SERRA DO MAR
SIGNIFICADO, GEOLOGIA,
GEOTECNIA EOCUPAÇÃO
Geól. Álvaro Rodrigues dos Santos
A SERRA DO MAR É UMA BENÇÃO DOS
DEUSES, UMA ESPLENDOROSA FLORESTA
TROPICAL À BEIRA DAS MAIORES
CONCENTRAÇÕES INDUSTRIAIS E
URBANAS DO PAÍS.
DEVE NOS CAUSAR, A TODOS, ÊXTASE,
ADORAÇÃO, DESLUMBRAMENTOS.
NUNCA MEDO OU TERROR.
ARS
SERRA DO MAR. SERRA E MAR
Rodriguezia venusta
SERRA DO MAR: DEFINIÇÃOSERRA DO MAR: DEFINIÇÃO
“Escarpa montanhosa da borda oriental do Planalto Atlântico, acompanhando as direções geográficas e estruturais SW/NE do litoral sudeste brasileiro, com desnível médio de 1.000 metros em largura média de 10 quilômetros, estendendo-se por cerca de 1.000 quilômetros do estado do Rio de Janeiro ao estado de Santa Catarina.”
IMPORTÂNCIA AMBIENTAL DA SERRA DO MAR
• Maior corredor biológico contínuo da Mata Atlântica no país
• Riquíssima em belezas naturais e biodiversidade vegetal e animal
• Regulação climática
• Proteção das encostas contra erosão e escorregamentos
• Alimentação e abrigo de importantíssimos e numerosos mananciais de água doce
• Incrivelmente próxima das maiores concentrações urbanas do país
IMPORTÂNCIA ESTRATÉGICA DA SERRA DO MAR
• Separa os maiores portos de importação e exportação da região mais industrializada e mais populosa do país
• Transposta por uma densa rede de ligações rodoviárias e ferroviárias, oleodutos, gasodutos, linhas de transmissão
• Instalações urbanas, industriais e energéticas importantíssimas em seu sopé e em seu topo
CLIMA TROPICAL ÚMIDO
FLORESTA OMBRÓFILA DENSA
• grande diversidade florística• grande endemismo de espécies• árvores maiores atingindo até 25
a 30 metros de altura• corpo florestal denso com copas
contíguas• ambiente interno sombreado,
abafado e úmido• espessa serapilheira (manto de
restos vegetais que recobre o solo)
• interior florestal rico em samambaias, lianas e epífitas como bromélias e orquídeas
• enraizamento superficial e subsuperficial intenso e denso
O INCRÍVEL PAPEL DA FLORESTA NA ESTABILIDADE DAS ENCOSTAS
A vegetação natural da Serra do Mar (Floresta Atlântica de Encostas - Floresta Ombrófila Densa) constitui-se no único, e espetacular, fator externo inibidor dos escorregamentos e de todas as formas de movimentação superficial dos terrenos, cumprindo esse papel através dos seguintes atributos:
· impede a ação direta das gotas de chuva no solo através das copas e da serapilheira;
· impede a ação erosiva do run-off através de raízes superficiais e da serapilheira;
· retém por molhamento de todo o edifício arbóreo e da serapilheira parte da água da chuva que chegaria ao solo;
· dilui no tempo o acesso das chuvas ao solo;
· retira por absorção, e devolve à atmosfera por evapo-transpiração, parte da água infiltrada no solo;
. agrega, coesiona e retém os solos superficiais através de uma formidável malha superficial e sub-superficial de raízes.
O PAPEL DA FLORESTA NA ESTABILIDADE DAS ENCOSTAS
SERRA DO MAR
ORIGEM GEOLÓGICA
A atual escarpa da Serra do Mar é resultado da erosão regressiva de uma Proto-Serra do Mar resultante da reativação paleocênica (65 milhões de anos) da Falha de Santos, então a cerca de 50 quilômetros a leste da atual linha de litoral.
Essa reativação tectônica provocou o soerguimento do bloco ocidental dessa falha e abatimento de seu bloco oriental.
SERRA DO MAR
MECANISMOS DA EVOLUÇÃO
GEOMORFOLÓGICA
A regressão da Proto-Serra do Mar até a posição atual da escarpa da Serra do Mar (~ 50 Km) foi promovida por processos de dissecamento erosivo. Esses processos erosivos, entre os quais se destacam os escorregamentos mobilizadores de grandes volumes de solos e rochas, ocorreram especialmente nos períodos de resfriamento do planeta, quando então a floresta úmida entrava em processo de fenecimento e expunha os horizontes de solo superficial à ação direta dos agentes climáticos.
Desde o último domínio completo da Mata Atlântica, com predomínio dos parâmetros climáticos atuais, os processos mais ativos da Dinâmica Externa que esculpiu a Serra do Mar estão significativamente contidos.
Do ponto de vista fenomenológico hoje há um fundamentado conhecimento sobre o ONDE, o COMO, e o QUANDO ocorrem os principais tipos de movimentos de massa nas encostas da Serra.
OS GRANDES AVANÇOS NO ENTENDIMENTO DO COMPORTAMENTO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO
DA SERRA DO MAR
TIPOS DE MOVIMENTOS DE MASSA NA SERRA DO MAR
Os ESCORREGAMENTOS PLANARES (ou TRANSLACIONAIS RASOS), por sua grande área de distribuição e pela alta frequência de ocorrência, são os movimentos de massa mais significativos da Serra do Mar e que inspiram o maior cuidado dos empreendimentos humanos.
Sua presença ou seus sinais pretéritos indicam as áreas da Serra já naturalmente mais instáveis.
ESCORREGAMENTO PLANAR RASO
CORRIDA DE LAMA E DETRITOS
Mont Serrat – Santos. Escorregamento 1614
COLAPSO EM SAPROLITO – ESCORREGAMENTO DA GROTA FUNDA – EST. DE FERRO SANTOS-JUNDIAÍ
COLASO EM SAPROLITO FRATURADO
O SALDO TECNOLÓGICO DAS OBRAS VIÁRIAS NA SERRA
DO PONTO DE VISTA DE OBRAS VIÁRIAS DE GRANDE E MÉDIO PORTES A RODOVIA DOS IMIGRANTES IMPLANTOU UM NOVO PARADIGMA TECNOLÓGICO NA RELAÇÃO COM A SERRA DO MAR:
A DECISÃO DE INTERFERIR O MENOS QUANTO POSSÍVEL NAS ENCOSTAS FOI VIABILIZADA POR UMA CONCEPÇÃO DE PROJETO QUE PRIVELIGIOU TÚNEIS E VIADUTOS
HOJE OS AVANÇOS URBANOS EM DIREÇÃO ÀS ENCOSTAS, COMUNS EM PRATICAMENTE TODOS OS MUNICÍPIOS LITORÂNEOS DO SUL E DO SUDESTE BRASILEIROS, REPRESENTAM AS PRINCIPAIS AMEAÇAS DE INSTALAÇÃO DE SITUAÇÕES DE RISCO HUMANO E AMBIENTAL NO ÂMBITO DA SERRA DO MAR.
CUBATÃO SP
BAIRROS COTA - CUBATÃO
SANTOS E SÃO VICENTE
GUARUJÁ SP
SÃO SEBASTIÃO E ILHA BELA SP
CARAGUATATUBA SP
UBATUBA SP
ANGRA DOS REIS RJ
PETRÓPOLIS RJ
NOVA FRIBURGO RJ
ITAJAÍ SC
O contínuo avanço para as cotas mais altas e íngremes – Cota 200
Vazamento em mangueira de adução de água saturando o terreno
Roças de banana e mandioca facilitam a infiltração de água
Esgotos lançados diretamente nas drenagens - Fabril
•Cota máxima limite para ocupação urbana: Cota 100
•Abaixo da Cota 100: Carta Geotécnica e Códigos de Obras específicos.
•Ocupações urbanas já instaladas acima da cota 100: Cartas de Risco - congelamento, remoção, consolidação, Regulamento Técnico
•Ocupações já instaladas abaixo da cota 100: Cartas de Risco – remoção, consolidação, Regulamento Técnico
Declividade máxima para ocupação: 36% = 20º
•Proibição radical de cortes
•Proibição de instalação de fossas de infiltração e lixões
•Sistemas de drenagem superficial e saneamento à prova de vazamentos.
JÁ FIXANDO ALGUMAS PREMISSAS
"A Carta Geotécnica traz informações sobre todas feições geológicas e geomorfológicas de uma determinada região quanto ao seu comportamento frente a um determinado tipo de ocupação. É essencialmente um instrumento de planejamento do uso do solo. As mais comuns são as CGs orientadas à ocupação urbana. Definem as zonas que não podem ser ocupadas de forma alguma e aquelas que podem ser ocupadas uma vez obedecidos os critérios técnicos estipulados pela Cara.
A Carta de Riscos delimita em uma área ou região as zonas ou os compartimentos submetidos a um determinado tipo de risco (por exemplo, escorregamentos) frente a um determinado tipo de ocupação (por exemplo, urbana), definindo os diferentes graus de risco e as providências necessárias associadas a cada um desses graus. Geralmente é realizada para uma situação já com problemas detectados ou acontecidos e é mais comumente um instrumento de ações de Defesa Civil e/ou reorganização da ocupação.“
CARTA GEOTÉCNICA E CARTA DE RISCOS
A ESSENCIALIDADE DA CARTA GEOTÉCNICA
ZONEAMENTO DE RISCO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO
COTA 200
CLASSIFICAÇÃO E CONCEITUAÇÃO DE GRAUS DE RISCO GEOLÓGICO-GEOTÉCN ICO
GRAU DE RISCO SIGNIFICADO
BAIXO (R1) Nas condições atuais não há risco evidente de acidentes geotécnicos ou hidráulicos localizados.Não exige intervenções específicas de estabilização geotécnica, além das recomendações de caráter geral.Recomendações: - melhoria do sistema de impermeabilização e drenagem superficial, urbanização e adoção do Regulamento
Técnico- pode sofrer algum adensamento de moradias condicionado a liberação técnica oficial- remoção para situações localizadas ou caso fora dos limites da Área Desafetada
MÉDIO (R2) Nas condições atuais há risco de acidentes geotécnicos ou hidráulicos de pequeno e médio portes.Exige intervenções de estabilização leves.Recomendações: - implantação de medidas de estabilização geotécnica indicadas, melhoria do sistema de impermeabilização e
drenagem superficial, urbanização e adoção do Regulamento Técnico Código de Obras- pode sofrer algum adensamento de moradias condicionado a liberação técnica oficial- remoção para situações localizadas ou caso fora dos limites da Área Desafetada.
ALTO (R3) Nas condições atuais há riscos de acidentes geotécnicos ou hidráulicos graves.Exige intervenções de estabilização geotécnica de pequeno e médio portes.Recomendações: - implantação de medidas de estabilização geotécnica indicadas, melhoria do sistema de impermeabilização e
drenagem superficial, urbanização e adoção do Regulamento Técnico - não deve sofrer adensamento de moradias.- remoção para situações indicadas no projeto ou caso fora dos limites da Área Desafetada oupor avaliação custo-benefício.
MUITO ALTO (R4) Nas condições atuais há riscos de acidentes geotécnicos ou hidráulicos graves.Recomendação: - remoção de todas as edificações existentes, recuperação florestal da área remanescente e eventuais serviços
de estabilização geotécnica.
ADEQUAR OS PROJETOS À NATUREZA AO INVÉS DE ADEQUAR A NATUREZA AOS PROJETOS
A QUESTÃO SOCIAL ENVOLVIDA
VARIÁVEIS COM QUE A POPULAÇÃO POBRE JOGA PARA PODER TER SUA CASA PRÓPRIA DENTRO DE SUA FAIXA ORÇAMENTÁRIA:
•PERICULOSIDADE
•INSALUBRIDADE
•DISTÂNCIA
•IRREGULARIDADE
SERRA DO MARSERRA DO MAR
Imponente e deslumbrante escarpaDe duras rochas maciçaÉs mistério, és esfingeÉs uma Deusa impondoTemor, pasmo e cobiça.
Com teus flancos me espantasCom tuas águas me convidasCom teu verde me fascinasCom teus barros me intimidas.
Teu colo sensualTua pele aveludadaSão-me acenos de amanteOu engodos de cilada?
Talvez seja esse o teu capricho,
Por temer a humana orgiaNega-te como pouso de
chegadaJá transformando em
odisséiaU’a mera travessia.
Álvaro fev 2004
FIM
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