SERVIÇO SOCIAL
KAREN REGINA BRINKER
SERVIÇO SOCIAL E O TRABALHO DE GRUPO: UMA ANÁLISE SOBRE A
RELAÇÃO TEORIA E PRÁTICA
TOLEDO-PR
2017
KAREN REGINA BRINKER
SERVIÇO SOCIAL E O TRABALHO DE GRUPO: UMA ANÁLISE SOBRE A
RELAÇÃO TEORIA E PRÁTICA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao
curso de Serviço Social, Centro de Ciências
Sociais Aplicadas da Universidade Estadual do
Oeste do Paraná – UNIOESTE, como requisito
parcial à obtenção do grau de Bacharel em Serviço
Social.
Orientadora: Profa. Ms. Ane Bárbara Voidelo
TOLEDO
2017
KAREN REGINA BRINKER
SERVIÇO SOCIAL E O TRABALHO DE GRUPO: UMA ANÁLISE SOBRE A
RELAÇÃO TEORIA E PRÁTICA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
ao curso de Serviço Social, Centro de Ciências
Sociais Aplicadas da Universidade Estadual do
Oeste do Paraná – UNIOESTE, como requisito
parcial à obtenção do grau de Bacharel em
Serviço Social.
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________
Orientadora – Profa. Ms. Ane Bárbara Voidelo
Universidade Estadual do Oeste do Paraná
__________________________________________
Prof. Dr. Edson Marques Oliveira
Universidade Estadual do Oeste do Paraná
__________________________________________
Profa. Simone Beatriz Ferrari
Universidade Estadual do Oeste do Paraná
Toledo 13 de dezembro de 2017.
Dedico esse trabalho а meu esposo, Anderson
que de forma especial е carinhosa me deu
força, condições е coragem, e me apoiou nos
momentos de dificuldades. As minhas filhas,
Isadora е Nicole, que embora não tivessem
conhecimento disto, iluminaram de maneira
especial os meus pensamentos me levando а
buscar mais conhecimentos. Е não deixando
de dedicar de forma grata е grandiosa meus
pais, Vera е Celso, а quem eu agradeço todas
as noites а minha existência.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente aos meus pais, Vera Zielasko e Celso Brinker, que sempre me
proporcionaram oportunidades, e que mesmo na discordância são o meu pilar de sustentação e
me dão a força que sempre esperei que viesse deles.
Quero agradecer a todos os meus amigos que me incentivaram e aturaram ao longo de
todo este período, compreendendo as minhas ausências em momentos especiais, e estiveram
sempre prontos a estender a sua mão nos momentos mais difíceis, quando eu desistia, eles
confiavam em mim e faziam minha energia e confiança voltar.
Agradeço as minhas irmãs, que se na infância foram minhas companheiras de
brincadeiras e disparates, durante este tempo foram companheiras que sempre incentivaram e
acreditaram em mim.
Agradeço às assistentes sociais que me cederam parte do seu tempo para a realização
das entrevistas, sem elas esse trabalho não teria se concretizado.
Agradeço também à Professora Mestre Ane Bárbara Voidelo, por toda a sua paciência,
compreensão e doçura durante as orientações, além do ânimo para a boa conclusão deste
trabalho e a postura ética demonstrada durante todo o processo, professora presente em toda
minha graduação, minha supervisora na disciplina de estágio I, e amiga para uma vida inteira,
toda minha gratidão. Agradeço ainda pelo apoio nos últimos momentos deste trabalho,
quando o medo tentou decidir o rumo da prosa e suas palavras de incentivo e crédito o
impediram. Obrigado mesmo!
Também registro o meu agradecimento à banca avaliadora, Professora Simone Ferrari
e Professor Doutor Edson Marques Oliveira, por terem se mostrado dispostos e interessados
no trabalho apresentado.
Não posso deixar de demostrar a minha gratidão ao Professor Doutor Edson Marques
Oliveira que durante toda a graduação, e principalmente durante a produção desse trabalho,
sempre me auxiliou e compartilhou sua biblioteca particular e seus conhecimentos, com muita
gentileza e atenção.
Agradeço a assistente social Rita Adriana B.R.C. Ruiz que foi minha orientadora de
estágio, que com carinho me ensinou a prática profissional.
Agradeço as minhas colegas de sala de aula que dividiram comigo suas construções
aproximativas dos campos pesquisados, que muito me auxiliou para aproximação com os
mesmos.
Agradeço aos amigos conquistados durante a caminhada universitária por cada
gargalhada, troca, vivência e apoio, não só durante a angustiante fase de desânimo vivida
durante o curso, mas também as tantas alegrias e vitórias compartilhadas. Agradeço em
especialmente a minha sobrinha Larissa Lavarda e ao amigo Gustavo Barreiro que estiveram
ao meu lado nos primeiros anos do curso. Toda minha gratidão e admiração aos meus
companheiros de todos os dias nos últimos anos da graduação, amigos de café e de produção
de trabalhos, Emanuele Krummenauer e Matheus Henrique Rossatto grata pela doçura, pela
força, pelas palavras certas, pela honestidade, pelo humor ácido, pelo comprometimento e
pela gratuidade.
Agradeço minha sogra Inês e meu sogro Oscar que sempre me apoiaram e acreditaram
na minha conquista.
Agradeço a minha a amiga Francioli Bagatin, que sempre esteve presente em todos os
momentos de minha vida, sejam eles bons ou de dificuldade, como o término de um TCC.
Você amiga é a confirmação, de quem tem amigos tem tudo, toda minha gratidão.
E o que dizer a você Anderson?
Toda a minha gratidão pela paciência, pelo incentivo, pela força e principalmente pelo
carinho.
Valeu a pena toda distância, todo sofrimento, todas as renúncias... Valeu a pena
esperar... Hoje estamos colhendo, juntos, os frutos do nosso empenho!
Esta vitória é muito mais sua do que minha!!!
Eu não sou você, você não é eu
Eu não sou você
Você não é eu
Mas sei muito bem de mim
Vivendo com você.
E você, sabe muito de você vivendo comigo?
Eu não sou você
Você não é eu.
Mas encontrei comigo e me vi
Enquanto olhava pra você
Na sua, minha insegurança
Na sua, minha desconfiança
Na sua, minha competição
Na sua, minha birra infantil
Na sua, minha omissão
Na sua, minha firmeza
Na sua, minha impaciência
Na sua, minha prepotência
Na sua, minha fragilidade doce
Na sua, minha mudez aterrorizada.
E você se encontrou e se viu, enquanto olhava a pra mim?
Eu não sou você
Você não é eu.
Mas foi vivendo minha solidão
Que conversei com você
E você, conversou comigo na sua solidão?
Ou fugiu dela, de mim e de você?
Eu não sou você
Você não é eu
Mas sou mais eu, quando consigo lhe ver.
Porque você me reflete
No que eu ainda sou
No que já sou e
No que quero vir a ser…
Eu não sou você
Você não é eu
Mas somos um grupo, enquanto somos capazes de, diferenciadamente,
eu ser eu, vivendo com você e você ser você, vivendo comigo. (Madalena Freire)
BRINKER, Karen Regina. Serviço Social e o Trabalho de Grupo: uma Análise sobre a
Relação Teoria e Prática. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Serviço Social).
Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Universidade Estadual do Oeste do Paraná – campus
Toledo, 2017.
RESUMO
Esse estudo tem o objetivo de identificar e demonstrar a prática do assistente social no
trabalho com grupos realizados nos campos cadastrados para o campo de estágio na
Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste- Campus de Toledo, buscou –se
identificar quais são os instrumentais utilizados pelos assistentes sociais no trabalho com
grupo, quais instrumentais para esta modalidade de trabalho já são utilizados pelos campos de
estágio e quais perspectivas teóricas são adotadas para as intervenções no trabalho com
grupos, sendo selecionado um campo por área específica, sendo elas área da Saúde, Iniciativa
Privada, Sócio Jurídico e da área da Assistência Social que referem se aos seguintes campos:
CRAS-CEU, CREAS II, CAPS II, Secretaria de Educação, Hospital Bom Jesus, Prati-
Donaduzzi, Serviço Auxiliar a Infância (SAI) e o Conselho da Comunidade. No primeiro
capítulo será realizada uma abordagem histórica do trabalho com grupo e o serviço social com
alguns apontamentos teóricos, para tanto foi realizada uma pesquisa bibliográfica com o
intuito de compreender a historia da profissão e as teorias que embasaram a prática
profissional. O segundo capítulo, tratará os instrumentos e técnicas no serviço social
brasileiro: da gênese da profissão ao exercício profissional nos dias atuais, para elaboração foi
realizada uma pesquisa bibliográfica, abordando-se a técnica e a instrumentalidade do Serviço
Social na prática profissional. Finalizando, no último capítulo, discorrerá sobre a percepção da
abordagem com grupo por profissionais assistentes sociais nas áreas pesquisadas: dúvidas,
dilemas e algumas indefinições, momento em que se buscou proceder-se-á a identificação da
prática do trabalho com grupos realizados pelos profissionais do Serviço Social, essa
identificação foi realizada através da aplicação de questionário. Os resultados apontaram que
o trabalho com grupos, é uma forma de intervenção muito utilizada pelos assistentes sociais,
em seus campos de trabalho, apesar da fragilidade teórica e instrumental descrita nas
entrevistas aplicadas.
PALAVRAS-CHAVES: Trabalho com grupos, Teoria, Instrumentais.
LISTA DE SIGLAS
ABEPSS- Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social
ABESS- Associação Brasileira de Ensino em Serviço Social
CAPS- Centro de Atenção Psicossocial
CBCISS- Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbio de Serviços Sociais
CEAS- Centro de Estudos e Ação Social
CFESS- Conselho Federal do Serviço Social
CMEIs- Centros Municipais de Educação Infantil
CRAS- Centro de Referência de Assistência Social
CRESS- Conselho Regional de Serviço Social
E.R.- Encontro Regional
GAAT – Grupo de Apoio a Adoção de Toledo
HOESP - Associação Beneficente do Oeste do Paraná
INSS- Instituto Nacional do Seguro Social
PAEFI- Serviço de proteção e atendimento especializado a famílias e indivíduos
PAIF- Proteção e Atendimento Integral à Família
PLA- Programa de Liberdade Assistida
PNAS- Política Nacional da Assistência Social
PT- Partido dos Trabalhadores
SAI- Serviço Auxiliar a Infância
SCFV- Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos
SMED- Secretaria Municipal de Educação de Toledo
UFES- Universidade Federal Espírito Santo
UFRJ- Universidade Federal do Rio de Janeiro
Unioeste - Universidade Estadual do Oeste do Paraná
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 12
1 A ABORDAGEM COM GRUPO E O SERVIÇO SOCIAL: ALGUNS
APONTAMENTOS TEÓRICOS .......................................................................................... 16
1.1 AS INTERVENÇÕES COM GRUPOS NO SERVIÇO SOCIAL: ALGUNS
APONTAMENTOS .................................................................................................................. 16
1.2 CONTRUÇÃO DO REFERENCIAL TEÓRICO UTILIZADO NA INTERVENÇÃO DO
SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL ............................................................................................ 20
1.2.1 Correntes teóricas do Serviço Social ............................................................................ 23
1.3.1.1 Teoria Fenomenológica ................................................................................................ 25
1.3.1.2 Teoria Sistêmica............................................................................................................ 26
1.3.1.3 Teoria Crítica ................................................................................................................ 28
2 INSTRUMENTOS E TÉCNICAS NO SERVIÇO SOCIAL BRASILEIRO: DA
GÊNESE DA PROFISSÃO AO EXERCÍCIO PROFISSIONAL NOS DIAS ATUAIS . 30
2.1. OS INSTRUMENTOS E TÉCNICAS DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL .................... 30
2.2 TEORIA E PRÁTICA: A RELAÇÃO COM OS INSTRUMENTOS NO TRABALHO
COM GRUPOS ........................................................................................................................ 38
2.3 O DEBATE SOBRE A INSTRUMENTALIDADE NO SERVIÇO SOCIAL E A
MANIFESTAÇÃO DO CFESS SOBRE O TRABALHO DE GRUPO E TERAPÊUTICOS 43
2.4 A DEMANDA DO MERCADO PARA O TRABALHO COM GRUPOS DO
ASSISTENTE SOCIAL ........................................................................................................... 46
3 A PERCEPÇÃO DA ABORDAGEM COM GRUPO POR PROFISSIONAIS
ASSISTENTES SOCIAIS NAS ÁREAS PESQUISADAS: DÚVIDAS, DILEMAS E
ALGUMAS INDEFINIÇÕES ............................................................................................... 48
3.1 METODOLOGIAS ADOTADAS NA PESQUISA E A BIBLIOGRAFIA SOBRE
ABORDAGEM DO TRABALHO COM GRUPO .................................................................. 48
3.2 QUESTÕES PRELIMINARES, PROBLEMAS DE PESQUISA E PERFIL DOS
ENTREVISTADOS .................................................................................................................. 53
3.3 IDENTIFICAÇÃO E APRESENTAÇÃO DOS CAMPOS CADASTRADOS PARA O
CAMPO DE ESTÁGIO DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL NA UNIVERSIDADE
ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE-CAMPUS TOLEDO QUE
EXECUTAM O TRABALHO COM GRUPOS ....................................................................... 56
3.3.1 Conselho da comunidade na Comarca de Toledo ....................................................... 56
3.3.2 Hospital Bom Jesus- HOESP (Associação Beneficente do Oeste do Paraná) .......... 57
3.3.3 Centro de referência da assistência Social – CRAS .................................................... 58
3.3.4 Prati-Donaduzzi Medicamentos Genéricos ................................................................. 59
3.3.5 Serviço auxiliar da infância- SAI ................................................................................. 60
3.3.6 Centro de Referência Especializado em Assistência Social – CREAS I (Serviço de
Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos – PAEFI adulto) ........... 60
3.3.7 Centro de Atenção Psicossocial – CAPS ...................................................................... 61
3.3.8 Secretaria Municipal de Educação de Toledo - SMED .............................................. 62
3.4 PERCEPÇÃO E CONSIDERAÇÕES DAS ASSISTENTES SOCIAIS ACERCA DO
TRABALHO COM GRUPO: O QUE OS DADOS REVELAM?........................................... 63
CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 74
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 77
APÊNDICE I ........................................................................................................................ 84
APÊNDICE II ....................................................................................................................... 86
ANEXO ................................................................................................................................. 87
12
INTRODUÇÃO
A prática do assistente social abrange diariamente as mais diversas situações referentes
às questões sociais e que prescindem de sua intervenção e, frente a essa diversidade, torna-se
necessário que esse profissional tenha um amplo conhecimento das ferramentas fundamentais
para realizar uma intervenção eficaz, capaz de dar as respostas concretas, principalmente no
que se refere à intervenção profissional diante das novas relações e formas de trabalho.
Segundo Siqueira (2008), o trabalho com grupos traz resultados mais consistentes, visto a
possibilidade de se vivenciar a cooperação, fortalecendo vínculos entre os membros; é
também um caminho para a participação na defesa e conquista de direitos. Para que essa
intervenção1 ocorra de forma eficaz é necessário que o profissional conheça e domine como
se dá o processo grupal e não somente discuta temas de interesse do grupo (SIQUEIRA,
2008).
O Serviço Social é uma profissão de interlocução com outras disciplinas tais como
Antropologia, Ciência Política, Filosofia, Sociologia, Psicologia e Direito, entre outras, tendo
propriedade para atuar em equipes interdisciplinares. Realizar esse diálogo com outras esferas
do conhecimento é importante para atualização do profissional, mas nunca deixando de lado a
essência da profissão2.
O trabalho com grupos sempre esteve presente na atuação do assistente social e hoje é
uma estratégia de intervenção que vem sendo cada vez mais utilizada e repensada frente às
demandas da população. As políticas públicas atuais vêm assegurando essa prática,
principalmente a de Assistência Social, que recomenda o uso dessa técnica. Conforme consta
na Política Nacional da Assistência Social-PNAS/2004 os usuários dessa politica são “[...]
cidadãos e grupos que se encontram em situações de vulnerabilidade e riscos [...]” a proteção
social básica será operada por intermédio de: “[...] rede de serviços socioeducativos
1Como vimos no processo de divisão social do trabalho, o Serviço Social como profissão insere-se, desde sua
emergência, no interior dos equipamentos sócioassistenciais existentes, desenvolvendo uma atuação
caracterizada: 1o – pelo atendimento de demandas e necessidades sociais de seus usuários, podendo produzir
resultados concretos nas condições materiais, sociais, políticas e culturais na vida da população com a
qualtrabalha, viabilizando seu acesso a políticas sociais, programas, projetos, serviços, recursos e bens de
natureza diversa. Nesse âmbito, desenvolve tanto atividades que envolvem abordagens diretas com os seus
usuários, como ações de planejamento e gestão de serviços e políticas sociais; 2o - por uma ação socioeducativa
para com as classes subalternas, interferindo em seus comportamentos e valores, em seu modo de viver e de
pensar, em suas formas de luta e organização e em suas práticas de resistência (YASBEK, 2009, p.155-156). 2Conforme a definição de Guerra, o Serviço Social é uma profissão inserida na divisão sócio-técnica do trabalho,
fazendo do assistente social parte da classe trabalhadora, sendo esse profissional capacitado em um curso de
nível superior onde se aprimorou de conhecimentos de técnicas, teorias, ética e politicas que capacite-o para
intervir na questão social que é resultado dos conflitos oriundos dos antagonismo de interesses de classes sociais
fundamentais da ordem burguesa constituída (GUERRA, 1997, p. 46. apud CARDOSO, 2013,p. 98).
13
direcionados para grupos geracionais, intergeracionais, grupos de interesse, entre outros”.
Na atuação profissional sempre há a possibilidade do assistente social se tornar um
interlocutor de um grupo e isso torna necessário que ele tenha conhecimento de suas
competências e atribuições privativas3, atualizando-se e acompanhando as mudanças e
transformações societárias, mantendo-se disponível às novas práticas profissionais,
comprometendo-se com a eficácia das suas ações profissionais, diante do objetivo da
profissão, que consiste no enfrentamento da “Questão Social” em busca de uma nova
sociedade.
As demandas da população4, aquelas que são atendidas pelo assistente social, estão
diretamente relacionadas à sua realidade, na qual vivenciam diariamente a violência, a
dependência química, seja pessoal ou de algum familiar, o problema de baixa estima, a falta
de qualificação profissional e o trabalho informal como fonte de renda, entre outros. Porém,
também faz parte dessa realidade que grande parte da população usuária de políticas públicas
ou não tem conhecimento ou não sabe como buscar seus direitos, está cansada de serem
atendidas por vários profissionais e/ou instituições tendo que repetir incansavelmente sua
história com intuito de justificar sua necessidade, tornando-os, muitas vezes, céticos frente à
efetividade da política pública (SIQUEIRA, 2008).
A presente pesquisa tem por objetivo identificar e demonstrar a prática do assistente
social no trabalho com grupos realizados nos campos cadastrados para o campo de estágio na
Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste/Campus de Toledo, sendo selecionado
um campo por área específica. A escolha por essa temática se deu a partir da realização do
3 Art. 5º. Constituem atribuições privativas do Assistente Social:I – coordenar, elaborar, executar, supervisionar
e avaliar estudos, pesquisas, planos, programas e projetos na área de Serviço Social;II – planejar, organizar e
administrar programas e projetos em Unidade de Serviço Social; III – assessoria e consultoria a órgãos da
administração pública direta e indireta, empresas privadas e outrasentidades, em matéria de Serviço Social; IV -
realizar vistorias, perícias técnicas, laudos periciais, informações e pareceres sobre matéria de Serviço Social; V.
–assumir no magistério de Serviço Social tanto ao nível de graduação como pós-graduação, disciplinas e funções
que exijam conhecimentos próprios e adquiridos em curso de formação regular; VI – treinamento, avaliação e
supervisão direta de estagiários de Serviço Social; VII –dirigir e coordenar Unidades de Ensino e Cursos de
Serviço Social de graduação e pós-graduação; VIII - dirigir e coordenar associações, núcleos, centros de estudos
e de pesquisa em Serviço Social; IX – elaborar provas, presidir e compor bancas de exames e comissões
julgadoras de concursos ou outras formas de seleção para Assistentes Sociais, ou onde sejam aferidos
conhecimentos inerentes ao Serviço Social; X – coordenar seminários, encontros, congressos e eventos
assemelhados sobre assuntos de Serviço Social; XI – fiscalizar o exercício profissional através dos Conselhos
Federal e Regionais; XII – dirigir serviços técnicos de Serviço Social em entidades públicas ou privadas; XIII –
ocupar cargos ou funções de direção e fiscalização da gestão financeira em órgãos e entidades representativas da
categoria profissional. (CRESS-PR, 2017, p.8, grifos nosso). 4 Sendo objeto da profissão as expressões da questão social, as demandas da população são os resultados dos
conflitos entre capital e trabalho, o antagonismo entre os interesses dos que detêm os meios de produção e a
dominação política e dos que detêm a força de trabalho dessa relação desigual surge às expressões da questão
social em suas mais variadas formas; fome, a miséria, a violência, a falta de saúde, de moradia, desemprego, etc.
(CARDOSO, 2013, p. 98).
14
Estágio Supervisionado em Serviço Social I, no Serviço Auxiliar da Infância e Juventude –
SAI, onde é realizado o trabalho com grupos com os pais candidatos a adoção. Esse trabalho
com grupos tem o nome de GAAT- Grupo de Apoio à Adoção de Toledo.
Durante o estágio observou-se que havia instrumentos de trabalho em grupo para
desenvolver as ações demandadas pelo campo de estágio, entretanto, na graduação do curso
de Serviço Social não foram abordados tais instrumentos. Diante dessa observação surgiram
alguns questionamentos: (1) quais seriam os instrumentais utilizados pelos assistentes sociais
no trabalho com grupo? (2) quais instrumentais para esta modalidade de trabalho já são
utilizados pelos campos de estágio que a universidade tem convênio no município de
Toledo/PR? e (3) quais perspectivas teóricas são adotadas para as intervenções em grupos?
Diante dessas e de outras indagações, e após uma pesquisa realizada no acervo
bibliográfico da biblioteca da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste/campus
Toledo, constatou-se que não existem trabalhos de conclusão de curso que abordassem esse
tema. Sendo assim, iniciou-se a pesquisa a fim de desvelar como se desenvolve o trabalho do
assistente social com grupos no município de Toledo.
Para a efetivação deste trabalho, a metodologia aplicada teve como base de pesquisa
obras que tratam do processo histórico do Serviço Social, com ênfase no trabalho com grupos
e seus instrumentais, constituindo-se a base bibliográfica pelos seguintes autores: Carvalho
(2014), Cardoso (2013), Faleiros (2005,2013), Ferreira (1981), Friedlander (1975), Guerra
(1995, 2000, 2007), Gomes (2016), Kisnerman (1973), Konopka (1968), Raichelis (1988),
Siqueira (2016), Silva (2014), Torres (1985), Zimerman (1997).
No primeiro capítulo será apresentada a contextualização do processo histórico do
Serviço Social com ênfase no trabalho com grupos, e as abordagens teóricas que
influenciaram a profissão. No segundo capítulo serão abordadas a técnica e a
instrumentalidade do Serviço Social na prática profissional. No terceiro e último capítulo
proceder-se-á a identificação da prática do trabalho com grupos realizados pelos profissionais
do Serviço Social nos campos cadastrados para o campo de estágio na Universidade do Oeste
do Paraná – Unioeste/Campus de Toledo, sendo eles: CRAS-CEU, CREAS II, CAPS II,
Secretaria de Educação, Hospital Bom Jesus, Prati-Donaduzzi, Serviço Auxiliar a Infância
(SAI) e o Conselho da Comunidade. E essa identificação foi realizada através da aplicação de
questionário com perguntas abertas, no qual foi ofertada ao assistente social a possibilidade de
escolha em responder o questionário por meio de entrevista gravada ou de forma descritiva,
com a presença do pesquisador ou não, sendo que todos os participantes da pesquisa optaram
15
por responder o questionário de forma escrita e sem a presença do pesquisador.
Para finalizar, considerações finais acerca da teoria utilizada e da pesquisa realizada,
bem como a indicação do referencial bibliográfico utilizado, e apêndice que consiste no
questionário aplicado aos profissionais assistentes sociais, sendo este trabalho de conclusão de
curso (TCC), requisito parcial para receber o grau de bacharelado em Serviço Social pela
Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE.
Desta forma, o objetivo final do presente trabalho ao identificar as práticas do trabalho
com grupos, sua teoria e os instrumentais necessários para sua aplicação, é perceber, como e
se, na prática, desenvolvem-se trabalhos com grupos nos campos de atuação da prática do
assistente social, tanto na esfera privada como na pública, desenvolvidas no município de
Toledo-PR, constituindo-se em uma pesquisa inovadora, pois até o presente momento ainda
são poucos os estudos acerca da questão de trabalho com grupos em práticas realizadas pelos
assistentes sociais e possui relevância social, contribuindo com as comunidades acadêmicas e
profissionais do serviço social.
16
1 A ABORDAGEM COM GRUPO E O SERVIÇO SOCIAL: ALGUNS
APONTAMENTOS TEÓRICOS
Neste primeiro capítulo será realizada uma breve contextualização do processo
histórico do Serviço Social com ênfase no trabalho com grupo. De acordo com Pichon-
Rivière5 é importante falar de grupos para refletir sobre "[...] a identidade do sujeito que é um
produto das relações com os outros. Neste sentido, todo indivíduo está povoado de outros
grupos internos da sua história" (PICHÓN-RIVIÈRE, 1982, apud PEREIRA, 2002, p. 284-
285). O mesmo entendimento tem Torres (1985) quando diz que "[...] todo indivíduo é um
membro de muitos grupos e diferentes grupos sociais, [...] o homem vive em grupos do
nascimento até à morte" (TORRES, 1983, p. 11).
Historicamente, movimentos importantes começaram em pequenos grupos.
Compreendendo a importância do incentivo para participação dos indivíduos na sociedade
Torres afirma que, quando os homens trabalham juntos, tendo um objetivo comum, seu
comportamento é chamado de cooperação. As ideias e interesses individuais são colocados a
serviço da realização principal, que é o interesse do grupo como principal finalidade
(TORRES, 1983).
1.1 AS INTERVENÇÕES COM GRUPOS NO SERVIÇO SOCIAL: ALGUNS
APONTAMENTOS
Antes de tudo é importante destacar que a profissão de assistente social tem sua
origem no Serviço Social de Caso oriundo da primeira escola de Serviço Social em Nova
York, e do trabalho de Mary Richmond6, que tem forte influência de outras áreas,
principalmente da sociologia, da psicologia e da educação. Em decorrência desse trabalho no
século passado surgiu o Serviço Social de Grupo.
O desenvolvimento do Serviço Social de Grupo ocorreu a partir da necessidade de
atender uma maior demanda já que o aprofundamento da crise capitalista tornou evidente que
resolver “casos” de maneira isolada, um a um, já não era suficiente para atender as grandes
demandas, tendo em vista o aprofundamento das expressões da “Questão Social” (ESTEVÃO,
1984).
5 Foi Pichon-Rivière, psiquiatra e psicanalista argentino, quem elaborou, na década de 1940, a teoria do grupo
operativo. 6 Com o livro Social Diagnosis de 1917, Mary Ellen Richmond (1861-1928) construiu as bases para o
desenvolvimento da metodologia científica do trabalho social profissional. Ela procurou as causas da pobreza e
da exclusão social na interação entre um indivíduo e seu ambiente. Mary Richmond pode ser descrita como a
mãe do caso social. ( History Of Social Work)
17
O método do Serviço Social de Grupo foi lecionado pela primeira vez por Grace
Longwell Coyle7, que também é responsável pela primeira publicação de um livro sobre esse
método. A partir de 1925 o Serviço Social de Grupo deixa de ser meramente recreativo,
passando a ocupar-se também com o aspecto terapêutico (KISNERMAN, 1986).
No ano de 1946, em Nova York, aconteceu a Conferência Nacional de Serviço Social,
um ano após o término da Segunda Guerra Mundial e naquele momento a esperança por uma
“nova sociedade” era grande dentre os membros da Associação Americana para Estudo de
Grupo, representada pelo seu mais antigo membro, Srª Grace Coyle, que havia organizado o
primeiro curso de Serviço Social de Grupo na Western Reserve University, em Cleveland. Sua
palestra com o tema “Como tornar-se Profissional” trazia para discussão as responsabilidades
e os pré-requisitos da atividade profissional dos assistentes sociais (KONOPKA, 1979).
Em 1949 surge a definição dada pela Associação Americana dos Assistentes Sociais8
de Grupo para o Serviço Social de Grupo:
O Assistente social de grupo permite o funcionamento de vários grupos de
maneira tal que tanto a interação do grupo com a atividade do programa
contribuam para o crescimento do indivíduo e obtenção dos desejáveis
objetivos sociais (SOCIAL WORK YEARBOOK apud FRIEDLANDER,
1975, p.147).
A educação informal e a recreação9 foram as primeiras atividades a serem realizadas
no trabalho com grupos. A princípio, o trabalho com grupos não era visto como um método e
também não era entendido como uma atribuição da profissão do assistente social. Era
entendido como um movimento, uma filosofia, "[...] uma maneira de se conseguir uma
sociedade melhor e de desenvolver um modo de vida verdadeiramente democrático"
(KONOPKA, 1979, p. 15). Wiggers (2006), sobre o trabalho com grupos:
A incorporação do trabalho com grupos ao fazer profissional do Serviço
Social não foi um processo fácil nem tão pouco rápido. Ele contrariava os
princípios que estavam em vigor para a profissão, de uma abordagem formal,
centrada no indivíduo e suas forças internas, e por isso os próprios
profissionais não encaravam a prática do trabalho com grupos como
7 Grace Longwell Coyle (1892-1962) foi o primeiro a desenvolver uma abordagem científica para a prática de
trabalho grupal. Foi presidente da Conferência Nacional de Trabalho Social, da Associação Americana de
Trabalhadores Sociais e do Conselho de Educação no Trabalho Social. (Encyclopedia Social Work) 8 Declaração da Diretoria Executiva da Associação Americana de Assistentes Sociais de Grupo, em 1949, Social
Work Yearbook, 1954, p. 480. 9 A recreação aparece fortemente aqui, porque o lazer surgia nessa época não somente como entretenimento, mas
como uma necessidade vital. Esse movimento foi diretamente influenciado pelos sindicatos, que estavam em
plena luta pela jornada de trabalho de oito horas e pela vida criativa e cultural além da longa jornada de trabalho.
18
integrante de sua função, entendendo-se como pertencentes a uma profissão
independente do Serviço Social, já que o Serviço Social de grupos resultou
de abordagens de vizinhanças e de movimentos de auto-ajuda, e estava
centrado justamente na abordagem informal e grupal, trabalhando as forças
interativas de grupo (WIGGERS, 2006, p. 22).
Após definir-se o que era efetivamente trabalho com grupos, iniciaram-se discussões
acerca dos atributos profissionais para saber se o Serviço Social de Grupo comtemplava aos
padrões exigidos. Então, no ano de 1955, o Serviço Social de Grupo passou a fazer parte do
Serviço Social, ocorreu à união da Associação Americana de Serviço Social de Grupo e a
recém Associação Nacional de Assistentes Sociais (KONOPKA, 1979).
O Serviço Social de Grupo deixou de ser um campo de atividade, de um movimento e
passou a ser um método do Serviço Social, com objetivo e função a serem realizados pelo
Serviço Social na sociedade, com um novo conceito. Conforme a autora:
O serviço Social de Grupo é um método do Serviço Social que ajuda as
pessoas a aumentarem o seu funcionamento social através de objetivos,
experiências de grupo e a enfrentarem, de modo mais eficaz, os seus
problemas pessoais, de grupo e de comunidade (KONOPKA, 1979, p. 33).
No Brasil o Serviço Social institui-se a partir da década de 1930, entretanto
apresentando particularidades. A partir da década de 1950 o Brasil passou por grandes
transformações sociais, econômicas e políticas, como por exemplo, a industrialização que
trouxe consigo o surgimento de favelas devido a migração do campo para as cidades e que
resultou no agravamento das condições de vida para os que residiam nos centros urbanos e
dos que chegam da zona rural, causando grande empobrecimento, agravando a questão social.
As particularidades desse processo no Brasil evidenciam que o Serviço
Social se institucionaliza e legitima profissionalmente como um dos recursos
mobilizados pelo Estado e pelo empresariado, com o suporte da Igreja
Católica, na perspectiva do enfrentamento e regulação da chamada questão
social, a partir dos anos 30, quando a intensidade e extensão das suas
manifestações no cotidiano da vida social adquirem expressões políticas
(YASBECK, 2009, p.91).
Nesse período o Serviço Social brasileiro sofria uma grande influência da Igreja
Católica e dos fundamentos de Mary Richmond do Serviço Social de Caso. O trabalho do
assistente social já começava a ter caráter de ação, levando os indivíduos a agirem por si só.
Assim o trabalho com grupos não se preocupava inicialmente com o estudo de seu
comportamento ou de sua interação e impactos na sociedade, mas sim, da adoção de uma
postura, um estilo de vida, que estivesse alinhado com o padrão democrático que se tentava
19
implantar na época (DURKHEIM, apud WIGGERS, 2006, p. 21).
Na década de 1930 foi fundado o Centro de Estudos e Ação Social (CEAS), entidade
fundadora e mantenedora da primeira Escola de Serviço Social do país, pautado nos preceitos
cristãos, que visava formar seus membros de acordo com a doutrina católica (SANTOS,
2006). Formaram as primeiras turmas de assistentes sociais no Brasil, composta basicamente
por mulheres, sendo que já existia uma demanda por parte da sociedade e seu afazer
profissional que exigia o conhecimento de técnicas. Neste contexto a profissão do Serviço
Social foi institucionalizada enquanto uma profissão assalariada.
Os conteúdos curriculares, as atualizações e as matérias relacionadas ao Serviço Social
referente às escolas de São Paulo e Rio de Janeiro eram realizados pela Revista de Serviço
Social em 1939, e pelo Caderno de Serviço Social da ABESS em 1947.
É importante observar que nesse período a questão social era analisada sob grande
influência da Igreja Católica, que responsabilizava o indivíduo pelo conjunto de seus
problemas e restringia-os como questão moral, ignorando as relações capitalistas. “[...] Nesse
sentido, realizando um enfoque individualista, psicologizante e moralizador da questão
social” (YASBECK, 2009, p. 92).
Juntamente com a industrialização, o serviço social brasileiro foi instituído como
profissão na sociedade capitalista, gerada para servir o capital como um agente mediador para
a intervenção do Estado nos processos de regulação social.
Sob a influência norte americana o Serviço Social brasileiro, nos anos 1940 e 1950,
foram marcados pela prática tecnicista, influenciado pelas bases positivistas e
funcionalista/sistêmica, e conforme o Conselho Federal do Serviço Social deu-se neste
período o início das práticas de Organização e Desenvolvimento de Comunidade e o
desenvolvimento das peculiares abordagens individuais e grupais (CFESS, 2017), entretanto,
ainda dando-se ênfase ao indivíduo, ficando o trabalho com grupos em segundo plano. Assim,
Fica explícito o aspecto geral dessas definições e atribuições, que embora
um tanto superficiais e restritivas, servem para nos deixar claro que o
trabalho com grupos era utilizado nos mais diferentes contextos e
problemáticas, onde o profissional atuava como uni orientador, identificando
as necessidades das pessoas que integram o grupo, agindo como uni
facilitador no processo de descoberta dos indivíduos e do próprio grupo.
Percebe-se nitidamente também que ainda existia grande ênfase no
indivíduo, muito embora se estivesse falando de Serviço Social de Grupo, e
isso se deve ao fato já mencionado de que essa abordagem surgiu
intimamente ligada ao Serviço Social de Caso (WIGGERS, 2006, p. 23).
20
Nos anos 1960 e 1970 ocorreu o Movimento de Reconceituação do Serviço Social10
,
com uma renovação da profissão, passando-se a adotar uma nova perspectiva de como
realizar a intervenção profissional, buscando a ruptura com o conservadorismo e optando por
uma visão crítica acerca da teoria. A profissão se laicizou, e fez uma opção pela classe
trabalhadora e pelos setores subalternizados da sociedade, iniciando um debate da ética no
Serviço Social em busca do rompimento com a ética da neutralidade.
O Movimento de Reconceituação trouxe à tona novas percepções acerca das
atividades dos assistentes sociais e propiciou o debate sobre a técnica e o método que
anteriormente não era sistematizado, visto, inclusive, a ausência de literatura sobre o assunto
(GUERRA, 1999).
Contudo, mesmo o Movimento de Reconceituação da profissão do assistente social,
instituindo uma nova forma de se pensar o Serviço Social, as suas mais diversas questões não
eram compreendidas e aceitas com unanimidade. A dialética marxista, por exemplo, teoria
utilizada por muitos assistentes sociais para a organização do Movimento de Reconceituação,
não consistia em uma teoria abraçada por todos os profissionais (FALEIROS, 2005, s.p. apud
AMORIM, 2013 p. 23).
1.2 CONTRUÇÃO DO REFERENCIAL TEÓRICO UTILIZADO NA INTERVENÇÃO DO
SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL
Neste subitem o foco será uma reflexão sobre o referencial teórico utilizado na
intervenção do Serviço Social no Brasil desde as primeiras escolas até os dias atuais, através
de uma breve retomada histórica com o objetivo de relatar a implementação do Serviço Social
no Brasil e descrever o processo do movimento de Reconceituação. Será necessária uma
aproximação com a instrumentalidade e com as vertentes teóricas que embasam a prática
profissional do assistente social.
O Serviço Social surge no âmbito da contradição capital/trabalho e vem como
profissão necessária para o Estado, cuja função é criar mecanismos para mediar às expressões
dessa relação e realizar a gestão de políticas que servem ao interesse da classe burguesa e, ao
mesmo tempo, reafirmando uma ideologia cristã, sendo a Igreja a responsável pela base da
formação profissional do assistente social (CARDOSO, 2013).
10
Movimento de rompimento com aspectos tradicionais da profissão, que teve como marco inicial o “I
Seminário Regional Latino-Americano de Serviço Social”, que ocorreu em Porto Alegre em 1965 (NETTO,
2008).
21
Podemos afirmar, portanto, que a profissão se legitima historicamente pelo
papel que lhe é dado e assumido e por nascer para responder às demandas
provenientes do aprofundamento das consequências da relação
capital/trabalho, sendo legitimada pelos setores dominantes da sociedade
como parte de uma estratégia de classe. Nasce vinculada ideologicamente à
defesa do projeto social vigente, construindo, assim um projeto social da
burguesia e da Igreja Católica. (CARDOSO, 2013. p. 114-115)
Esse projeto foi denominado projeto tradicional do Serviço Social brasileiro, e
entre as décadas de 1930 e 1960 seu objetivo era a construção de uma sociedade capitalista
mais pretensamente humanizada, mas sempre atendendo aos projetos da classe dominante,
contribuindo para a ordem do capital, tendo como base teórica o “[...] positivismo que lhe traz
a visão do Serviço Social como profissão que contribui no equilíbrio social, por meio do
ajuste e da integração dos indivíduos à sociedade [...]” Neste período a prática profissional era
embasada na “[...] coerção social, do assistencialismo, do apaziguamento e da adequação do
indivíduo a sociedade e às normas” (CARDOSO, 2013, p. 121).
Após os meados dos anos 1960 o Serviço Social brasileiro entrou em um momento de
renovação, apresentando “[...] uma nova vertente de elaboração do conservadorismo na
profissão, expressando a modernização do tradicionalismo até então existente [...]”. Sua
dimensão ética também é pautada nos valores humanistas-cristãos, e sua prática profissional
continua a reafirmar a proposta capitalista. O Serviço Social então é visto como profissão que
realiza a prevenção da questão social, o reenquadramento dos indivíduos com uma
intervenção planejada na metodologia de Caso, Grupo e Comunidade (CARDOSO, 2013,
p.143).
Em 1967 surge a primeira mobilização dos profissionais assistentes sociais para a
busca de um novo papel, reunidos para discutir uma nova atuação, em que pese as relações
entre Estado e Sociedade nesse momento eram débeis, devido ao contexto político durante a
Ditadura Militar. Esse encontro em Araxá foi a primeira iniciativa de teorização do Serviço
Social e buscou-se no documento produzido identificar a natureza, objetivos, funções,
metodologia e vinculação entre a teoria e a prática da profissão de assistente social (CBCISS,
1986).
O maior mérito desse documento foi ter causado uma inquietação no sentido de um
aprimoramento pessoal e técnico, forçando a reflexão e a avaliação dos processos existentes,
além de proporcionar a definição do Serviço Social como disciplina de intervenção na
realidade e a necessidade de uma base filosófica para chegar à sua natureza. Porém, no
Encontro Regional - E.R. pós-Araxá (1968) foi constatada a ausência de uma definição do que
22
seja o Serviço Social e também uma referência ao seu enfoque psicossocial, produzindo-se ali
tal definição:
Neste E.R. (1968) foi reconhecido como função do assistente social,
“[...] capacitar os membros dos grupos para uma efetiva participação
no processo social”. Mas um dos aspectos mais importante desse
estudo foi a “[...] procura de uma atitude mais científica e não
exclusivamente filosófica” (CBCISS, 1986 p. 30).
Em 1970 no Brasil inicia-se a derrocada da ditadura militar, e mundialmente, vive-se
uma nova crise do capitalismo. Crescem as críticas ao projeto modernizador do Serviço Social
e sua aproximação com as chamadas Ciências Sociais, Filosofia e a Psicologia, através da
inclusão do Serviço Social nas universidades. Surge então o processo do chamado “[...]
„projeto de reatualização do conservadorismo‟ ou „projeto fenomenológico‟[...]” Nesse
contexto, acontece o 2º Seminário de Teorização do Serviço Social na cidade de Teresópolis
(CBCISS, 1986 p.31).
O Documento de Teresópolis é uma continuação dos Seminários de Araxá e busca
aplicar uma perspectiva modernizadora e instrumentalizar o profissional do Serviço Social
para lidar com as problemáticas em um cenário de Ditadura e suas demandas.
Este projeto mantém as dimensões de ordem humanista-cristã na atividade do
assistente social e sua prática embasada na “[...] ajuda psicossocial no cuidado e na
compreensão da pessoa, sem questionamentos da ordem social”. Nesta perspectiva tem-se
como centro a pessoa, o indivíduo, sem realizar a analise de classes sociais. Posteriormente,
esse movimento influenciou a construção do documento de Sumaré (CARDOSO, 2013, p.
151).
No 3º Seminário de Teorização, no Sumaré, Rio de Janeiro, já havia ocorrido um
progresso nos estudos de teorização a caminho da cientificidade do Serviço Social. Sumaré
acontece no ano de 1978, com mais de 200 profissionais reunidos, com o objetivo principal de
dar continuidade ao estudo da teorização do Serviço Social, que teve início em Araxá.
Também fica decidido em Sumaré que o documento de Araxá não sofreria alterações devido a
sua importância histórica. A novidade em Sumaré é a abordagem que faz sobre três assuntos
principais: (1) a cientificidade, (2) a fenomenologia e (3) a dialética (CBCISS, 1986).
Neste mesmo período, final da década de 1970, desenvolve-se a vertente chamada de
“intenção da ruptura”, ou “projeto de ruptura”. Esse período é marcado pelo agravamento da
questão social, pois com o fim do governo militar herdamos os altos índices de endividamento
dos períodos e dos planos de desenvolvimento anteriores, além de enfrentarmos dificuldades
23
para a rolagem da dívida por parte das instituições credoras; as políticas econômicas eram do
tipo ortodoxas, o que significava cortar custos do governo e aumentar a arrecadação,
agravando-se a crise econômica devido aos altos índices inflacionários do período e a
estagnação econômica.
Diante desse contexto o Serviço Social se organizou, juntamente com os movimentos
sociais, trabalhadores e partidos políticos (em especial o PT) posicionando-se como parte
ativa nas lutas frente ao “[...] Estado burguês pelo fim da ditadura e na referência de
construção de um projeto anticapitalista [...]” (CARDOSO, 2013, p. 181).
[...] Para tanto, sua dimensão teórica-metodológica será informada pelo
pensamento marxista e sua dimensão ética por uma perspectiva
emancipatória, rompendo com a ética tradicional do Serviço social
brasileiro. Esse projeto profissional desenvolver-se-á profundamente no
campo acadêmico e na constituição e reorganização de suas entidades da
categoria, construindo um aparado jurídico-político condizente com tais
referência teóricas, éticas e políticas (CARDOSO, 2013, p. 181).
Há uma mudança teórico-metodológica no Serviço Social a partir de então, sendo que
as disciplinas de Serviço Social de casos, grupo e comunidade são sucedidos pela noção de
teoria, método e história do Serviço Social, e a profissão passou a ter um compromisso com a
transformação social baseado na teoria social de Marx. Mas é nas décadas de 1990 e 2000 que
ocorre o amadurecimento desse projeto ético- político.
Para além da profunda relação existente entre os dogmas da Igreja Católica e a gênese
da profissão em território nacional, outro ponto crucial para a compreensão do Movimento de
Reconceituação do Serviço Social é entender quais eram as teorias que embasavam a
intervenção profissional.
1.2.1 Correntes teóricas do Serviço Social
Segundo Cardoso (2013), o Serviço Social no Brasil foi construído sobre as bases do
pensamento “conservador” que tinha em sua essência a defesa da família tradicional, da
hierarquia e da ordem, sendo todas as bases teóricas e éticas para formação profissional do
assistente social de responsabilidade da Igreja Católica que se embasava na filosofia
neotomista.
Com base nessa perspectiva tão fortemente marcada pela Igreja Católica,
este será o tom e a teleologia do projeto profissional tradicional/conservador
do Serviço Social brasileiro: a busca por certa humanização do capitalismo
e, ao mesmo tempo, por sua conservação. (CARDOSO, 2013, p.116, grifo
da autora).
24
O início do Serviço Social no Brasil foi marcado pela homogeneidade na profissão
referente aos traços políticos, teóricos, éticos e técnicos dos profissionais, cujo projeto
tradicional do Serviço Social Brasileiro leva em conta um referencial teórico positivista11
que
contribui na busca pelo equilíbrio social por meio do ajuste do indivíduo à sociedade, com
“[...] vinculação ao projeto societário capitalista e ao pensamento conservador [...]”. Esse
pensamento esteve presente tanto no Código de Ética de 1947, quanto na lei que regulamenta
a profissão de 1957, e também no primeiro currículo mínimo de 1953, onde se expressam o
tecnicismo, a vinculação à doutrina social da Igreja Católica e o conservadorismo próprios
desse projeto (CARDOSO, 2013. p.122).
O Serviço Social então se utilizava de algumas teorias filosóficas, sendo que “[...] a
maioria delas teorias contemporâneas baseiam-se na filosofia e, sobretudo, filosofias
existenciais, tratam da realidade da vida das pessoas [...]” e de outras teorias com aspectos
científicos (FERREIRA, 1981. p. 15). Após a elaboração das diretrizes curriculares e do
Código de Ética do/a Assistente Social em 1993, iniciou-se no ano de 1994, pela ABESS, hoje
ABEPSS, uma revisão curricular que apresentou as diretrizes para o novo Projeto Político
Pedagógico da Formação Profissional. Para Silva,
[...] a perspectiva dessa proposta é a de que a direção marxista se abra à
pluralidade epistemológica dentro de uma perspectiva de totalidade dialética,
ou seja, que a teoria marxista mantenha uma abertura com as demais teorias
do pensamento social. Contudo, o que se tem percebido até os dias atuais é
que, de forma efetiva, essa proposta de abertura da teoria marxista, para com
outras teorias e disciplinas do conhecimento, encontra bastante resistência no
mundo acadêmico. (SILVA, MENEZES, 2008, p.148)
Sendo um dos princípios base da profissão o pluralismo, essa busca por uma categoria
hegemônica tem um caráter conflitante: como é possível um debate plural entre várias teorias
se a categoria fez uma opção pela teoria marxista? Alguns autores acreditam que seria
necessária a busca por um pluralismo que se articule com a hegemonia, respeitando as
diversidades, para que assim possa ser construído um projeto comum de sociedade onde
prevaleça a vontade coletiva. Conforme Gomes:
Em seu Código de Ética, o Serviço Social tem como um dos princípios
11
A vertente positivista, em uma abordagem prática, aparece no bojo profissional, como sendo uma prática
imediatista, ou seja, uma resposta dada imediatamente às diversas expressões e manifestações da questão social,
vertente também conhecida como "vertente modernizadora", caracteriza-se pela incorporação de abordagens
funcionalistas, estruturalistas e, mais tarde, sistêmicas, voltadas a uma modernização conservadora (NETTO,
2008, p. 164)
25
fundamentais, a garantia do convívio democrático das ideias, definido como
pluralismo. E seu Projeto Ético Político está em consonância com o projeto
societário brasileiro, onde os direitos e deveres dos cidadãos sejam
reconhecidos, respeitados e garantidos, na busca por uma sociedade mais
justa, livre e autônoma. Essas considerações sobre a profissão, afirmam a
interação do Serviço Social também com as diversas profissões e não
somente com elas como também com a população de um modo geral.
(GOMES, 2016, p.09)
Existe um discurso plural, mais o que ocorre de fato é a busca hegemônica pela uma
única vertente, no caso o marxismo e suas respectivas derivações. Sendo que outras
perspectivas são duramente combatidas como exemplo do texto de Yolanda Guerra; A invasão
do pragmatismo no marxismo.
O Serviço Social brasileiro ao longo de sua trajetória foi influenciado por algumas
teorias, as quais serão abordadas a seguir.
1.3.1.1 Teoria Fenomenológica
O projeto modernizador fenomenológico se fez presente nas primeiras formulações
teóricas do Serviço Social no Brasil, ingressando no universo de discussão teórica da
profissão por ocasião do denominado Movimento de Reconceituação nas décadas de 1960 e
1970. É uma teoria centrada no vivido e nas vivências dos sujeitos, rompendo, assim, com as
formas de controle, ajuda, adaptação, cooptação e desajustes, situando-se como uma
proposição inovadora e de orientação psicossocial. Apresenta uma metodologia baseada na
tríade: diálogo, pessoa e transformação social.
O método da teoria fenomenológica “[...] consiste em descrever o fenômeno, isto é,
aquilo que é dado imediatamente aos nossos sentidos. Seu objeto é a apreensão da essência
verdadeira da natureza das coisas” (FERREIRA, 1981 p.29).
A primeira ação a ser desenvolvida na fenomenologia é descrever por completo os
fenômenos vividos, captando a sua real essência, e essa prática de descrição deve ser, antes de
tudo, intelectual e intuitiva (FERREIRA, 1981). De acordo com Ferreira (1981),
A teoria fenomenológica aplicada ao Serviço Social é uma tentativa de
melhor compreensão do indivíduo, do grupo e da comunidade pelo colocar
entre “parênteses” a visão própria do cliente e do Assistente Social, para
assim chegar à apreensão das realidades vividas e manifestadas dentro de um
contexto social (aqui agora). O fenômeno real deve ser apreendido. Em
outras palavras é captar a realidade última nem sempre percebida pelo
cliente e pelo Assistente Social, para permitir um diagnóstico objetivo e o
que deste decorre em termos de intervenção (FERREIRA, 1971, p.30).
26
Na fenomenológia se lança em varias direções, “[...] uma visão de mundo, e ao
considerar que é possível se atingir a essência pura das coisas livre de qualquer pressuposto,
ignora-se o fato de que o que pode ser apreendido é aquilo pelo qual a formação que possui o
sujeito tende a colocar como realidade [...] procura-se a apreensão da realidade encontrar a
essência pura, que está é impossível se não for apreciado o processo histórico envolvido.
(SILVA, 2013, p. 71)
1.3.1.2 Teoria Sistêmica
A teoria sistêmica nasceu dos estudos de um biólogo alemão chamado Ludwig Von
Bertalanffy, que a partir dos seus estudos desenvolveu a Teoria Geral de Sistemas Gerais que
“[...] consiste na determinação do relacionamento existente entre as partes de um conjunto de
elementos e no efeito global exercido pelos subconjuntos, sobre o conjunto.” (FERREIRA,
1981, p. 15). Isso quer dizer que o homem é parte de vários sistemas que o influenciam e
sobre os quais, por sua vez, ele também exerce influência, neste sistema, as relações são
reciprocas em todos os sentidos. O homem faz parte da família, do trabalho, da comunidade
ou sociedade na qual ele tem relacionamentos com outros sistemas, como igreja, vizinhança,
clube etc. (FERREIRA, 1981).
Malcolm Payne faz uma comparação entre a teoria dos sistemas e a teoria radical e
marxista, e para ele
Uma razão para o sucesso é que esta teoria aceita e analisa as ordens sociais
existentes em vez de, como a teoria radical, as analisar e rejeitar. Por essa
razão, articula-se bem não só com a estrutura profissional, mas também com
a estrutura institucional que faz parte do Estado, e tem autoridade e poder. À
medida que cresceu, influenciou o trabalho social quando este se estava a
expandir e a assumir papéis importantes nas instituições de muitos países.
Ao contrário da teoria radical, esta teoria relaciona-se com as teorias
psicológicas, dado que não rejeita teorias a esse nível do comportamento
humano, mas permite a sua incorporação num enquadramento mais amplo
(PAYNE, 2002, p.199).
Segundo Payne (2002), a realização de uma intervenção baseada na teoria sistêmica
prescinde de alguns métodos específicos que devem ser utilizados pelo assistente social em
sua prática profissional, descritos detalhadamente em um quadro sinóptico:
27
QUADRO 1 - Intervenção baseada na teoria sistêmica
Fase Actividades Aptidões e métodos
Avaliar
problemas
Afirmar problema Cada problema tem três partes, que devem ser
todas afirmadas: circunstâncias sociais, as pessoas
decidirem que as circunstâncias sociais são um
problema e as razões para a sua decisão
Analisar os sistemas Considerar como é que eles afectam a situação
social
Definir objetivos Incluir passos que conduzam ao principal
objectico; decidir acerca da praticabilidade e
prioridades entre os objetivos
Estabilizar o esforço de
mudança
Ver os problemas que possam surgir no cliente
devido a mudança e tentar preveni-los
Recolha de
dados
Inquirir Verbalmente, por escrito ou utilizando testes
projectivos
Observação Observar um cliente em casa, em situação ou
utulizando técnicas estimulantes (por exemplo,
brincar com bonecos anatomicamente correctos
em casos de abuso infantil)
Confirmar registro Escritos, de outros formatos, verbais
Estabelecer
contatos
iniciais
Disponibilidade Para as pessoas no sistema de clientes
Contactar Contactar com as outras partes de um sistema
tendo conhecido uma
Ultrapassar a ambivalência Remover resistência ajuda
Promover Demonstrar o valor do trabalho da instituição para
os objetivos do sistema do cliente
Negociar
contratos
Primário Entre o trabalhador social e o cliente
Secundário Entre o trabalhador e outros sistemas
Definir conteúdo Objectivos importantes de cada uma das partes;
tarefas que cada uma irá desempenhar, descrever o
processo de mudança
Estabelecer boa relação Explicar os propósitos do contrato; tomar as suas
condições claras; resolver desacordos
Lidar com resistência Envolver outros membros do sistema ou outros
sistemas (por exemplo, remover medos acerca das
suas reações ou provar que ajudarãoa0; aceitar e
reconhecer a resistência, oferecer nova
informação; encorajar esperança; estabelecer
objetivos experimentais; utilizar grupos para
influência colectiva
Formar
sistema de
ação
Decidir o tamanho e a
composição
Por exemplo cliente + trabalhador social apenas,
cliente + família + trabalhador social, trabalhador
social + outra instituição, cliente + trabalhador
social + outra instituição
Procedimentos das operações Duração dos contatos, tempos de encontros,
frequência, local regras de comportamento (por
exemplo, permissivo ou controlado)
Manter e
coordenar
Evitar entropilha do sistema Construir bem relações; tomar consistentes os
papéis, as comunicações, o poder, as lealdades, as
28
sistemas de
ação
atitudes, os valores e objetivos; evitar mudar ou
ser explícito sobre mudança de papéis,
procedimentos operativos, atividades do sistema,
mudanças do sistema
Influenciar
sistemas de
acção
Afectando quaisquer parte dos
sistemas afcta todas as outras
partes- multi-finalidade
Utilizar conhecimento e experiências;
recompensar e prestar serviços materiais; legitimar
as relações de autoridade estabelecidas, status,
carisma e autoridade pessoal, controlo sobre a
informação
Terminar o
esforço de
mudança
Concluir e avaliar Reunir avaliações de progresso feitas durante as
atividades
Separar das relações
Estabilizar o esforço de
mudança
Fonte: PINCUS e MINAHAN, 1973 apud PAYNE, 2002, p.203-204
Sendo que um dos princípios da teoria de sistemas afirma que o todo é maior do que a
soma de suas partes, demostra a necessidade da intervenção profissional ser realizada em uma
visão global de seus conjuntos, uma macroatuação nas políticas governamentais, nas
dinâmicas da sociedade, etc. Como na microatuação em um grupo de trabalhadores ou com
usuários.
1.3.1.3 Teoria Crítica
A teoria crítica remete a profissão do assistente social à consciência de classe,
baseando-se na teoria de Marx, isto é, na contradição da relação entre capital e trabalho,
fazendo do assistente social um mediador dessa relação, assim substituindo o Serviço Social
de Casos, Grupo e Comunidade pela Teoria, Método e História do Serviço Social, buscando
compreender a profissão a partir dos fundamentos teóricos e históricos que orientam a ação
profissional (CARDOSO, 2013)
Esses três eixos (que se traduziam em disciplinas) deveriam compreender os
seguintes conteúdos: “1 – na história se trata do processo de
institucionalização da profissão, como foram consagradas as práticas
profissionais, como se deu a evolução da profissão; 2 – no plano da
metodologia, se trataria, em princípios, das estratégias de intervenção e, em
alguma medida, de fornecer alguns parâmetros para que o profissional
consiga delimitar minimamente o campo de intervenção que lhe seria
próprio; 3- e no plano da teoria, se discutiria eventualmente as categorias
epistemológicas, as relações do conhecimento com a prática, as aparentes
antinomias do conhecimento: teoria-prática, sujeito-objeto” (NETTO, 1993
apud CARDOSO, 2013, p.193).
29
Essa teoria social crítica está diretamente ligada a uma filosofia e também a um
método, o materialismo histórico e dialético, para o qual importa a concepção de homem e de
mundo, visto que a realidade social é histórica e, portanto pode ser modificada pelos seres
humanos. Nesse sentido, o mundo real é um mundo histórico, e sofre influência da ação
humana, mesmo que limitada, e por isso é possível a transformação desse mundo real.
Portanto, as sociedades humanas encontram-se em contínua transformação e o motor da
história, na teoria marxista são exatamente os conflitos e as oposições entre as classes sociais.
Através da teoria crítica é possível encontrar uma explicação geral sobre a sociedade
capitalista burguesa: seu sistema, suas leis de funcionamento, suas conexões internas e suas
relações (FAERMANN, 2016).
Conforme a teoria social crítica os instrumentos e as técnicas profissionais não se
originam, de imediato, de um referencial teórico. Este contribui e é condição essencial para a
escolha dos meios mais adequados a uma determinada intervenção com objetivos pautados
em uma dada perspectiva teórica. O conteúdo dos instrumentos e das técnicas utilizadas pelo
assistente social é norteado pela teoria que o informa, subsidiando sua utilização e
possibilitando mediações necessárias à passagem da teoria à prática. (FAERMANN, 2016).
30
2 INSTRUMENTOS E TÉCNICAS NO SERVIÇO SOCIAL BRASILEIRO: DA
GÊNESE DA PROFISSÃO AO EXERCÍCIO PROFISSIONAL NOS DIAS ATUAIS
Neste capítulo o objetivo é a análise dos instrumentos e técnicas adotadas pelo
Serviço Social no Brasil desde sua instituição oficial na década de 1930 que marcou o início
das escolas de serviço social no Brasil até a contemporaneidade.
O Serviço Social é uma profissão de caráter interventivo, cujo objetivo é buscar a
autonomia do sujeito frente às refrações das questões sociais. Sempre se fez presente entre os
profissionais assistentes sociais o sentimento e a necessidade de se criar instrumentos para a
realização de uma intervenção efetiva. Para a elaboração desses instrumentais é necessário a
apropriação de teorias que embasem o fazer profissional. O desconhecimento e até a ausência
desse referencial gera um desequilíbrio para a atuação profissional. Santos afirma que esta
rejeição da teoria compromete a qualidade da intervenção profissional sendo o entendimento
mais corrente que “[...] a teoria oferece a análise das experiências, os estudos das condições
objetivas” (SANTOS, 2010, p. 32).
Podemos considerar o conhecimento teórico como elemento essencial para a
construção dos instrumentos, sendo eles indispensáveis para a efetivação da prática
profissional do assistente social. Segundo Santos “[...] não basta escolher os meios, é preciso
aplicá-los” (SANTOS, 2010, p.83).
As autoras Catusso; Souza; Ferrari em seu livro A instrumentalidade no serviço social,
definem os instrumentos utilizados com mais frequência pelos assistentes sociais, em seus
campos de trabalho são eles: observação, a técnica da entrevista, visitas domiciliares e
institucionais, prática dos registros e documentações, estudo social, plano de
ação/intervenção, memorial de reuniões, construção de projetos, orientação socioeducativa e a
avaliação que é considerada um dos instrumentos mais relevantes (CATUSSO; SOUZA;
FERRARI, 2013).
A partir dos conhecimentos teóricos são construídos os instrumentais e técnicas que
oferecem a direção para a intervenção. Nesse capítulo será feito uma discussão sobre essas
ferramentas utilizadas pelos assistentes sociais na sua prática profissional.
2.1. OS INSTRUMENTOS E TÉCNICAS DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL
Neste subitem pretende-se compreender os instrumentos e técnicas utilizadas pelos
profissionais do Serviço Social em sua atuação, pois somente a partir da compreensão destes
instrumentos e técnicas é possível que os assistentes sociais realizem uma prática profissional
31
adequada e efetiva. Guerra (2007) em seu artigo O projeto profissional crítico: estratégia de
enfrentamento das condições contemporâneas da prática profissional afirma que
[...] a instrumentalidade no exercício profissional refere-se, não ao conjunto
de instrumentos e técnicas (neste caso, a instrumentação técnica), mas a uma
determinada capacidade ou propriedade constitutiva da profissão, construída
e reconstruída no processo sócio-histórico (GUERRA, 2007, p.1).
A instrumentalidade se configura como a forma que cada profissional articula os
instrumentos necessários à prática profissional, levando em consideração para essa prática
profissional o contexto social inserido e as demandas que lhe são conferidas, imprimindo
sobre tais fatores a sua subjetividade que vai constantemente moldando tais instrumentos.
Essa instrumentalidade é elemento essencial para a prática profissional, e é necessária
para que o profissional tenha total compreensão e clareza dos instrumentos, indo além dos
chamados instrumentos técnico-operativos para intervenção profissional, instrumentos estes
configurando-se como algo objetivo da prática profissional, sendo essa prática influenciada
pela subjetividade de suas particularidades. Sobre a prática do assistente social, Guerra afirma
que
Ao alterarem o cotidiano profissional e o cotidiano das classes sociais que
demandam a sua intervenção, modificando as condições, os meios e os
instrumentos existentes, e os convertendo em condições, meios e
instrumentos para o alcance dos objetivos profissionais, os assistentes sociais
estão dando instrumentalidade às suas ações. Na medida em que os
profissionais utilizam, criam, adéquam às condições existentes,
transformando-as em meios/instrumentos para a objetivação das
intencionalidades, suas ações são portadores de instrumentalidade
(GUERRA, 2007, p. 2).
O Serviço Social, quando iniciou no Brasil sofreu grande influência do método norte-
americano, com forte influencia da medicina, da psicologia e da sociologia positivista,
principalmente sob a ótica da vertente funcionalista, direcionados à época para os chamados
Serviços Sociais de Caso, Serviços Sociais de Grupo e Serviços Sociais Comunidade.
No Serviço Social de Caso a ação do assistente social acontecia por meio dos
instrumentais das entrevistas e relatórios bem detalhados da história do cliente, que busca o
desenvolvimento da personalidade através do ajustamento do indivíduo a seu meio social.
Essa prática era realizada pelo assistente social, que por meio de orientação e esclarecimentos
após o processo de conhecer não apenas o problema de seu cliente, mas também de
compreender a forma que o cliente enfrentava esse problema, o que ele pensava e de que
32
maneira gostaria de solucioná-lo, o profissional aproveitava as suas aptidões em potencial
para iniciar as mudanças necessárias. Nesse sentido, o assistente social precisava respeitar a
liberdade de pensar, de escolher e de atuar de seu cliente. Para Hamilton, citado por Andrade
(1958),
O Serviço Social de Casos caracteriza-se pelo objetivo de fornecer serviços
básicos práticos e de aconselhamento, de tal modo que seja desenvolvida a
capacidade psicológica do cliente e seja levado a utilizar-se dos serviços
existentes para atender a seus problemas. (HAMILTON, 1958, p. 38 apud
ANDRADE, 2008, p. 280).
No Serviço Social de Grupo, diferentemente do que ocorria no Serviço Social de
Caso, importa ao assistente social compreender a dinâmica das relações que se estabelecem
dentro do grupo que está sob sua intervenção para a efetivação de sua prática profissional e
não apenas as impressões pessoais específicas de cada indivíduo, direcionada a determinado
caso concreto.
No entendimento de Kisnerman o Serviço Social de Grupo deve ser compreendido
“[...] como um sistema de mudança que influencie no crescimento do indivíduo e do grupo, e
[...]” está intimamente ligado aos movimentos de autoajuda” (KISNERMAN, 1986, p. 34). O
Serviço Social de Grupo era, então, definido como:
Um método do SS que ajuda os indivíduos a aumentarem o seu
funcionamento social, através de objetivas experiências de grupo e a
enfrentarem, de modo mais eficaz os seus problemas pessoais, de grupo ou
de comunidade [...] uma prática que visa minorar o sofrimento e melhorar o
funcionamento pessoal e social de seus membros, através de específica e
controlada intervenção de grupo, com a ajuda de um profissional
(KONOPKA, 1979, p. 33/45).
No Encontro Regional pós Documento de Araxá o relatório produzido dizia que, em se
tratando de Serviço Social de Grupo, esse método incluía novas funções, como o engajamento
dos membros em programas sociais visto que no entendimento dos profissionais assistentes
sociais a permanência da prática profissional direcionada apenas para o “indivíduo” torna
insuficiente o conceito, uma vez que o Serviço Social de Grupo visa a participação do grupo
na comunidade, e ainda, relata a importância do caráter politizante dos membros, pois é
necessária a participação dos grupos nos processos sociais. Desta forma, era função do
assistente social “[...] capacitar os membros dos grupos para uma efetiva participação no
processo social” (CBCISS, 1986, p. 23).
33
É importante ressaltar que nesse encontro já ocorria uma preocupação em distinguir o
que era Serviço Social de Grupo e cursos, entendidos cursos apenas como um instrumento de
atualização profissional ou de aprofundamento de conhecimento específico, pois enquanto o
Serviço Social de Grupo busca uma autonomia do indivíduo, um curso apenas atende a
necessidade pessoal do indivíduo em qualificar-se para o mercado de trabalho. No Serviço
Social de Grupo a atividade em si não é objetivo do grupo, o que importa é o seu instrumental
que visa para motivar a formação e capacitar os sujeitos a um processo de desenvolvimento
social. (CBCISS, 1986).
Um dos instrumentos usados para a realização do trabalho com grupos são as
dinâmicas, que Torres define como “[...] o estudo teórico-prático das relações sociais dos
indivíduos em grupos”. O objetivo desse método é facilitar a compreensão de fenômenos
sociais e ensinar às pessoas novos comportamentos através da vivência (TORRES, 1983,
p.22).
Além do Serviço Social de Grupo e do Serviço Social de Caso existia também a
prática do chamado Desenvolvimento de Comunidade, que conforme a definição elaborada no
Documento de Araxá “[...] é um processo interprofissional que visa a capacitar a comunidade
para integrar-se no desenvolvimento através de ação organizada, para atendimento de suas
necessidades realizações de suas aspirações.” Entretanto, nesse Encontro Regional
observaram que não há trabalho interprofissional, apenas a ocorrência de experiências
isoladas. E a partir de então deu-se nova nomenclatura ao processo Desenvolvimento de
Comunidade que passou a ser chamado de Serviço Social de Comunidade (CBCISS, 1986, p.
25). Segundo Johns, citado por Andrade, entende-se que
O processo do Serviço Social com Comunidades se caracteriza pelo
desenvolvimento social dos indivíduos e sua orientação pela promoção das
relações eficientes e úteis entre eles em busca de um desenvolvimento
equilibrado e harmonioso [...] As técnicas empregadas pelo assistente social
são as que estimulam e orientam os indivíduos e grupos, sem controlá-los; as
medidas e providências visam à solução de determinado problema social [...]
(JOHNS; DE MARCHE, 1954, p. 78 apud ANDRADE, 2008, p. 285)
Todo esse contexto histórico, com os seus movimentos que ofertaram propostas e
conteúdos, contribuíram para a delimitação e a construção do Serviço Social brasileiro. Esses
movimentos foram de suma importância para os mais diversos setores, mais especificamente
aos que dizem respeito à organização da categoria, à expansão do ensino e da profissão, ao
discurso e à prática da profissão do assistente social. O fortalecimento profissional do
34
assistente social no final dos anos de 1940 impulsionou-o à organização de congressos e
cursos de reciclagem. De suma importância também a partir dessa década a criação de
associações: em 1945 da Associação Brasileira das Escolas de Serviço Social (ABESS), em
1946 da Associação Brasileira de Assistentes Sociais (ABAS); em 1946 a criação do Código
de Ética (1948) e, consagrando os esforços, a regulamentação do ensino do serviço social
(1954) e o reconhecimento da profissão (1956); além de mais onze Convenções Nacionais da
ABESS – Associação Brasileira das Escolas de Serviço Social (1951/1961) com a finalidade
de congregar as Escolas de Serviço Social, promovendo um intercâmbio entre elas, visando
garantir um padrão mínimo de ensino e representando os interesses coletivos das escolas que
até o momento, conforme dados da ABESS, totalizavam 37 (trinta e sete) instituições de
ensino (ANDRADE, 2008).
Na década de 1970 ocorreu uma grande mudança no Serviço Social com o Movimento
de Reconceituação, que aconteceu nos países latinos americanos (Chile, Argentina, Peru e
Uruguai), e consistia em um movimento de crítica ao positivismo e ao funcionalismo,
baseando sua fundamentação na visão marxista na história, alterando a estrutura do Serviço
Social. Especificamente no Brasil essa mudança ocorreu no ano de 1979, no III Congresso
Brasileiro de Assistentes Sociais, realizado nos dias 23 a 28 de setembro, também chamado
Congresso da Virada, promovido pelo Conselho Federal de Assistentes Sociais – CFAS,
conhecido hoje como CFESS (Conselho Federal de Serviço Social) em São Paulo, tornando-se
um marco na historia do Serviço Social.
O objetivo inicial do referido Congresso era a discussão da Política Social pelo
Serviço Social de então, mas os Assistentes Sociais provocam uma mudança na estrutura do
Serviço Social com a alteração de suas bases, pois até aquele momento essas bases tinham
uma natureza conservadora, atendendo apenas aos interesses da classe dominante. Conforme
José Paulo Netto, “[...] este período marca um momento importante no desenvolvimento do
Serviço Social no Brasil, vincado especialmente pelo enfrentamento e pela denúncia do
conservadorismo profissional” (NETTO, 2008, p. 141).
A partir desse momento o Serviço Social de Caso, o Serviço Social de Grupo e o
Serviço Social de Comunidade foram extintos pela categoria, que os consideravam processos
conservadores que atendiam apenas aos interesses das classes dominantes. Os profissionais
optaram por novos horizontes onde a luta fosse por um estado democrático, posicionando-se
ao lado da classe trabalhadora e não mais sob o domínio conservador, estabelecendo uma
nova forma de atuação, cuja direção era para as lutas sociais, a luta pela defesa dos direitos
35
humanos e da democracia, constituindo uma nova frente, articulada diretamente com os
movimentos sociais, reativando com isso alguns dos sindicatos, associações. A partir da opção
pela teoria crítica se inicia uma nova discussão sobre a instrumentalidade da profissão do
assistente social.
Conforme Eiras, na década de 1980 deu-se o movimento de renovação do Serviço
Social brasileiro, através de uma recusa explícita ao método do Serviço Social de Grupo. Essa
recusa ficou explícita na produção do Novo Currículo Mínimo de Serviço Social (aprovado
pela ABESS12
e implantado a partir de 1982), o qual redefiniu a lógica da formação
acadêmica, focando-a sob o eixo história-teoria-metodologia (EIRAS, 2006).
A partir desse momento a formação profissional tem seu foco voltado à formação de
novos assistentes sociais, intelectuais, que compreenderiam a dinâmica das relações sociais
capitalistas em sua relação com o modo de produção, e que fossem capazes de realizar uma
intervenção crítica e propositiva nos espaços reservados a esses profissionais. Sendo extintas
as disciplinas Serviço Social de Caso, Serviço Social de Grupo e Serviço Social de
Comunidade (pelo Currículo Mínimo de1982), surgem novas disciplinas, adicionadas para
contemplar os novos conteúdos teórico-metodológicos construídos sob a base teórica marxista
(EIRAS, 2006). A partir de então há um novo foco sobre trabalho com grupos:
Nesse sentido, o trabalho com grupos deixou de ter um destaque que lhe
desse uma especificidade e um status de especialidade profissional e a
intervenção do Serviço Social com grupos expandiu-se nas perspectivas das
inserções profissionais junto aos movimentos sociais, junto aos trabalhadores
(as), junto aos sindicatos; junto ao povo, junto às organizações/movimentos
populares; junto ao Estado, na intenção de expandir o alcance das políticas
públicas, principalmente em relação à Política de Assistência Social, mas em
consonância com outros movimentos sociais/ populares na busca de
conquistas para usufruir de condições mais dignas de sobrevivência.
(EIRAS, 2006, p. 66-67)
Sobre a mudança na realidade do Serviço Social, Santos, Backx e Guerra retratam que,
ao longo do tempo, ocorreram equívocos em relação ao tratamento da dimensão técnica-
operativa no que se refere à formação e também ao exercício profissional. Em um breve
histórico da profissão pode ser constatado que, na década de 1970, delegava-se à dimensão
técnica-operativa a responsabilidade pela competência profissional, em especial no que se
refere aos instrumentos e técnicas. Por outro lado, a partir de 1980 essa dimensão técnica-
12
Denominada atualmente de Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa de Serviço Social (ABEPSS)
36
operativa passa para segundo plano, e o conhecimento teórico passa a ter a responsabilidade
pela competência profissional (SANTOS; BACKX; GUERRA, 2012).
Após a aprovação do projeto de formação profissional do assistente social no ano de
1996, a categoria compreendeu de forma mais definida a sua competência profissional, uma
competência que deve ser baseada nas três dimensões da intervenção: (1) uma dimensão
teórico-metodológica, (2) uma dimensão ético-política e (3) uma dimensão técnico-operativa.
Essa nova abordagem da formação profissional destaca a “[...] centralidade da dimensão
interventiva e da dimensão investigativa, ressaltando a importância do caráter ético em todo o
processo da formação profissional” (ABEPSS/CEDEPSS, 1996, p. 163 apud SANTOS,
BACKX, GUERRA, 2012, p.11).
Portanto, para uma melhor compreensão do exercício profissional é necessário partir
dessas três dimensões, o que possibilita entender o significado da ação profissional, que deve
ser uma ação formativa, interventiva e investigativa e, ao mesmo tempo, permite “[...] pensar
a relação que se estabelece entre teoria e prática, com as mediações necessárias para que a
finalidade ideal, através da intervenção, possa se constituir em finalidade real, objetiva”
(SANTOS; FILHO; BACKX, 2012, p.18).
Dentro da prática profissional, não menos importante, é a dimensão técnico-operativa
que instrumentaliza a ação do profissional assistente social e, segundo Mioto os principais
instrumentos do Serviço Social são entrevistas, observações, reunião/grupo e documentação.
Para ele os instrumentos serão utilizados de acordo com os referenciais teóricos, éticos e
políticos dos profissionais. O uso desse instrumento pressupõe conhecer e dominar outros,
que são igualmente importantes e necessários no processo grupal, entre eles principalmente
“[...] a observação, entendida de maneira ampla, como atividade que envolve entrega,
concentração, atenção, quebra de paradigmas e preconceitos” (MIOTO, 2001, p.01, apud:
WIGGERS, 2006, p.25-26).
O Serviço Social, portanto, deve se articular com as demais categorias para a
construção da instrumentalidade, que é a propriedade constitutiva da profissão, abarcando
suas demandas, objetivos, atribuições, conhecimento teórico entre outras categorias.
Entretanto, não só importa a análise dos instrumentais de forma isolada, ao contrário,
para uma prática profissional efetiva deve-se entender a relação que se estabelece entre estes
instrumentos, a teoria e a prática da intervenção feita pelo assistente social, relação esta que
analisaremos a seguir.
37
2.2 TEORIA E PRÁTICA: A RELAÇÃO COM OS INSTRUMENTOS
Os instrumentos e as técnicas são elementos fundamentais para a prática profissional
do assistente social. Contudo, se faz necessário observar que, no que se refere a prática
profissional, diversas são as discussões acerca do tema. Neste trabalho será analisada a
discussão da prática no exercício profissional a partir de um questionamento junto à categoria
no que se refere à Teoria e a Prática do Serviço Social.
A atuação do profissional do Serviço Social Pós Movimento de Reconceituação
firmou-se de maneira a questionar as realidades apresentadas de maneira crítica, visando,
além de atender aos direitos sociais de seus usuários, refletir sobre as formas possíveis para a
desconstrução das condições que os colocam em situação de pobreza e desigualdade social
(AMORIN,2013). Ou seja,
O âmbito da prática é, então, o da efetividade da ação sobre o mundo, que
tem por resultado uma transformação real desse mundo. É atual, não
potencial, ou seja, o que pode ocorrer ou fazer aqui e agora, culminando na
transformação de uma matéria-prima num produto natural e/ou social
(SANTOS, 2006, p. 137).
Sobre a “prática” Santos, afirma que a prática é o espaço para se desenvolver o
conhecimento, sendo ele interligado às necessidades materiais, produtivas, práticas do homem
social. É a prática que oferece a total compreensão das relações econômico-sociais que, por
sua vez, estão diretamente ligadas ao tipo de produção e a técnica necessárias a essa
formação. (SANTOS, 2006).
O espaço da prática é onde se concretiza o conhecimento, deixando para trás a
perspectiva intelectual. Ocorrendo essa aproximação da prática com a realidade o
conhecimento é ampliado em seus conceitos já estipulados.
Já sobre a “teoria”, Santos disserta que o âmbito da teoria;
[...] se circunscreve em propiciar o conhecimento da realidade que é objeto
da transformação; o conhecimento dos meios e de sua utilização com os
quais se efetiva essa transformação; o conhecimento da prática acumulada
em forma de teoria; a finalidade ou a antecipação dos resultados objetivos
que se pretende atingir; e, no decorrer do processo prático, um atendimento
às necessidades que irão surgindo com a resistência da matéria a ser
transformada, e que vai acarretando resultados imprevisíveis (SANTOS,
2006, p.139).
38
A “teoria” então é o acúmulo de conhecimentos sistematizados que visam uma
transformação efetiva; conhecimentos esses, muitas vezes, provenientes de práticas que
inclusive, podem trazer respostas inesperadas pelo que já se tinha acumulado em
conhecimento, mostrando a condição de constantes transformações ao quais as teorias passam
e a concreta relação existente entre as práticas e as teorias.
O assistente social, no dia-dia de sua atuação profissional, se encontrará rodeado por
limites institucionais que dificultarão o exercício de seu trabalho da forma mais plena
possível. Isso enfatiza o fato do Serviço Social trabalhar em um espaço de constantes
contradições, “[...] onde o profissional se vê limitado a exercer suas atribuições pelo simples
fato de não ter apoio institucional, seja por razões ideológicas da instituição ou até mesmo por
questões relacionadas às condições de trabalho” (AMORIN, 2013, p.28).
A prática dos assistentes sociais é de natureza interventiva, educativa e provocativa,
possibilitando assim uma visão crítica e contrária à ordem capitalista fazendo que a classe
trabalhadora se reconheça como sujeito explorado, e partir dessa consciência sejam possíveis
à busca por uma sociedade mais justa e igualitária.
Para que essa intervenção do assistente social seja eficaz e conquiste seus fins, se faz
necessário à existência de uma prática com base teórica compreendida e clara entre os
profissionais. Aqui ocorre uma dependência, não basta uma prática de boa qualidade sem base
teórica e não adianta ter uma base teórica que não instrumentalize a prática. O próximo
subitem será sobre essa relação da intervenção prática e a base teórica.
2.2 TEORIA E PRÁTICA: A RELAÇÃO COM OS INSTRUMENTOS NO TRABALHO
COM GRUPOS
Como já visto os instrumentos e as técnicas são elementos fundamentais para a prática
profissional do assistente social, e nos interessa discutir a relação que se estabelece
especificamente entre prática, teoria e sua relação com os instrumentos no trabalho com
grupos.
Segundo Amorim, existe uma “visão reducionista” acerca do trabalho com grupos pela
categoria profissional. E que está visão estaria diretamente relacionada às interpretações
pessoais sobre as críticas levantadas pelo Movimento de Reconceituação contra os
pressupostos do “Serviço Social Tradicional” (AMORIM, 2013).
Desta forma, as discussões sobre Serviço Social de Caso, Serviço Social de Grupo e
Serviço Social de Comunidade nas décadas 1960 e 1970, somadas às discussões do chamado
39
Congresso da Virada (1979), adotando uma nova perspectiva teórica para o Serviço Social, de
certa forma permitiu à categoria preterir os trabalhos realizados em grupos. Nesta esteira,
permite-se uma rejeição por grande parte dos profissionais assistentes sociais no que se refere
ao trabalho com grupos e seus instrumentais.
Ao contrário do pensamento que impera dentro da categoria dos assistentes sociais,
que não veem validade na realização de trabalho com grupos, essa forma de trabalho é uma
ferramenta incentivada e amplamente utilizada pelas politicas publicas que pretendem atender
de maneira efetiva os usuários dessas políticas. Sobre o trabalho com grupos o Ministério do
Desenvolvimento Social, em seu guia de orientações técnicas para o Centro de Referência de
Assistência Social – CRAS, afirma que:
O grupo sócioeducativo para as famílias é um excelente espaço para trocas,
para o exercício da escuta e da fala, da elaboração de dificuldades e de
reconhecimento de potencialidades. Contribui para oferecer aos cidadãos a
oportunidade de melhor viver os seus direitos dentro de um contexto de
proteção mútua, afeto, desenvolvimento pessoal e solidariedade (BRASIL,
2006, p. 39).
A favor do trabalho com grupos temos que a abordagem grupal como um instrumento
técnico-operativo do assistente social deve ser considerada “[...] não somente em seus
aspectos técnicos – referentes ao „fazer‟ – mas também em suas implicações sócio-políticas da
prática [...]” da qual ele potencializa as ações, viabilizando uma intervenção que tem uma
direção social situada no movimento contraditório da sociedade” (TRINDADE, 2004, p. 39,
apud SIQUEIRA, 2008, p. 3).
O que se busca através do trabalho com grupos é permitir, através de determinadas
ações, que o indivíduo possa alcançar sua emancipação pessoal. Neste sentido,
[...] temos que ter como premissa que o trabalho com grupos há de se
desenvolver numa perspectiva emancipatória dos sujeitos. Esta perspectiva
pode ser construída nas relações grupais com o fortalecimento dos sujeitos
como protagonistas da sua história. O assistente social, antes de tudo, precisa
acreditar que as pessoas têm potenciais, que estes podem ser desenvolvidos
através da reflexão sobre sua realidade social e que tudo pode apontar para a
modificação desta realidade. Promover o acesso a serviços, programas,
projetos e benefícios, fortalecer os vínculos sociais e comunitários, promover
o trabalho socioeducativo numa concepção freiriana de ação-reflexão,
reflexão-ação, será possível num trabalho de grupo educativo, balizado pelo
projeto ético-político da profissão, tendo como horizonte a cidadania e a
justiça social (VILEIRINE, 2016 p. 130).
O trabalho com grupos é uma forma de interação social que permite aos indivíduos
40
refletir sobre as questões sociais que lhe são afetas, proporcionando novas formas de
cooperação. Deve-se compreender a importância do trabalho com grupos e incentivá-lo,
justamente porque permite a participação dos indivíduos na sociedade; e se os homens
trabalham juntos em prol de objetivos comuns certamente os interesses do grupo são
sobrepostos aos interesses pessoais, pois se prima pelo interesse do grupo como principal
finalidade (TORRES, 1983).
Na dimensão grupal, o foco são as relações grupais, o fortalecimento dessas
relações. Nesta dimensão, o objetivo é trabalhar a dinâmica interna e externa
das relações grupais, ou seja, os processos grupais e o coletivo. A identidade
do grupo, os vínculos afetivos e a cidadania são os grandes temas abordados
no grupo. É a partir daí que se constrói os sub temas. Entendo que ao
trabalhar a identidade e os vínculos do grupo, posso fortalecer os objetivos
comuns, compromisso, cumplicidade, sentimento de pertencimento, respeito
às diferenças, ética, a confiança, a cooperação, a união do grupo e abrir a
possibilidade tanto dos membros buscarem sua própria cidadania na defesa
de seus direitos, como do grupo buscar ações mais coletivas, como a
participação em fóruns, conselhos de direitos, redes de atendimento a bens e
serviços, ou seja, ações voltadas para a cidadania (SIQUEIRA, p. 11, 2008).
O Serviço Social, portanto, é uma profissão apta a realizar intervenções, que tem
como objetivo a busca por garantias de direitos que possam proporcionar a emancipação dos
sujeitos. Alexandra Eiras (2012) ao investigar o trabalho profissional com grupos definiu que
essa técnica de reuniões se limita a esclarecimentos de direitos:
Que a intervenção realizada com grupos pelo Serviço Social caracteriza-se e
se expressa como atividade socioeducativa. O assistente social, ao intervir
junto aos grupos, ao desenvolver atividades com grupos, assume a atribuição
de informar, de orientar os usuários em relação aos seus direitos e ao
exercício da cidadania, núcleo comum das informações e das discussões e
preocupações presentes na intervenção profissional (EIRAS, 2012 p. 145).
O trabalho com grupo para ser realizado requer que o assistente social tenha
conhecimento teórico e prático para intervir de forma adequada, além de ter clareza dos
problemas e das dificuldades que serão apresentadas nesse processo. Sobre as atribuições do
assistente social;
Zimerman e Osório (1997) referem-se aos atributos de um coordenador de
grupo, dizendo ser: Impossível dissociar um adequado manejo técnico em
qualquer modalidade de grupo, sem que haja uma simultânea atitude interna
na pessoa real do profissional. Assim, além dos necessários conhecimentos
(provindos de muito estudo e leituras), de habilidades (treino e supervisão),
as atitudes [...] são indispensáveis, e elas são tecidas com alguns atributos e
funções [...]. (ZIMERMAN; OSÓRIO, 1997, p. 40)
41
Além das características definidas por Zimerman e Osório para o profissional
assistente social, também são importantes as seguintes: gostar e acreditar em grupos, empatia,
comunicação, ser verdadeiro e ter senso de humor. Essas características são significativas
visto que várias são as dificuldades enfrentadas pelo profissional ao lidar com as situações
que surgem no grupo, como resistências parte do grupo, papéis desempenhados pelos
membros do grupo, liderança, a representatividade do grupo em fóruns e conselhos de
direitos, conflitos, queixas, formação de subgrupos (panelinhas), fechar as discussões
realizadas no grupo, interpretar a dinâmica implícita apresentada pelo grupo, administrar
expectativas do grupo e a viabilidade para realizá-las, lidar com as diferenças de pensamento,
tendo como base o objetivo comum do grupo.
Outro fator que contribuiu para que o profissional tenha as características mencionadas
é o fato de que a pessoa do coordenador é o recurso mais precioso que se tem quando se
trabalha com grupo. O que se quer dizer? “[...] Embora o profissional precise do
conhecimento técnico e outros atributos para coordenar um grupo, o que vai fazer a diferença
é a própria pessoa do coordenador: suas reações, seus valores e as atitudes que exibe”
(COREY, 1983 apud SIQUEIRA, 2008, p. 9).
Mas também há dificuldades enfrentadas no trabalho com grupos que envolvem a
pessoa do coordenador, e que segundo Siqueira (2008) podem ser
- Falta de experiência no trabalho com grupos; - Dificuldade em dizer “não”
para o grupo em situações que necessitam de limites; - Envolvimento afetivo
com o grupo interferindo nas ações profissionais; - Administração das
cobranças do grupo em função do vínculo afetivo criado entre o coordenador
e o grupo; - Vivenciar na própria família as mesmas situações surgidas no
grupo; - Ansiedade do coordenador pelo crescimento do grupo atropelando
ações; - Exigir responsabilidade e compromisso de membros do grupo que
dispersam a reunião; - Falar de sentimentos com o grupo; - Abordar temas
com o grupo, como morte, envelhecimento, sexualidade; - Interagir com o
grupo durante o desenvolvimento de dinâmicas, cujo objetivo é estimular a
representatividade em fóruns e conselhos de direitos; - Não priorização do
trabalho com o grupo pelo próprio profissional; - Lidar com as situações
surgidas no grupo referentes ao processo grupal; - Medo de não atingir os
objetivos profissionais do trabalho com as famílias; - Acomodação do
coordenador no tipo de trabalho desenvolvido; - Lidar com a autoridade. A
busca pelo autoconhecimento pelo assistente social vai possibilitar ao
próprio profissional administrar de maneira mais adequada aquelas situações
de grupo em que suas dificuldades mais se evidenciam (SIQUEIRA, 2008 p.
9-10).
Gentilli (2000) também discorre sobre algumas dificuldade que se materializam na
prática profissional dos assistentes sociais, seja no campo prático, seja na experiência didática.
42
A complexa relação que se estabelece entre teoria e prática compromete a prática profissional
no seu dia-a-dia. Entre essas dificuldades podemos mencionar o descuido da normalização da
prática profissional, como se o aprendizado se esgotasse nos ritos acadêmicos , como se fosse
suficiente observar e repetir, a negligência com o domínio das metodologias, priorizar o
desenvolvimento das habilidades reflexivas em detrimento das operativas e a necessidade do
aprofundamento teórico da instrumentalização da profissional. “[...] Emancipatórias e
dialéticas devem ser as práticas da profissão e não somente os discursos de suas organizações
e instituições, sobretudo por força de uma razão que faz sentido à luz da justiça e da proteção
social” (GENTILLI, 2000, p. 151).
O trabalho com grupos necessita de uma compreensão e percepção do profissional na
atualidade acerca da referida técnica a ser empregada. Até mesmo porque, apesar do estigma,
o trabalho com grupos tem uma intenção de atendimento mais ampla, envolvendo
intervenções com agrupamento de pessoas, caracterizando-se por ações de que pretendem
prestar orientações no sentido de assegurar direitos, não sendo assim vetadas, pelo Conselho
Federal de Serviço Social no documento de regulamentação da profissão (nº 8.662 de 07 de
Junho de 1993). Veja, a exemplo, o art. 4º da referida lei:
Art. 4º Constituem competências do Assistente Social: [...] III – encaminhar
providências, e prestar orientação social a indivíduos, grupos, e à população;
[...] V – orientar indivíduos e grupos de diferentes segmentos sociais no
sentido de identificar recursos e de fazer uso dos mesmos no atendimento e
na defesa de seus direitos; [...] (BRASIL, 2017, s.p grifo nosso).
O CFESS em termos de norma legal não faz nenhuma ressalva quanto ao trabalho com
grupos, ele veta as práticas terapêuticas realizadas no trabalho com grupos. A resolução
569/2010 valida intervenções profissionais que atendam a mais de um usuário
simultaneamente:
Art. 2º. Para fins dessa Resolução consideram-se como terapias individuais,
grupais e/ou comunitárias: a. Intervenção profissional que visa a tratar
problemas somáticos, psíquicos ou psicossomáticos, suas causas e seus
sintomas; b. Atividades profissionais e/ou clínicas com fins medicinais,
curativos, psicológicos e/ou psicanalíticos que atuem sobre a psique. Art. 3º.
Fica vedado ao Assistente Social vincular ou associar ao título de assistente
social e/ou ao exercício profissional as atividades definidas no artigo 2º desta
Resolução; Parágrafo primeiro – O Assistente Social, em seu trabalho
profissional com indivíduos, grupos e/ou famílias, inclusive em equipe
multidisciplinar ou interdisciplinar, deverá ater-se às suas habilidades,
competências e atribuições privativas previstas na Lei 8662/93, que
regulamenta a profissão de assistente social. Parágrafo segundo – A presente
Resolução assegura a atuação profissional com indivíduos, grupos, famílias
43
e/ou comunidade, fundamentada nas competências e atribuições
estabelecidas na Lei 8662/93, nos princípios do Código de Ética do
Assistente Social e nos fundamentos históricos, teóricos e metodológicos do
Serviço Social previstos na Resolução CNE/CES/MEC nº 15, de 13 de
março de 2002, garantindo o pluralismo no exercício profissional (CFESS,
2010, s.p).
Portanto, o que se pode perceber é que o trabalho com grupos é hoje uma prática
amplamente utilizada, incentivada pelas políticas públicas, ainda que rejeitada por parte dos
profissionais assistentes sociais, que muitas vezes desconhecem não só a prática, mas a teoria
e os instrumentais necessários para a efetivação de intervenções através do trabalho com
grupos.
2.3 O DEBATE SOBRE A INSTRUMENTALIDADE NO SERVIÇO SOCIAL E A
MANIFESTAÇÃO DO CFESS SOBRE O TRABALHO DE GRUPO E TERAPÊUTICOS
A utilização do trabalho com grupos como método de intervenção não é uma questão
pacífica dentre os profissionais assistentes sociais, ainda que seja incentivado pelas políticas
públicas vigentes e que ocorra na prática.
Após o Movimento de Reconceituação, o Serviço Social foi se distanciando da prática
com “trabalhos com grupos”. No período de 1978/79 e 1982 a formação profissional passou
por revisões que culminaram na substituição de “Serviço Social de Caso, Serviço Social de
Grupo e Serviço Social de Comunidade” pela disciplina “Instrumentação em Serviço Social”
e com a revisão de 1984 a disciplina passou a ser denominada “Metodologia e os Projetos de
Intervenção e Prática”.
Por consequência desse distanciamento criou-se um entendimento entre parte dos
profissionais assistentes sociais que ao tratar-se de trabalho com grupos logo remete-se ao
conservadorismo e às práticas terapêuticas.
Sobre as práticas terapêuticas a categoria vem realizando discussões sendo que esse
tema configura-se por divergências de ideias no campo do Serviço Social. Dentro da categoria
há dois segmentos opostos: de um lado estão os representantes da categoria através de
Conselho Federal de Serviço Social-CFESS, Conselho Regional de Serviço Social- CRESS e
a Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social-ABEPSS, entre outros, que
pretendem manter o que preconizam os regimentos legais da profissão – lei 8.662, de 1993, o
Código de Ética de 1993 e as Diretrizes Curriculares –, com vistas a consolidar a direção
social estratégica da profissão; do outro lado, alguns assistentes sociais que reivindicam o
reconhecimento para a implementação de “Práticas Terapêuticas” ou “Serviço Social Clínico”
44
na atuação profissional dos assistentes sociais, com o argumento de que tais “práticas” fazem
parte das competências e atribuições da categoria. Mas tais afirmações não estão de acordo
com o que dita o art. 4º e o art. 5º da Lei 8.662, de 1993, que trata das competências e
atribuições privativas dos assistentes sociais.
Uma das possíveis respostas para isso seria a de que essa resistência existiria
em função de uma suposta associação dessa técnica ao contexto do Serviço
Social Tradicional e/ou às práticas terapêuticas. Estas práticas terapêuticas,
especialmente aquelas caracterizadas no âmbito da Psicologia, são vetadas
ao profissional assistente social exercer, uma vez que o nosso curso não nos
qualifica nesta outra área do conhecimento (AMORIM, 2013, p. 13).
Na resolução do CFESS de número 569/2010, no que se referem as “Práticas
Terapêuticas”, é vedada a utilização destas atividades por entender que a formação
profissional na atualidade não está embasada nos preceitos teóricos da psicologia. É o que
preconiza este órgão que representa os assistentes sociais brasileiros:
[...] Ao vedar sua realização no exercício profissional do assistente social a
Resolução [569 de março de 2010] evidencia tão somente que a realização
das práticas requer conhecimento especializado e que este, por não se
constituir matéria do Serviço Social, não pode ser considerado competência
e atribuições profissionais do (a) assistente social (CFESS, 2010, p. 8).
Teixeira (2004), assistente social que desenvolve prática clínica no Instituto de
Psiquiatria da UFRJ afirma que:
[...] os assistentes sociais clínicos têm as suas práticas voltadas para o
atendimento de indivíduos, grupos, famílias que, por diversas razões, não
tiveram suas necessidades atendidas, sofrem psiquicamente e vivem em
situações concretas de exclusão e abandono. São constantemente solicitados
para intervirem nos conflitos familiares, nos conflitos comunitários e
interpessoais, em situações que envolvem crianças e adolescentes
desprotegidos ou desfavorecidos. Também atuam nas questões de
dependência química, de abuso sexual, de violência doméstica, nos campos
da saúde, da educação, da reabilitação, no campo sóciojurídico, empresas e
tantos outros (TEIXEIRA, 2004, p. 24-25 apud CFESS, 2008, p.9).
O CFESS atualmente veda o exercício de práticas terapêuticas ou do Serviço Social
Clínico por parte dos profissionais assistentes sociais. Essa proibição está descrita na
resolução 569/2010 e é alvo de fortes críticas por parte de alguns dos principais pensadores
(da atualidade) do Serviço Social brasileiro, a exemplo de Faleiros (2009). Apesar de longa, a
45
fala de Faleiros merece ser transcrita, visto que esclarece de forma contundente a questão,
defendendo que
O postulado de que uma profissão só limita ao que diz a lei explicitamente
esquece que a lei dá uma orientação geral e que até agora ninguém
questionou, diante da lei, o exercício de práticas terapêuticas por parte dos
assistentes sociais. Se ninguém questionou porque o CFESS questiona?
Quais os interesses de uma organização profissional dar um tiro no próprio
pé? A formação profissional do assistente social é generalista, colocando-o
com possibilidades de trabalhar as questões sócio-individuais com
competência, como se faz na prática clínica que não isola o sujeito da
sociedade e nem a sociedade do sujeito. O trabalho dos vínculos do sujeito
em suas múltiplas dimensões é objeto do currículo generalista, mas existem
inúmeras especializações. O CFESS deve respeitar as especializações, que
são um direito inalienável da pessoa humana e dos profissionais que
aprendem ao longo da vida. A ementa nega o processo de formação
continuada. A proposta de ementa é repressiva sobre o profissional, jogando
em cima dele um acervo de punições, e não é defensora dos direitos do
usuário. Se fosse defensora dos direitos do usuário recomendaria uma
formação adequada complementar à de generalista para poder contribuir com
a superação das situações opressivas vividas pelos sujeitos sociais.Trata-se
de uma proposta de ementa contrária à própria Lei 8862/93, contrária ao
Código de Ética, contrária à liberdade de exercício profissional e contrária à
defesa dos direitos dos usuários que deve ser rejeitada por completo
(FALEIROS, 2009, s.p.).
Entretanto, ainda que o CFESS proíba tais práticas terapêuticas, estas estão enraizadas
na História do Serviço Social, inclusive com uma definição internacional que a contempla. O
que se questiona é justamente por que o CFESS proíbe as práticas terapêuticas no Serviço
Social Brasileiro, na contramão do Serviço Social mais atual a nível mundial. Por outro lado
ainda, o CFESS não pode desconsiderar a história, sendo que tais práticas existem e tem sua
efetividade comprovada e foram amplamente empregadas pela assistente social Virginia
Satir13
fundadora da prática terapêutica com famílias, entre outros profissionais. Faleiros
pergunta por que o Brasil quer ser uma exceção? (FALEIROS, 2009).
É uma pergunta pertinente que não pode ser ignorada pela categoria, pois se tais
práticas terapêuticas estão sendo efetivadas na prática, incentivadas pelas políticas públicas,
como as realizadas pelo CAPS, por que então são proibidas?
13
Virgina Satir (1916 – 1989), terapeuta conhecida internacionalmente. É considerada a pioneira na constituição
do pensamento sistêmico no trabalho terapêutico em diversos segmentos: Terapia familiar, Constelação Familiar,
PNL. Foi uma das idealizadora, fundadora e pesquisadora do Instituto de Pesquisa Mental (MRI) em Palo Alto,
Califórnia no final da década de 50, juntamente com Don Jackson, Jules Raskin e Gregory Bateson. É uma das
líderes da formulação de ideias nas áreas de estudos interacionais sistêmicos, incluindo o tratamento de
indivíduos, casais e famílias. No MRI desenvolveu pesquisas sobre a interação familiar e as relações entre os
membros saudáveis e os doentes, bem como ministrou treinamentos em terapia familiar, que ficaram famosos no
mundo. (FORMAÇÃO DO MODELO DE VALIDAÇÃO HUMANA VIRGINA SATIR, 2017)
46
2.4 A DEMANDA DO MERCADO PARA O TRABALHO COM GRUPOS DO
ASSISTENTE SOCIAL
No decorrer da elaboração desse trabalho de conclusão de curso foi possível perceber
que há uma demanda por profissionais do Serviço Social que realizem o trabalho com grupos,
nas mais diversas áreas de atuação profissional.
Os Programas Sociais tem como exigências para o recebimento de benefícios a
participação em grupos coordenados por assistentes sociais com o objetivo de informar os
direitos que esses usuários têm garantido pela legislação brasileira. Esses encontros são
geralmente realizados por assistentes sociais que exercem sua função na assistência básica nos
CRAS e no Serviço de proteção e atendimento especializado a famílias e indivíduos –
CREAS.
O setor de saúde também solicita em suas demanda a realização de trabalho com
grupos, explicitamente no documento “Parâmetros para Atuação dos Assistentes Sociais na
Política de Saúde”, elaborado pelo Grupo de Trabalho “Serviço Social na Saúde”, do conjunto
CFESS/CRESS, o qual apresenta as atribuições e Competências das (os) Assistentes Sociais:
[...] encaminhar providências e prestar orientação social a indivíduos, grupos
e à população; orientar indivíduos e grupos de diferentes segmentos sociais
no sentido de identificar recursos e de fazer uso dos mesmos no atendimento
e na defesa de seus direitos. Dentre as principais atividades a serem
efetivadas, destaca-se: criar grupos socioeducativos e de sensibilização junto
aos usuários, sobre direitos sociais, princípios e diretrizes do SUS; realizar
atividades de grupos com os usuários e suas famílias, abordando temas de
interesse dos mesmos (CFESS/CRESS, 2010, s.p. grifo nosso).
Na área da educação também há a necessidade do conhecimento do trabalho com
grupos. Isto pode ser percebido na descrição do cargo de assistente social da Universidade
Federal do Espírito Santo, onde consta como requisito de qualificação para ingresso no cargo
exercer as atividades de
Orientar indivíduos, famílias, grupos, comunidades e instituições:
Esclarecer dúvidas, orientar sobre direitos e deveres, acesso a direitos
instituídos, rotinas da instituição, cuidados especiais, serviços e recursos
sociais, normas, códigos e legislação e sobre processos, procedimentos e
técnicas; ensinar a otimização do uso de recursos; organizar e facilitar;
assessorar na elaboração de programas e projetos sociais; organizar cursos,
palestras, reuniões. Coordenar equipes e atividades: Coordenar projetos e
grupos de trabalho; recrutar selecionar e pessoal; participar do planejamento
de atividades de treinamento e avaliação de desempenho dos recursos
humanos da instituição (UFES, 2017, s.p., grifo nosso.).
47
Essa mesma universidade tem em sua grade curricular do curso de Serviço Social a
disciplina de processo grupal com carga horária de 60 horas.
Ainda, o trabalho com grupos tem sido solicitado como requisito principal para
exercício de determinadas funções destinadas aos profissionais assistentes sociais, em
processos seletivos, como por exemplo, no Serviço Social do Comércio - Sesc do Estado do
Paraná, que no município de Maringá está realizando a contratação de um profissional para o
cargo de Técnico de Atividades - trabalho com grupos, ao qual podem concorrer candidatos
com Nível Superior completo em Serviço Social (PCI CONCURSOS, 2017).
Desta forma, fica evidenciada a importância de serem aprofundados os estudos sobre
esse método de intervenção para uma melhor prestação do serviço profissional que exige
intervenção grupal, nas mais diversas áreas de atuação, de modo que há necessidade da
produção de estudos e debates da categoria sobre o ensino dessa prática interventiva na
formação profissional do assistente social, para que seja mantida sua identificação enquanto
profissão interventiva.
48
3 A PERCEPÇÃO DA ABORDAGEM COM GRUPO POR PROFISSIONAIS
ASSISTENTES SOCIAIS NAS ÁREAS PESQUISADAS: DÚVIDAS, DILEMAS E
ALGUMAS INDEFINIÇÕES
Neste terceiro e último capítulo o objetivo é apresentar a pesquisa realizada nos
campos cadastrados para o campo de estágio na Universidade do Oeste do Paraná – campus
de Toledo sendo eles; CRAS-CEU, CREAS II, CAPS II, Secretaria de Educação, Hospital
Bom Jesus, Prati-Donaduzzi, Serviço Auxiliar a Infância (SAI) e o Conselho da Comunidade,
para compreender a realidade do trabalho com grupos no município de Toledo-PR, bem como
os procedimentos metodológicos adotados para a realização da pesquisa, trazendo
informações importantes acerca da metodologia e métodos utilizados. Feito isto, passa-se à
apresentação dos dados coletados mediante a aplicação de questionário previamente
elaborado e à análise dos mesmos.
A pesquisa estará disponível na biblioteca da Universidade Estatual do Oeste do
Paraná – Unioeste/Campus Toledo para contribuir com o seu acervo, ainda mais pelo fato de
que não há no acervo nenhum trabalho de conclusão de curso que aborde a temática da prática
profissional do assistente social no trabalho com grupos.
3.1 METODOLOGIAS ADOTADAS NA PESQUISA E A BIBLIOGRAFIA SOBRE
ABORDAGEM DO TRABALHO COM GRUPO
Inicialmente vale diferenciar “metodologia” e “método” sendo que, para Tartuce
(2006), metodologia científica trata de “método” e “ciência”.
Método (do grego methodos; met'hodos significa, literalmente, “caminho
para chegar a um fim”) é, portanto, o caminho em direção a um objetivo;
metodologia é o estudo do método, ou seja, é o corpo de regras e
procedimentos estabelecidos para realizar uma pesquisa; (TARTUCE, 2006,
apud GERHARDT; SILVEIRA, 2009, p. 11).
Em se tratando de uma pesquisa científica, esta compreende o conjunto de
conhecimentos precisos e metodicamente ordenados em relação a determinado domínio do
saber, logo, metodologia científica configura-se como “um estudo sistemático e lógico dos
métodos empregados nas ciências, seus fundamentos, sua validade e sua relação com as
teorias científicas”. Por sua vez, o método científico diz respeito a um “conjunto de dados
iniciais e um sistema de operações ordenadas adequado para a formulação de conclusões, de
acordo com certos objetivos predeterminados” (GERHARDT; SILVEIRA, 2009).
A atividade preponderante da metodologia é a pesquisa, pois o conhecimento humano
49
pode ser entendido como uma relação estabelecida entre o sujeito e o objeto, de forma que a
apreensão simples da realidade cotidiana é um conhecimento popular ou empírico. Por outro
lado, se tratar-se de um estudo aprofundado e metódico da realidade estaremos falando em
conhecimento científico (TARTUCE, 2006, apud GERHARDT; SILVEIRA, 2009).
Metodologia é o estudo da organização, dos caminhos a serem percorridos, para se
realizar uma pesquisa ou um estudo, ou para se fazer ciência, sendo que para a metodologia
importa a validade do caminho escolhido para se chegar ao fim proposto pela pesquisa. A
metodologia vai além da descrição dos procedimentos (métodos e técnicas a serem utilizados
na pesquisa), indicando a escolha teórica realizada pelo pesquisador para abordar o objeto de
estudo (GERHARDT; SILVEIRA, 2009).
A metodologia, portanto, é um fator importante na construção da qualquer pesquisa
sendo que o método é o processo para se atingir um determinado fim ou para se chegar ao
conhecimento, de modo que a metodologia deve ser entendida como o conjunto de
procedimentos técnicos utilizados para a realização da pesquisa, para a sistematização dos
dados e como forma de análise dos resultados.
Este trabalho teve como base inicial uma pesquisa bibliográfica, desenvolvida a partir
de materiais publicadas em livros, artigos, dissertações e teses, sendo considerado um
procedimento imprescindível, pois através dela se buscou o conhecimento sobre o tema
abordado. Como base de pesquisa bibliográfica utilizaram-se obras que tratam do processo
histórico do Serviço Social com ênfase no trabalho com grupos e de seus instrumentais, sendo
essa base bibliográfica composta pelos seguintes autores: Carvalho (2014), Cardoso (2013),
Faleiros (2005,2013), Ferreira (1981), Friedlander (1975), Guerra (1995, 2000, 2007), Gomes
(2016), Kisnerman (1973), Konopka (1968), Raichelis (1988), Siqueira (2016), Silva (2014),
Torres (1985), Zimerman (1997).
Para compreender a realidade do trabalho com grupos no município de Toledo-PR
buscou-se primeiramente entender o processo histórico e a prática profissional por meio de
bibliografias, sendo que foi utilizada bibliografia encontrada na biblioteca da Universidade
Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste/Campus Toledo. Sobre os instrumentais necessários à
prática profissional do assistente social, no que se refere ao trabalho com grupos, foi
constatada uma grande dificuldade em encontrar bibliografias recentes que realizem estudos
sobre o tema. Num segundo momento realizaram-se entrevistas com profissionais assistentes
sociais que desenvolvem o trabalho com grupos nos seus espaços de trabalho.
Como critério de inclusão optou-se em incluir como participantes da pesquisa que
50
trabalham nos campos cadastrados para campo de estágio do curso de Serviço Social da
Universidade do Oeste do Paraná, Campus de Toledo serão pesquisados os seguintes campos
o CRAS CEU, CREAS II, CAPS II, Secretaria de Educação, Hospital Bom Jesus, Prati
Donaduzzi, Serviço Auxiliar a Infância (SAI) e o Conselho da Comunidade, que realizam
trabalho com grupos na sua prática profissional. Foi critério de exclusão os assistentes sociais
que não estão inseridos nos campos de estágio credenciados a Universidade Estadual do Oeste
do Parará. Os sujeitos que desistam de participar da pesquisa ou mesmo os que se negarem a
serem entrevistados.
O tamanho da amostra foi de 08 (oito) assistentes sociais que tem vinculo
empregatício nos espaços ocupacionais que fazem parte dos campos cadastrados para o
campo de estágio na Universidade do Oeste do Paraná – Campus de Toledo sendo eles; CRAS
CEU, CREAS II, CAPS II, Secretaria de Educação, Hospital Bom Jesus, Prati Donaduzzi,
Serviço Auxiliar a Infância (SAI) e o Conselho da Comunidade.
Para tanto, a pesquisa constituiu-se em uma pesquisa bibliográfica e também em uma
pesquisa de campo, via aplicação de questionário pré-elaborado, com objetivo de coletar
dados sobre o trabalho com grupos no município de Toledo-PR, junto aos profissionais
assistentes sociais. Assim, a proposta metodológica desse estudo objetiva explicar os
caminhos percorridos para a elaboração deste trabalho e os instrumentais utilizados para a
análise dos dados obtidos e a forma utilizada para a descrição do conteúdo pesquisado.
Após a pesquisa bibliográfica buscou-se identificar a prática do trabalho com grupos
realizados pelos profissionais do Serviço Social nos campos cadastrados para o campo de
estágio na Universidade do Oeste do Paraná – Unioeste/campus Toledo sendo eles: CRAS-
CEU, CREAS II, CAPS II, Secretaria de Educação, Hospital Bom Jesus, Prati-Donaduzzi,
Serviço Auxiliar a Infância (SAI) e o Conselho da Comunidade.
A presente pesquisa, além de seu caráter de pesquisa bibliográfica tem também um
caráter de pesquisa de campo, sendo que a importância de realizar-se a pesquisa de campo
nestes locais pré determinados se justifica, pois, conforme Severino, na pesquisa de campo o
objeto deve ser abordado em seu ambiente, e a coleta de dados deve ser feita em condições
naturais, onde o pesquisador apenas observa sem intervir. Para isto, são necessárias as
técnicas de pesquisa, que para Severino, são as formas operacionais que possibilitam a
mediação prática para se realizar a pesquisa (SEVERINO, 2013). A pesquisa de campo
permite que o pesquisador fique mais próximo de seu objeto, ou seja, “[...] partindo da
construção teórica do objeto de estudo, o campo torna-se um palco de manifestações de
51
intersubjetividades e interações entre pesquisador e grupos estudados propiciando a criação de
novos conhecimentos”. (NETO, 1996, p. 54).
Para a elaboração deste ultimo capítulo realizaram-se então entrevistas
semiestruturadas de acordo com o questionário pré-elaborado que encontra-se anexo no
apêndice A. Justifica-se o uso da entrevista visto que, segundo Gil (1987), a entrevista é uma
forma de interação social, pois permite o diálogo entre o pesquisador e o sujeito da pesquisa.
Através da entrevista foram coletadas informações sobre a realidade da prática profissional
nos campos pesquisados, configurando-se como uma interação entre pesquisador e
pesquisados. O pesquisador visou compreender o que os sujeitos pensam, sabem, fazem e
argumentam sobre o objeto da pesquisa, isto é, sobre o trabalho com grupos. Neste sentido
afirmam Ludke e André (1986):
Ao lado da observação, a entrevista representa um dos instrumentos básicos
para a coleta de dados, dentro da perspectiva de pesquisa que estamos
desenvolvendo neste livro. Esta é, aliás, uma das principais técnicas de
trabalho em quase todos os tipos de pesquisa utilizadas nas ciências sociais.
Ela desempenha importante papel não apenas nas atividades científicas como
em muitas outras atividades humanas. [...] na entrevista a relação que se cria
é de interação, havendo uma atmosfera de influência recíproca entre quem
pergunta e quem responde. (LUDKE, ANDRÉ, 1986, p.33)
A opção pela entrevista através de questionário previamente elaborado se justifica para
que a coleta de dados ocorra de forma objetiva e eficaz, e, ao mesmo tempo, para que a
entrevista ocorra de forma dinâmica. Severino (2013) define o questionário como o
Conjunto de questões, sistematicamente articuladas, que se destinam a
levantar informações escritas por parte dos sujeitos pesquisados, com vistas
a conhecer a opinião dos mesmos sobre os assuntos em estudo. As questões
devem ser pertinentes ao objeto e claramente formuladas, de modo a serem
bem compreendidas pelos sujeitos. As questões devem ser objetivas, de
modo a suscitar respostas igualmente objetivas, evitando provocar dúvidas,
ambiguidades, e respostas lacônicas. Podem ser questões fechadas ou
questões abertas. (SEVERINO, 2013, p. 125)
E ainda, outro fator que contribuiu para que a pesquisa se realizasse sob a forma de
questionário escrito foi o fato de que tentou-se fazer entrevistas presenciais e gravadas com os
profissionais assistentes sociais, porém, todos os profissionais da amostra, optaram por
responder o questionário por escrito. No primeiro contato, foi apresentado aos entrevistados
os objetivos da pesquisa, informando-os sobre o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE), e os princípios e diretrizes do Código de Ética Profissional do/a Assistentes Sociais,
pelo qual a entrevista se manterá sobre total sigilo, resguardando seu nome que será omitido
52
do trabalho, sendo apresentado no trabalho na forma de um número de ordem em algarismo.
O tipo de abordagem de dados que foi realizada é uma abordagem qualitativa de
pesquisa, sendo que a pesquisa qualitativa “[...] considera que há uma relação dinâmica entre
o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a
subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números.” (SILVA; MENEZES, 2005,
p.20). Em outras palavras, a pesquisa qualitativa é caracterizada como aquela que “[...] não
pretende numerar ou medir unidades ou categorias homogêneas” (RICHARDSON; PERES,
2008, p.79). Em se tratando de pesquisa qualitativa, esta é dividida em três momentos: (1)
fase exploratória; (2) trabalho de campo e (3) análise de dados (MINAYO, 2001).
A última fase da pesquisa foi iniciada pela compreensão do fenômeno estudado,
realizando uma síntese que representa suas ligações e reações e teorizar através do método por
que aparecem dessa forma. O método utilizado foi o científico que engloba algumas etapas
como (1) a observação, (2) a formulação de uma hipótese, (3) a experimentação, (4) a
interpretação dos resultados e, por fim, (5) a conclusão. Sobre a pesquisa
[...] conclui-se que todo o processo investigativo surge de um problema o
que conduz à construção de hipóteses, como respostas provisórias e que
possibilita o delineamento de ações de verificação para comprovação ou não
das mesmas, ou seja, “desse modo, cada um poderá julgar os saberes
produzidos e sua credibilidade. Essa operação de objetivação, como a
concentração em um problema, está hoje no centro do método científico”
(LAVILLE; DIONNE, 1999, p. 46 apud OLIVEIRA, 2004, p.132).
Para a análise que se faz necessária neste trabalho após a aplicação do questionário, a
metodologia de tratamento que será utilizada é a análise de conteúdo, que objetiva “[...]
compreender criticamente o sentido manifesto ou oculto das comunicações” (SEVERINO,
2013 p. 121). E se justifica, pois a análise de conteúdo
Envolve, portanto, a análise do conteúdo das mensagens, os enunciados do
discurso, a busca do significado das mensagens. As linguagens, a expressão
verbal, os enunciados, são vistos como indicadores significativos,
indispensáveis para a compreensão dos problemas ligados às práticas
humanas e a seus componentes psicossociais. As mensagens podem ser
verbais (orais ou escritas), gestuais, figurativas, documentais (SEVERINO,
2013, p.121).
Assim, através de uma análise prévia das respostas obtidas nos questionários, da
compreensão dos dados coletados, foi possível confirmar que no município de Toledo existe
trabalho com grupos realizado pelos assistentes sociais e compreender como está sendo
realizado esse trabalho, além de averiguar quais são as bases teóricas e os instrumentos
53
utilizados pelos profissionais.
3.2 QUESTÕES PRELIMINARES, PROBLEMAS DE PESQUISA E PERFIL DOS
ENTREVISTADOS
Como parte da pesquisa a ser realizada para a elaboração do presente trabalho de
conclusão de curso faz-se necessário apresentar algumas questões preliminares antes de
adentrar na análise dos dados coletados.
Neste subitem será realizada uma breve apresentação dos campos pesquisados, que são
os campos de estágio ofertados pela Universidade do Oeste do Paraná – Unioeste/Campus
Toledo aos graduandos do curso de Serviço Social, e também uma apresentação do perfil dos
profissionais entrevistados.
No que se refere à pesquisa, informa-se desde logo que os profissionais assistentes
sociais que participaram foram submetidos a um questionário previamente elaborado e foi
lhes dada a opção de realizar esse questionário de forma descritiva ou por meio de entrevista
gravada, sendo que todos os profissionais optaram por responder de forma descritiva e
individualmente, sem a presença do pesquisador.
O Gráfico 1 representa a análise da idade dos profissionais entrevistados, sendo que o
perfil dos participantes da pesquisa, no quesito idade, mostrou-se bem abrangente, com idades
variando entre 20 e 60 anos, e posibilitou a elaboraçao de um perfil bem variado conforme
demostrado no grafico abaixo:
GRÁFICO 1 – Idade dos profissionais assistentes sociais entrevistados
Fonte: Dados coletados na pesquisa (2017)
O Gráfico 2 representa o nível de escolaridade dos profissionais entrevistados e
25%
13%
38%
25%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
20-30 30-40 40-50 50 acima
Idade dos entrevistados
Idade dos entrevistados
54
permite constatar que somente a metade dos entrevistados realizou a continuidade em seus
estudos após a conclusão do curso de graduação, muito embora durante toda a graduação seja
exaustivamente trabalhada a importância da continuidade dos estudos.
GRÁFICO 2 – Escolaridade dos profissionais assistentes sociais entrevistados
Fonte: Dados coletados na pesquisa (2017)
O Gráfico 3 representa o nível de aperfeiçoamento dos profissionais entrevistados, e
demostra que a maioria dos profissionais realizam aperfeiçoamento em outras áreas. Entre
esses cursos de aperfeiçoamento há uma variedade de áreas procuradas, como gestão escolar,
trabalho pedagógico, sócioterapia, gestão em saúde, atendimento ao público, conselhos de
direitos, família, tribunal de contas e em outras áreas não informada pelos entrevistados.
GRÁFICO 3 – Realização de cursos de aperfeiçoamento em outras áreas
Fonte: Dados coletados na pesquisa (2017)
50% 50%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
Graduação Especializações
Porcentagem de profissionais com especializações
Porcentagem deprofissionais comespecializações
25%
75%
0%
20%
40%
60%
80%
Não realizaramaperfeiçoamento
Realizaramaperfeiçoamento
Cursos de aperfeiçoamento em outras áreas
Cursos deaperfeiçoamenro emoutras áreas
55
O Gráfico 4 refere-se ao perfil dos entrevistados e apresenta o período de formação da
graduação dos entrevistados, isto é, em que ano concluíram o curso de graduação em Serviço
Social. Por meio desse gráfico podemos perceber que a amostra contempla um grande período
de formação no tempo.
GRÁFICO 4 – Período da conclusão da graduação das entrevistadas
Fonte: Dados coletados na pesquisa (2017)
Da análise dos gráficos apresentados acima observamos que essa pesquisa foi capaz de
abranger uma grande diversidade entre os entrevistados no quesito idade; foi capaz de
comtemplar uma ampla abrangência no que se refere ao período de conclusão da graduação
em Serviço Social, que conseguindo abranger um significante ciclo, isto pode observar as
mais variadas perspectivas dos profissionais tendo em vista as mudanças que eventualmente
ocorreram nos cursos de Serviço Social.
Assim, levando em conta o perfil dos profissionais entrevistados, pode-se ter uma
visão mais ampla sobre os assistentes sociais que participaram da pesquisa e sua prática
profissional, aí inseridas as perspectivas teóricas utilizadas por cada um deles. Isto feito,
cumpre agora entender quais são os campos em que os profissionais entrevistados realizam o
seu trabalho, com ênfase nas atividades realizadas com grupos, e, em seguida, proceder a
análise dos dados coletados.
13%
38%
25% 25%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
1980-1990 1990-2000 2001-2010 2011-2017
Período da conclusão da graduação
Período da conclusão dagraduação
56
3.3 IDENTIFICAÇÃO E APRESENTAÇÃO DOS CAMPOS CADASTRADOS PARA O
CAMPO DE ESTÁGIO DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL NA UNIVERSIDADE
ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE/CAMPUS TOLEDO QUE
EXECUTAM O TRABALHO COM GRUPOS
O presente subitem tem como intuito apresentar os campos escolhidos para serem
analisados e se em seus espaços é realizado o trabalho com grupos e de que forma que é
executado.
Integram a pesquisa os campos que a Universidade Estadual do Oeste do Paraná –
Unioeste/Campus Toledo oferta para campo de estágio aos seus graduandos no Curso de
Serviço Social. Foi feita a opção por campos de atuação em áreas variadas como Educação,
Sócio- Jurídica, Saúde, Assistência e iniciativa privada. São eles: CRAS-CEU, CREAS II,
CAPS II, Secretaria de Educação, Hospital Bom Jesus, Prati-Donaduzzi, Serviço Auxiliar a
Infância (SAI) e o Conselho da Comunidade, todos no município de Toledo-PR.
Desta maneira, sabe-se que há um contexto muito mais amplo que envolve todos os
profissionais assistentes sociais, para além dos campos contemplados por esta pesquisa.
Porém, é impossível abranger todas as esferas de atuação do assistente social, de modo que se
optou por estes campos específicos para a realização da pesquisa. E a opção se dá justamente
para descobrir como se dá a prática profissional do assistente social nestes campos, se o
profissional compreende o que é e se ele realiza o trabalho com grupos, que teorias embasam
sua prática e os instrumentais utilizados no desenvolvimento de seus projetos com grupos.
Para uma melhor compreensão do que é o trabalho com grupos e como ele se realiza
no município de Toledo, desde logo apresenta-se todos os campos, individualmente,
discorrendo sucintamente sobre a natureza do trabalho que ali se realiza.
3.3.1 Conselho da comunidade na Comarca de Toledo
O primeiro campo abordado é o Conselho da comunidade na Comarca de Toledo, que
iniciou seus trabalhos no dia 10 de outubro de 2005, sob a supervisão da Juíza da Vara de
Execução Dra. Luciana Beal, com o objetivo de realizar a fiscalização do cumprimento de
regime de prisão fechado, sendo realizado este trabalho na Cadeia Pública De Toledo – PR.
Integram esse conselho aproximadamente 12 conselheiros, podendo variar para mais ou
menos, sendo composto por pessoas da sociedade civil, entre empresários, voluntários,
entidades, clubes de serviços e igrejas (BELLE, 2017, p. 2). Define-se o Conselho da
comunidade na Comarca de Toledo:
57
Art.1º – O Conselho da Comunidade da Comarca de Toledo é uma
associação civil, sem fins lucrativos, que tem por finalidade auxiliar o Poder
Judiciário e o Ministério Público na execução e fiscalização das penas
privativas de liberdade, das penas restritivas de direito, da pena de multa, do
livramento condicional, da suspensão condicional da pena, da suspensão
condicional do processo e das transações penais, bem como dar assistência
aos apenados e aos presos recolhidos em estabelecimentos penais localizados
no âmbito territorial da Comarca de Toledo. Art.2º – Sua sede, por tempo
indeterminado, situa-se na rua Almirante Barroso, 3.222, Toledo – Paraná,
CEP nº 85.905-010.Art.3º – Foi criado para, entre outras finalidades, dar
cumprimento ao disposto no art.4º e no Capítulo VIII do Título III da Lei de
Execução Penal (Lei nº 7.210/84) e será regido pelo presente estatuto e
alterações respectivas (TOLEDO, 2015, p.1 apud BELLE, 2017 p. 2).
Os principais objetivos do Conselho da Comunidade de Toledo são, além de gerenciar
a obtenção de recursos matérias e humanos para assistência ao preso, fornecer assistência
social, psicológica e jurídica aos detentos, e estabelecer parcerias de uma rede social de
fiscalização das alternativas sociais e de programas de prevenção de crimes. Para isso o
Conselho da Comunidade coloca em prática vários planos, programas e projetos visando a
efetivação destes objetivos. (BELLE, 2017)
Integra o Conselho da Comunidade Conselho da Comunidade uma assistente social do
que trabalha com os grupos de detentos em alguns projetos: Projeto recomeçar, Projeto PID –
Programa de inclusão digital, Projeto artesanato e o Projeto Lavanderia. (BELLE, 2017)
3.3.2 Hospital Bom Jesus- HOESP (Associação Beneficente do Oeste do Paraná)
O segundo campo abordado é o Hospital Bom Jesus, que foi fundado em 14 de
setembro de 1971, na cidade de Toledo Paraná. No ano de 2004 o hospital passou a ser
denominado HOESP (Associação Beneficente do Oeste do Paraná), definido em seu estatuto
como entidade da organização de sociedade civil de interesse público, sem fins econômicos,
de direito privado, com autonomia administrativa e financeira (HOESP, 2017 apud
OLIVEIRA, 2017).
A inserção do Serviço Social na instituição se deu no ano de 1996, e hoje é formado
por duas assistentes sociais e estagiárias que desenvolvem vários projetos, sendo alguns com
grupos, são eles: Curso para Casais Grávidos, Banco de Leite, Projeto Conscientização e
Humanização do acompanhante, Projeto Saúde do Trabalhador – HOESP e Projeto Vida Bom
Jesus (OLIVEIRA, 2017).
58
3.3.3 Centro de referência da assistência Social – CRAS
O terceiro campo abordado é o CRAS - Centro de referência da assistência Social, que
tem como objetivo a prevenção de riscos, por meio do desenvolvimento de potencialidades e
do fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, tendo como eixo central o PAIF –
Programa de Atenção Integral a Famílias (seus membros enquanto indivíduos e grupo),
ofertando serviços e ações continuadas, tendo como prioridade o atendimento de famílias com
maior grau de vulnerabilidade, as beneficiárias do Programa Bolsa Família e do Benefício de
Prestação Continuada, com ações que “visem à sustentabilidade, de forma a romper com o
[...] processo de exclusão social, e evitar que essas famílias e indivíduos tenham seus direitos
violados, recaindo em situação de vulnerabilidade e riscos”. (BRASIL, 2009, p. 36). O PNAS
define CRAS como sendo
[...] a unidade pública municipal, de base territorial, localizada em áreas com
maiores índices de vulnerabilidade e risco sociais destinados a articulação
dos serviços socioassistenciais no território de abrangência e a 11 prestação
de serviços, programas e projetos socioassistenciais de proteção de proteção
social básica as famílias. (Incluído pela Lei n º 12.435, de 2011).
Os serviços de atuação do CRAS se dividem em três principais: o Serviço de Proteção
e Atendimento Integral à Família – PAIF; o Serviço de Convivência e Fortalecimento de
Vínculos – SCFV, organizados por faixa etária (crianças, adolescentes, jovens e idosos); e o
Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas.
(BRASIL, 2009). Assim, tanto o Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família –
PAIF; quanto o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos – SCFV, realiza
trabalho com grupos, de acordo com o seu ciclo de vida, a fim de complementar o trabalho
social com famílias e prevenir a ocorrência de situações de risco social (BRASIL, 2016).
Alguns dos objetivos principais do Serviço de Convivência de Fortalecimento de
Vínculos visam prevenir a ocorrência de situações de risco social, fortalecendo a convivência
familiar e comunitária, a fim de impedir a institucionalização e a segregação de crianças,
adolescentes, jovens e idosos, em especial, das pessoas com deficiência, assegurando o direito
à convivência familiar e comunitária, promovendo acessos a benefícios e serviços
socioassistenciais e fortalecendo a rede de proteção social de assistência social nos territórios,
contribuindo para o usufruto dos usuários aos demais direitos, que oportunizam o acesso às
informações sobre direitos e sobre participação cidadã, estimulando o desenvolvimento do
protagonismo dos usuários. Busca-se especialmente, contribuir para a redução de risco social,
59
ampliação do acesso aos direitos socioassistenciais e melhoria da qualidade de vida dos
usuários e suas famílias (BRASIL, 2009)
Além do projeto do Serviço de Convivência de Fortalecimento de Vínculos as
profissionais que atuam do CRAS realizam outros trabalhos com grupos como o Projeto
Cegonha Feliz, Programa Informar para Direitos, Roda da Conversa, Projeto Fortalecendo
Família e o ProJovem Adolescente (MOTTA, 2017)
3.3.4 Prati-Donaduzzi Medicamentos Genéricos
Outro campo abordado é a indústria farmacêutica Prati-Donaduzzi, fundada em 1993 e
que está localizada em Toledo-PR. “[...] É uma das principais indústrias de medicamentos
com foco em genéricos do Brasil e o maior laboratório em fornecimento de doses para o
governo brasileiro, além de ser um dos laboratórios que mais crescem no país com a maior
produção do Brasil” (RODRIGUES; OLIVEIRA, 2017, p.8).
O Serviço Social surgiu na empresa em meados de 2005, com a contratação de um
profissional assistente social em 2011, renomeando-se o setor que passou a ser chamado
Responsabilidade Social (RODRIGUES; OLIVEIRA, 2017)
Desde sua criação até a atualidade o Serviço Social destina-se a realizar práticas que
visem à melhoria da condição de vida e de trabalho dos funcionários e de seus familiares,
desenvolvendo ações de acompanhamento e orientação aos mesmos, mediante a possíveis
dificuldades encontradas, tais como: dificuldade na adaptação do trabalho, problemas de
relacionamento interpessoais, orientação aos funcionários facilitando seu acesso a recursos
institucionais ou a outro serviço oferecido pelo setor público ou privado, encaminhamento dos
que possuem dependência química para tratamento especializado, atendimentos
individualizados; encaminhamentos para outras áreas como: Saúde, Psicologia, Nutrição,
entre outras, entrevistas de desligamento, treinamentos, orientação para utilização de vale-
transporte, visita para recrutamento de funcionários, visita domiciliar para os funcionários que
estão afastados pelo INSS, (licença maternidade, auxílio doença, acidente de trabalho e
trajeto; entre outras que sejam solicitadas) fornecimento de auxílio alimentação, etc.
(RODRIGUES; OLIVEIRA, 2017)
60
3.3.5 Serviço auxiliar da infância- SAI
Outro campo escolhido foi o SAI - Serviço auxiliar da infância, devido sua prática de
trabalho com grupos, através do GAAT – Grupo de Apoio a Adoção de Toledo. Esse serviço
foi instituído pelo Decreto Judiciário nº 1.057 de 09 de Dezembro de 1991, divulgado no
Diário da Justiça de 17 de Novembro de 1992, substituindo o extinto Programa de Liberdade
Assistida – PLA, e tem atuação junto a Vara de Infância e Juventude de Toledo, sendo
diretamente subordinado a Corregedoria Geral da Justiça do Estado do Paraná.
O SAI tem como demanda crianças e adolescentes que estão em situações de
vulnerabilidade como violência física, abuso sexual, negligência, abandono material, adoção,
etc., visando à garantia da proteção dos direitos de crianças e adolescentes.
Dentro as atribuições do assistente social do SAI está a realização do Projeto do
GAAT que se efetivou a partir da Portaria n° 017 de 26 de Junho de 2008. O projeto foi
instituído pelo Juiz de Direito da Vara da Infância e Juventude da Comarca de Toledo, Dr.
Rodrigo Rodrigues Dias, e sua efetivação se deu com o apoio do Curso de Serviço Social da
Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste/Campus Toledo, através do Núcleo Temático
da Política da Criança e do Adolescente e a Política da Juventude do Curso de Serviço Social
coordenado pela professora Dra. Zelimar Bidarra.
O Grupo de Apoio a Adoção de Toledo (GAAT) é um projeto que o profissional do
Serviço Social desenvolve com grupos e tem por objetivo estabelecer experiências e
informações entre os profissionais que atuam no Serviço Auxiliar da Infância e os postulantes
à adoção.
3.3.6 Centro de Referência Especializado em Assistência Social – CREAS I (Serviço de
Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos – PAEFI adulto)
Também será abordado o Centro de Referência Especializado de Assistência Social –
CREAS, que é uma unidade pública da política de Assistência Social onde são atendidas
famílias e pessoas que estão em situação de risco social ou tiveram seus direitos violados. A
unidade deve, obrigatoriamente, ofertar o Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a
Famílias e Indivíduos (PAEFI), podendo ofertar outros serviços, como Abordagem Social e
Serviço para Pessoas com Deficiência, Idosas e suas famílias. É unidade de oferta ainda do
serviço de Medidas Socioeducativas em Meio Aberto (BRASIL, 2016).
O município de Toledo conta com dois centros que desenvolvem o Serviço de
61
Proteção Social de Média Complexidade, Centros de Referência Especializado de Assistência
Social – CREAS I e CREAS II, porém faz parte da presente pesquisa apenas o CREAS I.
O CREAS I foi inaugurado em 16 de dezembro de 2009, localizado na Vila Pioneiro,
rua Dr. Cyro Fernandes do Lago, n° 167, município de Toledo – PR, e executava apenas os
Serviços de Proteção Social a Adolescente em Cumprimento a Medida Socioeducativa de
Liberdade Assistida e de Prestação de Serviços à Comunidade (VEISS, 2017), e oferta os
seguintes serviços: Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos
(PAEFI); Serviço de Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento de Medida
Socioeducativa de Liberdade Assistida (LA), e de Prestação de Serviços à Comunidade
(PSC); Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência, Idosas e suas
Famílias.
Em suma, o CREAS oferece atendimento às famílias e indivíduos com seus direitos
violados, cujos vínculos familiares e comunitários estão fragilizados e até mesmo rompidos.
Neste sentido, o serviço exige maior estruturação técnico-operacional e atenção especializada
e individualizada e/ou, acompanhamento sistemático e monitorado. O Serviço possui como
escopo as seguranças socioassistenciais, na perspectiva da proteção social, sendo elas
segurança de acolhida, segurança de convívio ou vivência familiar e segurança de
sobrevivência ou rendimento e de autonomia (BRASIL, 2016).
3.3.7 Centro de Atenção Psicossocial – CAPS
Outro campo a ser abordado e o CAPS - Centro de Atenção Psicossocial. A implantação
dos CAPS visa a oferta de ações efetivas com o objetivo de substituir o modelo
hospitalocêntrico, como componente estratégico de uma política destinada a diminuir a lacuna
assistencial no atendimento a pacientes com transtornos mentais graves e persistentes e
transtornos decorrentes do uso de álcool e outras drogas (VERONEZ, 2016).
Com base no diagnóstico situacional da saúde mental do município de Toledo, o
CAPS visa organizar a rede de atenção psicossocial do município e a Política de Saúde
Mental instituída no Brasil através da Lei Federal nº 10.216/01, têm como premissa
fundamental a desinstitucionalização e a humanização da assistência.
As diretrizes nacionais de Saúde Mental apontam para a necessidade da reorganização
da atenção à saúde mental em todos os níveis de atenção, tendo o conceito do “[...] cuidado
como eixo central de reorientação deste modelo, respondendo a uma concepção de saúde não
62
centrada somente na assistência, mas, sobretudo, na promoção da qualidade de vida das
pessoas em sofrimento psíquico”. O atendimento multiprofissional no CAPS às pessoas com
transtornos mentais e de transtornos decorrentes do uso de álcool e outras drogas clinicamente
diagnosticados, residentes na cidade de Toledo é realizada através de diversas atividades
terapêuticas (VERONEZ, 2016, p. 5).
Os objetivos do trabalho do assistente social no CAPS são propiciar a inclusão da
pessoa com transtorno mental no seu ambiente social, trabalhando questões relacionadas ao
preconceito; prestar orientação e encaminhamentos a pessoa com transtorno mental e sua
família quanto aos seus direitos, deveres e possibilidades; participar da elaboração de
protocolos de assistência e atuar em equipe multiprofissional; democratizar o acesso dos
pacientes e dos familiares aos programas e projetos na área de saúde mental e assistência
social, sempre buscando a melhoria da qualidade de vida. Uma das ferramentas utilizadas para
desenvolver suas funções é o de organizar grupos de pacientes e familiares.
Nesse espaço ocupacional é realizado trabalho com grupos onde são desenvolvidas
atividades manuais em oficinas denominadas como oficinas terapêuticas.
3.3.8 Secretaria Municipal de Educação de Toledo - SMED
Para finalizar, faz-se também uma abordagem sobre o campo Secretaria Municipal de
Educação de Toledo – SMED. De acordo com o site oficial do município de Toledo, a
SMED é o orgão gestor da política de educação e tem como atribuições: coordenar, orientar,
assistir, acompanhar e gerenciar a educação no município nos níveis de educação infantil,
ensino fundamental I, educação especial e educação de jovens e adultos. A secretaria ainda
responsabiliza-se pela qualidade do ensino público das escolas municipais e nos Centros
Municipais de Educação Infantil - CMEIs ( BRANDÃO, 2016).
Existem muitas demandas emergentes das expressões da Questão Social que justificam
a inserção do profissional assistente social na Política de Educação, sendo um dos aspectos o
enfrentamento da questão social que envolve a luta pela consolidação dos direitos sociais para
a construção de uma nova sociedade, e também das políticas sociais em que o assistente social
estabelece formas de garantir esses direitos através de leis estabelecidas, como por exemplo,
no art.4° no inciso III, da Lei 8.662/93, que regulamenta a profissão do assistente social, e
que especifica suas competências (“encaminhar, prestar orientações sociais aos indivíduos,
grupos e a população”, orientações estas que se referem a garantias de direitos), nesse sentido,
o profissional assistente social inserido na Política de Educação é direcionado pelas
63
legislações que tratam da educação inclusiva. “[...] O Serviço Social nesse espaço
ocupacional, tem entre as suas funções a de promover a orientação educacional nas escolas
através do aconselhamento vocacional, em cooperação com os professores, as famílias e a
comunidade” (BRANDÃO, 2016, p. 10).
Acredita-se que uma das maiores contribuições que o Serviço Social pode fazer na
área educacional é a inserção da família no contexto escolar. É intervindo na família, por meio
de ações ou de trabalhos de grupo com os pais que se mostra à importância da relação escola-
aluno-família. O profissional assistente social na secretaria de educação realiza o projeto
Escola versus Família , que discute a importância da presença da família no processo de
escolarização das crianças, de maneira a favorecer a construção de parcerias no
desenvolvimento das ações que favoreçam o sucesso escolar e social das crianças atendidas
pela instituição ( BRANDÃO, 2016).
Esse trabalho do assistente social tem como intuito promover uma interação
significativa entre os pais, os professores, coordenação pedagógica, direção e alunos, visando
oportunizar vivências que possibilitem o refletir sobre o processo de desenvolvimento das
crianças, para que possam assumir o compromisso com a aprendizagem informal e formal das
crianças e adolescentes, colaborando com a construção de horizontes, que terão
posteriormente impactos positivos em suas vidas (BRANDÃO, 2016).
3.4 PERCEPÇÃO E CONSIDERAÇÕES DAS ASSISTENTES SOCIAIS ACERCA DO
TRABALHO COM GRUPO: O QUE OS DADOS REVELAM?
O objetivo geral dessa pesquisa é o de identificar se está sendo realizado o trabalho
com grupos e como é entendido e executado o trabalho de grupo nos seguintes espaços
socioocupacionais, os campos cadastrados para o campo de estágio na Universidade do Oeste
do Paraná – Unioeste/Campus Toledo sendo eles: CRAS- CEU, CREAS II, CAPS II,
Secretaria de Educação, Hospital Bom Jesus, Prati-Donaduzzi, Serviço Auxiliar da Infância
(SAI) e o Conselho da Comunidade. Para isso utiliza-se uma abordagem teórico-
metodológica visando entender e identificar quais os instrumentais que os profissionais de
serviço social utilizam para realizar o trabalho com grupos.
Por meio da aplicação dos questionários como pesquisa de campo foi confirmada a
existência do uso do trabalho com grupos no processo de intervenção realizado nos campos de
estágio ofertados pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste/Campus de
64
Toledo aos graduandos do curso de Serviço Social. Para analisar as entrevistas utilizou-se o
método da análise de conteúdo, que visa “[...] compreender criticamente o sentido manifesto
ou oculto das comunicações” (SEVERINO, 2013, p. 121). A análise tem como categoria
central o trabalho com grupos, objetivando conhecer as perspectivas teóricas que embasam a
atuação desses profissionais, e apreendendo quais são os instrumentais utilizados nos campos
para realizar o trabalho com grupos. Ressalve-se que não será feita a análise citando
individualmente os entrevistados para que seja respeitado o sigilo dos profissionais assistentes
sociais.
Para a realização da pesquisa utilizou-se um questionário previamente elaborado
composto por um total de 11 (onze) perguntas de natureza técnica, que seguem abaixo:
QUESTIONÁRIO DE PESQUISA PARA LEVANTAMENTO DE DADOS REFERENTES
AO TRABALHO COM GRUPOS
1 Realiza trabalho de grupo?
2 O que você entende por trabalho com grupos dentro do Serviço Social?
3 Quais teorias possivelmente podem embasar as metodologias do trabalho de grupos?
4 Existem traços da Teoria Sistêmica, Fenológica e Pragmática?
5 Segue orientação das Politicas Sociais (trabalho de Grupo) ou segue alguma perspectiva teórica?
6 Quais perspectivas teóricas são adotadas para as intervenções em grupos?
7 Quais são os instrumentos de trabalho em grupo para desenvolver as ações demandadas pelo
campo de estágio?
8 Quais seriam os instrumentais que você considera importante ser utilizados pelo assistente social
no trabalho com grupo, aprendeu na graduação do curso tais instrumentos?
9 Quais instrumentais para esta modalidade de trabalho já são utilizados por este espaço sócio
ocupacional?
10 Conhece a norma do CFESS e a discussão sobre Práticas Terapêuticas? Qual seu posicionamento
em relação a ela.
11 O que o pensa sobre a pluralidade? Se sente incluído na sua perspectiva teórica no serviço
social? Encontra-se algum desafio?
Por meio da aplicação dos questionários e da pesquisa de campo em resposta a
pergunta 1, se realiza trabalho de grupo?, foi confirmada a existência do uso do trabalho com
grupos no processo de intervenção realizado nos campos de estágio ofertados pela
Universidade do Oeste do Paraná – Unioeste/Campus de Toledo aos graduando do curso de
Serviço Social.
As respostas à pergunta 2, O que você entende por trabalho com grupos dentro do
Serviço Social?, possibilitou compreender a forma como esses profissionais assistentes
sociais definem o trabalho com grupos, sendo que em suas respostas todos destacaram a
importância dessa prática:
65
A.S. O trabalho com grupo no serviço social é uma das intervenções mais
importantes. O grupo possibilita troca de experiências, fortalecimento de
vínculos, não deixando de ressaltar a importância da participação,
ampliação sobre informações e direitos sociais.
Outros profissionais assistentes sociais definiram o trabalho com grupos como um
espaço privilegiado, sendo o mais significante da intervenção da profissão do assistente
social. Método de trabalho capaz de desenvolver e promover em seus usuários o
empoderamento14
e autonomia pessoal e social; outras entrevistadas “[...] entendem que é um
processo por meio do qual as experiências vivenciadas pelo grupo podem como um todo
atingir seus objetivos e desenvolver sua consciência social”. Dessa forma o trabalho com
grupos possibilita a troca de experiências e o fortalecimento de vínculos, não deixando de
ressaltar a importância da participação, ampliação sobre informações e direitos sociais sendo
ele um método de intervenção da profissão.
De acordo com as respostas obtidas na pergunta 2, observa-se que o entendimento do
que é trabalho com grupos é bem amplo, e para a maioria dos profissionais pesquisados está
bem claro o seu significado, seu valor e a necessidade da aplicação desse método para a
realização da intervenção. Essa intervenção pode ser realizada com grupos de usuários em
reuniões coletivas, destinadas a construir uma identidade de grupo comum, definido por faixa
etária, gênero, por problemas relacionados à dependência química, desacordos familiares,
orientação sobre garantias de direitos ou benefícios.
Na terceira questão, quais teorias possivelmente podem embasar as metodologias do
trabalho com grupos?, buscamos identificar quais teorias possivelmente podem embasar as
metodologias do trabalho com grupos, e obtivemos as mais diversas respostas. Uma das
entrevistadas cita que todas as teorias podem ser usadas como base do trabalho com grupos,
principalmente a fenomenologia, o marxismo e a sistêmica. É possível perceber o ecletismo
sendo efetivado na prática profissional onde busca-se o conhecimento em várias teorias e
absorve-se o que se faz necessário naquele momento.
Outra entrevistada afirma que elabora seu trabalho com base nas teorias do
psicodrama, psicanálise e teoria comportamental, áreas muito mais próximas da psicologia ou
dos profissionais com formação em estudos terapêuticos, observa-se que essas profissionais
sentiram necessidade de adquirirem outras formas de intervenção para auxiliar a sua prática
14
Sobre o empoderamento pode-se afirmar, segundo Romano e Antunes (2002): “[...] uma abordagem que
coloca as pessoas e o poder no centro dos processos de desenvolvimento; um processo pelo qual as pessoas, as
organizações, as comunidades assumem o controle de seus próprios assuntos, de sua própria vida e tomam
consciência da sua habilidade e competência para produzir, criar e gerir” (ROMANO; ANTUNES, 2002, p. 6).
66
profissional, buscando aperfeiçoamento profissional em outras áreas.
Uma terceira entrevistada afirmou que tem conhecimento do projeto ético-político
profissional, mas faz uma ressalva sobre a prática do trabalho com grupos, e que nesta
intervenção o que prevalece é o direcionamento das politicas sociais:
A.S: Tendo em vista o projeto ético político crítico da profissão, acredito que
a base teórica hegemônica seja a teoria social crítica. Onde no grupo
específico o objetivo que o coloca e a política social em que se está atrelado
direcionam as atividades referentes a ele.
O direcionamento que a assistente social acima se refere é o que está nos guias de
orientação técnica de varias politicas sociais, são manuais elaborados pelo Estado e esses
devem ser seguidos pelos profissionais em seus campos de trabalho, um exemplo é o guia de
orientações técnicas para o Centro de Referência de Assistência Social – CRAS, afirma que
O grupo sócioeducativo para as famílias é um excelente espaço para trocas,
para o exercício da escuta e da fala, da elaboração de dificuldades e de
reconhecimento de potencialidades. Contribui para oferecer aos cidadãos a
oportunidade de melhor viver os seus direitos dentro de um contexto de
proteção mútua, afeto, desenvolvimento pessoal e solidariedade (BRASIL,
2006, p. 39).
Podemos ver a exigência do Estado em relação ao trabalho com grupos, e a posição da
profissional entrevistada que reconhece a posição da categoria diante da teoria critica mais no
trabalho com grupo intervém conforme o manual das politicas.
Outras profissionais relataram que se baseiam em outras metodologias, diversas do
projeto ético-político da profissão, entretanto não relatam quais seriam essas metodologias.
Houve aquelas ainda que afirmassem desconhecer as teorias e duas profissionais optaram por
não responder a questão, deduzindo-se que também desconhecem as referidas teorias
aplicadas pelo serviço social.
Em vista da diversidade das respostas obtidas está clara a fragilidade do
posicionamento da categoria referente ao caráter hegemônico da teoria crítica. Apenas duas
profissionais citaram o marxismo como teoria a ser possivelmente utilizada para embasar o
trabalho com grupos. Aqui fica exposta à necessidade de abrir esse diálogo teórico com a
categoria. E ressalva-se que 75% (setenta e cinco) das profissionais não conseguem ver a
teoria crítica comtemplada em suas ações profissionais, talvez isso ocorra pela ausência de um
método de intervenção mais definido nas produções de conhecimento que hoje são na sua
grande maioria releituras que tratam da dimensão teórico-metodológica, ética-política e pouco
67
se trata da dimensão técnico-operativa. Outra hipótese é que a compreensão de que o
assistente social precisa criar os instrumentais conforme a situação que está intervindo, sendo
esse planejamento realizado sob as bases das dimensões teórico-metodológica, ética-política
e no código de ética da profissional e demais legislações que regulam a profissão do assistente
social não está compreendida para todos os profissionais assistente sociais. Essa ausência tem
feito os profissionais buscarem conhecimentos em outras teorias com métodos de intervenção
que podem embasar o trabalho com grupo com mais clareza em relação suas técnicas e
instrumentos.
Dando sequência na análise sobre o embasamento teórico a quarta questão, se existem
traços da Teoria Sistêmica, Fenomenológica e Pragmática?, refere-se justamente a influência
das teorias sistêmica, fenomenológica e pragmática no trabalho com grupos. Uma das
assistentes sociais entrevistadas relatou a preocupação cotidiana em tentar se afastar da
intervenção terapêutica. Aqui podemos observar uma divergência, que somente uma prática
embasada pela teoria crítica não tem característica terapêuticas, e que qualquer intervenção
baseadas em outras teorias seria uma intervenção com características terapêuticas, é um
equivoco, pois as teorias se propõem a elucidar, interpretar ou explicar um fenômeno oferece
um caminho para o olhar do profissional, uma base para a instrumentalidade e técnicas a
serem usadas na intervenção profissional.
Outras profissionais afirmaram que no trabalho com grupos existem traços das teorias
sistêmica e fenomenológica, observando “[...] que muitas vezes o trabalho é realizado com
auxílios de outros profissionais, efetivado dentro da interdisciplinaridade, ficando mais
vulnerável a outros embasamentos teóricos”. Novamente, percebeu-se que algumas
entrevistadas preferiram não responder a questão, com base na resposta anterior por
desconhecimento teórico.
Na quinta pergunta, Segue orientação das Políticas Sociais (trabalho de Grupo) ou
segue alguma perspectiva teórica? questionou-se se esses profissionais seguem as orientações
das Politicas Sociais no que se refere ao trabalho com grupos ou se adotam alguma
perspectiva teórica, sendo que apenas três profissionais afirmaram que seguem as orientações
das políticas sociais e juntamente aplicam uma perspectiva teórica ao trabalho, relatando que
“[...] As orientações postas nas políticas sociais são levadas em consideração para a
construção do grupo, mas o olhar desprendido é influenciado pela base teórica marxista”
(A.S.)
68
Outra entrevistada afirmou que segue o projeto já existente no espaço, aqui podemos
estar diante de outro problema vivido diariamente pelos profissionais assistentes sociais, que
acabam sendo refém das demandas urgentes postas pelo trabalho e são engolidos por essa
imediaticidade das orientações a indivíduos, o que pode fazer de sua prática com grupos ser
executada de forma mecanicista, sem um prévio conhecimentos (provindos de muito estudo,
planejamento e leituras), sem o desenvolvimento hábil requerido (treino e supervisão), e
optando a limitar seu dever propositivo [...] são indispensáveis, e elas são tecidas com alguns
atributos e funções [...]. (ZIMERMAN; OSÓRIO, 1997, p. 40). As outras profissionais
assistentes sociais não responderam a questão pelo motivo de seus espaços ocupacionais não
serem regulamentado pelas politicas sociais.
Para finalizar, na busca de identificar as teorias utilizadas pelos assistentes sociais na
intervenção com grupos a questão 6 questiona Quais perspectivas teóricas são adotadas para
as intervenções em grupos?, e novamente observou-se uma pluralidade na atuação
profissional, citadas as teorias sistêmica, fenomenológica, crítica e comportamental. Uma das
profissionais fez uma importante observação relatando que “[...] Busca-se cotidianamente a
construção de metodologia para intervir com o grupo na perspectiva marxista”. (A.S),
evidenciando a fragilidade na realização da intervenção grupal, sem ter clara uma
metodologia que fosse baseada na teoria marxista. Talvez seja esse o motivo pelo qual outras
profissionais tem como base na sua atuação um contexto tão variado de outras teorias.
Ocorre também divergência sobre o tema, sendo que uma das entrevistadas na questão
anterior, ao ser questionada sobre quais possíveis teorias embasariam as metodologias do
trabalho com grupo, ela afirma que seriam várias; quando indagada sobre a questão 6, quais
perspectivas teóricas são adotadas para as intervenções com grupo?, relata que utiliza; “[...]
teoria social marxista, onde busca problematizar determinadas discussões”. Com isso é
perceptível a vulnerabilidade da absorção do significado da teoria crítica, que é muita maior
do que a “problematização e a crítica pela crítica”. Como já citado anteriormente a teoria
crítica remete a profissão à consciência de classe, baseada na teoria de Marx, que representa a
contradição da relação entre capital e trabalho, fazendo do assistente social um mediador
dessa relação. (CARDOSO, 2013).
Outro exemplo dessa divergência é a resposta dada por outra profissional: “percebe-se
que os assistentes sociais não devem se moldar a cronogramas institucionais, mas por outro,
não podem negar as atividades, mas em relação a perspectivas teóricas a plena garantia de
direitos” (A.S.). Nesse caso, no que se refere a garantia dos direitos este é um dos ofícios da
69
profissão do assistente social, estando presente em todas as lutas e contestações diárias feitas
frente ao Estado. Três profissionais não responderam a questão, aqui se reafirma o
desconhecimento ou o receio de se falar da dimensão teórica-metodológica da profissão.
Após o debate teórico foi sondado sobre os instrumentais utilizados para a execução
do trabalho com grupos. Com a sétima questão aplicada pretendia-se compreender quais são
os instrumentos de trabalho com grupo para desenvolver as ações demandadas pelo campo de
estágio. Da análise dos questionários observou-se que três assistentes sociais não responderam
a questão, enquanto as outras profissionais assistentes sociais citaram vários instrumentos
utilizados como oficinas terapêuticas associadas a atividades manuais, rodas de conversas,
entrevistas, dinâmicas de grupos, planejamento, avaliação, estudo social, visitas domiciliares.
Aqui se observou uma divergência entre os instrumentais que são utilizados para realizar
atendimentos individuais com os instrumentais para a realização do trabalho com grupos visto
que alguns desses itens citados são técnicas ou instrumentos que podem ser usados como
base, mas não são capazes de instrumentalizar o trabalho com grupos.
Outro critério que podemos comprovar é a ocorrência da prática terapêutica através da
realização de trabalhos manuais produzidos em oficinas como método de trabalhar o
empoderamento dos usuários do Serviço Social, sendo que o uso da prática terapêutica é
duramente criticada por grande parte da categoria, que defende que esse modo de intervenção
não são atribuições do assistente social e vai de encontro a teoria marxista, que é considerada
uma escolha hegemônica dos profissionais, e que tais instrumentais são soluções imediatas e a
intervenção profissional precisa ir além desse aparente.
Na mesma questão uma das profissionais observou a necessidade de pensar e intervir
prepositivamente e outra assistente social reforçou a ligação entre os instrumentais e as
políticas sociais:
A.S. “[...] se iniciam através das realidades postas pelas famílias atendidas
e materializadas em um projeto, escrito, sobre tal grupo. Neles os
instrumentais são construídos e os referenciais ético-político, técnico-
operativo e teórico-metodológico se apresentam”.
No contexto dessa resposta a profissional demonstra a inexistência de instrumentais e
sim a indicação de construção destes.
A questão de numero oito será dividida em duas partes para a realização de sua
análise, primeiramente vamos observar o que se refere aos instrumentais que as profissionais
julgam importante para essa prática, sendo observada novamente uma ampla diversidade nas
respostas, e os instrumentais citados foram a dinâmica de grupo, reflexões, análise crítica
70
reflexiva, encaminhamentos, busca ativa, visita domiciliar, parecer social, ficha de cadastro,
acolhimento, roda de conversa, oficinas terapêuticas.
Novamente foram citados instrumentos que não podem ser utilizados na realização de
trabalho com grupos evidenciando uma fragilidade por parte dos profissionais na definição
dos instrumentais desse método de intervenção. Ainda na questão oito uma das profissionais
descreveu os seus instrumentais da seguinte forma:
A.S. “1º criar o projeto de grupo e nele conter a metodologia. (escrever)2º
nesta metodologia apresentar instrumentos a serem utilizados como: lista de
presença; documento de avaliação pelos usuários; relatório descritivo de
cada encontro, destacando se objetivo foi alcançado; documento de
planejamento das ações, etc.”
Na resposta acima descrita podemos compreender o entendimento que essa
profissional assistente social tem do que é trabalho com grupos, conceituando o como
reuniões, sendo seus instrumentais entendidos como lista de presença e avaliações de
encontro. O grupo é entendido como requisito a ser cumprido para as políticas públicas.
Demostrando uma redução do conceito de trabalho de grupo no serviço social.
Na segunda parte da questão oito foi questionado se as profissionais aprenderam esses
instrumentais no período da graduação e somente duas entrevistadas afirmaram que sim; uma
profissional assistente social salientou não foi orientada sobre nenhum instrumento para a
prática com grupos e outras não responderam a questão.
No que se refere ao aprendizado do uso dos instrumentais do trabalho com grupo por
parte dos assistentes sociais, percebeu-se uma lacuna existente entre a graduação e a
necessidade que se apresenta aos profissionais do Serviço Social em seus campos de trabalho,
que exigem o trabalho com grupos, pois esses profissionais concluem a graduação e
ingressam no mercado de trabalho sem que essa questão tenha sido abordada em momento
algum durante sua formação. Aqui se observa a preferência pela teoria e a fragilidade da
prática na forma que são tratadas pelos intelectuais que trabalham com a formação de
profissionais. Outro fator relevante que se mostra diz respeito a busca e afirmação dos
assistentes sociais pela sua identidade profissional, enquanto campo de atuação, o que se
confirma ante a necessidade de uma prática efetiva que deve ser reconhecida, pois percebe-se
que o assistente social tem perdido seu espaço de trabalho para os profissionais da psicologia,
que acabam realizando na prática, ações interventivas como o trabalho com grupos através da
psicologia social e de práticas terapêuticas.
71
Na questão de numero nove perguntou-se “Quais instrumentais para esta modalidade
de trabalho já são utilizados por este espaço sócio ocupacional?” As respostas seguiram bem
abrangentes e foram citados vários instrumentais como: A.S. [...] “oficinas terapêuticas onde
trabalha-se o empoderamento, reflexões, críticas e reflexivo”, roda de conversas, dinâmicas
de grupos, estudo social, visitas domiciliares, reuniões, parecer social, encaminhamentos.
Uma das profissionais afirma que; “[...] que para cada grupo construído é planejado
os instrumentais e exigência da dimensão teórica-metodológico se coloca de maneira
diferenciada”. E outra relatou que segue o que está criado pela proteção básica.
No uso desses instrumentais observou-se que as orientações das políticas públicas são
seguidas nas práticas dos profissionais assistentes sociais, e que somente uma das assistentes
sociais relatou o entendimento sobre a importância dos profissionais saberem criar os
instrumentais a partir da realidade que está inserido naquele grupo. Foram mencionados por
alguns profissionais assistentes sociais alguns instrumentos usados para o atendimento
individual do usuário, o que demonstra uma fragilidade na definição do que são os
instrumentais para o trabalho com grupo.
Após as questões que abrangiam os instrumentais utilizados nos campos de estágio é
possível reconhecer uma fragilidade na definição do que são os instrumentais que são as
técnicas-operativas necessárias para a intervenção e que sejam capazes de transformar e
alterar a vida do usuário.
Na penúltima questão a abordagem foi sobre as práticas terapêuticas, perguntando-se
se o profissional conhece a norma do CFESS e a discussão sobre Práticas Terapêuticas e qual
seu posicionamento em relação a ela. Duas profissionais assistentes sociais afirmaram que
conhecem a resolução do CFESS de número 569/2010, sendo que uma delas relata que a
resolução é discutida nos planejamentos realizados pelos profissionais e na elaboração das
ações interdisciplinares, considerando o uso dela uma reatualização do conservadorismo. A
outra assistente social que tem conhecimento da resolução diz que;
A.S [...] considero a Resolução pertinente uma vez que a realização de
terapias não possui relação com a formação profissional do assistente
social, isso não cabe a este profissional este tipo de intervenção (Práticas
Terapêuticas).
Com posicionamento contrário, uma das profissionais assistentes sociais afirma que
concorda com as práticas terapêuticas e que essa é uma forma de enriquecer o trabalho do
assistente social. Faleiros afirma “[...] que a formação profissional do assistente social é
72
generalista, colocando-o com possibilidades de trabalhar as questões sócio-individuais com
competência, como se faz na prática clínica que não isola o sujeito da sociedade e nem a
sociedade do sujeito [...]” (FALEIROS, 2009, s.p.). O serviço social se distanciou das práticas
terapêuticas quando fez uma opção por uma profissão com caráter ideológico e político,
fazendo a opção de se afastar de seus usuários, dando preferência a um posicionamento de
militância. Por consequência dessas opções de negar a essência da profissão que é o
indivíduo o CFESS se posiciona contra as práticas terapêuticas mesmo sendo essa posição
contraria a recomendação da profissão que é de uma formação continuada causando a perca
de direitos dos usuários diante da restrição de uma intervenção generalista. As outras
relataram não conhecer resolução, e uma das profissionais não respondeu a questão.
A última questão será dividida em três partes. A primeira parte refere-se a pluralidade
da profissão sendo questionado o que os profissionais entendem sobre pluralidade, ao que
duas profissionais descreveram da seguinte forma a sua compreensão;
A.S. “A pluralidade é um princípio ético do código de ética que fundamenta
nosso projeto ético político, todavia é importante conhecermos da nossa
profissão as perspectivas das dimensões para que não haja ações no viés do
ecletismo. Observa-se o cotidiano profissional nos leva a uma prática
alienada e por vezes conservadora, mas a capacitação continuada na lógica
dos fundamentos da profissão é importantíssima para a efetivação do
projeto ético e de uma intervenção realmente mediadora aos direitos
sociais”.
A.S. “A pluralidade vejo que existem vários tipos, mas no social descrevo
como abertura para o diferente de respeito pela posição alheia, o debater
para chegar a descoberta”.
Alguns profissionais relataram que respeitam a pluralidade e que ela é importante. Já
outras duas assistentes sociais afirmaram que ela não existe e que não percebem o pluralismo
sendo respeitado. Essa questão não foi respondida por duas profissionais.
Sendo o pluralismo um princípio ético da profissão, que garante o convívio
democrático das ideias, podemos observar que uma parte das profissionais não se sente
contemplada, isto é, não sentem que a categoria está aberta para o dialogo sobre outros
posicionamentos teóricos. A categoria defende o princípio do pluralismo deste que esse
permeie dentro da corrente marxista , já a pluralidade das outras correntes teóricas é vista
com muita restrições.
Na segunda parte da questão foi questionado se os profissionais assistentes sociais
sentem-se incluídos ante sua perspectiva teórica no Serviço Social?, e surpreendentemente a
73
metade dos profissionais deixou de responder a questão. Das profissionais assistentes sociais
que responderam duas afirmaram que não se sentem incluídas e as outras duas afirmam que
sim, sentem-se incluídas. Vale citar uma das respostas positivas: A.S. [...] Sim, mas acredito
que o Serviço Social brasileiro ainda tem muito a avançar, principalmente no que refere-se a
respostas para a demanda posta. Um novo cotidiano profissional (técnico e instrumental)”.
Na resposta dessa profissional assistente social fica em evidência a carência profissional por
instrumentais e técnicas para intervenção, e a visão que precisa-se avançar na dimensão
técnico-operativo para dar respostas as demandas postas diariamente no labor profissional.
A terceira parte da questão questiona se os profissionais assistentes sociais encontram
algum desafio frente à profissão. Duas profissionais responderam que os desafios são grandes
no dia-a-dia do labor profissional.
74
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A proposta do presente trabalho era identificar e demonstrar a prática do assistente
social no trabalho com grupos realizados nos campos cadastrados para o campo de estágio na
Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste/Campus de Toledo, sendo selecionado
um campo por área específica. E como já dito, a escolha por essa temática se deu a partir da
realização do Estágio Supervisionado em Serviço Social I, no Serviço Auxiliar da Infância e
Juventude – SAI, onde é realizado o trabalho com grupos com os pais candidatos à adoção.
Esse trabalho com grupos têm o nome de GAAT- Grupo de Apoio à Adoção de Toledo.
A ideia era tentar responder a alguns questionamentos que surgiram durante a
graduação e que foram reforçadas durante a realização do estágio obrigatório do curso de
graduação em Serviço Social. O problema que se identificou foi justamente o fato de que, na
prática, realizam-se trabalhos com grupos pelos assistentes sociais, trabalhos estes que
necessitam de embasamento teórico e de instrumentais específicos para sua melhor realização,
porém, durante a graduação não é feita qualquer abordagem, teórica ou prática, que envolvem
essa temática. Então o que se propôs foi justamente tentar responder (1) quais seriam os
instrumentais utilizados pelos assistentes sociais no trabalho com grupo? (2) quais
instrumentais para esta modalidade de trabalho já são utilizados pelos campos de estágio que
a universidade tem convênio no município de Toledo/PR? e (3) quais perspectivas teóricas
são adotadas para as intervenções em grupos?
Outro fator que contribuiu de forma determinante para que fosse feita a presente
pesquisa foi o fato de que, após uma averiguação no acervo bibliográfico da Universidade
Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste/Campus Toledo, constatou-se que não existiam
trabalhos de conclusão de curso que abordassem esse tema.
O primeiro capítulo tratou da contextualização do processo histórico do Serviço Social
com ênfase no trabalho com grupos, e as abordagens teóricas que influenciaram a profissão.
No segundo capítulo foram abordadas a técnica e a instrumentalidade do Serviço Social na
prática profissional. E, o terceiro e último capítulo constitui-se como a pesquisa, através da
qual se confirmou a prática do trabalho com grupos realizados pelos profissionais do Serviço
Social nos campos cadastrados para o campo de estágio na Universidade do Oeste do Paraná –
Unioeste/Campus de Toledo, sendo eles: CRAS-CEU, CREAS II, CAPS II, Secretaria de
Educação, Hospital Bom Jesus, Prati-Donaduzzi, Serviço Auxiliar a Infância (SAI) e o
Conselho da Comunidade.
75
Para a efetivação da pesquisa aplicou-se um questionário com perguntas abertas aos
assistentes sociais do município de Toledo-PR, que trabalham nos campos escolhidos para a
pesquisa. As respostas dos questionários foram devidamente analisadas no terceiro capítulo, e
permitiram compreender em certa medida a realidade prática dos assistentes sociais no
município de Toledo-PR que realizam trabalhos com grupos, tanto na perspectiva da teoria
que embasa esse trabalho como dos instrumentais que utilizam para sua intervenção.
Foi possível através da pesquisa identificar a prática do trabalho com grupos, porém
algumas ressalvas devem ser feitas quanto a teoria e os instrumentais necessários para sua
aplicação. Através das respostas ao questionário foi possível chegar a algumas conclusões.
Inicialmente observou-se que diversas questões referentes ao trabalho com grupos não
foram respondidas de maneira satisfatória, em especial as que se referiam à teoria e aos
instrumentais que devem embasar a prática do trabalho com grupos. No que se refere à teoria
quase todas as respostas demonstram grande dificuldade entre os profissionais em reconhecer
qual teoria embasa sua prática profissional, inclusive, afirmando-se o desconhecimento das
teorias.
O mesmo pode-se dizer quanto aos instrumentais: observou-se que há uma imprecisão
por parte da maioria dos assistentes sociais entrevistados entre o que são instrumentais, e o
que são técnicas que devem ser utilizadas como embasamento dos próprios instrumentais.
A segunda conclusão a que se chegou, não é menos preocupante, visto que o grande
número de respostas em branco pode representar um desinteresse de parte dos entrevistados
em responder satisfatoriamente as questões.
Observa-se uma lacuna no universo do Serviço Social: há uma distância entre o que se
ensina na graduação de Serviço Social e a prática profissional exigida no dia-a-dia. A escolha
pela dimensão ético-politica, que tem como direção uma nova ordem societária descrita nos
princípios fundamentais do Código de Ética do Assistente Social, conforme Cardoso (2013) o
Serviço Social se organizou, juntamente com os movimentos sociais, trabalhadores e partidos
políticos (em especial o PT), fez com que a profissão optasse por uma atuação direcionada à
política, que se torna partidária diante do Estado, negligenciando em detrimento de um preparo
para utilização de instrumentais técnico operativos, para aplicar numa realidade onde se exigem
resposta mais imediatas da sua intervenção profissional diretamente realizada com o usuário
do serviço social.
No entanto nenhum momento desconsiderou-se a riqueza da teoria crítica que é base
dos estudos da graduação, que permite com clareza a compreensão das relações sociais
76
oferecidas pela teoria crítica social, que auxilia compreender a relação complexa existente
entre o capitalismo versus trabalho. O que ficou evidenciado é a fragilidade de uma
intervenção fundamentada integralmente por essa teoria que é considerada como escolha
homogênea da categoria.
A partir da pesquisa por mercado de trabalho e requisições por conhecimento
especifico do trabalho de grupo, foi possível analisar que o profissional pode enfrentar
dificuldades para ingressar no mercado de trabalho com essa exigência, uma vez que na
graduação não aborda a realização de trabalho com grupos, nem seus instrumentais
específicos e os referenciais teóricos que podem ser usados como base para efetivação.
E, para finalizar, registro a necessidade da categoria em olhar e debater sobre a
importância do trabalho com grupo no dia-dia do profissional assistente social, reconhecer
que sua realização vai mais além do que reuniões informativas sobre direitos sociais.
Desenvolver juntamente com os profissionais da prática instrumentos e técnicas que podem
auxiliar no desenvolvimento do trabalho com grupos, sendo que a ausência de estudos sobre a
práxis tem contribuído para uma intervenção frágil. Outro ponto importante é compreender a
necessidade que os profissionais têm em buscar conhecimentos em outras áreas que os
auxiliam para a realização de suas intervenções.
77
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SIQUEIRA Mônica Maria Nunes da Trindade. Famílias: uma experiência de trabalho com
grupo. Revista ciências humanas, UNITAU. v. 1, n. 2, 2008. Disponível em:
<http://www.unitau.br/revistahumanas> Acessado em: 28 mai. 2017.
TORRES, Zélia. A Ação social dos grupos. In: A vida em grupo. Petrópolis, 2. ed. Vozes,
1983.
VALENTE, Mara Thereza. A ressignificação do trabalho com grupos na área da saúde
presente na prática do serviço social. Tese para obtenção do título de Doutorado em Serviço
Social-Pontifícia universidade católica de São Paulo, São Paulo. 2013.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO. Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas.
Disponível em: <http://progep.ufes.br/cargo-e-assistente-social > Acessado em: 08 nov. 2017.
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YASBEK, Maria Carmelita. O serviço social como especialização do trabalho coletivo. In:
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ZIMERMAN, David.; OSÓRIO, Luiz Carlos. Como trabalhos com grupos. Porto Alegre:
Artmed, 1997. Cap. 2, 6, 9.
84
APÊNDICE I
FORMULÁRIO DE ENTREVISTA /QUESTIONÁRIO
Roteiro de entrevista semiestruturada aplicada as assistentes sociais vinculadas aos
campos de estágio pesquisados.
Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE
Curso de Serviço Social – Centro de Ciências Sociais Aplicadas
Pesquisadora Responsável: Ane Bárbara Voidelo
Pesquisadora Colaboradora: Karen Regina Brinker
Objetivo geral da pesquisa: Compreender o contexto da prática profissional dos
assistentes sociais com o trabalho com grupos, com ênfase em conhecer o referencial
teórico e o instrumental utilizados por eles.
Instrumento de coleta de dados: Pesquisa documental.
I- Parte – Perfil do Assistente Social
01- Idade
02- Em que instituição de ensino e em que ano concluiu a graduação?
03- Fez pós-graduação?
04- Em que ano concluiu a pós graduação?
05- Fez algum curso de aperfeiçoamento em outras áreas?
II- Parte – Espaço sócio ocupacional em relação ao trabalho de grupo;
06- Realiza trabalho de grupo?
07- O que você entende por trabalho com grupos dentro do Serviço Social?
08- Quais teorias possivelmente podem embasar as metodologias do trabalho de grupos?
09- Existem traços da Teoria Sistêmica, Fenológica e Pragmática?
10- Segue orientação das Politicas Sociais (trabalho de Grupo) ou segue alguma
perspectiva teórica?
11- Quais perspectivas teóricas são adotadas para as intervenções em grupos?
85
12- Quais são os instrumentos de trabalho em grupo para desenvolver as ações
demandadas pelo campo de estágio?
13- Quais seriam os instrumentais que você considera importante ser utilizados pelo
assistente social no trabalho com grupo, aprendeu na graduação do curso tais instrumentos?
14- Quais instrumentais para esta modalidade de trabalho já são utilizados por este espaço
sócio ocupacional?
15- Conhece a norma do CFESS e a discussão sobre Práticas Terapêuticas? Qual seu
posicionamento em relação a ela.
16- O que o pensa sobre a pluralidade? Se sente incluído na sua perspectiva teórica no
serviço social? Encontra-se algum desafio?
86
APÊNDICE II
Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação
Comitê de Ética em Pesquisa – CEP
Aprovado na
CONEP em 04/08/2000
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE
Título do Projeto: Trabalho do Assistente Social com Grupo no Município de Toledo
Karen Regina Brinker- (45) - 99107-5735
Profaª Ane Bárbara Voidelo – (42)- 9967-8681
Convidamos sr. (a) __________________________________________ a participar de nossa
pesquisa que tem o objetivo de conhecer os trabalhos com grupos realizados pelos assistentes
sociais no município de Toledo PR.
Esperamos, com este estudo, descrever a prática profissional e detectar os instrumentais
usados para sua realização e compreender qual é a sua visão diante da resolução do CEFFES
que proibi a prática de trabalho com grupos. Para tanto, será aplicado um questionário para os
profissionais que terão a opção de escolher se quer responder de forma escrita ou uso de
gravador durante a entrevista.
Sua identidade não será divulgada e seus dados serão tratados de maneira sigilosa, sendo
utilizados apenas fins científicos. Você também não pagará nem receberá para participar do
estudo. Além disso, você poderá cancelar sua participação na pesquisa a qualquer momento.
No caso de dúvidas ou da necessidade de relatar algum acontecimento, você pode contatar os
pesquisadores pelos telefones mencionados acima ou o Comitê de Ética pelo número 3220-
3092.
Este documento será assinado em duas vias, sendo uma delas entregue ao sujeito da pesquisa.
Declaro estar ciente do exposto e desejo participar do projeto da pesquisa.
Nós Ane Bárbara Voidelo e Karen Regina Brinker, declaramos que fornecemos todas as
informações do projeto ao participante e/ou responsável.
Toledo, _____ de _______________ de 2017.
______________________________________
Karen Regina Brinker
87
ANEXO
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