UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
LOGÍSTICA DA LOCALIZAÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE
TRANSPORTE VERTICAL EM CANTEIROS DE OBRAS: ESTUDO DE
CASO PARA ELEVADORES
Sérgio Ricardo do Nascimento Neto
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de São Carlos como parte dos requisitos para a conclusão da graduação em Engenharia Civil Orientador: Sheyla Mara Baptista Serra
São Carlos 2009
2
DEDICATÓRIA
Às minhas amadas mãe e irmã pela fé, confiança,
compreensão e carinho de ontem, hoje e sempre.
3
EPÍGRAFE
Se você está percorrendo o caminho de seus sonhos, comprometa-se com ele. Não
deixe a porta de saída aberta, através da desculpa: “Ainda não é bem isto que queria”. Esta
frase guarda dentro dela a semente da derrota.
Assuma seu caminho. Mesmo que precise dar passos incertos, mesmo que saiba
que pode fazer melhor o que está fazendo. Se você aceitar suas possibilidades no presente,
com toda certeza vão melhorar no futuro. Mas, se negar suas limitações, jamais se verá livre
delas.
Enfrente seu caminho com coragem, não tenha medo da crítica dos outros. E,
sobretudo, não se deixe paralisar por sua própria crítica.
Hoje levo na bagagem levo somente alegria e muita fé, pois apesar de haver muitas
pedras no caminho e uma flor para dez espinhos, não posso me curvar, pois um guerreiro
de verdade é dentro da adversidade que preserva a humildade e mostra todo o seu valor.
De um lado o tenho sonho, o verbo e a saudade, do outro a luta, a força e a coragem
para chegar ao fim. E o fim é belo e incerto, só depende de como você o vê.
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AGRADECIMENTOS
Aos eternos mestres do ensino de base Ênio, Vinício, Solange e Rocco, por nos
mostrarem que este sonho era possível.
Aos mestres da Academia Sheyla, Teresinha e Alex, pela formação profissional e
humana.
Aos irmãos para toda a vida Marcel, Giovana e Cibele, pelo carinho, companheirismo
e conforto nas horas difíceis.
Aos queridos amigos Ariele, Pedro, Dagoberto, Amanda, Karol, Silvia, Nathália,
Paula e Cris, por tornarem esta estrada mais agradável, suave e cômica.
Aos anjos de minha vida Família Macedo, Família Tolêdo, Tia Lúcia e Sônia, pelo
aporte nos momentos mais difíceis.
Aos colegas de turma, de outros cursos e dos projetos acadêmicos e sociais por
expandir em mim o conceito de “universidade”.
A todos aqueles que, de alguma forma, também tornaram deste sonho uma
realidade.
À minha família e ao Pai.
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RESUMO
Uma das propostas mais bem aceita pelo mercado e pelo meio acadêmico para
mudar o tradicional panorama de desperdícios no setor de construção civil é a implantação
de sistemas de gestão da produção, diminuindo e controlando as perdas, e representando
assim, um salto de qualidade e produtividade nos serviços oferecidos. A consolidação de um
modelo de gestão da produção a partir do canteiro de obras possibilita à empresa o domínio
de seu processo de aprendizado contínuo, criando vantagens competitivas e sustentando
seu crescimento ao longo do tempo. Buscou-se neste trabalho ilustrar que a utilização da
abordagem logística pode ser uma das ferramentas mais importantes para o sucesso dos
sistemas de gestão.
Palavras-chave: Logística, Canteiro, Transporte.
6
ABSTRACT
One of the most well accepted by the market and academia to change the traditional
outlook of wastes in the construction industry is the deployment of production management,
reducing and controlling losses, and thus representing a leap in quality and productivity
services offered. The consolidation of a model of production management from the
construction site enables the company to the mastery of his process of continuous learning,
creating a competitive advantage and sustaining growth over time. We tried to illustrate in
this paper that the use of logistics approach may be one of the most important to the success
of management.
Key-words: Logistic, Site, Transportation.
7
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Elevador Cremalheira (Fonte: www.montarte.com.br)........................................... 26
Figura 2. Elevador de Guincho (Fonte: www.herculeselevadores.com.br) ........................... 26
Figura 3. Layout do canteiro do Estudo de Caso A .............................................................. 28
Figura 4. Posicionamento dos equipamentos de transporte vertical..................................... 30
Figura 5. Proteção no elevador durante movimentação do operário .................................... 31
Figura 6. Layout do canteiro do Estudo de Caso B .............................................................. 32
Figura 7. Posicionamento dos equipamentos de transporte vertical..................................... 34
Figura 8. Proximidade entre o elevador e a betoneira.......................................................... 35
Figura 9. Proteção do elevador............................................................................................ 35
Figura 10. Layout do canteiro do Estudo de Caso C............................................................ 36
Figura 11. Posicionamento do equipamento de transporte vertical ...................................... 38
Figura 12. Materiais aguardando para serem carregados no elevador ................................ 38
Figura 13. Falta de barreiras entre o elevador e o prédio..................................................... 39
Figura 14. Layout do canteiro do Estudo de Caso D............................................................ 40
Figura 15. Posicionamento do equipamento de transporte vertical ...................................... 41
Figura 16. Armazenagem das fôrmas .................................................................................. 42
Figura 17. Falta de segurança entre o elevador e o edifício................................................. 43
Figura 18. Layout do canteiro do Estudo de Caso E ............................................................ 43
Figura 19. Posicionamento do equipamento de transporte vertical ...................................... 45
Figura 20. Estoque de materiais nos pavimentos................................................................. 45
Figura 21. Detalhe da falta de segurança do elevador ......................................................... 46
8
LISTA DE TABELAS
Tabela. 1. Tabela Resumo................................................................................................... 49
9
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 11
1.1 Justificativa ........................................................................................................ 11
1.2 Objetivos............................................................................................................. 12
1.3 Metodologia de Trabalho ................................................................................... 12
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.................................................................................... 14
2.1 Introdução........................................................................................................... 14
2.2 A Evolução do Conceito de Logística............................................................... 15
2.3 O Sistema de Movimentação e Armazenamento de Materiais e Planejamento
do Canteiro..................................................................................................................... 17
2.4 Estratégia Logística ........................................................................................... 18
2.4.1 Gestão Logística de Suprimentos ................................................................. 20
2.5 A Importância da Logística na Construção Civil.............................................. 21
2.5.1 Gestão Logística do Canteiro........................................................................ 22
2.5.2 O Transporte no Dimensionamento do Canteiro........................................... 23
2.6 A Escolha do Sistema de Transporte................................................................ 25
2.6.1 A Opção pelo Elevador ................................................................................. 26
3. ESTUDOS DE CASO ............................................................................................... 27
3.1 Introdução........................................................................................................... 27
3.2 Estudo de Caso A............................................................................................... 28
3.2.1 Introdução..................................................................................................... 28
3.2.2 Logística e Transporte .................................................................................. 28
3.2.3 Materiais e Transporte.................................................................................. 28
3.2.4 Definição do Equipamento de Transporte..................................................... 29
3.2.5 Posicionamento e Uso do Equipamento ....................................................... 30
3.3 Estudo de Caso B............................................................................................... 31
3.3.1 Introdução..................................................................................................... 31
3.3.2 Logística e Transporte .................................................................................. 32
3.3.3 Materiais e Transporte.................................................................................. 32
3.3.4 Definição de Equipamento de Transporte..................................................... 33
3.3.5 Posicionamento do Equipamento de Transporte .......................................... 33
10
3.4 Estudo de Caso C............................................................................................... 35
3.4.1 Introdução..................................................................................................... 35
3.4.2 Logistica e Transporte .................................................................................. 36
3.4.3 Materiais e Transporte.................................................................................. 36
3.4.4 Definição de equipamento de Transporte ..................................................... 37
3.4.5 Posicionamento do Equipamento de transporte............................................ 37
3.5 Estudo de Caso D............................................................................................... 39
3.5.1 Introdução..................................................................................................... 39
3.5.2 Logística e Transporte .................................................................................. 40
3.5.3 MAteriais e Transporte.................................................................................. 40
3.5.4 Definição de Equipamento de Transporte..................................................... 41
3.5.5 posicionamento do Equipamento de Transporte........................................... 41
3.6 Estudo de CAso E .............................................................................................. 43
3.6.1 Introdução..................................................................................................... 43
3.6.2 Logística e Transporte .................................................................................. 44
3.6.3 Materiais e Transporte.................................................................................. 44
3.6.4 Definição de Equipamento de Transporte..................................................... 44
3.6.5 Posicionamento do Equipamento de Transporte .......................................... 45
4. CONCLUSÃO............................................................................................................ 47
5. REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 50
6. APÊNDICE................................................................................................................. 53
6.1 Check List ........................................................................................................... 53
11
1. INTRODUÇÃO
A construção civil é um dos setores da economia brasileira que mais geram perdas e
desperdício de materiais, equipamentos e mão-de-obra nos canteiros de obras durante a
execução dos empreendimentos. Com o advento de um novo modelo de desenvolvimento
industrial, acelerou-se o crescimento da concorrência e as expectativas dos consumidores
se ampliaram. Desta forma, o controle da qualidade dos produtos passou a ser um dos itens
de destaque no cenário contemporâneo brasileiro e internacional.
À medida que a globalização chega à construção civil, torna-se cada vez mais
indispensável o aumento do nível de produtividade e, para alcançar este objetivo torna-se
imprescindível a redução dos custos, desperdícios e ocorrências patológicas nas
edificações.
A consolidação de um modelo de gestão da produção a partir do canteiro de obras,
possibilita à empresa o domínio de seu processo de aprendizado contínuo, criando mais
vantagens competitivas e sustentando seu crescimento ao longo do tempo. Segundo a
bibliografia consagrada, a aplicação de conceitos logísticos é uma das ferramentas mais
importantes para o sucesso destes sistemas. Os autores deste trabalho compartilham desta
corrente e buscarão ilustrar através de estudos de caso o quão a aplicação destes
conceitos, da forma correta, ou não, pode interferir na qualidade e no andamento das obras.
1.1 JUSTIFICATIVA
O estudo se justifica plenamente pelo fato de que a construção civil vem crescendo
em elevadas proporções no Brasil, fazendo com que as empresas do setor busquem novas
formas de estratégia para manterem-se competitivas.
A construção civil é um dos setores da economia brasileira que mais geram perdas e
desperdício de recursos físicos nos canteiros de obra durante a execução dos
empreendimentos. Uma das propostas mais bem aceitas pelo mercado e pelo meio
12
acadêmico para mudar esse quadro é a implantação de sistemas de gestão da produção. A
utilização da abordagem logística é uma das ferramentas mais importantes para o sucesso
destes sistemas.
Por isso, este estudo está baseado na necessidade de analisar se a logística
empregada na utilização de equipamentos de transporte vertical, em especial os elevadores
em canteiros de obras, é orientada conforme critérios de organização propostos na literatura
e até onde a não observância desses critérios pode acarretar problemas que interfiram no
processo produtivo.
Embora seja sabido que muitas das deficiências identificadas nos canteiros de obras
tenham origem em outras etapas do projeto, tais como falta de compatibilização e
procedimentos de execução dos serviços, há um sensível potencial de ganho de tempo e
recursos com a otimização dos equipamentos empregados em obras. É neste contexto que
está inserido o presente projeto, visando identificar e analisar critérios organizacionais
empregados na análise logística da localização de equipamentos utilizados nos canteiros de
obras, principalmente os elevadores.
1.2 OBJETIVOS
O objetivo desta pesquisa é identificar e analisar critérios de organização
empregados na análise logística da localização de tipos de elevadores utilizados em
canteiros de obras, assim como verificar até onde a não observância desses critérios pode
acarretar problemas que interfiram no processo produtivo.
1.3 METODOLOGIA DE TRABALHO
A metodologia empregada teve caráter exploratório e empírico, ou seja, não visava
desenvolver diretamente novos conceitos sobre o assunto pesquisado. A pesquisa foi
desenvolvida através das etapas apresentadas a seguir:
• Pesquisa Bibliográfica: Levantamento da base bibliográfica referente ao assunto
desta pesquisa através de livros e revistas especializados, anais de congressos,
dissertações, teses, normas técnicas;
• Elaboração de Check-list para visitas: Sob o norte da pesquisa bilbiográfica,
desenvolveu-se o roteiro de visitas em canteiros de obras que utilizem os
equipamentos objetos desta pesquisa. O resultado final é apresentado no Apêndice
A;
13
• Coleta dos dados dos Estudos de caso: Saídas a campo para aplicação do Check
List, bem como registros fotográficos dos canteiros, quando permitido. A escolha dos
canteiros a serem visitados deu-se de acordo com a disponibilidade de colegas e
colaboradores dos autores desta pesquisa;
• Análises e Conclusões: Após a realização dos estudos de caso, os dados obtidos
são examinados, categorizados e classificados sob o ponto de vista evolutivo,
tecnológico e organizacional dos canteiros e equipamentos analisados. Ao final da
pesquisa é traçado um panorama da utilização dos equipamentos objetos desta
pesquisa.
No seguimento do texto buscou-se conservar a ordem temática supracitada, a fim de
manter a coerência cronológica da pesquisa.
14
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 INTRODUÇÃO
A construção civil é um dos setores da economia brasileira que mais geram perdas e
desperdício de materiais, equipamentos e mão-de-obra nos canteiros de obras durante a
execução dos empreendimentos.
Até poucas décadas passadas, as empresas brasileiras não enfatizavam a questão
da qualidade, pois não havia uma exigência e conscientização por parte dos agentes
participantes, entre eles clientes, concorrentes e legislação. Segundo Picchi (1993), havia
um pensamento simplista e comum no setor da construção civil brasileira de que ao
melhorar a qualidade, gerar-se-ia um aumento do custo e do prazo de entrega de
empreendimento.
Com o advento de um novo modelo de desenvolvimento industrial, gerou-se o
crescimento da concorrência e as expectativas dos consumidores se ampliaram. Desta
forma, o controle da qualidade dos produtos passou a ser um dos itens de destaque no
cenário contemporâneo brasileiro e internacional.
Para Lorenzi; Nesvijski (1998), à medida que a globalização chega à construção civil,
torna-se cada vez mais indispensável o aumento do nível de produtividade e, para alcançar
este objetivo torna-se imprescindível a redução dos custos, desperdícios e ocorrências
patológicas nas edificações. Outra análise importante na busca de estratégias por ganhos
de competitividade são as certificações dos sistemas de qualidade que funcionam como pré-
requisito para atuar em alguns mercados que dão grande importância para isso.
Para Alves (2001), a construção civil possui características diferenciadas dos outros
setores industriais, como o produto único; a ausência de desenvolvimento integrado; o
grande número de intervenientes no processo; o uso de técnicas simples e mão-de-obra de
baixa qualificação; a organização complexa etc.. Para esta autora, isto faz com que este
setor necessite de um sistema de gestão de qualidade totalmente diferenciado de outras
15
empresas de serviços. Esse sistema deve considerar as especificidades do setor, pois a
eficiência geral da empresa de construção depende também de atividades acessórias, mas
fundamentais como compras e planejamento de obras.
De acordo com Reis; Melhado (1998), as atividades a serem controladas por um
Sistema de Gestão da Qualidade na construção civil são: Gestão do Processo de Projeto,
Gestão dos Suprimentos, Gestão da Documentação, Gestão do Canteiro de Obra, Gestão
da Tecnologia, Assistência Técnica e Gestão dos Recursos Humanos.
Para estes autores, os Sistemas de Gestão da Qualidade, ao proporem melhorias
em todas as etapas do processo de produção, atingiram direta ou indiretamente os canteiros
de obras, mudando paradigmas, conceitos e atitudes. Os sistemas podem proporcionar
melhorias da qualidade de produtos e processos das empresas, favorecendo a redução de
desperdícios e a melhoria do relacionamento entre construtoras e os demais agentes
participantes da produção como projetistas, fornecedores e subempreiteiros.
Segundo Depexe et al. (2006), na construção civil ainda há inúmeros
empreendimentos que são realizados sem um planejamento prévio, embora existam
diversas técnicas disponíveis para o seu adequado gerenciamento. Para que uma obra seja
realizada de forma adequada é necessário que haja um planejamento, que determinará o
método executivo; uma programação, que definirá o cronograma da execução, e um
controle, que permitirá o acompanhamento e verificação do andamento do projeto.
Dessa forma, uma das propostas mais bem aceita pelo mercado e pelo meio
acadêmico para mudar esse quadro é a implantação de sistemas de gestão da produção,
diminuindo desperdícios e controlando as perdas, e representando assim, um salto de
qualidade e produtividade nos serviços oferecidos.
A consolidação de um modelo de gestão da produção a partir do canteiro de obras,
possibilita à empresa o domínio de seu processo de aprendizado contínuo, criando mais
vantagens competitivas e sustentando seu crescimento ao longo do tempo.
Comprovadamente, a utilização da abordagem logística torna-se uma das ferramentas mais
importantes para o sucesso destes sistemas.
2.2 A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE LOGÍSTICA
Considerando o aspecto etimológico, a palavra “logística” é derivada do radical grego
logos, que tem o significado de razão. Contextualizando, pode-se dizer que a logística
significa "a arte de calcular" ou "a manipulação dos detalhes de uma operação". Sob a
óptica da estratégia belicista, logística é a ciência de aplicação de todas as ciências
16
militares, compreendendo os meios e os arranjos que permitam a aplicação de planos
estratégicos e táticos (Tixier, 1983). Sendo assim, pode-se dizer que é a aplicação prática
de meios de projeto táticos, alocação de tropas, materiais, transporte, manutenção e
operação de instalação e acessórios destinados a ajudar o desempenho de uma operação
militar (Tixier, 1983).
A partir da década de 1950, após a Segunda Grande Guerra, o ambiente econômico
apresentava uma série de características que possibilitaram a evolução da logística no
âmbito empresarial. Surgindo, então, novas aplicações e expandindo seu escopo para
segmentos como a indústria, comércio e serviços em geral, porém se mantendo em
segundo plano em relação às demais atividades. Nas últimas décadas esse
desenvolvimento passou a ser mais acentuado, tornando-a um parâmetro importantíssimo
para o crescimento ou mesmo manutenção das empresas no mercado cada vez mais
competitivo (Tixier, 1983).
Dentro desta evolução, Raia Jr. (2007) constata que a tradicional logística
empresarial passou a incorporar dois novos valores à cadeia produtiva, além de redefinir o
mais elementar deles, o “lugar”. São eles:
• Valor de Lugar: Por muito tempo, as atividades de logística foram confundidas com
as de transportes e armazenagem. No entanto, o conceito de transporte reduz-se ao
deslocamento de materiais e mercadorias de um ponto a outro no espaço. Esse valor
depende do transporte do produto desde a planta industrial ao depósito, deste à loja
e, da loja à residência do cliente, ou no caso dos elementos pré-fabricados, da
fábrica ao canteiro. Com a evolução tecnológica e conceitual, o ato de transportar,
mesmo sendo de grande importância, passou a não satisfazer de maneira isolada às
necessidades das organizações e clientes finais;
• Valor de Tempo: Torna-se cada vez mais importante, afinal o valor monetário dos
produtos eleva-se gradativamente com o tempo e assim produzindo custos
financeiros altíssimos numa cadeia produtiva. Isto vem obrigando as empresas a
cumprirem os prazos estabelecidos, sob risco de penalizações muito mais severas
que outrora;
• Valor Qualidade: Com a alta competitividade em todos os ramos da economia, este
valor vem ganhando notoriedade sobre os demais. Mesmo na hipótese que o produto
seja disponibilizado adequadamente desde a origem até o destino, no prazo
estabelecido, ainda assim as funções logísticas não estariam exercidas de forma
17
plena, é preciso confiar no produto. Serviços de re-entregas podem tornar um
produto excessivamente caro e demorado, ao ponto de inviabilizá-lo.
Segundo o mesmo autor, tende-se a incorporar um novo valor a esta lista, o valor
Informação. Com a evolução da transferência de dados e seu barateamento, este valor
pode tornar-se um indicador de eficiência e qualidade das empresas, pois as informações
permitem à empresa, ou mesmo ao cliente, rastrear a localização de uma determinada
mercadoria, se já foi despachada, se está em trânsito, em que depósito ela se encontra etc.
Isto permitirá, através de um processo bem coordenado, minimizar os recursos necessários
para a realização das atividades, sem perda de qualidade no atendimento ao cliente final.
De acordo com Raia Jr. (2007), pode-se definir, então, logística como sendo a união
de quatro atividades, consideradas fundamentais: aquisição, movimentação, armazenagem
e entrega de produtos. Para que produzam o efeito desejado, é fundamental que as
atividades de planejamento logístico, sejam elas de materiais ou de processos, estejam
intimamente relacionadas com as funções de manufatura e marketing.
Segundo Council of Logistics Management (2000) 1apud Zegarra (2003), logística é a
“parte do processo de gestão da cadeia de suprimentos, que trata do planejamento,
implementação e controle eficiente e eficaz do fluxo e armazenagem de bens, serviços e
informações relacionadas, do seu ponto de origem até o seu ponto de consumo, de maneira
a satisfazer plenamente as necessidades dos clientes".
2.3 O SISTEMA DE MOVIMENTAÇÃO E ARMAZENAMENTO DE MATERIAIS E PLANEJAMENTO DO CANTEIRO
Segundo Saurin (1997), os assuntos relacionados ao transporte de materiais devem
merecer especial atenção durante o planejamento do layout e do sistema de movimentação
e armazenamento de materiais, dado o grande consumo de mão de obra que suas
operações demandam, bem como a elevada perda de materiais e deficiência em tais
locomoções.
A tarefa de planejamento do sistema de movimentação e armazenamento de
materiais é fortemente ligada ao planejamento do layout do canteiro. Se, por um lado o
sistema de movimentação estabelece requisitos de armazenamento de material e dos tipos
de equipamentos transportadores utilizados que influenciam no desenvolvimento do layout,
por outro, este estabelece restrições para as decisões, além de ser um dos principais
1 Council of Logistics Management (CLM). Definição da logística. Disponível na internet em: http://www.clm1.org/Mission/Logistics.asp. Acesso em novembro de 2000.
18
determinantes da eficiência da movimentação e armazenagem, podendo facilitar ou dificultar
estes processos.
Logo, fica evidente a necessidade de realizar-se um eficiente planejamento e
gerenciamento dos sistemas, pois os processos de movimentação e armazenagem
influenciam todos os processos produtivos presentes no canteiro de obras.
2.4 ESTRATÉGIA LOGÍSTICA
Uma definição estratégica eficiente inclui as necessidades do negócio, da tática
empresarial e a visão da operação do sistema logístico, análise de decisões disponíveis e
possíveis, além de critérios de avaliação de desempenho do sistema, indispensáveis para a
verificação dos resultados que as mudanças estão trazendo. As organizações devem
preocupar-se, basicamente, com a constante redução dos níveis de inventário e a
conseqüente redução nos custos de armazenagem desse material, comprando mais vezes e
em quantidades menores, reduzindo custos. Daí demonstra-se a importância da aplicação
da filosofia JIT (Just-in-time) nas atividades logísticas (Raia Jr., 2007).
Segundo Silva (2000), o JIT é um sistema sincronizado de produção em fluxo sem
estoques. Baseia-se no princípio de que nenhuma atividade deve acontecer no sistema sem
que haja necessidade. Da mesma forma, nenhum material ou produto em processo deve
chegar ao local de processamento ou montagem sem que ele seja necessário naquele
momento. Ou seja, a demanda é que deve mover toda a produção na cadeia. Esta filosofia
tem como objetivo final a melhoria contínua do processo produtivo, reduzindo ou eliminando
os estoques.
Ao analisar o caso da construção civil, segundo o mesmo autor, observa-se que os
estoques de materiais em obra e os serviços já concluídos existem para evitar a
descontinuidade da produção, que pode ser provocada por diversos fatores, tais como:
• Incerteza da pontualidade da entrega de materiais e componentes e
conseqüente falta destes;
• Incapacidade dos fornecedores em realizar entregas em lotes pequenos;
• Incapacidade em prever com exatidão os prazos de execução das atividades;
• Problemas de dimensionamento das equipes de produção e de domínio de
índices de produtividade;
• Falta de conhecimento dos índices de perdas de materiais e componentes;
19
• Falta de planejamento da produção, o que leva à antecipação de serviços
que poderiam ser executados posteriormente.
Continuando, este autor menciona que a redução de estoques faria emergir estes
problemas e incertezas que teriam então que ser eliminados com ações corretivas. A
aplicação de práticas gerenciais do JIT na construção civil pode contribuir para a melhoria
da eficiência da logística no setor, possibilitando a redução dos custos com estoques, e
consequentemente para a redução dos custos logísticos totais, além de potencial para a
redução de ciclos de produção.
Akintoye2 (1995 apud Silva; Cardoso, 1999, p.4) ressalta a necessidade de se levar
em consideração diversos fatores para a implementação de sistemas JIT na construção, tais
como: o planejamento da produção, o projeto do produto e do processo, as relações com os
fornecedores, as fontes de fornecimento, dentre outros.
A satisfação do cliente com o serviço logístico, ou com o nível de serviço, é função
da capacidade que a empresa tem de gerir seus prazos de execução, sem comprometer sua
qualidade. Lambert (1998) afirma que “a administração eficaz da logística complementa o
esforço do marketing da empresa, proporcionando um atendimento eficaz do produto ao
cliente, no prazo certo, na quantidade pedida e no momento exato”.
Segundo Silva; Cardoso (1999), as mais importantes estratégias de gestão da
produção dizem respeito à logística de suprimentos e à logística na organização do canteiro
de obras.
Segundo Silva (2000), no momento da tomada de qualquer decisão no processo
logístico deve-se considerar os custos envolvidos, buscando-se assim um equacionamento
destes de forma que a redução ou aumento de alguns custos leve a uma redução do custo
total, que é composto do:
i. Custo de transporte (Ct) – envolve o custo do transporte externo (fretes, distâncias,
tipo de transporte utilizado, tamanho do lote etc.);
ii. Custo de armazenagem e movimentação interna (Ca) – envolve o custo das
instalações das áreas para armazenagem ou processamento de componentes,
equipamentos e pessoal de movimentação e de segurança;
iii. Custo de estoque (Ce) – envolve o custo de oportunidade, custo com seguros, riscos
de quebra e furto, custos com o espaço para estoque;
2 AKINTOYE, Akintola. Just-In-Time application and implementation for building material management. In: Construction
Management and Economics, vol. 13, 1995, p. 105-113.
20
iv. Custo de processamento de pedidos (Cp) – envolve os custos administrativos para
operacionalizar o sistema, bem como custos da informação para processá-lo;
v. Custo direto do produto (Cd) – é o custo de aquisição do produto ou serviço.
Continuando, Silva (2000) ressalta que o custo total de um bem ou produto é
composto pela somatória dos custos descritos, a saber:
Custo Total CdCpCeCaCt ++++= (2.1)
Observa-se que a empresa e seus dirigentes devem ter em mente diversos aspectos
quando se precisa tomar a decisão sobre o processo e estratégia logística.
2.4.1 GESTÃO LOGÍSTICA DE SUPRIMENTOS
De acordo com Reis e Melhado (1998), as atividades a serem controladas por um
Sistema de Gestão da Qualidade na construção civil são: Gestão do Processo de Projeto,
Gestão dos Suprimentos, Gestão da Documentação, Gestão do Canteiro de Obra, Gestão
da Tecnologia, Assistência Técnica e Gestão dos Recursos Humanos.
Para estes autores, os Sistemas de Gestão da Qualidade, ao proporem melhorias
em todas as etapas do processo de produção, atingiram direta ou indiretamente os canteiros
de obras, mudando paradigmas, conceitos e atitudes. Os sistemas podem proporcionar
melhorias da qualidade de produtos e processos das empresas, favorecendo a redução de
desperdícios e a melhoria do relacionamento entre construtoras e os demais agentes
participantes da produção como projetistas, fornecedores e subempreiteiros.
Para Stock e Lambert (1986), a administração logística é “o processo de
planejamento, implementação e controle do fluxo e armazenagem eficiente e econômica de
matérias-primas, materiais semi-acabados e produtos acabados, bem como as informações
a eles relativas, desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o propósito de
atender às exigências dos clientes”.
Para Silva e Cardoso (1999), as mais importantes estratégias de gestão da produção
dizem respeito à logística de suprimentos e à logística na organização do canteiro de obras.
A logística de suprimentos desempenha um papel estratégico na construção civil, pois atua
na interface entre os fornecedores e a produção, possuindo significativa participação nos
custos totais do empreendimento, pois compõe-se de uma série de atividades que atuam de
forma cíclica no processo de produção.
Ainda segundo Silva e Cardoso (1999), as atividades cíclicas basicamente são:
especificação dos materiais e planejamento de suprimentos; emissão e transmissão de
21
pedidos de compra; transporte dos recursos até a obra e recebimento; manutenção dos
suprimentos previstos no planejamento.
A integração ineficiente da armazenagem com outros parâmetros produtivos, torna
freqüente a existência de casos de falta de sintonia com a instalação do canteiro, com o
transporte e com a própria administração. A falta de integração entre etapas e setores
produtivos e a ausência de padrões geram diversas atividades que não agregam valor ao
processo de produção.
Segundo Raia Jr. (2007), o Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos (GCS), ou
Chain Supply Management (CSM), consiste no estabelecimento de relações de parcerias,
em prazos dilatados, entre os diversos integrantes de uma determinada cadeia produtiva
que passarão a planejar estrategicamente suas atividades e partilhar informações de modo
a desenvolverem as suas atividades logísticas de forma integrada, através e entre suas
organizações. Estes procedimentos proporcionam melhorias no desempenho conjunto pela
busca de novas oportunidades e redução de custos, visando agregar mais valor ao cliente
final.
Como principais resultados obtidos com a aplicação do GCS, destacam-se as
significativas reduções de estoques, otimização dos transportes e eliminação das perdas,
principalmente aquelas que acontecem nas interfaces entre as organizações e que são
representadas pelas duplicidades de esforços.
É importante frisar que este conceito ainda está em fase de desenvolvimento,
implicando na inexistência de uma metodologia única para sua implementação. No entanto
já surge como um caminho a ser trilhado por organizações de diferentes ramos de atividade,
pois seus resultados são notórios.
2.5 A IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA NA CONSTRUÇÃO CIVIL
Numa definição direcionada para a construção civil, Silva e Cardoso (1998) dizem
que:
“Logística é um processo multidisciplinar, aplicado a uma determinada
obra que visa garantir o abastecimento, a armazenagem, o processamento
e a disponibilização dos recursos materiais nas frentes de trabalho, bem
como o dimensionamento das equipes de produção e a gestão dos fluxos
físicos de produção. Tal processo se dá através de atividades de
planejamento, organização, direção e controle, tendo como principal
suporte o fluxo de informações, sendo que estas atividades podem se
passar tanto antes do início da execução em si, quanto ao longo dela.”
22
Para Serra e Oliveira (2003), a abordagem logística deve ser considerada durante
todo o desenvolvimento do ciclo de produção do empreendimento, ou seja, da concepção do
mesmo à fase de execução. Deve ser almejada a integração entre todos os agentes
participantes de modo a produzir ferramentas gerenciais e diretrizes de utilização da
logística de suprimentos e de canteiro. A logística pode, portanto, ser um caminho para a
diferenciação sobre seus concorrentes, ao simplificar o processo de gestão; flexibilizar o
momento do uso de capitais; realizar planejamento contínuo de atividades e operações;
reduzir ou eliminar mão-de-obra que não agregue valor; reduzir estoques e custos,
agregando valores aos seus produtos, e refletido então num aumento da lucratividade. No
entanto, é importante frisar que a logística por si só não alcançará esses resultados, sendo
necessário que esteja inserida num processo de planejamento de negócios da empresa.
Colas (1997) divide a logística em seis atividades relacionadas com a preparação do
canteiro e com a execução dos trabalhos em si:
• Definição da gestão das especificações técnicas;
• Elaboração do planejamento e programação da produção;
• Previsão dos suprimentos necessários;
• Planejamento e programação detalhada da produção;
• Conformidade e atualização do planejamento e;
• Gestão dos estoques e da entrega.
Para Silva e Cardoso (1999), o sistema logístico deve ser coerente com a estratégia
competitiva e de produção e a estrutura organizacional que a empresa dispõe. Portanto, é
em função da estratégia adotada e da estrutura organizacional que se podem identificar
pontos chaves de eficácia relacionados à logística para cada empresa.
2.5.1 GESTÃO LOGÍSTICA DO CANTEIRO
Percebe-se uma grande deficiência no ramo de construção civil no que diz respeito à
aplicação de conceitos de logística, especialmente na organização da obra e
desenvolvimento do projeto de canteiro, quando existente. Para reverter esta situação e
contribuir para o desenvolvimento de sistemas logísticos nos canteiros de obras é
necessário difundir e incentivar o uso de ferramentas e técnicas que visem a diminuição de
desperdícios, interação de informações e controle das perdas.
Para Silva; Cardoso (1999), a gestão da logística de canteiro envolve atividades de
planejamento, organização, direção e controle dos fluxos físicos na praça de trabalho.
Incluindo, portanto, a resolução de interferências entre os serviços, a implantação do
canteiro e a definição dos sistemas de transportes. Dentre as ferramentas que podem ser
23
utilizadas para auxiliar a gestão da logística de canteiro destaca-se o estudo da
movimentação de materiais, que consiste no estudo e definição dos equipamentos de
movimentação de materiais, bem como a definição das áreas de armazenagem e demais
elementos de canteiro. Convém, para cada empresa ou caso, o desenvolvimento de
padrões a serem definidos de acordo com a sua forma de trabalhar.
O projeto do canteiro é um grande instrumento para o planejamento e organização
da logística do canteiro (Silva; Cardoso, 1999). Ele afeta, certamente, o tempo de
deslocamento de operários e o custo de movimentação de materiais e equipamentos
interferindo, portanto, na produtividade global da obra. Um bom projeto de canteiro visa
evitar obstruções da movimentação de materiais e equipamentos, além de minimizar
distâncias e tempo para movimentação de pessoal e material, aumentando assim o tempo
produtivo.
Segundo Ferreira (1998), o projeto de canteiro de obras é definido como sendo um:
“Serviço integrante do processo de construção, responsável pela
definição do tamanho, forma e localização das áreas de trabalho, fixas a
temporárias e das vias de circulação necessárias ao desenvolvimento
das operações de apoio e execução, durante cada fase da obras, de
forma integrada e evolutiva, de acordo com o projeto de produção do
empreendimento, oferecendo condições de segurança, saúde e
motivação aos trabalhadores e execução racionalizada dos serviços.”
Para a correta definição do projeto do canteiro também é necessário o estudo e a
definição dos equipamentos de movimentação de materiais, a definição das áreas de
armazenagem, processamento e demais elementos de canteiro.
2.5.2 O TRANSPORTE NO DIMENSIONAMENTO DO CANTEIRO
Santos (1995) classifica o transporte como uma atividade de suporte e uma das que
mais consome energia, tempo e mão-de-obra, sendo então, prioritária para programas de
melhoria do processo de produção. É apontada como uma atividade que não agrega valor,
onerosa e ainda, que gera elevados desperdícios.
No dimensionamento dos equipamentos de transporte, deve-se analisar a
capacidade dos mesmos em atender ao ritmo de produção estabelecido e às normas de
segurança a um custo compatível, ou seja, deve-se avaliar sua viabilidade técnica e
econômica. O estudo do ciclo de transporte permite uma avaliação quantitativa do tempo
gasto para as diversas alternativas de transporte existentes, tornando-se bastante útil.
24
Santos (1995) estabelece os seguintes princípios para a escolha das melhores
alternativas de transporte:
a) O melhor transporte é aquele que não existe;
b) A força motora mais econômica é a força da gravidade;
c) Cargas iguais devem ser transportadas em conjunto;
d) A produtividade da movimentação aumenta quando as condições de trabalho
tornam-se mais seguras;
e) Quanto menor o peso transportado, mais econômicas as condições operacionais;
f) O armazenamento, se possível, deve utilizar o espaço cúbico;
g) Utilizar o caminho o mais reto possível,
h) Evitar o cruzamento dos fluxos de transporte;
i) Prever os caminhos de ida e de volta;
j) Planejar o uso de cargas de retorno;
k) Diminuir distâncias entre postos de trabalho;
l) Entregar materiais diretamente no local de trabalho;
m) Transportar a máxima quantidade de peso de cada vez, atendendo às restrições de
caráter ergonômico;
n) Transportar preferencialmente em container, em vez de granel;
o) Primeiro colocar as cargas em plataformas, depois transportá-las;
p) Não empilhar diretamente sobre o chão, deixando o espaço para facilitar o
erguimento e a ventilação;
q) Prever as áreas de recepção, de preferência com plataforma;
r) Garantir amplo espaço de circulação em torno da área de estoque;
s) Proteger partes da obra ao longo do caminho de circulação;
t) Manter a obra limpa e plana;
u) Proteger e dar segurança ao material transportado;
v) Reduzir o máximo possível o transporte por esforço humano;
w) Usar equipamentos adaptáveis ao transporte de vários tipos de materiais.
Como pode se observar, apesar de Santos (1995) ter feito estas reflexões há mais
de dez anos, ainda existem muitas obras onde as soluções propostas para melhorar o
transporte não são implementadas ou até consideradas.
25
2.6 A ESCOLHA DO SISTEMA DE TRANSPORTE
Para Lichtenstein (1987), o estudo do fluxo de materiais e componentes é fator
essencial na redução dos prazos e custos de produção de qualquer bem industrial, inclusive
para a construção civil. Dentro dessa visão, o sistema de transporte é vital para a
racionalização da construção.
Ainda segundo o autor, há três caminhos a serem desenvolvidos
concomitantemente, aplicando-se os conceitos de racionalização do transporte de materiais
na indústria:
• Redução dos volumes e cargas totais a serem movimentadas via racionalização da
própria tecnologia construtiva, com a eliminação dos desperdícios de material;
• Redução das distâncias totais a serem percorridas pelos materiais e componentes
via um projeto racional do arranjo do canteiro;
• Aperfeiçoamento do procedimento para a escolha, dimensionamento e operação do
sistema de transporte a ser empregado.
São produtos característicos da fase de planejamento de uma obra, entre outros, o
orçamento, o cronograma e o projeto de canteiro e é justamente a partir deles, e de sua
interação, que pode ser feita a escolha e dimensionamento do sistema transporte da obra.
Para o dimensionamento do sistema de transporte é necessário, portanto, verificar
que as necessidades de movimento no canteiro podem ser caracterizadas a partir da
definição, para cada material de quatro pontos básicos (Lichtenstein, 1983), quais sejam:
• Local de descarga;
• Local de armazenamento;
• Local de processamento;
• Local de aplicação.
Atualmente, há uma quantidade muito grande de equipamentos disponíveis no
mercado e, evidentemente, há sistemas mais vantajosos que outros para transporte de
determinados materiais e componentes. A procura da alternativa ótima em cada caso deve
propiciar o atendimento a um cronograma pré-estabelecido e o menor custo da obra como
um todo.
Em seu trabalho, Lichtenstein (1987) propõe a formulação de um modelo para
dimensionamento e operação do sistema de transportes no canteiro de um edifício de
múltiplos pavimentos, construído dentro do processo tradicional, com vistas à redução ou
eliminação dos desperdícios dos recursos humanos e materiais da obra, além de defender o
entendimento global da construção de um edifício.
26
Tal modelo baseia-se nas quantidades a serem transportadas e nas características
dos equipamentos disponíveis, em termos de capacidade, velocidade, confiabilidade e
custo.
2.6.1 A OPÇÃO PELO ELEVADOR
O elevador de obras é responsável por grande parte da movimentação vertical
dentro do canteiro de obras. No mercado existem dois grupos distintos, o elevador tipo
pinhão/cremalheira (Figura 1), composto por uma torre metálica treliçada e uma cabine
movimentada por engrenagens e trilhos dentados e o elevador de guincho (Figura 2), que
apresenta uma torre-guia metálica movimentada por um sistema de cabos e polias.
Figura 1. Elevador Cremalheira (Fonte: www.montarte.com.br)
Figura 2. Elevador de Guincho (Fonte: www.herculeselevadores.com.br)
27
3. ESTUDOS DE CASO
3.1 INTRODUÇÃO
A fim de fundamentar este trabalho, foram realizados cinco estudos de caso em
canteiros de obras de mesmo porte. Três destes estudos foram realizados em São Paulo -
SP e outros dois na cidade de Santos – SP.
Buscou-se, a princípio, saber se ambas as regiões analisadas dispunham de
fornecedores dos equipamentos aqui analisados e se seu uso nos empreendimentos em
construção era regular e frequente. Em uma pré-análise de mercado em sites de internet
especializados, observou-se que havia grande quantidade de fornecedores em ambas as
regiões.
Para que os mesmos itens fossem analisados e os resultados obtidos pudessem ser
parametrizados, optou-se pela aplicação de check lists em todas as obras visitadas. A visita
a cada canteiro foi acompanhada e orientada pelo engenheiro responsável ou mestre de
obras, para que os resultados pudessem ser realmente confiáveis.
A fim do tornar a pesquisa mais homogênea, buscou-se canteiros de obras com
características semelhantes, ou seja, empreendimentos constituídos por uma única torre, de
no mínimo 12 pavimentos, localizados em centros urbanos e que utilizassem os
equipamentos aqui analisados, no momento da visita.
Nesta pesquisa preservou-se a identidade dos envolvidos em cada obra, bem como
quaisquer nomes de construtoras ou logradouros dos empreendimentos, para que quaisquer
desvios ou falhas não possam ser generalizados e atribuídos aos incorporadores dos
empreendimentos.
A seguir têm-se os estudos de caso, descritos individualmente.
28
3.2 ESTUDO DE CASO A
3.2.1 INTRODUÇÃO
O empreendimento está localizado na Zona Sul da cidade de São Paulo e é
constituído por uma única torre com 18 pavimentos, 2 subsolos e vasta área de periferia. O
entorno do terreno é repleto de edifícios residenciais, mas o fluxo de veículos na região é
relativamente fraco. Este caso destaca-se dos demais pela utilização de dois equipamentos
distintos, simultaneamente no canteiro.
Os itens aqui analisados estavam dispostos nos pavimentos subsolo e térreo. A
seguir tem-se o layout do canteiro (Figura 3), cujos principais pontos serão descritos ao
longo deste estudo de caso.
Figura 3. Layout do canteiro do Estudo de Caso A
3.2.2 LOGÍSTICA E TRANSPORTE
Apesar de haver dois equipamentos distintos no canteiro, contatou-se que não houve
estudos específicos para análise da viabilidade técnica e financeira de tal estratégia. Sob o
ponto de vista da logística, utilizou-se de critérios primários de organização e racionalização
do canteiro para que não houvesse interferências significativas entre o transporte de
materiais e as demais atividades. Áreas de convívio foram alocadas longe dos
equipamentos e mesas de transformação, assim como estas estavam próximas dos
equipamentos de transporte.
3.2.3 MATERIAIS E TRANSPORTE
Na época da visita, estava-se concretando a décima quarta laje e já havia sido
iniciada a alvenaria nos pavimentos inferiores. Portanto, os mais significativos materiais
29
transportados eram o concreto fresco, argamassa e os tijolos para execução da alvenaria, já
que o edifício é erguido em concreto armado.
Periodicamente também eram transportadas as fôrmas para concretagem, além das
armaduras que já eram carregadas cortadas e dobradas. Segundo o entrevistado, o
principal material a ser transportado é o concreto fresco, assim os demais são transportados
de forma que não interfiram no andamento das concretagens. Como no canteiro há dois
equipamentos de movimentação vertical, não foi identificado nenhum tipo de gargalo que
limitasse ou interferisse na atividade de transporte, apesar desta ser a etapa mais crítica da
obra, pois são carregados materiais extremamente perecíveis, como o concreto e outros de
elevado peso e volume, como os tijolos.
A grua era utilizada para transportar produtos estruturais e pré-fabricados que devem
ser colocados na última laje, como armaduras ou fôrmas. Já o elevador transportava os
materiais que devem ser distribuídos em cada pavimento, como blocos, louças, cerâmicas
esquadrias etc.
3.2.4 DEFINIÇÃO DO EQUIPAMENTO DE TRANSPORTE
Esta foi a única obra da pesquisa onde havia mais de um tipo de equipamento de
transporte vertical. Esta opção não se deve a um fator exclusivamente econômico, já que o
custo do aluguel da grua é aproximadamente 300% maior que o aluguel do elevador
cremalheira, e enquanto este transporta 2000 kg, aquela não passa de 2400 kg em uma
única viagem.
A opção pela grua deve-se, principalmente, à sua grande mobilidade no espaço;
característica esta muito importante quando há concretagens, especialmente de lajes. Já o
elevador cremalheira, além de servir de transporte aos colaboradores, é o meio de
transporte vertical mais seguro e versátil.
Segundo o entrevistado, não há materiais ou componentes que condicionem a
escolha do tipo de transporte vertical a ser utilizado e a empresa não possui estudos de
produtividade que comprovem a viabilidade do uso da grua e do elevador simultameamente,
porém é uma política interna utilizar a grua na etapa mais crítica da obra, onde as
concretagens acontecem à grandes alturas e há atividades paralelas de grande importância
para o cumprimento do cronograma. Em etapas anteriores, onde as concretagens podem
ser feitos com bombas de sucção e o fluxo de outros materiais ainda não são significativos,
ou etapas posteriores onde já não há mais a necessidade de equipamentos de tamanha
mobilidade, o uso da grua não é viável operacional e economicamente.
30
Ambos os equipamentos eram alugados pela mesma empresa, e de acordo com o
entrevistado, seus custos operacionais eram fixos, variando apenas os custos da mão-de-
obra, que era calculada em função das quantidades de horas trabalhadas mensalmente.
3.2.5 POSICIONAMENTO E USO DO EQUIPAMENTO
Da análise das Figuras 3 e 4, conclui-se que os equipamentos localizavam-se tão
próximos ao ponto de o elevador estar dentro do raio de atuação da grua. Porém isto não
gerava interferências ou perda de produtividade pelos equipamentos, pois seu uso, quase
sempre, era para atividades distintas.
Figura 4. Posicionamento dos equipamentos de transporte vertical
É importante salientar que ambos os equipamentos estavam próximos da entrada
principal do canteiro, o que facilitava sensivelmente a locomoção horizontal de materiais e
componentes. Enquanto o elevador cremalheira estava localizado em uma parede cega na
sala de um dos apartamentos tipo, a grua foi instalada na caixa de elevadores, ou seja,
pouco atrapalhavam no desenvolvimento da estrutura. Os agregados e aglomerantes da
argamassa, bem como a betoneira, ilustrados na Figura 3, estão localizados próximos ao
elevador. O estoque de blocos e tijolos também está próximo ao elevador, mas também ao
portão de entrada do canteiro. Já o posicionamento do estoque de aço e da serra policorte
favorecem o transporte do material pela grua.
Logo, dos materiais críticos a serem transportados, notou-se que sua distribuição no
canteiro favorecia o transporte, tanto na horizontal quanto na vertical.
O isolamento e a segurança dos equipamentos de transporte vertical eram
satisfatórios, conforme pode ser visto na Figura 5, com o isolamento da caixa de elevador.
Posição da torre da grua
Posição da torre do elevador
31
Figura 5. Proteção no elevador durante movimentação do operário
3.3 ESTUDO DE CASO B
3.3.1 INTRODUÇÃO
O empreendimento está localizado na Zona Oeste da cidade de São Paulo e é
constituído por uma única torre com 22 pavimentos, um subsolo e vasta área de periferia. O
entorno do terreno é repleto de edifícios residenciais e o fluxo de veículos na região é
elevado. Este caso destaca-se dos demais pela utilização de dois elevadores de guincho
simultaneamente no canteiro.
Os itens aqui analisados estavam dispostos somente no pavimento térreo, pois o
subsolo não apresentava nenhum tipo de infra-estrutura que permitisse sua utilização para
armazenamento de materiais e equipamentos. A seguir tem-se o layout do canteiro (Figura
6), cujos principais pontos serão descritos ao longo deste estudo de caso.
32
Figura 6. Layout do canteiro do Estudo de Caso B
3.3.2 LOGÍSTICA E TRANSPORTE
Apesar de haver dois equipamentos do mesmo modelo no canteiro, contatou-se que
não houve estudos específicos para análise da viabilidade técnica e financeira de tal
estratégia. Sob o ponto de vista da logística, utilizou-se de critérios primários de organização
e racionalização do canteiro para que não houvesse interferências significativas entre o
transporte de materiais e as demais atividades. Como o canteiro possuía grandes
dimensões, as áreas de convívio foram alocadas longe dos equipamentos e mesas de
transformação, bem dos equipamentos de transporte.
3.3.3 MATERIAIS E TRANSPORTE
A torre do empreendimento está sendo erguida em alvenaria estrutural e na época
da visita estava-se concretando a décima sexta laje. Portanto, os mais significativos
materiais transportados eram o concreto fresco quando da execução das lajes, argamassa e
os blocos para execução da alvenaria. Periodicamente também eram transportadas as
fôrmas para laje, além das armaduras para grauteamento. Segundo o entrevistado, o
principal material a ser transportado são os blocos, assim os demais são transportados de
forma que não interfiram no levantamento das fiadas da alvenaria. Como no canteiro há dois
equipamentos de movimentação vertical, não foi identificado nenhum tipo de gargalo que
limitasse ou interferisse na atividade de transporte, pois a subida dos blocos era feita na
mesma frequência, independente do ritmo de trabalho nas frentes. Isso se dava para que
nos momentos ociosos pudesse haver a formação de pequenos estoques no pavimento a
ser trabalhado, evitando que nos momentos de maior demanda de blocos houvesse
morosidade ou interrupções no transporte de outros materiais ou equipamentos.
33
3.3.4 DEFINIÇÃO DE EQUIPAMENTO DE TRANSPORTE
Esta foi a única obra da pesquisa onde havia dois equipamentos iguais de transporte
vertical sendo utilizados simultaneamente. Como os elevadores pertencem à própria
construtora e é de seu conhecimento técnico que apenas um equipamento não seria
suficiente para suprir a demanda de materiais nas frentes de trabalho, optou-se pela
utilização simultânea.
Segundo o entrevistado, o grande condicionante da escolha do tipo de transporte
vertical, bem como o número de unidades a serem utilizadas é a tipologia construtiva. Neste
caso, utiliza-se o elevador em detrimento da grua porque não há necessidade de grande
mobilidade do equipamento no espaço, como no caso de uma obra em concreto armado.
Para obras em alvenaria estrutural são mais interessantes equipamentos que mantenham
uma frequência constante de alimentação das frentes de trabalho, sem que para isso haja
grande rapidez na atividade.
Como os elevadores eram de propriedade da construtora, não havia gastos com
aluguel dos mesmos, nem pagamento de horas de trabalho para colaboradores fora do
quadro da empresa. Os únicos custos agregados são com manutenção preventiva e
desvalorização mercadológica dos equipamentos.
Outro aspecto importante diz respeito à baixa eficiência dos elevadores,
principalmente por seu elevado desgaste ocasionado pelos anos de uso. Segundo o
entrevistado, ainda era vantajoso economicamente manter tais equipamentos ao alugar
elevadores mais modernos.
3.3.5 POSICIONAMENTO DO EQUIPAMENTO DE TRANSPORTE
Da análise das Figuras 6 e 7, conclui-se que os elevadores localizavam-se muito
próximos entre si. Porém, isto não gerava maiores interferências ou perda de produtividade,
já que seu uso, quase sempre, era para atividades distintas, onde o localizado próximo à
entrada transportava materiais diversos e colaboradores, enquanto o equipamento do fundo
do terreno transporta exclusivamente os blocos e armaduras.
34
Figura 7. Posicionamento dos equipamentos de transporte vertical
Também nas Figuras 6 e 7, é possível visualizar que os elevadores estão
posicionados paralelamente entre sim, mas ortogonalmente com relação ao portão de
entrada (itens 1 e 2 da Figura 6). Na mesma Figura, item 6, é possível ver o posicionamento
do estoque de blocos, com relação aos itens 1 e 2. O elevador destinado ao transporte dos
blocos é o que possui posição mais desfavorável, pois está a uma grande distância do
portão de entrada. Como numa construção deste tipo utiliza-se grandes quantidades de
blocos e como consequência há uma elevada frequência de reposição de estoque, a
estratégia de montagem do canteiro foi feita de forma incorreta e traz prejuízos ao
andamento harmônico da obra. Como os caminhões de entrega não podem adentrar o
canteiro, o transporte até o local de estocagem deve ser feito horizontalmente, podendo
haver perdas de produtividade e de materiais.
Já os estoques de agregados e aglomerantes localizavam-se próximos à entrada do
canteiro e ao elevador que transportava a argamassa, contribuindo assim para o bom
andamento da atividade (itens 7 e 8 da Figura 6 e Figura 8), assim como as mesas de
transformação também que estavam alocadas próximas aos estoques e elevadores.
35
Figura 8. Proximidade entre o elevador e a betoneira
Da análise geral do estudo de caso, é possível afirmar que a distribuição dos
materiais e equipamentos no canteiro contribui para o bom andamento da obra, inclusive
materiais como aço e argamassa fresca. O material cujo transporte era o mais dificultoso,
certamente eram os blocos, devido à grande distância entre o portão de entrada e o
estoque.
A segurança dos elevadores pode ser considerada satisfatória, como pode ser visto
no isolamento entre o pavimento e o poço do elevador, como pode ser visto na Figura 9.
Figura 9. Proteção do elevador
3.4 ESTUDO DE CASO C
3.4.1 INTRODUÇÃO
O empreendimento está localizado na Zona Sul da cidade de São Paulo e é
constituído por uma única torre com 11 pavimentos, 2 subsolos e área de periferia
relativamente pequena. O terreno da região é muito acidentado e as ruas são muito
36
íngremes e estreitas. O entorno do terreno é repleto de edifícios residenciais e o fluxo de
veículos na região é tranqüilo, mesmo com as condições geográficas. O edifício apresentava
apenas um elevador cremalheira como equipamento de transporte vertical.
Os itens aqui analisados estavam dispostos nos dois subsolos. A seguir tem-se o
layout do canteiro (Figura 10), cujos principais pontos serão descritos ao longo deste estudo
de caso.
Figura 10. Layout do canteiro do Estudo de Caso C
3.4.2 LOGISTICA E TRANSPORTE
Da análise do estudo de caso, contatou-se que não houve estudos específicos para
análise da viabilidade técnica e financeira pela utilização de apenas um equipamento de
transporte vertical. Segundo o engenheiro da obra, a utilização de um único equipamento é
prática corrente na construtora. Sob o ponto de vista da logística, não se utilizou de critérios
elaborados de organização e racionalização do canteiro para que interferências entre o
transporte de materiais e as demais atividades fossem minimizadas. Embora o canteiro não
possuísse grandes dimensões, não foram constatados grandes conflitos de localização
entre áreas de convívio, equipamentos, mesas de transformação e equipamentos de
transporte.
3.4.3 MATERIAIS E TRANSPORTE
Na época da visita, todas as lajes já haviam sido concretadas e estava-se levantando
a alvenaria interna do sexto pavimento. Portanto, os mais significativos materiais
transportados eram a argamassa e os tijolos para execução da alvenaria, já que o edifício é
erguido em concreto armado, além dos materiais de acabamento dos pavimentos anteriores
ao sexto, como louças, pisos e argamassa de acabamento fino.
37
Como já não havia mais etapas da obra onde o concreto fresco e blocos eram
transportados simultaneamente, não foi identificado nenhum tipo de gargalo que limitasse ou
interferisse na atividade de transporte. Como forma de não sobrecarregar o elevador, todos
os matérias possuíam períodos do dia onde tinham prioridade, ou seja, durante a manhã
privilegiava-se o transporte de argamassa e materiais de acabamento e de tarde eram
transportados preferencialmente os blocos e tijolos. No entanto, outros materiais, que não os
preferenciais do período poderiam ser transportados, desde que houvesse grande
necessidade ou urgência.
3.4.4 DEFINIÇÃO DE EQUIPAMENTO DE TRANSPORTE
Segundo o entrevistado, os grandes condicionantes da escolha do tipo de transporte
vertical e do número de unidades a serem utilizadas são a tipologia construtiva e o ritmo da
obra. Neste caso, utiliza-se o elevador em detrimento da grua porque não há necessidade
de grande mobilidade do equipamento no espaço, como no caso de uma obra em concreto
armado. Embora a capacidade de transporte do elevador cremalheira não seja tão alta
(aproximadamente 1850 kg), sua elevada velocidade e presença de dois cestos na mesma
torre de elevador fazem deste, o equipamento ideal para obras de altura não superior à 50
metros de altura.
Ainda de acordo com o entrevistado, não há materiais ou componentes que
condicionem a escolha do tipo de transporte vertical a ser utilizado e a empresa não possui
estudos de produtividade que comprovem a viabilidade da utilização do elevador
cremalheira, em detrimento de outros tipos de equipamentos de transporte vertical. O
equipamento era alugado e seus custos operacionais eram fixos, variando apenas os custos
da mão-de-obra, que era calculada em função das quantidades de horas trabalhadas
mensalmente.
3.4.5 POSICIONAMENTO DO EQUIPAMENTO DE TRANSPORTE
Da análise das Figuras 10 e 11, nota-se que o elevador localizava-se próximo ao
portão principal da obra e sua entrada nos pavimentos era feita pela sacada dos
apartamentos tipo.
38
Figura 11. Posicionamento do equipamento de transporte vertical
Como a obra já havia passado de seu período mais crítico, a presente etapa possui
um layout sem muitos problemas, pois principalmente os estoques, já não são grandes. No
primeiro subsolo eram armazenados principalmente os blocos, agregados e aglomerantes,
além das ferramentas utilizadas. Também neste pavimento estavam as mesas de
transformação. Na Figura 12 é possível observar pallets de sacos de argamassa e blocos
esperando para serem embarcados no elevador.
Figura 12. Materiais aguardando para serem carregados no elevador
No primeiro subsolo estavam os materiais mais importantes daquela etapa da obra,
as louças, pisos e materiais de acabamento. Este pavimento possuía vasto espaço ocioso.
Como pode ser visto na Figura 10, os locais de convivência e escritórios estavam
alocados no segundo subsolo, e só seriam re-alocados para o piso superior quando da
39
execução da periferia da obra. Embora não sendo mais utilizados, os estoque de aço e
fôrmas permaneciam no canteiro e, segundo o mestre de obras, somente seriam
desativados na fase de acabamento final da obra.
Embora o entorno do canteiro seja desfavorável, devido à declividade do terreno, a
localização do portão de entrada foi feita de forma correta, pois facilitava as manobras dos
caminhões e dava acesso aos principais pontos de armazenamento de materiais e ao
elevador.
Da análise geral do estudo de caso, é possível afirmar que a distribuição dos
materiais e equipamentos no canteiro contribuiam para o bom andamento da obra, inclusive
noutras etapas da obra. O material cujo transporte era o mais dificultoso no momento da
visita, certamente eram os blocos, devido à grande distância entre o portão de entrada e o
estoque.
A segurança dos elevadores foi considerada insatisfatória, devido à utilização
simultânea do elevador por colaboradores, materiais e equipamentos, além da ausência de
guarda-corpos entre o elevador e a estrutura do prédio, como pode ser visto na Figura 13.
Figura 13. Falta de barreiras entre o elevador e o prédio
3.5 ESTUDO DE CASO D
3.5.1 INTRODUÇÃO
O empreendimento está localizado na região do Bairro do Gonzaga da cidade de
Santos e é constituído por uma única torre com 17 pavimentos, 2 subsolos e pequena área
de periferia. O entorno do terreno é repleto de edifícios residenciais e o fluxo de veículos na
região é tranquilo, mesmo sendo um dos bairros mais movimentados da cidade. O edifício
apresentava apenas um elevador cremalheira como equipamento de transporte vertical.
40
Os itens aqui analisados estavam dispostos no primeiro subsolo e no térreo. A seguir
tem-se o layout do canteiro (Figura 14), cujos principais pontos serão descritos ao longo
deste estudo de caso.
Figura 14. Layout do canteiro do Estudo de Caso D
3.5.2 LOGÍSTICA E TRANSPORTE
Da análise do estudo de caso, contatou-se que não houve estudos específicos para
análise da viabilidade técnica e financeira pela utilização de apenas um equipamento de
transporte vertical. De acordo com o mestre de obras, a construtora sempre utiliza um único
equipamento de transporte vertical em suas obras. Sob o ponto de vista da logística, não se
utilizou de critérios elaborados de organização e racionalização do canteiro para que
interferências entre o transporte de materiais e as demais atividades fossem minimizadas.
De todos os estudos de caso, este era onde o canteiro de obras possuía as menores
dimensões, entretanto, não foram constatados grandes conflitos de localização entre áreas
de convívio, equipamentos, mesas de transformação e equipamentos de transporte.
3.5.3 MATERIAIS E TRANSPORTE
Na época da visita, estava-se concretando a sétima laje e havia sido iniciada a
alvenaria do primeiro pavimento. Portanto, até o momento, os materiais mais importantes a
serem transportados pelo elevador eram as armaduras e fôrmas, já o concreto fresco era
lançado através de bomba de sucção. O transporte de blocos ainda era secundário, pois no
momento da visita havia apenas uma frente de trabalho na execução deste serviço.
Certamente o transporte de blocos ganhará maior importância nas etapas futuras da
obra, principalmente pelo reduzido espaço para estocagem e tornar-se-á um grande gargalo
41
para o andamento da obra. Não foi constatado nenhum tipo de estratégia que disciplinasse
o transporte de pessoas, equipamentos ou insumos através do elevador.
3.5.4 DEFINIÇÃO DE EQUIPAMENTO DE TRANSPORTE
Segundo o entrevistado, os grandes condicionantes da escolha do tipo de transporte
vertical e do número de unidades a serem utilizadas são o ritmo da obra e a disponibilidade
dos equipamentos no mercado. Neste caso, utilizou-se o elevador em detrimento da grua,
pois não há grande disponibilidade do equipamento no mercado regional e trazer um da
capital ou interior elevaria muito os custos. No momento da visita, o cremalheira funcionava
apenas com uma cesta, devido a baixa demanda de utilização do equipamento até então. A
instalação da segunda cesta seria feita quando construção alcançasse a nona laje.
Ainda de acordo com o entrevistado, não há materiais ou componentes que
condicionem a escolha do tipo de transporte vertical a ser utilizado e a empresa também não
possui estudos de produtividade que comprovem a viabilidade da utilização do elevador
cremalheira. O equipamento era alugado e seus custos operacionais eram fixos, variando
apenas os custos da mão-de-obra, que era calculada em função das quantidades de horas
trabalhadas mensalmente. Quando instalação do segundo cesto do elevador, o custo do
aluguel seria reajustado em 35%.
3.5.5 POSICIONAMENTO DO EQUIPAMENTO DE TRANSPORTE
Da análise das Figuras 14 e 15, nota-se que o elevador localizava-se próximo ao
portão principal da obra e sua entrada nos pavimentos era feita pela sacada dos
apartamentos tipo.
Figura 15. Posicionamento do equipamento de transporte vertical
42
Como a obra ainda não havia entrado em seu período mais crítico, a presente etapa
possui um layout sem muitos problemas, pois os estoques de blocos ainda não são muito
volumosos. No primeiro subsolo eram armazenadas principalmente as fôrmas, o aço, além
das mesas de transformação. Na Figura 16 é possível observar a armazenagem das fôrmas
em local descoberto.
Figura 16. Armazenagem das fôrmas
Embora ainda não houvesse problemas de espaço neste pavimento, notou-se que ao
ponto que os estoques de blocos forem aumentando, o espaço para circulação nas
proximidades será prejudicada.
Como pode ser visto na Figura 14, os locais de convivência, escritórios e estoque de
materiais diversos. Também é possível notar que esta região ainda possui vasta área livre.
estavam alocados no pavimento térreo.
Da análise geral do estudo de caso, é possível afirmar que a distribuição dos
materiais e equipamentos no canteiro contribuía para o bom andamento da obra. Os
materiais cujo transporte eram os mais dificultosos no momento da visita eram as fôrmas e
armaduras, devido às grandes dimensões de tais elementos, se comparados ao tamanho do
elevador. Como já dito, no momento da visita havia apenas uma frente de trabalho
levantando a alvenaria e logo esta atividade passaria a figurar entre as mais críticas, o que
poderá resultar em conflitos na utilização do elevador.
A segurança dos elevadores foi considerada insatisfatória, devido à utilização
simultânea do elevador por colaboradores, materiais e equipamentos, além da ausência de
guarda-corpos entre o elevador e a estrutura do prédio, como pode ser visto na Figura 17.
43
Figura 17. Falta de segurança entre o elevador e o edifício
3.6 ESTUDO DE CASO E
3.6.1 INTRODUÇÃO
O empreendimento está localizado na região da Ponta da Praia, na cidade de Santos
e é constituído por uma única torre com 13 pavimentos, 1 subsolo e vasta área de periferia.
O entorno do terreno é repleto de edifícios residenciais e o fluxo de veículos na região é
elevado, por estar numa das regiões mais movimentadas da cidade. O edifício apresentava
apenas um elevador de guincho como equipamento de transporte vertical.
Os itens aqui analisados estavam dispostos no primeiro subsolo e no térreo. A seguir
tem-se o layout do canteiro (Figura 18), cujos principais pontos serão descritos ao longo
deste estudo de caso.
Figura 18. Layout do canteiro do Estudo de Caso E
44
3.6.2 LOGÍSTICA E TRANSPORTE
Da análise do estudo de caso, contatou-se que houve um breve estudo específico
para análise da viabilidade técnica e financeira pela utilização do equipamento de transporte
vertical. Sob o ponto de vista da logística, utilizou-se de critérios rudimentares de
organização e racionalização do canteiro para que interferências entre o transporte de
materiais e as demais atividades fossem minimizadas. De todos os estudos de caso, este
era onde o canteiro de obras possuía as maiores dimensões, o que facilitou para que não
houvesse grandes conflitos de localização entre áreas de convívio, equipamentos, mesas de
transformação e equipamentos de transporte.
3.6.3 MATERIAIS E TRANSPORTE
Na época da visita, todas as lajes já haviam sido concretadas e estava-se levantando
a alvenaria interna do décimo pavimento. Portanto, os mais significativos materiais
transportados eram a argamassa e os tijolos para execução da alvenaria, além dos
materiais de acabamento dos pavimentos anteriores, como louças, pisos, materiais de
acabamento fino e esquadrias.
Como já não havia mais etapas da obra onde o concreto fresco e blocos eram
transportados simultaneamente, não foi identificado nenhum tipo de gargalo que limitasse ou
interferisse na atividade de transporte. No período de pico da obra, havia estratégias de
transporte que visavam não sobrecarregar o elevador e nem permitir que passasse longos
períodos de ociosidade.
3.6.4 DEFINIÇÃO DE EQUIPAMENTO DE TRANSPORTE
Neste caso, os grandes condicionantes da escolha do tipo de transporte vertical e do
número de unidades a serem utilizadas foram o custo e o ritmo da obra. Segundo o
entrevistado, não há materiais ou componentes que condicionem a escolha do tipo de
transporte vertical a ser utilizado.
Embora a capacidade de transporte do elevador de guincho não seja tão alta
(aproximadamente 1300 kg), seu baixo custo e facilidade de operação e manutenção o
tornaram economicamente viável. O equipamento era alugado e seus custos operacionais
eram fixos, variando apenas os custos da mão-de-obra, que era calculada em função das
quantidades de horas trabalhadas mensalmente. O entrevistado lembrou ainda que, embora
seja mais barato, o elevador de guincho é muito mais inseguro que o cremalheira e que em
breve a empresa deixará de usá-lo em suas obras.
45
3.6.5 POSICIONAMENTO DO EQUIPAMENTO DE TRANSPORTE
Da análise das Figuras 18 e 19, nota-se que o elevador localizava-se próximo ao
portão principal da obra e sua entrada nos pavimentos era feita pela sacada dos
apartamentos tipo.
Figura 19. Posicionamento do equipamento de transporte vertical
Como a obra já havia passado de seu período mais crítico, a presente etapa possui
um layout sem muitos problemas, pois os estoques já não são excessivamente volumosos.
No primeiro subsolo eram armazenados principalmente blocos e estavam alocadas as
mesas de transformação. No térreo estavam os materiais mais importantes daquela etapa
da obra, as louças, pisos, esquadrias e materiais de acabamento. Pela análise da Figura 18,
este pavimento possuía vasto espaço ocioso. A argamassa de assentamento era estocada,
preferencialmente no pavimento onde seria utilizada (Figura 20).
Figura 20. Estoque de materiais nos pavimentos
46
A maioria dos locais de convivência estava alocada no subsolo, com exceção pra o
escritório. Os estoques de aço e madeiras já haviam sido removidos do canteiro, pois sua
utilização já não era constante.
Da análise geral do estudo de caso, é possível afirmar que a distribuição dos
materiais e equipamentos no canteiro contribuía para o bom andamento da obra, inclusive
noutras etapas da obra. O material cujo transporte ainda era o mais dificultoso no momento
da visita, certamente eram os blocos, devido à impossibilidade dos caminhões adentrarem o
canteiro e descarregarem ao lado do estoque.
A segurança dos elevadores foi considerada insatisfatória, devido à utilização
simultânea do elevador por colaboradores, materiais e equipamentos, além da ausência de
proteção lateral entre o elevador e a estrutura do prédio, como pode ser visto na Figura 21.
Figura 21. Detalhe da falta de segurança do elevador
47
4. CONCLUSÃO
Esta pesquisa teve como principal objetivo identificar e analisar critérios de
organização empregados na análise logística da localização de tipos de elevadores
utilizados em canteiros de obras. Assim, optou-se por realizar estudos de caso em dois
níveis distintos de mercados para que fossem analisadas particularidades de cada um.
Assim, as obras visitas localizavam-se nas cidades de São Paulo – SP, por ser a região
onde há maior disponibilidade de equipamentos e de maior complexidade logística, tanto
interna quanto externamente ao canteiro e na cidade de Santos – SP, por ser um mercado
menos movimentado que a capital, porém em plena expansão imobiliária.
Da análise conjunta dos estudos de caso, notou-se que era de conhecimento das
empresas analisadas que o sistema de transporte vertical poderia determinar ganhos de
produtividade e ajudar na racionalização das obras, obtendo-se assim ganhos financeiros
consideráveis. Aspectos referentes ao local de instalação dos equipamentos de transporte,
materiais que serão movimentados verticalmente e sua proximidade com estoques e locais
de recebimento foram alguns dos mais lembrados pelos entrevistados durante as visitas
técnicas.
Outros pontos interessantes levantados nos estudos de caso, dizem respeito à não
realização de cálculos ou adoção de estimativos de demanda de transporte dos insumos e
materiais utilizados em cada etapa da obra. Este é um fato grave, pois o levantamento das
quantidades transportadas, juntamente como a análise do cronograma físico de obra, devem
basear a definição do tipo e quantidade de equipamentos de transporte vertical a serem
utilizados durante a obra.
Notou-se que os elevadores de guincho são os mais utilizados, pois sua grande
vantagem é o baixo custo imediato, onde o valor despendido na montagem é
aproximadamente metade do custo de um elevador cremalheira. Em todos os casos, os
entrevistados citaram o preço como um dos principais condicionantes na escolha do
equipamento. No entanto, sempre o associaram a outros fatores que sempre giravam em
48
torno de aspectos como produtividade, segurança, rapidez na montagem, flexibilidade do
equipamento e tipologia construtiva adotada.
Assim como mostrava a pesquisa bibliográfica, as fases mais críticas de utilização
dos equipamentos de transporte vertical são aquelas onde atividades requerentes de
grandes quantidades de material, como blocos ou cujo transporte deveria ser feito com
urgência, como o concreto fresco. Os maiores problemas de gargalo, ou retenção de fluxo
de materiais ocorriam quando as atividades supracitadas ocorriam simultaneamente, tanto
pela movimentação vertical, como horizontal. Isto pouco se verificou nos estudos de caso A
e B, que utilizavam mais de um equipamento de transporte vertical, pois nestes havia
estratégias que dinamizavam o processo e diminuíam a quantidade de interferências. Dentre
os demais estudos de caso, onde havia apenas um equipamento, o único que possuía
estratégias que dinamizassem o uso do elevador foi o caso C, em que havia faixas de
horários onde determinados materiais tinham prioridade de serem transportados. Nos casos
D e E não foi constatado nenhum tipo de estratégia de movimentação.
Da análise dos canteiros estudados, concluiu-se que na maioria dos casos, as mesas
de transformação estavam próximas aos equipamentos de transporte. No entanto, isto nem
sempre ocorria com os estoques, ou seja, privilegiava-se o material manufaturado, em
detrimento da matéria prima. Os blocos e tijolos eram os materiais, cujo estoque sempre
estava na melhor posição, nas proximidades do elevador. Já agregados e aglomerantes,
constantemente estavam na pior localização. Fato importante de salientar, é que em
nenhum dos canteiros havia grande quantidade de materiais estocados ou ausência dos
mesmos, o que presume que a logística externa de entrega de suprimentos funcionava
corretamente em todos os casos.
Os portões de entrada de carga no canteiro sempre estavam próximos aos
elevadores, exceto no caso B, curiosamente um dos canteiros onde os materiais estavam
mais bem distribuídos e onde havia dois elevadores de guincho. Quanto à localização dos
elevadores com relação ao pavimento tipo, nos casos A e B estavam em paredes cegas de
quartos. Já nos casos C, D e E, localizavam-se próximos às varandas dos apartamentos.
Aparentemente esta estratégia parece ser mais coerente, ao ponto que não interfere no
levantamento da alvenaria e no acabamento fino dos apartamentos. No caso A, a grua
utilizada foi instalada na caixa de escada.
Com relação à segurança de utilização dos equipamentos, considerou-se que em
todos os casos a interface entre o equipamento e o pavimento de parada foi insatisfatória.
Pela a análise das figuras referentes à este ponto, é possível verificar a precariedade do
isolamento aplicado na maioria dos casos. Quanto à utilização dos equipamentos, em sim, o
49
elevador cremalheira se mostrou muito mais seguro, pois o operador o guia de dentro da
cabine e tem total controle sobre o acesso de cargas e pessoas, além de possuir
dispositivos que impedem a queda livre do cesto.
Comparando-se todos os estudos, conclui-se que o Caso A possuía a melhor
logística de canteiro, com a utilização simultânea de dois equipamentos de elevação vertical
distintos. Isto dinamizava o processo, já que cada equipamento transportava materiais cujas
características de transporte eram plenamente satisfeitas pelo sistema. Evidentemente, a
utilização de mais de um equipamento eleva consideravelmente o custo com transporte,
porém pode reduzir o tempo de utilização e transformar-se em sensíveis ganhos
econômicos à incorporadora. Se, por outro lado, deseja-se manter um ritmo vagaroso de
obras, deve-se optar por apenas um equipamentos.
Como feedback das entrevistas, é possível prever que os elevadores de guincho
terão vida breve nos canteiros de obras de ambas as regiões analisadas, pois o único fator
que ainda torna o guincho vantajoso em relação ao cremalheira é o custo e, com a
massificação deste em relação àquele, isto tende a não haver mais. A seguir é apresentado
um quadro resumo que traça um comparativo entre os aspectos analisados nesta pesquisa,
para os dois tipos de elevador, onde os sinais “+” e “-“ representam, respectivamente,
aspectos positivos e negativos.
CARACTERÍSTICA ELEVADOR CREMALHEIRA
ELEVADOR GUINCHO
Custo - +
Disponibilidade - +
Segurança + -
Capacidade + -
Velocidade e Flexibilidade de uso
+ +
Produtividade + -
Manutenção + -
Tabela. 1. Tabela Resumo
Considera-se que esta pesquisa atingiu seus objetivos ao identificar e analisar
critérios organizacionais empregados na análise logística da localização de tipos de
elevadores utilizados em canteiros de obras e espera-se que o trabalho baseie novas
pesquisas sobre o tema.
50
5. REFERÊNCIAS
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53
6. APÊNDICE
6.1 CHECK LIST
A seguir tem-se a íntegra do check-list elaborado durante o desenvolvimento da
pesquisa e que fora aplicado em todos os estudos de caso realizados.
A. Dados Gerais
Data:
Obra: Local:
Construtora: Entrevistado:
B. Logística e Transporte
1) O transporte de materiais recebe atenção especial durante o planejamento do
layout e do sistema de movimentação e armazenamento de materiais? (grande consumo de
M.O., perda de materiais e deficiência em tais locomoções)
2) Aplica conceitos de racionalização no transporte de materiais?
3) Redução dos volumes e cargas e eliminação de desperdícios de material?
4) Redução de distâncias percorridas pelos materiais e componentes?
5) Aperfeiçoamento do procedimento para a escolha, dimensionamento e operação
do sistema de transporte a ser empregado?
6) A gestão da logística de canteiro envolve atividades de:
� Planejamento;
� Organização;
54
� Direção; e
� Controle dos fluxos físicos na praça de trabalho.
Incluindo a resolução de interferências entre os serviços, a implantação do canteiro e
a definição dos sistemas de transportes.
C. Materiais e Transporte
1) Quais os principais materiais considerados para o dimensionamento do sistema de
transporte? (Concreto, Aço, Tijolos argamassa) Qual a localização desses materiais?
2) Há materiais e componentes condicionantes para a escolha do sistema de
transporte? Quais?
3) Há uma previsão dos tempos envolvidos em cada situação, inclusive no sentido de
subsidiar e escolha por uma alternativa?
4) Definição de quatro pontos básicos para cada material:
� Local de descarga;
� Local de armazenamento;
� Local de processamento;
� Local de aplicação.
5) E quando há simultaneidade de transporte de materiais? Qual a estratégia?
6) Qual a(s) etapa(s) da obra onde o sistema de transporte é mais crítico? Há
obstruções na movimentação?
D. Definição do Equipamento de Transporte
1) São feitos estudos para a definição dos equipamentos de movimentação
utilizados? Há padrões definidos pela empresa?
2) Grua ou elevador? Por quê? Como funciona o processo de escolha?
3) São levados em conta distâncias e tempo de movimentação de pessoal e
material? Há parâmetros de escolha? (de materiais, dos tempos disponíveis e do esboço do
canteiro)
55
4) Quais são os custos envolvidos?
� Custo do equipamento;
� Custo de instalação, montagem e desmontagem;
� Custo de operação;
� Custo de manutenção.
5) Quando da opção entre elevador ou grua, nota-se mudanças na:
� organização da produção;
� produtividade do transporte;
� produtividade da aplicação do material (elaboração do serviço).
E. Posicionamento e Uso do Equipamento
1) Qual o local definido para o posicionamento do equipamento? Em relação à rua e
aos cômodos internos do edifício.
2) Como é o acesso nos pavimentos? Como é o acesso no térreo?
3) Existe proteção na lateral e cancela que impede o acesso ao elevador?
4) Qual o horário de início de operação do equipamento? E o final?
5) Existe planilha de controle e planejamento do uso do equipamento?
6) Quais estratégias são utilizadas para evitar o transporte por elevador?
7) Qual a relação da existência do elevador externo com a realização da fachada do
edifício?
8) Verificação das características geometrias do edifício. (Verticais e horizontais)
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