustos e gramíneas. Esta variedade de espécimes vegetais confere a esse tipo de
floresta um aspecto denso e uniforme.
As atividades socioeconômicas que predominam na região estão
relacionadas com áreas voltadas para ocupação e atividades humanas diversas,
como atividades agrícolas, pecuárias, sítios, fazendas, haras, condomínios e
pequenos núcleos rurais. O reflorestamento é feito apenas com espécies exóticas e
voltado para fins econômicos. Em algumas áreas a vegetação nativa se encontra
mesclada a estas espécies exóticas (Dados da Prefeitura Municipal de Piraí, Rj,
2001).
5
2.3. Hidrografia
O rio principal da área de estudo é o Cacaria, um dos afluentes do Rio
Guandu que possui 1.385 km² de extensão que encontra-se inserido na bacia da
baía de Sepetiba (Baylão Junior, 2011). A região apresenta várzeas inundáveis e de
moderada sensibilidade a erosão nas vertentes mais inclinadas. Estas várzeas são
formadas por colinas residuais isoladas pela sedimentação fluvial nos baixos cursos
dos principais rios.
Do ponto de vista geológico, os rios da região (Cacaria, Costaneira da Prata e
Onça) apresentam forte controle estrutural e tectônico, sendo identificado um padrão
de drenagem retangular. São rios subsequentes, acompanhando as linhas de
fraqueza e a estrutura das rochas (Baptista et al., 2001).
2.4. Geomorfologia
O atual regime de relevo no Sudeste brasileiro resultou de uma evolução
morfotectônica desencadeada a partir do processo de separação do continente sul-
americano, no Juro-Cretáceo, decorrente de um regime distensivo. O resultado
desse regime foi um soerguimento regional seguido de grandes desnivelamentos de
blocos através de falhas NE, em predomínio, que foram responsáveis pela
individualização das Serras do Mar e da Mantiqueira e também a geração de
grábens terciários (Hasui et al., 1998).
Os processos exogenéticos, que atuaram no Cenozóico, deixaram suas
marcas na paisagem através das feições erosivas e sedimentares segundo Coelho
Netto et al., (1994), e Coelho Netto (1999). Esses processos intempéricos afetaram o
Planalto Atlântico, que é o contexto geomorfológico da área de estudo, de modo que
fica evidenciada uma dissecação através das feições erosivas e sedimentares.
Estas são identificadas, essencialmente, na morfologia das colinas, desenhadas
por sucessivos eventos de erosão quaternários com retrabalhamento de
encostas, na colmatação de fundos de vales e nas cabeceiras de drenagem em
anfiteatro suspensas ou ajustadas à rede de drenagem.
Esta dissecação resultou na criação de planaltos suspensos (da Bocaina e
reversos da Mantiqueira, entre outros) com bordas escarpadas (Serra do Mar e da
Mantiqueira) e domínios com predominância de colinas ou de “mar de morros” das
6
depressões interplanálticas, em destaque o vale do rio Paraíba do Sul. O
compartimento de colinas ou “mares de morro” possuem encostas com concavidade,
marcadas pela presença de concavidades estruturais suspensas ou acomodadas à
rede de drenagem (Coelho Netto, 1999). A morfologia dos vales fluviais, tanto no
domínio das colinas quanto na escarpa, alterna segmentos alveolares preenchidos
por terraços e planícies de inundação (Dantas & Coelho Netto, 1991).
Este conjunto morfológico individualiza-se como feições típicas do Planalto
Sudeste do Brasil, onde se desenvolveram os “complexos de rampas” e fundos
de vales com pacotes sedimentares robustos. Estes estão concentrados nos vales
dos rios Paraíba do Sul, Pomba e drenagens costeiras na baixada da Baía de
Guanabara, além do rio Grande e o alto curso do Tietê, que drenam para o interior,
rumo à bacia do Rio Paraná (Moura & Meis, 1986; Meis & Moura, 1984; Meis et
al., 1985; Coelho Netto, 1999; Eirado Silva et al., 1993; Dantas et al., 1994, 1995
e outros).
O centro da área de estudo, nas proximidades da Serra da Caieira, que é um
dos segmentos da Serra do Mar, é marcado por um relevo bastante acidentado, com
elevações que chegam até 500 m de altura e que se encontram alinhadas no sentido
NE-SW. Devido as características do terreno o mapeamento dessa área em
específico ficou prejudicado, pois tanto o relevo acidentado quanto a mata nativa
criaram obstáculos para a execução de pontos de observação geológica (Figura 2).
Para elucidar essa porção do mapa, foi feito um MDT (modelo digital de terreno) a
partir do software Global Mapper 15.0, onde a cor azul representa os relevos mais
planos e a cor verde representa as cotas mais altas.Essas elevações são
predominantemente esculpidas por processos exogenéticos, resultando no relevo de
facetas triangulares. Os vales também apresentam esse padrão de alinhamento
robusto, estando controlado por fraturas e a foliação das rochas (Foto 1).
A oeste da área estudo, as elevações do terreno caem vertiginosamente a
medida que se aproxima da Represa Ribeirão das Lajes. Quanto mais se percorre a
área no sentido leste, o terreno adquire um formato diferenciado, predominando
morrotes aplainados e alinhados.
7
Foto 1. Colinas alinhadas e aplainadas. Ao fundo a vegetação nativa da Mata
Atlântica da Serra do Mazomba
.
Figura 2. Neste modelo digital de terreno observa-se as características acidentadas da
porção central da área onde não foi possível acessar para observações geológicas.
8
3. GEOLOGIA REGIONAL
3.1. Província Mantiqueira
Situada ao sul do Cráton São Francisco, limitada pela Faixa Brasília a NW e
pela Bacia do Paraná, a Província Mantiqueira de idade Brasiliana, é resultado da
colagem dos continentes Sul-Americano e Africano. Essa interação de placas
implicou no fechamento do Oceano Adamastor e a posterior colisão de terrenos,
desencadeando expressivos processos orogênicos diacrônicos. Esta etapa da
colisão continental resultou no empilhamento de terrenos de leste para oeste-
noroeste. Em consequência deste movimento, o trend estrutural do Orógeno Ribeira
é NE-SW (Heilbron et al., 2007).
A Província Mantiqueira (Figura 3) se estende por mais de 3.000 km, de
Montevidéu (Uruguai) até ao sul da Bahia, ao longo do Atlântico Sul (Almeida et al.,
1977, 1981). O Orógeno Ribeira é um dos sistemas orogênicos inseridos em seus
domínios.
São quatro os terrenos tectono-estratigráficos nos quais se subdivide o
Orógeno Ribeira: Ocidental, Paraíba do Sul, Oriental e Cabo Frio ( Heilbron et al.,
2004 a, b). Os três primeiros foram amalgamados no Brasiliano II entre 605 Ma a 580
Ma (Machado et al., 1996; Heilbron & Machado, 2003), enquanto que o Terreno
Cabo Frio só colidiu com os demais no Brasiliano III (520 Ma), compondo, por fim, a
atual configuração da Plataforma Sul Americana. Estes terrenos são separados por
falhas de empurrão em alguns locais e por zonas de cisalhamento oblíquas
transpressivas em outros.
9
Figura 3. Mapa tectônico do Segmento Central da Província Mantiqueira
(Heilbron et al., 2007).
3.1.1 Terreno Ocidental
Localizado no setor setentrional da Província Mantiqueira, o Terreno
Ocidental é constituído por três domínios: Domínio Autóctone, Domínio Andrelândia e
Domínio Juiz de Fora, sendo esses dois últimos alóctones.
3.1.2. Embasamento
O Domínio Juiz de Fora representa uma intercalação tectônica de rochas do
embasamento Paleoproterozóico, Complexo Juiz de Fora (pré-1,7 Ga), com a
sequência sedimentar Neoproterozóica denominada por Megassequência
Andrelândia. As rochas desse domínio encontram-se metamorfisadas na fácies
granulito, indicando um metamorfismo de alto grau.
O Complexo Juiz de Fora agrega granulitos gnaissificados de origem ígnea,
com composições variando entre gabros, dioritos, tonalitos e granodioritos. Os
granulitos deste complexo exibem texturas muito variadas, sendo mais comuns as
variedades granoblásticas a foliadas e, subordinadamente, miloníticas, (Heilbron et
al.,1998). Estes ocorrem em porção restrita do domínio, sendo representados na
10
Folha Volta Redonda- 1:100000 (CPRM, 2007) como uma extensa escama que
ocorre nesta área de estudo, seguindo o trend das unidades mapeadas nesta folha.
3.1.3. Megassequência Andrelândia
Trata-se de uma sucessão metassedimentar intercalada com rochas
metaígneas máficas de idade neoproterozóica (Figura 4). Estas rochas recobrem o
embasamento e unidades pelíticas mesoproterozóicas, sendo representadas por
gnaisses de diferentes composições químicas interpostos por anfibolitos,
calciossilicáticas e quartzitos em porções mais locais. Pode apresentar texturas
migmatíticas robustas (Barbosa & Grossi Sad, 1983 a,b,c; Costa et al., 1978a,
1978b).
Figura 4. Estratigrafia da Megassequência Andrelândia (Modificada de
Pacciullo, 1997).
11
4. Classificação Informal das Unidades Estratigráficas por Ben Harte
(1976)
O geólogo Ben Harte (1976), em relatório interno de consultoria efetuada para
o grupo Riofinex do Brasil- Geologia e Pesquisa LTDA, que realizou extensos
trabalhos de prospecção e pesquisa, propôs uma classificação informal para as
litologias encontradas nas proximidades de Rio Claro e Lídice seguindo uma
subdivisão em 10 unidades litoestratigráficas. Essas unidades seriam pertencentes a
Megassequência Andrelândia. A Tabela 1 a seguir indica, de maneira resumida, o
trabalho de campo realizado pelo geólogo.
Unidade Rio Claro
Quartzo-feldspato-biotita gnaisses, com ocorrências ocasionais de granada e
sillimanita. Porfiroblastos de granada são abundantes localmente.
Unidade Poço Azul
Trata-se de uma intercalação litológica de rochas calcissilicáticas, biotita xistos,
quartzitos impuros e quartzo-feldspato-biotita gnaisses com pórfiros de feldspatos.
Unidade Monte Alegre-Limeira
Esta unidade varia ao longo do strike. À sudoeste da região de Rio Claro-Lídice,
consiste em quartzo-feldspato-biotita gnaisses e biotita xistos com lentes de
quartzitos. Na parte central esta unidade é constituída por quartzitos xistosos que a nordeste gradam para gnaisses quartzo-
feldpáticos.
Unidade Pedra Branca
É uma unidade relativamente uniforme de quartzo-feldspato-biotita gnaisses
leucocráticos.
Unidade Passa-Dezoita
Esta unidade é caracterizada por uma intercalação de camadas com menos de
um metro de quartzitos impuros com calcários e, de forma subordinada, com rochas calcissilicáticas e biotita xistos.
Unidade Passa-Dezoito
Nesta unidade há uma variação entre quartzo-feldspato-biotita gnaisses
moderadamente leucocráticos e gnaisses mais ricos em micas e com ocasionais
ocorrências de sillimanita. Algumas lentes de calcário podem estar presentes nas
porções mais micáceas.
12
Tabela 1. Descrição das Unidades Informais por Harte (1976).
Unidade Lídice
Consiste em uma intercalação de quartzitos impuros, calcários, rochas
calcissilicáticas, biotita xistos e quartzo-feldspato-biotita xistos.
Unidade São Roque
Trata-se de um feldspato-biotita gnaisse porfiroblástico, com granada sempre presente como mineral acessório ou
essencial – em locais onde se mostra mais abundante. Bandas de quartzito e
calcissilicáticas ocorrem com pouca frequência.
Unidade Valadão
Esta unidade é constituída essencialmente de feldspato gnaisses porfiroblásticos,
associados a largos corpos de quartzitos. São comuns ocorrências de camadas ricas em magnetita associadas aos gnaisses e
quartzitos.
Unidade Lorena
É uma unidade relativamente uniforme de quartzo-feldspato-biotita gnaisses
melanocrático, com porfiroblástos de feldspato e ocorrências locais de granada.
13
5. GEOLOGIA DA ÁREA MAPEADA
5.1. Estratigrafia
Adotando uma abordagem petrográfica macroscópica, as rochas da região
são majoritariamente metamórficas e de grau elevado, atingindo fácies granulito. São
encontrados, por exemplo, gnaisses diversos, quartzitos, calciossilicáticas e
anfibolitos. Evidências de magmatismo são encontradas na porção mais leste da
área mapeada, como diques de basalto/diabásio e ortognaisses.
Harte (1976), propôs para as litologias encontradas nas proximidades de Rio
Claro e Lídice a subdivisão em 10 unidades litoestratigráficas, como já mencionado
no capítulo anterior (Tabela 1). Essas unidades representariam as variações das
rochas da Megassequência Andrelândia para a região de estudo, já que prolongando
os contatos dessas divisões, a região de Cacaria se encontraria inserida nesse
mesmo trend geológico.
Mello (2013) utilizou para delimitar as unidades estratigráficas da região a
classificação informal das unidades adotada por Harte (1976), identificando na sua
área de estudo duas unidades: São Roque e Valadão. Porém, esta classificação não
contemplou todas as litologias encontradas no presente trabalho, de modo que as
rochas ortoderivadas mapeadas foram integradas na unidade Lorena.
5.1.1. Unidade Lorena
No limite nordeste da área, foram encontradas rochas com características
distintas das demais, sendo acinzentadas, de granulometria fina à média e foliação
incipiente. Estas rochas, em termos macroscópicos e relações de campo foram
interpretadas como de origem ortoderivada e, portanto, classificadas como
ortognaisses. Em alguns afloramentos, onde ocorre textura milonítica, os
porfiroblastos de feldspato ficam salientados sendo possível observar a textura
facoidal ou “augen”. Não foram encontradas nesta unidade uma relação de contato
com a sequência metassedimentar que compreende a maior parte da área. Estas
rochas, dadas as suas características são integradas na Unidade Lorena.
Geomorfologicamente, estes afloramentos encontram-se associados aos morrotes
14
aplainados. O principal corpo metaígneo encontrado tem cerca de 25 m de altura e
encontra-se coeso, com apenas uma leve camada escura provavelmente provocada
por ação de água da chuva (Foto 2).
São corpos pontuais, de maneira geral. Esta unidade também apresenta o
feldspato-biotita gnaisse como litologia predominante, que apresentam esta
característica porfiroblástica e migmatítica, típicas de embasamento.
Foto 2. Ortognaisse com pórfiros de k-feldspato.
5.1.2. Unidade Valadão
A Unidade Valadão, pela descrição Harte (1976), é composta por feldspato-
biotita gnaisse, sendo o diferencial a presença de significativos bancos de quartzito
e, em especial, com magnetita (BIF). Também tomando por base a dissertação de
mestrado de Dutra (2013), a Unidade Valadão adquire subdivisões que seriam as
fácies que se apresentam na região de Rio Claro: Unidade Valadão Inferior, Unidade
Valadão Média e Unidade Valadão Superior.
Na área de estudo, essa unidade tem correlação com a Unidade Valadão
Superior contendo feldspato-biotita-granada gnaisse, quartzitos e ocorrência de
formações ferríferas em blocos. Comparativamente, apresenta em menos
abundância de anfibolito que, comumente, encontra-se associado a rochas
calciossilicáticas, enquanto o quartzito ocorre de forma pontual. Os feldspato- biotita-
15
granada gnaisses estão em sua maioria intemperizados. As granadas dessa unidade
são de modo geral avermelhadas e de tamanhos que variam de 1 cm a 3 cm,
adquirindo um caráter porfiroblástico que podem chegar a compor cerca de 40% da
matriz da rocha (Foto 3). Estas rochas estão na porção inferior da área de estudo e
quanto mais se percorre a sul mais os paragnaisses e as rochas calciossilicáticas
assumem texturas migmatíticas.
Esta unidade encontra-se sobreposta ao embasamento e ocorre em contato
gradual em direção à Unidade São Roque. Compõe um dos relevos mais baixos da
área.
Foto 3. Feldspato-biotita-granada gnaisse intemperizado mostrando
veios de quartzo.
5.1.3. Unidade São Roque
A unidade São Roque, pela classificação informal, é predominantemente
constituída por feldspato-biotita gnaisse, tendo a granada como mineral acessório ou
essencial. Porém, estudos posteriores puderam subdividir esta unidade em outras
três: São Roque I, São Roque II e São Roque III, (Dutra, 2013). Nos limites nordeste
e noroeste da área, esta rocha adquire um caráter mais feldspático associados com
as rochas calciossilicáticas e aos anfibolitos presentes na unidade. Essa associação
de rochas foram classificadas como pertencentes a Unidade São Roque II.
16
O feldspato-biotita gnaisse constitui a principal litologia encontrada,
apresentando intercalações de rochas calciossilicáticas e anfibolitos (Fotos 4 e 5) e
os grãos de feldspato podem compor até cerca de 35% da matriz. Estas rochas
cyonstituem os maiores relevos da área mapeada.
Foto 4. Intercalação da rocha calciossilicática com o anfibolito
Foto 5. Feldspato-biotita-gnaisse com um leve estiramento na porção mais escura.
17
5.2. Aspectos Macroscópicos e de Campo
De maneira geral, o biotita-feldspato gnaisse é a litologia dominante na área
mapeada, adquirindo singularidades de acordo com a intensidade do grau
metamórfico. Esta rocha oscila em variedades granadíferas, feldspáticas e, em um
grau mais avançado, migmatíticas.
Os gnaisses granadíferos, sendo classificados como biotita-granada gnaisses
estão presentes no centro da área. Apresentam porfiroblastos de granada de, no
máximo, 3 cm sendo que a granulometria dos demais minerais, como quartzo,
feldspato e biotita, varia de fina a média. A granada varia de cor, mostrando uma
variação composicional ora com mais ferro (alteração de cor ocre), ora com mais
manganês (alteração de cor preta). O intemperismo atua de forma intensa nesses
gnaisses, tornando-os mais acastanhados. Estes são cortados por veios de quartzo,
na maioria das vezes.
Um corpo granulítico, caracterizado pelo mapeamento de Mello (2013), foi
extendido, até a parte superior do mapa onde se encontra os gnaisses granadíferos.
Esse granulito é uma rocha compacta de coloração esverdeada composta por
piroxênios, quartzo e feldspato. Sua granulometria varia de média a grossa e no seu
local de afloramento é possível observar blocos rolados com esfoliação esferoidal.
A nordeste e noroeste da área, foi observada a predominância de um gnaisse
mais amarronzado, rico em feldspato potássico que também se apresenta textura
porfiroblástica, alcançando 4 cm de comprimento. Pode apresentar granada como
mineral acessório. A granulometria é, em sua predominância média, sendo possível
observar um leve estiramento de algumas fases minerais como quartzo, biotita e
possíveis minerais máficos que são reconhecidos pela análise macroscópica. São
afloramentos pouco alterados pela ação de água meteórica, mantendo suas
características mineralógicas e texturais resguardadas.
Já os gnaisses migmatíticos são encontrados na porção mais sul da área,
sendo em sua maioria de coloração clara, diferente dos demais litotipos
anteriormente citados. A sua granulometria varia de fina a média, sendo possível
observar porções mais claras (leucossomas) e porções mais escuras
(melanossomas).
Na região de Cacaria, os quartzitos podem ou não conter quantidades
variáveis de magnetita, porém na porção delimitada neste trabalho fora encontrados
poucos afloramentos destas rochas, apenas na forma de blocos rolados e
18
assentados na drenagem do rio Cacaria. Produto de um intenso metamorfismo,
esses quartzitos apresentam granulometria variando de média a grossa, sendo
observadas poucas impurezas em sua composição, adotando uma classificação
macroscópica.
As rochas calciossilicáticas são encontradas em diversos pontos na área,
apresentando coloração acinzentada com pequenas incursões de minerais
esverdeados (diopsídio), fora outros minerias presentes em sua composição.
Apresentam de modo geral a granulometria variando de fina a média, pouca ação
intempérica e pouca deformação. Em alguns afloramentos a rocha calciossilicática
constitui o melanossoma de migmatitos onde o neossoma é constituído
principalmente por rochas quartzo-feldsático (Foto 8).
Os anfibolitos são encontrados localmente, tanto in situ como em blocos
rolados e arredondados, mostrando granulometria fina e por vezes estando
associados as rochas calciossilicáticas. Estas rochas são identificadas por uma
mudança brusca da cor do solo, transicionando de um acastanhado a um
avermelhado intenso. São rochas, em conjunto com as rochas calciossilicáticas,
comumente observadas na área porém, nunca com expressão superficial mapeáveis
na escala adotada.
Diques de diabásio são encontrados na região estando em sua maioria
fragmentadas e em blocos dispersos pelo solo. Nos afloramentos, alcançam
espessuras que variam de 10 cm a 1 metro. O dique de maior expressão foi
encontrado no limite nordeste da área, no Valão da Costaneira da Prata, onde corta
rochas calciossilicática (Foto 10).
Os ortognaisses se apresentam com foliação incipiente e de coloração
acinzentada, com granulometria variando de fina a média. Constituído por quartzo,
plagioclásio e biotita podem ser confundidos com rochas graníticas, mas a foliação
evidencia o seu caráter metamórfico.
Na margem do Valão da Costaneira da Prata foi encontrado uma rocha com
aspecto brechóide e de coloração castanho claro. Os grãos de quartzo e feldspato
presentes se apresentam estirados, configurando um ambiente de formação rúptil.
Quanto aos milonitos encontrados na área há evidências de um ambiente de
formação dúctil, marcado principalmente pelo estiramento dos minerais e estruturas
que mostram sombra de pressão.
19
5.3. Metamorfismo
A região de estudo sofreu um intenso metamorfismo de idade Brasiliana.
Predomina em toda a área um metamorfismo classificado como regional de alto grau,
com litotipos como gnaisses aluminosos, rochas calciossilicáticas e quartzitos. Estas
variedades rochosas contêm minerais resultantes de uma recristalização provocada
por intenso metamorfismo, além de uma marcante orientação, vista principalmente
nos filossilicatos como a biotita. Estas rochas são interpretadas como provenientes
de protólitos sedimentares, de composição predominantemente pelítica e de
deposição química em ambiente marinho, mais provavelmente;
Evidências encontradas em campo como, por exemplo, a alternância entre
rochas calciossilicáticas e biotita-granada gnaisses (paragnaisses), em diferentes
escalas, apontam para que estas representem rochas sedimentares carbonático-
pelíticas, do tipo margas. Porém, com os sucessivos processos de acresção
continental sofridos no Brasiliano II terminou por gerar as rochas calciossilicáticas por
metamorfismo de caráter também regional.
Os ortognaisses que constituem a Unidade Lorena podem ser considerados
como produto do metamorfismo das rochas graníticas do embasamento. As
características destas rochas também apontam para um protólito de granulometria
fina e rico em feldspato (Foto 6).
Foto 6. Biotita-feldspato gnaisse interpretado como de origem ortoderivada.
20
Em zonas de cisalhamento é comum observar-se rochas como cataclasitos e
milonitos. O grau de deformação associado ao metamorfismo cataclástico aumenta à
medida que se aproxima da zona de cisalhamento e de acordo com a reologia da
rocha. No caso dos cataclasitos, os minerais como quartzo e feldspato mostram-se
fragmentados, fornecendo o aspecto de brechóide à rocha (Foto 7). Quando o
metamorfismo assume um comportamento mais dúctil do que rúptil, os minerais mais
competentes tendem a rotacionar e os menos competentes acabam por sofrer
estiramento, a exemplo dos filossilicatos (Foto 9).
À sul da área de estudo, o aumento do grau metamórfico é perceptível pela
presença marcante de texturas migmatíticas, o que engloba rochas calciossilicáticas
e os paragnaisses. Pode-se assumir, partindo desta observação textural, que o
metamorfismo da área tende a aumentar no sentido sul.
5.4. Geologia Estrutural
As rochas por estarem submetidas a um metamorfismo regional intenso, não
apresentam estruturas primárias conservadas, restando as foliações como registro
principal do evento de deformação Brasiliano que atuou nas rochas intrusivas e
camadas sedimentares depositadas.
Através do reconhecimento dos componentes estruturais principais da área,
como foliação - coincidente com o acamamento sedimentar - e falhas, foi possível
delimitar os contatos e separar em 3 unidades os litotipos encontrados no
mapeamento. A principal direção estrutural dada pela foliação das rochas mostra
direção preferencial 340/45°, com algumas variações para 310/40°. O vale do rio
Cacaria coincide com um contato entre unidades, separando a Unidade São Roque
da Unidade Valadão.
Importante estrutura encontrada na área consiste em uma falha de empurrão
que atravessa a área de nordeste a sudoeste, estando localizada nas proximidades
do Valão da Costaneira da Prata, repercutindo em uma milonitização robusta. Este
cavalgamento de baixo ângulo gerou, nas rochas inseridas em sua zona de
influência, estruturas típicas de falhas profundas na crosta (estiramento mineral,
sombra de pressão e porfiroblastos de feldspato rotacionados). São encontradas
também na área e estruturas rúpteis como o cataclasitos (Foto 7). Na área foi
interpretada uma inversão estratigráfica na qual as rochas da Unidade Valadão
Superior estão colocadas acima das rochas da Unidade São Roque, (Mello 2013).
21
A leste da área de estudo, separando a Unidade Valadão Superior e a
Unidade Lorena, foi inferido um contato com base na posição dos ortognaisses
encontrados, além da mudança brusca do padrão do relevo que assumiu,
caracteristicamente, a feição topográfica de morrotes aplainados.
Foto 7. Cataclasito com a parte superior brechada
.
Foto 8. Migmatito onde o paleossoma é representado por rocha calciossilicática e o neossoma por rochas quartzo-feldspáticas
22
Foto 9. Biotita-feldspato gnaisse milonitizado, próximo ao contato.
Foto 10. Dique de diabásio (a direita) do Valão da Costaneira da Prata cortando
rochas calciossilicáticas.
23
6. CONCLUSÃO E DISCUSSÕES
Através do mapeamento geológico da região foi possível delimitar numa parte
da região de Cacaria em três unidades geológicas distintas com base nas litologias
predominantes: Unidade São Roque , Unidade Valadão e Unidade Lorena.
A classificação proposta por Harte (1976), não comtempla de maneira geral,
todas as rochas encontradas neste mapeamento, sendo necessária a adição de
outras subdivisões não incluídas por Harte (1976). Apesar de Lídice e Rio Claro
estarem no mesmo trend geológico de Cacaria, as rochas desta região não
apresentam influências magmáticas como as da área de estudo.
As características marcantes das unidades informais de Harte (1976), como
por exemplo, o quartzito com magnetita, não foram encontrados em abundância na
área de mapeamento, apenas alguns blocos esparsos. Essas ocorrências ficaram
limitadas a área de estudo de Mello (2013).
Uma explicação para a existência de rochas bastante diversificadas na região
é a de que, preteritamente, a localidade de Cacaria e redondezas enquadrava-se no
contexto de uma bacia sedimentar que posteriormente fora fechada com a colisão do
evento Brasiliano II. Tal contexto fica evidenciado principalmente pela presença de
rochas calciossilicáticas e os mármores, presentes na região, que são típicas de
ambiente deposicional marinho.
Pode-se inferir, em contrapartida, que o magmatismo atuante em toda a Faixa
Ribeira durante o Brasiliano e a reativação de zonas de fraqueza foi responsável por
essa transformação litológica.
A norte de Cacaria, com o mapeamento anterior realizado por Mello (2013),
no seu trabalho de graduação, não foi detectada a presença de anfibolitos. Somente
à sul essas ocorrências ficam mais marcantes, podendo ter, algumas delas, relação
com a acresção de terrenos durante o Brasiliano. Seriam interpretados como diques
basálticos que em conjunto com as rochas sedimentares pré-existentes foram
metamorfisadas e resultaram nas litologias que configuram a área de estudo.
Suposições podem ser feitas sobre o que de fato ocorreu na área. Um
mapeamento não é o suficiente para o entendimento do contexto tectônico, ainda
mais concentrado numa porção restrita do terreno. Estudos mais detalhados e que
explorem os dados de maneira mais eficaz, como a realização de lâminas
24
petrográficas e análise química das rochas irão agregar informações essenciais de
toda uma região ainda pouco estudada.
25
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29
30
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9
7
65
32
1
91
90
89
88
87
86
85
84
8382
8180
7978
77
76
75
74
73
72 7170
69
6867
66
6362
6160
5958
5756
5554
5352
51
5049
4847
46
45
4443
41
40
39
3837
3635
34
33
312927
26
25
2423
2221
20
19
18
1716
14
1312
11
616000,000000
616000,000000
617000,000000
617000,000000
618000,000000
618000,000000
619000,000000
619000,000000
620000,000000
620000,000000
621000,000000
621000,000000
622000,000000
622000,000000
623000,000000
623000,000000
624000,000000
624000,0000007484
000,00
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7485
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7485
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000,00
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7486
000,00
0000
Mapa Pontos de
ANEXO I
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+
+
+
+
+
+
++
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+
+
+
+
+
+
+
+
40
45
40
45
50
40
616000,000000
616000,000000
617000,000000
617000,000000
618000,000000
618000,000000
619000,000000
619000,000000
620000,000000
620000,000000
621000,000000
621000,000000
622000,000000
622000,000000
623000,000000
623000,000000
624000,000000
624000,000000
7484
000,00
0000
7484
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7485
000,00
0000
7485
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0000
7486
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0000
7486
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0000
7487
000,00
0000
7487
000,00
0000±
Escala 1:30.000Projeção Transversa de Mercator
Datum UTM Corrégo AlegreZona 23 S
Mapa Geológico da Região de Cacaria
0 0,85 1,7 2,55 3,40,425Kilometers
Legendaperfil ab
Unidade São Roque Biotita-Feldspato Gnaisse,Anfibolito eCalciossilicática
Unidade Valadão Biotita-Granada GnaisseQuartzito,Magnetita Quartzito.
Unidade LorenaBiotita-Feldspato Gnaisse,Porfirosblástico,Ortoderivado.GranulitoContato
+ + Falha de Empurrão InferidaContato Foto InterpretadoRioEstrada
Rio CacariaRio da Onça
Rio Costaneira da Prata
B
A
Faz. Conceição
Faz. Barrinha
ANEXO II
&&
Projeção Transversa de MercatorDatum: Córrego Alegre
Zona: 23SEscala Horizontal: 1:20.000
Exagero na Escala Vertical de 3 x
A B
400
200
10050
Serra da Costaneira da Prata
0 340 680 1.020170Meters
NW SE
LegendaUnidade São RoqueUnidade ValadãoUnidade LorenaContato
& &Falha de Empurrão InferidaContato Fotointerpretado
Rio Cacaria
Perfil Cacaria de A-B Geológico
ANEXO III
Pt CoordX CoordY Descrição
1 617705 7484620 Anfibolito
2 617274 7486300 Biotita-quartzo-gnaisse alterado, apresentando níveis de manganês e caulim em certos pontos do afloramento. Observa-se micas.
3 617226 7486300 Biotita-quartzo-gnaisse preservado, localizado na margem do rio cacaria. Granulometria variando de média a grossa.
4 616114 7485366 Basaltos rolados, apresentando esfoliação esferoidal
5 616096 7485268 Mudança de litologia: migmatito mais pobre em granadas
6 616120 7485380 Corpo de aproximadamente 2 m de largura e perpendicular a estrada de diabásio, cortando faixas gnáissicas. (Dique)
7 615886 7485081 Biotita-quartzo gnaisse
8 615524 7484928 Biotita-quartzo gnaisse.
9 617929 7486391 Biotita-quartzo gnaisse
10 617816 7486098 Feldspato-Biotita-Granada gnaisse
11 617772 7485976 Biotita-Quartzo gnaisse, apresenta uma falha normal e veios de quartzo cortando o afloramento.
12 617375 7486290 Contato granito/gnaisse
13 617367 7486355 Dique de diabásio com magnetita, apresentando esfoliação esferoidal
14 617346 7485805 Feldspato-biotita Gnaisse de granulometria fina, leucocrático com menos magnetita.
15 617512 7484363 Córrego com blocos de magnetita quartizito e blocos anfibolíticos "Amostra Sulfetada"
16 617590 7484251 Leucognaisse grosso grão arredondados. Migmatito competente, grão estirados
17 617620 7484336 Grande afloramento de rocha calciossilicática
18 617759 7484776 Biotita - granada gnaisse médio pra fino leucocrático
19 617577 7484285 Biotita- granada gnaisse médio pra fino leucocráticosilicática mais migmatizada
20 617780 7485135 Leucognaisse grosso grão arredondados
21 617848 7485373 Gnaisse cortado por um Pequeno Pegmatito (K-feldspato e turmalina) 1m de espessura (Amostra)
22 617810 7485513 Biotita- feldspato- granada gnaisse.
23 617849 7485699 Feldspato- biotita gnaisse migmatítico apresentando grãos orientados de granada.
24 618009 7485468 Blocos anfibolíticos
25 617778 7485754 Gnaisse migmatítico
26 617795 7486006 Dique cortando gnaisse
27 620962 7486924 Anfibolito acima da camada das rochas calciossilicáticas
28 623318 7486984 Feldspato Biotita gnaisse com mega cristais de feldspato aflorando na estrada
29 623198 7486943 Feldspato Biotita gnaisse alterado (Vermiculita)
30 624246 7478686 Morro antigo depósito de talus, blocos anfibolíticos e calciossilicáticos.
31 623487 7486681 Biotita-Feldspato Gnaisse Migmatítico com bolsão granitóide
32 620735 7486752 Cataclasito
33 620440 7486477 Dique de basalto
34 620743 7486688 Gnaisse milonitizado
35 620383 7486458 Gnaisse migmatítico
36 623583 7486632 Gnaisse migmatítico
37 623574 7486929 Quartzito granulometria fina a média, aflorando. Corpo que se estende por 20m de extensão.
38 623376 7486730 Quartzito
39 621818 7484018 Bloco de calciossilicática deformado
40 623717 7485266 Proto migmatito, gnaisse. Afloramento dentro do rio
41 616812 7486366 Anfibolito in situ, granulometria fina.
42 616539 7486486 Anfibolito
43 616310 7486512 Blocos rolados de anfibolito
44 616592 7486377 Blocos rolados de calciossilicática que perduram por mais 100m
45 615944 7486601 Blocos rolados de calciossilicática que limitavam a área.
46 617054 7486173 Feldspato gnaisse, afloramento, grãos arrendondados de feldspato.
47 616774 7485976 Gnaisse milonitizado, com feldspato e grãos estirados, foliados e rotacionados.
48 616908 7486084 Biotita- feldspato gnaisse com muita muscovita, granulometria fina .
ANEXO IV
49 616508 7486446 Biotita- feldspato gnaisse com estiramento incipiente dos grãos, granulometria variando de fina a média com pórfiros de granada e feldspato.
50 616807 7486351 Feldspato gnaisse com granulometria grossa e com níveis ora mais granadíferos ora mais feldspáticos, afloramento de coloração acastanhada.
51 616051 7486611 Feldspato biotita gnaisse com grãos arredondados de feldspato, coloração acastanhada e de granulometria variando de fina à média
52 624253 7486936 Biotita-feldspato-gnaisse
53 623970 7486738 Feldspato- biotita gnaisse
54 623416 7485722 Biotita-feldspato-gnaisse
55 623480 7485728 Biotita-feldspato-gnaisse
56 623575 7485040 Biotita-feldspato-gnaisse
57 623575 7485020 Biotita-feldspato-gnaisse
58 623015 7484330 Biotita-feldspato-gnaisse
59 622817 7484204 Feldspato- biotita gnaisse
60 623664 7484621 Biotita-feldspato-gnaisse
61 623839 7484684 Feldspato- biotita gnaisse
62 624185 7484594 Feldspato- biotita gnaisse
63 624326 7484433 Feldspato- biotita gnaisse
64 624430 7484347 Feldspato- biotita gnaisse
65 624533 7484193 Feldspato- biotita gnaisse
66 618049 7486884 Quartzito
67 617365 7486374 Feldspato- biotita gnaisse
68 617176 7486228 Feldspato- biotita gnaisse
69 617531 7485610 Calcisilicática mais migmatizada
70 617209 7485787 Biotita-granada gnaisse
71 616695 7485647 gnaisse migmatítico
72 616545 7485647 Biotita granada gnaisse médio pra fino leucocrático
73 618139 7484297 Gnaisse migmatítico
74 618238 7485017 Feldspato- biotita gnaisse
75 619699 7486949 Biotita-feldspato-gnaisse
76 620375 7484127 Feldspato- biotita gnaisse
77 621458 7485438 Biotita-feldspato-gnaisse
78 621219 7485678 Biotita-feldspato-gnaisse
79 621745 7485761 Biotita- feldspato gnaisse porfiroblástico
80 621543 7485851 Biotita-feldspato-gnaisse
81 621054 7485769 Biotita-feldspato-gnaisse
82 622123 7484946 Biotita-feldspato-gnaisse
83 622045 7484850 Biotita- feldspato gnaisse porfiroblástico
84 622509 7485954 Biotita-feldspato-gnaisse
85 622334 7485610 Biotita-feldspato-gnaisse
86 622634 7485188 Biotita-feldspato-gnaisse
87 623052 7485478 Ortoderivada- rocha de foliação incipiente e muito compacta
88 623456 7486262 Ortoderivada- rocha de foliação incipiente e muito compacta
89 623031 7485733 Ortoderivada- rocha de foliação incipiente e muito compacta
90 618297 7486409 Biotita-feldspato-gnaisse
91 618603 7486844 Biotita-feldspato-gnaisse
ANEXO IV
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