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Sites de Redes Sociais e Aprendizagem: Potencialidades e Limitações
Cíntia Regina Lacerda Rabello Cristina Haguenauer
LATEC/UFRJ [email protected]
Resumo Este artigo visa apresentar potencialidades e limitações do uso de Sites de Redes
Sociais (SRS) no contexto educacional a partir de um levantamento bibliográfico de
experiências desenvolvidas no Brasil e no exterior. O artigo aborda ainda a
conceituação de Sites de Redes Sociais, assim como apresenta um breve histórico
do surgimento dessas plataformas no contexto da Web 2.0, discutindo as
possibilidades de aplicação dessas ferramentas em contextos formais de
aprendizagem no ensino superior.
Palavras chave: Sites de Redes Sociais; Aprendizagem; Ensino Superior;
Potencialidades; Limitações.
Social Networking Sites and Learning: Possibilities and Limitations Abstract
This paper aims at discussing the potentialities and limitations of using Social
Network Sites (SNS) in the educational context based on a bibliographic survey on
researches conducted in Brazil and abroad. It presents the concept of Social Network
Sites and a brief overview on the emergence of these platforms in the context of Web
2.0, discussing the possibilities in the use of these tools in formal learning contexts in
higher education.
Key words: Social Network Sites; Learning; Higher Education; Potentialities
Limitations.
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Introdução A sociedade contemporânea pode ser caracterizada pelos conceitos de Sociedade
em Rede e de Cibercultura. Manuel Castells (2000) discute a Sociedade em Rede
como a estrutura social da Era da Informação uma vez que a sociedade
contemporânea é composta de diversas redes (econômicas, de computadores, de
comunicações, de transações financeiras e de informações) que são viabilizadas
pelas tecnologias de informação da micro-eletrônica. Da mesma forma, André
Lemos define a Cibercultura como a cultura contemporânea marcada pelas
tecnologias digitais, o que traz enormes transformações para a sociedade como a
alteração da relação espaço-temporal permitida pelo ambiente virtual, assim como
novas práticas comunicacionais e novas relações sociais marcadas pelos recursos
eletrônicos, entre outras (LEMOS, 2003). Neste cenário, as Novas Tecnologias da
Informação e da Comunicação (NTICs) desempenham um papel fundamental na
produção e distribuição da informação, assim como nas relações entre os indivíduos
no espaço virtual, fato que abre diversas possibilidades do ponto de vista social e
educacional, mas gera também grandes desafios.
O novo paradigma tecnológico emergente com a introdução da Web 2.0, permite aos
usuários exercerem um papel mais ativo na busca, compartilhamento e produção de
informação e construção de conhecimento. O avanço de novas ferramentas
disponíveis no ambiente on-line permite que se vislumbrem novas abordagens
educacionais através de maior interação e colaboração entre alunos e professores
em comunidades virtuais de aprendizagem fundamentadas na organização de redes
sociais. As relações sociais contemporâneas também sofrem o impacto das redes
digitais de comunicação, fazendo explodir o fenômeno das redes sociais na internet,
caracterizadas pelas relações entre pessoas de diferentes grupos sociais através de
um software social que permite a comunicação, a interação, o compartilhamento de
informação, de experiências e de documentos (com o uso de diferentes mídias,
como fotos, vídeos, músicas, entre outros), como é o caso de Sites de Redes
Sociais (SRS) como Orkut, Facebook e Twitter, entre muitos outros.
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Estas redes são fenômeno em todo o mundo, mas encontraram grande mercado e
território no Brasil, que figura entre os países com maior número de usuários,
principalmente entre os jovens. Segundo a especialista em Marketing Digital Martha
Gabriel, 8 em cada 10 brasileiros utilizam SRS, e um décimo da população mundial
possui perfil no SRS Facebook, o que caracteriza uma revolução na nossa
sociedade e leva a uma modificação da forma como as pessoas interagem e
aprendem.1
No cenário contemporâneo de mudanças, com necessidade constante de inovação
em processos de disseminação de informação e construção do conhecimento, a
educação encontra um ambiente favorável para uma mudança de paradigmas, onde
a aprendizagem não está mais restrita ao ambiente escolar e/ou à academia. O
aprendizado eletrônico (e-learning) e mais recentemente a aprendizagem móvel (m-
learning), possibilitada pelos serviços de Internet móvel, estão mudando
radicalmente os ambientes e contextos de aprendizagem. Variadas ferramentas
como Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs), Sites de Redes Sociais (SRS),
entre outros, possibilitam a construção de conhecimento e aprendizagem no
ciberespaço não restringindo mais o processo educacional à um tempo ou espaço
específico. Neste contexto, diversas ferramentas de mídias sociais (Wikis, SRS, sites
de compartilhamento de vídeos e fotos, sites de realidade virtual, marcadores, entre
outros) abrem nossas possibilidades e perspectivas para a educação formal,
informal e não formal.
É neste contexto que se situa a área de investigação deste trabalho: a relação entre
Sites de Redes Sociais e Aprendizagem. A fim de explorar a utilização de SRS como
AVAs, esta pesquisa buscou identificar produções nacionais e internacionais sobre o
tema, a fim de vislumbrar entrelaçamentos e futuros desdobramentos da pesquisa.
Esta pesquisa envolve um campo relativamente novo de estudo, dado que os SRS
ainda constituem um fenômeno muito recente, com cerca de quatro anos de
1 Dados apresentados na palestra intitulada “As redes sociais e o impacto na educação” no Congresso People.net in Education – Redes Sociais aplicadas à educação, realizado no dia 25/03/11 na Universidade Anhembi‐Morumbi em São Paulo, SP.
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existência, e muitas das pesquisas relacionando-os ao campo da educação ainda
estão emergindo.
Definindo Redes Sociais: o problema da terminologia Ao falarmos no fenômeno das Redes Sociais, nos deparamos com uma variedade
de terminologias que são empregadas em diferentes contextos, e muitas vezes
exprimem diferentes conceitos. Redes sociais, redes sociais na Internet, sites de
redes sociais, mídias sociais, softwares sociais, plataformas de redes sociais,
comunidades virtuais são alguns dos termos que muitas vezes são utilizados de
forma aleatória e indiscriminada.
Quando se fala de redes sociais, muitas vezes elas são associadas a sites de
relacionamento na Internet como Orkut e Facebook, porém, Kerbauy e Santos
(2011) destacam que as redes sociais não se limitam ao ciberespaço, sendo este
apenas um dos espaços em que as redes sociais podem se manifestar.
As redes sociais constituem um fenômeno sociológico e tão antigo quanto a
humanidade, porém o termo tem recebido muita atenção recentemente devido ao
sucesso de sites na Internet que permitem o relacionamento e comunicação entre
pessoas de diferentes grupos sociais.
Advindo do campo das Ciências Sociais, o conceito de rede social abrange a relação
entre diferentes indivíduos na sociedade, uma vez que a “rede social é definida
como um conjunto de dois elementos: atores (pessoas, instituições ou grupos; os
nós da rede) e suas conexões (interações ou laços sociais)” (Wasserman e Faust,
1994; Degenne e Forse, 1999 apud RECUERO, 2009, p. 24) (grifos da autora).
Dessa forma, Recuero caracterizaa rede como uma metáfora para observar os
padrões de conexão de um grupo social, a partir das conexões estabelecidas entre
os diversos atores (RECUERO, 2009).
O estudo das redes sociais tem sua origem nas décadas de 1930 e 1940 com a
Teoria das Redes Sociais, muito antes da invenção da Internet, e sofreu influências
de áreas como a Sociologia, Psicologia, Antropologia e Matemática (KERBAUY e
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SANTOS, 2011). O foco dos estudos em redes sociais tem sido voltado para a
interação entre os atores, os laços estabelecidos entre eles (laços fortes e fracos) e
o capital social gerado nestas relações (RECUERO, 2009).
A formação ou transposição de redes sociais para o ciberespaço caracteriza o que
chamamos de Redes Sociais na Internet, que implica a existência de um suporte
para as conexões entre os indivíduos e a interação entre eles neste ambiente. Neste
sentido, os sites ou plataformas de redes sociais, também chamados de softwares
sociais, representam o ambiente onde as redes sociais se desenvolvem. Alguns
exemplos de sites de redes sociais são Orkut, Facebook, Google +, Linked In,
Twitter, etc.
Os SRS constituem um tipo de mídia social. Abrangem diferentes ferramentas que
possibilitam a interação e compartilhamento entre indivíduos no ciberespaço. Alguns
exemplos de mídias sociais são as wikis, os sites de compartilhamento de vídeo
e/ou fotos, como YouTube e Flickr, os marcadores (ou bookmarks) como de.li.ci.ous
e livestreams como justin.tv.
SRS e Comunidades Virtuais Muitas vezes, os SRS são confundidos com as Comunidades Virtuais, uma vez que
constituem verdadeiras comunidades no ciberespaço, porém a definição de
comunidade virtual abrange um escopo maior que os SRS, pois segundo Carvalho
nas comunidades virtuais “são observados laços fortes que formam grupos sólidos,
há colaboração entre os integrantes, alto grau de adaptação, auto-organização e
sincronismo.” (CARVALHO, 2009 apud BARCELOS et al., 2010). Complementa que
uma Comunidade Virtual pode se situar dentro de uma Rede Social na Internet,
assim como essa pode se transformar em uma Comunidade Virtual (Idem, Ibidem).
Boyd& Ellison (2007) destacam, ainda, que as comunidades virtuais são
organizadas em função de tópicos e hierarquias, enquanto que os SRS são
organizados em torno de pessoas, e não de interesses, ficando o indivíduo no centro
da comunidade.
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Contudo, apesar das diferentes terminologias e conceitos, Kerbauy e Santos (2011)
afirmam que “de forma geral, todas as concepções parecem ter um ponto em
comum: falar de redes pressupõe um trabalho articulado com a noção de troca de
informações.”
Sites de Redes Sociais
Como o foco desta pesquisa é a aplicação de ambientes virtuais em contextos de
aprendizagem e construção de conhecimento, é utilizada a seguinte definição para
os Sites de Redes Sociais (SRS): Um serviço baseado na web que permite aos indivíduos (1) construir um perfil público ou semi-público dentro de um sistema determinado, (2) articular uma lista de outros usuários com quem eles compartilham uma conexão, e (3) visualizar e percorrer suas listas de conexões e aquelas feitas por outras pessoas dentro do sistema. (BOYD & ELLISON, 2007)2
Hoje existem diversos SRS com diferentes ferramentas e que se propõe a interesses
e práticas diversas. Algumas das características dos principais SRS compreendem:
(a) a criação de um perfil que poderá ser visualizado por toda a rede de
relacionamentos (ou parte dela) dentro do SRS; (b) possibilidade de novas conexões
através da rede de relacionamentos (amigos); (c) comunicação (aberta ou privada)
entre os participantes da rede; (d) compartilhamento de arquivos de imagem, som,
texto e vídeo; (e) a criação de grupos de discussão ou comunidades para o debate
de temas específicos.
Embora os diversos SRS possuam diferentes características e ferramentas, boyd3 &
Ellison (2007) chamam a atenção para o componente crucial destes ambientes: a
exibição pública das conexões na rede de relacionamentos.
No Brasil, o fenômeno dos SRS é relativamente recente, tendo começado com sites
como Orkut, Hi5 e Fotolog no início dos anos 2000, no entanto, as autoras
descrevem o surgimento do primeiro SRS reconhecido em 1997, o SixDegrees.com,
2 Traduções livres, de responsabilidade dos autores. 3 A autora grafa seu nome com letra minúscula no texto original (dana m. boyd).
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e desde então, uma enorme gama de sites com características semelhantes,
surgiram. Alguns se mantém até hoje como Orktut e MySpce. Outros, se mantiveram
por um tempo e desapareceram, como o próprio SixDegrees.com e o Friendster.
Muitas redes sociais surgiram nos Estados Unidos, mas logo se tornaram um
fenômeno global, se proliferando e crescendo em popularidade em diferentes
países. Citam o caso do Orkut, que se tornou o SRS mais utilizado no Brasil antes
de crescer rapidamente na Índia. Também enfatizam o início do SRS Facebook,
que, ao contrário dos demais SRS, foi criado para manter apenas as redes sociais
de alunos de uma universidade americana, e posteriormente foi crescendo,
possibilitando, primeiramente, o ingresso de alunos de diferentes universidades,
depois, alunos do ensino médio e profissionais de corporações, e por fim, aberta
para todos (BOYD & ELLISON, 2007), se tornando hoje o maior SRS no mundo.
Apesar do Orkut ainda ser o SRS mais utilizado no Brasil, esta plataforma tem
perdido cada vez mais adeptos para o Facebook, que cresce exponencialmente no
país e no mundo. De acordo com uma matéria divulgada na revista online
Exame.com4, o Facebook ultrapassou, em maio de 2011, a marca de 700 milhões de
usuários no mundo, sendo 19 milhões de brasileiros a utilizar essa ferramenta, o que
coloca o país na oitava posição entre os países que mais utilizam a plataforma.
Outra pesquisa divulgada no Globo.com5, em agosto de 2010, descreve o Brasil
como o quinto país que mais usa redes sociais no mundo.
Esses dados retratam o grande sucesso e popularidade dos SRS no Brasil e nos
leva ao seguinte questionamento: como aproveitar o potencial e a popularidade
dessas ferramentas para promover processos inovadores de aprendizagem?
4 Disponível em <http://exame.abril.com.br/marketing/noticias/facebook‐chega‐a‐700‐mil‐usuarios>Acesso em 02/08/11. 5 Disponível em <http://oglobo.globo.com/economia/mat/2010/08/25/brasil‐o‐quinto‐pais‐que‐mais‐usa‐redes‐sociais‐mostra‐comscore‐917474705.asp> Acesso em 02/08/11.
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Sites de Redes Sociais e Aprendizagem
As principais características do ciberespaço com a introdução da Web 2.0 são a
interatividade e sociabilidade além do compartilhamento de informações e a
construção colaborativa de conhecimento. Nesse sentido, as mídias sociais,
principalmente os SRS, oferecem diversas ferramentas que permitem a exploração
dessas características dentro do campo educacional.
Barbosa (2010) ressalta que as mídias sociais “são recursos online de interação
social, com a capacidade de disseminar conteúdo, compartilhar opiniões, conceitos,
ideias, experiências, perspectivas e conteúdos de forma colaborativa”. Assim, a
partir de uma perspectiva de aprendizagem sócio construtivista, os SRS se
apresentam como ambientes propícios à construção colaborativa do conhecimento
por meio das interações sociais, troca e compartilhamento de informações e criação
coletiva. A pesquisadora complementa que, o uso apropriado dessa ferramenta pode
facilitar a pesquisa individual e em grupo, a interação entre professores, professores
e alunos e alunos entre si (BARBOSA, 2010).
Embora os SRS não tenham sido desenvolvidos para fins educacionais, é crescente
sua utilização neste contexto. A própria história da criação do SRS Facebook já
remonta ao contexto educacional, uma vez que o site foi desenvolvido por um
estudante universitário a fim de permitir o desenvolvimento de redes sociais dos
estudantes dentro da Universidade de Harvard e que, posteriormente, expandiu o
acesso a outras universidades e a escolas do ensino médio, antes de permitir o
aceso livre à rede.
Percebe-se atualmente a grande expansão desta rede social no contexto
educacional uma vez que diversas universidades estão ocupando este espaço.
Várias universidades possuem páginas na rede social a fim de promover uma
melhor comunicação com alunos e futuros alunos, tanto na parte comercial quanto
administrativa. Por outro lado, o próprio Facebook desenvolveu uma página
exclusiva para educadores (http://www.facebook.com/education) voltada para
informações sobre como melhor utilizar a ferramenta; a página disponibiliza casos
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de sucesso de aplicação da rede social na educação e diversos recursos, entre eles
uma lista de FAQs e dicas de utilização. A página também disponibiliza um guia
voltado para a utilização do SRS no contexto educacional intitulado Facebook for
Educators, que apresenta e discute sete maneiras pelas quais educadores podem
utilizar o SRS no contexto educacional, destacando-se, entre eles, o
desenvolvimento de políticas de uso dentro da instituição, a atualização de
configurações de segurança e privacidade, a utilização de grupos e páginas na
plataforma para comunicação com alunos e pais, e a utilização do site como um
recurso de desenvolvimento profissional dos próprios professores.
Diversos estudos relatam a utilização dos SRS Orkut e Facebook como ferramentas
de apoio ao ensino presencial na educação básica e superior (LISBOA &
COUTINHO, 2010; BARBOSA, 2010; KERBAUY e SANTOS, 2011; SIEMENS &
WELLER, 2011) apresentando inúmeras possibilidades de utilização dos SRS
nestes contextos.
Por fim, Siemens & Weller destacamo enorme potencial educacional dos SRS e
propõe sua utilização em detrimento de plataformas educacionais formais, os
Sistemas de Gerenciamento de Aprendizagem (LMS), uma vez que estes, muitas
vezes, tendem a reproduzir o modelo autoritário da sala de aula. Segundo os
autores:
(...) podem beneficiar os aprendizes uma vez que eles encorajam o diálogo entre pares, promovem o compartilhamento de recursos, facilitam a colaboração e desenvolvem habilidades de comunicação. Estas são características da aprendizagem online que os sistemas de gerenciamento da aprendizagem convencionais têm se esforçado para alcançar na última década com a adoção intensiva na educação superior. Ainda assim, os SRS parecem ter alcançado este êxito com extraordinária velocidade e facilidade. (SIEMENS & WELLER, 2011)
Os pesquisadores complementam que os SRS são ferramentas construtivistas que
atendem os objetivos de novos métodos de participação no ensino superior
impactando a autonomia do estudante, contrapondo a utilização dos SRS no ensino
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ao modelo de educação tradicional que é estruturado na figura central do professor e
no fluxo unilateral de conteúdo (Idem, Ibidem).
Metodologia A fim de identificar o estado da arte da produção de conhecimento no campo de
estudos de SRS e Educação, foi realizado um estudo bibliográfico de caráter
exploratório, no qual se buscou um levantamento de artigos publicados no Brasil e
no exterior relacionados com o tema. Devido à dificuldade de se localizar um volume
substancial de pesquisas nesta área em periódicos nacionais, este levantamento foi
realizado por meio de ferramentas de busca na web em língua inglesa e espanhola,
além da língua portuguesa. Foram realizadas buscas em sites especializados em
produção acadêmica, como periódicos internacionais, anais de congressos e base
de dados de revistas indexadas pela CAPES.
Utilizando as palavras-chave “Redes Sociais”, “Educação” e “Aprendizagem” na
busca eletrônica, e após a leitura dos resumos a fim de verificar a relevância dos
mesmos de acordo com o objetivo do trabalho, o levantamento inicial correspondeu
ao total de 27 artigos, sendo 11 brasileiros e 16 estrangeiros que abrangem estudos
bibliográficos e aplicados sobre a relação entre Redes Sociais e
educação/aprendizagem. Destes, foram selecionados para esse estudo oito artigos
sobre relatos de pesquisas realizadas na aplicação de SRS no contexto educacional
superior, sendo um estudo realizado na América Latina e sete na Europa. O critério
para seleção destes artigos foi a aproximação com o interesse da pesquisa
(utilização de SRS como ferramenta para aprendizagem colaborativa no ensino
superior) e a relevância dos mesmos para análise do estado da arte de aplicação de
SRS no contexto educacional.
Resultados Apesar de constituírem um fenômeno relativamente recente, foram verificados
diversos estudos sobre Redes Sociais Online, porém, a grande maioria desses
estudos se referia às áreas da Comunicação e Sociologia. No campo educacional,
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contudo, ainda há poucos relatos de pesquisa, fato este confirmado por diversos
autores (SIEMENS & WELLER, 2011; LISBOA & COUTINHO, 2010; BOYD &
ELLISON, 2007; VIDAL et. al., 2011; MADGE et. al., 2009;).
São apresentados a seguir, oito estudos realizados sobre a utilização de SRS no
contexto educacional, a fim de caracterizar os estado da arte da pesquisa em SRS e
aprendizagem/educação, identificar os benefícios que a utilização destas
plataformas podem trazer para o processo de aprendizagem e as possibilidades e
limitações encontradas na aplicação destas ferramentas para fins educacionais.
LEVIS, 2011 Levis (2011) descreve um estudo de caso realizado dentro do âmbito do projeto
Redes Educativas 2.1, que visa investigar o potencial dos SRS como ambientes de
aprendizagem colaborativa em processos de ensino-aprendizagem. O projeto,
desenvolvido com alunos da disciplina Tecnologias Educacionais em diferentes
turmas dos cursos de graduação e licenciatura em Estudos da Comunicação na
Universidade de Buenos Aires, utilizou a plataforma de rede social Ning a fim de
verificar o potencial do trabalho colaborativo entre pares com interesses
semelhantes independentemente de se conhecerem pessoalmente. O SRS foi
utilizado de forma complementar as aulas presenciais, servindo como suporte para a
implementação do curso e como objeto de reflexão e estudo de próprias práticas dos
alunos. A análise dos dados envolveu metodologia quanti-qualitativa baseada na
observação da participação ou não-participação dos usuários, na aplicação de um
questionário com perguntas abertas e fechadas e na análise de conteúdo dos
materiais postados pelos alunos. Os resultados demonstraram haver uma
continuidade na participação dos alunos nas aulas presenciais e no ambiente virtual,
porém identificou resistência por parte dos alunos no que diz respeito aos graus de
autonomia e flexibilidade exigida por estes ambientes, fazendo com que muitos
alunos preferissem assumir uma postura passiva ao invés de explorar novas
maneiras de aprendizagem. Os alunos também demonstraram resistência na
incorporação da rede social educacional nas suas práticas de estudo e aprendizado,
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associado a utilização de SRS a entretenimento e lazer. Essa resistência pode ser
verificada na constatação de existência de usuários “visíveis” e “invisíveis” no que
diz respeito ao grau de exposição e rastreamento da participação dos alunos no
ambiente e na falta de internalização do uso e validação de metodologias
pedagógicas inovadoras, além da falta de competências e experiência nos modelos
de ensino-aprendizagem utilizados. O estudo compreendeu ainda uma avaliação da
experiência por parte dos alunos, na qual são apresentadas avaliações positivas,
negativas e controversas quanto à utilização do SRS no contexto de aprendizagem.
Tal estudo é muito interessante por se tratar de futuros professores, o que mostra
uma necessidade de quebra de paradigmas nas práticas pedagógicas, uma vez que
o sistema educacional, desde o ensino básico até o superior, fomenta a competência
e o resultado em um modelo unilateral de transmissão e repetição acrítica de
conteúdos, e este modelo acaba sendo repetido na formação de novos professores,
levando-os à resistência a modelos inovadores como o apresentado na pesquisa. O
autor conclui que as mídias sociais apresentam enorme potencial em processos de
ensino-aprendizagem, porém afirma que não podemos esperar nem prometer
mudanças imediatas.
CERDA, 2011 Cerdà (2011) relata o grande potencial do SRS Facebook para a aprendizagem on-
line colaborativa evidenciado em um trabalho desenvolvido no curso de Mestrado
em Educação e Tecnologias da Informação e Comunicação na Universidade Aberta
da Catalunha (UOC). O trabalho objetivou gerar conhecimento sobre o potencial do
Facebook para o desenvolvimento de atividades on-line colaborativas e foi
conduzido em um grupo privado dentro da própria plataforma. O desenvolvimento
das atividades evidenciou potencialidades e fraquezas da utilização da plataforma
no trabalho colaborativo no ciberespaço. A partir de uma perspectiva técnica,
algumas das potencialidades para o trabalho colaborativo evidenciadas pelo estudo
são: a simplicidade e velocidade para a criação e administração de um grupo de
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trabalho, a simplicidade de uso das funções básicas da plataforma, o alto grau de
conectividade externa e o forte suporte para a aprendizagem móvel (mobile
learning). Por ouro lado, também foram verificados vários elementos que tendem a
prejudicar a implementação de experiências de aprendizagem, tais como a presença
de elementos que levam à distração como anúncios e avisos, a falta de um sistema
de filtro, busca e organização da informação e a falta de comunicação síncrona por
meio de áudio e/ou vídeo. Apesar das limitações encontradas, os principais aspectos
que o SRS Facebook oferece para a aprendizagem e trabalho colaborativo são: (a)
promove uma cultura comunitária virtual e aprendizado social; (b) oferece suporte
para abordagens de aprendizagem inovadoras; (c) motiva os alunos; (d) permite a
apresentação de conteúdo significante por meio de materiais autênticos; e (e)
oferece comunicação síncrona e assíncrona.
PANCKHURST & MARSH, 2011 Panckhurst&Marsh (2011) também descrevem a utilização da plataforma de rede
social Ning nos cursos de pós-graduação de uma universidade francesa na
modalidade de e-learning a fim de explorar e avaliar as vantagens e desafios do uso
dessas ferramentas na educação superior. Para isto, foram criados um ambiente de
aprendizagem colaborativa e uma comunidade virtual de prática e os alunos foram
convidados a participar para discutir as questões pedagógicas relacionadas à prática
de aprendizagem no ambiente on-line. O objetivo da experiência foi colocar os
alunos no centro do processo de aprendizagem, permitindo-os experimentar e refletir
sobre a aprendizagem colaborativa on-line enquanto engajados em projetos práticos
específicos em Redes de Troca On-line (eLENs – eLearning Exchange Networks).
Foram realizados cinco estudos de caso no período de três anos, sendo que nos
três primeiros casos foi verificado que a utilização de redes sociais para a
aprendizagem colaborativa favorecem os alunos ao lhes permitir mais liberdade do
que AVAs ou LMSs acadêmicos, encorajando-os a se tornarem mais independentes
e assumir mais responsabilidade pelo próprio aprendizado. A comunidade de prática
online, apoiada pelo SRS, se mostrou uma ferramenta poderosa na propulsão para
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alunos que estavam acostumados a pedagogias mais tradicionais, diretivas e
centradas no professor. Foram observados elementos como o sentimento de
propósito, coesão de grupo, uma mudança da orientação do tutor para a gestão por
colegas/grupo, o sentimento de propriedade por parte dos alunos e uma mudança
nos papéis de tutores e professores, que passaram a assumir um papel secundário.
Após o sucesso das três primeiras experiências, o quarto caso evidenciou uma falta
de novidade na utilização do SRS (neste período, também, aumentou o uso
particular de SRS como Facebook e Twitter, fazendo com que os alunos
esperassem mais de um SRS usado como ferramenta de aprendizagem), o que
levou a um menor engajamento por parte dos alunos em relação às experiências
anteriores. Este fato levou a mudanças na estrutura do curso realizado no quinto
estudo de caso, com a introdução de objetos de aprendizagem social. As autoras
concluem que os eLENs podem ser eficazes se forem cuidadosamente planejados,
com planejamento específico do tutor e atividades iniciais para “quebrar o gelo”.
Reforçam o papel fundamental da pedagogia, de maneira que “não se caia na
armadilha da ilusão tecnológica” na qual a novidade assume o primeiro plano. Nesse
sentido, destacam a importância do trabalho inovador do tutor, oferecendo input
inicial suficiente, apoio estruturado e assumindo posteriormente um papel mais
secundário, o que gera uma mudança nos papéis de tutores e alunos, além da
importância de questões de acessibilidade, tais como o layout da página e interfaces
de fácil acessibilidade.
VIDAL ET AL., 2011 Vidal et al. (2011) conduziram uma pesquisa quantitativa com alunos do primeiro
ano da graduação da Universitat Rovira i Virgilina na Catalunha. O estudo objetivou
identificar as atitudes desses alunos em relação a SRS e ao seu uso educacional no
contexto da universidade a fim de averiguar o nível de consciência e uso
educacional dos SRS mais populares. Por meio de questionários, os pesquisadores
buscaram identificar a consciência e utilização da gama de SRS, o uso exigido de
SRS nas experiências acadêmicas, a utilidade educacional da variedade de SRS, o
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potencial de SRS na esfera educacional e as vantagens e desvantagens dos SRS.
Alguns dos resultados de pesquisa demonstram que muitos alunos desconhecem
alguns SRS mais específicos como o eLearning Social e que os SRS mais populares
como Facebook, Tuenti e MySpace são os mais utilizados. Por outro lado, nenhum
dos alunos afirmou ter usado os SRS para fins acadêmicos por recomendação dos
professores e a expectativa em relação ao potencial educacional dessas
ferramentas se mostrou baixo, destacando entre eles o compartilhamento de
documentos e fotos e a comunicação entre família e instituição. Os autores
concluem que apesar de os alunos demonstrarem atitudes positivas enquanto
usuários de SRS, poucos têm consciência de sua utilidade educacional. Por outro
lado, não se demonstraram entusiasmados quanto ao uso de SRS no contexto
educacional, o que pode estar relacionado ao fato de nunca terem tido esta
experiência, mas também não apresentaram atitudes negativas em relação a esta
incorporação. Assim, complementam que os próprios professores são os
responsáveis por esta mudança de atitude em relação a novos modelos
educacionais e que há necessidade de mais estudos e implementação de SRS no
contexto educacional a fim de mudar esta realidade.
MADGE ET AL., 2009 Outro estudo realizado no contexto universitário foi desenvolvido por Madge et al.
(2009) na Universidade de Leicester com alunos do primeiro ano e candidatos a
alunos. A pesquisa partiu do dado de que 95% dos alunos de graduação britânicos
utilizam regularmente SRS e buscou identificar como o engajamento dos alunos com
a rede da universidade no Facebook antes da matrícula influenciou as redes sociais
dos alunos após a matrícula, como o site foi utilizado pelos alunos durante o primeiro
ano da graduação para fins de apoio e socialização e se houve algum papel
exercido pelas ferramentas da rede social utilizada pelos serviços de suporte da
universidade e departamentos acadêmicos a fim de aumentar a integração dos
alunos sob a perspectiva dos próprios alunos. A pesquisa, de cunho quantitativo,
identificou que: (a) o SRS é uma ferramenta social importante utilizada pela maioria
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dos respondentes com o fim de ajudá-los a se adaptarem na universidade; (b) o
Facebook é parte de uma “cola social” que ajuda os alunos a se estabelecerem na
vida universitária, que mantém o corpo estudantil unido como uma comunidade e
que os auxilia na comunicação (especialmente sobre eventos sociais); e (c) os
alunos acreditam que o uso da plataforma é mais importante para razões sociais, e
não para propósitos formais de ensino. No entanto, constatou-se que o SRS é ás
vezes utilizado para fins de aprendizagem informal, tal como para colaborar em
projetos de grupo, e alguns estudantes acreditam que a ferramenta possa ser útil
para organizações administrativas de nível departamental, porém a maior parte dos
alunos demonstrou não muito favorável à ideia de ser contatado por seus tutores via
Facebook. Os autores concluem que é importante que o setor da educação superior
britânica fique atento ao SRS e reconheça seu potencial e importância para os
alunos, mas recomendam cautela em transporem a educação para o espaço da rede
social que os alunos “claramente identificam como “seus” para fins sociais ao invés
de acadêmicos”.
SELWYN, 2008 Realizada no contexto da educação superior britânica, a pesquisa conduzida por
Selwyn (2008) buscou identificar a utilização educacional do SRS Facebook a partir
da análise qualitativa do “mural” de atividades de 909 alunos de graduação de
diferentes cursos da Escola de Ciências Sociais de uma universidade no Reino
Unido. A análise dos posts (publicações) dos alunos no mural da plataforma aponta
para cinco temas centrais que surgiram nas interações entre os alunos no ambiente
do SRS, a saber: (a) relato e reflexão da experiência universitária, (b) troca de
informações práticas; (c) troca de informações acadêmicas; (d) demonstrações de
reclamações e/ou desinteresse; e (e) “brincadeiras” (ou seja, trocas de piadas e
besteiras). Com base nesses resultados e reconhecendo as limitações do estudo, o
pesquisador constata que o SRS tem se tornado um local importante para a
aprendizagem informal e cultural de se tornar um estudante, com interações on-line
e experiências que permitem aos alunos aprenderem papéis, compreenderem
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valores e modelar identidades. O pesquisador também reconhece a importância da
utilização dessa ferramenta tecnológica para a educação superior do século XXI, no
qual o SRS se torna um espaço onde os alunos podem contestar e resistir as
relações assimétricas de poder das posições off-line no sistema universitário,
sugerindo que ao invés de educadores e autoridades procurarem se apropriar do
SRS para usos educacionais apropriados ou válidos, ou controlar o uso dos alunos
por meio de coerção e vigilância, estes devem permitir que estas práticas continuem
crescendo.
MIRANDA ET AL., 2011 Miranda et al. (2011) descrevem uma pesquisa quanti-qualitativa realizada em uma
instituição de ensino superior portuguesa que objetivou analisar o impacto dos SRS
no desenvolvimento dos processos de interação, formação de grupos de interesse e
partilha, e a utilização dessas ferramentas no processo de educação e formação. O
estudo buscou identificar, por meio de questionários respondidos por alunos de
licenciatura, os principais motivos que levam os alunos a utilizarem as redes sociais,
bem como os SRS que utilizam com mais frequência, as atividades que
desenvolvem e as principais potencialidades que conferem aos mesmos. Os
resultados mostram que a maioria dos alunos já utilizou SRS e entre os principais
motivos destacaram o uso para contato com amigos e entretenimento, embora um
percentual relevante tenha admitido utilizar essa ferramenta como apoio à
aprendizagem (67%) e discussão de temas de interesse (55%). Constatou-se que os
SRS mais utilizados naquele contexto são o Facebook (81%) e o Hi5 (77%), e as
principais atividades desenvolvidas nesses ambientes são manter contato com
amigos (94%) e enviar mensagens (87%), contudo, 79 por cento dos alunos afirmou
utilizar os SRS para consultar informações e 51 por cento para disponibilizar
conteúdos. A grande maioria dos alunos pesquisados reconhece as potencialidades
das redes sociais para a aprendizagem (91%) destacando, entre elas, o
desenvolvimento de relacionamento e contatos pessoais; a discussão de tópicos,
assuntos ou temas diversificados; o acesso, armazenamento, disponibilização e
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partilha de recursos diversificados; e a usabilidade, facilidade e rapidez de utilização
dos SRS. De acordo com a análise dos dados, os pesquisadores concluem que os
alunos consideram os SRS como recursos de apoio à aprendizagem, reconhecendo
a facilidade de utilização como potencialidades para o desenvolvimento de contatos
e discussões.
RODERA ET AL., 2010 Por fim, Rodera et al. (2010) descrevem uma experiência de aprendizagem realizada
no âmbito da Universidade Aberta da Catalunha em um curso livre de cinco
semanas totalmente realizado na plataforma de rede social Facebook6. A
experiência objetivou a utilização de ferramentas da Web 2.0 na construção
colaborativa do conhecimento utilizando dois grupos dentro do SRS como espaços
de aprendizagem. Para avaliar a experiência, o estudo se valeu de três tipos de
dados: dados quantitativos obtidos por meio da participação no curso, dados de
avaliação obtidos por meio do estudo etnográfico e dados coletados em um
questionário de avaliação preenchidos pelos participantes ao final da experiência.
Após a análise dos dados, os pesquisadores chegaram a conclusões e
recomendações para orientar o desenvolvimento de futuras ações de ensino-
aprendizagem que utilizem o SRS Facebook, tais como: o valor educacional da
plataforma 2.0 deve prevalecer sobre o valor tecnológico com o objetivo de educar
utilizando tecnologias 2.0; a utilização de uma pedagogia mais aberta, na qual os
papéis do aluno e do professor/tutor são drasticamente modificados, pode ocasionar
a sensação de desconforto e sentimento de perda por parte dos alunos, logo, o
processo de desenho instrucional do curso deve favorecer um desaparecimento
gradual de um modelo educacional mais orientador em direção a um modelo mais
participativo; as atividades de ensino-aprendizagem devem objetivar promover a
aprendizagem da forma mais divertida possível, promovendo o “aprender fazendo”
(learn by doing), conduzindo ao trabalho cooperativo e personalização dos produtos
6 Uma descrição do projeto pode ser vista no vídeo de dois minutos disponível em <http://www.youtube.com/watch?v=S‐ElQdL3HW0> acessado em 04/08/11.
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de aprendizagem; a necessidade de estabelecimento de um cronograma flexível,
levando em consideração as limitações pessoais e profissionais de tempo dos
participantes; entre outros.
Conclusão Com base nos oito trabalhos aqui apresentados, percebe-se que, apesar de ser
ainda uma área recente de estudos, vários trabalhos têm sido desenvolvidos
mundialmente com este objetivo. No Brasil, a maior parte dos estudos em SRS é
relativa ao campo da Comunicação, porém nos últimos anos o interesse no campo
educacional tem crescido, e é possível encontrar estudos e apresentações em
congressos sobre o tema. No caso deste artigo, é interessante notar a carência de
pesquisas sobre a utilização de SRS no ensino superior. Muitos artigos que fizeram
parte da primeira análise descreviam experiências de aplicação do SRS Orkut no
ensino básico e técnico, e por isso não foram incluídos neste estudo.
Embora de natureza diversa, como foi observado ao longo dos diferentes estudos,
estas pesquisas demonstram o grande potencial que os SRS apresentam para a
aprendizagem informal, e mesmo formal no que concerne os aspectos de interação
e construção colaborativa do conhecimento. Demonstram a grande popularidade e
aceitação da maior parte dos alunos, o que pode ser visto como um fator
motivacional para a aprendizagem colaborativa. Por outro lado, é preciso atentar
para as questões de privacidade e segurança a fim de não expor os alunos, bem
como se faz necessário um cuidado especial para que o uso dos SRS não seja visto
como uma “invasão de espaços”, nem que a mesma seja utilizada para repetir
modelos hierarquizados de ensino. Por não terem sido criados para fins
educacionais, estes sites também apresentam limitações no seu funcionamento, e é
necessário que estas sejam contornadas tendo em vista a primazia de seus
benefícios e potencialidades.
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Limitações do Estudo Dada a dificuldade de localizar artigos voltados para o objetivo desse estudo em um
único banco de dados, a busca foi realizada através de uma ferramenta de busca na
Web, o que apesar de ampliar as possibilidades de resultados, abre também um
universo infinito, e certamente, muito outros artigos não foram incluídos no
levantamento inicial, o que revela uma limitação desse estudo. Contudo, por se
tratar de um estudo exploratório, a fim de traçar um panorama inicial de pesquisadas
realizadas nesse campo, bem como as potencialidades e limitações da utilização de
SRS no contexto educacional superior, os resultados aqui apresentados permitem
alcançar este objetivo.
Considerações Finais Este trabalho objetivou identificar o estado da arte de pesquisas sobre a utilização
de SRS em contextos de aprendizagem. Os estudos aqui relatados compreenderam
apenas uma amostra do que tem sido feito e pesquisado nesta área em forma de
artigos publicados em periódicos e trabalhos apresentados em congressos.
Portanto, se faz necessária uma busca mais refinada, a fim de descrever
amplamente o estado da arte das pesquisas neste campo. Fica claro, contudo, que
por ser um tema bastante recente e controverso, futuros estudos se fazem
necessários a fim de verificar a real contribuição da utilização de SRS para a
aprendizagem.
A análise das pesquisas selecionadas permite concluir que, tendo em vista seu
caráter de colaboração e compartilhamento, as mídias sociais em geral e os SRS
em particular apresentam um grande potencial de absorção na educação apoiada
pelas NTICs, podendo ser utilizadas como Ambientes Virtuais de Aprendizagem
(AVAs), proporcionando a construção colaborativa de conhecimento e uma
aprendizagem significativa. Pesquisas recentes, realizadas em diferentes países
evidenciam as potencialidades e benefícios da utilização dos SRS tanto na
aprendizagem formal, quanto informal.
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Por outro lado, a adoção dos SRS em contextos educativos ainda gera
controvérsias, uma vez que professores e instituições, que preocupadas com
questões de segurança e privacidade chegam a proibir o acesso a esses sites
dentro do espaço escolar e/ou universitário.
Contudo, uma questão que se apresenta com chave no processo de aplicação de
SRS no contexto educacional é a quebra de paradigmas no que concerne o papel de
professores e alunos. Por natureza, as ferramentas da Web 2.0 permitem ao usuário
exercer um papel de ator, produtor, e não de mero espectador como na Web 1.0. Da
mesma forma, os SRS são baseados na não-hierarquização, em um modelo
descentralizado de interação entre os participantes, trocas e compartilhamentos,
permitindo aos usuários não somente acessar conteúdos, mas produzi-los,
compartilhá-los e, assim, construir conhecimento de forma interativa e colaborativa.
Por fim, conclui-se que experiências que visem utilizar SRS como ambientes virtuais
de aprendizagem não devem reproduzir o modelo centralizador da sala de aula
presencial ou de muitos LMSs no qual um administrador é responsável pela
“alimentação” de conteúdos e tarefas, mas sim na verdadeira construção do
conhecimento a partir da participação ativa, envolvimento e interação dos
participantes.
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Sobre as Autoras
Cíntia Regina Lacerda Rabello
Graduada em Letras (Português-Inglês) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1996) e Mestre em Tecnologia Educacional nas Ciências da Saúde pelo Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde da UFRJ (2007). Atua no ensino de inglês como língua estrangeira desde 1995 e por 4 anos atuou como gestora educacional em escola de idiomas. Participa como pesquisadora do LATEC/UFRJ nas áreas de Tecnologias da Informação e Comunicação no contexto educacional, Educação a Distância, Ambientes Virtuais de Aprendizagem e Sites de Redes Sociais.
Cristina Jasbinschek Haguenauer
Graduada em Engenharia Civil pela UERJ (1985), Mestre em Engenharia pela PUC-RJ (1988) e Doutora em Ciências de Engenharia UFRJ (1997). Atualmente é professora Associada da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Atua em ensino, pesquisa e consultoria na área de Tecnologias da Informação e da Comunicação, com foco em Educação a Distância, Capacitação Profissional, Formação Continuada, Produção de Hipermídia, Jogos Educativos, Ambientes Virtuais de Aprendizagem, Portais de Informação e Realidade Virtual.
Revista EducaOnline, Volume 5, No 3, Setembro/Dezembro de 2011. ISSN: 1983-2664.
Este artigo foi submetido para avaliação em 08/07/2011 e aprovado para publicação em 10/08/2011.
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