PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO
APRESENTAÇÃO
O Projeto Político Pedagógico do CEEBJA CIC constitui-se num instrumento que
expressa as diretrizes do processo de ensino aprendizagem, tendo como referencial a sua
realidade, a de seus alunos e as expectativas e possibilidades concretas, acreditando na
escola como vínculo de educação e sua integração na comunidade em que vive, onde a
realização do ser humano está baseada nos princípios e valores éticos.
A elaboração do presente projeto surgiu da necessidade de se organizar um conjunto de
princípios orientadores como base para a estruturação dos fundamentos da ação
pedagógica coletiva do CEEBJA CIC.
É importante salientar que este projeto não tem a preocupação de apresentar soluções
definitivas, mas expressar os anseios e o compromisso do grupo para que, a partir de um
processo de trocas e buscas comuns, haja vista a participação de todos os envolvidos
com a escola na construção do futuro da comunidade na qual está inserido.
Este documento foi elaborado pelos docentes, discentes, agentes educacionais, equipe
diretiva e pedagógica.
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IDENTIFICAÇÃO
1 – Denominação da instituição
CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO BÁSICA PARA JOVENS E ADULTOS (CEEBJA-
CIC) - Ensino Fundamental e Médio
Direção: Walliana Takasaki Costa
2 – Endereço
Rua: Pedro Gusso, 1259 Bairro: CIC
3 – MunicípioCuritiba
4 – NRECuritiba
5 – CEP
81050-200
6 – Telefone
(041) 3229 - 8758
7 – Fax
(041) 3229 – 8758
8 – E-mail
9 – Entidade mantenedora
Governo do Estado do Paraná
10 – CNPJ/MF
76.416.965/0001-212
OBJETIVOS GERAIS
• Viabilizar ações que integrem a comunidade escolar de modo que a prática
pedagógica ocorra no âmbito coletivo de forma participativa e democrática.
• Fundamentar a organização do trabalho pedagógico escolar como um todo
enquanto processo de construção contínua, levando em conta as especificidades,
níveis de ensino e a modalidade.
• Possibilitar a reflexão e discussão crítica sobre os problemas da sociedade, da
educação e da comunidade escolar, buscando possibilidades de intervenção na
realidade.
• Garantir a articulação da participação de todos os envolvidos no processo
educativo, discentes, docentes, agentes educacionais, equipe diretiva e
pedagógica, numa vivência democrática com exercício da cidadania, para a
construção da visão global da realidade e dos compromissos coletivos e éticos.
• Expressar as transformações internas da organização escolar e suas relações com
as transformações mais amplas da sociedade (econômica, social, política,
ambiental, educacional e cultural).
• Proporcionar melhoria na ação interna organizacional, resgatando valores
essenciais para uma melhor qualidade de vida da comunidade escolar.
MARCO SITUACIONAL
O Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos CIC localiza-se na rua
Pedro Gusso, 1269, no bairro CIC, no município de Curitiba, estado do Paraná,
oferecendo educação na modalidade de EJA (Educação de Jovens e Adultos), ofertando
Ensino Fundamental (Fase II) e Ensino Médio, na sede e nas APEDs (Ações Pedagógicas
Descentralizadas); ainda participa da inscrição e aplicação de Exames de Suplência e
Exames Supletivos On-line.
O CEEBJA CIC está localizado em região constituída de comércio, residências e
indústrias, atendendo alunos trabalhadores, oriundos tanto da região próxima quanto de
bairros e municípios vizinhos, ofertando escolarização para jovens, adultos e idosos que 3
buscam dar continuidade aos seus estudos no Ensino Fundamental ou Médio,
assegurando-lhes oportunidades apropriadas, considerando suas características,
interesses, condições de vida e de trabalho, mediante ações didático-pedagógicas
coletivas e/ou individuais. Na Sede, as turmas são distribuídas em três períodos: manhã,
tarde e noite, ofertadas pelas APEDs (Ações Pedagógicas Descentralizadas) funcionam
na organização coletiva, no período noturno, em espaços cedidos nas escolas municipais
e as APEDs Especiais que acontecem nos locais de trabalho dos educandos em horários
diferenciados (Hospital Evangélico e Rua da Cidadania Fazendinha).
Este estabelecimento escolar oferta Educação de Jovens e Adultos – presencial, que
contempla o total de carga horária estabelecida na legislação vigente nos níveis do
Ensino Fundamental e Médio, com avaliação processual.
Os cursos são caracterizados por estudos presenciais desenvolvidos de modo a viabilizar
processos pedagógicos, tais como:
- construção do conhecimento a partir de pesquisas orientadas para a diversidade dos
aspectos da cultura humana.
- desenvolvimento da capacidade de ouvir, refletir e argumentar;
- registros, utilizando recursos variados (tv multimídia, esquemas, anotações,
fotografias, ilustrações, textos individuais e coletivos), permitindo a sistematização e
socialização dos conhecimentos;
- vivência cultural, trabalho e tempo que materializem o conhecimento dos educandos,
bem como a reflexão sobre outras formas de expressão cultural.
O aluno de Educação de Jovens e Adultos é um sujeito que apresenta diferentes
experiências de vida, mas que em determinado momento afastou-se da escola devido a
fatores sociais, econômicos, políticos e/ou culturais. Dentre esses fatores, destaca-se o
ingresso prematuro no mercado de trabalho, a evasão e a repetência como fatores de
afastamento do ensino formal de nossos alunos, eles buscam na Educação de Jovens e
Adultos a conclusão de seus estudos. Nossa clientela, em sua maioria, são jovens que
não conseguiram terminar os estudos em tempo hábil no Ensino Regular, e adultos que
estavam inseridos no mercado de trabalho da região, na época de escolarização regular,
e que abandonaram seus estudos por diferentes situações, ou que ainda não tiveram
acesso à educação formal buscando desenvolvimento e ampliação de seus
conhecimentos.
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Nossa escola possui, assim, alunos a partir de 18 anos, que necessitam de uma
organização do tempo escolar e flexibilização de horários, para atender tanto
necessidades pessoais quanto exigências do mundo do trabalho.
A escola considera a bagagem de conhecimentos adquiridos pelos alunos em outras
instâncias sociais, significativa e importante ao processo educacional, levando em conta
que esses alunos necessitam de uma abordagem diferenciada no processo ensino-
aprendizagem.
O CEEBJA CIC oportuniza a elaboração e aplicação de projetos educacionais no
contraturno para que os alunos, agentes educacionais e comunidade possam desenvolver
diferentes maneiras de apropriação do conhecimento.
Os alunos com necessidades educacionais especiais, também são atendidos em nosso
estabelecimento, priorizando-se ações educacionais que possibilitam o acesso, a
permanência e o êxito desses alunos em nosso espaço escolar.
A prática nos mostra diferentes características dos alunos jovens e adultos:
- trazem da vivência pessoal conhecimentos prévios e mostram motivação em sustentá-
los cientificamente;
- demonstram interesse em participar das ações propostas, a fim de atender os objetivos
almejados;
- buscam a instrução escolar por diferentes interesses;
- necessitam do apoio familiar para a sua permanência na escola, o que contribui para o
êxito das atividades desenvolvidas.
Nesse contexto, é necessário oferecer uma educação que considere as necessidades das
diferentes faixas etárias. E como bem postula o Conselheiro Jamil Cury: “É uma
responsabilidade nova não pensar o jovem e adulto como se fossem um espichamento do
infante e do adolescente”, portanto, a prática pedagógica não pode ser a mesma e exige
profissionais conscientes do diferencial dessa modalidade, e que busquem
continuadamente capacitação, referente à educação de jovens e adultos.
O Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos (CEEBJA SESI CIC), foi
criado a partir de uma parceria entre a SEED através do seu, então, Departamento de
Ensino Supletivo – DESU, (hoje DET – Departamento de Educação e Trabalho), e o SESI
– Departamento Regional do Paraná, firmando Termo de Acordo para Programa em
Parceria, a fim de levar o aluno jovem e adulto, trabalhador da Cidade Industrial de
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Curitiba, a oportunidade de escolarização e de educação básica, facilitando o acesso a
uma escola geograficamente mais próxima de seu universo de trabalho, bem como a
apropriação de conteúdos voltados à construção de seus conhecimentos.
Assim, em 1997 foi criado e autorizado o funcionamento do então Centro de Estudos
Supletivos do SESI CIC, iniciando o atendimento de alunos de 1º e 2º graus, nos períodos
vespertino e noturno, com 09 salas de aula e 19 professores, tendo sido designada como
diretora a Sra. Rosangela Gonçalves Oliveira.
No ano de 1998, o crescimento quantitativo e qualitativo da Escola foi se estabelecendo,
tendo sido assumidos novos programas como os Exames Supletivos, os Termos de
Cooperação Técnica (TCT) e os Postos Avançados do CEEBJA (PACs).
Em termos quantitativos, podemos apontar um crescimento em números absolutos de
matrículas/ano de 1299 no ano letivo de 1997, para 3049 no ano letivo de 2000. Em
termos percentuais, tivemos um crescimento do número de concluintes nesse mesmo
período, conforme segue: 1º segmento – 7%, 2º segmento – 35% e Ensino Médio – 27%,
aproximadamente.
Este crescimento fez com que fosse ampliado pelo SESI o espaço físico cedido para o
funcionamento do CEEBJA SESI CIC, que contava com salas de uso exclusivo entre
ambientes pedagógicos e administrativos e o Auditório, que é de uso comum.
Em dezembro de 2008 cessou a parceria SESI-SEED. No ano de 2009, após tramitação
da documentação de cessação, o CEEBJA SESI CIC mudou para um espaço locado pela
mantenedora, que compreende 15 salas, refeitório, laboratório, biblioteca, secretaria,
cozinha, almoxarifado, auditório, sala de coordenação pedagógica, sala da coordenação
das APEDs, sala da Direção, sala dos professores, estacionamento interno para
professores.
Atualmente, com nova nomenclatura, CEEBJA CIC, a sede está localizada à Rua Pedro
Gusso, 1269, no Bairro Cidade Industrial de Curitiba.
Neste momento, o quadro conta com cerca de 200 funcionários, entre docentes e
agentes educacionais I e II, e tem cerca de 3000 alunos.
Ciente de sua responsabilidade na formação de profissionais da Educação e para
Educação, o CEEBJA CIC, possibilita aos futuros profissionais desta área, campo de
estágio contextualizado sob a ótica da articulação entre a teoria e a prática, enquanto
relação fundamental para a prática docente.
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Neste entendimento citamos o Parecer N.º 21, de 2001, do Conselho Nacional de
Educação, o qual define o Estágio Curricular como:
[...] tempo de aprendizagem que, através de um período de permanência, alguém se demora em algum lugar ou ofício para aprender a prática do mesmo e depois poder exercer uma profissão ou ofício. Assim o estágio supõe uma relação pedagógica entre alguém que já é um profissional reconhecido em um ambiente institucional de trabalho e um aluno estagiário [...] é o momento de efetivar um processo de ensino/aprendizagem que, tornar-se-á concreto e autônomo quando da profissionalização deste estagiário.
O CEEBJA CIC tem clareza de que o Estágio Curricular contempla um tempo destinado a
um processo de ensino e de aprendizagem o qual reconhece, apesar da formação
oferecida em sala de aula ser fundamental, só ela não ser suficiente para o preparo dos
alunos para o pleno exercício de sua profissão. A inserção necessária da realidade no
cotidiano escolar é proporcionada pelo fomento do estágio.
Ressaltando o entendimento da Escola e em consonância com esse pensamento, citamos
PIMENTA (2001, p. 21) que afirma:Estágio e disciplinas compõem o currículo de um curso”. Com isto fica claro que o estágio é o espaço/tempo no currículo de formação, destinado às atividades que devem ser realizadas pelos discentes nos futuros campos de atuação profissional, onde os alunos devem fazer a leitura da realidade, o que exige competências para “saber observar, descrever, registrar, interpretar e problematizar e, conseqüentemente, propor alternativas de intervenção.
No que se refere ao Estágio “Não Obrigatório”, nosso entendimento enquanto instituição
denota que os conhecimentos escolares são, via de regra, a pauta de análise da
dimensão contraditória do trabalho; o espaço educacional é foro privilegiado para que o
aluno e, futuro profissional, interaja neste mundo de modo mais consciente, autônomo e
critico.
O CEEBJA CIC é um Centro de Educação que se tornou referência em Educação de
Jovens e Adultos em Curitiba e busca espaços para agregar qualidade formal e política ao
trabalho como princípio norteador de sua ação, o que garante um crescimento também do
ponto de vista qualitativo, pois se entende que a Educação de Jovens e Adultos não é
suplementar, mas básica, fundamental, essencial para aqueles que apenas não tiveram a
oportunidade de concluir sua escolarização em idade apropriada e, hoje, têm esse direito
garantido através dos CEEBJA`s.
A práxis de Educação de Jovens e Adultos do CEEBJA CIC compreende também, além
das modalidades já em funcionamento, o Exame de Suplência e Exame On-line, as Ações
Pedagógicas Descentralizadas (APEDs), a inclusão de alunos portadores de
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necessidades especiais e APEDs Especiais, em parceria com a Prefeitura Municipal de
Curitiba SEED / CEEBJA.
MARCO CONCEITUAL
A história da educação de jovens e adultos no Brasil é muito recente. Embora venha
desde o período do Brasil Colônia, de uma forma mais assistemática, as iniciativas
governamentais no sentido de oferecer educação para jovens e adultos são recentes. No
Brasil Colônia, a referência à população adulta, era apenas de educação para doutrinação
religiosa, abrangendo um caráter muito mais religioso que educacional.
Os primeiros vestígios da educação de adultos no Brasil são perceptíveis durante o
processo de colonização, após a chegada dos padres jesuítas, em 1549. Estes se
voltaram para a catequização e “instrução” de adultos e adolescentes, tanto de nativos
quanto de colonizadores, diferenciando apenas os objetivos para cada grupo social. Após
a expulsão dos jesuítas pelo Marquês de Pombal ocorreu uma desorganização do ensino.
Somente no Império o ensino volta a ser ordenado.
Em 1910, segundo informações do IBGE, “o direito a ler e escrever era negado a quase
11 milhões e meio de pessoas com mais de 15 anos”. Logo, alguns grupos sociais
mobilizaram-se para organizar campanhas de alfabetização chamadas de “ligas”.
A partir de 1945, com a aprovação do Decreto nº 19.513, de 25 de agosto de 1945, a
Educação de Adultos torna-se oficial. Daí por diante novos projetos e campanhas foram
lançados com o intuito de alfabetizar jovens e adultos, devido aos altos índices de
analfabetismo no país, o que fez o governo tomar a decisão de criar um fundo destinado à
alfabetização da população adulta. Nesse mesmo ano, com o fim da ditadura Vargas,
iniciou-se um movimento de fortalecimento dos princípios democráticos no país.
Com a criação da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência
e Cultura) ocorreu, então, por parte desta, a solicitação aos países integrantes (e entre
eles, o Brasil) de se educar os adultos analfabetos. Por isso, em 1947, o governo lançou a
1º Campanha de Educação de Adultos, propondo: alfabetização dos adultos analfabetos
do país em três meses, oferecendo um curso primário em duas etapas de sete meses, a
capacitação profissional e o desenvolvimento comunitário.
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A relevância da educação de jovens e adultos se referenda através de 25% dos recursos
do Fundo Nacional do Ensino Primário (FNEP) destinada especificamente à alfabetização
e educação da população adulta analfabeta. A criação no Fundo Nacional do Ensino
Primário, em 1942, cujo funcionamento teve início somente em 1946, pode ser
considerada como marco propulsor de uma política pública de educação de adultos,
considerada dentro do espectro da instrução básica popular (PAIVA, 1983: BEISEGEL,
1942).
Após a Segunda Guerra Mundial, a educação de jovens e adultos passa a ser entendida
com uma educação diferente do ensino regular. Esse período é fortemente marcado por
campanhas nacionais de alfabetização em massa, realizadas pelo governo federal de
forma centralizada, assistemática, descontínua e assistencialista, visando atender
predominantemente a população do meio rural. As demais ofertas de escolarização de
jovens e adultos deste período limitaram-se apenas ao ensino primário e, na década de
60, com extensão ao curso ginasial.
No final da década de 50 e início da década de 60, constatou-se a emergência de uma
nova perspectiva na educação brasileira fundamentada nas idéias e experiências
desenvolvidas por Paulo Freire, que idealizou e vivenciou uma pedagogia voltada para as
demandas e necessidades das camadas populares, realizada com sua efetiva
participação, e a partir de sua história e de sua realidade, pensando a educação de jovens
e adultos a partir de princípios e de uma metodologia popular, libertadora e
emancipadora.
Este novo momento também está associado a um contexto de efervescência de
movimentos sociais, políticos e culturais. Dentre as experiências de educação popular
realizadas neste período, destacam-se o Movimento de Educação de Base (MEB)
desenvolvido pela Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), os Centros
Populares de Cultura (CPCs) desenvolvidos pela União Nacional dos Estudantes (UNE) e
o início da décima quinta edição de execução do Plano Nacional de Alfabetização (PNA),
de janeiro a abril de 1964, pelo governo federal, objetivando constituir uma política
nacional de alfabetização de jovens e adultos em todo o país, coordenada por Paulo
Freire.
Estas experiências de educação e cultura popular passaram a questionar a ordem
capitalista, fomentando a articulação das organizações e movimentos sociais em torno
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das Reformas de Base, conduzidas pelo então governo João Goulart. Conforme afirma
PAIVA (1983, p.259),
[...] a multiplicação dos programas de alfabetização de adultos, secundada pela organização política das massas, aparecia como algo especialmente ameaçador aos grupos direitistas; já não parecia haver mais esperança de conquistar o novo eleitorado [...] a alfabetização e educação das massas adultas pelos programas promovidos a partir dos anos 60 aparecia como um perigo para a estabilidade do regime, para a preservação da ordem capitalista. Difundindo novas idéias sociais, tais programas poderiam tornar o processo político incontrolável por parte dos tradicionais detentores do poder e a ampliação dos mesmos poderia até provocar uma reação popular importante a qualquer tentativa mais tardia de golpe das forças conservadoras.
Contudo, o golpe militar de abril de 1964 suprimiu a realização de muitas experiências
nessa perspectiva. Três anos depois do golpe, o próprio governo militar e ditatorial criou o
Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL) com uma perspectiva centralizadora e
domesticadora, não existindo em sua proposta pedagógica qualquer preocupação em
conter a migração rural-urbana, intensa neste período, fortalecendo exclusivamente um
modelo industrial-urbano com padrões capitalistas de produção e consumo. Constata-se
poucos avanços durante o período de vigência do MOBRAL, sendo que, dos quarenta
milhões de pessoas que durante 15 anos frequentaram este Movimento, apenas 10%
foram alfabetizadas.
Com a Lei 5692/71 é atribuído um capítulo para o ensino supletivo e o Parecer 699/72, do
Conselho Nacional de Educação (CNE) regulamentou os cursos supletivos seriados e os
exames com certificação. A organização curricular e a matriz do ensino supletivo seguiam
a proposta curricular do ensino regular, porém de forma compactada, não denotando
qualquer especificidade à população jovem e adulta neste processo de escolarização.
O ensino supletivo foi apresentado, a princípio, como uma modalidade temporária, de
suplência, para os que necessitavam comprovar escolaridade no trabalho e para os
analfabetos. Porém, tornou-se uma forma de ensino permanente, necessária para atender
uma demanda que veio aumentando a cada ano. Essa modalidade foi considerada como
uma fonte de soluções, ajustando-se cada vez mais às mudanças da realidade escolar.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN nº 9394/96, em seu artigo
37, descreve que ‘’a educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não
tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade
própria’’. É característica desta modalidade de ensino a diversidade do perfil dos alunos,
com relação à idade, ao nível de escolarização em que se encontram, à situação sócio-
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econômica e cultural, às diferenças etnicorraciais, às orientações sexuais, aos credos, às
ocupações e a motivação pela qual procuram a escola.
O universo da EJA contempla diferentes culturas que devem ser priorizadas na
construção das diretrizes educacionais. Neste sentido, segundo SOARES (1986), o aluno
passa a ser visto como sujeito sócio-histórico-cultural, com conhecimentos e experiências
acumuladas. Cada sujeito possui um tempo próprio de formação, com elaboração entre
saberes locais e universais, a partir de uma perspectiva de ressignificação da concepção
de mundo e de si mesmo. Tendo em vista a diversidade destes alunos, com situações
socialmente diferenciadas, é necessário que a Educação de Jovens e Adultos proporcione
seu atendimento aproveitando outras formas de socialização como expressão de cultura
própria.
Considerando-se o diálogo entre as diversas culturas e saberes é necessário retirar esta
modalidade de ensino de uma estrutura rígida pré-estabelecida, ou adequá-la a estruturas
de ensino já existentes, levando-se em conta suas especificidades.
A EJA deve constituir-se de uma estrutura flexível, capaz de contemplar inovações que
tenham conteúdos significativos; nesta perspectiva, há um tempo diferenciado de
aprendizagem e não um tempo único para todos e os limites e as possibilidades de cada
aluno devem ser respeitados. Portanto, é desafio desta diretriz educacional dar ênfase ao
aluno, atendendo suas necessidades individuais e construindo propostas viáveis para que
o acesso, a permanência e o sucesso nos estudos estejam assegurados.
A viabilidade do acesso e permanência deste aluno na escola se fortalecerá a partir desta
diretriz, com políticas públicas que garantam esse atendimento, destinando recursos
próprios para a manutenção e a melhoria da qualidade do ensino nas escolas. Desta
forma, a função social da EJA se articula a um compromisso do Estado em atender
continuamente, enquanto houver demanda, esta população.
Na função social da EJA, a alfabetização se apresenta como demanda fundamental, que
possibilita o envolvimento dos alunos jovens, adultos e idosos nas práticas escolares,
garantindo-lhes o acesso aos saberes em suas diferentes linguagens, intimamente
articulados com suas necessidades, expectativas e trajetórias de vida, despertando-lhes a
oportunidade de continuidade da escolarização.
Desta forma, a Lei nº 9394/96 incorpora uma concepção de formação mais ampla e abre
outras perspectivas para a educação de jovens e adultos, desenvolvida na pluralidade de
vivências humanas, conforme aponta o artigo 1° da Lei vigente:
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A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social.
O aluno da EJA torna-se sujeito na construção do conhecimento mediante a compreensão
dos processos de trabalho, de criação, de produção e de cultura. Os jovens e adultos
passam a se reconhecer como sujeitos do processo, confirmando saberes adquiridos para
além da educação escolar, na própria vida, numa consistente comprovação de que esta
modalidade de ensino é uma forma de construir e se apropriar de conhecimentos para o
exercício da cidadania, em todos os aspectos culturais, refletindo diretamente ao mundo
do trabalho.
A identidade de homens e mulheres é formada pelas experiências do meio em que vivem,
sendo modificada conforme se alteram as relações sociais, diferenciando assim, uma
sociedade da outra pela produção do trabalho, conhecimento e aporte cultural.
O trabalho é o processo social pelo qual o homem se modifica, alterando o que é
necessário e desenvolvendo novas idéias. Dessa forma, por meio do pensamento crítico,
o educando pode desmistificar a divisão social do trabalho, como, por exemplo, a divisão
entre trabalho manual e intelectual, conceitos opressores estabelecidos pelos modelos de
organização do sistema produtivo.
A compreensão das contradições inerentes ao processo da divisão social do trabalho
possibilitará ao educando da EJA melhor entendimento de sua relação com o mundo do
trabalho e com as demais relações sociais que permeiam o mundo atual.
Cabe ao processo educacional da EJA evidenciar possíveis mudanças que apontem para
uma nova relação entre ciência, trabalho e cultura, por meio de uma base sólida de
formação científica e histórica, que ajude os educandos a desenvolverem todas as suas
dimensões enquanto seres humanos. Assim, o conhecimento adquirido mantém-se inter-
relacionado com a sua vida, possibilitando a interferência na sociedade.
No transcorrer do processo educativo, a autonomia intelectual do educando deve ser
estimulada, para que o mesmo possa dar continuidade aos seus estudos, independente
da educação formal. Cabe ao professor, incentivar esta busca constante pelo
conhecimento historicamente produzido pela humanidade, presente em outras fontes de
estudo ou de pesquisa. Esta forma de estudo individual é necessária, quando se trata da
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administração do tempo de permanência deste aluno no espaço escolar e importante na
construção da autonomia.
A escola é um espaço privilegiado em que os alunos desenvolvem a capacidade de
pensar, ler, interpretar e reinventar o seu mundo, por meio da atividade reflexiva; a ação
da escola será de mediação entre o aluno e os saberes, de forma a que o mesmo
assimile estes conhecimentos como instrumentos de transformação de sua realidade
social.
A Educação de Jovens e Adultos, enquanto processo educativo, tem um papel
fundamental na socialização dos sujeitos, agregando elementos e valores que os levem à
emancipação e à afirmação de sua identidade cultural.
O tempo que este aluno permanecerá no processo educativo da EJA terá valor próprio e
significativo e, portanto, a escola deve superar o ensino de caráter enciclopédico,
centrado mais na quantidade de informações do que na relação qualitativa com o
conhecimento. Quanto aos conteúdos específicos de cada disciplina, deverão estar
articulados à realidade, considerando sua dimensão curricular, sócio-histórica, articulada
ao mundo do trabalho, à ciência, às novas tecnologias, dentre outros.
Com relação às perspectivas dos alunos e seus projetos de vida, a EJA deve colaborar
para que os mesmos ampliem seus conhecimentos de forma crítica, viabilizando a busca
pelos direitos de melhoria de sua qualidade de vida. Além disso, contribuirá para que eles
compreendam as dicotomias e complexidades do mundo do trabalho contemporâneo e do
contexto global.
A busca da autonomia intelectual e moral deve ser um constante exercício com os
educandos da EJA, pois a emancipação humana será decorrente da construção desta
autonomia com a qual contribui a educação formal. O exercício de uma cidadania
democrática, pelos alunos da EJA, será o reflexo de um processo cognitivo, crítico e
emancipatório, com base em valores como respeito mútuo, solidariedade e justiça.
Ciente de sua responsabilidade na formação de profissionais da Educação e para
Educação, o CEEBJA CIC, possibilita aos futuros profissionais desta área, campo de
estágio contextualizado sob a ótica da articulação entre a teoria e a prática, enquanto
relação fundamental para a prática docente.
Neste entendimento citamos o Parecer N.º 21, de 2001, do Conselho Nacional de
Educação, o qual define o Estágio Curricular como:
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[...] tempo de aprendizagem que, através de um período de permanência, alguém se demora em algum lugar ou ofício para aprender a prática do mesmo e depois poder exercer uma profissão ou ofício. Assim o estágio supõe uma relação pedagógica entre alguém que já é um profissional reconhecido em um ambiente institucional de trabalho e um aluno estagiário [...] é o momento de efetivar um processo de ensino/aprendizagem que, tornar-se-á concreto e autônomo quando da profissionalização deste estagiário.
O CEEBJA CIC tem clareza de que o Estágio Curricular contempla um tempo destinado a
um processo de ensino e de aprendizagem o qual reconhece, apesar da formação
oferecida em sala de aula ser fundamental, só ela não ser suficiente para o preparo dos
alunos para o pleno exercício de sua profissão. A inserção necessária da realidade no
cotidiano escolar é proporcionada pelo fomento do estágio.
Ressaltando o entendimento da Escola e em consonância com esse pensamento, citamos
PIMENTA (2001, p. 21) que afirma:
Estágio e disciplinas compõem o currículo de um curso”. Com isto fica claro que o estágio é o espaço/tempo no currículo de formação, destinado às atividades que devem ser realizadas pelos discentes nos futuros campos de atuação profissional, onde os alunos devem fazer a leitura da realidade, o que exige competências para “saber observar, descrever, registrar, interpretar e problematizar e, conseqüentemente, propor alternativas de intervenção.
Na ótica do estágio não obrigatório, a escola tem clara a perspectiva de nossa função
social, que vai além do aprendizado formal, vinculado às competências peculiares das
atividades profissionais, conforme ênfase pautada na Lei n.º 11.788/2008.
Nosso entendimento enquanto instituição, denota que os conhecimentos escolares são,
via de regra, a pauta de análise da dimensão contraditória do trabalho; o espaço
educacional é foro privilegiado, para que o aluno, e futuro profissional, interaja no mundo
do trabalho de modo mais consciente, autônomo e critico.
EIXOS ARTICULADORES DO CURRÍCULO DA EJA: CULTURA, TRABALHO E TEMPO
Os eixos cultura, trabalho e tempo, que devem articular toda ação pedagógico-curricular
nas escolas que ofertam Educação de Jovens e Adultos foram definidos a partir de
reflexões durante o processo de elaboração das Diretrizes Curriculares Estaduais para a
Educação de Jovens e Adultos, tendo em vista a concepção de currículo como um
processo de seleção da cultura, bem como pela necessidade de se atender ao perfil do
educando da EJA.
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A cultura compreende toda forma de produção da vida material e imaterial e compõe um
sistema de significações envolvido em todas as formas de atividade social. (WILLIANS,
1992). Por ser produto da atividade humana, não se pode ignorar sua dimensão histórica.
No terreno da formação humana, a cultura é o elemento de mediação entre o indivíduo e
a sociedade, e nesse sentido, possui um duplo caráter: remete o indivíduo e à sociedade
e é, também, o intermediário entre a sociedade e a formação do indivíduo. (ADORNO,
1996).
Portanto, a cultura compreende, “desde a mais sublime música ou obra literária, até as
formas de destruir-se a si mesmo e as técnicas de tortura, a arte, a ciência, a linguagem,
os costumes, os hábitos de vida, os sistemas morais, as instituições sociais, as crenças,
as formas de trabalhar” (SACRISTAN, 2001, p. 105).
Como elemento de mediação da formação humana, torna-se objeto da educação que se
traduz, na escola, em atividade curricular.
Se a cultura abarca toda produção humana, inclui, também, o trabalho e todas as
relações que ele perpassa.
O trabalho compreende, assim, uma forma de produção da vida material a partir do qual
se produzem distintos sistemas de significação. É a ação pela qual o homem transforma a
natureza e, nesse processo, transforma-se a si mesmo.
É, portanto, produção histórico-cultural que atribui à formação de cada novo indivíduo,
também, essa dimensão histórica.
A ênfase no trabalho como princípio educativo não deve ser reduzida à preocupação em
preparar o trabalhador apenas para atender às demandas do industrialismo e do mercado
de trabalho, nem apenas destacar as dimensões relativas à produção e às suas
transformações técnicas (ARROYO, 2001).
Os vínculos entre educação, escola e trabalho situam-se numa perspectiva mais ampla,
tendo em vista a constituição histórica do ser humano, de sua formação intelectual e
moral, sua autonomia e liberdade individual e coletiva, sua emancipação.
O trabalho é uma atividade que está na base de todas as relações humanas, de acordo
com ANDERY, o trabalho está condicionando e determinando a vida. Ainda, segundo
esse autor, o trabalho é “uma atividade humana intencional que envolve forma de
organização, objetivando a produção dos bens necessários à vida” (ANDERY, 1998, p.
13).
15
Nesta perspectiva, é preciso entender o trabalho como ação intencional, o homem em
suas relações sociais, dentro da sociedade capitalista, na produção de bens.
Porém, faz-se necessário a compreensão de que o trabalho não ocorre de forma
tranquila, estando sobrecarregado pelas relações de poder.
Os bens materiais são produzidos para posterior consumo, gerando o comércio. Já nos
bens não-materiais produção e consumo ocorrem simultaneamente.
No trabalho educativo, o fazer e o pensar entrelaçam-se dialeticamente e é nesta
dimensão que percebemos a formação do homem.
Ao considerarmos o trabalho uma práxis humana, é importante o entendimento de que o
processo educativo é um trabalho não material, uma atividade intencional que envolve
formas de organização necessária para a formação do ser humano.
Assim, o conhecimento como construção histórica é matéria-prima (objeto de estudo) do
professor e do aluno que, indagando sobre o mesmo, irá produzir novos conhecimentos,
dando-lhes condições de entender o viver, propondo modificações para a sociedade em
que vive, permitindo “ao cidadão-produtor chegar ao domínio intelectual do técnico e das
formas de organização social sendo, portanto capaz de criar soluções originais para
problemas novos que exigem criatividade, a partir do domínio do conhecimento”
(KUENZER, 2000, p. 33-35).
Do ponto de vista da dimensão social, pode-se dizer que os alunos viveram e vivem
tempos individuais e coletivos, os quais compreendem os momentos da infância, da
juventude, da vida adulta, no contexto das múltiplas relações sociais.
Na dimensão escolar, o tempo de cada aluno compreende um tempo definido pelo
período de escolarização e um tempo singular de aprendizagem, que no caso dos
educandos da EJA é bem diversificado, tendo em vista a especificidade dessa
modalidade de ensino que busca atender o aluno, dentro da disponibilidade de tempo que
o mesmo tem, para se dedicar aos estudos.
O tempo e o espaço são aspectos da cultura escolar e, portanto, fazem parte da ação
pedagógica, uma vez que regulam e disciplinam alunos e professores de formas
diferenciadas de escola para escola, ou mesmo de sistema educacional para sistema
educacional.
A organização do tempo escolar compreende três dimensões: o tempo físico, o tempo
vivido e o tempo pedagógico.
16
O primeiro está relacionado ao calendário escolar organizado em dias letivos, horas/aula,
bimestres que organizam e controlam o tempo da ação pedagógica.
O segundo, diz respeito ao tempo vivido pelo professor nas suas experiências
pedagógicas, nos cursos de formação, na ação docente propriamente dita, bem como o
tempo vivido pelos alunos nas experiências sociais e escolares.
O último compreende o tempo que a organização escolar disponibiliza para a
escolarização e socialização do conhecimento, e ainda, o tempo de que o aluno dispõe
para se dedicar aos afazeres escolares internos e externos exigidos pelo processo
educativo.
Na escola, a organização dos tempos está articulada com os espaços escolares
preenchidos pelos alunos em toda ação educativa.
A organização desses tempos e espaços compreende características que devem ser
entendidas como discursos que revelam, por exemplo, um espaço autoritário ou um
espaço democrático.
Cabe destacar que a organização dos tempos e dos espaços escolares interfere na
formação dos alunos, seja para conformar ou para produzir outras práticas de
significação.
Pensar as práticas de significação que se devem gerar na escola impõe estar atento à
dinâmica das relações sociais, de acordo com ARROYO, o objetivo dessas relações
sociais é:Democratizar o saber, a cultura e o conhecimento, bem como conduzir o aluno a aprender o significado social e cultural dos símbolos construídos, tais como as palavras, as ciências, as artes, os valores, dotados da capacidade de propiciar-nos meios de orientação, de comunicação e de participação. (ARROYO, 2001, p. 144).
Cultura e conhecimento são produzidos nas e pelas relações sociais. Desse modo, o
currículo não pode ser pensado fora dessas relações. Nessa perspectiva, de acordo com
Silva (2000), p. (13), o currículo, tal como a cultura, é compreendida como prática da
significação, e como tal, vinculado às relações sociais e de poder, enfim, uma prática que
produz identidades sociais.
Para que ocorram mudanças na forma de organizar o conhecimento na escola, é
imprescindível que toda a ação educativa esteja voltada para os alunos.
É preciso rever a cultura escolar em seus aspectos limitadores, como por exemplo, nas
práticas formais de planejamento que desconsideram a dinamicidade e a realidade
concreta dos processos de ensino e aprendizagem, nas aulas distanciadas da realidade 17
de referência do aluno, nas práticas de avaliação coercitivas e burocráticas, na ausência
de interlocução entre a escola e a comunidade, entre outras.
CONCEPÇÃO DE CIDADANIA
Historicamente, a sociedade brasileira foi formada privilegiando as elites proprietárias de
poderes coloniais, fato que alimentou as desigualdades e exclusões. O momento histórico
atual exige a reestruturação das bases da sociedade, evidenciando o conceito de
cidadania, a fim de criar uma nação soberana e aberta ao diálogo e a participação ativa
de seus cidadãos. As práticas educativas de ação coletiva voltadas à inclusão e à
diversidade, possibilitam a formação de pessoas críticas capazes de se mobilizar na
sociedade, de forma a garantir o reconhecimento de sua cidadania.
Neste sentido, destacamos a definição de cidadania de Boff (2000,p.51).
Cidadania é um processo histórico-social que capacita a massa humana a forjar condições de consciência, de organização e de elaboração de um projeto e de práticas no sentido de deixar de ser massa e de passar a ser povo, como sujeito histórico, plasmador de seu próprio destino.
Reafirmando a citação de Boff (Martins, 2000, p. 53) diz:
[...] a construção da cidadania envolve um processo ideológico de formação de consciência pessoal e social e de reconhecimento desse processo em termos de direitos e deveres.
A conquista da cidadania se faz através de lutas contra ações discriminatórias, barreiras
segregativas entre indivíduos, opressões e tratamentos desiguais, ou seja, pela extensão
das mesmas condições de acesso às políticas públicas e pela participação de todos nas
tomadas de decisões.
É condição essencial da cidadania, reconhecer que a emancipação depende
fundamentalmente do interessado, uma vez que, quando a desigualdade é somente
confrontada na publicamente, reina a tutela sobre a sociedade, fazendo-a dependente dos
serviços públicos.
No entanto, ser/estar interessado não dispensa apoio, pois os serviços públicos são
sempre necessários e instrumentais.
O grande desafio histórico é dar condições ao povo de se tornar cidadão consciente,
(sujeito de direitos), organizados e participativos do processo de construção político-social
e cultural.
18
Angel Pino in (Boff SEVERINO A. J., ZALARA E OUTROS 1992, p. 15-25), consideram
que o “conceito de cidadania traduz ao mesmo tempo, um direito e o exercício desse
direito”. Sem este, aquele é mera fórmula.
Portanto, a educação como um dos principais instrumentos de formação da cidadania,
deve ser entendida como a concretização dos direitos que permitem ao indivíduo, sua
inserção na sociedade.
A realidade social e educacional atual de nosso país requer o enfrentamento e a
superação da contradição da estrutura que existe entre a declaração constitucional dos
direitos sociais (dentre eles, a educação) e a negação da prática desses direitos; da
ideologia que associa a pobreza material à cultural; de recolocar-se o problema da escola
pública em termos de direito de todos, de acesso ao conhecimento elaborado; recolocar a
questão do trabalho como atividade de produção/apropriação de conhecimento não
apenas como mera operação mecânica, em repensar a relação escola/trabalho.
Segundo MARTINS (2000, p.54), pode-se afirmar que:
Aquela relação entre cidadania e democracia explicita-se no fato de que ambas são processos; o processo não se dá num vazio, a cidadania exige instituições, mediações e comportamentos próprios, constituindo-se na criação de espaços sociais de luta na definição de instituições permanentes para expressão política.
Neste sentido, a autora distingue a cidadania passiva, aquela que é outorgada pelo
Estado, com a idéia moral da tutela e do favor. Cidadania Ativa – aquela que institui o
cidadão como portador de direitos e deveres, mas essencialmente criador de direitos, de
abrir espaços de participação.
Confirma ainda, que a cidadania requer a consciência clara sobre o papel da educação e
as novas exigências colocadas para a escola que, como instituição para o ensino – a
educação formal – pode ser locus excelente para a construção da cidadania.
As dimensões da cidadania, segundo BOFF, são cinco:
1) A dimensão econômico-produtiva: a massa é mantida intencionalmente, como massa
e a pobreza é empobrecimento, portanto a pobreza material e política é produzida e
cultivada, por isso é profundamente injusta.
2) A dimensão político-participativa: as pessoas interessadas lutam em prol de sua
autonomia e participação social, tornando-se cidadãos plenos.
3) A dimensão popular: inclui somente as que têm acesso ao sistema produtivo e exclui
os demais, sendo esta a dimensão vigente.
19
4) A dimensão de con-cidadania: os cidadãos devem reivindicar e não pedir ao Estado,
precisam organizar-se não para substituir, mas para fazê-lo funcionar. Define também
o cidadão mediante a solidariedade e a cooperação.
5) A cidadania Terrenal: apresenta a dimensão planetária na consciência de causas
comuns, com a responsabilidade coletiva a garantir um futuro para a terra e a
humanidade.
Tipos de Cidadania segundo BOFF:
Cidadania Seletiva – se a construção da cidadania envolve um processo ideológico de
formação de consciência pessoal, coletiva e social, de reconhecimento desse processo
em termos de direitos e deveres, no projeto neoliberal vigente a cidadania passa a ser
seletiva porque a reduz, BOFF afirma (200, p.57), “Ele debilita e reduz a cidadania
nacional, quer dizer, a autonomia do próprio país. Internamente reforça a cidadania
seletiva”.
Alguns setores são beneficiados pela modernização, no setor popular só cabe uma
cidadania menor. Outros, os excluídos, servem como massa de manobra, sem qualquer
cidadania, tirando o seu poder de rebelião, compensado, fazendo assistencialismo fácil e
promessas.
Cidadania Menor – No projeto do capitalismo nacionalista não se leva em conta o
capitalismo e sua lógica que explora e exclui. Ele é visto como criador de oportunidades e
de progresso. Dá-se ênfase à auto-estima de um Brasil grande, uma potência emergente
com seus recursos naturais riquíssimos e potencialidades populacionais.
Aqui também a cidadania é restrita para setores beneficiários. “Será uma cidadania
político-participativa para os segmentos incorporados na produção, mas não será
econômico-produtiva, pois trabalhadores continuarão sendo duramente explorados”.
(BOFF, p.66)
Portanto terão uma cidadania de segunda classe, esporádica, às vezes expressa em
grandes manifestações públicas, mas sem conseqüências reais. As políticas estatais
continuarão assistencialistas aos movimentos sociais.
Cidadania Maior e Plena – Co-cidadania – O projeto de Democracia racial e popular é
totalmente diferente dos autores muito distante do que vivemos.
Está sendo construído por todos e excluídos da historia brasileira, se organizando dentro
dos movimentos raciais.
20
Com força foram se infiltrando em condutos políticos partidários, já agora em condições
de disputar a conquista e o controle do poder com muita luta, resistência, argumentos e
organização.
Esse projeto visa construir uma nação autônoma, capaz de democratizar a cidadania,
mobilizar a sociedade inteira para a mudança, primando por uma sociedade sustentável
que se desenvolva com a natureza e não contra ela, que produza o suficiente para todos
e que não permita a acumulação para poucos. BOFF (2000, p. 73) diz:
Nele fica clara a vontade de soberania nacional e o tipo diferente da cidadania política, econômica, participativa, solidária e popular. Será uma cidadania cotidiana, plantada no funcionamento dos movimentos raciais e, por isso, em continuo exercício.
Construir a cidadania e con-cidadania popular é a forma concreta de se construir o Projeto
do Brasil que buscamos.
CONCEPÇÃO DE CONHECIMENTO
Conhecimento é uma atividade humana que busca explicar as relações entre os homens
e a natureza. Dessa forma, o conhecimento é produzido nas relações sociais mediadas
pelo trabalho.
Na sociedade capitalista, o homem não se apropria da produção material de seu trabalho
e nem dos conhecimentos produzidos nestas relações, porque o trabalhador não domina
as formas de produção e sistematização do conhecimento.
Segundo Marx e Engels “a classe que tem à disposição os modos de produção material
controla concomitantemente os meios de produção intelectual, de sorte que, por essa
razão geralmente as idéias daqueles que carecem desses meios ficam subordinadas a
ela”. (FRIGOTTO, 1933, p. 67).
Ainda neste sentido, ANDERY (1988, p. 15) confirma que:
Nesse processo do desenvolvimento humano multideterminado e que envolve inter-relações e interferências recíprocas entre idéias e condições materiais, a base econômica será o determinante fundamental.
Assim sendo, o conhecimento humano adquire diferentes formas: senso comum,
científico, teológico e estético, pressupondo diferentes concepções, muitas vezes
antagônicas que o homem tem sobre si, sobre o mundo e sobre o conhecimento.
21
O conhecimento pressupõe as concepções de homem, de mundo e das condições sociais
que o geram, configurando as dinâmicas históricas que representam a necessariamente
nova forma de ver a realidade, novo modo de atuação para obtenção do conhecimento,
mudando, portanto a forma de interferir na realidade.
Essa interferência traz conseqüências para a escola, cabendo a ela garantir a
socialização do conhecimento que foi expropriado do trabalho nas suas relações.
Conforme VEIGA (1995, p.27).
O conhecimento escolar é dinâmico e não uma mera simplificação do conhecimento científico, que se adequaria à faixa etária e aos interesses dos alunos.
Dessa forma o conhecimento escolar é resultado de fatos, conceitos, e generalizações
sendo, portanto, o objeto de trabalho do professor. De acordo com BOFF (2000, p. 82):
Conhecer implica, pois, fazer uma experiência e a partir dela ganhar consciência e capacidade de conceptualização. O ato de conhecer, portanto, representa um caminho privilegiado para a compreensão da realidade, o conhecimento sozinho não transforma a realidade: transforma a realidade somente a conversão do conhecimento em ação.
O conhecimento não ocorre individualmente. Ele acontece no social gerando mudança
interna e externa no cidadão e nas relações sociais, tendo sempre uma intencionalidade.
Conforme FREIRE (2003, p.59), “o conhecimento é sempre conhecimento de alguma
coisa, é sempre intencionado, isto é, está sempre dirigido para alguma coisa”.
Portanto, há de se ter clareza com relação ao conhecimento escolar, pois como destaca
SEVERINO (1988, p.88),
Educar contra-ideologicamente é utilizar, com a devida competência e criatividade, as ferramentas do conhecimento, as únicas de que efetivamente o homem dispõe para dar sentido às praticas mediadoras de sua existência real.
CULTURA
A cultura pode ser entendida como resultado de toda produção humana, neste sentido
destacamos SAVIANI (1992, p.19) que diz:
Para sobreviver o homem necessita extrair da natureza, ativa e intencionalmente, os meios de sua subsistência. Ao fazer isso ele inicia o processo de transformação da natureza, criando um mundo humano, o mundo da cultura.
22
Toda a organização curricular, por sua natureza e especificidade precisa completar várias
dimensões da ação humana, entre elas a concepção de cultura. Desta forma, podemos
considerar a argumentação de SACRISTAN (2001, p. 105).
De um ponto de vista antropológico, cultura é tudo o que elabora, e elaborou, o ser humano, desde a mais sublime música ou obra literária até as formas de destruir-se a si mesmo e as técnicas de tortura, a arte, a ciência, a linguagem, os costumes, os hábitos de vida, os sistemas morais, as instituições sociais, as crenças, as religiões, as formas de trabalhar.
Sobre o conceito de conhecimento destacamos TADEU (1999):
Todo conhecimento, na medida em que se constitui num sistema de significação, é cultural. Além disso, como sistema de significação, todo conhecimento está estreitamente vinculado com relações de poder.
Ao mesmo tempo em que se tornam visíveis manifestações e expressões culturais de
grupos dominados, observa-se o predomínio de formas culturais produzidas e vinculadas
pelos meios de comunicação de massa, nas quais aparecem de forma destacada as
produções culturais em sua dimensão material e não-material. Assim, é necessário
considerar as colocações de SILVA (1999):
Tornou-se lugar comum destacar a diversidade das formas culturais do mundo contemporâneo. É um fato paradoxal, entretanto, que essa suposta diversidade conviva com fenômenos igualmente surpreendentes de homogeneização cultural.
Na escola, em sua prática há a necessidade da consciência de tais diversidades culturais,
especialmente da sua função de trabalhar as culturas populares de forma a levá-los à
produção de uma cultura erudita, como afirma SAVIANI, apud, FRIGOTTO, (1994p. 189):
A mediação da escola, instituição especializada para operar a passagem do saber espontâneo ao saber sistematizado, da cultura popular à cultura erudita; assume um papel político fundamental.
Respeitando a diversidade cultural e valorizando a cultura popular e erudita cabe a escola
aproveitar essa diversidade, existente, para fazer dela um espaço motivador, aberto e
democrático.
23
CONCEPÇÃO DE TRABALHO
O trabalho é uma atividade que está na base de todas as relações humanas,
condicionando e determinando a vida. De acordo com ANDERY (1998, p.13), o trabalho é
“uma atividade humana intencional que envolve forma de organização, objetivando a
produção dos bens necessários à vida”.
Nesta perspectiva é preciso entender o trabalho como ação intencional, o homem em
suas relações sociais, dentro de uma sociedade capitalista e na produção de bens.
Porém, é preciso compreender que o trabalho não acontece de forma isolada, estando
sobrecarregado pelas relações de poder.
Quando produz bens, estes são classificados em materiais ou não materiais. Os bens
materiais são produzidos para posterior consumo, gerando o comércio. Já nos bens não
materiais produção e consumo acontecem simultaneamente.
Ao considerarmos o trabalho uma práxis humana, é importante o entendimento de que o
processo educativo é um trabalho não material, uma atividade intencional que envolve,
formas de organização necessária para a formação do ser humano.
O conhecimento como construção histórica é matéria-prima (objeto de estudo) do
professor e do aluno, que indagando sobre o mesmo irá produzir novos conhecimentos,
dando-lhes condições de entender o viver, propondo modificações para a sociedade em
que vive, permitindo ao cidadão – produtor chegar ao domínio intelectual do técnico e das
formas de organização social sendo, portanto capaz de criar soluções originais para
problemas novos que exigem criatividade, a partir do domínio do conhecimento.
CONCEPÇÃO DE CIÊNCIA
A ciência nasce da necessidade de explicar os fatos observados de forma sistematizada
utilizando métodos. De acordo com ANDERY (1980), a ciência pode ser entendida com:
A ciência é uma das formas do conhecimento produzido pelo homem no decorrer de sua história, portanto a ciência também é determinada pelas necessidades materiais do homem em cada momento histórico, ao mesmo tempo, que nela interfere.
Dependendo de como se concebe o mundo, o homem e o conhecimento, assim será a
concepção da ciência.
24
No decorrer da história, a ciência está sempre presente para reproduzir ou transformar.
Na sociedade capitalista, o conhecimento científico é produzido de forma desigual,
estando a serviço de interesses políticos, econômicos e sociais do processo histórico, não
atingindo a totalidade da população.
A escola tem a função social de garantir o acesso de todos aos saberes científicos
produzidos pela humanidade.
Nereide Saviani afirma que “a ciência merece lugar destacado no ensino como meio de
cognição e enquanto objeto de conhecimento”, ou seja, ao mesmo tempo em que eleva o
nível de pensamento dos estudantes, permite-lhes o conhecimento da realidade, o que é
indispensável para que não apenas conheçam e saibam interpretar o mundo em que
vivem, mas com isto saibam nele atuar e transformá-lo.
CONCEPÇÃO DE TECNOLOGIA
Sobre tecnologia NOBLE (1984) assinala que criou-se uma redoma falaciosa em torno do
verdadeiro propósito e natureza da tecnologia. Segundo o autor: Esta é a vista na sociedade como um processo autônomo; algo constituído e visto à margem de tudo como se tivesse vida própria, independente das intenções sociais, poder e privilégio. Examinamos a tecnologia como se fosse algo que mudasse constantemente, e que constantemente, provocasse alterações profundas na vida das escolas. Decerto que isto é parcialmente verdade. No entanto, se nos debruçarmos sobre o que tem vindo a mudar podemos incorrer no erro de não questionar quais as relações que permanecem inalteradas. De entre estas, as mais importantes são as desigualdades econômicas e culturais que dominam a nossa sociedade.
Segundo MACHADO (2002), o processo educativo há de se revelar capaz de sistematizar
a tendência à inovação solicitando o papel criador do homem. É preciso implementar no
Sistema Educacional, uma pedagogia mediante a qual não apenas se reforme o
ensinamento, mas que também se facilite à aprendizagem.
A tecnologia tem um impacto significativo não só na produção de bens e serviços, mas
também no conjunto das relações sociais e nos padrões culturais vigentes.
A LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9394/96 ao propor a formação
tecnológica como eixo do currículo assume, segundo KUENZER (2000), a concepção que
a aponta como a síntese, entre o conhecimento geral e o específico, determinando novas
formas de selecionar, organizar e tratar metodologicamente os conteúdos.
A tecnologia deve ser entendida como uma ferramenta sofisticada e alternativa no
contexto educacional, pois a mesma pode contribuir para o aumento das desigualdades,
25
ou para a inserção social se vista como uma forma de estabelecer mediações entre o
aluno e o conhecimento em todas as áreas.
Urge, pois continuar a lutar pela escolarização como um bem público contra a domesticação política que tem inflamado o debate educativo contribuindo para que a educação em geral e o currículo, em particular, se constitua numa efetiva base para que os mais desfavorecidos tenham, tomem e transformem a própria concepção de poder. (PARASKEWA, 2001)
Assim, fica claro que, somente ter no currículo uma concepção de educação tecnológica
não será suficiente para o acesso de todos da Escola Pública, ainda que haja uma
intenção política que possibilite investimento, pois os recursos tecnológicos disponíveis
nesta instituição de ensino são insuficientes para o desenvolvimento das práticas
educativas, sendo um meio de estabelecer relações entre o conhecimento científico,
tecnológico, histórico e social, ampliando as transformações sociais e desencadeando
uma série de mudanças na forma como se constrói o conhecimento, possibilitando
articular ação, teoria e prática.
CONCEPÇÃO DE HOMEM
O homem é um ser natural e social, ele age na natureza transformando-a segundo suas
necessidades e para além delas. Nesse processo de transformação, ele envolve múltiplas
relações em determinado momento histórico, assim, acumula experiências e em
decorrência destas, ele produz conhecimentos.
Sua ação é intencional e planejada, mediada pelo trabalho, produzindo bens materiais e
não-materiais que são apropriados de diferentes formas pelo homem, conforme SAVIANI
(1992):
O homem necessita produzir continuamente sua própria existência. Para tanto, em lugar de se adaptar a natureza, ele tem que adaptar a natureza a si, isto é, transformá-la pelo trabalho.
Considerando o homem em ser social, ele atua e interfere na sociedade, se encontra com
o outro nas relações familiares, comunitárias, produtivas e também na organização
política, garantindo assim sua participação ativa e criativa nas diversas esferas da
sociedade.
O homem, como sujeito de sua história, segundo SANTORO.
[...] é aquele que na sua convivência coletiva compreende suas condições existenciais transcende-as e reorganiza-as, superando a condição de objeto, caminhando na direção de sua emancipação participante da história coletiva.
26
Partindo do pressuposto que o homem constitui-se um ser histórico, faz-se necessário
compreendê-lo em suas relações inerentes a natureza humana. Entendemos que o
homem é, antes de tudo, um ser de vontade, um ser que se pronuncia sobre a realidade.
CONCEPÇÃO DA SOCIEDADE
Quando se questiona o próprio sentido da escola, a sua função social e a natureza do
trabalho educativo, enquanto docentes, aparecemos sem iniciativa, “arredados ou
deslocados pela força arroladora dos fatos, pela vertiginosa sucessão de acontecimentos
que tornaram absolutos os conteúdos e as práticas educativas” (GOMES, 1998)
E para que isso não aconteça é que precisamos entender em que tipo de sociedade
estamos inseridos. Para SEVERINO (1988), a sociedade é um agrupamento tecido por
uma série de relações diferenciadas e diferenciadoras. É configurada pelas experiências
individuais do homem, havendo uma interdependência em todas as formas da atividade
humana, desenvolvendo relações, instaurando estruturas sociais, instituições sociais e
produzindo bens, garantindo a base econômica e é o jeito específico do homem realizar
sua humildade, sendo que, de acordo com PINTO (1994):
A sociedade configura todas as experiências individuais do homem, transmitindo-lhe resumidamente todos os conhecimentos adquiridos no passado do grupo e recolhe as contribuições que o poder de cada indivíduo engendra e que oferece a sua comunidade. Nesse sentido a sociedade cria o homem para si.
A sociedade é mediadora do saber e da educação presente no trabalho concreto dos
homens, que criam novas possibilidades da cultura e de agir social a partir das
contradições geridas pelo processo de transformação da base econômica.
Segundo SAVIANI, o entendimento do modo como funciona a sociedade não pode se
limitar às aparências. É necessário compreender as leis que regem o desenvolvimento da
sociedade. Obviamente que não se trata aqui de leis naturais, mas sim de leis históricas,
ou seja, de leis que se constituem historicamente.
BORON (1986) questiona que tipo de sociedade deixa como legado a ideologia do
neoliberalismo. Seria uma sociedade heterogênea e fragmentada, marcada por profundas
desigualdades de todo tipo – classe, etnia, gênero, religião, etc – que foram exacerbadas
com a aplicação das políticas neoliberais.
27
Essa crescente fragmentação do social que potencializaram as políticas conservadoras foi
por sua vez reforçada pelo excepcional avanço tecnológico e científico e seu impacto
sobre o paradigma produtivo contemporâneo.
Acreditamos que em uma sociedade democrática a democracia pressupõe uma
possibilidade de participação do conjunto dos membros da sociedade em todos os
processos decisórios que dizem respeito à sua vida (em casa, na escola, no bairro, etc).
Concluímos que nossa convicção fundamenta-se no processo histórico que nos ensina
que não há verdades eternas e absolutas nas relações entre sociedade e o Estado.
Essas por sua vez buscam uma democracia substantiva, participante, regida por
princípios éticos de liberdade e igualdade social.
CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO
A educação é uma prática social, uma atividade específica dos homens situando-os
dentro da história. Ela não muda o mundo, mas o mundo pode ser mudado pela ação na
sociedade e nas suas relações de trabalho. De acordo com SAVIANI (1992, p.19):
Educação é um fenômeno próprio dos seres humanos, significa afirmar que ela é, ao mesmo tempo, uma exigência do e para o processo de trabalho, bem como é ela própria, um processo de trabalho.
Segundo PINTO (1994) a educação é um processo histórico de criação do homem para a
sociedade e simultaneamente de modificação da sociedade para benefício do homem.
É o processo pela dimensão histórica por representar a própria história individual do ser
humano e da sociedade em sua evolução.
É um fato existencial porque o homem se faz ser homem – processo constitutivo do ser
humano.
É um fato social pelas relações de interesses e valores que movem a sociedade, num
movimento contraditório de reprodução do presente e da expectativa de transformação
futura.
É intencional ao pretender formar um homem com um conceito prévio de homem.
É libertadora porque segundo BOFF (2000, p.77) se faz necessário desenvolver uma
educação que nos abra para uma democracia integral, capaz de produzir um tipo de
desenvolvimento socialmente justo e ecologicamente sustentado.28
Nesse sentido, a educação visa atingir três objetivos que forma o ser humano para gerir
uma democracia aberta.
São eles:
- A apropriação pelo cidadão e pela comunidade dos instrumentos adequados
para pensar a sua prática individual e social e para ganhar um visão
globalizante da realidade que o possa orientar em sua vida;
- A apropriação pelo cidadão e pela comunidade do conhecimento científico,
político, cultural acumulado pela humanidade ao longo da história para garantir-
lhe a satisfação de suas necessidades e realizar suas aspirações;
- A apropriação por parte dos cidadãos e da comunidade, dos instrumentos de
avaliação crítica do conhecimento acumulado, reciclá-lo e acrescentar-lhe novo
conhecimento através de todas as faculdades cognitivas humana.
Vista como processo de desenvolvimento da natureza humana, a educação tem suas
finalidades voltadas para o aperfeiçoamento do homem que dela necessita para
constituir-se e transformar a realidade.
MARCO OPERACIONAL
O Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos SESI / CIC desenvolverá
ações pedagógicas descentralizadas, efetivadas em situações de evidente necessidade,
dirigidas a grupos sociais com perfis e necessidades próprias e onde não haja oferta de
escolarização para jovens, adultos e idosos, respeitada a proposta pedagógica e o
regimento escolar.
No que se refere à freqüência, na organização coletiva, tanto no Ensino Fundamental
quanto no Ensino Médio,.esta terá o padrão mínimo de 75% (setenta e cinco por cento)
da carga horária prevista para cada disciplina, e na organização individual o aluno deverá
cursar 100% (cem por cento) da carga horária de cada disciplina.
Dentro do processo de aceleração, o aluno pode fazer classificação, tanto no Ensino
Fundamental e Médio, que é o procedimento que o estabelecimento de ensino adota
para posicionar o aluno na etapa de estudos compatível com a idade, experiência e
desenvolvimento, adquiridos por meios formais ou informais, podendo ser realizada:
29
I.por promoção, para alunos que cursaram, com aproveitamento, a série ou fase anterior,
na própria escola;
II.por transferência, para os alunos procedentes de outras escolas, do país ou do exterior,
considerando a classificação da escola de origem;
III.independentemente da escolarização anterior, mediante avaliação para posicionar o
aluno na série, ciclo, disciplina ou etapa compatível ao seu grau de desenvolvimento e
experiência, adquiridos por meios formais ou informais.
A classificação tem caráter pedagógico centrado na aprendizagem, e exige as seguintes
ações para resguardar os direitos dos alunos, das escolas e dos profissionais:
I. organizar comissão formada por docentes, pedagogos e direção da escola para efetivar
o processo;
II.proceder avaliação diagnóstica, documentada pelo professor ou equipe pedagógica;
III comunicar o aluno e/ou responsável a respeito do processo a ser iniciado, para obter o
respectivo consentimento;
IV.arquivar Atas, provas, trabalhos ou outros instrumentos utilizados;
V.registrar os resultados no Histórico Escolar do aluno.
É vedada a classificação para ingresso no ano inicial do Ensino Fundamental.
O processo de classificação na modalidade Educação de Jovens e Adultos poderá
posicionar o aluno, para matrícula na disciplina, em 25%, 50%, 75% ou 100% da carga
horária total de cada disciplina do Ensino Fundamental – Fase II e, no Ensino Médio, em
25%, 50%, 75% da carga horária total de cada disciplina, de acordo com a Proposta
Pedagógica da Educação de Jovens e Adultos.
Do total de carga horária restante a ser cursada na disciplina, na qual o aluno foi clas-
sificado, é obrigatória a freqüência de 75% na Organização Coletiva e de 100% na
Organização Individual.
Na classificação com êxito, em 100% do total da carga horária, em todas as disciplinas do
Ensino Fundamental – Fase II, o aluno está apto a realizar matrícula inicial no Ensino
Médio.
Contamos ainda, com a reclassificação, que é o processo pelo qual o estabelecimento de
ensino avalia o grau de experiência do aluno matriculado, preferencialmente no início do
ano, levando em conta as normas curriculares gerais, a fim de encaminhá-lo à etapa de
30
estudos, compatível com sua experiência e desenvolvimento, independentemente do que
registre o seu Histórico Escolar.
Cabe aos professores, ao verificarem as possibilidades de avanço na aprendizagem do
aluno, devidamente matriculado e com freqüência na série/disciplina, dar conhecimento à
equipe pedagógica para que a mesma possa iniciar o processo de reclassificação.
Os alunos, quando maiores de idade, ou seus responsáveis, poderão solicitar aceleração
de estudos através do processo de reclassificação, facultando à escola aprová-lo ou não.
A equipe pedagógica comunicará, com a devida antecedência, ao aluno e/ou seus
responsáveis, os procedimentos próprios do processo a ser iniciado, a fim de obter o
devido consentimento.
A equipe pedagógica do estabelecimento de ensino, assessorada pela equipe do Núcleo
Regional de Educação, instituirá Comissão, conforme orientações emanadas da
Secretaria de Estado da Educação, a fim de discutir as evidências e documentos que
comprovem a necessidade da reclassificação.
Cabe à Comissão elaborar relatório dos assuntos tratados nas reuniões, anexando os
documentos que registrem os procedimentos avaliativos realizados, para que sejam
arquivados na Pasta Individual do aluno.
O aluno reclassificado deve ser acompanhado pela equipe pedagógica, durante dois
anos, quanto aos seus resultados de aprendizagem.
Na modalidade Educação de Jovens e Adultos, o estabelecimento de ensino poderá
reclassificar os alunos matriculados, considerando que o aluno deve ter cursado, no
mínimo, 25% do total da carga horária definida para cada disciplina, no Ensino
Fundamental – Fase II e no Ensino Médio;
Fica vedada a reclassificação na disciplina de Ensino Religioso.
O processo de reclassificação, na modalidade Educação de Jovens e Adultos, poderá
posicionar o aluno, em 25%, 50% ou 75% da carga horária total de cada disciplina do
Ensino Fundamental – Fase II e no Ensino Médio em 25% ou 50% da carga horária total
de cada disciplina:
I. tendo cursado 25% e avançando em 25%, o aluno deverá cursar ainda 50% da carga
horária total da disciplina e obter as seguintes quantidades de registros de notas:
a) nas disciplinas de Língua Portuguesa, Matemática e Língua Portuguesa e Literatura,
o aluno deverá ter 4 (quatro) registros de notas;
31
b) nas disciplinas de Geografia, História, Ciências Naturais, Língua Estrangeira Moderna,
Química, Física e Biologia, o aluno deverá ter 3 (três) registros de notas;
c) nas disciplinas de Artes, Arte, Filosofia, Sociologia, Educação Física, o aluno deverá ter 2 (dois) registros de notas.
II. tendo cursado 25% e avançando em 50%, o aluno deverá cursar ainda 25% da carga
horária total da disciplina e obter as seguintes quantidades de registros de notas:
a) nas disciplinas de Língua Portuguesa, Matemática e Língua Portuguesa e Literatura, o
aluno deverá ter 3 (três) registros de notas;
b)nas disciplinas de Geografia, História, Ciências Naturais, Língua Estrangeira Moderna,
Química, Física e Biologia, o aluno deverá ter 2 (dois) registros de notas;
c) nas disciplinas de Artes, Artes, Filosofia, Sociologia, Educação Física, o aluno deverá
ter 2 (dois) registros de notas.
III - tendo cursado 25% e avançado em 75% da carga horária total da disciplina do
Ensino Fundamental - Fase II, o aluno será considerado concluinte da disciplina.
Caso o aluno tenha cursado 25% ou mais da carga horária total da disciplina do
Ensino Médio, após reclassificado, deverá cursar ainda, para a conclusão da disciplina,
obrigatoriamente, no mínimo, 25% do total da carga horária.
O resultado do processo de reclassificação será registrado em Ata e integrará a Pasta
Individual do aluno.
O resultado final do processo de reclassificação realizado pelo estabelecimento de ensino
será registrado no Relatório Final, a ser encaminhado à Secretaria de Estado da
Educação.
A reclassificação é vedada para a etapa inferior à anteriormente cursada.
Para que o processo seja executado a contento, serão estabelecidos planos de estudos e
atividades, sendo que tanto no atendimento individual como no coletivo, os educandos
receberão um Guia de Estudos.
Nesse sentido, a escolarização, em todas as disciplinas, será organizada de forma
coletiva e individual, ficando a critério do aluno escolher a maneira que melhor se adapte
às suas condições e necessidades, ou mesmo mesclar essas formas, ou seja, cursar
algumas disciplinas organizadas coletivamente e outras individualmente.32
Na organização coletiva, será programada pela escola e oferecida aos alunos por meio de
um cronograma que estipula o período, dias e horário das aulas, com previsão de início e
término de cada disciplina, oportunizando ao aluno a integralização do currículo, que
poderá ser flexibilizado, quando necessário. A mediação pedagógica ocorrerá priorizando
o encaminhamento dos conteúdos de forma coletiva, na relação professor-aluno e
considerando os saberes adquiridos na história de vida dos educandos.
Com relação à organização individual, esta será programada pela escola e oferecida aos
alunos por meio de um cronograma que estipula o período, dias e horário das aulas,
contemplando mais intensamente a relação pedagógica personalizada e o ritmo próprio
do aluno, nas suas condições de vinculação à escolarização e nos saberes já
apropriados.
Será ofertado 100% do total dos conteúdos que integram a proposta pedagógica
curricular da disciplina.
Quanto aos níveis de ensino, haverá a oferta de Ensino Fundamental Fase II, tendo como
referência as Diretrizes Curriculares Nacionais e Estaduais, que consideram os conteúdos
como meios para que os alunos possam produzir bens culturais, sociais, econômicos e
deles usufruírem, possibilitando a continuidade dos estudos para o Ensino Médio.
O Ensino Médio no Estabelecimento Escolar terá como referência em sua oferta, os
princípios, fundamentos e procedimentos propostos nas Diretrizes Curriculares Nacionais
para o Ensino Médio – Parecer 15/98 e Resolução nº 02 de 07 de abril de 1998/CNE e
nas Diretrizes Curriculares Estaduais da Educação de Jovens e Adultos.
Este Estabelecimento Escolar ofertará Exames Supletivos, atendendo ao disposto na Lei
n.º 9394/96, desde que autorizado e credenciado pela Secretaria de Estado da Educação,
por meio de Edital próprio emitido pelo Departamento de Educação de Jovens e Adultos.
A EJA contempla, também, o atendimento a alunos com necessidades educacionais
especiais. Considerando a situação em que se encontram individualmente para estes
alunos, devem-se priorizar ações educacionais específicas e que oportunizem o acesso, a
permanência e o êxito destes no espaço escolar.
Uma vez que esta terminologia pode ser atribuída a diferentes grupos de alunos que, por
razões diversas, fracassam em seu processo de aprendizagem escolar, a legislação
assegura a oferta de atendimento educacional especializado aos alunos que apresentam
necessidades educacionais especiais decorrentes de:
- deficiências intelectual, física neuromotora, visual e pessoa com surdez;
33
- transtornos globais do desenvolvimento;
- superdotação/altas habilidades.
Destacamos o significado de alternativas especiais, de acordo com CARVALHO (2001):
É importante destacar que “especiais” devem ser consideradas as alternativas e as estratégias que a prática pedagógica deve assumir para remover barreiras para a aprendizagem e participação de todos os alunos.
Desse modo, desloca-se o enfoque do especial ligado ao aluno para o enfoque do
especial atribuído à educação. Mesmo que os alunos apresentem características
diferenciadas decorrentes não apenas de deficiências, eles terão direito a receber apoios
diferenciados daqueles normalmente oferecidos pela educação escolar.
Garante-se, dessa forma, que a inclusão educacional realize-se, assegurando o direito à
igualdade com equidade de oportunidades. Isso não significa o modo igual de ensinar a
todos, mas uma forma de garantir os apoios e serviços especializados para que cada um
aprenda, resguardando-se suas singularidades.
As relações humanas transformam as sociedades e essas mudanças também passam
pelo conhecimento da diversidade do nosso país. Enriquecer o currículo das diversas
disciplinas, abordando conteúdos que visam conhecer, valorizar e divulgar aspectos
relevantes da história dos povos africanos e indígenas no Brasil, visando à construção da
sociedade brasileira. Incentivar a reflexão constante quanto à discriminação racial, a
valorização da diversidade étnica, gerar debates, estimular valores e comportamentos de
respeito mútuo, solidariedade e tolerância.
Com a obrigatoriedade da temática histórica e cultural afro-brasileira e indígena nas
escolas públicas e privadas do Paraná, o CEEBJA CIC implementa as Leis N° 10.639/03
e N°11.645/08 nos seus Art. 5o, I, Art. 210o, Art. 206o, I, § 1o do Art. 242o, Art. 215o e Art.
216o, que modificaram a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) (Lei no
9.394/96 no Art. 26 A), no Parecer CNE/CP no 03/04; na Resolução CNE/CP no 01/04; no
Estatuto da Igualdade Racial; Deliberação no 04/2006-CEE/PR; na Resolução
3399/10/SEED e na Instrução no 017/2006 - SUED/SEED.
Para essa implementação, faz-se necessário que em todas as disciplinas se faça a
releitura da história do mundo africano, afro-brasileiro e indígena, suas culturas e os
reflexos sobre a vida dos brasileiros em geral, rompendo com o modelo vigente na
sociedade brasileira, garantindo a cidadania e a igualdade racial.
34
A lei, tão somente, não basta, é preciso que o ensino-aprendizagem tenha um resultado
eficaz, valorizando conhecimentos dessas culturas, fazendo acontecer mudanças
necessárias. Aprendemos a história dos outros, ou parte dela, no entanto, a cultura
universal inclui feitos afros e indígenas de grande importância, principalmente em nosso
país. Entretanto, estes são desconhecidos ou desprezados pela educação brasileira. Uma
sociedade democrática e justa inclui todos os setores da população, não admitindo a
existência de distorções, diferenças ou dominação.
Ciente de sua responsabilidade na formação de profissionais da Educação e para
Educação, o CEEBJA CIC, possibilita aos futuros profissionais desta área, campo de
estágio contextualizado sob a ótica da articulação entre a teoria e a prática, enquanto
relação fundamental para a prática docente.
Neste entendimento citamos o Parecer Nº 21, de 2001, do Conselho Nacional de
Educação, o qual define o Estágio Curricular como:
[...] tempo de aprendizagem que, através de um período de permanência, alguém se demora em algum lugar ou ofício para aprender a prática do mesmo e depois poder exercer uma profissão ou ofício. Assim o estágio supõe uma relação pedagógica entre alguém que já é um profissional reconhecido em um ambiente institucional de trabalho e um aluno estagiário [...] é o momento de efetivar um processo de ensino/aprendizagem que, tornar-se-á concreto e autônomo quando da profissionalização deste estagiário.
O CEEBJA CIC tem clareza de que o Estágio Curricular contempla um tempo destinado a
um processo de ensino e de aprendizagem o qual reconhece, apesar da formação
oferecida em sala de aula ser fundamental, só ela não ser suficiente para o preparo dos
alunos para o pleno exercício de sua profissão. A inserção necessária da realidade no
cotidiano escolar é proporcionada pelo fomento do estágio.
Ressaltando o entendimento da Escola e em consonância com esse pensamento, citamos
PIMENTA (2001, p. 21) que afirma:
Estágio e disciplinas compõem o currículo de um curso”. Com isto fica claro que o estágio é o espaço/tempo no currículo de formação, destinado às atividades que devem ser realizadas pelos discentes nos futuros campos de atuação profissional, onde os alunos devem fazer a leitura da realidade, o que exige competências para “saber observar, descrever, registrar, interpretar e problematizar e, conseqüentemente, propor alternativas de intervenção.
Em se tratando do Estágio Não Obrigatório, cientes do indicativo legal quanto ao
cumprimento da Lei n.º 11.788/2008, privilegiamos em nossa prática pedagógica o
acompanhamento das atividades desenvolvidas pelos alunos - mesmo que não
diretamente nas empresas - para que este aspecto possa mediar a natureza do estágio e
35
das possíveis contribuições deste, para os planos de trabalhos dos docentes. Este
acompanhamento ainda possibilita a análise pedagógica, se os conhecimentos
articulados nas diferentes disciplinas, se configuram em instrumental de compreensão e
em qual medida o estágio estabelece relação histórica, econômica, política, cultural e
social com este aporte teórico. Nesta perspectiva, o estágio pode e deve permitir ao
estagiário que as ações desenvolvidas na experiência laboral sejam trazidas para a
escola.
LÍNGUA PORTUGUESA
1. CONCEPÇÃO DA ÁREA DE CONHECIMENTO
Segundo VIGOTSKY, a interação social e da relação dialógica propiciam uma formação
intelectual, social e política nos diversos contextos sociais, e diferentes saberes e fazeres.
Nesta linha temos também Bakhtin, que afirma que os seres humanos aprendem a
realidade e a constroem na medida em que se relacionam com o outro, atribuindo um
sentido do seu próprio viver.
Esse autor propõe o confronto e a interação dos diversos discursos, a partir de temáticas
do cotidiano.
Portanto, o objeto de estudo da língua deve ser o texto oral e escrito produzidos nas
diversas situações de interação social.
Ler um texto significa perceber o contexto histórico, social, econômico, filosófico e político
em que ele se insere. Isso leva o aluno ao domínio efetivo de falar, ler e escrever.
Vale lembrar que a experimentação literária torna-se uma exigência ética da escola.
É um momento do exercício de percepção e de incorporação de um tipo de discurso ou
comportamento linguísticos que correspondem ao exercício pleno da liberdade criadora.
Por seu acesso, o aluno conseguirá perceber e exercitar as possibilidades mais remotas e
imprevistas a que sua Língua pode remeter. (FREDERICO; OSAKABE, 2004, p.79)
2. OBJETIVOS DA DISCIPLINA
O objetivo do ensino da língua é orientar para o uso social da mesma, de acordo com a
norma padrão. 36
O mais importante é criar oportunidades para o aluno refletir, construir, considerar
hipóteses a partir da leitura e da escrita de diferentes textos, instância em que pode
chegar à compreensão de como a língua funciona e à decorrente competência textual.
Deve também promover a interdisciplinaridade, permitindo assim que o educando
estabeleça relações com as diversas áreas do conhecimento.
O desenvolvimento da prática escrita é importante, pois o texto do educando revela, além
do conhecimento de mundo, os conteúdos aprendidos e os que devem ser priorizados.
Sendo assim, a avaliação precisa ser entendida como instrumento da compreensão do
nível de aprendizagem dos alunos em relação às práticas de linguagem: leitura, produção
de texto e análise linguística.
O uso da expressão análise linguística não se deve ao mero gosto por novas tecnologias.
A análise constitui tanto o trabalho sobre as questões tradicionais da gramática, quanto as
questões amplas a propósito do texto, entre as quais vale a pena citar: coesão e
coerência internas do texto; adequação do texto aos objetivos pretendidos; análise dos
recursos expressivos utilizados; organização e inclusão de informações etc. (GERALDI, p.
74, 2004).
O erro no processo ensino-aprendizagem indica os conteúdos que devem ser retomados
pelo educador.
Portanto, o trabalho com as práticas linguísticas deve partir das necessidades dos
educandos.
3. CONTEÚDOS DA ÁREA
ENSINO FUNDAMENTAL
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES CONTEÚDOS BÁSICOS
VARIEDADES LINGUÍSTICAS
GÊNEROS TEXTUAIS OU DISCURSIVOS
- Norma culta, dialetos, gírias, regionalismo, outras formas de registros,- Funções da linguagem,- Linguagem verbal e não verbal.- Leitura e análise textual: textos
diversos: charge, publicitário, cartas, história em quadrinhos, prosa, poesia, narrativo, descritivo e dissertativo.
37
ELEMENTOS GRAMATICAIS NA CONSTRUÇÃO DO TEXTO
- Discurso direto e indireto,- Aspectos formais do texto:
acentuação, pontuação, ortografia, paragrafação, título e legibilidade,
- Relação entre imagem e texto,- Produção de diferentes tipos de textos: narrativo, descritivo, dissertativo, charge, poesia e diferentes tipos de cartas.- Pontuação,- Ortografia,- Sinônimo e Antônimo,- Paragrafação,- Regras de acentuação,- Advérbio, - Artigo,- Emprego dos porquês,- Classe das palavras: substantivo,
adjetivo, pronomes, verbos e outros,- Concordância verbal,- Verbos querer, pôr, ter e vir- Regência verbal,- Conotação e denotação,- Coesão e coerência,- Concordância nominal,- Homônimos e parônimos,- Abreviaturas e siglas,- Sujeito e predicado.
ENSINO MÉDIO
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES CONTEÚDOS BÁSICOS
38
VARIEDADES LINGUÍSTICAS
GÊNEROS TEXTUAIS OU DISCURSIVOS
ELEMENTOS GRAMATICAIS NA CONSTRUÇÃO DO TEXTO
- Norma culta, dialetos, gírias, regionalismo, outras formas de registros,
- Funções da linguagem,- Linguagem verbal e não verbal.- Análise textual: textos diversos:
charge, científicos, reportagem, publicitário, narrativo, descritivo, dissertativo, entrevista, história em quadrinhos, prosa, poesia.
- Leitura e interpretação de diferentes tipos de textos,
- Elementos coesivos e coerência textual: unidade temática, elementos lógico discursivos, tese, organização de parágrafos, contexto discursivo, interlocutor, idéia central, seqüência lógica, progressão, retomada dos elementos coesivos, título como elemento coesivo entre outros,
- Discurso direto e indireto,- Recursos visuais, sonoros, olfativos,
gráficos, etc,- Relações referenciais: elipse, repetição, sinais de pontuação,- Relação entre imagem e texto,- Produção de diferentes tipos de textos: narrativo, descritivo, dissertativo, publicitário, charge, poesia, publicitários, científicos, etc.- Pontuação,- Ortografia,- Advérbio, - Classe das palavras: substantivo,
adjetivo, pronomes, verbos e outros,- Concordância verbal,- Verbos querer, pôr, ter e vir- Regência verbal,- Conotação e denotação,- Coesão e coerência,- Concordância nominal,- Homônimos e parônimos,- Colocação pronominal na construção
do texto,- Figuras de linguagem na construção
- Composição,- Análise sintática: sujeito e predicado,
39
LITERATURA
- Termos acessórios da oração,- Termos independentes da oração,- Flexão dos verbos irregulares do
texto,- Formação de palavras: prefixo,
sufixo, radical, derivação,- Arte literária e outras artes,- História e literatura,- Gêneros literários,- Linguagem literária e não literária,- Leitura e interpretação de textos
diversos: verso e prosa,- Movimentos literários: Literatura
Brasileira, Quinhentismo, Barroco, Arcadismo, Romantismo, Realismo, Naturalismo, Parnasianismo, Simbolismo, Modernismo: 1ª, 2ª e 3ª fases e Tendências Contemporâneas.
4. ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS DA ÁREA
O encaminhamento da Língua Portuguesa terá como unidade básica de ensino o texto,
em sua grande diversidade de gêneros, levando em conta que o mesmo coloca o aluno
sempre frente a tarefas globais e complexas para garantir a apropriação efetiva dos
múltiplos aspectos envolvidos.
Será necessário que o professor reintroduza-o nas práticas de escuta, leitura e produção,
permitindo que o trabalho com a literatura permita a passagem gradual da leitura não
comum para uma leitura mais extensiva.
Serão empregadas estratégias de compreensão dos diversos tipos de textos, que se
distinguem do falar cotidiano, articulando elementos linguísticos a outros de natureza não
verbal e, quando necessário, registro e documentação escrita.
A partir do saber existente no aluno, somado ao que o professor detém, ocorrerá a real
construção do conhecimento, através do diálogo, da interação, viabilizando, assim, a
verdadeira troca de experiências e, consequentemente, a aprendizagem.
Dessa forma, aluno e professor vivenciarão as práticas da linguagem que devem envolver
o seu todo – leitura, produção de texto, análise lingüística – não fragmentado a
transmissão e conhecimento da língua, mas contextualizando-a no seu universo.
40
O aluno fará a construção de seu próprio saber, a aquisição da língua escrita, que
ocorrerá num contexto de interação e interlocução para que o mesmo possa perceber que
a capacidade que tem de ler e escrever e vivenciar o todo que internalizou na sociedade
em que está inserido.
O domínio das práticas discursivas abrirá possibilidades para que o aluno modifique,
aprimore, reelabore sua visão de mundo e tenha voz na sociedade.
O aprimoramento linguístico possibilitará ao aluno a leitura dos textos que circulam
socialmente, identificando neles o não-dito, o pressuposto, instrumentalizando-o para
assumir-se como sujeito cuja palavra manifesta autonomia e singularidade discursiva.
5. AVALIAÇÃO
A avaliação será diagnósticas, contínuas, sistemáticas, abrangentes e permanentes.
Deverão prevalecer os aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao
longo do período sobre as provas finais.
A avaliação formal contemplará os conteúdos selecionados através do planejamento
(texto e interpretação, gramática e literatura).
Outros instrumentos avaliativos serão adotados durante o processo: produção textual e
reescrita, seminários, pesquisas em sala, trabalhos em equipe, leitura de textos diversos,
debates e dinâmicas de grupo.
Serão registradas seis notas processuais, que corresponderão às provas individuais
escritas, bem como os trabalhos desenvolvidos no decorrer do processo.
Para que as propostas das diretrizes se efetivem em sala de aula é imprescindível a
participação pró-ativa do professor.
Engajado com as questões de seu tempo, tal professor respeitará as diferenças e
promoverá uma ação pedagógica de qualidade a todos os alunos, tanto para derrubar
mitos que sustentam o pensamento único, padrões pré-estabelecidos e conceitos
tradicionalmente aceitos, como para construir relações sociais mais generosas e
includentes.
LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA (LEM)
1. CONCEPÇÃO DE ÁREA DO CONHECIMENTO
41
O Inglês, neste CEEBJA, é visto como uma forma de mostrar aos alunos da EJA uma
visão mais crítica da realidade na qual estão inseridos, possibilitando o contato com uma
nova cultura, e de reconhecer como ela permeia o nosso cotidiano e sua interferência na
nossa vida diária, influenciando comportamentos e escolhas culturais.
Além de criar uma visão crítica desta realidade, também deve possibilitar que o aluno
reflita e tome ações conscientes, permitindo que ele possa usufruir do que vem de fora e
que é bom e ao mesmo tempo escapar do colonialismo imposto.
O conhecimento, na realidade desta escola, procura conscientizar o aluno através do
estudo do inglês, das implicações político-ideológico presentes em nossa sociedade,
fazendo-o repensar conceitos como superior/inferior, melhor/pior na comparação entre
diferentes culturas.
Desta forma, o aluno deve perceber que a idéia de valores é socialmente e historicamente
construída e, portanto, ele pode agir sobre sua realidade transformando-a.
De acordo com as diretrizes, o ensino de Inglês neste CEEBJA deve “rastrear as relações
entre língua, texto e sociedade, as novas tecnologias e as estruturas de poder que lhes
subjazem” (p.59).
2. OBJETIVOS DA DISCIPLINA
Levar o aluno a:
Compreender a diversidade linguística e cultural, entendendo, interagindo com o mundo,
pensando sobre sua realidade e formando opinião. Articular os aspectos discursivos dos
diferentes gêneros textuais. Promover a compreensão dos aspectos sociais e culturais
que envolvem a língua em questão.
Desenvolver o pensamento crítico sobre papel da língua inglesa, suas implicações no
osso cotidiano, e no mundo. E, através da leitura e da escrita, incentivar a pesquisa e a
reflexão.
Perceber e compreender as diferenças linguísticas e culturais e o que isso pode
proporcionar de positivo para o desenvolvimento cultural no Brasil.
Conscientizar-se do papel da língua estrangeira na sociedade.
3. CONTEÚDOS DA ÁREA PARA O ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
ENSINO FUNDAMENTAL
42
CONTEÚDO ESTRUTURANTE CONTEÚDOS BÁSICOS
Discurso como prática social
que possibilite o entendimento,
interação com o mundo, o pensar
sobre a própria realidade e a
formação de opinião.
Gêneros Discursivos de acordo com
sua relevância social.
- Textos informativos;
- Narrativas;
- Textos descritivos;
- Poesias;
- Charges;
- Correspondência;
- Textos informativos tais como:
receitas, bulas de remédios, folders,
outdoors, placas de sinalização, etc...
- os textos serão trabalhados de acordo
com esta modalidade de ensino.
A leitura e escrita desenvolverão:
- a análise de tema;
- interlocução;
- finalidade;
- aceitabilidade;
- intertextualidade;
- temporalidade;
- elementos que compõem o gênero
trabalhado;
- marcas linguísticas e léxico.
O trabalho com o Ensino Fundamental
deve dar base para que o aluno tenha a
possibilidade de aprofundar os
conhecimentos e discussões no
decurso do Ensino Médio.
ENSINO MÉDIO
CONTEÚDO ESTRUTURANTE CONTEÚDOS BÁSICOS
43
Discurso como prática social
que possibilite o entendimento,
interação com o mundo, o pensar
sobre a própria realidade e a
formação de opinião.
Gêneros Discursivos de acordo com
sua relevância social.
- Textos informativos;
- Narrativas;
- Textos descritivos;
- Poesias;
- Charges;
- Correspondência;
- Textos informativos tais como:
receitas, bulas de remédios, folders,
outdoors, placas de sinalização, etc...
- os textos serão trabalhados de acordo
com esta modalidade de ensino.
A leitura e escrita desenvolverão:
- a análise de tema;
- interlocução;
- finalidade;
- aceitabilidade;
- intertextualidade;
- temporalidade;
- elementos que compõem o gênero
trabalhado;
- marcas linguísticas e léxico.
O trabalho com o Ensino Médio será
continuidade do Ensino Fundamental,
aprofundando os conteúdos de acordo
com este nível de ensino.
4. ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS DA ÁREA
44
Os conteúdos e os encaminhamentos metodológicos da EJA serão realizados levando em
consideração a cultura, o trabalho e o tempo disponível do aluno.
O trabalho desenvolvido deverá mostrar ao aluno que o Inglês é uma ferramenta de
globalização e que nela estão embutidos aspectos culturais inerentes aos povos que a
utilizam. Através disto, o aluno terá a possibilidade de comparar, ou questionar valores e
significados próprios daqueles povos que utilizam essa língua e que se agregam a nossa
realidade.
As atividades com leitura englobarão os diversos gêneros textuais e levarão em
consideração o conhecimento de mundo dos educandos e as questões formuladas
possibilitarão discussões reflexivas sobre o texto que estiver sendo analisado.
Outro fator a ser levado em consideração no desenvolvimento das atividades é a
relevância do tema com o momento que a sociedade estiver vivendo, dando oportunidade
ao aluno de expor seus pontos de vista e assumindo um posicionamento crítico e
transformador.
Além disso, o aluno deverá perceber e refletir sobre a diferença entre conotação e
denotação, ou seja, quando o autor está usando o sentido figurado para expressar-se, ou
não. Por fim, o aluno deve ser levado a notar as marcas linguísticas utilizadas para a
construção textual.
Quanto à escrita, esta deve ser planejada considerando-se o texto trabalhado, seu tema,
passando pela aceitabilidade, informatividade e até a ideologia. Ela deve, também,
estimular a ampliação de leituras tanto sobre o gênero como sobre os temas propostos.
O acompanhamento da produção, reescrita, revisão de argumentos e elementos
constituintes do texto precisarão ser constantes. Além do mais, deve-se estimular que o
aluno use palavras e expressões conotativa e denotativamente.
A produção dos textos produzidos em inglês serão sempre supervisionadas e levará em
consideração os recursos disponíveis na sala de aula e na escola.
5. AVALIAÇÃO
Ela servirá para dar um direcionamento ao trabalho pedagógico, bem como permitir que o
aluno tenha clareza daquilo que ele já aprendeu no seu percurso.
Também contribuirá com as discussões sobre as dificuldades e avanços dos educandos e
a retomada do trabalho já realizado.
45
Levando-se em consideração as diferenças de ensino entre esta escola, e o ensino
regular, e o tempo que se leva para concluir a disciplina, optou-se por dar relevância ao
trabalho com a leitura e escrita. Desta forma a avaliação será feita com base no
desenvolvimento que o aluno apresentar nestes dois quesitos.
Assim será considerada sua capacidade de compreensão e análise de textos, localização
de informações, identificação de tema, intenções do autor e as vozes sociais presentes no
texto.
Na escrita o aluno deverá expressar-se claramente, elaborando textos de acordo com o
gênero proposto, partindo do mais simples a produções mais elaboradas.
Também deverá demonstrar que é capaz de diferenciar as condições de uso da
linguagem e utilizar os elementos estruturais pertinentes ao gênero textual em questão.
MATEMÁTICA
1. CONCEPÇÃO DA ÁREA DE CONHECIMENTO
Trabalhar com práticas pedagógicas e mostrar a educação atual, organizando os
conteúdos de maneira a unir a teoria com a prática.
Utilizar a Matemática de maneira contextualizada, associada ao dia-a-dia tendo o cuidado
para não fragmentar os conteúdos.
A educação matemática é um importante ramo do conhecimento humano. Os gregos
conceberam a matemática como um dos instrumentos da arte de conhecer o mundo em
sua totalidade.
Dessa forma, o educador além de dominar os conteúdos matemáticos deve também
conhecer os fundamentos histórico-filosóficos da Matemática.
Nesse sentido, é importante que o educador, como autor de seu plano de ensino, tenha
conhecimento das práticas pedagógicas que norteiam o ensino da Matemática na
atualidade.
Faz-se necessário que o ensino e aprendizagem de matemática contribuam para o
desenvolvimento do raciocínio crítico, pois a emancipação política e social da humanidade
está diretamente ligada ao domínio do conhecimento.
46
A Matemática engloba inúmeros saberes, não sendo um saber pronto e acabado, mas
sim moldado em contradições, dúvidas, onde o aluno adquire o conhecimento de uma
forma progressiva.
Os conteúdos estruturantes organizam os conteúdos básicos a serem trabalhados por
série, compostos tanto pelos assuntos mais estáveis e permanentes da disciplina quanto
pelos que se apresentam em função do movimento histórico e das atuais relações sociais.
2. OBJETIVOS DA DISCIPLINA
A finalidade do Ensino da matemática é fazer com que o educando adquira
conhecimentos científicos para a construção de valores, atitudes, visando a formação
integral do ser humano e do cidadão.
Através da Matemática o aluno compreende a criação das relações sociais, econômicas,
políticas e tecnológicas, possibilitando desenvolver o pensamento humano,
“intelectualmente”, para que possa superar desafios, aplicando as tecnologias associadas
à Matemática na escola, no trabalho e em outros contextos relevantes para a sua vida.
Além disso, a Matemática deve possibilitar o desenvolvimento da potencialidade do
educando, a partir da manipulação de materiais concretos.
3. CONTEÚDOS DA ÁREA
ENSINO FUNDAMENTAL – FASE II
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES CONTEÚDOS BÁSICOS
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NÚMEROS E ÁLGEBRA
GRANDEZAS E MEDIDAS
GEOMETRIA
TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO
FUNÇÕES
- Sistemas de numeração;- Números Naturais;- Múltiplos e divisores;- Potenciação e radiciação;- Números fracionários;- Números decimais;- Números Reais;- Propriedades dos radicais;- Equação do 2º grau;- Teorema de Pitágoras;- Equações Irracionais;- Equações Biquadradas;- Regra de Três Composta.- Medidas de comprimento;- Medidas de massa;- Medidas de área;- Medidas de volume;- Medidas de tempo;- Medidas de ângulos;- Sistema monetário;- Geometria Plana;- Relações Métricas no Triângulo Retângulo;- Trigonometria no Triângulo Retângulo;- Geometria Plana;- Geometria Espacial;- Geometria Analítica;- Geometrias não-euclidianas.- Gráfico e Informação;- População e amostra.- Noção intuitiva de Função Afim;- Noção intuitiva de Função Quadrática
ENSINO MÉDIO
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES CONTEÚDOS BÁSICOS
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GRANDEZAS E MEDIDAS
FUNÇÕES
GEOMETRIAS
TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO
- Medidas de Área;- Medidas de Volume;- Medidas de Grandezas Vetoriais;- Medidas de Informática;- Medidas de Energia;- Trigonometria.- Função Afim;- Função Quadrática;- Função Polinomial;- Função Exponencial;- Função Logarítmica;- Função Trigonométrica;- Função Modular;- Progressão Aritmética;- Progressão Geométrica.
- Geometria Plana;- Geometria Espacial;- Geometria Analítica;- Geometrias não-euclidianas.
- Análise Combinatória;- Binômio de Newton;- Estudo das Probabilidades;- Estatística;- Matemática Financeira.
4. ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS DA ÁREA
Para a compreensão de que o conhecimento matemático é sócio-histórico, faz-se
necessário que o educando estabeleça relações entre os elementos internos da própria
matemática, conteúdos escolares e os conceitos sociais.
Assim, os educandos devem ter oportunidades de contar suas histórias de vida, expor os
conhecimentos informais que têm sobre os assuntos, suas necessidades cotidianas, suas
expectativas em relação à escola e as aprendizagens em matemática.
Com uma estrutura teórica e metodológica o aluno aprende conceitos do cotidiano e a
teoria científica, resolvendo problemas reais (do cotidiano) através da arte da Matemática.
É necessário que o processo pedagógico em Matemática contribua para que o estudante
tenha condições de constatar regularidades, generalizações e apropriação de linguagem
adequada para descrever e interpretar fenômenos matemáticos e de outras áreas do
conhecimento.
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Os Conteúdos Básicos do Ensino Fundamental e Médio deverão ser abordados de forma
articulada, que possibilitem uma intercomunicação e complementação dos conceitos
pertinentes à disciplina de Matemática, numa perspectiva de valorizar os conhecimentos
de cada aluno, quer sejam adquirido na educação formal ou de forma intuitiva.
Estes conhecimentos e experiências provenientes das vivências dos alunos deverão ser
aprofundados e sistematizados, ampliando-os e generalizando-os. É importante a
utilização de recursos didático-pedagógicos e tecnológicos como instrumentos de
aprendizagem.
Em relação às abordagens, destacam-se a análise e interpretação crítica para resolução
de problemas, não somente pertinentes à ciência matemática, mas como nas demais
ciências que, em determinados momentos, fazem uso da matemática.
A compreensão desses pressupostos metodológicos por parte dos educandos e dos
educadores dá significado aos conteúdos escolares a serem estudados.
5. AVALIAÇÃO
A avaliação deve ser sistemática, qualitativa, quantitativa e reflexiva.
É fundamental que a avaliação seja coerente com a metodologia utilizada pelo educador,
bem como com os objetivos que se pretende alcançar.
O ponto principal é captar avanços, dificuldades e resistências, uma vez que os
educandos possuem diferentes tempos de aprendizagem.
Tais oportunidades devem incluir manifestações escritas, orais e de demonstração,
inclusive por meio de ferramentas e equipamentos, tais como, materiais manipuláveis,
computador e calculadora.
No que se refere à avaliação em matemática, considerando o perfil do educando jovem,
adulto ou idoso, pontua-se alguns indicativos a serem contemplados pelos educadores:
- Considerar todas as formas de raciocínio, ou seja, os procedimentos/métodos
utilizados pelo educando para resolver uma determinada situação-problema.
- Resultado não é o único elemento a ser contemplado na avaliação matemática, pois
mesmo que este não esteja de acordo, ele pode ter utilizado métodos coerentes,
equivocando-se em apenas parte do processo de desenvolvimento do raciocínio
matemático.
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- Erro deve ser considerado como ponto de partida para rever caminhos,
compreendendo todo o processo de construção do conhecimento matemático.
Portanto, a avaliação da aprendizagem matemática considerada como mecanismo
diagnóstico, deverá englobar todas as instâncias que compõem a escola: currículo,
planejamento, metodologia, conteúdos, educando, educador, e a própria escola.
A avaliação deverá possibilitar uma constante elaboração e reestruturação não só do
conhecimento produzido, análise entendida como processo, mas na ação pedagógica
como um todo.
A avaliação deve ser uma orientação para o professor na condução de sua prática
docente e jamais um instrumento para reprovar ou reter alunos na construção de seus
esquemas de conhecimento matemático e da teoria.
FÍSICA
1. CONCEPÇÃO DA ÁREA DO CONHECIMENTO
As inconsistências e insuficiências dos modelos explicativos do Universo exigiram novos
estudos que produziram novos conhecimentos físicos.
Tais estudos foram estimulados pelas mudanças econômicas, políticas e culturais
iniciadas no final do século XV com a ampliação da sociedade comercial.
Ao combinar o conhecimento empírico com a Matemática, Galileu realizou uma síntese
que deu origem ao que se convencionou chamar de método científico moderno,
rompendo com o método descritivo de Aristóteles e com o pensamento medieval.
Os conteúdos disciplinares de Física devem ser tratados, na escola, de modo
contextualizado, estabelecendo-se, entre eles, relações interdisciplinares, para que
propiciem compreender a produção científica, a reflexão filosófica, a criação artística, nos
contextos em que elas se constituem.
A física estuda os fenômenos da natureza em toda a complexidade do universo, seja ela
sobre movimento de um elétron ou o movimento de uma galáxia, ainda a temperatura de
um ser humano ou a temperatura no interior de uma estrela, também a onda criada por
uma estação de rádio ou por atirar uma pedra na água, entre outros fenômenos
estudados pelos conteúdos estruturantes da física: movimento, termodinâmica e
eletromagnetismo (entre outros).
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Essa concepção da disciplina de Física orienta para uma aprendizagem específica,
colocando em perspectiva o seu aspecto formal e instituído, o qual diz respeito aos
conhecimentos historicamente sistematizados e selecionados para compor o currículo
escolar.
Nesse sentido, a escola deve incentivar a prática pedagógica fundamentada em
diferentes metodologias e de avaliação que permitam aos professores e estudantes uma
transformação pessoal e do ambiente em que estão inseridos, sejam elas, familiar,
profissional, de lazer, entre outros.
O ensino de Física, precisa atender igualmente aos educandos, seja qual for sua
condição social e econômica, seu pertencimento étnico e cultural e às possíveis
necessidades especiais para aprendizagem.
Essas características devem ser tomadas como potencialidades para promover a
aprendizagem dos conhecimentos que cabe à escola ensinar, para todos.
2. OBJETIVOS DA DISCIPLINA
A Física tem como objeto de estudo o Universo em toda sua complexidade e, por isso,
como disciplina escolar, propõe aos estudantes o estudo da natureza, os conhecimentos
de Física apresentados aos estudantes do Ensino Médio não são coisas da natureza, ou
a própria natureza, mas modelos elaborados pelo Homem no intuito de explicar e
entender essa natureza.
Possibilitar ao educando tornar-se cidadão consciente de seu papel na sociedade em que
está inserido para poder intervir e contribuir no desenvolvimento pessoal e dessa
sociedade. Através de críticas construtiva, ética e, é na abordagem dos conteúdos e na
escolha dos métodos de ensino advindo das disciplinas curriculares que as
inconsistências e as contradições presentes nas estruturas sociais são compreendidas.
Essa compreensão se dá num processo de luta política em que estes sujeitos constroem
sentidos múltiplos em relação a um objeto, a um acontecimento, a um significado ou a um
fenômeno. Assim, podem fazer escolhas e agir em favor de mudanças nas estruturas
sociais.
3. CONTEÚDOS DA ÁREA
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CONTEÚDOS ESTRUTURANTES CONTEÚDOS BÁSICOS
MOVIMENTO
- MOMENTUM E INÉRCIA (1A LEI DE NEWTON);- CONSERVAÇÃO DE QUANTIDADE DE MOVIMENTO (MOMENTUM);- VARIAÇÃO DA QUANTIDADE DE MOVIMENTO = IMPULSO;- 2ª LEI DE NEWTON;- 3ª LEI DE NEWTON E CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO- ENERGIA E O PRINCÍPIO DA CONSERVAÇÃO DA ENERGIA;- MOVIMENTO CIRCULAR;- GRAVITAÇÃO;- ACÚSTICA.
TERMODINÂMICA
- TERMOMETRIA;- CALORIMETRIA;- DILATAÇÃO DOS CORPOS;- LEIS DA TERMODINÂMICA:- LEI ZERO DA TERMODINÂMICA;- 1ª LEI DA TERMODINÂMICA;- 2ª LEI DA TERMODINÂMICA;
ELETROMAGNETISMO
- CARGA, CORRENTE ELÉTRICA, CAMPO E ONDAS ELETROMAGNÉTICAS;- FORÇA ELETROMAGNÉTICA;- EQUAÇÕES DE MAXWELL: LEI DE GAUSS PARA ELETROSTÁTICA, LEI DE COULOMB, LEI DE AMPÈRE, LEI DE GAUSS MAGNÉTICA, LEI DE FARADAY;- A NATUREZA DA LUZ E SUAS PROPRIEDADES
4. ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS DA ÁREA
O processo de ensino-aprendizagem de física deve partir do conhecimento prévio do
educando, de sua realidade econômica, social e regional, fruto de suas experiências de
vida em suas relações sociais.
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A experimentação, no ensino de Física, contribui para formular e estabelecer relações
entre conceitos, proporcionando melhor interação entre professor e estudantes, e isso
propicia o desenvolvimento cognitivo e social no ambiente escolar.
A realização de experimentos tem papel fundamental para tornar a ciência mais próxima
e palpável.
Ainda que a linguagem matemática seja, por excelência, uma ferramenta para essa
disciplina, saber Matemática não pode ser considerado um pré-requisito para aprender
Física.
É preciso que os estudantes se apropriem do conhecimento físico, daí a ênfase aos
aspectos conceituais sem, no entanto, descartar o formalismo matemático.
O desenvolvimento científico e tecnológico levou anos para chegar ao formato que
conhecemos, por isso é necessária uma abordagem histórica dos conteúdos
apresentados, levando em consideração as implicações e benefícios que isto acarretou a
sociedade.
Partindo de discussão professor e educandos, sobre o objeto de estudo traduzindo
fenômenos cotidianos a uma linguagem formal.
Também a partir de pensamentos filosóficos pode-se criar o desejo de busca para a
explicação de diversos fenômenos.
A física é uma ciência de grande interação com outras disciplinas, portanto a
transdisciplinariedade é fundamental.
5. AVALIAÇÃODeve ser para diagnosticar qualquer problema existente na matéria, sem interesse em
punir o aluno, esta avaliação tem de ser contínua no sentido em que o aluno está sendo
avaliado freqüentemente, não somente com provas escritas, mas em tudo que o aluno
produz em sala.
Ela é uma ferramenta para que o professor possa melhorar até sua forma de aplicar a
aula, corrigir seus próprios erros, para que com isto o aluno consiga captar a idéia do
conteúdo.
Um modelo ideal de avaliação do aluno é dividido em três partes principais: prova
diagnóstica – com intuito de avaliar o nível do aluno quando este inicia a matéria; provas
processuais – para acompanhar o desenvolvimento do aluno durante as aulas e prova
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final – para observar o que o aluno assimilou dos conceitos, leis e teorias que compõem o
quadro teórico da Física.
Quanto aos critérios de avaliação em Física, deve-se verificar:
• A compreensão dos conceitos físicos essenciais a cada unidade de ensino e
aprendizagem planejada;
• A compreensão do conteúdo físico expressado em textos científicos;
• A compreensão de conceitos físicos presentes em textos não científicos;
• A capacidade de elaborar relatórios tendo como referência os conceitos, as leis e as
teorias físicas sobre um experimento ou qualquer outro evento que envolva os
conhecimentos da Física.
QUÍMICA
1. CONCEPÇÃO DE ÁREA DO CONHECIMENTO
A Química é uma ciência sempre presente. O principal objetivo desta disciplina deve ser
o de traçar os elos do conteúdo visto na sala de aula com o cotidiano.
A Química muitas vezes é vista como uma ciência abstrata e distante da realidade, um
amontoado de fórmulas sem aplicação prática, quando na realidade tudo aquilo que
podemos tocar, sentir, cheirar, ver ou não é química.
A Química está no nosso dia a dia, nós acordamos e dormimos com ela todos os dias.
Essa visão deve ser levada ao aluno para que ele perceba as diversas contribuições da
Química que propicia o nosso conforto como: evolução da medicina, combustíveis,
plásticos, tintas, saúde, alimentos, petroquímica, corantes, adesivos, bebidas, materiais
de limpeza, etc.
O simples ato de escovar os dentes com uma escova de cerdas macias é uma
contribuição da disciplina, que, às vezes, passa despercebida, e graças a ela, as mais
simples ações do dia a dia podem ser realizadas.
Um conhecimento ainda que pequeno desta disciplina pode dotar o aluno de um
pensamento mais crítico das coisas que o cercam.
A química está em constante transformação e a serviço da humanidade, que muitas
vezes, usa o conhecimento químico de maneira incorreta, levando o aluno a pensar a
Química como algo ruim.
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Levar o saber prévio de cada aluno para a sala de aula, é com certeza, uma maneira de
ativar o interesse deles pela disciplina.
O professor deve agir como um mediador do conhecimento, assim, o conhecimento
trazido pelo aluno deve ser lapidado na sala de aula.
Professor
Aluno mediador Conhecimento
Este conhecimento não pode ser visto de forma segmentada, deve perceber que as
ciências estão sim interligadas e que não há como estudar ciência de forma isolada.
2. OBJETIVOS DA DISCIPLINAFavorecer os conhecimentos científicos da ciência Química para que os alunos possam
fazer apropriação dos mesmos de forma em que eles sejam capazes de refletir e usá-los
de forma crítica e consciente no meio em que estão inseridos.
3. CONTEÚDOS DA ÁREA
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES CONTEÚDOS BÁSICOS
MATÉRIA E A SUA ENERGIA
BIOGEOQUÍMICA
QUÍMICA SINTÉTICA
- Constituição da matéria;- Energia;- Estados de Agregação;- (Transformação da matéria / separação das misturas)Sustância: simples e composta
- Sustância: simples e composta;
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MATÉRIA E A SUA ENERGIA
BIOGEOQUÍMICA
QUÍMICA SINTÉTICA
- Modelos atômicos (Dalton, Thomson, Rutherford – Bohr, Atual);- Estrutura atômica;- Classificação Periódica dos elementos.- LIGAÇÕES QUÍMICAS- Ligação iônica;- Ligação covalente;- Forças intermoleculares;- Ligações polares e apolares;- Ligações de hidrogênio;- Ligações sigma e pi;- Ligação metálica;- Propriedades dos materiais;- Ligas metálicas.- FUNÇÕES QUÍMICAS- Funções Orgânicas (hidrocarbonetos,- funções oxigenadas e nitrogenadas);- Funções Inorgânicas (ácidos, bases, sais e óxidos).- REAÇÕES QUÍMICAS- Tipos de reações:- Oxi-redução, exotérmicas, endotérmicas;- Diagramas das reações exotérmicas e endotérmicas;- Princípios da termodinâmica;- Equações termoquímicas;- Variação de entalpia;- Calorias;- Calorimetria;- Lei de Hess;- Entropia e energia livre.- Radioatividade- Emissões radioativas;- Fenômenos radioativos (fusão e fissão nuclear).- Elementos químicos radioativos;- Lei da radioatividade.- Soluções- Misturas;- Métodos de separação;- Dispersão e suspensão;- Densidade;- Concentração;- Solubilidade.
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QUÍMICA SINTÉTICA
MATÉRIA E A SUA ENERGIA
BIOGEOQUÍMICA
- Velocidade das Reações- Fatores que influenciam na velocidade da reação;- Cálculos de velocidade.- Lei das reações químicas;- Representação das reações químicas;- Condições fundamentais para ocorrência das reações químicas.- Equilíbrio químico- Reações químicas reversíveis;- Equilíbrio químico em meio aquoso;- Relações matemáticas e o equilíbrio químico;- Equilíbrio químico em meio aquoso;- Deslocamento de equilíbrio.- GASES- Propriedade dos gases;- Modelo de partículas para os materiais gasosos;- Misturas gasosas;- Diferença entre gás e vapor;- Lei dos gases.
4. ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS DA ÁREA
O encaminhamento será dado sempre por meio de investigações sobre o conhecimento
prévio dos educandos do conteúdo que será abordado em sala.
Buscar temas que instiguem a curiosidade dos alunos através de materiais de apoio:
artigos de revistas, periódicos, jornais atualizados, etc. relacionados ao dia-a-dia deles. Dar
ciência das substâncias de uso cotidiano decodificando fórmulas e símbolos através da
leitura “química” de rótulos de embalagens em geral (medicamentos, cosméticos, produtos
de limpeza, etc.).
Sempre que possível relacionar teoria e prática e usar de experimentos simples, que
possam usar de substâncias não tóxicas e de conhecimento dos alunos, para melhor
demonstrar os fenômenos químicos que estão diretamente presentes em suas vidas.
A interdisciplinaridade também deve ser trabalhada para que o aluno note que cada ciência
não pode ser vista de uma forma individual.
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Esses encaminhamentos devem ser feitos a partir dos conteúdos estruturantes e de seus
conceitos, portanto, desta forma o entendimento e a apropriação dos conhecimentos
científicos por parte dos educandos terá maior eficácia.
5. AVALIAÇÃO
A avaliação deve ser contínua durante todo o processo de ensino-aprendizagem, levando
em conta o conhecimento prévio do educando.
Essa avaliação não deve ter caráter classificatório e sim ser vista como uma verificação,
um diagnóstico da aprendizagem, buscando assegurar a qualidade do processo
educacional no coletivo da escola.
O critério da avaliação é a formação dos conceitos científicos, sob um processo de
“construção e reconstrução” desses conceitos, portanto a prova não deve ser o único
instrumento de avaliação.
O professor pode verificar o conhecimento do aluno através de outros meios: leitura de
textos científicos, apresentações expositivas, produção de textos entre outros. A parte
prática também deve ser utilizada como uma forma de avaliação, para que os alunos
possam mostrar suas análises dos experimentos em relação aos conceitos químicos.
Acima de tudo, a verificação do conhecimento químico deve priorizar o pensamento crítico
dos alunos diante dos conteúdos vistos na sala de aula e que serão aplicados nas mais
diversas situações que ocorrem no dia-a-dia do educando.
HISTÓRIA
1. CONCEPÇÃO DA ÁREA DE CONHECIMENTO
A concepção da disciplina de História baseia-se na História de cada educando para a
formação e desenvolvimento do conceito, relações sociais, cultura, tempo e espaço
permitindo ao aluno aprender significativamente realidades mais abrangentes e
complexas. Os fatos históricos são todos interligados, interdependentes e resultam da
ação de todos os homens como seres sociais.
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As transformações que o homem tem empregado na natureza e no meio social como
estratégias de sobrevivência, seja consciente ou inconsciente, tem preocupado os
historiadores. A disciplina de História se encarrega de propagar as mudanças e
permanências, as quais tornam a atividade humana atrativa e duradoura.
O estudo da História é um dos elementos essenciais na formação do cidadão capaz de
participar conscientemente na transformação da sociedade em que vive, tornando-o
elemento fundamental e ativo na construção histórica. Desse modo, a disciplina de
História contribui para o desenvolvimento social colocando os alunos como sujeitos
participantes do processo histórico, dando-lhes lições de cidadania e incentivando-os a
não repetirem os erros do passado.
2. OBJETIVOS DA DISCIPLINA
Entender conceitos básicos de História, noções de tempo, de espaço e respeitar e
valorizar a diversidade cultural;
Capacidade de interpretar, criticar fatos e situações reais de sua região, do país e do
mundo;
Conhecer outros pontos de vista, para a elaboração de um pensamento crítico,
oferecendo condições de iniciar a formação de identidade política cidadã;
Compreender as novas formas de domínio e poder e de que forma elas se deram;
Perceber até que ponto as relações culturais que se manifestam no dia a dia fazem parte
de nossas vidas.
3. CONTEÚDOS DA ÁREA
ENSINO FUNDAMENTAL
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES CONTEÚDOS BÁSICOS
RELAÇÕES DE TRABALHO
RELAÇÕES DE PODER
- A experiência humana no tempo.- Os sujeitos e suas relações com o outro no tempo. - As culturas locais e a cultura comum.- As relações de propriedade.- A constituição histórica do mundo do campo e do mundo da cidade.- As relações entre o campo e a
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RELAÇÕES CULTURAIS
RELAÇÕES DE TRABALHO
RELAÇÕES DE PODER
RELAÇÕES CULTURAIS
cidade.- Conflitos e resistências e produção cultural campo/cidade.- História das relações da humanidade com o trabalho.- O trabalho e a vida em sociedade.- O trabalho e as contradições da modernidade.- Os trabalhadores e as conquistas de direito.- A constituição das instituições sociais.- A formação do Estado.- Sujeitos, Guerras e revoluções.
ENSINO MÉDIO
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES CONTEÚDOS BÁSICOS
RELAÇÕES DE TRABALHO
RELAÇÕES DE PODER
RELAÇÕES CULTURAIS.
- Tema 1: Trabalho Escravo, Servil, Assalariado e o Trabalho Livre.- Tema 2: Urbanização e industrialização.- Tema 3: O Estado e as relações de poder.- Tema 4: Os sujeitos, as revoltas e as guerras.- Tema 5: Movimentos sociais, políticos e culturais e as guerras e revoluções.- Tema 6: Cultura e religiosidade.
4. ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO
Ao invés de acionar pura e simplesmente a memória dos educandos com a repetição de
exercícios e avaliar sua capacidade de reproduzir um conteúdo factual, devemos
possibilitar aos alunos um conjunto de aprendizagens:
Dos fatos: contextualizá-los no momento em que ocorreram, fazendo com que sejam
compreendidos e não decorados;
Dos conceitos: permitir que sejam percebidos segundo sua função classificatória, que
recorta características no tempo e no espaço e as conjuga para exprimir determinado
significado. Além da compreensão da função dos conceitos e dos significados, é
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fundamental estimular sua utilização na interpretação de situações e contextos e até na
criação de novos conceitos;
Dos procedimentos: habilitando-os para a ação pela leitura, observação, classificação,
seleção, cálculo, expressão oral, desenvolvendo métodos, estratégias, técnicas para
atingir o aprendizado do aluno;
Das atitudes: interiorizando as reflexões para que elas permitam rever e reformular seus
valores e atitudes, em termos individuais e coletivos.
Evidentemente, esses procedimentos se inter-relacionam e requerem aulas nas quais os
alunos não sejam meros expectadores e sejam estimulados e desafiados para relacionar
conhecimentos prévios com as novas informações e conceitos. Dessa maneira poderão
sentir-se motivados para fazer pesquisa, atividades investigatórias, refletir e levantar
hipóteses, construir versões, confrontá-las com a de outros, praticar o conhecimento e
incorporá-lo.
Para tanto, acreditamos numa História dinâmica, que possa colocar o aluno em contato
com mundos diferentes para que ele possa, através do conhecimento de outros modelos
entender o seu mundo e a sua maneira de ver o mundo, além disso, observar que o seu
mundo social não é o único nem o mais correto, mas é um existente dentro de uma
diversidade cultural que precisa, assim como os outros modelos de sociedade, ser
respeitado. Faremos isso, dentro da Disciplina de História, partindo da realidade do aluno,
numa relação presente-passado-presente.
5. AVALIAÇÃO
Ao se propor reflexões sobre a avaliação no ensino de História, objetivam-se favorecer a
busca da coerência entre a concepção de História defendida e as práticas avaliativas que
integram o processo de ensino e de aprendizagem.
As formas avaliativas, serão:
• Avaliação diagnóstica, formativa, somativa, contínua, e sistemática, contemplando os
aspectos qualitativos e quantitativos relacionados aos conteúdos estruturantes.
O professor poderá ainda propor outras atividades associativas, como:
• Atividades que possibilitem a apreensão das ideias históricas dos estudantes em relação
ao tema abordado;
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• Atividades que permitam desenvolver a capacidade de síntese e redação de uma
narrativa histórica;
• Atividades que permitam ao aluno expressar o desenvolvimento de ideias e conceitos
históricos;
• Atividades que revelem se o educando se apropriou da capacidade de leitura de
documentos com linguagens contemporâneas, como: cinema, fotografia, histórias em
quadrinhos, músicas e televisão, relativos ao conhecimento histórico.
É importante ter claro que o trabalho com fontes históricas exige formas diferentes de
avaliação. Tanto nos textos como nas imagens, o educando fará a identificação, leitura e
interpretação dos mesmos articulando as ideias históricas às estratégias de interpretação
das fontes a partir da construção de narrativas históricas.
GEOGRAFIA
1. CONCEPÇÃO DA ÁREA DE CONHECIMENTO
A análise acerca do ensino de Geografia começa pela compreensão do seu objeto de
estudo. Muitos foram os objetos da Geografia antes de se ter algum consenso, sempre
relativo, em torno da idéia de que o espaço geográfico é o foco da análise. Entretanto, a
expressão espaço geográfico, bem como os conceitos básicos da Geografia – lugar,
paisagem, região, território, natureza, sociedade – não se autoexplicam. Ao contrário, são
termos que exigem esclarecimentos, pois, a depender do fundamento teórico a que se
vinculam, refletem posições filosóficas e políticas distintas.
De acordo com as Diretrizes Curriculares, o objeto de estudo da Geografia é o espaço
geográfico, entendido como o espaço produzido e apropriado pela sociedade
(LEFEBVRE, 1974), composto pela inter-relação entre sistemas de objetos, naturais,
culturais e técnicos, e sistemas de ações – relações sociais, culturais, políticas e
econômicas (SANTOS, 1996).
A expressão Espaço Geográfico exige esclarecimentos e na tentativa de conceituar o
objeto de estudo, os geógrafos de diferentes correntes de pensamentos aprofundaram a
dicotomia entre Geografia Física e Geografia Humana. Essa dicotomia permanece até
hoje em alguns currículos universitários e em algumas práticas escolares. Conforme
SANTOS (1996):
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Os objetos que interessam à geografia não são apenas objetos móveis, mas também imóveis, como: cidade, floresta, barragem, etc. Todos são objetos geográficos e da forma como foram produzidos e mudam, as geografias físicas e humanas se encontram.
Tais objetos são indissociáveis da ação humana. Considerando que o ensino deve
subsidiar os alunos a pensar e agir criticamente, buscando elementos que permitam
compreender e explicar o mundo, cabe assim à Geografia a função de preparar o aluno
para uma leitura crítica da produção social do espaço, negando a “naturalidade” dos
fenômenos que imprimem certa passividade aos indivíduos (CASSETI, 2002). O homem
se apropria da natureza por meio de suas ações. As relações em sentido amplo
possibilitam a interação com outros espaços.
2. OBJETIVOS DA DISCIPLINA
O objetivo do ensino da disciplina de Geografia é mais que informar: é construir
significados. Consideramos que o aprendizado não é apenas a memorização de
informações, mas sim o desenvolvimento da capacidade de observação, comparação,
análise e reflexão, possibilitando ao aluno, partindo de sua realidade, estabelecer
relações entre o objeto a conhecer e a informação apresentada.
Os alunos de EJA devem aprender a analisar o cotidiano geograficamente e a construir
uma consciência espacial dos fatos e fenômenos, das relações sociais, culturais e
políticas, de conhecimentos socialmente produzidos.
Ao construir e reconstruir seu conhecimento, os alunos devem aprender a observar e
identificar as relações humanas inscritas como marcas no espaço, a partir dos elementos
sociais e culturais suscetíveis de análise, que permitam entender o espaço geográfico.
Desta forma, cabe a Geografia, mostrar que todos os acontecimentos do mundo têm uma
dimensão espacial, onde o espaço é a materialização dos tempos da vida social, além de
fornecer aos alunos conhecimentos específicos dessa disciplina, com os quais eles
possam ler e interpretar criticamente o espaço, sem deixar de considerar a diversidade
das temáticas geográficas e suas diferentes formas de abordagem.
Espera-se que os alunos sejam capazes de compreender a heterogeneidade, a
diversidade, a desigualdade e a complexidade dos povos; perceber a importância dos
deslocamentos de indivíduos, instituições, informações e capitais que dinamizam as
sociedades; entender que o ensino da Geografia possibilita uma análise crítica do espaço
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e da sociedade; e que as relações sócio-espacial-ambientais acontecem nas diversas
escalas geográficas, do local ao global, retornando ao local.
3. CONTEÚDOS DA ÁREA
Os conteúdos selecionados visam à realidade da EJA, visto que nesta modalidade de
ensino verificam-se processos de escolarização descontínuos e realizados em diferentes
ritmos: há alunos que seguem, em seqüência linear, as diferentes séries, assim como há
aqueles que retornam aos estudos nas séries dos ciclos finais. Isto obriga o professor a
constantemente retomar, redimensionar e replanejar os conteúdos do projeto definido
pela equipe escolar.
A estruturação em eixos temáticos possibilita melhor compreensão da realidade, pois
permite abordar mais articuladamente a diversidade do mundo atual, mostrar como as
paisagens, os lugares, foram produzidos, para que os alunos – ao se apropriarem dos
conhecimentos geográficos – compreendam e expliquem suas vidas e as diversas
relações e interações presentes em seu cotidiano. Essa estruturação também permite,
quando não exige, retomadas constantes, que possibilitam aos alunos novas sínteses e
novas hipóteses de trabalho.
ENSINO FUNDAMENTAL
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES CONTEÚDOS BÁSICOS
DIMENSÃO ECONÔMICA DO ESPAÇO GEOGRÁFICO
DIMENSÃO POLÍTICA DO ESPAÇO GEOGRÁFICO
DIMENSÃO SÓCIOAMBIENTAL DO ESPAÇO GEOGRÁFICO
- Formação e transformação das paisagens naturais e culturais.
- Dinâmica da natureza e sua alteração pelo emprego de tecnologias de exploração e produção.
- A formação, localização, exploração e utilização dos recursos naturais.
- A distribuição espacial das atividades produtivas e a (re)organização do espaço geográfico.
- As relações entre campo e a cidade na sociedade capitalista.
- A transformação demográfica, a distribuição espacial e os indicadores estatísticos da população.
- A mobilidade populacional e as manifestações socioespaciais da diversidade cultural.
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DIMENSÃO CULTURALE DEMOGRÁFICA DO ESPAÇO
GEOGRÁFICO
DIMENSÃO ECONÔMICA DO ESPAÇO GEOGRÁFICO
DIMENSÃO POLÍTICA DO ESPAÇO GEOGRÁFICO
DIMENSÃO SÓCIOAMBIENTAL DO ESPAÇO GEOGRÁFICO
DIMENSÃO CULTURALE DEMOGRÁFICA DO ESPAÇO
GEOGRÁFICO
- As diversas regionalizações do espaço geográfico.
- A formação, mobilidade das fronteiras e a reconfiguração do território brasileiro.
- As manifestações socioespaciais da diversidade cultural.
- Movimentos migratórios e suas motivações.
- O espaço rural e a modernização da agricultura.
- A formação, o crescimento das cidades, a dinâmica dos espaços urbanos e a urbanização.
- A circulação de mão-de-obra das mercadorias e das informações.
- A formação, mobilidade das fronteiras e a reconfiguração dos territórios do continente americano.
- A nova ordem mundial, os territórios supranacionais e o papel do Estado.
- O comércio em suas implicações socioespaciais.
- A circulação da mão-de-obra, do capital, das mercadorias e das informações.
- A revolução técnico-científico-informacional e os novos arranjos no espaço da produção.
- Os movimentos migratórios mundiais e suas motivações.
- A dinâmica da natureza e sua alteração pelo emprego de tecnologias de exploração e produção.
- O espaço em rede: produção, transporte e comunicações na atual configuração territorial.
ENSINO MÉDIO
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES CONTEÚDOS BÁSICOS
DIMENSÃO ECONÔMICA DO ESPAÇO GEOGRÁFICO
- A formação e transformação das paisagens.
- A dinâmica da natureza e sua alteração pelo emprego de tecnologias de exploração e
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DIMENSÃO POLÍTICA DO ESPAÇO GEOGRÁFICO
DIMENSÃO SÓCIOAMBIENTAL DO ESPAÇO GEOGRÁFICO
DIMENSÃO CULTURAL E DEMOGRÁFICA DO ESPAÇO
GEOGRÁFICO
produção.- A distribuição espacial das atividades
produtivas e a (re)organização do espaço geográfico.
- A formação, localização, exploração e utilização dos recursos naturais.
- A revolução técnico-científica-informacional e os novos arranjos no espaço da produção.
- O espaço rural e a modernização da agricultura.
- O espaço em rede: produção, transporte e comunicação na atual configuração territorial.
- A circulação de mão-de-obra, do capital, das mercadorias e das informações.
- Formação, mobilidade das fronteiras e a reconfiguração dos territórios.
- As relações entre o campo e a cidade na sociedade capitalista.
- A formação, o crescimento das cidades, a dinâmica dos espaços urbanos e a urbanização recente.
- A transformação demográfica, a distribuição espacial e os indicadores estatísticos da população.
- Os movimentos migratórios e suas motivações.
- As manifestações socioespaciais da diversidade cultural.
- O comércio e as implicações socioespaciais.
- As diversas regionalizações do espaço geográfico.
- As implicações socioespaciais do processo de mundialização.
- A nova ordem mundial, os territórios supranacionais e o papel do Estado.
4. ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS DA ÁREA
Propõe-se que os conteúdos básicos sejam trabalhados de uma forma crítica e dinâmica,
interligando teoria, prática e realidade, mantendo uma coerência dos fundamentos
teóricos propostos, utilizando a cartografia como ferramenta essencial, possibilitando 67
assim transitar em diferentes escalas espaciais, ou seja, do local ao global e retornando
ao local.
Os conteúdos estruturantes estão inter-relacionados, garantindo uma totalidade de
abordagem de conhecimentos específicos que estão dispostos em diferentes materiais
didáticos, permitindo assim que os alunos se apropriem dos conceitos fundamentais da
Geografia e compreendam o processo de produção e transformação do espaço
geográfico.
Importante ressaltar que o professor deve estar atento à lei 10639/03, que altera a lei
9394/96, a qual torna obrigatório abordar temas que envolvam a temática de história e
cultura afro-brasileira e africana. Esta temática pode ser trabalhada através de mapas,
maquetes, textos, imagens, fotos que tragam conhecimentos sobre: a população
brasileira, miscigenação dos povos, a distribuição espacial da população afro-
descendente no Brasil e no mundo, etc.
Quando necessário, o professor pode promover aulas de campo, desde aquela ao redor
da escola até outras de maior distância, pois a compreensão da realidade será mais
completa quanto maior for o contato do aluno com seu objeto de estudo.
O uso da linguagem cartográfica se faz necessário, pois esta resulta de uma construção
teórica e prática, familiarizando o aluno com o mundo da representação. Aos poucos, os
horizontes representados vão sendo ampliados para o bairro, o município, até atingir a
escala global.
É importante destacar o papel do professor, enquanto pesquisador. Essa iniciação pode
ocorrer através da construção e desenvolvimento, coletivamente com os alunos, de
projetos que busquem estimular e ampliar os conteúdos específicos.
5. AVALIAÇÃO
O trabalho do professor é incessante na busca para a compreensão e entendimento do
ensino de geografia, na dinâmica e no processo crítico de formação educacional e para o
desenvolvimento intelectual do aluno, que o capacite para a vida em sociedade.
A avaliação deve ser entendida como uma das formas utilizadas pelos professores para
avaliar a sua metodologia e o nível de compreensão dos conteúdos básicos tratados
durante todo o processo de ensino-aprendizagem.
O processo de avaliação deve estar articulado como os conteúdos estruturantes, os
conceitos geográficos, o objeto de estudo, as categorias espaço-tempo, a relação
68
sociedade-natureza e as relações de poder contemplando a escala local e global e vice-
versa.
A avaliação deve ser formativa, diagnóstica e processual, que contemple diferentes
práticas pedagógicas, tais como: leitura, interpretação e produção de textos geográficos,
leitura e interpretação de fotos, imagens e diferentes tipos de mapas, pesquisas
bibliográficas, aulas de campo, apresentação de seminários, leitura e interpretação de
diferentes tabelas e gráficos, construção de maquete, produção de mapas mentais, entre
outros. Nessa concepção de avaliação, considera-se que os alunos têm diferentes ritmos
de aprendizagem, identificam-se dificuldades e isso possibilita a intervenção pedagógica a
todo tempo.
FILOSOFIA
1. CONCEPÇÃO DA ÁREA DE CONHECIMENTO
Segundo CHAUÍ, verdade, pensamento, procedimentos especiais para conhecer fatos,
relação entre teoria e prática, correção e acúmulo de saberes são questões filosóficas. Ou
seja, isso é o que diz respeito da importância da Filosofia, e o que faz com que haja a
reconstrução de conceitos. Reconstruir conceitos é um ato de transformação, como afirma
DELEUZE no seu livro “O que é Filosofia”, sendo, portanto, tarefa da Filosofia na
educação escolar. O saber filosófico pode não apenas desenvolver a formação intelectual
do aluno, mas a partir da reelaboração dos conceitos filosóficos, pode-se repensar o que
anteriormente era considerado verdade absoluta como uma possibilidade de mudança e
transformação.
Portanto, o objeto da Filosofia é dar ao aluno essa possibilidade de ver e rever a realidade
de maneira crítica, principalmente no que concerne a formação do conhecimento.
Compreender a Filosofia a partir de determinados filósofos, significa se permitir perceber
o mundo sobre várias maneiras com as quais ele nos apresenta e ter liberdade e
esclarecimento para tomar nossas próprias conclusões no que diz respeito ao saber.
2. OBJETIVOS DA DISCIPLINA
69
O objetivo no ensino da Filosofia é orientar o aluno para questionar a realidade saindo do
senso comum, de acordo com os conceitos apresentados pelos filósofos ao longo da
história.
Promovendo ao mesmo tempo a interdisciplinaridade, para que assim, o educando
perceba as relações existentes com as diversas áreas do conhecimento. A Filosia está
presente em todas as áreas do conhecimento, isto pode ser percebido, quando
caracterizamos o “nascimento da Filosofia” segundo Marilena Chaui a partir da superação
do conhecimento mítico para o conhecimento racional. Como a ciência dispõe desta
forma de saber, a Filosofia pode ser considerada o alicerce de todo o conhecimento
presente na ciência.
Sendo assim, compreender Filosofia significa sair do senso comum, das verdades
impostas, do conhecimento enrijecido e partir para um questionamento saudável dentro
do nível do conhecimento dos conceitos apresentados pelos filósofos. O erro nesse
processo pode significar uma crítica infrutífera que não consegue sair do senso comum;
portanto, é papel do educador estar atento a estas situações.
3. CONTEÚDOS DA ÁREA
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES CONTEÚDOS
MITO E FILOSOFIA
FILOSOFIA DA CIÊNCIA
TEORIA DO CONHECIMENTO
ÉTICA
FILOSOFIA POLÍTICA
- Mito e Filosofia - Ironia e Maiêutica- Mito na contemporaneidade- A ciência interpretada como mito- Ciência evolutiva e ciência revolucionária- Critérios de verdade: O que permite reconhecer o verdadeiro- Possibilidade do conhecimento: Pode o sujeito apreender o objeto- Âmbito do conhecimento- Origem do conhecimento – Qual é a fonte do conhecimento?- Existencialismo- Ética e moral - Construção do certo e errado: a moralidade como mito- Política em Maquiavel - Política e o liberalismo
70
ESTÉTICA- A construção do poder - Estética e cultura de massa
- O conceito do belo e do padrão de beleza
4. ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS DA ÁREA
O ensino da Filosofia pode começar, por exemplo, pela exibição de um filme ou de uma
imagem, da leitura de um texto jornalístico ou literário ou da audição de uma música. São
inúmeras as possibilidades de atividades conduzidas pelo professor para instigar e
motivar possíveis relações entre o cotidiano do estudante e o conteúdo filosófico a ser
desenvolvido. A isso se denomina, segundo as Diretrizes Curriculares de Educação
Básica 2008, mobilização para o conhecimento.
A seguir, inicia-se o trabalho propriamente filosófico: a problematização, a investigação e
a criação de conceitos, o que não significa dizer que a mobilização não possa ocorrer
diretamente a partir do conteúdo filosófico.
A partir do conteúdo em discussão, a problematização ocorre quando professor e
estudantes levantam questões, identificam problemas e investigam o conteúdo. É
importante ressaltar que os recursos escolhidos para tal mobilização − filme, música, texto
e outros − podem ser retomados a qualquer momento do processo de aprendizagem.
Ao problematizar, o professor convida o estudante a analisar o problema, o qual se faz
por meio da investigação, que pode ser o primeiro passo para possibilitar a experiência
filosófica. É imprescindível recorrer à história da Filosofia e aos textos clássicos dos
filósofos, pois neles o estudante se defronta com o pensamento filosófico, com diferentes
maneiras de enfrentar o problema e, com as possíveis soluções já elaboradas, as quais
orientam e dão qualidade à discussão.
O ensino de Filosofia deve estar na perspectiva de quem dialoga com a vida, por isso é
importante que, na busca da resolução do problema, haja preocupação também com uma
análise da atualidade, com uma abordagem que remeta o estudante à sua própria
realidade.
Dessa forma, a partir de problemas atuais estudados a partir da História da Filosofia, do
estudo dos textos clássicos e de sua abordagem contemporânea, o estudante do Ensino
Médio pode formular conceitos e construir seu discurso filosófico. O texto filosófico que
ajudou os pensadores a entender e analisar filosoficamente o problema em questão será
71
trazido para o presente com o objetivo de entender o que ocorre hoje e como podemos, a
partir da Filosofia, atuar sobre os problemas de nossa sociedade.
Portanto o encaminhamento da Filosofia terá como base um processo realizado em três
etapas como segue na proposta das Diretrizes Curriculares: a problematizarão,
investigação e criação de conceitos. Para isso, será levado em conta aspectos
importantes da vivência desse aluno, para que, dessa maneira, se consiga problematizar,
ou seja, situar esse aluno dentro do conteúdo. Dessa maneira, pode-se ir para o segundo
passo, que é a investigação, que será feita a partir da leitura dos textos filosóficos. Assim,
nessa relação da leitura dos textos e sua compreensão dos conceitos, pode-se criar
novos conceito, que é o papel da Filosofia, segundo Deleuze.
Serão empregadas estratégias de compreensão desses conceitos filosóficos a partir de
materiais como: filmes, músicas, poesias, imagens visuais, etc. Trata-se de materiais que
levem o aluno a problematizar aquele determinado conteúdo, para assim se iniciar a
problematização, dando início à primeira etapa do encaminhamento metodológico, com
diversos tipos de textos, que se distinguem do falar cotidiano, articulando elementos
lingüísticos a outros de natureza não verbal e, quando necessário, registro e
documentação escrita.
A partir do saber existente no aluno, somado ao que o professor detém, ocorrerá a real
construção do conhecimento, através do diálogo, da interação, viabilizando, assim, a
verdadeira troca de experiências e, consequentemente, a aprendizagem.
5. AVALIAÇÃO
A avaliação será diagnóstica, contínua, sistemática, abrangente e permanente.
A avaliação formal contemplará o conteúdo das apostilas produzidas no CEEBJA CIC
(texto filosófico e interpretação, releitura e construção de conceitos). Outros instrumentos
avaliativos serão adotados durante o processo: debates e seminários desenvolvidos
durante a aula, que propicia ao estudante a interação com obras de arte em diversos
espaços culturais.
Serão registradas duas notas processuais, que corresponderão às provas individuais
escritas, bem como, os trabalhos desenvolvidos no decorrer do processo a partir da
leitura dos textos filosóficos e dos debates desenvolvidos durante a aula.
72
SOCIOLOGIA
1. CONCEPÇÃO DA ÁREA DO CONHECIMENTO
A Sociologia tem como preocupação entender, explicar e questionar os mecanismos de
produção, organização, domínio, controle e poder, institucionalizados ou não, que
resultam em relações sociais de maior ou menor exploração ou igualdade.
Como conhecimento científico, a Sociologia não deve permitir explicações estreitas ou
sectárias com pretensões de apropriação da verdade. Devem-se, sim, intensificar o
estudo crítico-reflexivo e analítico das relações e transformações sociais, políticas,
culturais, econômicas, ecológicas e tecnológicas que a sociedade e o planeta estão
vivendo, bem como a compreensão das consequências dessas relações para indivíduos e
coletividade, articulando elementos, conceitos, fundamentos históricos, pautando-os em
uma visão crítica de ser humano e da sociedade.
O objeto de estudo da sociologia compreende o conhecimento e a explicação da
sociedade pela compreensão das diversas formas pelas quais os seres humanos vivem
em grupos, das relações que se estabelecem no interior e entre esses diferentes grupos,
bem como a compreensão das consequências dessas relações para indivíduos e
coletividade.
2. OBJETIVOS DA DISCIPLINA
O principal objetivo da disciplina de Sociologia são as relações que se estabelecem no
interior dos grupos na sociedade, como se estruturam e atingem as relações entre os
indivíduos e a coletividade. Ao se constituir como ciência, com o desenvolvimento e a
consolidação do capitalismo, a Sociologia tem por base a sociedade capitalista, contudo,
não existe uma única forma de interpretar a realidade. Esse diferencial deve fazer parte
do trabalho do professor, que deverá pautar seu trabalho nos seguintes objetivos:
- Proporcionar ao aluno uma formação capaz de ampliar seus conhecimentos sobre
73
o ser humano em suas interações sociais e em suas várias dimensões (família,
escola, religião, os diversos grupos e movimentos existentes na sociedade,
organização do Estado etc.), contribuindo assim, para um melhor entendimento da
sociedade em que vivemos; na formação desse aluno como cidadão consciente de
seu papel social, e, principalmente, para que perceba que fatos considerados
naturais na sociedade podem não ser tão naturais assim, mas construído
culturalmente de acordo com as necessidades sociais.
- Estudar os processos de socialização de valores, normas e regras presentes na
sociedade, possibilitando aos educandos conhecer e compreender os diferentes
comportamentos estabelecidos através das diferentes teorias utilizadas no
entendimento da organização social existentes nas sociedades.
- Levar os alunos a compreender que a cultura não é natural, mas sim um
comportamento apreendido através de processos de socialização próprios de cada
sociedade. Levá-los a reconhecer o processo de formação da Identidade Cultural
Individual e social; e que não existe culturas superiores ou inferiores, existe sim,
uma grande diversidade cultural e a intenção de algumas sociedades
estabelecerem uma dominação cultural sobre outras.
- Desenvolver conceitos importantes, como: poder, política e ideologia, para se
entender que o poder e a ideologia são exercidos sob os moldes de organizações
formais como o Estado, mas que também estão presentes nas diversas instituições
da sociedade civil.
3. CONTEÚDOS DA ÁREA
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES CONTEÚDOS
O SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA E
TEORIAS SOCIOLÓGICAS
- Formação e consolidação da sociedade capitalista e o desenvolvimento do
pensamento social;- Pensamento científico e senso comum;- Teorias sociológicas clássicas: Comte,
Durkheim, Engels e Karl Marx, Max Weber;
- O desenvolvimento da sociologia no Brasil;
- Processo de Socialização e as
74
PROCESSO DE SOCIALIZAÇÃO E AS
INSTITUIÇÕES SOCIAIS
CULTURA E INDÚSTRIA CULTURAL
TRABALHO, PRODUÇÃO E CLASSES SOCIAIS
PODER, POLÍTICA E IDEOLOGIA
DIREITO, CIDADANIA E MOVIMENTOS SOCIAIS
Instituições Sociais;
- Grupos sociais;- Instituições sociais: Familiares;
Escolares; Religiosas;
- Instituições de Ressocialização: prisões, manicômios, educandários, asilos, etc.;- Cultura e Indústria Cultural;
- Desenvolvimento antropológico do conceito de cultura e sua contribuição na
análise das diferentes sociedades;
- Diversidade cultural;
- Identidade;
- Indústria cultural;
- Meios de comunicação de massa;
- Sociedade de consumo;
- Indústria cultural no Brasil;
- Preconceito;
- Questões de gênero;
- Cultura afro-brasileira e africana;
- Cultura indígena;- Trabalho, Produção e Classes Sociais;- O conceito de trabalho e o trabalho nas
diferentes sociedades;- Desigualdades sociais: estamentos,
castas, classes sociais;
- Trabalho nas sociedades capitalistas e suas contradições;
- Globalização;
- Relações de trabalho;
- Neoliberalismo;
- Trabalho no Brasil;
- Poder, Política e Ideologia
- Formação e desenvolvimento do Estado Moderno;
- Democracia, autoritarismo, totalitarismo;
- Estado no Brasil;
75
- Conceitos de Poder;
- Conceitos de Ideologia;
- Conceitos de dominação e legitimidade;- As expressões da violência nas
sociedades contemporâneas;- Direito, Cidadania e Movimentos Sociais;
- Direitos: civis, políticos e sociais;
- Direitos Humanos;
- Conceito de cidadania;
- Conceito de Movimentos Sociais;
- Movimentos Sociais urbanos e rurais;
- Movimentos Sociais no Brasil;
- Movimentos ambientalistas;
- ONG's;
4. ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS DA ÁREA
No exercício pedagógico da Sociologia é fundamental a análise do contexto histórico do
aparecimento da disciplina, com a contribuição dos clássicos tradicionais, além das
teorias sociológicas mais recentes.
O ensino da Sociologia, enquanto disciplina escolar procura contrastar tradições diversas
de pensamento, avaliando seus limites e potencialidades de explicação para os dias de
hoje. Ao mesmo tempo, o ensino da disciplina deve recusar qualquer espécie de síntese
teórica ou reducionismo sociológico, ou seja, deve tratar pedagogicamente a
contextualização histórica e política das teorias, seguindo o rigor metodológico que a
ciência requer.
O aluno deve ser instigado a fazer perguntas e a buscar respostas no seu entorno, na
realidade social que se apresenta no bairro, na própria escola, na família, nos programas
de televisão, nos noticiários ou nos livros de História. Desta forma, o aluno poderá
despertar o sentimento de estar integrado à realidade que lhe cerca, desenvolvendo certa
76
sensibilidade para com os problemas brasileiros de forma analítica e cogitando possíveis
soluções para os problemas diagnosticados.
O ensino da Sociologia pressupõe metodologias que coloquem o aluno como sujeito de
seu aprendizado, provocado a relacionar a teoria com o vivido, a rever conhecimentos
prévios e a reconstruir saberes.
Nas aulas de Sociologia vários recursos podem ser utilizados, a fim de estimular a
aprendizagem dos conteúdos propostos e despertar nos alunos processos de
identificação de problemas sociais que estão presentes nos meios de comunicação.
Propomos alguns encaminhamentos metodológicos básicos:
• Leitura crítica de textos: clássico-teóricos, teórico-contemporâneos, temáticos,
didáticos, literários, jornalísticos;
• Aulas expositivas dialogadas;
• Aulas em visitas guiadas a instituições e museus, quando possível;
• Debates e seminários de temas relevantes fundamentados em leituras e pesquisa:
pesquisa de campo, pesquisa bibliográfica;
• Análises críticas de filmes, documentários, músicas, propagandas de TV; análise
crítica de imagens (fotografias, charges, tiras, publicidade), entre outros;
• Exercícios escritos e oralmente apresentados e discutidos;
5. AVALIAÇÃO
A avaliação na disciplina de Sociologia é diagnóstica e processual. Diagnóstica por ser a
referência do professor para planejar as aulas e avaliar os alunos, e processual por
pertencer a todos os momentos da prática pedagógica.
Entre os critérios de avaliação, privilegiará levar o aluno a mostrar-se crítico, capaz de
expor suas idéias, ter domínio de conteúdo, envolvimento, domínio do texto analisado.
A avaliação dos temas compreendidos pelos alunos, sobre os processos e fenômenos
indicados nos conteúdos programáticos, será realizada progressivamente, a partir da
qualidade de sua participação e contribuição nas atividades coletivas e individuais:
• Participação nos debates temáticos e filmes propostos;
• Resenha de textos; pesquisa de campo e elaboração de relatórios;
• Avaliação contemplando questões objetivas e discursivas.
77
CIÊNCIAS
1. CONCEPÇÃO DA ÁREA DE CONHECIMENTO
Vivemos em um mundo em permanente transformação. Modificam-se o meio ambiente,
os instrumentos e as técnicas para as mais diversas finalidades, valores humanos são
questionados.
O papel de Ciências Naturais na Educação de Jovens e Adultos está diretamente
relacionado à relevância social do conhecimento científico e à importância da articulação
desses conhecimentos, colaborando para que os cidadãos estejam mais bem preparados
para enfrentar os desafios de uma sociedade em contínua mudança.
Na Educação de Jovens e Adultos o ensino de Ciências visa o conhecimento científico
proveniente da ciência construída historicamente pela humanidade.
Os fatos cotidianos e os conhecimentos adquiridos ao longo da história são entendidos na
disciplina de Ciências, através da interdisciplinaridade com as disciplinas de química e
física, matemática, geociências e astronomia.
Outro aspecto abordado pelo ensino de ciências na EJA é a reflexão sobre a importância
do equilíbrio do ecossistema no planeta, assim como a responsabilidade humana na
conservação e uso dos recursos naturais com sustentabilidade.
As produções da Ciência e da Tecnologia estão intimamente relacionadas às
modificações no mundo em que vivemos.
São determinantes da qualidade de vida dos povos, estando inteiramente relacionados
aos processos políticos, históricos e culturais.
Através da disciplina de Ciências o educando tem acesso ao conhecimento científico,
adquirindo clareza dos conceitos e relações existentes entre o ambiente, os seres vivos e
o universo, por meio do saber questionador e reflexivo, percebe a evolução da ciência e
tecnologia, seus pontos positivos e negativos, para que possa atuar de forma consciente
em seu meio social e interferir no ambiente, considerando a ética e os valores sociais,
morais e políticos que sustentam a vida.
Na EJA, o saber do aluno deve ser considerado como ponto de partida para o processo
de ensino e aprendizagem, relacionando-o com o mundo do trabalho e com outras
dimensões do meio social.
78
Pois, segundo afirmam os Parâmetros em Ação (Brasil, 1999), o ponto de vista
socioeconômico, o público dos programas da EJA constitui, no geral, um grupo bastante
homogêneo: são trabalhadores com ocupação pouco qualificada, recebem baixos salários
ou estão desempregados, moram em condições precárias, etc.
Já do ponto de vista sociocultural, apresentam características bastante heterogêneas,
pois trazem consigo uma bagagem de conhecimentos adquiridos ao longo de história de
vida bastante diversa.
2. OBJETIVOS DA DISCIPLINA
É necessário que amplos setores da população tenham acesso ao conhecimento
científico, tanto para participarem mais ativamente dessas modificações, como para
compreenderem os fenômenos observáveis no mundo e no universo.
Devem ter, ainda, a oportunidade para se desenvolver como cidadãos capazes de
enfrentar desafios intelectuais, obtendo satisfação quando estabelecem relações para o
enfrentamento de problemas relacionados à sua vida, superando as dificuldades do
mundo.
A construção de uma educação básica direcionada à cidadania tornou-se essencial,
quando a escola redefiniu sua função, o que possibilitou a integração das diferentes áreas
do saber.
Assim sendo, o ensino de Ciências favorece a interdisciplinaridade entre os
conhecimentos de química, física, biologia, matemática, geociências e astronomia,
relacionando-os e integrando-os aos temas sociais contemporâneos, considerando o
contexto social do educando, onde o mesmo seja capaz de relacionar esses conceitos
com sua prática social, identificar os fatos e fenômenos que se apresentam à sua volta,
de forma a propiciar uma leitura de mundo que lhe permita compreender a realidade,
apropriando-se dela e transformando-a de acordo com os interesses da coletividade.
Com essa nova visão, leva-se o educando a tornar-se crítico e solidário, para que se
compreenda como participante da natureza e capaz de ter atitudes transformadoras do
ambiente e, assim. garantir a sobrevivência do nosso “Planeta”.
Outros objetivos:
• Compreender a ciência como atividade humana, histórica, associada aos aspectos de
ordem social, econômica, política e cultural.79
• Compreender conhecimentos científicos e tecnológicos como meios de suprir
necessidades humanas, identificando riscos e benefícios de suas aplicações.
• Propiciar o questionamento reflexivo, tanto do educando como do educador,
possibilitando ao educando, a partir de seus conhecimentos prévios, a construção do
conhecimento científico, por meio de análise, reflexão e ação, para que possa
argumentar e se posicionar criticamente, priorizando aqueles que possam ter
significado real à vida dos educandos jovens e adultos.
• Diagnosticar no sentido de resgatar o conhecimento já adquirido pelo educando,
permitindo estabelecer relações entre esses conhecimentos.
• Aplicar conhecimentos e tecnologias associadas às ciências naturais, em diferentes
contextos relevantes para a vida.
3. CONTEÚDOS DA ÁREA
Coloca-se, atualmente, como preocupação central para a aprendizagem, que os
conteúdos de Ciências Naturais necessitam ser organizados em torno de problemas
concretos, próximos dos estudantes, e que sejam relevantes para sua vida pessoal e
comunitária.
Fortalece-se a importância do contexto para a aprendizagem, de modo que o conteúdo
faça sentido para o estudante.
Os conteúdos estruturantes elencados foram retirados das Diretrizes Curriculares para
Educação Pública do Estado do Paraná (SEED, 2006).
Para oferecer contexto ao estudo de determinado assunto, conjuntos de conteúdos são
organizados em temas de trabalho, sendo encontrados na Projeto Político Pedagógico
para Educação de Jovens e Adultos (2002, p. 93).
Esta proposta será consultada para melhorar e complementar a proposta da escola,
descrita no decorrer do texto.
80
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES CONTEÚDOS BÁSICOS
CORPO HUMANO E SAÚDE
AMBIENTE
MATÉRIA E ENERGIA
TECNOLOGIA
- Níveis de organização;- Célula;- Morfologia e fisiologia dos seres vivos;- Mecanismos de herança genética;- Alimentação;- Organização do corpo humano (célula,
tecidos, órgãos e sistemas);- Doenças causadas por animais,
microorganismos, plantas tóxicas;- Imunização artificial;- Intoxicações por agentes químicos e físicos;- Drogas e DST′s;- Sexualidade.- Fatores vivos e não vivos presente no
ambiente;- Relações entre os seres vivos;- Fotossíntese;- Biodiversidade;- Organização dos seres vivos;- Sistemática;- Interações ecológicas;- Origem da vida;- Evolução dos seres vivos;- Ecossistema: equilíbrio e desequilíbrio
ambiental;- Desenvolvimento Sustentável;- Cadeia e teia alimentar;- Adaptação dos seres vivos.- Astronomia;- Universo;- Sistema Solar;- Movimentos celestes e terrestres;- Astros;- Origem e evolução do universo;- Gravitação universal;- Ciclo dia / noite;- Estações do ano;- Fases da Lua;- Eclipse solar e lunar;- Constituição da matéria;- Propriedades da matéria;- Formas de energia;- Conversão de energia;- Transmissão de energia;- Noções de física e química;- Obtenção de energia: fotossíntese e
respiração, alternativas (eólica, biomassa, nuclear);
81
- Água e seus estados físicos;- Transferência de energia.- Desenvolvimento agropecuário e da aviação;- Conquista espacial;- Pesquisas meteorológicas;- Máquinas e ferramentas;- Conservação dos alimentos;- Tecnologia x Ambiente x qualidade de vida.
4. ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS DA ÁREA
Os conteúdos na disciplina de Ciências serão complementados pelas áreas de química,
física, biologia, geologia, geografia, astronomia e outras, que poderão contribuir para um
melhor encaminhamento metodológico.
A apresentação dos conteúdos enfocará a historicidade dos mesmos, como por exemplo,
a descoberta das vacinas.
Os conteúdos serão trabalhados através de temas norteadores com interpretação de
textos, experimentos em laboratórios, pesquisas de campo e bibliográficas, trabalhos
individuais e em equipe, vídeos, músicas e painéis, debates, palestras e explanação oral
pelo professor.
A produção dos conteúdos trabalhados na disciplina será avaliada através de provas,
trabalhos, exercícios, relatórios, seminários, produção de textos.
5. AVALIAÇÃO
No processo avaliativo deve-se levar em conta o conjunto de saberes do educando.
Desta forma, a avaliação deve ser diagnóstica, resgatando o conhecimento adquirido pelo
educando e estabelecendo relações entre esses conhecimentos.
Sendo assim, o educador terá possibilidade de perceber e valorizar as transformações
ocorridas nos saberes do educando, durante e depois do processo.
A avaliação não pode ter caráter exclusivamente mensurável ou classificatório, deve-se
respeitar e valorizar o perfil e a realidade dos educandos da EJA, em todos os seus
aspectos, oportunizando-lhes a sua permanência no sistema escolar.
Neste sentido, a avaliação tem como objetivo promover um diálogo constante entre
educador e educandos, visando o seu êxito nos estudos. No processo de avaliação, é
essencial que o professor considere as diferentes maneiras de expressão.
82
BIOLOGIA
3. CONCEPÇÃO DA ÁREA DE CONHECIMENTO
É objeto de estudo da Biologia o fenômeno da vida em toda a sua diversidade de
manifestações. Esse fenômeno se caracteriza por um conjunto de processos organizados
e integrados, quer no nível de uma célula, de um indivíduo, ou ainda de um organismo no
seu meio.
Para compreender os pensamentos que contribuíram na construção das diferentes
concepções sobre o fenômeno vida e suas implicações para o ensino, buscou-se na
história da Ciência o contexto histórico nos quais pressões religiosas, econômicas,
políticas e sociais que impulsionaram mudanças conceituais de modo como o homem
passou a compreender a natureza.
Sabe-se que, desde o surgimento do planeta Terra, a espécie humana não foi o ser
predominante e, muito menos, o ser vivo mais importante dentre todos os diversos seres
vivos que por aqui passaram.
Por outro lado, ao longo deste processo de humanização que dura aproximadamente um
milhão de anos, o homem criou a linguagem, a escrita e a fala, diferenciando-se de todas
as demais formas de vida, possibilitando ao homem uma socialização.
A busca de soluções para as problematizações constitui-se em referência fundamental no
ensino de Biologia. Quando elaborada individual ou coletivamente, deve ser registrado,
valorizando os saberes trazidos pelos educandos e a evolução do processo de
aprendizagem.
É importante lembrar que a cultura científica deve ser incentivada, mesmo que de forma
gradual, respeitando o tempo de cada grupo ou indivíduo.
O ensino de Biologia na EJA deve propiciar o questionamento tanto de educandos como
de educadores, a fim de que reflitam sobre o processo de ensino e aprendizagem.
Desta forma, o educador terá condições de dialogar sobre a sua prática, a fim de retomar
o conteúdo com enfoque metodológico diferenciado e com estratégias diversificadas,
sendo essencial valorizar os acertos, considerando o erro como ponto de partida para que
o educando e o educador compreendam e ajam sobre o processo de construção do
conhecimento, caracterizando-o como um exercício de aprendizagem.
83
4. OBJETIVOS DA DISCIPLINA
Nas últimas décadas, conhecemos um mundo em contínua transformação, não só
tecnológica, mas social, em que todas as mudanças têm sido muito rápidas.
O domínio do conhecimento há de ser instrumento de inclusão social, e não, como foi
durante séculos, um dos meios para a manutenção da exclusão de milhões de pessoas.
Mais do que transmitir conceitos, a disciplina de Biologia possibilita aos alunos a tomada
de posição, através do estímulo da consciência de que todos somos responsáveis pelo
planeta em que vivemos e que deixaremos para as próximas gerações.
A disciplina suscita polêmicas de natureza ética, social e moral.
Por exemplo, sem novas tecnologias, como a terapia gênica, células tronco, “impressão
digital” do DNA, o projeto Genoma Humano.
No aspecto da Biologia Humana, informar pelo caráter científico, considerando questões
de natureza ética e social.
Em temas como drogas, gravidez na adolescência, doenças sexualmente transmissíveis
(como a AIDS) e acidentes, as discussões devem ser aprofundadas e que possam ser
complementadas com a participação de profissionais, como professores de outras
disciplinas, médicos, psicólogos e assistentes sociais.
Através da interação desses profissionais com a escola, um dos objetivos está em
socializar e relacionar os alunos como seres integrantes da sociedade, estimulando os
alunos até a uma provável escolha ou mudança profissional.
Outros objetivos elencados são:
• Compreender a Biologia como construção humana, entendendo como, por
acumulação, continuidade ou ruptura de paradigmas, relacionando o desenvolvimento
científico ao longo da história com a transformação da sociedade;
• Reconhecer o sentido histórico da ciência e da tecnologia, percebendo seu papel na
vida humana em diferentes épocas e na capacidade humana de transformar o meio;
• Compreender a Biologia como atividade humana, histórica, associada a aspectos de
ordem social, econômica, política e cultural;
• Compreender o papel das tecnologias associadas às ciências naturais, nos processos
de produção e no desenvolvimento econômico e social contemporâneo.
84
3. CONTEÚDOS DA ÁREA
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES CONTEÚDOS BÁSICOS
ORGANIZAÇÃO DOS SERES VIVOS
MECANISMOS BIOLÓGICOS
BIODIVERSIDADE
MANIPULAÇÃO GENÉTICA
- Composição química dos seres;- Níveis de organização;- Citologia, histologia, embriologia;- Anatomia humana;- Classificação dos seres vivos;- Divisão celular;- Fisiologia: digestão, respiração,
cardiovascular, excreção, coordenação, locomoção, reprodução e percepção;
- Defesa imunológica;- Genética;- Radicais livres;- Amamentação;- Nutrição;- Aborto;- Efeito das drogas no organismo;- Obesidade;- Ciclos biogeoquímicos.- Desequilíbrio ambiental, chuva ácida,
inversão térmica, poluição radioativa, poluições ambientais;
- Resíduos sólidos. Obtenção de energia: fotossíntese, fermentação celular, respiração celular.
- Origem da vida e do universo;- Teoria da evolução;- Moderna teoria da evolução: mutações
genéticas das populações;- Genética, bases da hereditariedade;- Relações entre os seres vivos (inter e intra-
específicas), sucessão ecológica, ecossistema, ciclos biogeoquímicos;
- Biopirataria;- Nomenclatura biológica;- Classificação dos seres vivos.
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- Saneamento básico (doenças);- Controle biológico – agrotóxicos;- Terapia gênica, transgênicos, clonagem;- Células tronco;- Medicina forense;- Inseminação artificial;- Técnicas de reprodução assistida;- Doenças relacionadas com qualidade de
vida;- Impacto ambiental;- Projeto Genoma;- Aditivos químicos;- Organismos geneticamente modificados;- Bioética.
4. ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS DA ÁREA
Segundo a Proposta Curricular para 2º Segmento da EJA (2002), conteúdos e métodos
devem visar à aprendizagem significativa, e não àquela realizada exclusivamente por
memorização, de modo que os conteúdos de aprendizagem se integram efetivamente
entre as experiências dos alunos e não sejam úteis apenas para o desempenho nas
provas.
Ao contrário, o acesso às Ciências Naturais em EJA deve se dar juntamente com a
promoção da racionalidade, a confirmação de informações adquiridas na vida extra-
escolar e o banimento do medo e dos preconceitos.
Os conteúdos serão trabalhados através de temas norteadores com interpretação de
textos, experimentos em laboratórios, pesquisas de campo e bibliográficas, trabalhos
individuais e em equipe, vídeos, músicas e painéis, debates, palestras e explanação oral
pelo professor.
A produção dos conteúdos trabalhados na disciplina será avaliada através de provas,
trabalhos, exercícios, relatórios, seminários, produção de textos.
As experiências do aluno também serão avaliadas através de situações que privilegiem
conteúdos relevantes sob o ponto de vista da vivência dos alunos, conteúdos que digam
respeito ao saber-fazer (ler textos diversos, gráficos, tabelas, imagens, ilustrações, bulas,
rótulos, avaliar impactos), enfim, conteúdos que façam diferença, principalmente para
melhor, na vida concreta desses alunos.
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5. AVALIAÇÃO
Ao avaliar o aluno de EJA deve-se levar em consideração o universo de vida desse aluno.
Exigem-se também sensibilidade para privilegiar recortes temáticos, procedimentos,
problemas, que lhes sejam familiares e que agreguem qualidade à sua vida cotidiana.
No processo avaliativo deve-se levar em conta o conjunto de saberes do educando.
Desta forma, a avaliação deve ser diagnóstica, resgatando o conhecimento adquirido pelo
educando e estabelecendo relações entre esses conhecimentos.
Sendo assim, o educador terá possibilidade de perceber e valorizar as transformações
ocorridas nos saberes do educando, durante e depois do processo.
A avaliação não pode ter caráter exclusivamente mensurável ou classificatório, deve-se
respeitar e valorizar o perfil e a realidade dos educandos da EJA, em todos os seus
aspectos, oportunizando-lhes a sua permanência no sistema escolar.
Neste sentido, a avaliação tem como objetivo promover um diálogo constante entre
educador e educandos, visando o seu êxito nos estudos.
No processo de avaliação, é essencial que o professor considere as diferentes maneiras
de expressão oral, escrita, etc.
ARTES
1. CONCEPÇÃO DA ÁREA DE CONHECIMENTO
O homem cria, não apenas porque quer, ou porque gosta, e sim, porque precisa: ele só
pode crescer, enquanto ser humano, coerentemente, ordenando, dando forma, criando.
Na busca de construir e explicar os significados das diferentes relações estabelecidas, o
homem precisa, segundo OSTROWER, orientar-se ordenado os fenômenos o sentido das
formas ordenadas; precisa comunicar-se com outros seres humanos, novamente por meio
de formas ordenadas.
Trata-se, pois de possibilidades, potencialidades do homem que se convertem em
necessidades existenciais. Nesta perspectiva, a compreensão é uma das categorias
fundamentais para o ato criador, dessa forma o indivíduo não só poderá exercitar e
desenvolver uma percepção consciente, mas também projetá-la quando buscar preencher
a realidade de novos significados.
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Assim sendo, formar e ampliar os sentidos para uma efetiva compreensão da cultura
visual, sonora, cênica e do movimento, mediante o domínio do conhecimento artístico
para interpretar os significados dos elementos artísticos e do mundo que o cerca.
A arte é uma composição estética e instrumento de simbolização que necessita do
trabalho material, o que a faz frequentemente intervir com a Ciência (Matemática, Física,
Química, Anatomia, entre outras). Possibilita, dessa forma, estabelecer uma unidade com
a proposta curricular da escola, por consequência, integrar-se em um trabalho mais
efetivo na formação e desenvolvimento do aluno.
A materialização dos signos se realizará por meio de múltiplas linguagens (verbais ou
não-verbais), gerando múltiplos efeitos de sentidos e ampliando as possibilidades de
leitura de mundo dos sujeitos envolvidos nessa dinâmica.
Toda linguagem artística possui uma organização de signos que propiciam comunicação
e interação. O modo de ver, ouvir, permite ordenar, transpor, interpretar por meio das
diferentes áreas artísticas sobre uma nova visão da realidade. Essa experiência não se
reduz à experimentação de puras qualidades sensoriais, mas, um meio de compreensão
do eixo central, com objetivo de que este se constitua no espaço familiar de quem está
inserido. Quer dizer com isso que, aprender a ver, ouvir, encenar, movimentar-se no
espaço, se constitui o ponto de partida do trabalho e deve incluir, além da observação da
aparência e da função dos objetos, a percepção dos aspectos que traduzem os seus
significados na vida cotidiana.
Assim, a leitura das formas, dos sons, do modo como as pessoas se relacionam e se
movimentam no espaço, é um meio indispensável para entender a realidade. Isto porque
permite perceber os objetos de acordo com sua forma, estrutura, significado e não apenas
de acordo com sua função prática. Além da formação dos sentidos, o domínio do
conhecimento artístico, atividade de apreciação, produção artística são instrumentos
importantes no processo de familiarização cultural.
Essa organização é estruturada segundo princípios que cada cultura constrói, expressos
numa simbologia particular que é determinada de forma histórica, política e social. Essa
expressividade artística é concretizada quando, nas manifestações ou produções, se
utiliza dos sons, das formas visuais, dos movimentos corporais e das representações
cênicas, que são percebidos pelos sentidos humanos. Tal percepção possibilita leituras
da realidade, permitindo uma reflexão mais ampla a respeito da sociedade em que o
sujeito está inserido e de outras, com as quais ele estabelece relações.
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Um dos elementos essenciais que caracteriza o ensino de Arte na escola é como forma
de conhecimento. Embora, hoje pareça óbvio, historicamente, a arte na escola era vista
apenas como atividade, como diversão e não como forma de conhecimento como
qualquer outra disciplina escolar. Um dos elementos essenciais que caracteriza o ensino
de Arte no ambiente escolar é o fato de que, a escola, tem a possibilidade de relacionar,
questionar, experimentar, refletir e contextualizar os trabalhos artísticos a fim de que
façam sentido nas próprias vidas e na construção da sociedade brasileira.
A Arte tece uma imensa rede de saberes que pode proporcionar conhecimentos múltiplos:
1) O conhecimento de si mesmo;
2) O conhecimento do outro e dos outros;
3) O conhecimento do mundo que o rodeia.
O desafio dos professores recai justamente em articular estes três saberes a fim de
enriquecer a experiência de vida dos alunos e construir com eles o exercício da cidadania.
As inter-relações entre o fazer/pensar arte na escola, proporciona, tece uma interlocução
maior e mais significativa entre as identidades pessoais e coletivas, de modo que permita
pertencer, dialogar e transformar a realidade que o circunda.
O devir humano é o que nos diferencia dos animais irracionais. O homem deseja, planeja,
constrói; não age por puro instinto.Mas nosso desejo se complica: temos fantasias, sonhos, idealizações; recitamos poemas; tocamos violão; fazemos samba-canção... Desejamos s glória, o poder, a imortalidade e talvez até a morte. A Arte serve para preencher aquele vazio. Ela dá sentido à existência humana. (OSTROWER)
3. OBJETIVOS DA DISCIPLINA
O ser humano é um ser simbólico, inventa e cria símbolos e a arte é um patrimônio
cultural que aproxima dos códigos e interpretações das comunidades de qualquer época,
povo e país. A arte é conhecimento, muitas vezes, um conhecimento específico da
linguagem, artes visuais, música, teatro e dança outras vezes, um conhecimento ligado a
outros campos do saber: história, geografia, sociologia, filosofia, religião, antropologia ou
arqueologia, enfim tudo que faz parte do contexto em que a obra foi criada.
A arte é um campo por excelência que possibilita a valorização da diversidade, a
construção das identidades e o trabalho com a interculturalidade. A arte nos permite
várias leituras do mundo e, portanto, um olhar múltiplo para as situações que nos
rodeiam.
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3. CONTEÚDOS DA ÁREA
ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
ÁREASCONTEÚDOS ESTRUTURANTES
ELEMENTOS FORMAIS COMPOSIÇÃO MOVIMENTO E PERÍODOS
ARTES VISUAIS
MÚSICA
TEATRODANÇA
- Ponto- Linha- Superfície- Textura- Volume- Luz- Cor- Figurativa- Abstrata- Figura/fundo- Bidimensional- Tridimensional- Semelhanças- Contrastes- Ritmo Visual- Gêneros- Técnicas- Personagem:
Expressões vocais, gestuais e faciais
- Ação- Espaço Cênico- Movimento
Corporal- Tempo- Espaço
Arte Pré-histórica; Arte no Antigo Egito; Arte Greco-romana; Arte Pré-Colombiana; Arte Oriental; Arte Africana; Arte Medieval;Arte Bizantina; Arte Românica;Arte Gótica; Renascimento; Barroco; Neoclassicismo; Romântico; Realismo; Impressionismo; Expressionismo; Fauvismo; Cubismo; Abstracionismo; Dadaísmo; Construtivismo; Surrealismo; Op-Art; Pop-Art; Arte Naif; Vanguardas artísticas; Arte Popular; Arte Indígena; Arte Brasileira; Arte Paranaense; Indústria Cultural; Arte Latino-Americana; Muralismo.- Representação- Sonoplastia- Iluminação- Composição- Cenografia- Figurino
Arte Greco-Romana; Arte Oriental; Arte Africana; Arte Medieval; Renascimento; Rap; Tecno; Barroco; Classicismo; Romantismo; Vanguardas Artísticas; Arte Engajada; Música Serial; Música Eletrônica; Música Minimalista; Música Popular Brasileira; Arte Popular; Arte Indígena; Arte Brasileira; Arte Paranaense; Indústria Cultural; World Music; Arte Latino-Americana.Arte Greco-Romana; Arte Oriental; Arte Africana; Arte Medieval; Renascimento; Barroco; Neoclassicismo; Romantismo; Realismo; Expressionismo; Vanguardas Artísticas; Teatro Dialético; Teatro do Oprimido; Teatro Pobre;Teatro Essencial; Teatro do Absurdo; Arte Engajada; Arte Popular; Arte Indígena; Arte Brasileira; Arte Paranaense; Indústria Cultural; Arte Latino-Americana.Arte Pré-histórica; Arte Greco-romana; Arte Oriental; Arte Africana; Arte Medieval; Renascimento; Barroco; Neoclassicismo; Romantismo; Expressionismo; Vanguardas Artísticas; Arte Popular Arte Indígena; Arte Brasileira; Arte Paranaense; Dança Circular; Indústria Cultural; Dança Clássica; Dança Moderna; Dança Contemporânea; Hip-Hop; Arte Latino-Americana.
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- Caracterização, maquiagem, adereços
- Jogos Teatrais- Roteiro- Enredo- Gênero- Técnicas- Ponto de Apoio- Salto e queda- Rotação- Formação- Deslocamento- Sonoplastia- Coreografia- Gêneros- Técnicas
4. ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS DA ÁREA
O encaminhamento metodológico para a disciplina de Arte para o ensino fundamental e
médio da Educação de Jovens e Adultos da rede pública do Estado do Paraná está
fundamentado nas Diretrizes Curriculares da EJA, onde estão identificados três eixos
articuladores: cultura, trabalho e tempo. Com base nesses eixos que norteiam o currículo
na EJA, Arte Estética, Arte e Identidade e Sociedade como eixos específicos da disciplina
de Arte.
Arte e EstéticaA experiência estética se revela com a sensibilização, com a descoberta do olhar, um
encontro com as emoções, libertando o ser para perceber o mundo em si e ao seu redor,
permitindo, um pensar filosófico, crítico e reflexivo.
O fazer artístico, que é manipulação dos elementos da linguagem artística, presentes nas
Artes Visuais, na Música, no Teatro e na Dança, deve possibilitar as experiências
estéticas e compreender como aproximar e proporcionar o olhar estético para as
produções artísticas e para o cotidiano.
Dessa forma o educando da EJA torna-se sujeito na construção do conhecimento
mediante a compreensão dos processos de trabalho, de criação, de produção e de
cultura.
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Arte e IdentidadeEm um mundo onde as mudanças são rápidas, face à globalização e aos eventos
tecnológicos e científicos vertiginosos, a arte é um dos elementos que faz parte da
identidade dos povos. As mudanças globais aceleradas influenciam a identidade dos
indivíduos e a sua manifestação artística.
De acordo com MARQUES:
Não se domina um país pela invasão territorial, mas principalmente pela superposição e diluição de repertórios culturais e sociais. Caso nossos repertórios não estejam enraizados de forma significativa, ou seja, relacional, consciente e crítica, poderemos ser massacrados pela pasteurização de idéias estéticas. (2003, p. 157)
Esse eixo temático na Educação de Jovens e Adultos do Ensino Fundamental e Médio do
Estado do Paraná preocupa-se com uma educação, que por meio da Arte transmita
significados que estão próximos da vida concreta do educando.
Quando um indivíduo desenvolve sua percepção estética e tem consciência do poder
dessas representações, textos e imagens na produção das identidades, compreende a
força persuasiva da arte, no sentido de criar e reforçar representações que possui como
indivíduo e como identidade coletiva.
Arte e SociedadeA profunda relação entre arte e sociedade é possível na medida em que pensa a arte
como construção social e não como um dom natural, talento ou mera produção. As
pessoas são construções sociais que necessariamente influem e são influenciadas pelo
fazer e o pensar artístico.
Em contrapartida, o conhecimento da arte em seu aspecto social desvela-se de modo que
o ser humano possa pertencer, dialogar e transformar a realidade que o circunda.
Em relação à Educação de Jovens e Adultos, não se pode perder de vista as concepções
de mundo e de sociedade que se quer construir e vivenciar com os educandos. Pois o
grande desafio do trabalho pedagógico em Arte nos dias de hoje não se resume somente
em aceitar e respeitar a diversidade, mas principalmente em trabalhar, partilhar, dialogar e
recriar conjuntamente a fim de educar para uma sociedade equilibrada. Este processo de
análise crítica levará em conta as transformações destas relações no espaço e tempo.92
Estas transformações serão percebidas pelo homem social e nelas também ele se
perceberá.
5. AVALIAÇÃO
Dentre as categorias que compõem a avaliação, duas são extremamente fundamentais
para a compreensão do professor do que vem a ser Avaliação no Ensino de Arte, a saber:
a Objetividade e a Subjetividade.
A Objetividade é fundamentada na observação imparcial, independente das preferências
individuais. Uma afirmação objetiva é, sobretudo, uma afirmação que pode ser
comprovada por outras pessoas, havendo então um confronto de opiniões. A
Subjetividade depende do ponto de vista pessoal, individual, que não é fundado no objeto,
mas condicionado somente por sentimentos ou afirmações arbitrárias do sujeito.
O trabalho de avaliação também é importante para os alunos; ela deverá ser realizada em
sala de aula de maneira a colaborar para a construção do pensamento crítico. Nesse
sentido, a avaliação deverá ser realizada sob a forma de construção pelos próprios alunos
mediados pelo professor. Os alunos poderão sugerir soluções para aqueles trabalhos que
não ficaram bem resolvidos, ou seja, não deram conta da proposta pedida e perceber se o
seu próprio trabalho alcançou ou não os objetivos da proposta lançada.
A avaliação em Arte supera dessa forma o papel de mero instrumento de medida da
apreensão de conteúdos: busca propiciar aprendizagens socialmente significativas para o
aluno. Assim sendo, considerará o desenvolvimento do pensamento estético, levando em
conta a sistematização dos conhecimentos para a leitura da realidade.
O professor observará como o aluno soluciona as problematizações apresentadas e como
se relaciona com o colega nas discussões e consensos de grupos. O aluno como sujeito
desse processo também irá elaborar seus registros de forma sistematizada. As propostas
podem ser socializadas em sala, possibilitando oportunidades para o aluno apresentar,
refletir e discutir a sua produção e a dos colegas, sem perder de vista a dimensão
sensível contida no processo de aprendizagem dos conteúdos das linguagens artísticas.
Avaliar exige, acima de tudo, que se defina aonde se quer chegar, que se estabeleçam os
critérios para, em seguida, escolherem-se os procedimentos, inclusive naqueles
referentes à seleção dos instrumentos que serão utilizados no processo de ensino e
aprendizagem.
93
Para possibilitar avaliação individual e coletiva, é necessário utilizar vários instrumentos
de avaliação, como o diagnóstico inicial, durante o percurso e final do aluno e do grupo,
trabalhos artísticos, pesquisas, debates, seminários, portifólio, experiências artísticas e
outras formas de avaliação.
Dessa forma é necessário que o aluno tenha uma referência histórica (contextualização),
produza de forma criativa, consiga realizar um diálogo com o que está sendo
apresentado. Expresse os sentimentos emoções de modo que o produto final tenha o
próprio jeito, estilo ou marca.
EDUCAÇÃO FÍSICA
1. CONCEPÇÃO DA ÁREA DO CONHECIMENTO
Compreender a Educação Física sob um contexto mais amplo significa entender que ela é
composta por interações que se estabelecem nas relações sociais, políticas, econômicas
e culturais dos povos.
É partindo dessa posição que esse Projeto Político Pedagógico estabelece o objeto de
estudo e ensino da Educação Física, evidenciando a relação estreita entre a formação
histórica do ser humano por meio do trabalho e as práticas corporais decorrentes.
A ação pedagógica da Educação Física deve estimular a reflexão sobre o acervo de
formas e representações do mundo que o ser humano tem produzido, exteriorizadas pela
expressão corporal em jogos e brincadeiras, danças, lutas, ginásticas e esportes.
Nos últimos anos vivenciamos a mudança da Educação Física, e através do referencial da
perspectiva cultural propõe-se que a disciplina busque o estudo da cultura humana, ou
seja, estudando e atuando sobre o conjunto das práticas ligadas ao corpo e ao
movimento.
94
2. OBJETIVOS DA DISCIPLINA
Deve estar voltado para a humanização das relações sociais, considerando a noção de
corporalidade, entendida como a expressão criativa e consciente do conjunto das
manifestações corporais historicamente produzidas.
Favorecer o estudo, a integração e a reflexão da cultura corporal de movimentos,
formando o cidadão que vai produzi-la, reproduzi-la e transformá-la, instrumentalizando-o
para usufruir as atividades propostas em benefício da sua inserção social, levando-o a
descobrir motivos e sentidos nas práticas corporais que favoreçam o desenvolvimento de
atitudes positivas, contemplando assim todas as manifestações corporais e culturais,
partindo da realidade local para as diferentes culturas.
3. CONTEÚDOS DA ÁREAENSINO FUNDAMENTAL
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES CONTEÚDOS BÁSICOS
QUALIDADE DE VIDA
ESPORTES
JOGOS E BRINCADEIRAS
GINÁSTICA
DANÇA
LAZER
LUTAS
-Definição de Qualidade de Vida-Atividade Física X exercício-Benefícios da Atividade Física-Prática de atividade física-Sedentarismo-Obesidade-IMC-Controle de freqüência cardíaca-Caminhada-Postura-Definição de esporte-Histórico e origem-Conhecendo o esporte-Regras básicas de alguns esportes-Esporte como fenômeno global-Olimpíadas-Pan Americano-Definição de jogo e brincadeiras-Aspectos históricos sociais-Tipos de jogos: jogos cooperativos, jogos recreativos, jogos lúdicos, jogos intelectivos-Brinquedos: criação e utilização-História e origem-Tipos de Ginástica-Atividades práticas (alongamento, localizada, relaxamento)
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-História e origem da dança-Tipos de dança-Definição de lazer-Aproveitamento do tempo livre-Lazer e benefícios para saúde-Atividades de lazer-História e origem das lutas-Capoeira-Lutas Olímpicas
ENSINO MÉDIO
QUALIDADE DE VIDA
ESPORTES
JOGOS E BRINCADEIRAS
GINÁSTICA
DANÇA
LAZER
LUTAS
-Definição de Qualidade de Vida-Atividade Física X exercício-Benefícios da Atividade Física-Prática de atividade física-Estresse-Alimentação-Relacionamento-LER e DORT-Ergonomia-Definição de esporte-Histórico e origem do esporte-Conhecendo o esporte-Regras básicas de alguns esportes-Esporte como fenômeno global-Copa do Mundo-Atletas quem se destacaram no esporte-Definição de jogo e brincadeiras-Aspectos históricos sociais-Tipos de jogos: jogos cooperativos, -jogos recreativos, jogos lúdicos, jogos intelectivos
-Brinquedos: criação e utilização-História e origem da ginástica-Tipos de Ginástica-Atividades práticas (alongamento, localizada, relaxamento)
-História e origem da dança-Tipos de dança-Definição de lazer-Aproveitamento do tempo livre-Lazer e benefícios para saúde-Atividades de lazer-História e origem das lutas-Capoeira-Lutas Olímpicas
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4. ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS DA ÁREA
A Educação de Jovens e Adultos – EJA atende um público diverso (jovens, adultos,
idosos entre outros) que não teve acesso ou não pode dar continuidade à escolarização,
por fatores, normalmente, alheia a sua vontade.
Esses alunos possuem uma gama de conhecimentos adquiridos em outras instâncias
sociais, sendo que, a escola não é o único meio de produção e socialização de saberes.
O propósito da intervenção do professor que atua no campo da Educação Física no
contexto do EJA é potencializar as possibilidades de participação ativa de pessoas com
demandas educacionais específicas, em programas com foco na atividade física
movimento corporal humano.
Igualmente, há que se considerar que a sustentação para ações pedagógicas
direcionadas ao processo de escolarização dessas mesmas pessoas encontra-se em fase
de construção, carecendo ainda da produção de conhecimento capaz de contribuir para a
consolidação da participação da Educação Física.
Compreendendo o perfil do aluno da EJA, a Educação Física deverá valorizar a
diversidade cultural dos alunos e a riqueza das suas manifestações corporais, a reflexão
das problemáticas sociais e a corporalidade “entendida como a expressão criativa e
consciente do conjunto das manifestações corporais historicamente produzidas”,
considerando os três eixos norteadores do trabalho com a EJA que são a cultura, o
trabalho e o tempo.
O planejamento das aulas para o perfil do aluno da EJA necessita de um levantamento
junto aos mesmos, de como foram suas aulas e experiências anteriores, para haver maior
clareza de como poderá planejar o trabalho pedagógico.
Outra perspectiva a ser considerada é o trabalho com a cultura local, buscando a origem
de suas práticas, transformações e diferenças em cada região.
O professor deve mediar o trabalho pedagógico para que o aluno compreenda o seu “eu”
e o relacionar-se com o outro, a partir do conhecimento do seu corpo, como instrumento
de expressão e satisfação de suas necessidades, respeitando experiências anteriores e
dando-lhe condições de adquirir e criar novas formas de expressão.
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5. AVALIAÇÃO
A avaliação proposta para a EJA entende a necessidade da avaliação qualitativa e
voltada para a realidade.
Proceder à avaliação da aprendizagem clara e consciente é entendê-la como processo
contínuo e sistemático de obter informações, de perceber progressos e de orientar os
alunos para a superação das suas dificuldades.
A avaliação deverá, portanto compreender formas tais como: linguagem corporal, a
escrita, a oral, através de avaliações teóricas, de trabalhos, proporcionando um amplo
conhecimento e utilizando métodos de acordo com as situações e objetivos que se quer
alcançar.
Levando em consideração os alunos idosos, ou com menos habilidades e o grau de
desenvolvimento que possuem. O acompanhamento contínuo do desenvolvimento
progressivo do aluno, respeitando suas individualidades.
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99
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WILLIANS, Raymond. Cultura. Trad. De Lólio Lourenço de Oliveira. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1992.
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