SONHOS
ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO
SOMOS DA MESMA MATÉRIA DE QUE SÃO FEITOS OS SONHOS; NOSSA BREVE VIDA ESTÁ RODEADA POR UM SONO.
Shakespeare
IMPORTÂNCIA DOS SONHOS
O sonhar é universal; o sonho ocorre num padrão regular, todas as noites
A cada intervalo, de aproximadamente 90 minutos, ocorre um sonho vívido
Os sonhos vívidos parecem se alternar com uma atividade do pensamento, pois nosso cérebro continua em atividade
Terceiro tipo de atividade onírica: imagem
ou visão espontânea – visões ou sonhos hipnagógicos ou hipnopômpicos. Ocorrem quando não temos certeza se estamos dormindo ou acordados; podem ser muito rápidos, cenas soltas apenas.
O sonhar acordado é diferente
Visão ocidental dos sonhos
CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS
A igreja cristã primitiva via nos sonhos uma das maneiras mais significativas de Deus revelar sua vontade; ponte entre o mundo real e o espiritual
Os sonhos dos povos antigos
Hebreus:Javé se importa com os seres humanos e entra em contato com eles para dar-lhes orientação e apoioNão há distinção entre sonho e visão os vários relatos do antigo testamento (sonho ou visão?)A palavra sonho – halom: ser fortalecido ou tornado saudável
O malak – anjo ou mensageiro: a) Pode referir-se à um ser humano ou enviado espiritual de Deus; b) Instrumento impessoal de Deus, que executa a vontade deste, doa a quem doer; c) Anjo como ser físico e concreto
O anjo traz a “anunciação”
Os patriarcas:
Javé aparece a Abrão para prometer-lhe grande futuro, mas avisa que grande tribulação estava por vir
O rei Abmelec descobriu através de sonho de clarividência a verdadeira identidade de Sara, que tomara como concubina
José (filho de Jacó) e o sonho do Faraó
Os sonhos e os profetas
A preocupação com a compreensão adequada dos sonhos aparece pela primeira vez no livro do Deuteronômio
As interpretações oníricas só são permitidas se não se fizerem nenhuma prática mágico religiosa
Em Jó: sonhos e visões de angústia
... “num sonho, numa visão noturna, quando o sono profundo cai sobre os mortais e eles não têm mais ação, deitados em suas camas, então Deus abre seus ouvidos e os aterroriza com avisos.” (33, 15-16)
Qual será o propósito de Deus?
Os sonhos na literatura judaica
Sonho não interpretado é como carta de baralho que não foi lida
Acreditar em sonhos era regra; duvidar, exceção
No movimento cabalístico há indícios de que o sonho era considerado forma de comunicação com o divino
Os sonhos em outras culturas antigas
O épico de Gilgamesh – 2000 anos a. C. na literatura suméria babilônicaTabuinhas descobertas no séc. XVIII a. C. falam de um indivíduo chamado Daniel e que foi abençoado com o nascimento de um filho após ter dormido no templo, onde teve um sonho no qual se comunicou com o seu deus.
Os papiros egípcios mostram instruções específicas para obtenções de sonhos ou visões
Mircea Eliade aponta em uma de suas obras que várias culturas manifestam a crença de que, além do mundo físico, há um mundo que se lança sobre o homem através dos sonhos. Jung constata a mesma coisa ao visitar os índios hopi e certas tribos africanas
OS GREGOS
A valorização da razão de modo conscienteAcreditavam também que os sonhos são manifestações de um mundo supra-humano; os sonhos são revelações dos deuses ou de outras figuras numinosasOutro ponto de vista: durante o sono a alma abandona o corpo e partilha com os deuses, trazendo importantes comunicações aos mortais
No tempo de Homero os poetas falavam em sonhos simbólicos que necessitavam de interpretaçõesDurante o sono a alma abandona o corpo e visita outras almas, faz viagens e visita deuses. Assim como os Xamãs, os gregos acreditavam que o poder do sonho nasce dentro de certos indivíduos.
O templo de Asclépio e a incubação
No início o Oráculo de Delfos enviava previsões baseadas em sonhos; o Oráculo era guardado por uma serpente
Segundo Heráclito: no sonho cada um se retira para um mundo pessoal, mas isso vai contra as regras – só seguir aquilo que temos em comum com os outros
Demócrito: tentou compreender o mecanismo físico do sonho – existem imagens que emanam das pessoas e dos objetos e que penetram os poros do corpo do sonhador, fazendo-o ver acontecimentos que se dão à distância e até mesmo o que ocorre na mente das pessoas
Platão: algumas das compreensões e intuições mais elevadas dos seres humanos surgem de sua dimensão não racional, de seus sonhos.Ainda em Platão: as maiores bênçãos nos chegam em forma de mania (profecia). A mania catártica ou de cura as vezes é conferida a alguém durante os sonhos – loucura divina
Aristóteles: sonhos são registros aleatóriosA alma seleciona impressões do mundo exteriorOs sonhos não vêm dos deuses; são um fenômeno natural e não divinoHipócrates: sonho e ritual de cura – pg.134Sinésio: recomenda “livros noturnos”
Rituais de Incubação nos templos de Esculápio
1) Banho inicial de purificação. Antigamente considerava-se que o banho era um purificador da alma, libertando-o para o convívio com a divindade
2) O doente dormia no abaton (o santuário mais interior)
Os doentes deitavam-se numa kline (sofá) – daí o nome clínica (sonho pg. 66)
Ábaton: lugar em que não se pode entrar sem ser convidado
O doente precisava ter o sonho certo ao dormir no ábaton, pois este traria ao paciente a cura imediata
O paciente que não tivesse o sonho certo na primeira noite era considerado incurável
3) Todo curado era obrigado a relatar seu sonho; os incubantes recebiam essa ordem no próprio sonho
4) Oferendas de agradecimento e pagamento da taxa. Cada um dava o que podia, de acordo com suas riquezas
Os sonhos na atualidade
Igreja institucionalizada
Materialismo
Excesso de racionalismo
Pesquisas após a segunda guerra mundial
A cada oito horas de sono, sonhamos durante uma hora e meia (EEG)
Sonhos vívidos e sono REM
Conseqüências da falta do sono REM:
Ansiedade, irritabilidade e dificuldade de concentraçãoA contribuição de FreudA contribuição de JungEsquecimento dos sonhos: estar muito ligado ao mundo exterior (tv, rádio, preocupações); uso de álcool, drogas e sedativos. É necessário interiorização (introvertido/intuitivo)
Sonhos e Símbolos
Conceito de símbolo; diferença entre símbolo e sinalUm palavra ou imagem simbólica implicam algo além do seu significado manifesto manifesto e imediatoO homem produz símbolos na forma de sonhosEstes fazem emergir os conteúdos inconscientes
Os símbolos têm várias finalidades. Uma delas é a iniciação. O objetivo fundamental da iniciação é domar a turbulência da natureza jovem; tem propósito civilizador e espiritual
Função transcendente: função que conecta os opostos – consciência e inconsciente
Os símbolos de transcendência representam a luta do homem para alcançar seu objetivo; favorecem a interpenetração consciente-inconscienteAlguns símbolos de transcendência: trickster (xamã); pássaro (intuição); serpente (não venenosa que vive em árvores – mediação entre céu e terra)