Sumário
22
30
70
ATLETISMO Fabiana Murer e treinador Elson Miranda revelam os motivos da ascensão do atletismo feminino no Brasil
PAINTBALLGrupo de 30 praticantes da modalidade cria a "Tropa de Elite" do paintball no Amazonas
ENTREVISTARickson Gracie fala com exclusividade sobre surgimento do jiu-jítsu e o segredo para o sucesso. Página 14
WAKEBOARDFeras radicalizam em evento na piscina do Clube do Trabalhador. Página 26
FUTEBOLSérgio Duarte é mais um ex-jogador de defesa a fazer sucesso como treinador. Página 42
LITERATURALivro reune a história por trás de 360 escudos curiosos de clubes de futebol de todo o mundo. Página 64
VAIDADEAtletas do futebol feminino não deixam a preocupação com a beleza de lado. Página 76
FISICULTURISMOGabriela Sales molda o físico para evento nos Estados Unidos .Página 80
MMADileno Lopes acerta parceira com a AFC para gerenciar carreira. Página 82
COPA 2014Obras em ritmo avançado na Arena da Amazônia
ESPORTIVO
Diretor Executivo Antonio Neto
Diretor Comercial Valeriano Neto
Diretor Executivo de Criação Jackson Torres
Diretora Financeira Vanusa Dias
Projeto Visual e Edição Visual Jackson Torres
Editor de Redação Maurício Freire
Repórteres Nathália SilveiraNatália CaplanDiogo RochaCamila HenriquesIvan RenatoTanair MariaBruno TadeuBruno Elander
Fotógrafos Antonio LimaBruno KellyDaisy CamargoAmarildo OliveiraMichael Dantas
Revisão Benayas Inácio
Capa
Concepção VisualJackson Torres
FotografiaAmarildo OliveiraDaisy Camargo
ISSN: 2237-1982
COREGRAF IND. E SERV. GRÁFICOS LTDA.Rua Benjamin Lima, 339São Jorge – CEP. 69033-640Manaus – Amazonas
Fones: 92 [email protected]
Assinaturas:[email protected]: 92 3671.5000
Copyright © Coregraf I. S. G. Ltda. / Célere E. Ltda.
@ VOZ DO [email protected]
Envie suas sugestões e comentários. Participe!
EDITORIALEm 1541, o espanhol Francisco Orellana explorava áreas ainda desconheci-
das do Brasil quando sua expedição foi atacada por uma tribo indígena cuja as
guerreiras eram mulheres. Uma vez que os exploradores compararam essas
índias às destemidas amazonas das lendas gregas (mulheres independentes
e guerreiras que enfrentavam e dizimavam grupos de homens), passaram a
identificar por esse nome o rio em que navegavam, o que posteriormente foi
transmitido à região, e depois ao Estado.
Como podemos perceber a característica de guerreira das mulheres amazo-
nenses vem desde o batizado do nosso “rio-mar” e Estado. Hoje, o melhor
exemplo de amazonense guerreira é a ginasta Bianca Maia, de apenas 18 anos.
Isso porque, para chegar nas três medalhas de ouro conquistadas nos Jogos
Pan-Americanos de Guadalajara, em outubro deste ano, a amazonense sofreu,
suou, batalhou, chorou, mas trabalhou muito para chegar à seleção brasileira.
Na sua segunda edição, a revista ÍCONE conta detalhes como a falta de apoio,
o medo de fracassar, a batalha da mãe e treinadora Sâmia Maia por um local
decente para os treinos de Bianca e deixa para a reflexão dos leitores a neces-
sidade de um maior incentivo do poder público para os nossos atletas.
A tri-campeã Pan-Americana Bianca Maia é um exemplo de atleta que con-
seguiu vencer as dificuldades para triunfar no esporte, mas quantas Biancas
espalhadas por outras modalidades, entre elas o basquete, natação, atletismo,
vôlei, ciclismo, judô não foram obrigadas a desistir pela falta de apoio financeiro
ou um local melhor equipado para aprimorar o desempenho.
José Aldo (lutador de MMA campeão do peso-pena do UFC) e Bianca Maia são
hoje os principais exponentes do esporte amazonense e a prova de que atleta
não precisa de placas ou desfile em carro do Corpo de Bombeiros após uma
grande conquista, mas sim, de bons patrocínios, apoio e estrutura para compe-
tir de igual para igual com os grandes atletas do Brasil e do mundo.
É verdade que muito já foi feito pelo esporte amazonense nos últimos anos.
Temos uma Vila Olímpica com potencial para revelar grandes atletas, uma are-
na poliesportiva de alto nível, mas isso não é suficiente. É preciso muito mais
investimento na base do esporte, pois investir em esporte é investir na quali-
dade de vida. •
6 | ÍCONE ESPORTIVO
Corrida dos Curumins Abu Dhabi Wolrd Professional Jiu-Jitsu
Circuito Cidade de Manaus de Contra Relógio
ÍCONE ESPORTIVO| 7
Corrida Internacional Cidade de Manaus
Corrida Santos Dumont
Corrida da Unimed
8 | ÍCONE ESPORTIVOJungle Man Extreme
Gabriel, promessa no kart
2ª Etapa do Circuito de Futvôlei
Jungle Man Extreme Jungle Man Night Run
Espaço Kids na Corrida Ciclística Agnaldo Archer Pinto
ÍCONE ESPORTIVO| 9
Faixa liberada na Ponta Negra
Copa Powerage de paraquedismo
Rugby em alta na Ponta Negra
Manobras radicais na praia
O judoca Flávio Canto recebeu a ÍCONE durante visita a Manaus
O campeão Rickson Gracie aprovou a ÍCONE.
A triatleta Ariane Monticelli elogiou a 1ª edição da ÍCONE, na qual ela foi personagem.
10 | ÍCONE ESPORTIVO
NOTAS ESPORTIVAS
Triatlo em ascensãoA temporada de 2011 do triatlo
encerrou-se no final de novembro com
saldo positivo para o Amazonas. Além
do vice-campeonato mundial de Jéssica
Santos, o Estado teve representantes no
Triathlon Internacional de Santos, 70.3
(meio Ironman) de San Juan, Ironman
Brasil, 70.3 Miami, XTerra Amazônia,
Short Distance e Long Distance de Piras-
sununga e no Ironman de Cozumel, no
México. Em 2012, a promessa de mais
sucesso com participação recorde de 19
amazonenses no Ironman Brasil, em
Santa Catarina, no mês de maio.
Universitária douradaA judoca amazonense Rafaela Barbosa derrotou favoritas entre elas a carioca Raquel Silva e a paranaense Suellen Sena, para conquistar a medalha de ouro na categoria meio-leve (-52kg) nas Olimpíadas Universitárias (JUBs 2011), disputada em Campinas, no início de novembro.
Tricampeã sul-americana nas categorias de base, Rafaela é caloura do curso de direito da Universidade Paulista (Unip-AM) e derrotou na final a catarinense Reigiane Carvalho, da Unisul (SC), com uma chave de braço, logo depois de ter aplicado um yuko.
Bicampeã sul-americana juvenil e campeã na categoria júnior, Rafaela Barbosa disputou no ano passado o seu primeiro Campeonato Brasileiro Sênior e ficou com a medalha de prata.
Capital do futsalDurante uma semana, no mês de outubro, Manaus se tornou a capital mundial do Futsal. Para a alegria dos apaixonados pelo esporte que lotaram a Arena Amadeu Teixeira durante os dias do Grand Prix de Fustal, a seleção brasileira venceu o torneio na véspera do aniversário de 342 anos da capital do Amazonas.
Na decisão, não faltou emoção. Contra uma Rússia aguerrida, o Brasil empatou no tempo normal em 1 a 1 e teve que recorrer ao talento de Falcão, autor do gol do título na prorrogação, para vencer por 2 a 1. “Meu brilho ninguém apaga. Tem que me respei-tar”, desabafou Falcão, que passou quase toda a decisão no banco de reservas.
Triatleta Ylse Yuri estreou com vitória no Short Distance em Pirassununga
ÍCONE ESPORTIVO| 11
Ponta Negra Beach , where we do open water, bike and run all in the same place. The river called “Negro”(means “Dark” in English) meets the Amazon Rives about 4km down. It is 8km wide at the Ponta Ne-gra Beach, and many open water, Run-ning, Bike as well as Triathlon competi-tion happen there.
Besides the “beauty” of the place(rivers, forest, birds etc), I always like to say that there is the “beast”. And I’m not taking about animals like alligators, snakes or piranhas... yes, they all exist here, after all we are in the middle of the Amazon jungle. But, these are more for the terror movies. In fact, these predators from the jungle are very far from the city, and I never heard about any attack. If you arrive very early in the morning for an open swim training, you will easily see a lot of “botos”(they are dolphins from the rivers), and they usually swim together with us. So, when I talk about the “beast”, It regards to our very tough weather conditions. Manaus is very close to the equator line, and 30 to 35degrees Cel-sius is an average temperature, during the day, for the whole year. The seasons are not very well defined. Here we have a raining season that starts in November and ends by June. Yes! Eight months raining almost every day, mostly in the afternoon, but still with very high temperatures. Then, the
rain makes a break from July to Octo-ber. That’s when things get worst. At 08:00am, temperatures are already by 30degrees Celsius. Then 35 to 38 by 10:00am. And on the worst days, it can cook us to 42 or 45degrees Celsius by 2:00PM.
ALTON A RAL
MANA TRIATHLON
MANA , RA IL
ALTON A RAL ERI HTET A RA ILIEN NTELLT EIN TEAM MANAUS TRIATHLON ORHE IT
Nacional na CopinhaÚnico representante do Estado na Copa São Paulo de futebol Júnior, o Nacio-nal estreia no dia 4 de janeiro, contra o Figueirense-SC, no Estádio Antônio Soares
de Oliveira, em Guarulhos-SP. O Leão da Vila Municipal está no Grupo X, com sede em Guarulhos, ao lado de Figueirense-SC, Flamengo-SP e Ponte Preta-SP. O melhor desempenho do Nacional ocorreu em 2008, quando o time avançou à segunda fase.
Aldo no UFC RioApós derrotar o norte-americano Kenny Florian, por decisão dos juízes, no UFC 136, no dia 8 de outubro, e garantir a pemanên-cia do cinturão do peso-pena, o amazonen-se José Aldo está confirmado na segunda edição do UFC Rio, no dia 14 de janeiro,, onde será desafiado por Chad Mendes.
Vaga em Abu DhabiTreze atletas, sendo oito amazonenses, carimbaram no dia 20 de novembro o pas-saporte para o World Professional Jiu-Jítsu Cup 2012, evento de que acontecerá nos Emirados Árabes. Os atletas selecionados ganharam o free pass para o WPJJC 2012, com despesas pagas (passagem ida e volta, visto, estadia e alimentação).
Triatlo amazonense é destaque em revista alemãA revista alemã de esportes "Close" dedicou nove páginas da sua edição de dezembro para a prática do triatlon no Amazonas. O que chamou a atenção dos "gringos" foi as condições favoráveis para as disputas de triatlon na região amazônica. O triatleta e colaborador da ÍCONE, Dalton Cabral, foi um dos personagens da matéria que pode ser conferiada (em inglês) no site: http://www.triathlon-machines.com/machineofthemonth.htm
Mesquita campeãoO piloto Marcus Mesquista sagrou-se campeão da Copa Super Kart. A última etapa foi disputada no dia 20 de novembro, no kartódromo da Vila Olímpica de Manaus. Na classificação final, Marcus Mesquita, da equipe Volksvagem, ficou em primeiro somando 260 pontos. Adriano Pizzonia, da equipe Fiat, ficou com a segunda coloca-ção com 256 pontos e Yuri Azevedo, da Ford, terminou em terceiro lugar com 170 pontos.
TRIATHLON MACHINES
FREE , MONTHLY
ONLINE MAG
# 3
BjörnMüllerMACHINE OF THE MONTH DEZEMBER
MACHINESWORLDWIDEBRASILIENDALTON CABRAL &
Manaus Triathlon
NEUE DUATHLON CHALLENGE
FALKENSTEIN & OBERURSEL
Com a certeza de que veio para ficar a revista íCONE ESPORTIVO foi lançada no dia 28 de setembro em um concorrido coquetel na Saraiva Megastore, no Manauara Shopping. Personalidades do esporte amazonense e personagens da primeira edição da revista como o piloto da Fórmula Superleague Antonio Pizzonia, o bicampeão pan-americano no atletismo Sandro Viana, a triatleta vice-campeã mundial de Aquatlon Jéssica Santos, além dos secretários municipal e estadual de Esportes, Fabrício Lima e Julio César Soares, respectivamente, marcaram presença e incentivaram o novo veículo de comunicação segmentado para os fãs de esportes.
lanÇamentoESPORTIVO
Antonio Neto e o Dr. Euler Ribeiro Secretário Estadual de Esporte Júlio César Soares
Secretário Municipal de Esportes Fabrício Lima e Antonio Neto Antonio Pizzonia, Babi Balbeque e o casal Simone e Antonio Neto
lanÇamento
Airton Menezes e suas filhas Antonio Neto e seu filho Valerino Neto Antonio Neto e a nadadora Giovana
A criançada antenada no esporte
Jornalista Eduardo Monteiro de Paula
Dalton Cabral e Antonio Neto Antonio Neto e Vanusa Dias
Sandro Viana "duelando" com José Aldo
Tenista Pedro Henrique (ao centro) e seus pais
Equipe da ÍCONE, Ivan Renato, Jackson Torres, Faíze Viana, André Viana, Nathália Silveira, Adan Garantizado e Camila Henriques
14 | ÍCONE ESPORTIVO
O clã Gracie pode ser considerado a ‘Família Real’ do esporte
brasileiro. Afinal, nenhum outro clã conseguiu atravessar tantas
gerações, desde o pioneirismo de seus patriarcas até os dias de
hoje. O jiu-jítsu aprimorado pela família é uma das bases daque-
la que está se tornando a segunda modalidade mais importante
do País, o MMA (sigla em inglês para Artes Marciais Mistas).
Com o sucesso de Anderson Silva, Lyoto Machida, José Aldo,
Júnior Cigano, entre outros, nada mais oportuno que revisitar a
trajetória de uma família que colocou o Brasil no mapa das artes
marciais.
No final de setembro, Rickson Gracie esteve pela segunda vez
em Manaus, para prestigiar mais uma edição do Amazon Black
Belt. Durante a visita, a ÍCONE teve a chance de entrevistar o
campeão com exclusividade. Na conversa, Rickson falou sobre
o pai, Hélio Gracie - falecido em 2009, e considerado o grande
nome da modalidade -, os irmãos e a filosofia da família, hoje
nas manchetes principalmente pelo sucesso de Kyra Gracie, te-
tracampeã mundial de Jiu-Jítsu.
Apesar das poucas visitas à cidade, a lenda já conhece há um
bom tempo o que ela tem a oferecer no campo das artes mar-
ciais “Já vejo Manaus no cenário mundial há bastante tempo,
desde o começo do Jacaré, do Saulo Ribeiro. Deve ter pelo menos
uns 15 anos que eu conheço o potencial da região”, revelou.
A HISTÓRIA DA SUA FAMÍLIA É CINEMATOGRÁFICA, SEM DÚVI-DAS, E AS ORIGENS SÃO AQUI DO NORTE...
A família Gracie é originária do Pará. Meu avô, Gastão Gracie,
fazia parte da nobreza da época, como um diplomata, envol-
vido em comércio – na época a expressão econômica do Brasil
era no Norte. Daí ele conheceu o conde Koma (Mitsuyo Mae-
da), um japonês que veio como responsável pela estabilização
dessa cultura no País. Eles se tornaram amigos e o conde,
em um ato de cortesia, resolveu ensinar jiu-jítsu ao seu filho
mais velho, (eram cinco no total), Carlos Gracie. Por volta de
cinco ou seis anos, passou todo o seu conhecimento a Carlos
Gracie e meu pai, Helio Gracie, doze anos mais novo, nunca
teve o prazer de aprender diretamente com o conde Koma.
ENTREVISTA ESPORTIVAPor: Camila Hernandes | Fotos: Antonio Lima
Ídolo no jiu-jítsu e MMA, Rickson Gracie revela em entrevista exclusiva os segredos para o sucesso da família Gracie nas artes marciais.
"Já vejo Manaus no cenário mundial há bastante tempo, desde o começo do Jacaré, do Saulo Ribeiro. Deve ter pelo menos uns 15 anos que eu conheço o potencial da região"
ÍCONE ESPORTIVO| 15
Em 1925, a família se mudou para o Rio de Janeiro, e abriu-se
a primeira academia de Jiu-Jítsu, e Helio Gracie, por motivos
de saúde, era proibido de praticar o esporte. Ele era muito
fraquinho, tinha vertigem a toda hora, e ficava sentado, vendo
meu tio dar aula, memorizando todas as frases e posições,
mas sem poder ter o contato físico. Dos 13 anos aos 16, ele
sabia praticamente tudo o que o meu tio sabia, só de ver e
memorizar. Um dia, aos 16 anos, o meu tio se atrasou e o meu
pai tomou a frente, enquanto ele não chegava. Quando o meu
tio chegou, o aluno que lutou com o meu pai comentou que
ele era muito habilidoso e que gostaria de continuar treinan-
do com ele. A partir dessa data, o meu pai começou a interagir
fisicamente no jiu-jítsu.
E COMO FOI ESSA “PASSAGEM DE BASTÃO” DO SEU TIO PARA O SEU PAI?
Nós costumamos dizer que Hélio Gracie está para o jiu-jítsu
como Einstein está para a física. Ele foi o criador, desenvol-
veu o esporte de acordo com a força e as possibilidades físi-
cas que ele tinha. Ele não conseguia fazer nem uma flexão
de braço, então ele foi adaptando, reinventando o jiu-jítsu
aprendido por ele e pelo Carlos de uma forma que ele pudes-
se usar. E aí veio realmente o início do Gracie Jiu-Jítsu, ou o
que nós chamamos hoje de Brazilian Jiu-Jítsu, que é o jiu-
-jítsu adaptado ao mais fraco. E aí, com meu pai cada vez
mais intenso na prática, meu tio saiu um pouco de cena do
esporte e se tornou no mentor espiritual da família, desen-
volvendo a Dieta Gracie. Ele sempre foi muito estudioso da
parte de numerologia, de biorritmo e, enquanto irmão mais
velho, dava conselhos ao meu pai, que sempre fazia o que
ele mandava. E aí, aos poucos, meu pai foi se tornando um
grande astro do tatame, com o meu tio nos bastidores como
mentor e manager. Houve uma junção de interesses – o que o
meu tio não fazia era complementado pelo meu pai e vice-e-
-versa. Foi algo quase instintivo, eles encontraram uma zona
de conforto, e aí as outras gerações vieram, e muito embora
eu seja filho do Hélio Gracie, na escala eu já sou a quinta ge-
ração. Esse processo existe até hoje, e os Gracie estão até
hoje na ativa, espalhados pelo mundo todo. Não existem mais
fronteiras para o jiu-jítsu.
ATÉ HOJE, TODOS SE LEMBRAM DA SUA LUTA HISTÓRICA COM O REI ZULU, NO INÍCIO DOS ANOS 80. QUAL A IMPORTÂNCIA DA-QUELE CONFRONTO PRA SUA CARREIRA E PRA SUA VIDA?
Foi muito importante por vários motivos. Foi a minha pri-
meira luta profissional. Eu tinha 19 anos, e foi uma luta na
qual eu fui contra todas as probabilidades. Além da minha
idade, eu ainda pesava 73 kg, e o Zulu tinha mais de 30 anos
e uns 98 kg. Foi uma aventura. Quando acabou o primeiro
ENTREVISTA ESPORTIVA
RICKSON GRACIEEx-lutador de jiu-jístu e MMA
Somente as atividades esportivas e físicas orien-tadas por Pro� ssional de Educação Física pro-porcionarão os benefícios esperados, tais como adoção de hábitos positivos, melhora nos rela-cionamentos e formação integral.
Exija Pro� ssional de Educação FísicaO único habilitado a promovervalores com ética e segurança.
www.cref8.org.br
CREF8Conselho Regional de
Educação Física da 8ª Região
CREF8/AM-AC-AP-PA-RO-RR
ENTREVISTA ESPORTIVA
16 | ÍCONE ESPORTIVO AGOSTO E SETEMBRO 2011
"Essa luta (contra Rei Zulu) foi de grande valor para mim, porque me fez entender que o seu pior adversário é a sua própria mente. A partir daí, continuei lutando e vencendo, até me aposentar, invicto, com mais de 400 lutas".
round, eu falei pro meu pai que eu não aguentava mais, que
estava morto de cansado. E ele desconversou, jogaram um
balde de gelo na minha cabeça, e quando eu vi já estava lá
dentro do ringue de novo. Continuei a luta e ganhei. Aquilo foi
uma grande prova pra mim, mostrou que o meu maior medo
estava dentro da minha cabeça. Foi um aprendizado muito
grande, e a partir desse dia, comecei a pensar que, se eu es-
tava cansado, o outro lutador também estava. Essa luta foi
de grande valor para mim, porque me fez entender que o seu
pior adversário é a sua própria mente. A partir daí, continuei
lutando e vencendo, até me aposentar, invicto, com mais de
400 lutas.
RECENTEMENTE, O SEU IRMÃO ROYLER GRACIE ESTEVE EM MANAUS, PARA A ÚLTIMA LUTA DE SUA CARREIRA, CONTRA O JAPONÊS MSAKATSU UEDA. VOCÊ CONSEGUIU ASSISTIR? O QUE ACHOU?
Eu vi. Infelizmente não pude estar aqui (para a luta do Roy-
ler), porque estava em Abu Dhabi, treinando com o Sheik. Em
primeiro lugar, o Royler é um grande guerreiro. Para uma luta
de despedida, ela não foi bem casada, porque pegou um ad-
versário que estava voando baixo, quase 15 anos mais novo, e
o ritmo hoje em dia é muito intenso. É um round exclusivo de
cinco minutos, e se você ficar um pouco atrás no tempo, não
consegue recuperar. Eu acho que o Royler lutou muito bem,
mas estava um pouquinho atrasado, e o outro lutador esta-
va muito rápido e arisco. Foi merecida a vitória do adversário
dele. Graças a Deus o Royler não se machucou; foi uma luta
leve pra ele. Isso não diminui em nada o potencial, a capaci-
dade e o espírito dele. Eu diria que o jiu-jítsu é uma luta de
autoconhecimento. Você desenvolve as suas ferramentas. Se
fosse uma luta sem tempo e sem regra, eu não acredito que
o Royler perderia. Acho que ele teria encontrado uma zona
de conforto para poder vencer. O jiu-jítsu é muito completo e
diversificado e dá poder a quem o pratica. É uma questão de
se adaptar às regras. No lado esportivo, você pode ser derro-
tado. Mas, na sua integridade moral, você está sempre no seu
melhor. Espiritualmente, você está sempre bem.
MAIS DE DOIS ANOS APÓS A MORTE DE HÉLIO GRACIE, COMO É RELAÇÃO DA FAMÍLIA?
A nossa relação é boa, mas cada um criou a sua própria marca,
por motivos financeiros. Houve uma divisão comercial do negó-
cio, porque são muitos líderes para ficar em uma mesma ban-
deira. Existe uma fraternidade que nos liga.•
"Essa luta (contra Rei Zulu) foi de grande valor para mim, porque me fez entender que o seu pior adversário é a sua própria mente. A partir daí, continuei lutando e vencendo, até me aposentar, invicto, com mais de 400 lutas".
Depois de participar do treinamento de filmes como ‘Hulk’ e ‘Tropa de Elite’, é a vez de Rickson ir para a frente das câmeras. O diretor de ‘Tropa’, José Padilha, adquiriu os direitos da história do lutador, e deve co-meçar a pré-produção da obra em breve.
Somente as atividades esportivas e físicas orien-tadas por Pro� ssional de Educação Física pro-porcionarão os benefícios esperados, tais como adoção de hábitos positivos, melhora nos rela-cionamentos e formação integral.
Exija Pro� ssional de Educação FísicaO único habilitado a promovervalores com ética e segurança.
www.cref8.org.br
CREF8Conselho Regional de
Educação Física da 8ª Região
CREF8/AM-AC-AP-PA-RO-RR
‘QUERO DISPUTAR AS OLIMPÍADAS DE 2016’
PERFIL
Inspirado nos vídeos do pai, que também foi jogador de basque-te, Pedro Mendonça Ferreira da Silva começou a jogar basquete aos 11 anos, no Colégio La Salle, e hoje, aos 16 anos e com 1,92 m de altura coleciona títulos estaduais e convocações para a seleção brasileira.
Pedro conta que começou a treinar apenas por brincadeira. “Aos 11 anos era tudo uma diversão. Mas comecei a me des-tacar e por indicação d a Federação Amazonense de Basque-te (Febam) fui convocado para a seleção brasileira Sub-15. Nesse momento vi que o negócio não era mais apenas uma brincadeira”, explicou Pedro
Na seleção, Pedro se destacou e foi vice-campeão sul-america-no em 2010. A boa apresentação rendeu ao jovem garoto nas-cido em Brasília, mas “amazonense de coração” como ele fez questão de frisar, um convite para jogar na equipe " Lance Livre", de Brasília. “O clube me ofereceu bolsa escolar, ajuda de custo e todo o apoio para que eu jogasse no time. Deixei Manaus e vim com a minha mãe e irmão mais novo enfrentar esse desafio” .
No novo clube, Pedro já conquistou um campeonato distrital na categoria sub-16 e um na categoria acima da idade dele, a sub-17. A evolução no esporte faz com que o jovem armador já pen-se na carreira profissional. “Quero fazer uma carreira no bas-quete profissional, conquistar títulos, jogar na NBA e disputar as Olimpíadas de 2016, que será disputada no Brasil e é o sonho de todo atleta”, conta o garoto, consciente de que não dependerá apenas do basquete para sobreviver. “A carreira de todo atleta é muito curta, por isso estou estudando e me preparando tam-bém para não ficar parado quando não puder mais jogar”.
Reportagem: Maurício Freire | Fotos: Acervo pessoal
REVELADO NO LA SALLE, PEDRO SILVA FOI CONVOCADO DUAS VEZES PARA A SELEÇÃO BRASILEIRA DE BASQUETE DE BASE E JÁ SONHA COM A SELEÇÃO PRINCIPAL
ÍCONE ESPORTIVO | DEZEMBRO 2011 / JANEIRO 2012 | 19
VITÓRIA INESQUECÍVEL
No Sul-Americano Sub-15, em 2010, enfrentamos o Chile e precisávamos vencer para avançar de fase. Estávamos perdendo por 22 pontos, entrei no último quarto e joguei bem: marcando, fazendo pontos e dando assistências. Re-vertemos a desvantagem e depois nos classificamos para a Copa América.
PIOR DERROTA
Na Copa América, em 2010, perdemos para a Argentina por dois pontos e deixamos de ir para o Mundial. Tínhamos um time melhor, mas um vacilo no último segundo nos fez per-der o jogo. Foi muito triste, todos se abraçaram e choraram porque foram dois meses de preparação desperdiçados em apenas um segundo.
ÍDOLO NO BASQUETE MUNDIAL
Meu grande ídolo é o Michael Jordan. Não o vi jogar ao vivo, mas o conheci pelos vídeos. Atualmente sou fã do Kobe Bryant, que é o melhor jogador do mundo.
RESIDIR EM BRASÍLIA
Brasília é muito diferente de Manaus. O povo em Manaus é muito mais receptivo e caloroso. Aqui o pessoal é mais frio. Só fui ganhar o respeito dos colegas do colégio quando eles me viram jogando basquete.
QUAL SEU GRANDE SONHO COMO JOGADOR?
Disputar as Olimpíadas de 2016 e jogar na NBA
PERFIL
Nome completo: Pedro Mendonça Ferreira da Silva Naturalidade: Brasília Data de nascimento: 2-1-1995 Altura: 1,92m Peso: 80 kg Posição: Armador TÍTULOS: Campeão do Jebs (Jogos Estudantis Brasilei-ro), campeão brasiliense sub-16 e sub-17, campeão de torneios amistosos com a Seleção Brasileira sub-15, vice--campeão sul-americano sub-15. •
As boas atuações na equipe do La Salle renderam a Pedro convocações para a seleção brasileira de base
20 | ÍCONE ESPORTIVO20 | ÍCONE ESPORTIVO
Da mesmo modo que o jejum não é indicado nesse momento,
também não é recomendado que um treino se inicie com o es-
tômago cheio, o que provavelmente diminuirá a performance e
poderá trazer desagradáveis consequências, tais como indiges-
tão, mal-estar e até vômito.
O recomendado é fazer as refeições maiores, entre elas o café da
manhã ou o almoço, de duas a quatro horas antes da atividade
física. Tendo como intervalo um tempo inferior (como acordar e
ir imediatamente para o treino), dê preferência aos carboidratos
(pães, biscoitos sem recheio, bolo simples, barras de cereal, gel
de carboidrato e frutas), dispensando as proteínas (queijos, leite
e iogurte) e gorduras em geral. Com certeza a absorção será me-
lhor, que é o necessário para esse momento, garantindo energia
sem aquele “peso” no estômago durante o treino.
O consumo de alimentos com o teor de fibra maior, entre os quais
grãos, hortaliças cruas, cereais fibrosos e alguns tipos de frutas,
também não são indicados, pois poderão causar desconforto gas-
trintestinal.
A melhora do desempenho também incui a escolha dos alimen-
tos que serão ingeridos após a atividade física. Isso fará com que
os músculos sejam reestabelecidos e que o atleta esteja bem
para o próximo treino ou competição.
Para a recuperação total da energia muscular, é necessárário
que o esportista coma no máximo trinta minutos após o treino,
fazendo outras pequenas refeições a cada três horas.
Se não for possível a ingestão de alimentos sólidos nesses pri-
meiros trinta minutos ou se não houver a disponibilidade de
alimentos, deverão ser usados dois copos de bebida esportiva.
A hidratação após o exercício físico é tão importante quanto a
alimentação.
A melhor opção pós-treino é a combinação de proteínas e car-
boidratos, sendo ambas importantes para a recomposição dos
músculos. Uma refeição boa após o treino seria um sanduíche ou
um filé de frango com macarrão, sendo sempre acompanhado de
molhos menos gordurosos: sugo, por exemplo. •
DICAS DE ALIMENTAÇÃO PRÉ E PÓS-TREINO
PRÉ-TREINO
Pão francês ou de forma, biscoito sem recheio (Maisena, água e sal, leite, etc.), bolos simples (fubá, laranja, simples), barras de cereal, cereais simples, gel de carboidrato, bananas ou outras frutas sem grandes quantidades de fibras ou sucos de frutas sem bagaço.
PÓS-TREINO
Sanduíche de peito de peru e queijo branco com suco de abacaxi, bolo de cenoura com iogurte e fruta, macarrão ao suco com filé de frango gre-lhado, carne grelhada com arroz com brócolis e salada.
NUTRIÇÃO
ALIMENTAÇÃO PRÉ E PÓS-EXERCÍCIO
Por: Carolina Paz Lordeiro Lima – Nutricionista CRN 7/3144
PARA QUE UM ESPORTISTA NÃO SE SINTA FRACO E NEM LENTO DURANTE A ATIVIDADE FÍSICA É NECESSÁRIO QUE ELE FAÇA UMA REFEIÇÃO PRÉ-EXERCÍCIO
ÍCONE ESPORTIVO | OUTUBRO / NOVEMBRO 2011 | 21 ÍCONE ESPORTIVO | SETEMBRO / OUTUBRO 2011 | 21
22 | ÍCONE ESPORTIVO
Historicamente, o Brasil tem com os homens os melhores re-sultados em disputas internacionais de atletismo. Claudinei Quirino, Robson Caetano, Joaquim Cruz e Ademar Ferrei-ra da Silva são exemplos de atletas que fizeram história com resultados expressivos em cam-peonatos mundiais e Olimpíadas. Mas nos últimos anos esse cenário se modificou. Agora, quem "manda" no atletismo brasi-leiro são as mulheres.
A saltadora Maurren Maggi, medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, e a saltadora com vara Fabiana Murer, campeã mundial em Daegu neste ano, são os carros-chefes de uma geração promissora . Nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, disputado em outubro deste ano, Rosangela Santos – ouro no 100 metros rasos e revezamento 4 x 100 – e Ana Claudia Lemos – ouro na revazamento 4x100 e nos 200 metros rasos- já deram uma amostra do que poderão fazer nas próximas Olimpíadas e campeonatos mundiais.
LUGAR DE MULHER É NA PISTA DE ATLETISMO
Reportagem: Maurício Freire
NOVA GERAÇÃO DO ATLETISMO BRASILEIRO TEM COMO DESTAQUES ATLETAS MULHERES. ÍCONE OUVIU A SALTADORA COM VARA FABIANA MURER E O TÉCNICO DELA ELSON MIRANDA, PARA SABER OS MOTIVOS DESSA NOVA ORDEM
ÍCONE
Foto: LEE JIN-MAN in Associated Press/AE
Foto: Jefferson Bernardes/VIPCOMM
ÍCONE ESPORTIVO| 23
Para Fabiana Murer, a melhora nos resultados do atletismo fe-minino do Brasil é consequência de um aperfeiçoamento no tra-balho de base e fruto de algumas características peculiares das mulheres. “Ao longo dos anos estamos melhorando em termos de estrutura. Com isso, os resultados são alcançados com mais facilidade. Mas no meu caso e da Maurren são provas mais téc-nicas, que exigem mais concentração, e as mulheres levam van-tagem nessas horas”, afirmou a atleta paulista de 30 anos em entrevista exclusiva concedida por telefone à ÍCONE.
Mas para o técnico e marido de Fabiana Murer, Elson Miranda, as conquistas de sua esposa e de Maurren são resultados principal-mente de esforços individuais. “Acredito que são casos isolados, uma questão de fase ou até mesmo uma safra boa com duas atletas diferenciadas. No Brasil, temos apenas a BM&F como clu-be de referência, que oferece estrutura completa com centro de treinamento e equipe médica para os atletas. Se tivermos mais locais com essa estrutura, poderemos ter mais atletas disputan-do meetings internacionais e com chances de bons resultados ”.
Fabiana Murer exibe com orgulho a medalha de ouro conquistada em Guadalajara
Foto: Jefferson Bernardes/VIPCOMM
Foto: Jefferson Bernardes/VIPCOMM
Foto: Divulgação Bovespa
24 | ÍCONE ESPORTIVO
E esse é o momento certo para que se invista em estrutura e
descubra mais novos talentos para o atletismo, já que, o Brasil
sediará uma Olimpíada em menos de cinco anos e agora pos-
sui ídolos na modalidade. “Conheço técnicos que me dizem que
crianças o procuram querendo praticar o salto com vara devido
os meus resultados”, atestou Fabiana Murer.
META É CHEGAR NOS CINCO METROS
Campeã mundial com a marca de 4,85m, Fabiana Murer quer
mais em 2012. Para conquistar o principal objetivo da nova tem-
porada, o ouro nos Jogos Olímpicos de Londres, Fabiana sabe
que precisará saltar muito mais. “2011 foi um ano muito bom
para mim. Apesar da prata nos Jogos Pan-Americanos, consegui
atingir a principal meta que era o título mundial. Para 2012 pre-
tendo continuar evoluindo e saltar primeiro 4,90m e depois os
cinco metros. Acredito que estou preparada para isso”.
Para se ter uma ideia da evolução de Fabiana, em 2001 ela tinha
como melhor marca 3,91 m. Dez anos depois, a atleta conseguiu
saltar 4,85 m, quase um metro a mais. Quando conquistou o Pan
de 2007, no Rio de Janeiro, Fabiana saltou para "apenas" 4,65 m.
“O salto com vara vem evoluindo muito desde 2005 e não são
todas atletas que conseguem acompanhar esse ritmo”, explicou
o técnico Elson Miranda.
Apesar do título mundial conquistado nesse ano, Fabiana acre-
dita que não terá vida fácil nas Olimpíadas de Londres. “No
salto com vara temos hoje seis ou sete atletas com chance
de conquistar esse ouro. A minha concorrente não é apenas a
Isinbayeva (russa bicampeã olímpica e recordista mundial com
a marca de 5,06 m), mas tem também alemãs, americanas e ou-
tras atletas que estão muito bem”, disse Fabiana. •
"Conheço técnicos que me dizem que crianças o procuram querendo praticar o salto com vara devido os meus resultados”. Fabiana Murer.
ÍCONE
PRINCIPAIS RESULTADOS
ANO TORNEIO LOCAL RESULTADO
2000 Campeonato Mundial Júnior Santiago, Chile 10º
2006Final Mundial de Atletismo Stuttgart, Alemanha 5º
Copa do Mundo Atenas,Grécia 2º
2007 Jogos Pan-americanos Rio de Janeiro, Brasil 1º ( Recorde pan-americano 4,60 m)
2008 Campeonato Mundial Indoor Valência, Espanha 3º ( Recorde sul-americano 4,70 m)
2008 Jogos Olímpicos Pequim, China 10º (Chegou a final, mas foi eliminada).
2009 Meeting de Donetsk (indoor) Donetsk, Ucrânia 2º (Recorde sul-americano 4,81 m)
2009 Troféu Brasil (outdoor) Rio de Janeiro, Brasil 1º (Recorde sul-americano 4,82 m)
2009 Final Mundial de Atletismo Tessalônica, Grécia 2º
2010 Grand Prix de Birmingham (indoor) Birmingham, Inglaterra 1º (Recorde sul-americano 4,82 m)
2010 Campeonato Mundial Indoor Doha, Qatar 1º (4,80 m)
PRÊMIO BRASIL OLÍMPICO 2011
Fabiana Murer foi eleita a melhor atleta brasileira de 2011. Após votação através de um colégio eleitoral e do público, via Internet, o anúncio dos vencedores foi fei-to na cerimônia do Prêmio Brasil Olímpico, organizada pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) no dia
19 de dezembro, no Theatro Mu-nicipal do Rio de Janeiro.
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
1998
3,66Outdoor
3,81Outdoor
Meta
3,90Outdoor
3,90Indoor
4,11Indoor
3,91Outdoor4,06Outdoor4,25Outdoor
4,40Outdoor4,40Outdoor
4,41Indoor
4,66Outdoor
4,66Indoor
4,65Outdoor
4,70Indoor
4,80Outdoor
4,81Indoor
4,82Outdoor
4,82Indoor
4,85Outdoor4,85Outdoor
EVOLUÇÃO DE FABIANA MURER
RESULTADO
( Recorde pan-americano 4,60m)
( Recorde sul-americano 4,70 m)
(Chegou a final, mas foi eliminada).
(Recorde sul-americano 4,81 m)
(Recorde sul-americano 4,82 m)
(Recorde sul-americano 4,82 m)
PRÊMIO BRASIL OLÍMPICO 2011
Fabiana Murer foi eleita a melhor atleta brasileira de 2011. Após votação através de um colégio eleitoral e do público, via Internet, o anúncio dos vencedores foi fei-to na cerimônia do Prêmio Brasil Olímpico, organizada pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) no dia
19 de dezembro, no Theatro Mu-nicipal do Rio de Janeiro.
RadicaiS ATé NA piScina
Reportagem: Nathália Silveira | Fotos: Sport Digital
O ESPAçO PEqUENO NãO é PROBLEMA PARA AS FERAS DO WAkEBOARD, qUE EM MANAUS COMPETEM ATé EM PISCINAS
Manobras radicais em meio à piscina. Assim é o wakeboard in-
door. E se você ainda não a ouviu falar desta prática que nasceu
nos anos 90 na Europa, a ÍCONE apresenta a você um a das mo-
dalidades que mais cresce no mundo na cena dos esportes radi-
cais. Manaus, por exemplo, foi sede no mês passado, do Amazon
Wake Jam, campeonato composto de uma única categoria - a
Open - e que reuniu os 20 melhores ‘riders’ (competidores) da
capital. Entre os feras estavam também dois atletas de fora: Igor
Pastuszek, de Florianópolis, e Renato Tabora, de São Paulo.
O cenário escolhido para a competição foi o Clube do Trabalha-
dor do Sesi, especificadamente na piscina olímpica do local, que
mede 50 x25 metros e é apropriada para realizar a modalidade.
No Amazon Wake Jam, primeiro campeonato na região Norte do
país e quarto evento da América do Sul, os riders foram reboca-
dos por um winch (motor), onde mostravam suas habilidades
em uma kicker (rampa) de 1,5 m de altura e 4m de comprimento
e em um Roof Top (corrimão) de 20 metros de comprimento. E
se no rio e no mar os riders são puxados por lanchas, na piscina
o sistema é diferente: um motor, semelhante a um guincho de
um carro, fica na área externa da piscina, puxando os riders com
uma velocidade em torno de 35 Km.
Um dos organizadores do evento, Khalil Jezini, explica como o
motor foi trabalhado na piscina do Sesi. “O motor provoca uma
arrancada muito forte, mas não fica na água, só recolhe o cabo. A
partir do momento que você adquiri o motor e tem uma piscina,
o esporte torna-se mais acessível.
Homens e mulheres desafiaram a rampa de 1,5 m de altura por 4m de comprimeiro na piscina de 50 x 25 m do Clube do Trabalhador
28 | ÍCONE ESPORTIVO
A COMPETIÇÃO
Os 20 riders mandaram ver para definir os cabeças de chave da
competiçao, em seções nos dois dias do evento. Após as fases
eliminatórias e classificatórias head to head (um contra um), onde
os riders se esforçaram para tentar tirar nota máxima quanto a
execução, manobra e intensidade, a briga, na semi final, ficou en-
tre Igor Boito, Rodrigo Paes Leme, Chalub e Miniman.
Na disputa de Boito e Rodrigo Paes Leme, quem levou a melhor
foi o rider da casa. No kicker, ambos mandaram apenas uma
manobra bem feita, e no slider os dois também encaixaram. Mas
Rodrigo Paes Leme conseguiu passar para a final após realizar
um belo Board to Back Lip BS 36 OUT, já Boito, apesar de ter feito a
manobra de slider que lhe rendeu o troféu de Best Trick do evento
(Tail Press to Nose Press to Blind), teve que se contentar em
somente “olhar” a final da comeptição.
Entre o Chalub e Miniman, o Switch 5 no kicker junto com o Bo-
ard to Back lip com gap e BS 36 Out no Roof de Chalub dominou
a bateria, e os grandes saltos do Miniman não encaixaram no
pouso e não foram suficentes para bater Chalub, mesmo com
uma boa passada de slider. Dando a Chalub a chance de enfren-
tar Rodrigo Paes Leme na final.
DECISÃO CASEIRA
Na esperada final, os amazonenses Rodrigo Paes Leme e Cha-
lub ficaram cara a cara para enfrentar quatro passadas e decidir
quem levaria o título do Amazon Wake Jam. Chalub pousou um
Switch 3 bem alto no kicker e seu tradicional BS Board Slide com
gap to Backlip Blind 3 out no slider. No entanto, a manobra não
superou o desempenho de Paes Leme, que mandou um Stalefish
to Blind no kicker e o FS lipslide to Frontboard blind out no Roof e
abocanhou o lugar mais alto do pódio. “Não foi fácil competir com
os caras, mas estou bastante feliz pelo resultado, me esforcei e
consegui levar a melhor”, comentou o grande campeão.
Jorge Chalub Filho ficou em segundo lugar, seguido de Andrews
Garcia e Igor Boito, terceiro e quarto lugar respectivamente. A
próxima disputa da modalidade está confirmada, segundo o ge-
rente esportivo de eventos da Secretaria Municipal de Desporto
e Lazer (Semdej), Hélio Bessa, no calendário esportivo de 2012. •
Espaço reduzido não é problema para as feras do wakeboard, que improvisam manobras radicais e voam para o delírio dos fãs da modalidade esportiva radical
30 | ÍCONE ESPORTIVO
Antes um lazer, a antiga brincadeira de mocinho e bandido virou esporte. Tiros, estratégia e trabalho em equipe formam a tática do paintball, que há seis anos caiu no gosto do amazonense. O combate com as bolinhas de tinta evoluiu tanto que as com-petições são reconhecidas como profissionais. Em Manaus, um grupo de amigos elevou o paintball ao "status" de tropa de elite.
Trata-se do G30, criado há um ano por uma turma boa de mira e disposta a investir para tornar a modalidade uma atividade esportiva altamente competitiva. O primeiro passo, ou tiro, foi dado no ano passado quando seis integrantes competiram em
uma das etapas do Circuito Brasileiro Amador de Paintball. Os amazonenses ficaram em 13º lugar entre 15 equipes.
Um deles é o jornalista Wilson Martins, 37, que começou a pra-ticar paintball em 2010. Ele viajou a São Paulo para competir como reserva pelo time amazonense no mesmo ano e ficou em quinto lugar no grupo. “Para um time que treinou dois fins de semana visando competir com equipes que participam juntas há mais de três anos foi uma grande experiência. A gente apren-deu um nível mais profissional e recebemos apoio e elogios dos outros times”, lembrou Martins.
A TROPA DE ELITE DO PAINTBALL
Reportagem: Bruno Tadeu | Fotos: Bruno Kelly
PRATICANTES DE PAINTBALL SE UNEM PARA COMPETIR NACIONALMENTE E ECONOMIZAR GASTOS COM EQUIPAMENTOS E VIAGENS
LAZER
ÍCONE ESPORTIVO| 31
O desempenho foi satisfatório, mas para disputar a competição nacional foi necessário um investimento de aproximadamente R$ 6 mil, de acordo com o empresário Patrick Caetano, 31, um dos fundadores do G30. Caetano competiu pelo time de Goiânia. “Muitos compraram os seus equipamentos lá em São Paulo mes-mo, fora os gastos com inscrição e bolinhas de tinta”, lembrou.
Patrick explica que o G30 foi fundado justamente para reunir um número fixo de jogadores assíduos, a fim de cortar os gastos com a prática do paintball. "Esse esporte melhorou muito nos últimos dois anos aqui em Manaus, mas continua caro. Toda vez que nós íamos jogar, gastávamos no mínimo R$ 70 por dia com
bolinhas de tinta. Foi ai que resolvemos fundar o G30, um grupo de amigos sem fins lucrativos”, ressaltou. Para fazer parte do grupo, é necessário um investimento prévio de R$ 1 mil parcela-dos em até quatro vezes.
Outro desafio que esses adeptos do paintball pretendem supe-rar é o preconceito. Segundo Patrick Caetano, o Exército ainda considera letal o tiro com marcador de ar comprimido, que é o equipamento utilizado para disparar as bolinhas. "Não existe isso. Ninguém se machuca porque o esporte tem todas as pro-teções necessárias, além de todas as regras de segurança para evitar qualquer tipo de lesão”, esclarece.
32 | ÍCONE ESPORTIVO
A consequência desse mal-entendido resulta na escassez de
patrocinadores que, receosos de investir em algo aparente-
mente perigoso, não hesitam em dizer não aos atiradores. Ou
melhor, jogadores. Para fugir desse estigma, o G30 deve se tor-
nar em breve uma entidade jurídica. Patrick Caetano disse que
a medida irá evidenciar a seriedade das pessoas envolvidas no
esporte, o que pode mudar a mentalidade dos patrocinadores.
O fato de o paintball envolver pessoas de quase todas as idades
também é uma das provas de que esse esporte está livre de
maiores perigos. Acompanhado pela mãe e por amigos para se
divertir nos campos de paintball, o pequeno Amom Filho, 10, já
manifesta interesse em se tornar um jogador profissional. “Jogo
quase todos os fins de semana e pretendo competir com os me-
lhores do Brasil”, afirmou.
Projétil dispara uma tinta ao atingir o alvo
Equipe reunida para os treinamentos
Competidores em ação na categoria speed
Inteligência, estratégia, além da boa pontaria, são fundamentais para o sucesso no paintball
LAZER
ÍCONE ESPORTIVO| 33
REGRAS DO JOGO
No paintball existem duas modalidades. A principal é a ‘spe-ed’, com duração de cinco minutos e que consiste na captu-ra de bandeira no campo adversário. As equipes se dividem em cinco atiradores, num cenário com vários ‘bunkers’, que são os obstáculos infláveis de diferentes tipos, estrategica-mente espalhados no espaço de confrontos. Essa categoria é a única utilizada nos principais campeonatos nacionais e no mundial. A pontuação ocorre de forma semelhante ao futebol, sendo que o time vencedor conquista dois pontos. Em caso de empate, um ponto para cada lado e não há qualquer tipo de pontuação na derrota.
A categoria ‘cenário’ é a que mais se aproxima de uma si-tuação real de guerra. No embate, uma equipe de cinco a dez atiradores defendem um território, que geralmente é representado por uma casa abandonada. A missão destes atiradores é impedir que outra equipe, essa com no má-ximo cinco integrantes, adentre o local onde geralmente o objetivo também é a captura de bandeira. "O paintball é um esporte radical como outro qualquer. Você se diverte, compete e queima calorias”, ressalta Patrick Caetano, que pratica o paintball desde 2005. •
Alvo e precisão são fundamentais no paintball
Equipamentos de segurança são fundamentias para se evitar escoriações
34 | ÍCONE ESPORTIVO
AVENTURA, ESPORTE E TURISMO EM COMPOSTELA
Reportagem: Tanair Maria | Fotos: Acervo pessoal
TRÊS AMIGOS, TRÊS HISTÓRIAS, TRÊS OBJETIVOS E UM SÓ DESTINO: O MILENAR CAMINHO DE SANTIAGO DE COMPOSTELA
No início de 2011, o advogado Átila Denys (52) resolveu organizar
um grupo para realizar um desafio pessoal, esportivo e espiritual
que mudaria suas vidas. “Eu queria dar uma ‘resetada’ no seu
estilo de vida que estava numa rotina muita pesada, de doze a
quinze horas por dia de trabalho, muito estressado, comendo
muito, bebendo muito. Precisava fazer alguma coisa diferente,
dar um ‘break’, sair do meu mundo e viver uma experiência com-
pletamente diferente”.
Dos 20 amigos convidados por Átila Denys, dois aceitaram o
desafio, Marcelo Lima Filho (35) e Márcia Baraúna Pinheiro (48).
Com a ajuda de Petrônio Baraúna, irmão de Márcia, os três ini-
ciaram a pesquisa sobre o Caminho de Santiago e descobriram o
porquê deste trajeto ser tão místico.
O Caminho de Santiago é uma rota conhecida desde o ano 840
d.C. ano em que foi encontrada a suposta tumba do apóstolo
Tiago, o maior. O que poucos sabem é que esta rota está pre-
sente como local de passagem de druidas e magos há quatro
AVENTURA
ÍCONE ESPORTIVO| 35
"Eu gosto da palavra ruptura. E, fui buscar a ruptura da minha vida, minha rotina, minha qualidade de vida que estava deteriorada. O Caminho de Santiago seria uma forma de buscar esta ruptura para algo melhor.” Marcelo Lima Filho, secretário de Estado
de Planejamento / AM
Aventureiros amazonenses não desperdiçaram a oportunidade de registrar as belas paisagens do Caminho de Santiago de Compostela
Marcelo, Márcia e Átila exibem os certificados conquistados após a caminhada
36 | ÍCONE ESPORTIVO36 | ÍCONE ESPORTIVO
mil anos. No Caminho de Santiago está também, na região de
Castilla e León, na Espanha, o mais antigo registro de presença
humana da Europa, datada de mais de um milhão de anos.
Santiago de Compostela é a capital da Galiza, localizada na pro-
víncia da Coruña, com população aproximada de 93 mil habitan-
tes. É uma cidade mundialmente famosa por sua catedral de
fachada barroca onde recebe os peregrinos que perfazem os Ca-
minhos de Santiago de maneira a depararem-se com o túmulo
de Santiago, um dos apóstolos de Jesus Cristo, cujo corpo, se diz,
ter sido trasladado para aquele local.
SUBIDAS, CANSAÇO E EMOÇÃO NA CATEDRAL
Os três amigos cancelaram compromissos, estabeleceram uma
nova agenda, um novo ritmo de vida, com novos interesses pes-
soais e partiram para a aventura que mudaria suas vidas. Em 2
de setembro, saíram de Manaus com voo para São Paulo, cone-
xão direta para Madri, chegaram no dia seguinte, depois pega-
ram um voo doméstico para Pamplona, e um táxi até Saint-Jean
Pied de Port, localizado na fronteira da França com a Espanha.
Este é ponto de partida mais tradicional do Caminho de San-
tiago, é um dos pontos mais críticos e mais difíceis, por ter que
subir os Montes Pigmeus. São 1.600 metros de subida, percor-
ridos em 12 horas.
Aproximadamente 1.500 pessoas por dia começam o caminho,
sendo atletas com suas bicicletas ou a pé, como na maioria dos
turistas e peregrinos pagadores de promessas. Todo o percurso
é feito sem a presença de guia turístico, devido a sinalização
continuada por flechas e até mesmo do apoio dos guias impres-
sos, disponíveis em todos os pontos de parada. Este também é
mais um desafio do Caminho de Santiago, o da orientação geo-
gráfica do local, respeitando e seguindo as flechas sinalizadoras
nas trilhas com todo tipo de piso, que às vezes são asfaltados,
outros são de terra batida ou até mesmo de cascalhos, sempre
sinalizadas com flechas amarelas, que podem estar no chão,
nas árvores, ou em placas.
Bela arquitetura da catedral impressiona os aventureiros
Com a bandeira do Brasil na mochila, aventureiros amazonenses encaram as subidas e descidas do Caminho de Santiago
AVENTURA
ÍCONE ESPORTIVO| 37
LIÇÃO ESPIRITUAL E ESPORTIVA
Foram 32 dias para os três amigos terminarem o Caminho de Santiago de Compostela no dia 5 de outubro, quando iniciaram percorrendo 16 quilômetros por dia. Além da renovação espiritual, a ventura serviu para criar no grupo de amigos uma nova concepção sobre esporte. Desde que chegaram em Manaus, o trio continua a fazer exercícios fí-sicos, contabilizaram alguns quilinhos perdidos e declaram ter sido motivador, um marco divisor para a prática esporti-va resgatar o bem-estar físico e espiritual. Fica no passado a preguiça e a indisposição.
Átila Denys emagreceu oito quilos e vem mantendo a dis-posição para praticar exercícios diários, sua autoestima foi resgatada. Marcelo Lima Filho nunca imaginou-se andan-do 39 quilômetros por dia, ele está muito feliz pela supe-ração física. Márcia Barauna Pinheiro, preparou-se três meses antes do caminho e perdeu poucos quilos por estar com um condicionamento físico muito bom, e vai encarar o próximo desafio: nado na Travessia Almirante Tamandaré no rio Negro agendada para dia 12 de dezembro. Todos os objetivos foram alcançados.
É o esporte promovendo superação de vida em todos os momentos. •
Antes de iniciar o Caminho de Santiago, é fornecido para todo o
peregrino um passaporte conhecido como o Carnet de Pèlerin
de Saint-Jacques “Credencial del Peregrino”, que é carimbado a
cada parada, ou a cada albergue de apoio. Ao final do Caminho
é emitido um certificado de participação escrito em latim. Até
mesmo o nome do peregrino é traduzido para o latim e assim
registrado neste certificado.
Cada chegada ao ponto de fiscalização é um momento emocio-
nante de superação do limite físico, e de troca de experiências
com os outros grupos de peregrinos. Todos se ajudam. Sobre
desistir do Caminho, os três amigos foram unanimes em dizer
que não desistiriam, mas houve momentos de questionamento
do porquê estarem passando por privações e até mesmo por dor
física, já que no segundo dia os pés estavam cheios de bolhas,
toda a musculatura do corpo ressaqueada, e a mochila ficava
cada dia mais pesada.. Mas a vontade de chegar ao destino a
superação a cada obstáculo e o prazer de tirar o peso da mochila
e enchê-la com sabedoria, resignação e redescoberta da fez com
que o trio continuasse pelo Caminho de Santiago.
A chegada na catedral de Compostela foi o momento mais emo-
cionante. A importância de participar da liturgia e ver o incenso
sendo emanado num turíbio imenso faz as lágrimas rolarem.
Pausa para oração e bênção (imagem ao lado) antes da parte mais complicada da aventura
38 | ÍCONE ESPORTIVO |DEZEMBRO 2011 / JANEIRO 2012
SALVO PELO ESPORTE
Reportagem: Maurício Freire | Fotos: Antonio Lima
DESENGANADO PELOS MÉDICOS APÓS SER ATINGIDO POR QUATRO TIROS, LUCIVAN ARAÚJO SURPREENDE A CADA DIA E JÁ PLANEJA VOLTAR A LUTAR CARATÊ
SUPERAÇÃO
Que a fé move montanhas, todos nós já sabemos, mas o ca-rateca amazonense Lucivan Araújo, 28, provou que o esporte também tem esse poder. Vítima de uma agressão covarde com quatro tiros quando estava em uma casa noturna de Manaus, Lucivan foi salvo, segundo ele, pela fé e a prática esportiva, que tornou seu organismo mais forte.
No dia 23 de junho deste ano Lucivan estava se divertindo com amigos em uma casa noturna de Manaus quando percebeu um grupo de rapazes “mexendo” de forma grosseira com algumas garotas que estavam no local. Os amigos de Lucivan tentaram defender as garotas e foram agredidos pelos rapazes. Lucivan “comprou a briga” e também foi agredido com um soco no ros-to. “Depois que a confusão acabou nós decidimos ir embora e fomos surpreendidos quando estávamos no estacionamento. Os homens voltaram em um carro e atiraram na nossa direção. Fui atingido nos braços, peito e perna com tiros de pistola de 9 milímetros ”, contou Lucivan.
O carateca 12 vezes campeão brasileiro foi socorrido pelos ami-gos e encaminhado para o Pronto-Socorro Platão Araújo, na Zona Leste de Manaus, onde iniciou a maior luta que já teve: pela vida. “Demorei a ser atendido no Platão. Deixaram-me de lado e demoraram para fazer o dreno nos ferimentos. Felizmen-te meus amigos e familiares conseguiram me transferir para a Unimed onde fui atendido de forma melhor”, explicou o carateca.
ÍCONE ESPORTIVO | DEZEMBRO 2011 / JANEIRO 2012 | 39
Com uma bala tendo perfurado um de seus pulmões, Lucivan
foi transferido em estado grave para uma clínica particular onde
recebeu um atendimento ainda mais especializado. “Depois de
oito dias internado, os médicos disseram para a minha família
que já haviam feito tudo que era possível na medicina para me
salvar. Deram-me como praticamente morto, mas no décimo
primeiro dia eu acordei de forma milagrosa do coma induzido”,
comemorou Lucivan.
Para o carateca, isso só foi possível graças à fé e à prática espor-
tiva. “Na hora em que fui atingido pelos tiros só me lembro de ter
falado ‘Senhor, me salva’, depois disso apaguei completamente.
Na clínica, quando já estava consciente, os médicos disseram
que o fato de eu ser um atleta foi fundamental para o meu orga-
nismo reagir aos ferimentos”.
RECUPERAÇÃO SURPREENDENTE
Após vencer a luta pela vida, Lucivan iniciou uma nova batalha:
a da plena recuperação. “Fiquei com o lado direito do corpo pra-
ticamente paralisado, com dificuldades na fala, e ainda estava
com medo de ficar paraplégico”, explicou o carateca. Com previ-
são de ficar pelo menos dois meses internado na clínica, Lucivan
surpreendeu a medicina outra vez e conseguiu receber alta com
menos da metade do tempo (27 dias) e iniciou as sessões de
fisioterapia logo em seguida. “Os médicos disseram que eu só
poderia voltar a treinar em um ano, mas cinco meses após o
incidente já estou treinando de forma leve”, revelou.
Com menos de seis meses de recuperação, Lucivan já está com
a dicção e os movimentos do lado direito do corpo praticamente
reestabelecidos e quer voltar a competir em julho do ano que
vem, no Campeonato Brasileiro que será realizado em Manaus.Lucivan demonstra as técnicas que o tornaram um dos caratecas mais vitoriosos do Brasil
40 | ÍCONE ESPORTIVO
DEDICAÇÃO AO TRABALHO SOCIAL
cinco meses passados após a tentativa de homicídio, nenhum
dos homens que agrediram Lucivan Araújo foi localizado pela
polícia. Mas isso não abala o carateca amazonense. “A placa do
carro em que eles estavam era fria, por isso ninguém sabe quem
são eles. E deixo isso nas mãos de Deus”.
A serenidade de Lucivan pode ser comprovada no dia a dia do
carateca. Além de ser um multicampeão, Lucivan não se esque-
ce de ajudar a quem precisa. Há dez anos ele sustenta com a
ajuda de amigos e da Secretaria de Estado da Juventude, Espor-
tes e Lazer (Sejel) o Projeto Samurai. “Atendemos mais de cem
crianças com aulas de caratê e cidadania com acompanhamen-
tos de psicólogos”, revelou Lucivan.
As atitudes dentro e fora das competições fazem de Lucivan um
dos caratecas mais queridos do Brasil. Prova disso é o apoio que
ele vem recebendo desde que foi atingido pelos tiros. “O Brasil
inteiro orou por mim. Recebi o carinho de outros lutadores e ho-
menagens de várias federações do Brasil. Meus amigos me pre-
sentearam com um DVD mostrando toda a minha superação”,
conta Lucivan, um exemplo de vencedor na vida e no esporte. •
SUPERAÇÃO
PRINCIPAIS CONQUISTAS
12 vezes campeão brasileiro Vice-campeão Pan-Americano Campeão Internacional de Artes Marciais Quatro vezes consecutivas escolhido o “The Best of the Best” (O melhor dos melhores) do caratê brasileiro 15 vezes campeão amazonense
Mais de 100 crianças e adolescentes recebem aulas de Lucivan no "Projeto Samurai", idealizado pelo próprio Lucivan
42 | ÍCONE ESPORTIVO |DEZEMBRO 2011 / JANEIRO 2012
Após formar alguns dos melhores jogadores de futebol do mun-
do, agora o Brasil está se especializando em revelar técnicos. Os
principais treinadores da atualidade e de sucesso no País têm
uma característica em comum: todos atuaram, enquanto joga-
dores, em posições defensivas. No Amazonas não é diferente. O
ex-volante Sérgio Duarte é a principal revelação do Estado nos
últimos cinco anos.
Atual técnico do São Raimundo-AM, Sérgio Duarte acredita que
o êxito de ex-jogadores de defesa à beira do gramado tem re-
lação com a atuação em campo. “O jogador que atua atrás da
linha do meio de campo tende a ter maior capacidade tática e
visão de jogo. Os jogadores de defesa têm melhor noção de po-
sicionamento, combate e transição de meio de campo e ataque”,
admitiu. Os técnicos em evidência do futebol brasileiro atual-
mente são os ex-laterais Jorginho e Vanderlei Luxemburgo, os
ex-zagueiros Ricardo Gomes, Abel Braga, Tite e Mano Menezes.
Aposentado dos gramados como jogador desde 2008, Sérgio
Duarte acumula um título do Campeonato Amazonense (2009)
e um vice-campeonato da Série D do Campeonato Brasileiro
(2010) em três anos como técnico. Os primeiros passos na nova
função foram dados antes mesmo de "pendurar" as chuteiras.
“Quando ainda era jogador, fiz dois cursos para treinador de
futebol em Portugal e comecei a me interessar por análises de
jogo, história do futebol, características de jogadores por posição
e esquemas táticos”, disse. “No União de Lamas eu cheguei a ser
jogador e treinador mas desisti porque era complicado jogar e
instruir. Depois eu treinei alguns times de base e de escolhinhas
particulares em Portugal”, explicou Duarte.
Além do talento e competência, Duarte confessa que também
precisou de sorte para fazer sucesso na carreira. “Fui um pri-
vilegiado, pois peguei uma época de muitos bons jogadores no
Nacional, no Rio Negro e no Fast. Procurava colher característi-
cas deles, pois já eram bem mais experientes que eu”, ressaltou.
“Para a carreira de treinador eu tive muita sorte. Quando esta-
va iniciando no futebol, o Nacional trouxe o Barbatana (Técnico
João Lacerda Filho) para comandar o time, e ele gostou de mim.
Chegou a ir me acordar em casa e me levar para o treino. Além
dele, trabalhei com Ariovaldo Malizia, Elias Adad, Vladimir Bastos
e fechei com chave de ouro quando fui jogador do Aderbal Lana”,
garantiu Duarte.
O SEGREDO É JOGAR NO SETOR DEFENSIVO
Reportagem: Bruno Elander | Fotos: Antonio Lima
SÉRGIO DUARTE REVELA PORQUE EX-JOGADORES QUE ATUARAM NA DEFESA TÊM TENDÊNCIA MAIOR A FAZER SUCESSO COMO TREINADOR DE FUTEBOL
FUTEBOL
Sérgio Duarte fez sucesso como jogador e está fazendo como treinador
ÍCONE ESPORTIVO | DEZEMBRO 2011 / JANEIRO 2012 | 43
A NOVA PROFISSÃO
O momento de afirmação na nova profissão, fora das quatro li-
nhas, só aconteceu após o retorno a Manaus, no ano de 2008,
quando o ex-jogador foi convidado para coordenar a escolinha e
as categorias de base do Nacional. “Depois passei a ser auxiliar
do Aderbal (Lana) no time principal”, contou. O primeiro título na
atual profissão ocorreu em 2009, quando aceitou o desafio de co-
mandar o modesto América-AM no Campeonato Amazonense.
Sérgio Duarte levou o Mequinha ao título Estadual após 15 anos,
e no ano seguinte conquistou o vice-campeão da Série D do
Campeonato Brasileiro com o Alvirrubro. Mas, por um erro da
diretoria na inscrição do zagueiro Amaral Capixaba, o clube foi
punido pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e per-
deu o título e o acesso à Terceirona.
“Ficou não só em mim, mas também nos torcedores e jogado-
res, aquela frustração e mágoa de ver os resultados positivos e
o acesso serem perdidos por incompetência da presidente do
América, Bruna Alves Parente”, desabafou o treinador. “O pior foi
que eu apresentei um supervisor de futebol, que tratava de ins-
crições e conhecia os trâmites para regularização de atletas. A
diretoria não o contratou e assumiu a responsabilidade de acu-
mular funções e tratar de tudo. Até hoje ninguém sabe o que foi
feito de errado no contrato do jogador”, lamentou.
TRAJETÓRIA NOS GRAMADOS
No Brasil, Duarte atuou nas categorias de base do Nacional-AM
e do Flamengo-RJ e aos 17 anos já integrava a equipe profissio-
nal do Leão da Vila Municipal. Na Europa, o volante amazonense
construiu a carreira em Portugal, onde jogou no Esporte Clube
Farense, Boa Vista Futebol Clube, União de Lamas, Vizela, Ova-
rense e Vilanovense. O Dunfermline, da Escócia, e o Braddford,
da Inglaterra também estão no currículo do ex-jogador.
Encerrou a carreira como jogador na partida em que o Nacional
foi derrotado e eliminado da Copa do Brasil, pelo Cruzeiro-MG,
após goleada por 5 a 2 no Estádio Vivaldo Lima – o Vivaldão, no
dia 22 de fevereiro de 2006. “Eu estava no banco de reservas
naquele dia”, recordou. A primeira experiência fora das quatro
linhas foi como auxiliar do conceituado técnico Aderbal Lana,
também no Nacional, no dia 20 de março de 2008, no jogo de ida
da segunda fase da Copa do Brasil. Assim como na despedida
dos gramados, o adversário foi mineiro: o Atlético-MG. Houve
empate por 2 a 2 e no confronto de volta o Galo eliminou o time
amazonense com vitória por 4 a 2 no Estádio do Mineirão. •
PERFIL
Nome: Sérgio dos Santos Duarte
Nascimento: 20-1-1966
Naturalidade: Manaus-AM
Idade: 45 anos
Encerrou a carreira aos 40 anos no Nacional. Passou 17
anos na Europa.
CLUBES COMO JOGADOR
Em Portugal - Farense, Boa Vista, União de Lamas, Vizela,
Ovarense e Vilanovense
Na Escócia - Hibernian e Dunfermline.
Na Inglaterra - Braddford.
No Brasil - Nacional-AM e Flamengo-RJ.
COMO TREINADOR
América-AM
Fast Clube-AM
Penarol-AM
Iranduba-AM
São Raimundo-AM
44 | ÍCONE ESPORTIVO44 | ÍCONE ESPORTIVO
DE FRENTE E AO LADO DOS ÍDOLOS
Reportagem: Ivan Renato | Fotos: Antonio Lima
ANDREZZA E MÔNICA ENFRENTARAM E DEPOIS DIVIDIRAM A QUADRA COM AS CAMPEÃS MUNDIAIS JULIANA E LARISSA EM DESAFIO EM MANAUS
VOLEI DE PRAIA
Mônica e Andrezza (de azul) não conseguiram superar as campeãs mundiais Juliana e Larissa
ÍCONE ESPORTIVO| 45 ÍCONE ESPORTIVO| 45
Quem nunca se imaginou jogando uma partida de futebol ou do esporte preferido contra o seu maior ídolo, ou ainda na mesma equipe? Mônica Passos e Andrezza Martins, atletas amazonen-ses de vôlei de praia tiveram esse privilégio. Durante a disputa do Desafio Olímpico de Vôlei de Praia, no dia 20 de novembro, em Manaus, elas tiveram a honra de disputar um set de 15 mi-nutos ao lado das campeãs mundiais Juliana e Larissa. A vitória do set de “brincadeirinha” ficou com a Mônica e a Larissa, que venceram Andrezza e Juliana por 15 a 13.
Mas não houve brincadeirinha na hora do vamos ver. Horas antes do evento, as campeãs mundiais repousavam e observa-vam de uma área especial da arena montada no Centro Cultural Povos da Amazônia o jogo das adversárias. Aparentando mais concentração, Larissa não descolava os olhos azuis nem por um segundo dos movimentos da Andrezza e viu a amazonense sa-grar-se campeã do Circuito Estadual de Vôlei do Banco do Brasil ao lado da sua parceira Hayssa. Juliana, mais tranquila e de um jeito mais muleca, observava o jogo sentada em um dos frízeres que guardavam água da área VIP, e conversava e brincava com alguns fãs presentes no local.
A expectativa do jogo era de festa, mas encarado com seriedade pela dupla. “Tranquilo, é a primeira vez que a gente vem aqui (em Manaus) pra fazer o desafio, a gente está super-feliz. E vamos jogar pra ganhar” disse Larissa.
AÇAÍ, RAPADURA E JARAQUI
Na hora em que Larissa e Juliana foram para a quadra aquecer, o público já começou com os gritos e aplausos para as meninas de ouro. E não demorou muito para o jogo começar. O primeiro ponto foi das campeãs mundiais e logo em seguida das ma-nauaras, o jogo parecia que ia ser disputado, mas o primeiro set terminou 21/16 e o segundo 21/13 para Juliana e Larissa, que retribuíam com sorriso as manifestações da torcida que gritava "açaí” para Larissa em referência ao Pará, Estado onde nasceu a atleta, e “rapadura” para Juliana, em referência a Natal, cidade onde vive a atleta, apesar dela ser da cidade de Santos. Para as amazonenses os gritos eram de “jaraqui” (peixe popular da região), além de “lindinha” para a Mônica.
A fim de mais jogo, Larissa propôs uma troca entre as duplas para a vibração das amazonenses. Com as duplas misturadas
Foto com os ídolos para registrar o dia histórico para as amazonenses
Larissa demonstra habilidade e charme nas areias do Centro Cultural Povos da Amazônia
Antes da partida, os cumprimentos já davam o tom do clima amistoso da partida
46 | ÍCONE ESPORTIVO46 | ÍCONE ESPORTIVO
houve equilíbrio, tanto que Mônica e a Larissa venceram Andrezza e Juliana por apenas dois pontos de diferença (15 a 13).
Após o jogo, Mônica falou da emoção em enfrentar e jogar jun-to da dupla de ouro. “Muito legal, maravilha de técnica que elas tem. É complicado jogar contra elas, só tenho a agradecer a elas, o pessoal que apoiou muito, a galera da Ponta Negra, Municipal (clube), CSU (Centro Social Urbano do bairro Parque 10) e é isso que importa” disse a exausta atleta manauara.
Larissa também falou sobre o jogo. “Foi muito legal, a gente es-pera que todos tenham gostado e que a gente consiga com isso incentivar o vôlei de praia aqui em Manaus e que cresça o vôlei”.
MAIS EVENTOS PELA FRENTE
O secretário municipal de Esportes, Fabrício Lima, ressaltou a importância do evento. “Maravilhoso. Manaus está sediando grandes eventos. E isso aqui é um cartão de visitas pra mos-trar o nosso trabalho, nada disso aqui é à toa, estamos há três anos investindo então isso é sempre buscando uma coisa maior
para o futuro. Ano que vem estaremos na porta da CBV (Con-federação Brasileira de Vôlei) mostrando o case desse evento e o nosso anuário em busca de novos eventos como este, que vem somar com o nosso esporte”. Perguntado pra quem estava torcendo, o secretário foi imparcial: “A torcida é sempre para um bom jogo”, finalizou Fabrício Lima
Já o presidente da Federação de Vôlei do Amazonas, Tadeu Pi-canço, assumiu que estava torcendo para as amazonenses. “A torcida é pra Andrezza e pra Mônica. Mas quem ganha com isso somos nós, manauaras. A CBV, juntamente com a prefeitura, pretende trazer novos eventos de grande importância assim como esse. É maravilhoso ter a Andrezza que é experiente e já atuou em uma Olimpíada pela Geórgia juntamente com a Mô-nica, que é uma menina nova e de muito talento enfrentando a melhor dupla feminina de vôlei do mundo”, disse o presidente.
Um fato interessante é que Andrezza e Mônica ainda não ti-nham jogado juntas antes de enfrentarem as campeãs mun-diais Juliana e Larissa. •
Recepções, cortadas e bloqueios. Atletas demonstraram todo o repertório no Desafio em Manaus
ÍCONE ESPORTIVO| 47
48 | ÍCONE ESPORTIVO48 | ÍCONE ESPORTIVO
FISIOTERAPIA
Por: Milena Matias – Fisioterapeuta
A Sonafe (Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva)
representa atualmente mais de 350 fisioterapeutas esportivos
e tem o objetivo de fortalecer e unificar a prática da fisioterapia
esportiva no Brasil, capacitando os sócios especialistas e apoiando
as suas atividades. O congresso é realizado a cada dois anos e nós,
fisioterapeutas da área esportiva, podemos buscar atualizações e
trocar conhecimento com colegas de todo o Brasil.
Como em todas as outras edições o SONAFE 2011 contou com a
presença de fisioterapeutas esportivos renomados, entre eles o Dr.
Willian Prentice, chefe do programa de medicina esportiva da Univer-
sidade de Carolina do Norte; Dra. Zoe Hudson, editora-chefe do peri-
ódico Physical Therapy in Sports; Dr. Fernando Reyes, fisioterapeuta
do Real Madrid Futebol Club, e Dr. Kenzo Kase, criador da técnica de
Kinesio Taping , muito citada nas principais palestras do evento.
A técnica de Kinesio Taping foi desenvolvida no Japão pelo Dr. Ken-
zo Kase há mais de 25 anos quando o mesmo percebeu a neces-
sidade de um método de bandagem esportiva que substituísse
as técnicas de enfaixamento padronizadas, já que estas reduziam
a mobilidade das articulações e, em muitos casos, inibiam o pro-
cesso de cura real dos tecidos traumatizados. Assim foi criado o
método capaz de ajudar tanto o sistema linfático quanto o mus-
cular dando suporte às articulações e aos músculos. A aplicação
do Kinesio Taping além de reduzir substancialmente o tempo de
recuperação, também melhora o rendimento atlético.
Durante as Olimpíadas de Seul (1988), a aplicação do Kinesio Ta-
ping foi bastante difundida e a partir daí tornou-se um dos mé-
todos da fisioterapia esportiva que mais cresce no mundo todo.
Para garantir o desenvolvimento e o crescimento da técnica o Dr.
Kenzo Kase fundou a International Kinesio Taping Associations, que
tem como pilares a pesquisa clínica e a formação de profissionais.
Em 2004, a Inglaterra introduziu oficialmente o Kinesio Taping
dentro da fisioterapia esportiva do país e, embora isso tenha acon-
tecido tardiamente, a Inglaterra é um dos países mais avançados
no que diz respeito à aplicação do Kinesio Taping em atletas.
Segundo Andressa Macário, fisioterapeuta da Universidade Fe-
deral da Bahia, sócia Sonafe e especialista em reabilitação do
membro superior, a aplicação do Kinesio Taping é uma rotina em
sua prática clínica e a mesma utiliza o método em uma gran-
de variedade de situações, devido à capacidade de aliviar a dor,
reduzir a inflamação, relaxar os músculos, promover o suporte
durante a contração muscular, ajudar nas correções de desali-
nhamentos articulares, aumentar a propriocepção, dentre ou-
tros benefícios. Por isso a técnica é utilizada tanto para prevenir
lesões quanto para facilitar a reabilitação de várias condições
como por exemplo, a Síndrome do Impacto, Subluxação do Om-
bro, Rutura do Manguito Rotador, Tendinite Bicipital, Cotovelo de
tenista e golfista, Tensões musculares, Torcicolos, Canelite, Dor
Lombar, Fasceite Plantar, Condromalácea Patelar e Entorses de
tornozelo.
O Kinesio Taping é, então, um método amplamente discutido nos
dias atuais e sua aplicação se torna cada vez mais frequente não
só pelos benefícios na prevenção de lesões esportivas mas tam-
bém pela nítida melhora no rendimento e recuperação de atletas
amadores e profisiionais. •
A TÉCNICA DO KINESIO TAPING ENTRE OS DIAS 11 E 14 DE NOVEMBRO, ACONTECEU EM MACEIÓ–AL O MAIOR EVENTO CIENTÍFICO DE FISIOTERAPIA ESPORTIVA DO BRASIL: O V CONGRESSO BRASILEIRO E III CONGRESSO INTERNACIONAL DE FISIOTERAPIA ESPORTIVA, PROMOVIDO PELA SONAFE
ÍCONE ESPORTIVO| 49
50 | ÍCONE ESPORTIVO
Repo
rtag
em: N
atál
ia C
apla
n |
Foto
s: Da
isy
Cam
argo
e A
mar
ildo
Oliv
eira
DON
A DE
TRÊ
S M
EDAL
HAS
DOUR
ADAS
, NO
PAN,
GIN
ASTA
A
MAZ
ONEN
SE Q
UASE
DES
ISTI
U DA
CAR
REIR
A PO
R
FAL
TA D
E AP
OIO
CA
PA
Três
med
alha
s de o
uro.
Ess
a é a
prim
eira
imag
em q
ue ve
m
à m
ente
de
quem
ouv
e fa
lar e
m B
ianc
a M
aia
Men
don-
ça, 1
8. Ju
nto
com
a S
eleç
ão B
rasi
leira
Con
junt
o de
Gi
nást
ica R
ítmica
, a a
maz
onen
se te
ve a
em
oção
de
ouv
ir o
hino
do
Bras
il, no
deg
rau
mai
s al
to d
o pó
dio,
nos
Jogo
s Pa
n-Am
erica
nos
de G
uada
la-
jara
, no
Méx
ico. P
ouco
s co
nhec
em, p
orém
, a
traj
etór
ia d
ela
para
che
gar
tão
long
e. F
oram
ho
ras
de t
rein
os, d
uran
te m
ais
de d
ez a
nos,
em b
usca
da
perfe
ição
e mui
tas l
ágrim
as d
er-
ram
adas
.
ÍCONE ESPORTIVO| 51
Filh
a de
Sam
ia M
aia,
uma
prof
es-
sora
de
educ
ação
fís
ica a
paixo
-na
da p
ela
mod
alid
ade,
e de
Kle
ist
Men
donç
a, ta
mbé
m
ligad
o ao
es
port
e, a
moç
a cr
esce
u em
mei
o às
sér
ies
e ex
ercíc
ios.
Ain
da b
ebê,
enga
tinho
u po
r qu
adra
s es
port
ivas
e,
ante
s m
esm
o de
inici
ar a
car
reira
, já
obse
rvav
a as
aul
as ju
nto
com
a ir
mã
Lívi
a, do
is a
nos
mai
s ve
lha.
"El
a cr
esce
u ne
sse
mei
o e
gost
ou n
atur
alm
ente
. Co
mo
não
tinha
com
que
m d
eixá
-la, l
evav
a ao
s tr
eino
s”,
lem
brou
a m
ãe, q
ue é
técn
ica n
o Ce
ntro
de
Trei
nam
ento
e
Alto
Ren
dim
ento
da
Amaz
ônia
(Cta
ra).
Aos q
uatr
o an
os, B
ianc
a de
mon
stra
va fa
cilid
ade
em se
guir
os m
ovim
ento
s da
s m
elho
res
gina
stas
do
mun
do, a
pena
s ao
ass
istir
apr
esen
taçõ
es e
m v
ídeo
. Enc
anta
da co
m a
be-
leza
das
gin
asta
s pr
ofis
sion
ais,
ela
podi
a pa
ssar
hor
as e
m
frent
e à
tele
visã
o. "E
la ti
nha
o bi
ótip
o: m
agra
com
per
nas
com
prid
as e
mui
ta fl
exib
ilidad
e”, d
ecla
rou
a tr
eina
dora
, ao
ress
alta
r qu
e a
inici
ação
no
espo
rte
com
eçav
a ao
s se
te
anos
. "El
a se
mpr
e fo
i mui
to p
reco
ce, e
sper
ta e
tinh
a bo
a co
orde
naçã
o m
otor
a”, c
ompl
etou
.
Na
époc
a, Sa
mia
trab
alha
va n
o Se
si d
o Sã
o Jo
rge,
na Z
ona
Oest
e, e
adap
tava
o h
orár
io d
e tr
eina
men
to d
a gi
nást
ica
com
o p
erío
do e
scol
ar d
os tr
ês fi
lhos
. Aos
sáb
ados
, che
ga-
va a
sair
da in
stitu
ição
à no
ite, a
pós i
nsis
tênc
ia d
o po
rtei
ro.
A fu
tura
cam
peã
pan-
amer
icana
mal
imag
inav
a qu
e ta
nto
esfo
rço
da m
ãe-t
rein
ador
a re
sulta
ria n
o ou
ro tr
iplo
inte
r-na
ciona
l. “O
trei
no d
ever
ia a
caba
r 13h
, mas
levá
vam
os a
l-m
oço
e só
íam
os e
mbo
ra 2
1h, q
uand
o el
e qu
eria
fech
ar a
es
cola
”, af
irmou
a a
tleta
aos
riso
s.
51 |
ÍCON
E ES
PORT
IVO
|DEZ
EMBR
O 20
11 /
JAN
EIRO
201
2
52 | ÍCONE ESPORTIVO |DEZEMBRO 2011 / JANEIRO 2012
Outro momento marcante da infância da ginasta foi acompa-nhar às Olimpíadas de Sidney, na Austrália (2000). Alguns meses antes, Bianca se apresentou nas primeiras competições locais e surpreendeu ao estrear com a sétima colocação no Torneio Na-cional, em Brasília (DF). “Ela era uma desconhecida, ninguém sa-bia de onde tinha surgido e conseguiu se destacara entre mais de 50 ginastas de todo o País”, disse a mãe orgulhosa. Naquele dia, ela teve certeza de que a menina tinha potencial.
ESTAGNAÇÃO
Apesar de ficar entre as dez melhores do País, a amazonense fi-cou sem local para treinar. Com o fim do projeto de ginástica rít-mica no colégio particular, mãe e filha improvisaram o treino nos momentos de aula de uma escola pública. Ao mesmo tempo em que direcionava os alunos de educação física, Samia dava as co-ordenadas para Bianca. “Foram dois anos treinando em beira de quadra, porque o convênio havia acabado e não tinha clubes ou infraestrutura. Eu não queria parar o treinamento”, declarou.
Como a Federação Amazonense de Ginástica (FAG) estava es-tagnada, ela convidou a atual presidente da entidade, Verônica
Martins, para concorrer ao cargo. “Eu sabia que ela era uma ex-celente pessoa, ótima gestora e com boa visão política”, disse, ao enfatizar que o esporte só não morreu no Estado em razão da força de vontade das famílias das pequenas ginastas, que com-petiam em festivais organizados pelas mães. “Todas se empe-nhavam e ajudavam a organizar os eventos”, lembrou.
Bianca compete desde os primeiros anos de vida
Em 2007, Bianca carregou a tocha dos Jogos Pan-Americanos
Samia Maia é a maior incentivadora e treinadora de Bianca
Os primeiros treinos foram ao lado da irmã Lívia
Acervo Pessoal
Acervo Pessoal
Acervo Pessoal
ÍCONE ESPORTIVO | DEZEMBRO 2011 / JANEIRO 2012 | 53
BIANCA MAIA MENDONÇAIdade: 18 anosNascimento: 18-8-1993Peso: 53 quilosAltura: 1m71Títulos: Terceiro lugar no Torneio Nacional 2006, quinto lugar no Torneio Internacional da Bulgária 2007, Penta-campeã dos Jogos Escolares do Amazonas (Jeas), vice dos Jogos da Juventude 2010, vice Olimpíadas Escolares 2010, campeã brasileira 2010, campeã sul-americana 2011, três ouros no Pan-Americano de Guadalajara 2011.
54 | ÍCONE ESPORTIVO
"Conquistar as três medalhas de ouro no México, ouvir o Hino Nacional e ver a bandeira do meu País em primeiro lugar, foi uma sensação maravilhosa. Agora, quero viver o mesmo no Rio"
Com cronograma e orientações deixadas pela profissional es-trangeira, Bianca se focou em um novo objetivo: conseguir re-cursos para conhecer um dos maiores polos da ginástica rítmica mundial; a Búlgaria. As passagens foram cedidas pela Sejel, mas recursos para material esportivo, alimentação e hospedagem ainda eram necessários. A ideia foi organizar um jantar e con-feccionar camisetas para venda. O esforço resultou em dois intercâmbios (2006 e 2007). "Fez muita diferença, porque era o berço da ginástica”, declarou a moça.
Após as temporadas de aprendizado fora do País, Bianca e uma colega estavam animadas para buscar o sonho de chegar aos principais eventos, entre eles o Mundial, Pan e às Olimpíadas. "Essa experiência abriu nossos horizontes, mas ainda acháva-mos loucura quando ela falava em seleção brasileira”, lembrou. "Para nós, parecia algo muito distante da realidade que vivíamos no Amazonas”, completou.
Trabalho com técnica búlgara Giurgia Nedialkova impulsionou carreira de Bianca
Espelho para a futura geração, Bianca treinou na Vila Olímpica de Manaus após o Pan
CAPA
UMA LUZ NO FIM DO TÚNEL
Em 2004, a inauguração do Centro de Treinamento e Alto Rendi-mento da Região Norte (Ctar-RN) deu um novo fôlego aos pra-ticantes e profissionais da modalidade. O então secretário de Estado da Juventude, Esporte e Lazer (Sejel), Jefferson Jurema, foi um dos principais incentivadores. “Ele foi o primeiro gestor que acreditou, ainda sem resultados, e mandou buscar a Giurgia (Nedialkova, técnica búlgara) as primeiras três vezes”, disse a responsável pela modalidade, Samia Maia.
ÍCONE ESPORTIVO| 55
DESISTÊNCIA
Porém, rebatizado posteriormente de Centro de Treinamento e Alto Rendimento da Amazônia (Ctara), o local que havia salvado o esporte, agora, ameaçava fechar as portas para as ginastas. Durante os nove primeiros meses de 2008, os treinos seguiram sem equipe médica, restaurante, manutenção ou salário aos professores. "Falavam que eu devia parar de trabalhar, porque seria por minha conta. Mas eu não podia jogar anos de trabalho fora”, declarou a técnica Samia Maia.
Mesmo diante da determinação da mãe e treinadora, a desis-tência de todas as companheiras de treinamento mexeu emo-cionalmente com a medalhista de ouro. Sem concorrência nas competições locais, sentia-se boba por se apresentar sozinha. Então, passou a treinar esporadicamente e a pensar em desistir. "Eu voltei motivada da Bulgária, mas as meninas começaram a sair e eu competia contra eu mesma”, afirmou Bianca, em tom triste. “Não fazia mais sentido continuar”, completou.
ÚLTIMA CHANCE
Cansada de correr atrás de ajuda ou qualquer tipo de apoio, a atleta já estava parada há meses e ainda sofria em ver a mãe se doar às outras meninas que ainda treinavam no CT. Enquan-to Samia trabalhava de graça, a moça ainda estava triste. Afinal, como esquecer anos de amor e empenho à ginástica rítmica? Foi quando, no final do mesmo ano, veio a notícia inesperada. "Eu fui convidada para o teste da seleção brasileira e voltei a treinar em dezembro, apenas dois meses antes”, lembrou Bianca.
Independentemente da época de festas, mãe e filha se uniram para recuperar o tempo longe das atividades. O Natal e o Ano
Novo se resumiram às aulas de ballet, novas coreografias, aca-demia e quilômetros de corrida. Para alívio de ambas, a avalia-ção foi adiada para março, o que resultou em mais 30 dias de preparação. Eu vi que era uma nova chance e decidi: se eu não passasse, iria parar de vez”, afirmou, ao enfatizar que tinha pla-nos de abrir o próprio clube. "Combinamos que eu ia estudar e montaríamos nossa própria equipe”, disse.
Ao chegar ao local escolhido pela Confederação Brasileira de Gi-nástica (CBG), em Curitiba (PR), a amazonense se assustou. Atle-tas de várias partes do País se alongavam e ensaiavam para todos os lados. O impacto ao vê-las se apresentarem balançou treina-dora e discípula. "Quando eu vi as meninas, disse ‘tchau ginástica’, porque todas eram lindas e muito boas. Pensei: isso não é para
Bianca Maia ao lado das demais atletas da ginástica rítmica do Brasil nos Jogos Pan-Americanos 2011 em Guadalajara, México
Luiz Pires/VIPCOMM
56 | ÍCONE ESPORTIVO
mim”, declarou a jovem, ao revelar que chorou no caminho de volta ao hotel, "Eu tinha certeza de que não iria passar”, afirmou.
Mais tarde, ao checar o resultado do primeiro teste, veio a surpre-sa. Bianca havia passado e deveria se apresentar na etapa seguin-te. Como não tinha colegas de equipe para treinar, como as outras candidatas, treinava os lançamentos dos aparelhos com a mãe. "Passei no teste físico, mas o segundo dia era em conjunto. Mas como eu era sozinha, não tinha outras ginastas”, afirmou a moça. Nem mesmo a desvantagem de não fazer parte de um time com-prometeu o desempenho dela, que se tornou reserva da seleção.
POUCO QUE VALE MUITO
Apesar de não ter conquistado o posto de titular, Bianca Maia Mendonça estava feliz. Afinal, eram tantas concorrentes per-feitas”, que ser aprovada pela comissão técnica da CBG era uma grande vitória. Desta vez, as lágrimas não foram de tristeza pela falta de apoio ou por desistir de um sonho. “Choramos muito e por isso, só por isso, continuei na ginástica”, afirmou emocionada, ao ressaltar que um novo tempo iniciou naquela tarde. Vieram as participações em eventos nacionais e a primeira proposta para se filiar a um clube profissional.
Na expectativa de uma proposta melhor, Samia Maia e a filha foram convidadas a visitar a Associação Desportiva Instituto Estadual de Educação (Adiee), em Florianópolis (SC). Antes de encerrar o ano de 2009, a ginasta já havia fechado contrato. "Minha preocupação maior era o estudo dela e vi que todas as meninas tinham bolsa de estudos em uma das melhores escolas de Santa Catarina”, expli-cou a treinadora. "Além disso, todas as meninas a receberam muito bem e estavam dispostas a ajudá-la a se adaptar”, completou.
Durante todo o ano seguinte, a amazonense participou de eventos no Sul e Sudeste e ainda competiu em casa, com a realização do Circuito Brasileiro Caixa de Ginástica, em Manaus. Com estrutura para treinos e fácil acesso às competições, Bianca colecionou me-dalhas estaduais, regionais e nacionais. Em 2011, uma nova con-vocação foi feita para formar a nova equipe verde e amarela. Com passagens doadas pela Secretaria Municipal de Desporto, Lazer e Juventude (Semdej), a atleta agarrou a nova oportunidade.
HORA DE COLHER
Cinco dias de treino intenso, com oito horas de carga diária, em Aracaju (SE). Esse foi o tempo necessário para a escolha dos seis novos nomes que formariam o grupo para o Campeonato Mundial e os Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, no México. O resulta-do saiu minutos depois, após a última bateria avaliativa. Resulta-do: Bianca Maia Mendonça, integrante oficial da Seleção Brasileira Conjunto de Ginástica Rítmica. "Foi uma alegria indescritível, fiquei muito feliz”, afirmou.
Logo, a amazonense deixou a cidade sulista e mudou-se para o Nordeste, onde iniciou a preparação para os desafios internacio-nais. Em menos de um ano, conquistou três pratas no Meeting Internacional, três ouros no Sul-Americano e mais três no Pan. Infelizmente, a única decepção foi não conseguir vaga nas Olim-píadas de Londres, 2012. Justamente este ano, a regra de que as campeãs pan-americanas se classificam automaticamente, não valeu mais, como nas edições anteriores.
Ficar fora da competição em solo britânico não desanimou a gi-nasta, que já estipulou uma nova meta na carreira. Além de con-tinuar na equipe principal e conquistar mais títulos internacionais, a jovem pretende estudar arquitetura e ganhar experiência para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016. "Conquistar as três medalhas de ouro no México, ouvir o Hino Nacional e ver a bandei-ra do meu País em primeiro lugar, foi uma sensação maravilhosa. Agora, quero viver o mesmo no Rio”, disse. •
CAPA
ÍCONE ESPORTIVO| 57
58 | ÍCONE ESPORTIVO58 | ÍCONE ESPORTIVO
A receio de todos com a altitude era o mais preocupante. Mas o
translado, o voo de aproximadamente 14 horas já assustou. Nos-
sa chegada no centro desportivo de Laloma foi tranquila, o centro
possui tudo que necessitávamos, e estando juntos todos se sen-
tem menos tristes por estar longe de suas famílias. No primeiro
dia de treino o primeiro contratempo: a pista sintética de Laloma
não apresentava qualidade para um bom treino, pois estava dura,
o que nos obrigou a ir para outra pista, a do centro de Desarollo
de Talentes, 15 minutos de ônibus do alojamento. Lá começamos
a treinar pra valer, e também começamos a sentir a altitude. Os
cinco primeiros dias foram a 50% do normal porque os efeitos da
altitude, fuso horário e cansaço de viajem eram aparentes. Nas
refeições, um cardápio bem brasileiro com direito até a feijão!
Ainda tínhamos a companhia da natação e do triátlon brasileiro,
clima de pan-americano.
É sempre bom estar sob o comando do COB (Comitê Olímpico
Brasileiro), mesmo que sejam raras essas oportunidades. Sen-
timo-nos valorizados e interligados aos propósitos da nação, o
dia a dia não nos abalou. E continuamos firmes em nossos pro-
pósitos. Com 12 atletas por apartamento, três por quarto, é im-
possível não fazer novas amizades. Atletas de todos as provas
se misturam e trocam experiências: velocistas com maratonistas,
marchadores com saltadores, lançadores e decatletas, todos so-
mos Brasil! E as resenhas... as resenhas à noite são verdadeiros
"stand up comedy"! Meus Deus! Hilário!
Semana termina e o fantasma da altitude ataca. Dois compa-
nheiros ficaram enfermos, o que os tiraram dois dias dos treina-
mentos, nada grave, mas que deixou todos alertas com os sinto-
mas. Eu fui um, a altitude não nos faz sofrer quando corremos,
mas quando paramos e requisitamos ar para nos recompor, ele
não esta lá. Esse é o ponto crítico.
Chega o dia da abertura dos Jogos e nos reunimos para assistir
pela TV. Todos saudosos porque queríamos estar lá, mas enfim...
A contagem regressiva nos deixou emocionados, chegou a hora,
nos sentimos como soldados de um batalhão. Esperando a hora
para sermos acionados para entrar no front de batalha, cada um
mentalizando a estratégia de batalha, ciente de sua função. No
dia após a abertura todos eram o semblante da expectativa da
vitória. O treino foi perfeito, todos voaram na pista, o brasileiro
EM TERRITÓRIO MEXICANO
Fotos: Jefferson Bernardes/VIPCOMM
Por:Sandro Viana Atleta
OS JOGOS PAN-AMERICANOS SEMPRE SÃO RESPONSÁVEIS POR ESCREVER PÁGINAS MEMORÁVEIS DO ESPORTE BRASILEIRO. O PAN DE GUADALAJARA TROUXE TAMBÉM ESSA EXPECTATIVA DESDE A PARTIDA DO BRASIL NO DIA 9 DE OUTUBRO
DIÁRIO DO PAN
ÍCONE ESPORTIVO| 59 ÍCONE ESPORTIVO| 59
é movido à emoção. Pela tarde tivemos uma pequena reunião,
fato interessante foi o aviso que os brasileiros estavam proibidos
de frequentar as coisas noturnas da San Luiz de Potosi, não pelo
comitê olímpico nem pela Confederação Brasileira de Atletismo,
mas pelas próprias casas, em razão da equipe de taekowndo
brasileira que esteve em Laloma e frequentou as casas. Já da pra
imaginar o porque da proibição. Bom, esse não era o foco mesmo
por aqui.
Para passar o dia tínhamos o shopping, o centro histórico muito
bonito e programas diurnos pra nos distrair. Além de fimes, e in-
ternet quase que 24 horas por dia pra viver um pouco do Brasil.
Pra matar a saudades de parentes, de quem se ama
Quando chegou o domingo, tentamos organizar um churrasco. Ia
tudo bem. Até que o COB nos impediu porque a carne mexicana
apresenta uma substância dopante, Debusterol, e para fazermos
o tal sonhado churrasco teríamos de importar carne do EUA.
Os dias passaram e já estamos ansiosos par ir a Guadalajara. No
treino, tudo pronto. Adaptações já foram feitas, já até esquece-
mos que altitude existe após 12 dias
Após cinco horas, estamos na vila. O sentimento é sempre ma-
ravilhoso em uma vila olímpica. Chegou a hora. O refeitório, os
prédios, as bandeiras demarcando áreas de países, tudo isso ali-
menta o clima de vila. E na competição, o melhor. Estrelas e anô-
nimos dividem espaço na pista de aquecimento. Todos juntos. E
com olhares já identificamos quem está bem e quem está mal na
corrida pelo ouro.
Nesse Pan vi o Brasil sendo respeitado entre os grandes, isso
graças ao Pan de 2007 que mostrou um pouco do que o Brasil
pretende no esporte olímpico. Usamos isso ao nosso favor, o que
se transformou na carta que tiramos da manga. Vale tudo em um
Pan. Os brasileiros estão bem. E aos poucos mostram sua gar-
ra. Ouro na maratona feminina. Já começamos com o pé direito
e todos juntos na vila torcendo pela TV, concentrados e otimistas
já era um ótimo sinal. E o Pan foi passando. Até que Rosângela
Santos conquistou uma medalha que nos fez entrar no clima da
vitória de vez, ouro nos 100 metros rasos feminino que não acon-
tecia desde 1983. Uma medalha que enche de moral qualquer
País em uma competição.
Bom, no final das contas deu no que todos viram. Recorde do Bra-
sil de medalhas, sendo dez de ouro, 24 no total. Missão cumprida.
Eu também colaborei e conquistei a minha. De ouro (revezamen-
to 4x100 m). Minha segunda. Estou feliz. Afinal, representar o
meu País Brasil é tudo que sempre sonhei na vida. •
60 | ÍCONE ESPORTIVO
Reportagem: Nathália Silveira | Fotos: Michael Dantas
CARROS TURBINADOS CHEGAM A ALCANÇAR 280 KM/H EM PISTA DE ARRANCADA NO MUNICÍPIO DE IRANDUBA
AUTOMOBILISMO
ÍCONE ESPORTIVO| 61
O excelente desempenho de arranque de carros, após a segunda Guerra Mundial, nos anos 40, fez nascer uma prática que causa-va muito barulho e baderna nas principais ruas de Los Angeles: os rachas de rua (ou pegas).
Considerado como ato ilegal, os rachas começaram a ser perse-guidos pela polícia, que se mostrava cada vez mais atenta aos encontros clandestinos. No entanto, apesar da forte fiscalização da polícia na década de 50, o racha torna-se ainda mais popu-lar e a partir daí surge a necessidade de se construir um local apropriado, transformando a prática, até então ilícita, em espor-te. Nasce, neste momento, o "Drag Racing", um "reduto” da alta velocidade, local especialmente montado para que as pessoas pudessem disputar com seus carros furiosos o menor tempo para completar um determinado percurso.
Com o Drag Racing, é criado o National Hot Rod Association (NHRA), empresa especializada na promoção e realização dos eventos de arrancada nos EUA, dando caráter profissional ao esporte. No Brasil, na década de 80, em Interlagos (SP) e na re-gião da Cidade Industrial de Curitiba, a prática da Arrancada (de-nominação utilizada no Brasil para o "Drag Racing") começava a aquecer, fazendo surgir preparadores, pilotos e eventos.
Após se difundir em vários Estados, a Arrancada também che-gou ao Amazonas, que assim como em outros pontos do País abrigava os amantes da alta velocidade, que deixaram de pra-ticar os pegas, para se dedicar, por exemplo, ao Campeonato Amazonense de Arrancada, realizado no Amazonas MotoPa-rk, localizado no quilômetro 6 de Iranduba, na pista Amazonas Dragway. O evento é considerado o maior campeonato de ar-rancada do Norte e Nordeste do Brasil e teve sua última etapa realizada no mês passado.
Gigantescos dragsters dividem a atenção com carros comuns (foto acima) na pista de arrancada em Iranduba
62 | ÍCONE ESPORTIVO
ALTO INVESTIMENTO
A essência da preparação dos carros de Arrancada é o inves-
timento no veículo, que envolve o conjunto do carro: potência,
pneus, embreagem, caixa de marcha, transmissão, freios, chas-
si, distribuição de peso e itens de segurança, que devem ofere-
cer uma estrutura para que o carro e o piloto possam obter o
melhor desempenho e garantir a vitória. Tudo isso deve estar
acompanhado por uma eletrônica e um projeto de construção
muito bem estudado, planejado. Produtos de extrema tecnolo-
gia são utilizados por esses carros, procurando, a cada largada,
melhorar o seu desempenho.
Hoje, nos eventos de Arrancada pelo Brasil, incluindo o Amazonas,
existem diversos modelos de carros que são figurinhas fáceis de
serem admirados, por exemplo, o Opala, o Chevette, o Fusca, a Ca-
ravan, e tantos outros, que carregam além do belo design, histó-
rias. Nas categorias consideradas de “entrada”, a predominância
é de carros da marca Volkswagen, com destaque para o modelo
Gol. Nas categorias intermediárias encontramos carros mais co-
muns do nosso dia a dia e de diferentes marcas. Já nas categorias
mais avançadas encontramos modelos de “Muscle Cars”, além dos
famosos “Dragsters”, carros construídos sob chassi tubular, rece-
bendo motorização que pode chegar até a 4.000 cavalos de potên-
cia. No Campeonato Amazonense, apenas três "feras" puderam
pilotar esta máquina e brigar pela categoria: Juliano Bento, Mykia
Takano (ambos amazonenses) e Pudim (de São Paulo) .
A DISPUTA DAS MÁQUINAS
Durante cinco meses, mais de cem pilotos rasgaram a pista
de 402,5 metros (1/4 milha) e 201,25 metros (1/8 milha) do
Amazonas Moto Park para tentar o topo do pódio de uma de
16 categorias em disputa e entrar para o clube dos segundos.
De acordo com o regulamento da CBA, as 12 categorias foram:
Dragster Light, Força Livre Dianteira, Dianteira Turbo A, Extreme
10,5, Dianteira Turbo B, Dianteira Turbo C, Dianteira e Traseira
Turbo Original, Traseira Original, Dianteira Original, Streer 446,
Standard e Desafio 15s.
A briga dos pilotos contra relógio rendeu ao o piloto Jeverson
Farina, da Dianteira Turbo A (DTA), a segunda maior pontuação
da competição, com 87 pontos, marcando 9s622 a 251 Km/h,
apenas milésimos a frente do recorde brasileiro de 9s05. “O re-
corde da pista do Amazonas Moto Park já era meu, com 9s7, e
foi uma emoção muito grande poder baixar ainda mais o tempo,
principalmente por ter concorrentes de peso na disputa”, con-
siderou Farina, ao citar os pilotos da equipe Lelo de São Paulo.
Na categoria mais rápida e uma das mais aguardadas pelo re-
sultado, a Dragster Light, onde os carros conseguem percorrer
os 402 metros da pista de Arrancada em pouco mais de cinco
segundos, chegando a alcançar 300 km/h, com modelo apro-
priado de paraquedas para auxiliar na sua frenagem, o grande
vencedor e detentor do recorde da pista foi Juliano Bento, que
marcou 7s129, a 280 Km/h. “O Dragster é o que existe de mais
rápido, logo a adrenalina e os riscos são maiores. Não consigo
descrever o que sinto quando estou pilotando, mas estou bas-
tante feliz com o recorde”, afirmou Bento.
Outros recordes também foram estabelecidos, como na Dian-
teira Original com Hugo Camargo, marcando 13s 427. Rômulo
Braga que fez 13s984 e na Street 446, quando Francisco Alvez
acelerou e foi detentor dos 14s053. •
Opala faz sucesso entre os competidores
Motor possante e pneus especiais são fundamentais para o sucesso na arrancada
AUTOMOBILISMO
ÍCONE ESPORTIVO| 63
CONFIRA OS CAMPEÕES EM TODAS AS CATEGORIAS
CATEGORIA CAMPEÃO
Dragster Light Juliano Bento
Força Livre Dianteira Roberto Carlos Lima
Dianteira Turbo A Jeverson “Jé” Farina
Extreme 10,5 Eduardo “Queilão” Gama Berra
Dianteira Turbo B Marcelo Mady
Dianteira Turbo C Domingos “Dedão”Lima
Diant. e Tras. Turbo Original Lincoln Pacheco
Traseira Original Israel “Branco”de Lira Melo
Dianteira Origina Hugo Camargo
Street 446 Herick Oliveira
Standard Wilson Renato da Silva
Desafio 15s Anderson José de Almeida
Estrutura da pista em Iranduba permite competições de arrancada em todos os tipos de automóveis
64 | ÍCONE ESPORTIVO |DEZEMBRO 2011 / JANEIRO 2012
O engenheiro e pesquisador paulista José Renato Santiago Júnior
antes de ser um apaixonado por futebol sempre foi um curioso.
Essa característica investigativa tão comum entre jornalistas o
fez escrever o livro "Os Distintivos de Futebol Mais Curiosos do
Mundo". A obra lançada pela editora Panda Books surgiu de uma
parceria póstuma com o outro autor do livro e amigo de Júnior, o
geógrafo e jornalista esportivo Luiz Fernando Bindi.
“Pela nossa amizade, a viúva dele (do Luiz Fernando Bindi) pediu
para eu concluir o livro. Ele (falecido em julho de 2008 de ataque
cardíaco fulminante) havia encerrado na letra ‘D’. Revi alguns
textos e segui na pesquisa dos escudos. Encontrei mais de mil
distintivos curiosos, mas precisei dar uma enxugada para 360
(escudos) no livro”, comentou Santiago, que se apoiou no seu
fascínio pela heráldica, ciência que estuda os brasões, para dar
continuidade e se aprofundar sobre as histórias dos escudos.
Como o próprio título autoexplicativo do livro informa, a ideia não
era reunir os escudos dos clubes mais famosos, entre mais de
cem países. Mas não se preocupe, a história sobre a criação dos
brasões do Flamengo, Vasco, Botafogo, Corinthians, São Paulo,
entre outros grandes times do Brasil, está nas 208 páginas da
obra. “O escudo do Flamengo é o mais popular, mas os torcedo-
res do Corinthians são os mais fanáticos”, citou Santiago, pondo
mais lenha na briga pelo "status" de maior torcida do País entre
os dois clubes.
Os escudos dos clubes brasileiros e internacionais estão em or-
dem alfabética, porém, misturados. “Tem a parte dos distintivos de
todo o mundo, que é a parte da heráldica. Por exemplo, o escudo
do Barcelona, por que as cores são vermelha e grená? Há toda uma
simbologia nisso. Do Brasil, todos os Estados tiveram dois ou três
clubes incluídos cada no livro. No Amazonas, fiz um ranking dos
mais tradicionais: Nacional, Rio Negro e Fast”, explicou Santiago.
No início da adolescência, José Renato morou durante cinco
anos em Manaus, dos dez aos quinze anos de idade, quando
o pai se mudou com a família para trabalhar do Polo Industrial
(PIM) da capital amazonense. “Torço para dois clubes, o São Pau-
lo e o Ceará, este último porque minha família é toda de lá. Aqui
em Manaus, lembro do Vivaldão lotado em jogos do Nacional e
Rio Negro, por isso não podia deixar de citar no livro os escudos
deles. Já o Fast, por ser são-paulino me identifiquei logo com
este clube amazonense, que também é Tricolor”, declarou.
A curiosidade do escudo do Fast, destacou Santiago, é por ser um
dos poucos do mundo que não apresenta nem as iniciais e muitos
menos o nome do clube. “Assim, como é do Botafogo (do Rio de
Janeiro), não dá nem para saber onde começa o nome do clube
Fast no distintivo. Não há nenhuma sinalização. Inclusive, foi um
professor de inglês que na época (1930) sugeriu que o nome fos-
se Fast (rápido, em inglês) para sinalizar a rapidez do time. Essa
questão da velocidade é engraçada e comum. Outro exemplo é o
Paysandu, do Pará, que também faz referência no escudo dele a
isso, a figura de um pé alado, para mostrar que os jogadores não
correm, mas voam em campo”, relatou o pesquisador.
DISTINTIVOS REVELAM HISTÓRIAS DE CLUBES
Reportagem: Diogo Rocha | Fotos: Divulgação
ENGENHEIRO E JORNALISTA SE UNEM PARA PESQUISAR E REVELAR ORIGEM E CURIOSIDADES DOS ESCUDOS DOS CLUBES AO REDOR DO MUNDO
LITERATURA ESPORTIVA
José Renato Santiago Júnior reunuiu no livro a hitória de 360 escudos
ÍCONE ESPORTIVO | DEZEMBRO 2011 / JANEIRO 2012 | 65
A aparente simplicidade dos distintivos de alguns clubes os
torna, pelo estudo da heráldica, incomum. “O Nacional, do Ama-
zonas, tem um escudo de formato único. Além de ser um dos
poucos times do mundo, que tem escudo e brasão. O brasão é
belíssimo, uma águia dourada vista em camisas antigas do clu-
be”, afirmou Santiago.
TEM ATÉ PAPAI NOEL NO ESCUDO
Dos escudos de clubes famosos do Brasil, o Vasco tem um equí-
voco no apelido referente à alcunha Cruzmaltino. “A cruz que
aparece na nau (navio antigo) do distintivo não é a de Malta
(emblema dos Cavaleiros de São João e referente às tropas por-
tuguesas). É uma cruz Pátea, que é de origem francesa, usada
antigamente nas embarcações de Portugal, por exemplo, a do
navegador Vasco da Gama”, explicou o autor.
O escudo do Barcelona, do craque argentino Messi, contém uma
das histórias mais ricas. “A cruz vermelha é de São Jorge, pa-
droeiro da Catalunha, na qual as cores amarelas e vermelhas
da bandeira estão no escudo. Na época da ditadura do general
Franco (Francisco Franco, morto em 1975), o Barça colocou ape-
nas uma listra amarela e outra vermelha para dizer que eram
da Espanha e não da Catalunha. Já as cores azul e grená são do
Basel, um time suíço que o fundador do clube espanhol jogou”,
detalhou Santiago.
Entre os escudos mais bonitos, José Renato elegeu o Juventus,
de São Paulo. “A letra ‘J’ é desenhada. Não tem uma fonte neste
formato e vem do Juventus, de Turim, da Itália. O curioso que não
existe ‘J’ no alfabeto italiano. A cor grená é do Torino, outro clube
da cidade de Turim. Mesma cor dos lenços que ficavam nos pes-
coços dos soldados da Savoia quando expulsaram os franceses.
Então, tem toda uma grande história”, declarou.
Dos curiosos, dois distintivos se destacam: o Santa Claus, da
Finlândia, em que os uniformes dos jogadores se parece com
as vestimentas do Papai Noel, e o Icasa, do Ceará. “O escudo do
Icasa é o único do mundo com formato de uma peça de engre-
nagem. Uma referência à sigla do nome da empresa, que não
existe mais e deu nome ao clube: Indústria de Comércio Algodão
S/A (Icasa)”, explicou o pesquisador.
INSPIRAÇÃO OU CÓPIA?
Uma prática freqüente na criação dos escudos observada na
pesquisa de Santiago é a cópia de distintivos mais tradicionais
e famosos do futebol brasileiro, como do eixo Rio-São Paulo, por
outros clubes. “É o caso do escudo do Atlético Goianense, clube
fundado por são-paulinos e flamenguistas. Para evitar brigas,
os fundadores decidiram que o distintivo seria igual ao do São
Paulo e o uniforme rubro-negro, idêntico ao do Flamengo. Mes-
ma cópia de escudos se observa no Atlético de Roraima, igual ao
do Fluminense, e no Flamengo, do Piauí, réplica fiel do Flamengo,
do Rio. Só puseram o nome Piauí no escudo. Algumas vezes há
confusão em razão disso”, comentou.
O plágio de personagens de desenhos animados é comum nos
escudos dos clubes do Nordeste. “O Esporte Clube de Patos, da
Paraíba, colocou o Pato Donald (da Disney) no distintivo. Mas
para evitar problemas por direitos autorais deram uma enve-
lhecida na imagem do pato e o vestiram com a camisa do time
invés do uniforme de marinheiro. Outro clube da Paraíba, o Con-
fiança, tem uma figura do Taz (dos desenhos animados Looney
Tunes, da Warner Brothers) muito mal-desenhada. Nem parece,
mas é”, citou Santiago.
As transformações nos escudos dos clubes são recorrentes. “O
hino do Fluminense fala das cores do time, mas as cores ori-
ginais do clube eram cinza e branco. Os uniformes vinham da
Inglaterra, aí o fundador do Fluminense (Oscar Cox) não encon-
trou mais camisas destas cores, então, trocou pelo grená, verde
e branco. Como o hino foi escrito bem depois, não houve proble-
ma”, contou Santiago. •
Nas livrarias de Manaus o livro custa em média R$ 40
66 | ÍCONE ESPORTIVO66 | ÍCONE ESPORTIVO
Reportagem: Ivan Renato | Fotos: Sport Digital
MILÉSIMOS, SUPERAÇÃO E TRADIÇÃO. TUDO ISSO RESUME A 52.ª EDIÇÃO DA CORRIDA CICLÍSTICA AGUINALDO ARCHER PINTO, QUE ACONTECEU NO DIA 13 DE NOVEMBRO NA ALAMEDA DO SAMBA, EM MANAUS
ÍCONE ESPORTIVO| 67 ÍCONE ESPORTIVO| 67
Geralmente o vencedor é quem recebe a calorosa salva de pal-mas, seguido por aqueles tapinhas nas costas e apertos de mão. Não que isso tenha fugido do padrão.
O vencedor da principal prova o paulista Ricardo Andrei Ortis, (da equipe Bicycles) até teve seus aplausos e parabenlizações pelo o tempo conquistado de 1h 12 m03s 015 centésimos, ficando a frente do amazonense Rafael Souza (equipe Degraus), com 1h 12min 03s 048 centésimos, apenas 11 centésimos de diferença e de Raulisson da Costa, (atleta sem equipe), de Manacapuru--AM, com 1h 12min 03s 059centésimos. Mas não foi nenhum desses ciclistas que roubou a cena. O público e os próprios ad-versários decidiram vibrar e apoiar mesmo Alex Teixeira, profes-sor de jiu-jitsu e campeão de superação.
Alex é o primeiro ciclista portador de necessidades especiais a completar a prova. Com uma deficiência congênita na perna direita (quando um membro não se concluí na sua formação), o que obri-ga o atleta a usar somente a perna esquerda, ele teve só três dias de treinamento e com uma bicicleta emprestada. Alex resolveu fa-zer como faz no jiu-jitsu e não "bateu": encarou e terminou a prova.
Além de dar aulas de jiu-jtsu, ele quer se empenhar para ser o primeiro ciclista do Estado do Amazonas a disputar uma parao-limpíada na categoria LC3 (somente para pessoas com deficiên-cias) e incentivar outros deficientes a se dedicarem ao esporte.
Alex treinou apenas três dias para a prova
ÍCONE ESPORTIVO| 69
Como não podia ser diferente, as categorias intermediárias também tiveram uma disputa acirrada. Rainer Frazão de Lima, 26, da Associação de Novo Ayrão, venceu a prova em 28min 33s na categoria Montain Bike Federados. Nesse tempo ele percor-
reu 15km. O segundo lugar foi para Daniel da Silva Oliveira, 33, da Federação Acreana, com o tempo de 28min 34s. E em terceiro ficou o também acriano Marcos Carneiro Soares, 32, que fechou o pódio com o tempo de 28min 34s 064centésimos. •
OUTROS RESULTADOS
70 | ÍCONE ESPORTIVO
Se dependesse apenas da construção do estádio sede para os
jogos, Manaus está provando que poderia sediar a Copa das Con-
federações em 2013. Com 28% das obras da Arena da Amazônia
já concluídas até o final do mês de novembro, segundo a Unidade
Gestora da Copa no Estado (UGP-Copa), e 22% de acordo com o site
Portal 2014, Manaus está à frente de possíveis sedes do torneio
teste para a Copa de 2014 entre elas Salvador e Recife e pratica-
mente no mesmo ritmo das obras do palco da final do evento em
2013, o Estádio Maracanã, no Rio de Janeiro.
Conforme o coordenador da UGP-Copa, Miguel Capobiango, a Arena
da Amazônia está com um quinto do planejamento executado. “A
colocação do setor leste das arquibancadas está em fase final e a
próxima etapa é o início da instalação das arquibancadas do lado
oeste”, explicou. A previsão de conclusão do estádio, que abrigará
quatro jogos da Copa do Mundo de 2014 e custará R$ 499,5 mi-
lhões é o mês de junho de 2013, data programada para a Copa das
Confederações.
Apesar do ritmo avançado das obras, no dia 20 de outubro os orga-
nizadores locais da Copa de 2014 receberam a confirmação de duas
exclusões nem tão surpreendentes: da Copa das Confederações
e da rota da Seleção Brasileira. Capobiango admite que não havia
expectativa de a Arena da Amazônia receber jogos do torneio inter-
nacional um ano antes do Mundial, nem de sediar jogos do Brasil.
“Não houve frustração com os anúncios (da Fifa) porque nós já es-
távamos cientes disso, principalmente em razão da nossa posição
geográfica. Existia apenas a esperança de sermos contemplados
em 2013 (pela Copa das Confederações) pelo estágio avançado das
obras na Arena da Amazônia”, alegou o coordenador. “Manaus fica
muito distante do eixo (Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste) onde a
competição ocorrerá”, concluiu.
A Copa das Confederações terá o Mineirão (Belo Horizonte-MG), o
Maracanã (Rio de Janeiro-RJ), o Castelão (Fortaleza-CE) e o Estádio
Nacional (Brasília-DF) como sedes confirmadas e a Arena Pernam-
buco (Recife-PE) e a Arena Fonte Nova (Salvador-BA) ainda com
possibilidades de sediar o evento.
Mais de R$ 77 milhões já foram gastos na construção da Arena da
Amazônia, dos quais R$ 66 milhões saíram dos cofres do Estado e
R$ 11 milhões do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico
e Social (BNDES). O primeiro passo foi a demolição total do Estádio
Vivaldo Lima, que custou, aproximadamente, R$ 32 milhões.
EM RITMO DE COPA DAS CONFEDERAÇÕES
Reportagem: Bruno Elander | Fotos: Roberto Carlos/ Agecom
OBRAS NA ARENA DA AMAZÔNIA SEGUEM AVANÇADAS, PROVANDO QUE O ESTÁDIO PODERIA SEDIAR EVENTO-TESTE PARA O MUNDIAL DE 2014
COPA 2014
Ritmo das obras está avançado na Arena da Amazônia Trabalhos se concentram na arquibancada leste inferior
ÍCONE ESPORTIVO| 71
A UGP-Copa estima que 20% (R$ 180 milhões) do total emprestado
(R$ 499,5 milhões) pelo Estado junto ao BNDES seja liberado ain-
da este ano. A expectativa é que o aporte dê mais celeridade ao
processo. “Não temos previsão de atraso na conclusão, pois até o
momento tudo está acontecendo conforme o cronograma”, garan-
tiu Capobiango.
COLINA APENAS EM FEVEREIRO
Outras duas obras, uma pública e outra privada, também compõem
a lista de exigências da Federação Internacional de Futebol Asso-
ciados (Fifa) para a realização da Copa em Manaus. A principal delas
é a reconstrução do Estádio Ismael Benigno – a Colina, de proprie-
dade do São Raimundo Esporte Clube, orçada em R$ 21 milhões.
A Colina servirá de Campo de Treinamento para seleções. Outra
prioridade é a reforma do Estádio Francisco Garcia – o Chicão, em
Rio Preto da Eva (a 57 quilômetros a nordeste de Manaus), aprova-
do pela Fifa para se tornar um Centro de Treinamento.
“O projeto da Colina está concluído e o planejamento orçamentário
está em andamento. A previsão é que a intervenção comece até o
mês de fevereiro de 2012. Já em Rio Preto, um hotel local assumiu a
reforma, que custará menos de R$ 5 milhões”, garantiu Capobian-
go, ao justificar a diferença de preço entre as duas obras. “O centro
de treinamento é um complexo formado por hotel e campo, onde
as seleções farão treinos diurnos e por isso o local não precisa de
moderna iluminação. Já a Colina será utilizada como local do últi-
mo treino das equipes antes dos jogos, que deve ocorrer à noite”,
esclareceu.
A estimativa de reconstrução da Colina é de 12 meses. Caso a previ-
são se confirme, o Estádio do São Raimundo, cedido por comodato
de 20 anos ao Estado, deve ficar pronto em fevereiro de 2013.
MOBILIDADE URBANA
A UGP-Copa garante que não existe possibilidade de Manaus dei-
xar de sediar jogos da Copa do Mundo 2014, apesar de as obras de
mobilidade urbana ainda estarem no processo de desembaraço
dos trâmites burocráticos. “Nem as sedes que ainda não come-
çaram a construir o estádio correm este risco”, afirmou Miguel
Capobiango.
De acordo com o coordenador, o cronograma de mobilidade não
visa atender apenas exigências da Fifa, mas a população local.
“Tanto o BRT (sistema de transporte de ônibus de trânsito rápido)
quanto o monotrilho, não são pré-requisitos da Fifa para o Mun-
dial, até porque os turistas vão se locomover em vans, inclusas
nos pacotes turísticos. É o legado que ficará para a cidade”, decla-
rou Capobiango.
O planejamento atual do monotrilho prevê a conclusão da primei-
ra etapa do sistema para o antes da Copa do Mundo e a segunda
para depois do Mundial. A proposta inicial era de que o transporte
integrasse, em 39 quilômetros de trilhos, as zonas Norte e central
da capital. Mas, o percurso foi reduzido para 20,2 quilômetros e
será complementado com 23,8 quilômetros do BRT. Ao todo, o
sistema de transporte coletivo terá 43 quilômetros.
A estimativa de custo é de R$ 290 milhões para o BRT e de R$
1,55 bilhão para o monotrilho, que levará dois anos e meio para
ser concluído após o início das obras, que ainda não têm data
para começar. Os recursos federais para estas duas intervenções
podem chegar à R$ 800 milhões, montante que torna Manaus a
cidade-sede da Copa com o quarto maior investimento da União
em obras urbanas, atrás de Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Ho-
rizonte-MG. •
RANKING DA EVOLUÇÃO DAS OBRAS NAS ARENAS DE ACORDO CM O PORTAL 2014, NO DIA 21 DE NOVEMBRO DE 2011
ESTÁDIO CIDADE CONCLUSÃO
1° Arena Castelão Fortaleza-CE 43%
2° Mineirão Belo Horizonte-MG 38%
3° Estádio Nacional Brasília-DF 38%
4° Arena Pantanal Cuiabá-MT 32%
5° Maracanã Rio de Janeiro-RJ 30%
6° Arena Fonte Nova Salvador-BA 27%
7° Arena da Amazônia Manaus-AM 22%
8° Arena Pernambuco Recife-PE 20%
9° Arena Beira-Rio Porto Alegre-RS 15%
10° Arena Corinthians São Paulo-SP 15%
11° Arena das Dunas Natal-RN 7%
12° Arena da Baixada Curitiba-PR 0%
Serviço de terraplanagem já está praticamente concluído
72 | ÍCONE ESPORTIVO
Reportagem: Maurício Freire| Fotos: Antonio Lima
ENQUANTO O FUTEBOL TRADICIONAL NO AMAZONAS DISPÕE DE APOIO DO PODER PÚBLICO E RESULTADOS PÍFIOS, O FUTEBOL AMERICANO NÃO TEM PATROCÍNIO E ACUMULA CONQUISTAS EXPRESSIVAS
FUTEBOL AMERICANO
NOMES IGUAIS, REALIDADES DIFERENTES
ÍCONE ESPORTIVO| 73
Se no futebol tradicional o Amazonas está mal das pernas – te-
mos equipes apenas na quarta divisão do Campeonato Brasi-
leiro – no futebol americano a realidade é totalmente diferente.
Sem o apoio financeiro do poder público e nem de empresas pri-
vadas como dispõem as equipes de futebol do Estado, o futebol
da bola oval local está entre os melhores do País, inclusive com
um título nacional.
Esporte mais popular dos Estados Unidos, o football, ou fute-
bol americano com foi batizado no Brasil, chegou no Amazonas
apenas em 2006. Tudo começou com uma comunidade criada
no site de relacionamentos Orkut por dois irmãos. A comuni-
dade cresceu e os irmãos Sorde resolveram reuniu o grupo para
colocar em prática a vontade de jogar o esporte que a maioria
deles acompanhava apenas pela TV.
A experiência deu tão certo que o grupo resolveu criar o ‘Ma-
naus Bowl’, o Campeonato Amazonense de Futebol Americano.
“Desde 2006 o campeonato só vem crescendo em número de
praticantes e qualidade técnica”, garante Mauro Soares, um dos
Equipamento completo é obrigatório nas partidas do Manaus Bowl
74 | ÍCONE ESPORTIVO
pioneiros da prática do futebol americano no Amazonas e hoje
árbitro das partidas. No campeonato deste ano o campeão foi o
Black Hawks, que superou na final disputada no dia 26 de no-
vembro o Manaus Cav`s, por 7 a 2.
O esporte é tão levado a sério no Estado que o Amazonas foi
um dos primeiros Estados no Brasil a exigir dos atletas o equi-
pamento completo, com helmet (capacete) e pad (ombreira).
“Antigamente gastávamos de R$ 2,5 mil a R$ 3 mil com esse
equipamento. Hoje, com a popularização do esporte no País, já
é possível encontrar o equipamento por até R$ 1,3 mil. O bom é
que eles podem durar até cinco anos”, explicou Soares.
Apesar de caro, o futebol americano no Amazonas ainda é pra-
ticado de forma amadora, com os atletas tendo que bancar os
seus próprios custos. “É tudo feito na raça, com o esforço de
cada um. O único apoio que temos é o da Nilton Lins que cede o
campo para a realização dos jogos”, lamentou Soares.
REPRESENTATIVIDADE NACIONAL
Mesmo com todas essas dificuldades, o Amazonas já conseguiu
um título nacional. Em 2009, o CN Cavaliers, equipe criada na
zona Norte de Manaus, representou o Estado no Torneio Capital,
em Brasília-DF, e conquistou o título da competição. “O torneio
teve times de todo o País e conseguimos esse grande feito”, ex-
plicou Soares.
Na volta para Manaus, a equipe foi homenageada por políticos
e recebeu a promessa de um apoio que até hoje não saiu do pa-
pel. Apesar disso, o futebol americano do Amazonas está entre
os melhores do País, é o que garante Mauro Soares. “Acredito
que só perdemos para as equipes do Rio de Janeiro e São Pau-
lo e estamos empatados com os times do Centro-Oeste. Ainda
estamos engatinhando, se recebermos mais apoio poderemos
brigar pelos primeiros lugares”.
Devido a complexidade do esporte, o futebol americano reúne mais de 30 jogadores em cada equipe
FUTEBOL AMERICANO
ÍCONE ESPORTIVO| 75
ESTRUTURA DIFERENTE NOS GRANDES CENTROS
Se o Amazonas ainda está "engatinhando" em termos de es-
truturas no futebol americano, o mesmo não se pode dizer de
Rio de Janeiro. Na capital carioca, está o mais famoso e tradicio-
nal campeonato de futebol americano do Brasil, o Carioca Bowl.
“O torneio é disputado na areia e tem o apoio da prefeitura do
Rio de Janeiro e chama bastante atenção com inserções na TV
e mídia extensa. No Rio, quando se fala em Carioca Bowl, todo
mundo sabe o que é”, explicou Mauro Soares ao ratificar que até
os times de futebol de campo apoiam a competição. “Existem
equipes que levam o nome do Vasco, Fluminense e outras equi-
pes tradicionais do Rio de Janeiro”.
O mesmo apoio é observado também em São Paulo. No Estado
que possui o futebol mais rico do País, apenas o São Paulo, das
equipes mais tradicionais da região, não decidiu "emprestar" o
seu nome para uma equipe de futebol americano. O Corinthians,
inclusive, não apenas cedeu o nome como resolveu investir no
"marketing" do time, contratando o ator Alexandre Frota para
disputar as partidas da equipe.
A iniciativa deu tão certo que o Corinthians Streamhollers está
classificado para as finais do Torneio Touchdown, o Campeonato
Brasileiro de Futebol Americano, que reúne 16 times de todo o
Brasil e a cada ano cresce em representatividade. •
Partida disputada no Vivaldão, em 2009, foi o ápice do esporte no Amazonas
76 | ÍCONE ESPORTIVO
SEM DEIXAR A VAIDADE DE LADO
Reportagem: Maurício Freire | Fotos: Antonio Lima
ATLETAS DA COPA DE FUTEBOL DE AREIA FEMININO MOSTRAM QUE ALÉM DO RESULTADO, PREOCUPAM-SE TAMBÉM COM A APARÊNCIA
Esporte tradicionalmente masculino, o futebol tem sido invadido
pelas mulheres, que além da força de vontade e habilidade, es-
banjam beleza e charme dentro de campo. Para comprovar isso,
basta uma conferida nos jogos da 17.ª Copa de Futebol de Areia
Feminino, que está sendo realizada em Manaus.
Com cabelos arrumados, unhas pintadas e até mesmo maquia-
gem, a mulherada mostra que não está preocupada apenas com
jogadas ensaiadas, dribles, passes e gols.
Prova disso é a industriaria Maryjane dos Santos Silva, 30 anos,
lateral direita da equipe Apolo Clube, que entra em campo toda
produzida. “Sempre que posso venho maquiada, ou com a unha
feita. Além do campeonato, eu gosto de me produzir para sema-
na”, afirmou Maryjane.
Indagada sobre a possibilidade de machucar alguém, a indus-
triaria disse que até agora nada aconteceu, mas que sempre
tem esse cuidado. “Nunca me arranhei, e tenho maior cuidado
Mulherada esbanja beleza e habilidade durante as partidas
FUTEBOL FEMININO
ÍCONE ESPORTIVO| 77
com as colegas. Se um dia acontecer, vou diminuir o tamanho,
mas vou continuar usando desenho nas unhas”.
Outra que também entra bonita em campo é Lielza Lima, 32
anos, integrante da equipe Sol Nascente Futebol Clube. A joga-
dora disse que usar maquiagem faz bem independentemente da
situação. “Uso maquiagem nos jogos pra ficar mais bonita, mos-
tra a feminilidade. Algumas pessoas julgam porque acham que
futebol é coisa de homem, e não é bem assim”, defende Lielza.
Ainda segundo Lielza, estar arrumada serve de consolo caso o
time não tenha um bom desempenho em campo. “Hoje minha
equipe não está lá essas coisas, mas se perder,vou perder boni-
ta”, brincou. •
Em quadra, "divididas" e caras feias. Nos bastidores, sorrisos e vaidade
PRONAÇÃOA pronação acontece quando, durante a movimentação, a parte de fora do calcanhar toca o chão e o pé inicia a rotação para den-tro e só depois volta a posição neutra.
Uma quantidade moderada de pronação é necessária para que o pé funcione apropria-damente, no entanto, lesões podem acon-tecer com a pronação excessiva. Quando a pronação excessiva acontece, o arco do pé perde a função de estabilidade, alongando músculos, tendões e ligamentos que ficam na parte inferior do pé.
IDENTIFICANDO O SEU TIPO DE ̀ PISADA`
PARA SE ALCANÇAR BOM RESULTADO EM CORRIDA NÃO BASTA APENAS SE PREOCUPAR COM O TEMPO DA ATIVIDADE E A VELOCIDADE. POUCO OBSERVADOS PELOS ATLETAS AMADORES, A "PISADA" E O TIPO DE TÊNIS SÃO FUNDAMENTAIS PARA SE EVITAR LESÕES E FADIGA MUSCULAR. OS TIPOS DE PISADA SE DIVIDEM TRÊS: PRONAÇÃO, SUPINAÇÃO E NEUTRA
SUPINAÇÃOSupinação acontece quando, durante a mo-vimentação, o calcanhar toca o solo e o pé inicia uma rotação para fora.
Uma quantidade normal de supinação acontece quando, durante a pisada, o cal-canhar deixa o solo e os dedos são usados para a propulsão do corpo. No entanto, a supinação excessiva põe uma carga grande nos músculos e tendões que estabilizam o tornozelo, o que pode fazer com que o tor-nozelo rotacione demais para fora, resul-tando em torção e comprometimento dos ligamentos.
Pé chato (arco do pé achatado) é geralmen-te associado à pronação. Nesse caso o peso é aplicado na borda interior do pé durante a corrida. Esse tipo de pé requer um tênis que ofereça total controle do movimento.
Arco do pé alto é geralmente associado à supinação. Nesse caso o peso é aplicado na borda exterior do pé durante a corrida. Esse tipo de pé requer um tênis flexível, com bom amortecimento.
NEUTRAA pisada neutra também começa com a parte externa do calcanhar e o pé rotaciona ligeiramente para dentro durante a movi-mentação, terminando com a parte da fren-te do pé inteira tocando o solo.
Os corredores de pisada neutra podem usar uma variedade grande de tênis de corrida.
Na fase de aterrissagem, no momento do contato do pé com o solo, a primeira parte a tocar no solo é o calcanhar, particularmente o lado externo. Após esse primeiro contato, ocorre uma rotação interna (pronação), em seguida, uma rotação externa (supinação), voltando desta maneira à posição neutra. Esse mecanismo visa distribuir a carga imposta ao sistema locomotor, considerando que na corrida essa carga é em média três vezes maior que quando caminhamos. Os problemas podem surgir quando os movimentos de pronação e supinação são excessivos. Nesse caso, o corredor deve escolher o tênis apropriado para o seu tipo de pisada para ajudar a prevenir lesões. Lojas especializadas oferecem um teste para verificar a pisada do cliente, mas um médico ortopedista especializado em esporte é a pessoa mais indicada para identificar seu tipo de pisada.
DICAS
JANEIRO
Copa dos Bairros de Futebol (inscrições)
Seminário de Alto Rendimento
FEVEREIRO
Início do Projeto Brincando na Rua
Desa� o “24 horas de Natação”
MARÇO
Corrida da Mulher - Ritta Calderaro
Copa dos Bairros de Futebol (abertura)
Copa Brasil de Beach Soccer
Copa Cidade de Manaus de Bilhar
Jogos Universitários (inscrições)
ABRIL
Circuito Águas Abertas
Jogos Universitários da Cidade de Manaus
Copa dos Bairros de Futsal Sub17 (inscrições)
Circuito Amazonense de Futevôlei (1º Etapa)
MAIO
Copa dos Bairros de Futsal
Copa Cidade de Manaus de Triathlon
Copa dos Bairros de Futsal Sub17
Campeonato Brasileiro de Jiu-Jítsu Esportivo
JUNHO
Footecom
Copa Cidade de Manaus de Futebol de Mesa
Wake Show (Piscina)
Grand Prix de Voleibol (Feminino)
Jogos dos CELs
JULHO
Final da Copa dos Bairros de Futebol
XTerra Mundial
ENAF
Jogos dos Centros de Esporte e Lazer (CELs)
Circuito Amazonense de Futevôlei (2º Etapa)
AGOSTO
Copa de Futebol de Areia Feminino (inscrições)
Copa Cidade de Manaus de Tênis de Mesa
Jogos dos Servidores Municipais (inscrições)
Circuito Banco do Brasil de Vôlei de Areia
Mostra de Dança
Wake Show (Rio Negro)
SETEMBRO
Dia do Pro� ssional de Educação Física
Copa Brasil de Tênis de Mesa
Olimpíadas da Terceira Idade
Copa de Futebol de Areia Feminino (abertura)
Copa Cidade de Manaus de Triathlon
Circuito Amazonense de Futevôlei (3º Etapa)
OUTUBRO
Amazon Black Belt
Corrida dos Curumins
Corrida Internacional Cidade de Manaus
Copa Cidade de Manaus de Rugby
NOVEMBRO
Circuito Cidade de Manaus de Basquete de Rua
Circuito Cidade de Manaus de Paraquedismo
Circuito Amazonense de Futevôlei (4º Etapa)
Seletiva Abu Dhabi World Pro de Jiu-Jítsu
DEZEMBRO
Circuito Águas Abertas - Almirante Tamandaré
ÍCONE ESPORTIVO| 79
JANEIRO
Copa dos Bairros de Futebol (inscrições)
Seminário de Alto Rendimento
FEVEREIRO
Início do Projeto Brincando na Rua
Desa� o “24 horas de Natação”
MARÇO
Corrida da Mulher - Ritta Calderaro
Copa dos Bairros de Futebol (abertura)
Copa Brasil de Beach Soccer
Copa Cidade de Manaus de Bilhar
Jogos Universitários (inscrições)
ABRIL
Circuito Águas Abertas
Jogos Universitários da Cidade de Manaus
Copa dos Bairros de Futsal Sub17 (inscrições)
Circuito Amazonense de Futevôlei (1º Etapa)
MAIO
Copa dos Bairros de Futsal
Copa Cidade de Manaus de Triathlon
Copa dos Bairros de Futsal Sub17
Campeonato Brasileiro de Jiu-Jítsu Esportivo
JUNHO
Footecom
Copa Cidade de Manaus de Futebol de Mesa
Wake Show (Piscina)
Grand Prix de Voleibol (Feminino)
Jogos dos CELs
JULHO
Final da Copa dos Bairros de Futebol
XTerra Mundial
ENAF
Jogos dos Centros de Esporte e Lazer (CELs)
Circuito Amazonense de Futevôlei (2º Etapa)
AGOSTO
Copa de Futebol de Areia Feminino (inscrições)
Copa Cidade de Manaus de Tênis de Mesa
Jogos dos Servidores Municipais (inscrições)
Circuito Banco do Brasil de Vôlei de Areia
Mostra de Dança
Wake Show (Rio Negro)
SETEMBRO
Dia do Pro� ssional de Educação Física
Copa Brasil de Tênis de Mesa
Olimpíadas da Terceira Idade
Copa de Futebol de Areia Feminino (abertura)
Copa Cidade de Manaus de Triathlon
Circuito Amazonense de Futevôlei (3º Etapa)
OUTUBRO
Amazon Black Belt
Corrida dos Curumins
Corrida Internacional Cidade de Manaus
Copa Cidade de Manaus de Rugby
NOVEMBRO
Circuito Cidade de Manaus de Basquete de Rua
Circuito Cidade de Manaus de Paraquedismo
Circuito Amazonense de Futevôlei (4º Etapa)
Seletiva Abu Dhabi World Pro de Jiu-Jítsu
DEZEMBRO
Circuito Águas Abertas - Almirante Tamandaré
80 | ÍCONE ESPORTIVO
Dedicada à malhação desde 2004, Gabriela Sales (32 anos), ou Gabi, como é conhecida entre os amigos, chama atenção por onde passa. E não é só a atenção de homens e mulheres. Ela soma admiradores também entre os jurados de competições nacionais de fisiculturismo, que mostram a admiração em forma de notas, que são necessárias para superar suas adversárias.
Fã declarada da panicat Juju, dançarina e repórter de um pro-grama humorístico de televisão, Gabi sonhava em ter um corpo parecido com o da panicat. Mas segundo a atleta, quando ela se aproximava desse “padrão físico”, ela decidiu ir além e ficar "grandona”. "Comecei a me dedicar com uma dieta bem rígida, onde frituras, refrigerantes e doces são proibidos e muita, mas muita malhação.”, comentou Gabi
Em sua primeira participação em uma competição de fisiculturis-mo realizada no Rio de Janeiro em 2009, Gabi surpreendeu a todo mundo com o resultado alcançado. “Tinha muitas meninas lindas lá e fiquei em terceiro. Muitas (competidoras) ficaram indignadas e ainda teve gente que vaiou, pois era só a minha primeira vez”, dis-se a fisiculturista. “Depois o presidente da associação carioca me convidou para uma competição de categorias especiais, chamada Top Wenders, no qual fiquei em segundo lugar”, completou.
Apesar de ter conquistado três medalhas e um troféu, além é claro de vários elogios e fãs, a atleta ainda sofre com o pre-conceito “Sempre tem (preconceito). As mulheres me olham e comentam com as amigas do lado, jogam xaveco. Mas se isso acontece é porque elas querem ficar com um corpo igual ao meu, mas não é todo mundo que consegue”, garantiu.
Gabi tem uma grande preocupação, para a próxima compe-tição da qual pretende participar, que será realizada em 2012 nos EUA. "As americanas não tem muito glúteo, e eu tenho um bumbum bem grande, tenho que tentar diminuir um pouco, pois lá eles avaliam mais o tronco e os braços das competidoras”, disse Gabi. •
BELEZA EM MÚSCULOS
Reportagem: Ivan Renato| Fotos: Acervo pessoal
GABRIELA SALES UNE A BELEZA COM A FORÇA PROPORCIONADA ATRAVÉS DA MALHAÇÃO PARA VENCER COMPETIÇÕES DE FISICULTURISMO
FISICULTURISMO
Corpo sarado rende elogios e prêmios à fisiculturista
ÍCONE ESPORTIVO| 81
82 | ÍCONE ESPORTIVO
NA TRILHA DO SUCESSO
Reportagem: Ivan Renato | Fotos: Antonio Neto
FENÔMENO NO MMA, DILENO LOPES FIRMA PARCEIRA COM A AFC E ENTRA EM NOVA FASE DA CARREIRA
Praticante de lutas marciais desde os 12 anos, o amazonen-se Dileno Lopes alcançou o reconhecimento como lutador de MMA (sigla em inglês para Artes Marciais Mistas) aos 24 anos e inicia uma nova fase da carreira com o apoio da Amazon Forest Combat (AFC).
Ainda iniciante no MMA, o lutador formado no jiu-jítsu coleciona um cartel invejável (12 vitórias em 12 lutas, sendo 11 por finalização). E isso com certeza chamou a atenção da AFC, que há dois meses promoveu a primeira edição do AFC, na Arena Amadeu Teixeira, e decidiu gerenciar a carreira do jovem lutador amazonense.
MMA
Dileno celebra o início da parceira com a Dethone
ÍCONE ESPORTIVO| 83
Junto com a parceria com a AFC, Dileno assinou um contrato de um ano de patrocínio com a companhia americana Physical Subcultures, que detém a licença de exploração da marca De-throne na América do Sul e México. Para acompanhar a con-tratação do atleta estiveram presentes, Márcio Reis (técnico do atleta), Fabrício Cavalcante (Vice-presidente do AFC), além de um dos sócios da Physical Subcultures Drew Muller.
Dileno vem de um berço que rende bons frutos para o Brasil e para o esporte. O atleta é cria da academia Nova União, cuja fi-liação em Manaus fica no bairro Alvorada, Zona Centro-Oeste da cidade. Lá surgiu o já conhecido lutador de MMA José Aldo Júnior, campeão do peso-pena no UFC (Ultimate Fighting Cham-pionship).
METAS TRAÇADAS
Como todo jogador de futebol que sonha em jogar pela seleção e disputar uma Copa do Mund, ou os de basquete que desejam jogar na NBA, Dileno também tem sua grande meta. "Meu ob-jetivo é chegar na disputa pelo cinturão do UFC e sair vitorioso do cotógono. Com certeza a contratação da AFC acelera esse processo e me dá oportunidade de ser visto nacional e interna-cionalmente”, comentou o atleta
Agora o lutador terá tempo de sobra pra se dedicar forte aos trei-namentos. “Estamos buscando condições para o atleta não pre-cisar se preocupar mais com nada e se focar nas lutas. Agora ele vai treinar na Nova União do Rio de Janeiro e cuidaremos de tudo para ele”, disse o vice-presidente da AFC Fabrício Cavalcante. •
Lutador amazonense de MMA espera alavancar a carreira através da nova parceria
84 | ÍCONE ESPORTIVO
CORRIDAS DE RUA
APAIXONANTES E COMPETITIVAS
Reportagem: Maurício Freire e Ivan Renato
CORRIDAS DE RUA SE PROLIFERAM EM MANAUS. NOS ÚLTIMOS DOIS MESES FORAM TRÊS EVENTOS, COM MAIS DE CINCO MIL COMPETIDORES
Por ser um esporte barato – precisa-se apenas de um tênis e força de vontade – e possível de ser praticado em qualquer lugar, a corrida pedestre tem ganhado cada vez mais adeptos em Ma-naus. Prova disso é o sucesso das provas de corrida realizadas na cidade. Somente nos últimos dois meses foram três grandes eventos, reunindo mais de cinco mil atletas profissionais, ama-dores e militares.
ÍCONE ESPORTIVO| 85
COMEMORANDO E CORRENDO
O primeiro grande evento foi a Corrida Internacional de Manaus.
Realizada no dia 24 de outubro para comemorar o aniversário de
342 de Manaus, a prova organizada pela Secretaria Municipal de
Desporto e Lazer (Semdej) reuniu mais de três mil participantes
na Ponta Negra, Zona Oeste de Manaus.
“Sempre defendo a prática esportiva, seja em qualquer moda-
lidade. Estou muito satisfeito com esse resultado e, ver que as
pessoas estão abraçando a corrida de rua é gratificante. Esse
ano batemos o recorde de inscritos é uma resposta pelo traba-
lho feito”, comemorou o secretário municipal de esportes, Fabrí-
cio Lima. “Com um calendário bem-planejado, corridas de ruas
Fotos: Antonio Lima
Mais de três mil competidores disputam espaço na larga da Corrida Internacional de Manaus
Corredores amadores são cada vez mais numerosos Primeiros passos em busca do disputado primeiro lugar
86 | ÍCONE ESPORTIVO
estão surgindo e com isso a possibilidade de esses atletas mos-
trarem o seu trabalho para patrocinadores”, avaliou o secretário.
Uma das motivações para os competidores foi a premiação es-
pecial. Os três primeiros colocados na categoria geral dos 10 km
(masculino e feminino), receberam produtos fabricados na Zona
Franca de Manaus. Além de troféus e medalhas, os atletas que
subiram ao pódio levaram para casa uma moto (1.° lugar), uma
TV de Cristal Líquido (2.° lugar) e um Celular (3.° lugar).
Além da premiação em produtos, os melhores colocados tam-
bém foram contemplados com “vagas” na Corrida São Silvestre,
a mais tradicional corrida de rua do Brasil, dispustada no dia 31
de dezembro, nas ruas de São Paulo. Como foram os primeiros
amazonenses a cruzar a linha de chegada, Dionísio Cosmo Car-
doso (3° lugar masculino) e Irismar Aranha (1° lugar feminino)
levaram para casa uma passagem aérea para São Paulo. “Es-
tou me preparando desde o começo do ano, estava com um ano
que não vinha para essa competição, mas estou de volta e valeu
todo esforço”, comemorou Irismar.Em família, com amigos ou solitários, corredores exibem com orgulho as medalhas que comprovam a missão cumprida
Fotos: Antonio Lima Foto: Sport Digital
ÍCONE ESPORTIVO| 87
DISCIPLINA MILITAR
O segundo grande evento do bimestre foi a Corrida Santos Du-
mont. Organizada pela Força Aérea Brasileira (FAB), a corrida ocor-
reu no dia 20 de novembro e teve como diferencial a competição
entre agrupamentos, que contava com 20 militares em cada uma
das seis equipes, sendo um comandante da tropa, um porta-es-
tandarte e 18 integrantes compondo três fileiras. Um moderno
chip colocado na braçadeira de cada competidor registrava o tem-
po de cada um, e só quando o último integrante cruzasse a linha, o
tempo da equipe seria contabilizado.
Além dos atletas terem que concluir a prova em menos tempo
(como em uma corrida “normal”), não podia faltar o toque de dis-
ciplina militar. Primeiro o comandante de cada equipe tinha que
estar no local da largada com meia hora de antecedência. Para di-
ficultar mais as coisas para o lado dos atletas, eles tinham de se
manter alinhados, com passadas na mesma cadência, vibrando e
cantando hinos militares. Cada ausência nos itens, a penalidade
vinha em forma de acréscimo de tempo, tudo sendo observado
pelos vários fiscais localizados ao longo dos 9 km de prova (largada
no Cindacta IV, na avenida do Turismo, e chegada na Ponta Negra).
A corrida contou com seis pelotões e teve direito a tiro de fuzil
na largada, helicóptero, fanfarra, muitos outros competidores de
categorias diferentes, espectadores por toda parte, uma aero-
nave militar voando sobre as águas do rio Negro e o sargento
Xuxa... mas que Xuxa? A rainha dos baixinhos? Loira e de olhos
Fotos: Sport Digital
Militares mostraram disposição e preparo físico na Corrida Santos Dumont
Largada foi dada em frente ao Cindacta IV, na avenida do Turismo
88 | ÍCONE ESPORTIVO
azuis, certo? Não, errado! O sargento Xuxa foi um show à parte
e acreditem não têm absolutamente nada a ver com a apre-
sentadora de TV, mas não deixa nada a desejar na animação e
interação com o público. E mesmo com um sol bem forte, não
deixou um segundo de cantar, pular e passar informações sobre
o evento. A única coisa que o sargento não narrava com deta-
lhes era o F5, que com um som ensurdecedor passava com uma
velocidade incrível poucas horas antes da premiação. “Olha aí, lá
vem... já foi, já foi!”, brincava o sargento.
Na classificação final, em terceiro lugar ficou o Centro de Embar-
cações (CMA), que foi comandado pelo tenente-coronel Medella,
que após correr os 9 km e subir ao pódio para erguer o troféu
ele ainda comemorou junto com os seus vinte integrantes da
equipe com 20 apoios no chão. “Fazemos isso todos os dias.
Além do quê, é uma honra prestigiar esse evento da Aeronáuti-
ca. Chegamos em terceiro e fomos os últimos a largar.” Declarou
o tenente-oronel, sem nem um sinal de cansaço.
O segundo lugar ficou com os rapazes das Operações Ribei-
rinhas, que subiram correndo a rampa que dava acesso ao
palco onde se encontrava o pódio, para receber as medalhas
e os troféus.
E quem conquistou a vitória foram os militares do Batalhão de
Infantaria de Aeronáutica Especial (Binfae), que invadiram o pal-
co aos gritos de Binfae! Binfae! Binfae! Quem ergueu o troféu
e promoveu a comemoração com dez apoios só que dessa vez
com os punhos cerrados ao chão foi o sargento Nunes. “Fico
muito feliz e honrado por ter conseguido vencer com os meus
companheiros, queria agradecer a todo o batalhão que acreditou
na gente e nos deu essa oportunidade pois todo dia a gente dá
garra e sangue por isso”, disse o campeão, que depois de pousar
para as fotos, ainda marchou com todo o seu batalhão cantando
hinos da Aeronáutica.
Mas, além da corrida de agrupamentos teve outras categorias.
Entre os cadeirantes, por exemplo, o vencedor foi Francisco de
Carlos com o tempo de 31minutos. Em primeiro lugar no geral,
ficando atrás apenas do F5 da Aeronáutica, com o tempo de
28m31s, Jean Souza Pereira subiu no topo do pódio e foi o gran-
de vencedor da 33.ª edição da Corrida Santos Dumont.
Fotos: Sport Digital
Sargento Xuxa
ÍCONE ESPORTIVO| 89
SAÚDE É O QUE INTERESSA
Fechando o bimestre de grandes corridas em Manaus, a Corrida
da Unimed reuniu mais de dois mil competidores no dia 27 de
novembro, na Ponta Negra. O objetivo principal do evento era
promover o bem-estar e a qualidade de vida através do esporte.
“É uma felicidade muito grande, ver a iniciativa de uma empresa
privada como a Unimed realizar um evento desses, que vem so-
mar com a qualidade de vida”, exaltou o secretário municipal de
esportes, Fabrício Lima.
As corridas de 5 km e 10 km foram bem acirradas. O primeiro
lugar no masculino de 5 mil metros ficou com Wemerson Gui-
marães , com o tempo de 17m54s, seguido por Elielde da Costa
Feitoza , com o tempo de 17m57s e em terceiro Valdo de Lima,
com a marca de 19m17s.
Wemerson comentou a importância do incentivo para que os
atletas se dediquem as corridas de rua. “Eu estou gostando mui-
to de correr em Manaus, primeiro pelo crescimento que a nossa
modalidade está tendo, com isso todo mundo só tem a ganhar.
E com premiações em dinheiro, o incentivo é maior para que a
gente supere as nossas marcas”, comentou o corredor, que é
Policial Militar e sonha correr em competições internacionais
representando os PM’s.
Do lado feminino a vitória dos 5 km ficou com Keytiane Mendes
com a marca de 24m28s, seguida por Maressa Ferreira, 24m52s,
e completando o pódio Gelziânia de Souza com o tempo de
25m19s.
Fotos: Sport Digital
Corredores esbanjam saúde na Corrida da Unimed
90 | ÍCONE ESPORTIVO | OUTUBRO / NOVEMBRO 2011
A corrida de 10 mil metros foi de tirar o fôlego, literalmente. Ao
passar na linha de chegada a segunda colocada, Ciranildes San-
tos da Silva ( 41m50s) caiu no choro e foi carregada até uma área
médica onde ficou se recuperando até poder falar a respeito da
corrida. “Muito cansada, corrida difícil, mas graças a Deus con-
segui chegar. O percurso tem muitas ladeiras o que dificulta pra
gente, mas no final a gente se supera” comentou Ciranildes. O
primeiro lugar feminino foi da Elivania Oliveira dos Santos com a
marca de 40m38s.
Do lado masculino a história foi parecida. O susto ficou por con-
ta do terceiro colocado, o atleta de Rondônia, Juarez Silva, que
despencou após ultrapassar a linha de chegada. Inconsciente,
o atleta mostrava exaustão e foi amparado pela equipe médica
localizada bem ao lado da chegada. Logo após a premiação, da
qual o atleta não participou por não ter condições (um represen-
tante recebeu o troféu e o prêmio no valor de R$ 1 mil), recobrou
a consciência e falou sobre o ocorrido.
“Eu estava em primeiro lugar, foi tudo ficando escuro, só pen-
sava em chegar e chegar logo porque eu não aguentava mais,
aí quando cheguei fiquei sabendo que tinha ficado em terceiro.
Mas graças a Deus estou bem, agora é me recuperar pra próxi-
ma”, disse o atleta, que conseguiu sorrir quando um companhei-
ro dele brincou: “Sorte de desmaiar na corrida da Unimed hein?”
fazendo referência à instituição médica.
O segundo lugar do pódio ficou com Jackson Mendes (33m57s)
que levou pra casa o prêmio de R$ 1,5 mil. Mas o lugar mais alto
do pódio foi conquistado por Jean Pereira - o mesmo que ven-
ceu a Corrida Santos Dumont - que conseguiu a incrível marca
de 33m56s. E olha que após a vitória o atleta ainda concedeu
a entrevista com a filha em cima dos ombros, não aparentando
nenhum sinal de cansaço. “Graças a Deus estou muito bem pre-
parado, venho fazendo um forte treinamento, o meu trabalho me
ajuda muito na preparação, sou coletor de lixo. E quero dedicar
esse título à Deus, a minha família e a todos os coletores de lixo”,
disse Jean, que no fim do ano disputará a São Silvestre. •
Alegria e descontração dos corredores amadores se misturou ao esforço e superação dos cadeirantes que participaram da Corrida da Unimed
Fotos: Sport Digital
92 | ÍCONE ESPORTIVO92 | ÍCONE ESPORTIVO
PARA QUEM ESTÁ COMEÇANDO...
Por: Dalton Cabral
VOCÊ JÁ CORRE, FAZ NATAÇÃO, CICLISMO, TRIATHLON, TÊNIS OU QUALQUER OUTRO ESPORTE COMO AMADOR? GOSTARIA ENTÃO DE LHE FAZER UM CONVITE! INSCREVA-SE EM UMA COMPETIÇÃO. SÃO DIVERSAS OPÇÕES EM NOSSA CIDADE E TANTAS OUTRAS FORA DAQUI
Ao contrário do que muitas pessoas pensam, boa parte das
grandes competições locais e até nacionais de ciclismo, corri-
da, triathlon, natação etc... são voltadas para os amadores, eu,
você, o João, Pedro, Vanessa... enfim, mortais que se dispõem a
praticar esportes em busca de lazer e qualidade de vida. Basta
dizer que em provas como a Sao Silvestre (corrida), Travessia dos
fortes (natação) e Ironman (triathlon), o percentual de amadores
corresponde a 90 ou até 95% dos inscritos.
A competição se transforma em um objetivo, uma meta, trazen-
do a motivaçãoo diária para a continuidade dos exerci'cios. Cria
um compromisso para o cumprimento do plano de treinamento,
para a melhora da qualidade da sua alimentacao, para a perda
de peso... enfim, para a sua qualidade de vida.
Competir em uma prova é, acima de tudo, um encontro com
você mesmo. É descobrir o quanto se é forte mentalmente.
Qual a sua capacidade de superar metas antes consideradas
impossíveis, vencendo desafios grandiosos, como correr 10, 15
ou 42km. É saber mais sobre si mesmo, do que você é capaz,
vencendo medos e inseguranças. É vencer a si mesmo.
E quem pode participar? Bom, conheço várias histórias de pes-
soas que comecaram aos 40, 60 e até 70 anos. Do indiano que
corre maratonas aos cem anos, ao pai que já passou dos 60 e
carrega o filho tetraplégico em provas de Ironman. De amigos
que perderam 40, até 50kg após os 30 anos e hoje estão compe-
tindo. De mães, pais, profissionais liberais, formandos de medi-
cina, de direito, empresários.
As competições são também uma grande oportunidade para
socializar. Fazer novas amizades e conhecer, quem sabe, o gran-
de amor da sua vida. Sim! Existe vida social além das madruga-
das, bares e casas noturnas.
Use a competição como meta para a continuidade dos seus trei-
nos. Crie indicadores para acompanhar o seu desenvolvimento.
De quebra, é um grande aprendizado sobre metas e foco nos re-
sultados, análise de indicadores, comprometimento e disciplina,
que voce poderá usar na sua vida pessoal e profissional.
Inscreva-se em uma prova. Pode ser uma corrida de 3 Km ou
5km. Mas esteja preparado para algumas das maiores emoções
da sua vida. Pois o seu maior adversário é normalmente difícil,
complicado e intimidador... Você mesmo!
Saúde e bons treinos.
As competições são também uma grande oportunidade para socializar. Fazer novas amizades e conhecer, quem sabe, o grande amor da sua vida. Sim! Existe vida social além das madrugadas
ARTIGO
94 | ÍCONE ESPORTIVO
Neste novo século, as principais causas de mortalidade são as
doenças cardiovasculares e o câncer. Logo, se conseguirmos
controlar os fatores de risco envolvidos no aumento da preva-
lência de mortalidade por estas causas, com certeza prolongare-
mos ainda mais a expectativa de vida dos seres humanos.
Pesquisadores analisaram o reflexo dos exercícios programa-
dos para pessoas de todas as idades, e chegaram à conclusão
que os mesmos não poderão exceder os limites de cada um,
jovens e idosos. A necessidade semanal destes exercícios não
deve ultrapassar gastos calóricos acima desses limites: 3.500
quilocalorias semanais para jovens e 2.000 quilocalorias/sema-
na para idosos. Esta frequência de exercícios é o suficiente para
aumentar as frações sanguineas do HDL – que é o bom coleste-
rol – e diminuir as frações do LDL, o mau colesterol. O primeiro
se encarregará de não deixar a gordura nociva se depositar den-
tro dos vasos arteriais, evitando a obstrução destes vasos e a
possibilidade de eventos cardiovasculares, entre eles infarto do
miocárdio, acidente vascular cerebral (os derrames), embolias e
suas consequências.
Os fisiologistas analisaram vários atletas de todas as idades e
chegaram à conclusão que a morte precoce entre estes se dá
em consequência da má programação dos exercícios, com ele-
vação dos gastos calóricos e exaustão celular.
O conselho das autoridades no assunto, é que devemos fazer,
sim, exercícios, visando aumentar a longevidade, mas estes têm
de ser realizados dentro dos padrões previstos.
E como sabemos o quanto de gasto calórico corresponde a estas
necessidades? Para idosos é recomendável, por exemplo, subir
todos os dias dez vezes 28 degraus de 30 centímetros de altura
e caminhar sete quadras de 200 metros sete dias por semana.
Com este pequeno esforço físico, fica garantido o gasto de 2.000
calorias necessárias para contribuir no processo de eliminação
da gordura nociva. Vale dizer que o exercício deve sempre estar
associado aos outros bons hábitos de não fumar, não abusar de
bebidas alcoólicas, dormir no mínino seis horas por dia, não se
estressar, se hidratar no mínimo com trinta mililitros de líquido
por quilo de peso nas vinte e quatro horas – em torno de sete a
oito copos por dia. Seguindo esta receita simples, você vai viver
mais e melhor.
EXERCÍCIOS FÍSICOS E AUMENTO DA LONGEVIDADE
Dr. Euler RibeiroM.D, PhD em Gerontologia
ATÉ A METADE DO SÉCULO PASSADO O AUMENTO DA MORTALIDADE SE DAVA EM CONSEQUÊNCIA DAS INÚMERAS INFECÇÕES CAUSADAS AO HOMEM POR BACTÉRIAS, VÍRUS E FUNGOS. UMA VEZ CONTROLADAS ESTAS INFECÇÕES, COM VACINAS PREVENTIVAS E ANTIBACTERIANOS (ANTIBIÓTICOS, SULFAS, FUNGICIDAS ETC.), A MORTALIDADE DIMINUIU, COM O CONSEQUENTE INCREMENTO DA LONGEVIDADE HUMANA
O conselho das autoridades no assunto, é que devemos fazer, sim, exercícios, visando aumentar a longevidade, mas estes têm de ser realizados dentro dos padrões previstos.
96 | ÍCONE ESPORTIVO96 | ÍCONE ESPORTIVO | OUTUBRO / NOVEMBRO 2011
Foi um ano importante para o esporte amazonense, com muitas vitórias, entre elas as medalhas nos Jogos Pan-americanos de Guadalajara, realizados no México.
Tivemos a oportunidade de receber em Manaus alguns dos me-lhores atletas do País em diversas modalidades esportivas, atra-vés da realização de grandes eventos esportivos, contribuindo para o fomento e desenvolvimento do esporte em nossa cidade, fato que resulta, entre outros aspectos, na promoção da saúde do manauara.
Dentro desse contexto, aliada à maior conscientização da popu-lação da necessidade da prática esportiva, o número de pratican-tes nos diversos esportes tem aumentado significativamente, especialmente quando abordamos a corrida de rua e o ciclismo, caracterizados pelo aumento de provas realizadas, assessorias esportivas, grupos de ciclismo e pela grande quantidade de pes-soas utilizando as vias públicas para essas práticas.
O crescente número de praticantes, contudo, leva-nos a algumas considerações importantes no sentido de proporcionar a esses indivíduos exercícios físicos que resultem em aprimoramento das funções orgânicas e ao mesmo tempo a redução na possi-bilidade de lesões.
A participação em atividades esportivas pode resultar em adap-tações fisiológicas cujo resultado é a melhoria do condiciona-mento físico e saúde do praticante. Mas, quanto tempo o sis-tema musculoesquelético leva para se adaptar ? Dias, semanas, meses ou até mesmo alguns anos ?
O Princípio da Adaptação no treinamento desportivo, em tese, parece ser o mais simples de todos, mas, o que se verifica é um paradoxo; é o mais conhecido e ao mesmo tempo um dos mais ignorados quando aplicado.
Como exemplo, podemos citar o aumento das distâncias percor-ridas por um iniciante na corrida em um mês. Nos parâmetros gerais do ACSM (Colégio Americano de Medicina Esportiva), o treinamento cardiorrespiratório (no nosso caso a corrida), pode ser realizado de três a cinco vezes por semana, com um tempo variando de 20 a 60 minutos. Suponhamos que o corredor realize três sessões sendo cada sessão com a duração de 20 minutos,
totalizando 60 minutos em uma semana. O consenso interna-cional recomenda um aumento de 10% por microciclo (semana) em função do tempo ou distância percorrida. No nosso exemplo, o aumento seria de apenas de seis minutos por semana, poden-do ser desdobrado em três sessões de 22 minutos. Parece muito pouco, não é verdade ? Muitos dirão: “Assim você não vai melho-rar, o fulano corre tantos quilômetros todos os dias, por isso ele corre muito”. Agora, pense comigo, se eu aumentar 10% a cada semana, em dois ou três anos quanto não estarei correndo ? Cla-ro que não se aumenta as distâncias indefinidamente, na verda-de, cada pessoa tem o que se pode chamar de “limiar de lesão” em termos de quilometragem aliada a questão da intensidade.
Se você estiver intrigado em entender como um corredor conse-gue treinar duas sessões por dia em seis dias na semana, per-gunte há quanto tempo ele treina. Provavelmente a resposta será de alguns anos.
Uma vez um aluno meu, médico, perguntou: Em quanto tempo eu vou virar corredor e atleta ? Fiz outra pergunta pra ele; Quanto tempo você levou pra se formar em medicina? Ele me respon-deu: você tem razão. Vamos progredir mais devagar!Portanto, na nossa vida, no estudo e no esporte o desenvolvimento seguro ocorre através de adaptações que não se resumem a questão de poucos dias.
Um novo ano se aproxima e com ele novas esperanças e rea-lizações nos aspectos familiares, profissionais, espirituais e es-portivos. Façamos do esporte aquilo que realmente tem como objetivo: saúde, diversão, alegria, socialização e comprometimen-to. Elabore um planejamento para o próximo ano, estabelecendo metas realistas para a sua condição atual. Haverá vários “pró-ximos anos” e com o passar dos anos, através do treinamento, tornamo-nos mais adaptados.
Uma equipe multidisciplinar composta por médico, nutricionista, fisioterapeuta e profissional de educação física qualificados cer-tamente proporcionará um suporte adequado para desfrutar a prática esportiva e melhorar o desempenho.
Feliz Natal, Próspero Ano Novo, Paz, Saúde e muitas corridas, pedaladas, triathlon, tênis, musculação, corrida de aventura, na-tação, remo, futebol etc... Feliz 2012! •
FINAL DE ANO... PLANEJANDO AS PRÓXIMAS TEMPORADAS !
TREINAMENTO
Márcio Soares
Fisiologista
Top Related