Resposta às perguntas sobre os autores das aulas práticas
Mecanismos de defesa – Anna Freud
1. De acordo com a teoria psicanalítica qual é a principal função dos
mecanismos de defesa?
A ansiedade é sinal de que a ameaça ao ego tem de ser neutralizada. Para Freud, as
defesas precisam, até certo ponto, de estar sempre a actuar. Assim como todos os
comportamentos são motivados por instintos, todo o comportamento é defensivo no
sentido de se defender contra a ansiedade. Mecanismos de defesa.
Os mecanismos de defesa entram em acção quando surgem conflitos, vindos das
imposições do SUPEREGO às pulsões do ID, e surgem sintomas de ansiedade,
alertando o EGO, que os gere.
2. Em que medida se podem considerar adaptativos os mecanismos de defesa?
Ego – Mecanismos de Defesa (inconscientes) Adaptação - Forma de controlar ou evitar
a ansiedade, indirectamente, “esgotando” a energia psíquica que de outra forma seria
direccionada para a satisfação dos impulsos sexuais e agressivos do ID.
Estes mecanismos são na sua base adaptativos e visam regular e fomentar uma relação
saudável entre as instâncias psíquicas envolvidas. Só quando levados ao extremo é que
poderão original patologia e originar doença mental.
3. Serão os mecanismos de defesa um tema com interesse para a psicologia na
actualidade? Exemplos.
Na actualidade, os mecanismos de defesa surgem como uma forma de lidar com o
stress, paralelamente às estratégias de coping, distinguidas destas por serem processos
inconscientes e não intencionais, mas que visam igualmente a adaptação.
A psicologia cognitiva redescobriu recentemente a existência de processos mentais
inconscientes, e é devido a este facto que alguns psicólogos cognitivos com elevada
relevância na ciência psicológica aceitam o princípio de que os processos mentais se
podem processar fora da sensibilização.
Relativamente à Psicologia Social, podemos aferir a redescoberta de processos pelos
quais o indivíduo se enganam a si mesmo, aumenta a auto-estima e promove auto-
ilusões irrealistas. Baumeister, Dale & Sommer, (1998) redescobriram estes processos
defensivos.
Os processos cognitivos foram “renomeados” pela Psicologia Social sob o ponto de
vista das atribuições: o deslocamento como “bode expiatório”, a formação reactiva
como “auto-apresentação” e a negação como “ilusões positivas”.
A formação reactiva é representada como uma estratégia de auto-apresentação associada
a contrariar o preconceito, o racismo e através de um comportamento excessivamente
positivo. Mais recentemente, os aspectos da negação (por exemplo, a recusa de
reconhecer as implicações da realidade) foram reformulados como ilusões positivas.
Dentro da psicologia do desenvolvimento, o reconhecimento da importância das defesas
para compreender o comportamento das crianças tem vindo a aumentar. Estudos
recentes têm demonstrado que o uso de mecanismos de defesa por crianças tem mudado
num padrão de desenvolvimento previsível.
McAdams
A teoria da personalidade sugerida por McAdams parte das tendências teóricas e
empíricas mais promissoras da actualidade, para articular cinco grandes princípios de
uma ciência integradora de todo o individuo. Aqui a personalidade é concebida como a
(1) a variação individual das vidas humanas num projecto universal, expressa num
padrão de (2) traços disposicionais em desenvolvimento, (3) adaptações características e
(4) narrativas de vida, complexas e diferencialmente situadas na (5) cultura e contexto
social. Em suma, estes cinco princípios fundamentais sugerem um amplo esboço do que
os cientistas e estudiosos devem pensar quando procuram um sentido psicológico para a
vida humana individual.
1) Quais os níveis da abordagem da Personalidade?
São três os níveis de Personalidade:
- Traços Disposicionais: Amplas dimensões comparativas da individualidade
humana que dão pelos nomes de, neuroticismo, extroversão, abertura a novas
experiências, amabilidade e conscienciosidade (os denominados Big five). Referem-se
portanto, aos processos automáticos mais básicos que, segundo as pesquisas, são
fortemente influenciados pela genética. Porém, tais factores também sofrem influêcias
de mudanças nas condições de vida ou nos papéis desempenhados pelas pessoas e estão
implicados nas formas de reacção automáticas e inconscientes.
- Adaptações características: Envolvem motivos, objetivos, planos, estratégias,
entre muitos outros aspectos da individualidade humana que se relacionam com
preocupações motivacionais, sociocognitivas e de desenvolvimento. Podem situar-se em
contextos particulares e podem alterar-se ao longo do tempo.
- Narrativas de Vida (definidas nas questões 2/3)
2) Quais as três funções da narrativa de vida em McAdams?
O papel principal das narrativas de vida é integrar a personalidade num todo unificado e
coerente (integração). Além disso, as histórias têm outras funções como o
entretenimento e/ ou a instrução (e.g., lição de moral).
3) Quais os seis princípios inerentes às narrativas e histórias pessoais?
Como histórias de vida, entendam-se as narrativas do self, internalizadas e evolutivas,
que os sujeitos formulam e carregam consigo, de forma a criar significados e propósitos
para a vida. Todas as histórias de vida, traduzem-se numa perspectiva moral específica
(Maclntyre, 1981, tal como citado por McAdams, 2006). Para além disso, essas histórias
seriam influenciadas pelas distintas culturas, na medida em que, em função da cultura,
irão apresentar maior ou menor carga de moralidade.
Estudos quantitativos e qualitativos demonstram que os adultos Americanos que
pontuam alto em medidas auto-reportadas de generatividade, são especialmente capazes
de construir narrativas pessoais que acentuam certos parâmetros específicos.
Estes pontos, no seu total conjunto, são aquilo que McAdams considera como sendo o
redemptive self (self redentor). Na sociedade americana contemporânea, este self
redentor é pautado por um tipo de história de vida particular, ou identidade narrativa,
que suporta uma vida na meia-idade produtiva e de cuidados.
1) Nesta história de vida particular, o sujeito enquanto criança desfruta de uma
vantagem inicial, ou status privilegiado, em relação aos outros.
2) Enquanto criança, o protagonista é sensível perante o sofrimento dos outros,
dando especial atenção a injustiças sociais, que o comovem.
3) Pela altura em que o protagonista completa a fase da adolescência, este
compromete-se perante uma ideologia pessoal, clara e de alto valor, que não
muda substancialmente no próximo capítulo de vida.
4) Com o desenrolar da narrativa, o protagonista experimenta muitos contratempos,
perdurando o sofrimento, mas que resultam, habitualmente, em bons resultados e
interpretações. Os eventos negativos são resgatados por resultados positivos ou
lições aprendidas, conhecimentos adquiridos e assim por diante.
5) Existe um conflito entre o poder e o amor, sendo que o protagonista quer sentir-
se forte e livre, mas também anseia por ligações com outras pessoas, o que
resulta em alguma frustração na história.
6) O protagonista vê o futuro com esperança e com a expectativa que as suas
produções e projectos irão continuar a crescer e a desenvolverem-se para a
próxima geração.
É este o quadro narrativo que bastantes americanos utilizariam para dar sentido ou para
avaliar uma boa vida (McAdams, 2006).
As histórias de vida de redenção, ajudariam a sustentar a generatividade, relembrando o
portador da mesma que é uma das pessoas abençoadas, escolhidas, cujo destino
manifesto é tornar o mundo num local melhor (McAdams, 2006). O protagonista dotado
está num mundo perigoso e irá ultrapassar as adversidades e deixar um legado positivo
para as gerações vindouras (McAdams, 2006).
4) Qual o significado do conceito de generatividade em McAdams e
características psicossocias associadas?
A nível das adaptações características, as pessoas demonstram variações tremendas no
que diz respeito a objectivos morais, valores, virtudes e crenças (McAdams, 2006).
Como bom exemplo de adaptações características, carregadas de significados morais,
tome-se o conceito de generatividade (generativity). Este pode ser definido como a
preocupação, ou compromisso, de sujeitos adultos na promoção do bem-estar das
gerações futuras, através da parentalidade, do ensino, da tutoria e do envolvimento
numa ampla variedade de tarefas de vida que visem deixar um legado positivo no futuro
(Erikson, 1963; McAdams & de St. Aubin, 1992, tal como citado por McAdams, 2006).
Segundo Erikson, a generatividade era considerada como sendo o desafio de
desenvolvimento primordial para os adultos de meia-idade (McAdams, 2006).
Um crescente corpo de pesquisa em diferenças individuais, no que toca a este conceito,
demonstra que os adultos que pontuam alto em medidas de generatividade mostram uma
ampla gama de bons comportamentos e de prestação de cuidados, desde a parentalidade
construtiva e de alto envolvimento, até ao trabalho voluntário na comunidade, ou até ao
envolvimento religioso (McAdams, 2001, tal como citado por McAdams, 2006).
Adler
1. Qual a importância dos sentimentos de inferioridade para Adler?
Adler considerava que as pessoas possuíam um corpo fraco e inferior, à nascença. Ou seja,
quando nascemos somos mais pequenos e mais frágeis em comparação a pessoas mais
velhas e, portanto, mais fortes que nós. Patente nesta característica física e/ou corporal, há
uma condução directa a sentimentos de inferioridade perante os outros – mais fortes – e, por
outro lado, a uma dependência de outras pessoas, como é o caso da dependência da criaça
pela mãe e, consecutivamente, do surgimento de um sentimento de identidade para com
esta na medida em que a criança depende da mãe para prosperar e se tornar mais forte.
Complexo de inferioridade – quando uma pessoa não consegue ultrapassar o seu
sentimento normal de inferioridade. Pode surgir de três fontes:
Inferioridades físicas – podem levar a sentimentos de inferioridade excessivos
Um estilo de vida mimado – as crianças sentem-se o centro das atenções e não
aprenderam a superar dificuldades
Um estilo de vida negligenciado – As crianças sentem-se rejeitadas, com falta de
amor e segurança.
Isto leva ao complexo de superioridade.
2. De acordo com Adler o que se entende por estilo de vida?
O estilo de vida, também conhecido por Adler como self (Feist & Feist, 2008), é um
princípio unitário e dinâmico. Este conceito engloba em si a meta, o autoconceito, os
sentimentos pelos outros e a atitude em relação ao mundo de um indivíduo. O estilo de vida
pode ser resultado da interacção entre hereditariedade, ambiente e poder criativo da pessoa.
3. Qual a importância do estudo das constelações familiares para Adler?
(também poderá ser resposta à pergunta 6?)
Adler tinha uma visão que associava alguns traços de personalidade à ordem de nascimento.
Este autor defendia que os irmãos poder-se-iam sentir inferiores ou superiores e adoptar
diferentes atitudes em relação ao mundo em função, em parte, da ordem de nascimento
(e.g., primogénitos teriam uma maior probabilidade de apresentar sentimentos
intensificados de poder e superioridade ou maiores níveis de ansiedade). Assim, filhos
primogénitos ocupariam uma posição de destaque, já que seriam filhos únicos por algum
tempo, e só depois experimentariam uma espécie de “destronamento traumático” quando
nascesse o seu irmão mais novo. Este evento alteraria dramaticamente a situação e a visão
da criança acerca do mundo, fazendo com que esta provavelmente manifestasse hostilidade
e ressentimento relativamente ao irmão mais novo.
Os segundos filhos já começariam a sua vida numa posição predisposta ao
desenvolvimento de comportamentos cooperativos e de alto interesse social, pois as suas
próprias personalidades seriam amplamente moldadas pelas percepções que teriam
relativamente às atitudes e comportamentos do irmão mais velho em relação a si.
Os últimos filhos a nascer teriam um maior risco de virem a tornar-se crianças
problemáticas, pois tendem a ser ambiciosos (por serem incentivados a superar os irmãos
mais velhos), podendo também desenvolver um estilo de vida mais mimado, dependendo
muito dos outros e desejando alcançar a excelência em todas as actividades.
Por fim, os filhos únicos seriam socialmente maduros, mas teriam sentimentos
exagerados de superioridade, baixos sentimentos de cooperação e até de interesse social, um
self inflaccionado e um estilo de vida mimado que os pode levar a ter uma atitude mais
dependente relativamente aos outros (Feist & Feist, 2008).
4. Quais as 3 tarefas que o individuo deve cumprir durante a vida?
Tarefas de vida (trabalho+amizade+amor)
5. Significado de interesse social?
O interesse social é uma atitude de nos relacionarmos com os outros e um sentimento de
empatia com os membros da comunidade que se manifesta através da cooperação em
vez de ganhos pessoais.
6. Quais as hipóteses relativamente à ordem do nascimento?
K. Horney
1. O que se entende por ansiedade básica de acordo com Horney?
Todos temos o potencial para nos desenvolvermos normalmente, sendo para tal necessário
condições favoráveis (e.g., ambiente afectivo e amoroso). Quando o amor e o afecto estão
insatisfeitos, as crianças têm tendência a desenvolver uma hostilidade básica em relação aos
seus pais, mas que, na maioria das vezes, é reprimida. Assim, desenvolvem-se
posteriormente sentimentos de insegurança e apreensão, que resultam numa ansiedade
básica. Horney refere que esta ansiedade básica é constante e inflexível, e influencia os
relacionamentos sociais. Este aspecto, por si só, não é uma neurose, mas sim um factor
determinante para que uma neurose se desenvolva (Feist & Feist, 2008).
2. O que se entende por necessidades neuróticas?
As necessidades neuróticas são estratégias que cada pessoa (neurótica ou não) pode utilizar
para reduzir os seus níveis de ansiedade.
3. Quais as 10 necessidades neuróticas?
Todos temos o potencial para nos desenvolvermos normalmente, sendo para tal necessário
condições favoráveis (e.g., ambiente afectivo e amoroso). Quando o amor e o afecto estão
insatisfeitos, as crianças têm tendência a desenvolver uma hostilidade básica em relação aos
seus pais, mas que, na maioria das vezes, é reprimida. Assim, desenvolvem-se
posteriormente sentimentos de insegurança e apreensão, que resultam numa ansiedade
básica. Horney refere que esta ansiedade básica é constante e inflexível, e influencia os
relacionamentos sociais. Este aspecto, por si só, não é uma neurose, mas sim um factor
determinante para que uma neurose se desenvolva (Feist & Feist, 2008).
Horney criou uma lista de defesas contra a ansiedade básica, sendo eles comportamentos
que se adoptam para as pessoas se protegerem de sentimentos de solidão, distinguindo
quatro defesas: (a) afeição; (b) submissão; (c) poder, prestígio ou posses; e (d) retirada. Usar
uma destas defesas não significa uma neurose, tornando-se apenas patológicas quando não
se consegue adoptar outras estratégias pessoais, (i.e., quando se utilizam sempre as mesmas
compulsivamente). Mais tarde, Horney rectificou e criou as dez necessidades neuróticas,
para combater a ansiedade básica (Feist & Feist, 2008), sendo elas as necessidades de:
1. Afecto e aprovação (tendência para agradar os outros de acordo com as respectivas
expectativas);
2. Um parceiro poderoso (falta de confiança e necessidade de união com um parceiro
poderoso, predominando o medo da solidão e abandono);
3. Limitar a própria vida (contentamento com pouco, substimando as suas capacidades
e temendo fazer exigências);
4. Poder (ter controlo sobre os outros);
5. Explorar os outros (avaliação de como explorar os outros e temer ser explorados);
6. Reconhecimento ou prestígio social (atrair a atenção dos outros);
7. Admiração pessoal (admiração por aquilo que são);
8. Ambição e realização pessoal (desejo de ser o melhor, sendo superior aos outros);
9. Auto-suficiência e independência (deseja afastamento de outros);
10. Perfeição e ser impecável (medo de cometer erros, falhas e esconder fraquezas).
4. Como diferenciar as necessidades neuróticas da normalidade?
Para combater a ansiedade básica as pessoas saudáveis são conscientes das suas
estratégias em relação aos outros, livres para escolher acções, experimentando um conflito
moderado e escolhendo diversas estratégias. Podem-se mover na direcção das pessoas (e.g.,
tendo atitudes amigavéis e amorosas), podem mover-se contra as pessoas (conseguindo
sobreviver numa sociedade competitiva) e podem optar pelo distanciamento (e.g., tendo
uma personalidade autónoma e serena; Feist & Feist, 2008).
As pessoas neuróticas experimentam um conflito severo e utilizam só uma
tendência: na direcção das pessoas (e.g., tendo uma personalidade obediente para combater
o desamparo), contra as pessoas (e.g., tendo uma personalidade agressiva, para limitar a
hostilidade dos outros), ou o distanciamento das pessoas (e.g., sendo caracterizados por uma
personalidade desapegada, de forma a combater o isolamento; Feist & Feist, 2008).
5. Quais os 4 mecanismos para reduzir a ansiedade?
Resposta na pergunta 2 e 3.
Rogers
1. Quais as condições para a auto-actualização?
Os pressupostos básicos de Rogers são a tendência formativa e a tendência actualizante.
Este acreditava na tendência de todas as matérias “para evoluir de formas mais simples
para mais complexas”, verificando-se um processo criativo designado por tendência
formativa.
A tendência actualizante refere-se à motivação dos indivíduos em atingir e realizar os
seus potenciais ou capacidades. Esta realização relaciona-se com a expressão de
emoções profundas e a manutenção e expansão do indivíduo como um todo psicológico.
A necessidade de manutenção do organismo relaciona-se com os primeiros níveis da
pirâmide de Maslow (ex: alimentação, segurança) e com a tendência de resistência à
mudança e a novas ideias, de modo a manter o auto-conceito, distorcendo novas
experiências que não se integram no conhecimento prévio, pois a mudança e o
crescimento são vistos como assustadores
2. Significado dos conceitos de self, self real, self ideal e congruência?
Rogers considera que os bebés desenvolvem de forma vaga o conceito de self e tendo
por base a tendência actualizante, definem as experiências do “eu” como positivas ou
negativas, tomando consciência da sua identidade. Assim, sendo a tendência
actualizante a tendência para a realização dos potenciais que implica a satisfação das
necessidades básicas (valorizadas pelos bebés), se esta forma rudimentar de self for
estabelecida, a tendência para a sua realização desenvolve-se.
O self ideal é o que o indivíduo pretende ser, cararacterizando-se por aspirações
positivas. No entanto, quando há uma grande discrepância entre a self ideal e o auto-
conceito, o indivíduo demonstra sentimentos negativos (infelicidade) e se essa
discrepância não existir, considera-se que os indivíduos são psicologicamente
saudáveis.
3. Quais os obstáculos à saúde psicológica?
Condições de valor - as condições de valor surgem muitas vezes durante a infância e
referem-se à aceitação dos indivíduos pelos outros apenas quando cumprem as suas
expectativas ou determinadas condições.
Incongruência - alguns problemas psicológicos podem surgir quando há uma
incongruência entre o auto-conceito e a nossa experiência, traduzindo-se em
comportamentos incoerentes.
Vulnerabilidade - a vulnerabilidade caracteriza-se pela falta de consciência por parte do
indivíduo dessa incongruência, o que origina muitas vezes comportamentos
incompreensíveis em relação aos outros e a si mesmo. Quanto maior a incongruência e a
discrepância entre o auto-conceito (self percebido) e a experiência do indivíduo, maior a
sua vulnerabilidade.
Ansiedade e Ameaça - a ansiedade e ameaça surgem paralelamente ao processo de
tomada de consciência dessa incongruência. Rogers define a ansiedade como “um
estado de tensão cuja causa é desconhecida” que surge quando temos pouca consciência
dessa discrepância, podendo tornar-se cada vez mais consciente e por isso transformar-
se em ameaça, que aparece quando o indivíduo percepciona que o seu self não é
congruente.
Defesas - duas defesas apresentadas são a distorção (interpretação da experiência de
forma distorcida na consciência, de modo a integrá-la no auto-conceito estabelecido,
não compreendendo o seu verdadeiro significado) e a negação (recusa da percepção da
experiência na consciência, impedindo que seja simbolizada) que surgem como uma
protecção face à ansiedade e ameaça ao auto-conceito.
Desorganização - quando se verifica uma falha nas defesas devido à evidência
acentuada de incongruência entre o auto-conceito e as experiências do indivíduo, o
comportamento torna-se desorganizado.
4. Finalidade da psicoterapia? Condições necessárias à psicoterapia?
Congruência do Orientador no relacionamento com o cliente - o orientador ao mostrar-
se congruente no seu trabalho e ambientes relacionais, “como realmente é, sem
máscaras” - um ser humano real e verdadeiro – facilita a transformação do cliente.
Consideração positiva incondicional relativamente ao cliente - rogers define esta
condição como “a atitude calorosa, positiva e receptiva em relação para o que está com
o seu cliente”.
Consideração empática da estrutura interna do cliente - Empatia significa “viver
temporariamente na vida do outro, passando por ela de forma delicada e sem fazer
julgamentos”, ou seja, ter a capacidade de se colocar no lugar do outro, compreendendo
o cliente e experienciando cognitiva e emocionalmente os seus sentimentos mais
profundos.
5. Quais as características da pessoa do amanhã?
Segundo Rogers a pessoa do amanhã é mais adaptável (tem maior probabilidade de
sobreviver pois percebe que o conformismo traz poucas vantagens à sobrevivência) e
mais aberto à experiência, sem estar presente uma necessidade de negar ou distorcer as
suas experiências, sendo estas congruentes com o self, podendo relacionar-se aqui o
conceito de confiança no self (a pessoa vê as próprias experiências como os melhores
critérios para a realização das suas escolhas); uma terceira característica é a tendência
para viver plenamente o momento (sem preconceitos de experiências anteriores, tendo
cada experiência o seu significado diferenciado); procura relações harmoniosas (sem ser
obssessiva, pois saberia que é incondicionalmente estimada e aceite por alguém; é mais
integrada (tem visão clara sobre o hiato entre o self real e o self ideal); tem uma
confiança básica na natureza humana (da qual resulta o altruísmo e canalização de
sentimentos negativos e, por último, a “pessoa do amanhã” desfruta de uma maior
riqueza na vida do que os outros indivíduos., pois investe de forma mais enriquecedora
e profunda no momento actual.
Maslow
1. Que tipo de necessidades propõe Maslow?
As necessidades conotativas são universais e elementares, organizadas de forma
hierárquica e satisfeitas da base para topo; a satisfação das necessidades cognitivas
permite aprender a superar outras necessidades conotativas; algumas pessoas podem
adoecer se não estiverem envolvidas por beleza – necessidades estéticas e as
necessidades neuróticas representam os pólos opostos das necessidades não realizadas.
2. Qual o conceito de auto-realização, em Maslow? E os critérios para atingir
a auto-realização? /O que são os valores “B”?
A auto-realização implica o desenvolvimento do potencial do indivíduo para que possa
atingir a auto-satisfação, sendo criativo e espontâneo. Esta necessidade é o último
“degrau” da hierarquia das necessidades, alcançada após a satisfação das necessidades
inferiores, embora nem todos os indivíduos que satisfaçam as necessidades de amor e
estima atinjam a auto-realização.
Maslow indicou três critérios apresentados pelas pessoas auto-realizadoras. O primeiro
critério consiste no facto de estes indivíduos serem livres de psicopatologias, embora
tenham algumas características semelhantes aos neuróticos: criatividade, elevado senso
de realidade, contacto com experiências culminantes (peak-experiences). O segundo
relaciona-se com satisfação das necessidades mais básicas, uma vez que, para chegar à
auto-realização, o indivíduo tem de evoluir na hierarquia das necessidades. O terceiro
critério são os valores B (do inglês being, que significa “ser”), sendo estes indicadores
de saúde psicológica, contrapondo-se às necessidades de deficiência que motivam as
pessoas que não são auto-realizadoras. Os valores B (autonomia, verdade, bondade,
beleza, integridade, vivacidade, singularidade, perfeição, completude, justiça, esforço,
humor simplicidade e totalidade) designam-se por meta-necessidades, visto que são as
necessidades mais elevadas e por sua vez, estas meta-necessidades relacionam-se com a
meta-motivação, própria dos indivíduos auto-realizadores. A ausência destes valores
leva à inexistência de uma filosofia de vida significativa (uma meta-patologia).
3. Quais as características das pessoas Auto-realizadoras? Indicar algumas
características.
Percepção mais eficiente da realidade e uma relação mais confortável com a mesma.
Os indivíduos auto-realizadores fazem bons julgamentos pois são realistas, enfrentam o
desconhecido sem receios e são menos preconceituosos.
Aceitação de si, dos outros e da natureza.
As pessoas auto-realizadoras aceitam-se a si, aos outros e ao meio que as rodeia, sem
reflectirem exaustivamente sobre como deviam ser.
Apreciação continuadamente renovada
Como as crianças, estas pessoas têm a capacidade de admirar, de forma ingénua e
maravilhada, as coisas mais básicas e boas da vida. Valorizam o que têm.
Relações interpessoais profundas
Tem relações mais profundas e, como tal, os seus círculos de amigos são pequenos.
Como se fundem e são capazes de um maior amor, não tendem a criar esta relação com
muitas pessoas.
Estrutura de carácter democrático
Não são preconceituosos, adoptando a mesma postura amigável face aos outros,
independentemente da raça, sexo e religião.
Humor filosófico
Estas pessoas não possuem um humor vulgar, pois não é hostil ou superior, mas sim
filosófico porque se debate com as imperfeições humanas.
Criatividade
Os indivíduos auto-realizadores possuem uma criatividade ingénua, semelhante à
infantil, expressa através do dia-a-dia, mesmo que não sejam artistas.
Resistência à aculturação
Estes indivíduos, embora não sejam anti-sociais, são autónomos e não seguem o que a
cultura ou o meio lhes dita.
Experiências culminantes (ou peak-experiences)
A auto-realização leva as pessoas a experienciarem este tipo de momentos.
4. Qual o significado das peak-experiences?
As peak- experiences ou experiências culminantes, são momentos transcendentes de
alegria e euforia, sendo recordados com precisão e comparados com uma experiência
espiritual (podendo ser causadas por droga, como LSD). Nesta experiência, o universo é
visto como um todo onde todos têm um lugar onde pertencem e tudo é igualmente
importante, sem hierarquias. Os indivíduos desligam-se das preocupações humanas para
se dedicarem a assuntos mais elevados, havendo uma aceitação do mundo e da vida.
Através de um pensamento religioso, significa que o indivíduo se reconcilia com a
maldade do mundo.
Estas experiências são descritas como uma morte “feliz” ou “doce”, pois dá-se uma
reconciliação e aceitação da morte em que o indivíduo conhece a sua verdadeira
identidade, a self, o que pode mudar o carácter de uma pessoa para sempre (ex: Maslow
verificou que um paciente “curou-se” de uma neurose/ansiedade crónica e outro
paciente de pensamentos suicidas).
5. Significado do complexo de Jonas?
O nome deste complexo baseia-se num episódio bíblico, no qual Deus dá uma missão
perigosa a Jonas e este, receando morrer, foge. É atingido por uma violenta tempestade,
cai ao mar e é engolido por um “peixe grande” ou uma baleia. Depois de três dias preso
dentro da baleia, Jonas arrepende-se de ter fugido e, nessa altura, a baleia cospe-o.
Maslow afirma que este complexo leva o indivíduo a fugir ao seu destino, como Jonas
fez ao fugir da missão. Deste modo, o complexo de Jonas consiste no medo de ser
melhor, o que pode afectar a auto-realização, pois o indivíduo tende a temer o sucesso e
sente-se arrogante ao comparar-se com pessoas que considera muito mais talentosas e
capazes do que ele próprio. O complexo de Jonas é proeminente em indivíduos
neuróticos, mas todos podem experienciá-lo, tal como o próprio Maslow experienciou.
6. Finalidade da psicoterapia em Maslow?
O objectivo da psicoterapia de Maslow é levar os pacientes a adoptarem os valores B,
de forma a conduzi-los à auto-realização. A psicoterapia segue a posição do paciente na
hierarquia das necessidades, ou seja, os indivíduos que se posicionam nos patamares das
necessidades fisiológicas e de segurança, geralmente não têm motivação para procurar a
ajuda da psicoterapia, porque em vez disso procuram alimento e protecção, logo as
pessoas que usualmente recorrem à psicoterapia têm as necessidades básicas satisfeitas
e posicionam-se em patamares, como as necessidades de amor e pertença. Nesses casos,
é importante criar uma relação interpessoal com o terapeuta, que satisfará essas
necessidades, facilitando este método o estabelecimento de outras relações, fora da
terapia. Deste modo, o paciente é conduzido a uma autonomia progressiva.
Skinner
1. Descreva o processo de moldagem comportamental.
O shaping (moldagem) é um processo no qual o experimentador ou o ambiente
reforçam, primeiramente, em seguida, aproximações mais estreitas e, finalmente, o
comportamento desejado (?!)
2. Distinção entre reforço e punição
Tendo em conta a perspetiva de Skinner (1974), “um reforço positivo fortalece qualquer
comportamento que o produza: um copo de água é positivamente reforçador quando
temos sede e, se enchemos e bebemos um copo de água, é mais provável que voltemos a
fazê-lo em ocasiões semelhantes” (p.43). Ou seja, um reforço positivo verifica-se
quando algo agradável (no sentido de ser positivo e não enquanto sensação, como
veremos mais adiante) é adicionado à situação. O reforço negativo, “revigora qualquer
comportamento que o reduza ou faça cessar: quando tiramos um sapato que está
apertado, a redução do aperto é negativamente reforçadora e aumenta a probabilidade de
que ajamos assim quando um sapato estiver apertado” (Skinner, 1974, p.43). Isto é, algo
desagradável é removido da situação.
Um aspeto muito importante para o qual Skinner (1974) chama à atenção, é que a
punição, contrariamente aos casos de reforço, nada nos diz relativamente ao
comportamento que será adotado pela pessoa no futuro. A punição, por sua vez, pode
ser positiva, quando algo é adicionado à situação (e.g. uma palmada), ou negativa,
quando algo é removido da situação (e.g. retirar o telemóvel).
3. Como proceder para implementar uma token economy (economia de
fichas)?
Economia de Fichas (Token Economy). Esta é então uma forma de modificação de
comportamento, utilizando os princípios do condicionamento operante. Mais
especificamente, a moldagem de comportamento através de reforço positivo seletivo,
tendo como objetivo aumentar a frequência de comportamentos considerados
desejáveis, assim como diminuir a de indesejáveis. São dadas ao indivíduo,
imediatamente após este ter um comportamento desejável, fichas simbólicas (tokens)
que funcionam como um reforço secundário. Estas podem então ser acumuladas e mais
tarde trocadas por algum objeto ou privilégio (reforço primário). É importante notar
também que, caso tenham comportamentos indesejáveis, poderão ser retiradas tokens
acumuladas previamente. Apesar da eficácia desta técnica ter sido provada e
demonstrada em vários tipos de pacientes, esta foi também fortemente criticada a nível
ético, e em muitos casos caiu em desuso, também pela evolução dos cuidados de saúde
mental.
Rotter
1. Significado de locus de controlo?
É uma expectativa generalizada que se refere à crença das pessoas de que podem ou não
controlar as suas vidas.
2. Características das pessoas externas e internas?
Externo
3. Consequências de um locus de controlo externo?
4. O que se avalia com o questionário de locus de controlo da
aprendizagem\ saúde?
Medir o grau em que as pessoas percebem relações causais entre os seus próprios
esforços e consequências ambientais
5. Significado do conceito de expectativa em Rotter?
Expectativa refere-se à expectativa de uma pessoa de que algum reforço específico, ou
conjunto de reforços, ocorra numa determinada situação.
6. Significado de comportamnto potencial?
Potencial de Comportamento - probabilidade de um comportamento ocorrer num
determinado tempo e espaço, sendo esta variável, em qualquer situação psicológica, em
que existem vários níveis (pondo-se assim a questão sobre quais serão os
comportamento mais ou menos prováveis de ocorrer), função da expetativa e do valor
do reforço, deste modo sendo um comportamento mais provável de ocorrer quando há
uma maior expetativa de reforço ou mais reforço positivo
7. Como prever o comportamento?
Comportamentos Específicos - Rotter sugeriu quatro variáveis que devem ser analisadas
de modo a fazer previsões mais precisas numa qualquer situação específica: Potencial
de Comportamento (que define a probabilidade de um comportamento ocorrer num
determinado tempo e espaço,); Expetativas (que a pessoa tem de ser reforçada numa
dada situação); Valor do Reforço (preferência do indivíduo por um reforço específico
quando a probabilidade de ocorrência dos diferentes reforços é igual); Situação
Psicológica (conjunto de pistas internas e externas em interação que agem sobre o
indivíduo num período específico do tempo).
Rotter desenvolveu assim a fórmula básica da previsão, que se define pelo potencial do
comportamento x de ocorrer na situação 1 em relação ao reforço a; é uma função da
expectativa que este comportamento será seguido do reforço a numa situação 1 bem
como do seu valor nesta mesma situação.
Comportamentos gerais - ??????
8. Quais as principais criticas que se fazem ao conceito de locus de
controlo?
Bandura
1. O que significa a noção de auto-eficácia?
Bandura definiu a auto-eficácia como a crença que as pessoas têm na sua capacidade em
exercer determinado controlo sobre o próprio funcionamento e sobre os eventos
ambientais. Segundo ele, a base da agência humana é a crença na eficácia.
2. Quais as fontes de auto-eficácia?
Uma das fontes são as experiências de proeficiência ou de domínio, seja, de
desempenhos passados num determinado domínio. Esta é a fonte que mais influencia a
auto-eficácia. Geralmente, desempenhos bem-sucedidos levam a um aumento das
expectativas de eficácia e o fracasso tende a diminui-las.
Uma outra fonte é a modelagem social, isto é, experiências vicárias fornecidas por
outras pessoas. A nossa autoeficácia tende a aumentar quando observamos outro
indivíduo a ser bem-sucedido na mesma competência e diminui quando vemos o seu
fracasso. Os efeitos da modelagem não são tão fortes como os de desempenho
individual em termos de elevar os níveis de eficácia mas podem surtir efeitos em termos
de ineficácia.
Outra fonte de autoeficácia é a persuasão social, cujos efeitos são limitados, mas que,
em condições adequadas, podem aumentar ou diminuir a mesma. Umas das condições
para esta resultar é, a pessoa acreditar no persuasor por exemplo; se o meu professor de
matemática me aconselhar a frequentar um curso de matemática alegando que tenho
grandes capacidades para ser bem-sucedido, há maior probabilidade que o venha a
frequentar, ao invés da sugestão partir do professor de educação física. A persuasão
social é mais efectiva quando combinada com desempenhos bem-sucedidos.
Por fim, a última fonte de auto-eficácia, são os estados físicos e emocionais. As
emoções fortes têm tendência a piorar o desempenho dos indivíduos. Quando se
vivencia medo intenso, ansiedade aguda ou altos níveis de stress é provável que as
expectativas de eficácia sejam inferiores. Neste sentido uma redução da ansiedade e um
aumento de relaxamento físico pode facilitar o desempenho do indivíduo.
3. O que significa a aprendizagem vicariante?
O núcleo da aprendizagem por observação é a modelagem que envolve processos
cognitivos, não se tratando contudo de uma simples cópia de comportamentos dos
outros, porque a modelagem envolve a representação simbólica de uma informação e a
consequente armazenagem desta, para que esta possa vir a ser utilizada posteriormente.
Os factores que determinam a forma como o indivíduo irá aprender são: as
características do modelo, sendo que perante este factor, os indivíduos têm tendência a
imitarem outros com prestígio, competência e poder ao invés de indivíduos menos
competentes, com menor prestígio e que não revelem poder; características do
observador, determina que as pessoas de status inferior são mais propensas a imitar um
modelo com as características opostas; as consequências dos comportamentos imitados,
em que quanto maior for o valor atribuído a um determinado comportamento por parte
do observador maior será a probabilidade deste o adquirir.
4. Quais as capacidades humanas mais significativas no agenciamento
humano?
A agência humana tem quatro traços essenciais: intencionalidade, premeditação, auto-
reactividade e auto-reflexibilidade.
A intencionalidade diz respeito aos actos realizados por um indivíduo de forma
propositada. A intenção inclui planeamento e acções. Não é somente uma expectativa
ou previsão de acções futuras, mas também o compromisso proactivo para fazer com
que os planos aconteçam.
Todo o indivíduo possui capacidade de premeditação para estabelecimento de
objectivos, previsão de eventuais resultados das acções e capacidade de selecção de
comportamentos, por forma a produzir os resultados desejados e evitar os indesejados.
A capacidade de premeditação, permite ao individuo a libertação de limitações impostas
pelo ambiente, no qual se encontram, permitindo-lhe a mudança direcional em
conformidade com a influência exercida no momento.
As pessoas não se encontram limitadas ao planeamento e contemplação futuros, detêm
capacidade de auto-reactividade, a qual as habilita para as escolhas e consequente
acompanhamento processual, na realização dessas mesmas escolhas.
O ser humano detem auto-reflexibilidade, ou seja, examinam o seu pensamento,
consideram sobre motivações, valores, significados dos seus objectivos de vida, etc.
Ponderam sobre a adequação do seu próprio pensamento e avaliam o efeito das acções
dos outros sobre elas. A auto-eficácia é o mecanismo de auto-reflexibilidade mais
importante das pessoas.
5. Qual o significado da relação triádica?
Bandura explica o funcionamento psicológico em termos de causação triádica recíproca.
Este sistema estabelece que a acção humana é o resultado de uma interacção entre três
variantes; o ambiente, o comportamento e o individuo. Por “individuo” considera os
factores cognitivos; a memória, a antecipação planeamento e o critério. Sendo que as
pessoas apresentam e usam as suas capacidades cognitivas para selecionar e reestruturar
o seu ambiente. Bandura critica os teóricos que defendem que o comportamento
humano é determinado por forças internas, como o instinto, os impulsos, as
necessidades ou as intenções. Defendendo que a cognição individual é determinada
tanto pelo comportamento como pelo ambiente.
6. Na perspectiva de Bandura, de que modo o comportamento é influenciado
pelos ambientes em que se realizam as aprendizagens?
A alta e a baixa auto-eficácias combinam-se com ambientes receptivos e não-receptivos,
dando origem a quatro variáveis previsíveis. Quando uma alta autoeficácia se combina
com um ambiente receptivo existe uma probabilidade superior de obter resultados bem-
sucedidos. Quando a baixa auto-eficácia se junta a um ambiente receptivo os indivíduos
podem deprimir ao observar outras pessoas a serem bem-sucedidos em tarefas que no
seu entender são difíceis. Quando a uma alta autoeficácia se juntam situações
ambientais não-receptivas as pessoas, geralmente, intensificam os seus esforços para
modificar o ambiente. Contudo, quando uma baixa auto-eficácia se combina com um
ambiente não-receptivo as pessoas podem experienciar sentimentos de apatia,
resignação e impotência.
7. Significado dos acontecimentos casuísticos?
Segundo Bandura, um encontro casual é um encontro não intencional entre pessoas
desconhecidas e um evento fortuito é uma experiencia ambiental inesperada ou não
intencional. Bandura é portanto o único teórico de personalidade que dá relevância aos
encontros casuais e aos eventos fortuitos.
Este defende que o acaso acrescenta uma distinta dimensão a qualquer esquema
utilizado para predizer o comportamento humano tornando praticamente impossível
previsões exactas. Nesse sentido, os encontros casuais influenciam as pessoas da mesma
maneira que os encontros planeados, pois as pessoas comportam-se com a pessoa que
acabaram de conhecer segundo as suas atitudes, crenças e interesses, assim como de
acordo com a reacção da outra pessoa a estes aspectos.
8. Indique os factores presentes nos processos auto-regulatórios.
Existem dois tipos de factores que interagem e contribuem para a autorregulação do
nosso comportamento.
Por um lado, existem os factores ambientais ou externos. Estes fornecem um padrão de
referência para a avaliação do nosso desempenho e comportamento, influenciando os
nossos próprios padrões pessoais daquilo que consideramos “bom” ou “mau” em termos
de comportamento.
Por outro lado, existem os factores internos ou pessoais, Bandura identifica três
requerimentos internos. O primeiro denomina-se Auto-Observação e baseia-se na nossa
capacidade de monitorizarmos o nosso próprio desempenho. O que observamos vai ser
influenciado pela situação ou interesse que tivermos, pois tendemos a lidar com o
comportamento de modo selectivo. O segundo são os processos de critério, pelos quais
procedemos à avaliação do nosso comportamento. Depende dos padrões pessoais, que
nos permitem avaliar o desempenho sem que seja necessária uma comparação com o de
outros; dos padrões de referência, quando avaliamos o nosso comportamento segundo
um modelo externo; do valor que atribuímos à tarefa; e, por fim, da atribuição do
desempenho, ou seja, a quem atribuímos os nossos sucessos ou fracassos (se
atribuirmos os nossos sucessos a nós próprios teremos orgulho em nós mesmos, ao
passo que se atribuirmos o sucesso a outrem ou um fracasso a nós próprios, criaremos
insegurança e não teremos tanta confiança nas nossas capacidades). O terceiro e último
requerimento dá pelo nome de Auto-Reacção. Está ligado à forma como reagimos,
positiva ou negativamente, aos nossos próprios comportamentos, dependendo de como
se equiparam com os nossos padrões pessoais. A nossa reacção vai levar a que
aceitemos ou nos privemos de recompensas. Este autorreforço alicerça-se grandemente
na nossa capacidade cognitiva de mediar as consequências do comportamento.
9. Na perspectiva de Bandura, quais os processos que levam pessoas com
valores humanísticos a cometerem crimes?
Bandura explica que, as pessoas com fortes padrões morais sobre o valor e a dignidade
desvalorizam ou desconectam-se das consequências das suas acções quando as
justificam segundo as suas crenças morais. Estas técnicas de afastamento permitem que
as pessoas apresentem comportamentos desumanos, mantendo os seus padrões morais,
dando-lhes o nome de Afastamento de Controlo Interno.
Jung
1. Qual o significado do inconsciente pessoal e do inconsciente colectivo?
O i nconsciente pessoal funciona como um arquivo de todo o material que foi outrora
consciente, como as memórias infantis reprimidas, os impulsos e os eventos esquecidos.
Os conteúdos do inconsciente pessoal são chamados de complexos, os quais são
constituídos por conjuntos de associações de ideias com uma elevada carga emocional,
podendo derivar tanto de experiências pessoais, como de experiências colectivas.
O inconsciente colectivo é o nível da psique que torna a teoria da personalidade de Jung
tão distinta das outras. Este contém experiências do passado remoto da espécie humana
geralmente comuns a todas as culturas, como a religião, influenciando pensamentos,
sentimentos e acções. O inconsciente colectivo possui um elevado valor psíquico,
representando uma tendência para as pessoas agirem e permitindo-nos prever os
comportamentos da espécie
2. Qual o significado de arquétipo?
Para Jung, arquétipo é uma espécie de imagem apriorística incrustada profundamente no
inconsciente coletivo da humanidade, refletindo-se (projetando-se) em diversos aspectos
da vida humana, como sonhos e até mesmo narrativas. Arquétipos são imagens arcaicas
produzidas pelas experiencias repetidas dos ancestrais humanos, que se manifestam
quando a experiencia pessoal corresponde a imagem arcaica latente, acionando o
arquétipo. Por sonhos principalmente, fantasias e alucinações. Correspondem ao
psíquico de um instinto, inconscientemente determinados que nos ajudam a moldar a
personalidade.
3. Quais são as 2 grandes categorias de indivíduos descritos por Jung?
Jung introduz os conceitos de atitudes e funções para caracterizar diferentes tipos
psicológicos (Feist et al., 2008). Por um lado, as atitudes são predisposições que o
indivíduo tem para agir ou reagir de certa forma - introversão e extroversão. Como
ambas estão presentes em todos os indivíduos, estas actuam como forças opostas, num
relacionamento mutuamente compensatório, apresentando-se uma predominante e a
outra inconsciente.
Na introversão há um maior investimento no Universo Subjectivo, pelo que o indivíduo
se deixa absorver e estar em maior sintonia com o seu mundo interior. As pessoas
‘dominadas’ pela introversão percebem o mundo exterior de forma selectiva e
subjectiva. Na extroversão, pelo contrário há um maior investimento no Universo
Objectivo (exterior), existindo uma maior influência do ambiente circundante. A energia
psicológica é direccionada para o mundo externo. De acordo com Jung, o
hiperdesenvolvimento de uma atitude com subdesenvolvimento da outra levaria ao
desenvolvimento de uma psicose (Feist et al., 2008).
4. Quais são as 4 funções psicológicas descritas por Jung?
São: sensação, pensamento, intuição e sentimento
A sensação informa as pessoas sobre o mundo físico exterior, ou seja recebe estímulos
físicos e transmite-os à consciência. Consiste na percepção individual dos impulsos,
como factos elementares e absolutos, distinguindo-se do estímulo físico em si. Não
utiliza o pensamento lógico ou sentimento.
O pensamento é a função que se baseia na compreensão intelectual dos princípios
científicos e na actividade racional lógica capaz de produzir uma cadeia de ideias. O
pensamento extrovertido tem um cariz objectivo, tendo por base pensamentos concretos
e carecendo de criatividade, funcionando apenas com o que são ‘factos conhecidos’.
A intuição permite conhecer o que existe sem se saber como se conhece. Por outras
palavras é a percepção sem o recurso à consciência. É uma função mais criativa do que
a sensação, dado que manipula (adiciona ou subtrai) elementos da sensação
inconsciente.
Finalmente, o sentimento é a avaliação da importância do que existe, i.e. a avaliação de
cada atitude consciente, ideia ou evento, mesmo quando estes são avaliados como
indiferentes. É importante não confundir esta função com o conceito de emoção, dado
que grande parte das avaliações feitas pelo sentimento não têm qualquer conteúdo
emocional.
5. De que forma passa Jung das 4 funções psicológicas para os 8 tipos de
personalidade?
As atitudes (introversão e extroversão) podem combinar-se com uma das 4 funções
(sensação, pensamento, sentimento e intuição) formando 8 possíveis orientações,
designadas por 8 tipos jungianos:
1. Indivíduos com pensamento extrovertido;
2. Indivíduos com pensamento introvertido;
3. Indivíduos com sentimentos extrovertidos:
4. Indivíduos com sentimentos introvertidos;
5. Indivíduos sensitivos extrovertidos;
6. Indivíduos sensitivos introvertidos;
7. Indivíduos intuitivos extrovertidos;
8. Indivíduos intuitivos introvertidos.
6. Qual o instrumento que mede os tipos de personalidade descritos por Jung?
O instrumento que mede os tipos de personalidade de Jung é o Type Indicator de
Myers-Briggs (quanto a este instrumento ela diz que só Importa conhecer o nome do
instrumento e o que avalia, ou seja, os 8 tipos).
7. Que métodos de investigação usava Jung e que são ainda usados na
actualidade?
Dos métodos utilizados por Jung realçam-se o teste de associação de palavras, a
psicoterapia (terapia Juguiana), a análise dos sonhos e a imaginação activa. (?!?)
Fromm
1. Qual o focus da personalidade em Fromm?
A consciência
2. Para Fromm o que significa o “dilema humano”?
Erich Fromm defende uma visão evolucionária da Humanidade, postulando que as
pessoas da modernidade foram separadas de sua união pré-histórica com a natureza e
entre si, o que resultou em sentimentos de solidão e isolamento - Ansiedade Básica. O
ser humano não possui os instintos poderosos para se adaptar a um mundo em mutação,
mas possui a capacidade de raciocinar, prever e imaginar - Dilema Humano. A
capacidade para raciocinar resulta em dicotomias que o ser humano procura resolver
através da satisfação de necessidades.
Dicotomias: Vida – morte
Meta de autorrealização completa – impossibilidade de a atingir em vida
Solidão – união
3. Qual o significado de “ansiedade básica” e mecanismos de escape?
Liberdade alcançada a um nível social e a um nível pessoal acarreta o peso da
Ansiedade Básica. De forma a evitá-la, as pessoas procuram fugir da sua liberdade
através de um conjunto de mecanismos de defesa. No entanto, a liberdade não conduz
necessariamente ao isolamento e à impotência. A liberdade positiva alcança-se através
da expressão espontânea das potencialidades racionais e emocionais, isto é, seguindo as
necessidades básicas e não as regras convencionais. Fromm considera dois componentes
da liberdade positiva: o amor e o trabalho. O sentimento de liberdade nascido da
separação humana da natureza, do próprio homem, e do desenvolvimento da
individualidade, gera nele opeso da liberdade.O desenvolvimento da sua condição de
liberdade social ou individual gera paralelamente sentimentos de isolamento, separação
e impotência, e daí nasce a ansiedade básica, ou sentimento de solidão. Os mecanismos
de escape são então respostas à ansiedade básica
Mecanismos de defesa:
1- Autoritarismo: Necessidade de união com um parceiro; Masoquismo e sadismo.
2- Destrutividade: Destruição de pessoas ou coisas que resulta num isolamento
perverso.
3- Conformismo: Seguir os padrões esperados de comportamento, abrindo mão da
individualidade.
4. Quais as necessidades que são essência dos humanos?
Fromm identifica a existência de necessidades fisiológicas e psicológicas no
indivíduo,sendo as segundasa chave basilar da sua sanidade e o motor da sociedade.
Sendo que nenhuma das sociedades criadas por si ainda capaz de satisfazê-las na sua
plenitude, Fromm propõe mesmo a avaliação da sanidade de uma sociedade pela
capacidade que esta tem de cumprir as necessidades humanas.
Através duma orientação produtiva, por oposição às formas não-produtivas do
carácter, caracterizada pelas qualidades do trabalho, amor e razão, o homem desenvolve
e aplica de forma positiva as necessidades humanas da inter-relação (relação com o
outro e o mundo, sem eliminar a sua individualidade), transcendência (ultrapassar a sua
natureza animal através da produção e criatividade), identidade (desenvolvendo um
sentido genuíno do self), enraizamento (sentindo-se “em casa” neste mundo isolado), e
um sentido de orientação (modo de compreensão e significado do seu mundo e da sua
própria existência).
Tal como os animais, os humanos são motivados por necessidades fisiológicas (fome,
sexo e segurança) mas nunca poderão resolver o seu dilema humano satisfazendo
apenas essas necessidades animais. As pessoas são motivadas por essas cinco
necessidades especificamente humanas.
5. Qual a classificação de caracter na teoria de Fromm?
Fromm define a personalidade como a totalidade das qualidades psíquicas,
herdadas e adquiridas, características do individuo, e que fazem dele único. Por seu
lado, o carácter é identificado na sua teoria como a mais importante das qualidades
adquiridas da personalidade, e um substituto para a perda dos instintos.
Sendo o carácter uma forma eficiente de se relacionar com o mundo, ela é
também resposta ou adaptação à própria sociedade, e realiza-se na sua teoria através de
formas produtivas e não produtivas de assimilação e socialização.
*Orientações não produtivas
As formas não produtivas, tendo algumas na sua essência aspectos essenciais á
nossa relação com o mundo,manifestam-se ainda por expressões negativas e positivas,
sendo as primeiras o resultado de uma visão pobre do self e do mundo.
**Receptivo:tendência para acreditar que a origem de tudo o que é bom está fora
de si, relacionando-se com o mundo de recebendo de forma passiva tudo o que este lhe
possa fornecer; exemplos de expressões negativas (-): passividade, submissão, falta de
confiança; ex. de expressões positivas (+):manifesta lealdade, aceitação e confiança.
**Explorador – tendência para acreditar que a origem de tudo o que é bom está
fora de si, tomando de forma agressiva tudo o que desejam; (-) egocêntrico, arrogante,
sedutor; (+) impulsivo, orgulhoso, charmoso, autoconfiante.
**Acumulativo: tendência para guardar tudo o que obtém, sejam ideias,
opiniões, sentimentos ou posses materiais; (-) rígido, estéril, obstinado,compulsivo, sem
criatividade; (+) ordeiro, limpo, pontual.
**Mercantil: tendência para se ver a si próprio como mercadoria e avaliar-se de
acordo com o seu “valor de Mercado”. Têm menos características positivas que as
outras orientações uma vez que são essencialmente “vazios”; (-) sem objectivo,
oportunista, inconsistente, desperdiçador;(+) adaptativo, flexível, abertura de espírito,
generoso.
*Orientação produtiva
Ligada ao conceito de saúde psíquica, esta orientação manifesta-se através do
trabalho produtivo, amor, e razão:
**trabalho produtivo: um meio para a auto-expressão criativa.
**amor: 4 qualidades (cuidado; responsabilidade; respeito; conhecimento);
Biofilia (amor apaixonado pela vida e tudo o que vive): influenciando os outros através
do amor, razão e exemplo; Motivados para o desenvolvimento de si e dos outros.
**razão: no interesse pelo outro e os objectos;vendo-os e a si mesmo pelo que
são, evitando a necessidade da ilusão.
Fromm concebe a vida humana como uma arte que consiste no processo de
desenvolvimento do potencial real do indivíduo, ou “aquilo que ele é” apoiada numa
combinação positiva de características das 5 orientações do carácter.
6. Qual a origem das perturbações de personalidade?
Personalidades não-saudáveis; Problemas nas áreas do trabalho, amor e raciocínio
Não conseguem amar de modo produtivo
Não conseguem estabelecer união com os outros
• (Necrofilia, Narcisismo Maligno, Simbiose Incestuosa)
Sullivan
Teoria das Relações Interpessoais: Sullivan acreditava que o desenvolvimento da
personalidade se dava num contexto social. Ou seja, a personalidade das pessoas era um
produto das suas próprias relações interpessoais, e sem estas os indivíduos seriam seres
sem qualquer personalidade
1. Quais são os argumentos a favor da importância das relações
interpessoais na teoria de Sullivan?
Sullivan acredita que as pessoas desenvolvem a sua personalidade num contexto social,
isto é, na interação com o outro. Personalidade é tida como conceito relacional, acredita
que a personalidade é o padrão relativamente duradouro de situações interpessoais
recorrentes que caracteriza uma vida humana. A teoria de Sullivan é fundamentalmente
uma teoria de necessidade e ansiedade. As necessidades são por satisfação e segurança e
levam a ações produtivas. A ansiedade ocorre quando necessidades fundamentais estão
em perigo de não ser satisfeitas.
2. Quais as fases do desenvolvimento da personalidade?
Estádios de desenvolvimento - Sullivan acreditava serem 7
1 - Primeira Infância
A primeira infância existe nos primeiros 18 a 24 meses de vida da criança, termina com
o desenvolvimento do discurso; Nesta fase há um forte desenvolvimento da ansiedade,
muitas vezes por falta de entendimento do cuidador materno que transmite a sua
ansiedade para o bebé.
2 - Infância
Esta fase inicia-se após o término da Primeira Infância e termina quando a criança sente
necessidade de amigos de estatuto semelhante (+/- até aos 5/6 anos); As duas
personificações de mãe juntam-se numa só; A criança já entende que cuidador materno
inclui mãe e pai e sabe distinguir os seus papéis; Durante esta fase a criança funde as
personificações de eu num só; Nesta fase as crianças desenvolvem a reciprocidade de
afectos, ou seja, retribuem aos pais os afectos que estes lhes dão; Surge também outra
relação, a de amigo imaginário, que segundo Sullivan ajuda a criança a ter capacidade
de ter um relacionamento são e seguro e com pouca ansiedade; Sullivan acreditava que
ter um amigo imaginário ajudava a criança a preparar-se para a intimidade com amigos
reais.
3 - Idade Juvenil
Esta inicia-se com a necessidade de não um, mas vários amigos com mais ou menos o
mesmo estatuto e termina quando esta encontra um amigo que satisfaça plenamente a
necessidade de intimidade; É durante este estádio que a criança aprende a competir,
comprometer-se e cooperar.
4 - Pré-Adolescência
A pré-adolescência segundo Sullivan inicia-se com 8 anos emeio; Neste estádio
abandona-se o egocentrismo e cria-se interesse por outra pessoa; A intimidade e o amor
são a base das relações de amizade; Existe normalmente um relacionamento (não
amoroso) muito importante, normalmente com uma pessoa do mesmo sexo.
5- Adolescência Inicial
Começa com a puberdade e termina quando o adolescente sente necessidade de amor
sexual com outra pessoa; Os adolescentes nesta fase sentem desejo sexual por pessoas
que não conhecem e mantêm as amizades íntimas da pré-adolescência.
6-Adolescência Posterior
Inicia-se quando o desejo sexual é sentido por alguém com quem são íntimos; O
adolescente deixa de desejar a outra pessoa como mero objecto sexual, mas como
pessoa em si, com sentimentos e capacidade de amar.
7- Idade Adulta
Sullivan estendeu-se pouco acerca deste estádio referindo apenas que nesta fase os
adultos conseguem perceber a ansiedade de outra pessoa bem como a necessidade de
segurança e outras necessidades.
-> A mudança de personalidade tinha mais hipótese de ocorrer não durante um estádio,
mas sim na transição de um estádio para o outro.
3. Qual o significado da noção de personificação?
As personificações definem-se pelas imagens que as pessoas têm de si mesmas e dos
outros. Estas surgem na infância e podem ser precisas ou então influenciadas pelas
tensões e portanto distorcidas. Sullivan distinguiu entre três tipos de personificações:
1- Mãe má: Esta personificação deriva das más experiências que a criança têm com a
mão ou figura maternal; Não é uma imagem apurada da “Mãe real”.
2- Mãe boa: Desenvolve-se depois da mãe má, e tem como base a afectividade
materna; É a personificação da mãe calma contrastante com a mãe má.
3- Eu: Neste caso a criança realiza três personificações do Eu: o Eu mau, o Eu bom e o
não-Eu. Eu mau: advém das punições e reprimendas que as crianças têm por parte
dos seus cuidadores; Eu bom: advém das recompensas e do sentimento de aprovação
por parte dos cuidadores; Não-Eu: Caso se crie uma grande ansiedade à volta de
uma destas personificações, a criança pode realizar a personificação do não-Eu.
4. Qual a origem das perturbações de personalidade?
Origem: estritamente interpessoal.
• Compreensão com base na relação do paciente com o seu ambiente social.
• Variância de intensidade: Imperfeições encontradas em sujeitos com e sem patologia.
• Dificuldades psicológicas surgem face aos problemas e confrontos interpessoais que
afetam todas as pessoas.
• “Todas as pessoas tendem a ser simplesmente humanas e não seres exclusivos. Não
importa o que incomoda o paciente, ele é em primeiro lugar uma pessoa como o próprio
psiquiatra”
Kelly
1. Qual a metáfora de Kelly para o funcionamento humano?
Para Kelly o Homem é um cientista, assim, cada um tenta entender o mundo como
uma experiência através da formação e testes constantes, de hipóteses e é com base nos
resultados, certos ou não, que desenvolve um modo de interagir com o mundo, sendo
que esta forma de interagir constitui a sua personalidade. Uma conclusão pessoal, como
uma científica, não é estática nem definitiva, mas aberta a reconsiderações ou
reformulações, pois tanto nas pessoas, no geral, como nos cientistas, as percepções da
realidade dependem dos constructos pessoais. Ora, também os cientistas podem ser
vistos como pessoas, assim, o que afirmam deve ser avaliado com cepticismo, pois toda
a teoria científica pode ser vista por perspectivas diferentes, portanto, Kelly esperava
que a sua teoria fosse derrubada e substituída por uma melhor.
2. Qual é o postulado básico de Kelly?
A teoria do constructo pessoal é expressa por um postulado e elaborada através de
onze corolários de apoio. Assim, o postulado básico assume que “os processos de uma
pessoa são psicologicamente canalizados pelas formas com que os eventos são
antecipados [pela pessoa] ”, os seja, os comportamentos das pessoas são direccionados
pelo modo como vêem o futuro.
Este postulado está, assumidamente, disposto a ser questionado e comprovado
cientificamente. Por isso, Kelly operacionalizou os seus termos: os processos de uma
pessoa referem-se ao ser humano, vivo e em transformação; o termo canalizado sugere
que as pessoas seguem na direcção de uma rede de caminhos flexível, simultaneamente
facilitadora e restritiva da sua gama de acções; e as formas com que os eventos são
antecipados sugere que as pessoas guiam as suas acções mediante as suas antecipações.
Não é o passado nem o futuro que por si só moldam as acções, mas a visão actual que as
pessoas têm do futuro.
3. O que representa a noção de construto?
Os constructos pessoais são a forma individual de como as pessoas verificam e
explicam os acontecimentos e a chave para antecipar o seu comportamento, ou seja, são
a visão que constroem do mundo enquanto o experienciam e indicam como é provável
que o continuem a construir à medida que o vão experienciando.
4. Porque razão um constructo e sempre bipolar?
São possíveis de mudança (permeáveis e impermeáveis)
5. Como se avaliam os construtos?
O Teste de Repertório de Constructos de Papéis (REP) utilizado por Kelly foi
desenvolvido para identificar os constructos que uma pessoa utiliza na sua vida. Mais
importante: foi originalmente utilizado com um instrumento de diagnóstico para ajudar
os terapeutas a compreender o sistema de constructos dos pacientes e a forma como ele
o utiliza para se estruturar a si próprio e ao ambiente. As conclusões retiradas deste teste
vão ser importantes para avaliar os constructos pessoais dos indivíduos. Em terapia, por
exemplo, a tabela REP dá ao terapeuta a visão do cliente sobre a realidade que pode ser
discutida entre ambos e trabalhada para ser melhorada.
6. O que significa permeabilidade do construto?
A permeabilidade do construto é o que permite a ocorrência de mudança de
constructos em função da mudança de eventos. Constructos pouco permeáveis ou
concretos, não permitem adição de novos elementos, independentemente das possíveis
provas a favor dessa mudança.
Mischel
1. Em que consiste o paradoxo da consistência de acordo com Mischel?
Existe uma incompatibilidade entre a intuição, que diz que as pessoas são
consistentes nos seus comportamentos, e as evidências empíricas, que dizem que elas
não são, tendo por isso muita variabilidade no seu comportamento – paradoxo.
As pessoas em geral, tanto leigos como psicólogos, têm a ideia de que as
disposições pessoais globais correspondem a grande parte do nosso comportamento. Por
exemplo, os patrões escolhem trabalhadores honestos, pontuais, leais, organizados –
assim, muitas pessoas presumem que os traços globais de personalidade se manifestarão
durante um período e também se repetirão de uma situação para a outra (Feist, 2008).
Os traços constituem resumos de múltiplas observações comportamentais e podem ter
alguma utilidade descritiva das características mais marcantes, apesar de exagerarem a
consistência e acabarem por fazer inferência sobre comportamentos não observados.
No entanto, uma abordagem de aprendizagem não prevê que o comportamento
seja consistente mediante as situações. O comportamento depende das consequências
que o mesmo produz. Se o mesmo comportamento em diferentes situações produz
diferentes consequências, as respostas adaptativas vão variar de situação para situação.
Ou seja, quando se encontra consistência, a teoria da aprendizagem explica-a como
sendo uma consequência de uma história de aprendizagem particular, sem recorrer a um
conceito de traços. Para Mischel, os traços não são causas mas sim apenas rótulos
sumários. Refere que há pouca evidência de que eles sejam generalizados de uma
situação para a outra de facto, os traços descrevem, mas não explicam o comportamento
e no geral, a personalidade. Em suma, comportamentos específicos não definem
precisamente traços de personalidade.
2. Quais as 5 variáveis cognitivas da teoria de Mischel?
Mischel apresento um conjunto de cinco variáveis pessoais com relativa estabilidade e
que interagem com a situação para determinar o comportamento, sendo que estas
colocam a ênfase no que a pessoa faz em determinada situação e não no que a pessoa
tem (traços globais). O que o individuo realiza inclui não só acções mas também
qualidades cognitivas e afectivas: pensamento, planeamento, sentimento e avaliação.
São estas unidades: as estratégias codificadoras, competências e estratégias auto-
regulatórias, expectativas e crenças, objectivos e valores e respostas afetivas.
3. O que entendia Mischel por unidades cognitivo-afetivas? E o que
representam as expectativas na teoria de Mischel?
UNIDADES COGNITIVO-AFECTIVAS
Ênfase no que a pessoa faz em determinada situação. O que a pessoa faz inclui não só
ações mas também qualidades cognitivas e afectivas incluem:
1) Estratégias codificadoras
2) Competências e estratégias auto-reguladoras
3) Expectativas e crenças
4) Objectivos e valores
5) Respostas afectivas
Mischel e Shoda (1995) propuseram um sistema de personalidade cognitivo-
afectivo que tinha em conta as variabilidades da situação e a estabilidade do
comportamento das pessoas. Assim, as inconsistências no comportamento de uma
pessoa não se devem nem a erros aleatórios, nem apenas à situação presente, pois os
comportamentos mudam de uma situação para outra de maneira bastante significativa.
Assim sendo, a variabilidade do comportamento frequentemente observada é parte
essencial de uma estabilidade unificadora da personalidade.
Assim sendo, estas unidades incluem todos os aspectos psicológicos, sociais e
fisiológicos das pessoas, sendo o que as leva a interagir com o ambiente com um padrão
relativamente estável de variação. Essas unidades incluem:
a) Estratégias Codificadoras: formas de a pessoa categorizar a informação
recebida do meio, ou seja, processos cognitivos que servem para transformar os
estímulos em constructos pessoais. b) Competências e Estratégias Auto-Regulatórias:
informações que adquirimos sobre o mundo e o nosso relacionamento com ele. Permite
construir selectivamente e gerar a nossa própria versão do mundo.
c) Expectativas e Crenças: qualquer situação apresenta-nos um número infinito de
comportamentos potenciais, mas o modo como as pessoas se comportam em variadas
situações depende das suas expectativas e crenças específicas sobre as consequências de
cada possibilidade comportamental diferente. Assim, o conhecimento das hipóteses ou
das crenças das pessoas sobre o resultado de qualquer situação é um melhor preditor do
comportamento do que o conhecimento da sua capacidade de desempenho. Mischel
identificou dois tipos de expectativas: as de comportamento-resultado (estrutura de “se
…, então...”) e as estímulo-resultado (ajudam a prever que eventos têm mais
probabilidade de ocorrer após certos estímulos).
4. O que representam as expectativas na teoria de Mischel?
Determinam o comportamento de acordo com as suas consequências (resultado de
maior valor subjetivo).
5. O que significa adiar uma gratificação?
Uma interessante aplicação da teoria de Mischel sobre gratificação tardia é a de
ajudar a ensinar a crianças a importância de poupar dinheiro. Num dos seus artigos,
Jonathan Clements (1999) escreveu acerca da gratificação tardia, dizendo que este tipo
de autocontrolo é importante, não só no que toca a poupar dinheiro mas também porque
é necessário para as pessoas saberem apreciar recompensas a longo-prazo. Numa
tentativa de ajudar os pais, Clements entrevistou Mischel para que este pudesse dar
alguns conselhos acerca de como nutrir nas crianças a habilidade de poupar dinheiro, de
modo a que elas aprendessem a aceitar gratificações tardias. Alguns dos seus conselhos
para os pais foram cumprir as promessas realizadas, ser realista, tornar a poupança
divertida, servir como bom exemplo e combinar gratificações instantâneas com tardias.
Allport
1. Qual o conceito de traço comum? E de disposição individual\ traço
individual? E Quais os conceitos de disposições\ traços cardinais, centrais e
secundários?
Allport acredita que as estruturas mais importantes são as que permitem a descrição da
pessoa em termos de características individuais, as quais designou de disposições
pessoais. Os traços são as características diferenciadoras que regulam o nosso
comportamento, contudo, as pessoas também detêm disposições pessoais, que são os
traços peculiares identificou três grandes tendências da personalidade: a primeira foi
intitulada de traços cardinais, que se caraterizam como um traço de personalidade tão
penetrante e influente que domina quase todos os aspetos de um indivíduo, são
considerados raros e tendem a desenvolver-se ao longo do tempo. (e.g., freudiano,
maquiavélico, sádico); a segunda denominada de traços centrais que representam
tendências muito características do individuo, são frequentes e compõem a sua
personalidades (e.g., bondade, honestidade, simpatia, etc.); e por fim os caracteres
secundários que ocorrem apenas em certas condições e circunstâncias, são os menos
cruciais para a descrição de personalidade, são tão fracos e delicados que somente uma
pessoa com uma relação mais íntima notária a manifestarem-se.
2. O que significa Proprium? E autonomia funcional?
A integração dos vários traços, ou selfs parciais, vai constituir um dos muitos self que o
indivíduo desenvolve, como por exemplo, a autoidentidade, a autoimagem, a extensão
do ego o self corporal, o self cognoscente, o self racional, e os esforços do proprium. O
paradigma proprium surgiu no sentido motivacional ou estilístico e são as
características às quais os indivíduos se referem utilizando termos como “isto sou eu”
ou “isto é meu”, ou ainda, a tudo o que atribui sentido ou unidade às suas experiências.
Transversal a todos estes requisitos para uma teoria da motivação adequada, está um
conceito também defendido pelo autor, a autonomia funcional, que “se refere a qualquer
sistema adquirido de motivação, no qual as tensões não sejam do mesmo tipo das
tensões anteriores, a partir das quais se desenvolvem o sistema adquirido” (Allport,
1966), dito de outro modo, alude àquilo que se inicia com um determinado motivo e que
pode evoluir na direção de um novo motivo historicamente contínuo, mas
funcionalmente diferente relativamente ao anterior. Ou nas palavras de Allport (1966)
“um motivo presente é funcionalmente autónomo, no sentido em que procura novas
metas, o que significa que o comportamento continuará mesmo que a motivação para
isso esteja alterada”.
3. Quais os indicadores de uma personalidade madura\ saudável?
O foco principal era o comportamento observável ou o autorrelato das pessoas, sobre o
que sentiam ou entendiam acerca da sua experiência, dado ser importante considerar as
características dos pressupostos gerais. Uma pessoa saudável deve ser psicologicamente
madura e ter um comportamento proactivo. Assim, terá uma maior probabilidade de ser
motivada por processos conscientes e, no geral, experienciar uma infância relativamente
livre de traumas. A idade não é requisito de maturidade. A partir destes princípios,
Allport distinguiu seis critérios específicos que poderiam estar na base das
características de uma pessoa saudável:
(1) Extensão do senso de self que procura continuamente identificar-se com eventos de
si mesmo e participar deles, desenvolvendo um interesse altruísta no trabalho;
(2) Relacionamento afetuoso do self com o outro consiste na capacidade de amar os
outros de forma íntima e com compaixão;
(3) Segurança emocional ou autoaceitação ocorre quando o sujeito se aceita a si próprio
por aquilo que é e tem um equilíbrio emocional;
(4) Perceção realista do seu ambiente quando não se vive num mundo de fantasia e se
é orientado para resolução de problemas;
(5) Perceção e humor carateriza-se por se conhecer a si próprio, não ter necessidade de
culpar os outros pelos seus erros e fraquezas, ter sentido de humor e a capacidade de se
rir de mesmo;
(6) A filosofia unificadora de vida engloba a pessoa saudável com uma visão clara do
sentido da vida.
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