1
RAQUEL AZEVEDO DA SILVA
PREVALÊNCIA DE DORES RELACIONADAS À DISFUNÇÃO TEMPORO-
MANDIBULAR E DOR OROFACIAL EM ESTUDANTES DE FARMÁCIA,
ODONTOLOGIA E NUTRIÇÃO DA UFPR
CURITIBA
2012
2
RAQUEL AZEVEDO DA SILVA
PREVALÊNCIA DE DORES RELACIONADAS À DISFUNÇÃO TEMPORO-
MANDIBULAR E DOR OROFACIAL EM ESTUDANTES DE FARMÁCIA,
ODONTOLOGIA E NUTRIÇÃO DA UFPR
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Odontologia da Universidade Federal do Paraná como requisito à obtenção do título de Cirurgião Dentista. Orientador(a): Prof. Dr. Paulo Afonso Cunali.
.
CURITIBA
2012
3
RESUMO
Este trabalho de pesquisa teve o objetivo de avaliar a prevalência de sinais
e sintomas de disfunção temporomandibular (DTM) em estudantes universitários dos
cursos de odontologia, farmácia e nutrição da UFPR, utilizando o questionário de
triagem para DTM da Academia Americana de Dor Orofacial (AAOP). Foram avaliados
360 universitários entre 17 e 28 anos. Os resultados mostraram que 44,17% dos sujeitos
apresentaram algum sintoma de DTM. Houve maior prevalência de sintomas no gênero
feminino. Sinais e sintomas tais como dificuldade ou dor para abrir a boca e mastigar,
ruídos nas articulações, cansaço na região mandibular e dor nas têmporas e bochechas
apresentaram íntima relação entre si. A análise estatística dos dados obtidos permitiu
identificar significante presença de sinais e sintomas de DTM nesta população
universitária da UFPR.
Palavras-chave: DTM. Sinais e sintomas. Prevalência. Estudantes universitários.
ABSTRACT
This research aimed at evaluating the prevalence of signs and symptoms of
temporomandibular disorders (TMD) in students on university courses in dentistry,
pharmacy and nutrition at UFPR. The screening questionnaire for TMD American
Academy of Orofacial Pain (AAOP) was used. Were evaluated 360 university students
age between 17-28 years. Results showed that 44.17% of subjects had some degree of
TMD. Prevailed symptoms more frequent in females. Signs and symptoms such as pain
or difficulty when opening the mouth and chewing, joint noises, tired jaw and pain in
the temples and cheeks were intimately interrelated. Data statistical analysis identified
significant presence of signs and symptoms of TMD in university population from
UFPR.
Key Words: TMD. Signs and symptoms. Prevalence. University students.
4
1. INTRODUÇÃO
A disfunção temporomandibular tem desempenhado relevante papel na
odontologia nas últimas décadas. Verifica-se um número de pacientes bastante
significativo em contraste com a pequena quantidade de informações disponíveis sobre
o assunto, sugerindo a necessidade de desenvolvimento de estudos sobre o assunto
visando aprimorar o tratamento.
Historicamente, o responsável pelo início dos estudos nesta área foi
Costen, um otorrinolaringologista, que descreveu uma série de sintomas como
problemas auditivos, zumbido, dor ao redor dos ouvidos e vertigens, conhecida como
síndrome de Costen. A partir de seus trabalhos, várias nomenclaturas foram sugeridas
de acordo com as várias teorias etiológicas. Recentemente, o termo Disfunção
Temporomandibular (DTM) tem sido aceito.
A queixa principal da DTM é a dor na face, qualificada como uma
experiência desagradável, capaz de alterar seriamente a vida e o comportamento das
pessoas. Muitas vezes a dor está associada à função mandibular, principalmente à
mastigação.
A DTM é caracterizada como um conjunto de sinais e sintomas, dentre os
quais estão dores nas articulações temporomandibulares (ATM) e na área preauricular
e/ou musculatura da mastigação, limitação nos movimentos mandibulares de extensão,
ruídos auriculares durante a função mandibular além de dor eliciada por palpação
(DWORKIN et al. 1990).
Entender a etiologia das DTM não é uma tarefa fácil. Tanto os fatores
centrais como os periféricos parecem importantes, juntamente com os fatores
morfofuncionais e psicológicos envolvidos como causas multifatoriais (SOLBERG;
CLARK; RUGH,1975).
CONTI et al. (1996), avaliaram a prevalência e a necessidade de
tratamento da DTM em estudantes universitários brasileiros. O teste x-quadrado foi
aplicado para comparar os dados clínicos e oclusais com a presença e a severidade da
DTM. De acordo com os resultados obtidos, os autores relataram que 0,65% dos
estudantes apresentavam sintomas severos de DTM, enquanto 5,81% sintomas
moderados e 34,8% sintomas leves. Prevaleceu à presença de sintomas mais freqüentes
5
no gênero feminino e os relatos de tensão emocional e hábitos bucais deletérios
demonstraram associação com a DTM.
Em 2001 Ciancaglini e Radaelli observaram a relação do bruxismo com a
dor craniofacial e sintomas do sistema mastigatório de 483 indivíduos adultos, com
idade entre 18 e 75 anos, selecionados em Segrate, na Itália. Destes foram coletados
dados através de questionário envolvendo questões sobre condições bucais, ocorrência
de sintomas de distúrbios mastigatórios, dor craniofacial e dor cervical. Foi relatado
bruxismo por 152 indivíduos (31,5%), sendo a prevalência ligeiramente maior nas
mulheres do que nos homens. Dentre os 161 indivíduos que sentiam dor craniofacial,
106 (65,8%) relataram cefaléia, 75 (46,6%) dor na ATM e 16 (9,9%) dor em outras
áreas da face. Encontrou-se uma associação significativa entre bruxismo e dor
craniofacial, dificuldade de fechar a boca, dificuldade de abertura ampla da boca, ruídos
na ATM, dor durante os movimentos mandibulares e sensação de rigidez ou fadiga. A
conclusão foi que de acordo com os resultados obtidos, na população adulta, há uma
complexa associação entre bruxismo, dor craniofacial e sintomas de distúrbios
mastigatórios.
OBJETIVO
Este trabalho de pesquisa teve o objetivo de avaliar a prevalência de sinais
e sintomas de disfunção temporomandibular (DTM) em estudantes universitários.
Também saber em qual sexo há maior prevalência de DTM.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
2.1. Aprovação do projeto de pesquisa e termo de consentimento
Neste trabalho foi utilizado como modelo o termo de consentimento livre e
esclarecido (TCLE) preconizado pela Comissão de Ética para Análise de Projeto de
Pesquisa da Universidade Federal do Paraná, e o projeto foi aprovado pelo Comitê de
Ética da UFPR- Registro CEP/SD 1241.166.11.10, CAAE: 0156.0.091.000-11. Todos
os participantes que aceitaram fazer parte desta pesquisa assinaram o TCLE (Anexo 2),
conforme a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde- Brasil.
2.2. Local
6
Os questionários foram aplicados nas salas de aula da Universidade
Federal do Paraná (UFPR), no campus do Jardim Botânico, no prédio de Ciências da
Saúde.
2.3. Critério de Inclusão
O critério de inclusão da amostra foi ser estudante dos cursos de farmácia
ou odontologia ou nutrição da UFPR.
2.4. Critérios de Exclusão
Alunos com idade muito discrepante da amostra desejada.
2.5. Amostra
O presente estudo foi realizado com 360 alunos, sendo 120 de cada curso.
Com idades variando de 17 a 28 anos, de ambos os gêneros. (tabela 3.1)
2.6. Instrumentos de Avaliação
2.6.1. Questionário
Os alunos voluntários responderam a um questionário padronizado pela
Academia Americana de Dor Orofacial (AAOP), contendo 10 questões próprias para
avaliar a sintomatologia da DTM (Anexo 1).
2.6.2 Escala Visual Analógica
Para avaliar a intensidade dos sintomas foi utilizada uma escala visual
analógica, com associação numérica de 0 a 10, encontrada no final do questionário
(Anexo 1).
Os resultados da análise da escala foram representados nos gráficos da
seguinte maneira: 0 (zero) significa ausência de dor; 1 e 2 demonstram dor leve; 3 a 7
dor moderada e 8 a 10 significa dor intensa (Agne, 2008).
2.7. Análise Estatística
Para análise dos dados obtidos por meio do questionário foi utilizado o
teste do Welch Two Sample t-test com o objetivo de avaliar a presença e/ou severidade
de DTM.
Para o estudo de correlações para testar a existência e quantificar a
associação entre variáveis foram utilizados os coeficientes de correlação de Pearson e de
Fisher, de acordo com a natureza das variáveis em estudo. Para correlações relacionadas
com a idade foi utilizado o teste de Turkey.
Em todos os testes estatísticos foi adotado um p-valor de 0,05 (5%).
7
3. RESULTADOS
3.1 Resultados Descritivos
3.1.1 Dados relacionados à idade
A amostra total é composta por 360 indivíduos. A média de idade foi de
20,47 anos, sendo a idade mínima de 17 e a máxima de 28 anos.
Referentes ao gênero constituíram a amostra 67 homens (18,6%) e 293
mulheres (81,3%).
TABELA 3.1.- IDADE MÉDIA DOS UNIVERSITÁRIOS PESQUISADOS
Sexo Qtde Mín. Idade Máx. Idade
Média de
idade
Desvio Padrão de
idade
Feminino 293 17 28 20.29 1.93
Masculino 67 17 27 21.25 2.38
Total 360 17 28 20.47 2.05
FONTE: O autor (2012)
NOTA: A idade média é de 20,47 com desvio padrão 2,05.
Feminino Masculino
18
20
22
24
26
28
sexo
idade
FIGURA 3.1
- IDADE MÉDIA ENTRE OS ESTUDANTES PESQUISADOS
FONTE: O autor (2012).
NOTA: A idade média é de 20,47.
8
Não Sim
18
20
22
24
26
28
Ruídos
idade
FIGURA 3.2
- IDADE x RUÍDOS ARTICULARES
FONTE: O autor (2012).
NOTA: De acordo com o teste Two Sample t-test é possível verificar uma associação estatisticamente
significativa entre quem tem mais idade com a presença de ruídos articulares (p=0,001).
Não Sim
18
20
22
24
26
28
Apertamento
idade
FIGURA 3.3
- ASSOCIAÇÃO ENTRE IDADE E MANDÍBULA CANSADA, RÍGIDA OU
APERTADA
FONTE: O autor (2012).
NOTA: De acordo com o teste Two Sample t-test há evidências de que a idade média de quem tem
apertamento é maior de quem não tem, ou seja, há associação entre a idade e o apertamento (p=0,002).
9
3.1.2 Resultados relacionados com a Escala Visual Analógica
Para quantificar a intensidade dos sintomas foi utilizada uma escala visual
analógica (EVA), com associação numérica de 0 a 10. Sendo 0 (zero) ausência de dor; 1
e 2 dor leve; 3 a 7 dor moderada e 8 a 10 significa dor intensa.
Feminino Masculino
02
46
8
sexo
EV
A
FIGURA 3.4
- PRESENÇA DE DOR RELACIONADA AOS GÊNEROS MASCULINO E
FEMININO.
FONTE: O autor (2012).
NOTA: Fica constatada a maior prevalência de dor no sexo feminino (p= 0,00003) de acordo com o teste
Two Sample t-test.
10
FIGURA 3.5
- MAIOR PREVALÊNCIA DE DOR NO SEXO FEMININO
FONTE: O autor (2012).
NOTA: Há uma maior prevalência de dor no sexo feminino de acordo com o gráfico acima.
FIGURA 3.6
- RELAÇÃO ENTRE EVA E OS CURSOS DE FARMÁCIA, ODONTOLOGIA E
NUTRIÇÃO
FONTE: O autor (2012).
NOTA: Com p-valor: 0,02 há evidencias de que há diferença entre os cursos quanto a EVA médio, sendo
maior o relato de dor no curso de nutrição.
11
Farmacia Nutrição Odonto
02
46
8
Curso
EVA
Figura 3.7
- EVA E OS CURSOS DE FARMÁCIA, ODONTOLOGIA E NUTRIÇÃO
FONTE: O autor (2012).
NOTA: Segundo o teste aplicado Two Sample t-test é possível verificar uma maior prevalência de dor no
curso de Nutrição.
Figura 3.8
- ASSOCIAÇÃO ENTRE EVA E RUÍDOS ARTICULARES
FONTE: O autor (2012).
NOTA: De acordo com o teste Two Sample t-test é possível verificar que há associação de dor com
ruídos articulares (p= 0.0001).
12
3.1.3: Associação entre os sintomas de DTM presentes no questionário
Foi possível verificar associação entre vários sintomas abordados no
questionário. Iremos citar apenas os mais relevantes e com um p-valor mais
significativo.
TABELA 3.2 - RUÍDOS ARTICULARES x DIFICULDADE DOR OU AMBAS AO
ABRIR A BOCA OU BOCEJAR
% 4. Ruídos
1. Abertura bucal Sim Não Total geral
Sim 88.00% 12.00% 100.00%
Não 33.13% 66.87% 100.00%
Total geral 36.94% 63.06% 100.00%
Pearson’s Chi-squared test� p-value =0.00000004186
FONTE: O autor (2012).
NOTA: 88% dos alunos que afirmaram ter ruídos articulares também disseram sentir dificuldade, dor ou
ambas ao abrir a boca ou bocejar.
Figura 3.9
- RUÍDOS ARTICULARES x DIFICULDADE DOR OU AMBAS AO ABRIR A
BOCA OU BOCEJAR
FONTE: O autor (2012)
NOTA: 88% dos universitários disseram sim a ambos os sintomas de DTM.
TABELA 3.3 - DOR DE CABEÇA x DIFICULDADE, DOR OU AMBAS AO
MASTIGAR E FALAR
13
% 7. Dor na face
3. Dor em função Sim Não Total geral
Sim 74.07% 25.93% 100.00%
Não 30.63% 69.37% 100.00%
Total geral 33.89% 66.11% 100.00%
Pearson's Chi-squared test� p-value =0.000004501
FONTE: O autor (2012).
NOTA: Através do teste do x-quadrado de Pearson foi possível verificar que 74% dos estudantes que
relataram sentir dor de cabeça também apresentavam dificuldade, dor ou ambas ao mastigar e falar.
Figura 3.10
- DOR DE CABEÇA x DOR EM FUNÇÃO
FONTE: O autor (2012).
3.1.4: Prevalência de um ou mais sintomas de DTM .
TABELA 3.4. - PORCENTAGEM DE ALUNOS COM UM OU MAIS SINTOMAS
DE DTM.
Sintoma Qtde Percentual
Não 201 55.83%
Sim 159 44.17%
Total geral 360 100.00%
FONTE: O autor (2012).
NOTA: Considerando os alunos que responderam sim a pelo menos um dos itens 1, 3, 5 e 7 do
questionário, cerca de 44,17% apresentaram algum grau de DTM.
14
Figura 3.11
- ALUNOS COM UM OU MAIS SINTOMAS DE DTM.
FONTE: O autor (2012).
NOTA: É possível verificar que 44,17 afirmaram ter algum sintoma de DTM.
TABELA 3.5 - PRESENÇA DE RUÍDOS ARTICULARES NOS UNIVERSITÁRIOS
% 4. Ruídos articulares
1. Abertura bucal Sim Não Total geral
Sim 88.00% 12.00% 100.00%
Não 33.13% 66.87% 100.00%
Total geral 36.94% 63.06% 100.00%
FONTE: O autor (2012).
NOTA: De acordo com a tabela acima, referente aos ruídos, é possível verificar que 36,94% dos
universitários entrevistados afirmaram ter ruídos articulares.
TABELA 3.6 - DORES DE CABEÇA E DORES NO PESCOÇO
% 7. Dor na face
1. Abertura bucal Sim Não Total geral
Sim 48.00% 52.00% 100.00%
Não 32.84% 67.16% 100.00%
Total geral 33.89% 66.11% 100.00%
FONTE: O autor (2012).
NOTA: Dos 360 alunos que responderam a pesquisa 33,89% relatam sentir dores de cabeça e dores no
pescoço.
15
TABELA 3.7 - PORCENTAGEM DE ALUNOS QUE JÁ FIZERAM TRATAMENTO
PARA DTM
% 10. Tratamento
1. Abertura bucal Sim Não Total geral
Sim 40.00% 60.00% 100.00%
Não 5.07% 94.93% 100.00%
Total geral 7.50% 92.50% 100.00%
FONTE: O autor (2012).
NOTA: Referente ao tratamento, de acordo com a tabela, 7, 5% dos entrevistados fez algum tipo de
tratamento para DTM recentemente.
TABELA 3.8 - MANDÍBULA CANSADA, RÍGIDA OU APERTADA
% 5.Apertamento
1. Abertura bucal Sim Não Total geral
Sim 76.00% 24.00% 100.00%
Não 16.72% 83.28% 100.00%
Total geral 20.83% 79.17% 100.00%
FONTE: O autor (2012).
NOTA: Conforme mostra a tabela, 20, 83% dos universitários disseram sentir sua mandíbula cansada,
rígida ou apertada.
TABELA 3.9 - DIFICULDADE DOR OU AMBAS AO ABRIR A BOCA
% 3. Dor em função
1. Abertura bucal Sim Não Total geral
Sim 56.00% 44.00% 100.00%
Não 3.88% 96.12% 100.00%
Total geral 7.50% 92.50% 100.00%
FONTE: O autor (2012).
NOTA: 56% dos universitários afirmaram ter dificuldade, dor ou ambas ao abrir a boca.
4. DISCUSSÃO
O questionário aplicado neste trabalho foi respondido de forma auto-
aplicável por todos os alunos, e os dados obtidos expressos em porcentagem.
Os resultados mostram, de acordo com a tabela 3.4.1, que 44,17% da
população universitária estudada nesta pesquisa relatou ao menos um sintoma de DTM.
Este resultado aproxima-se do verificado em outros estudos como o de Gonçalves et al.
16
(2009) no qual observou-se que 37,5% da população apresentava ao menos um sintoma
de DTM . Entre os estudantes universitários estima-se que 41,3% a 68,6% apresentavam
algum sinal ou sintoma de DTM (CONTI et al., 1996; PEDRONI et al., 2003;
OLIVEIRA et al., 2008; BONJARDIM et al., 2009).
Estudos epidemiológicos demonstram que os sintomas subjetivos e sinais
clínicos de DTM podem atingir até 31% da população (NEKORA-AZAK et al., 2006) e
acometendo mais de 10 milhões de pessoas nos EUA (NATIONAL INSTITUTE OF
HEALTH, 1996).
Quando questionado aos estudantes quanto a dores orofaciais, 33,89%
relataram sentir dores de cabeça e dores no pescoço (Tabela 3.6). Em Segrate, na Itália
foram estudados 483 indivíduos adultos, dos quais 161 indivíduos que sofriam de dor
craniofacial, 106 indivíduos (65,8%) relataram cefaléia, 75 indivíduos (46,6%) dor na
ATM e 16 indivíduos (9,9%) dor em outras áreas da face. Também neste mesmo estudo
foi encontrada uma associação significativa entre bruxismo e dor craniofacial,
dificuldade de fechar a boca, dificuldade de abertura ampla da boca, ruídos na ATM,
dor durante os movimentos mandibulares e sensação de rigidez ou fadiga. Os
pesquisadores concluíram que de acordo com os resultados obtidos, na população
adulta, há uma complexa associação entre bruxismo, dor craniofacial e sintomas de
distúrbios mastigatórios (Ciancaglini e Radaelli, 2001).
De acordo com a tabela 3.5 é possível verificar que no presente estudo
cerca de 36,94% dos universitários entrevistados apresentam ruídos articulares. Outros
20, 83% também disseram sentir sua mandíbula cansada, rígida ou apertada. Sendo que
7,5% dos alunos fizeram recentemente algum tipo de tratamento para problemas na
articulação mandibular.
Dos 360 indivíduos que responderam a pesquisa 56% afirmaram ter
dificuldade, dor ou ambas ao abrir a boca (Tabela 3.9).
5. CONCLUSÃO
De acordo com a metodologia utilizada e os resultados obtidos, nos
permite concluir que:
17
- Dos 360 universitários questionados, 44,17% apresentam algum grau de
DTM.
- Estatisticamente é possível verificar uma maior prevalência de dor no
sexo feminino.
- 74% dos alunos que disseram sentir dores de cabeça também têm
dificuldade, dor ou ambas ao abrir a boca ou bocejar.
- Cerca de 36,94% afirmaram ter ruídos articulares.
- 33, 89% relatam sentir dores de cabeça e dor no pescoço.
- 7,5% já fizeram algum tipo de tratamento recente para DTM.
- 20,83% sentem a sua mandíbula cansada, rígida ou apertada.
-Encontrou-se associação significativa entre a idade e a presença de ruídos
articulares.
- 56% dos estudantes disseram ter dificuldade, dor ou ambas ao abrir a
boca ou bocejar.
- Houve maior prevalência de dor no curso de Nutrição.
18
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1- AGNE, J. Escala visual analogical. Eletroterapia.com.br [citado
19 jul 2008]. Disponível em: <http//www.eletroterapia.com.br/regra_dor.jpg>. Acesso
em: 20 out. 2011.
2- BONJARDIM, L. R; LOPES-FILHO, R. J.; AMADO, G.;
GONÇALVES, S. R. J. Association between symptoms of temporomandibular
disorders and gender, morphological occlusion, and psychlogical factors in a group of
university students. Indian J Dent Res, v.20. p. 190-194, 2009. Disponível em: <
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=%22Indian%20J%20Dent%20Res%22%5
Bjour%5D%20Association%20between%20symptoms%20of%20temporomandibular%
20disorders%20and%20gender%2C%20morphological%20occlusion%2C%20and%20
psychlogical%20factors%20in%20a%20group%20of%20university%20students.%20In
dian%20J%20Dent%20Res>. Acesso em:17 out. 2011.
3- CIANCAGLINI, R; RADAELLI, G; The relationship between
headache and symptoms of temporomandibular disorder in the general population. J.
Dent., Bristol, v. 29, n. 2, p. 93-8, 2001. Disponível em:
<http://www.jodjournal.com/article/S0300-5712(00)00042-7/fulltext>. Acesso em: 20
out. 2011.
4- CONTI, P. C. R. et al. A cross-sectional study of prevalence and
etiology of sings and symptoms of temporomandibular disorders in high school and
university students. J. Orofac. Pain., v.10, n.3, p. 254-62, 1996. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_nlinks&ref=3794987&pid=S1517-
7491200000040001100006&lng=en.> Acesso em: 23 out. 2011.
5- DWORKIN, S.F. et al. Epidemiology of signs and symptoms in
temporomandibular disorders: clinical in cases and controls. J. Amer. Dent. Ass.,
v.120, n.3, p. 273-81, Mar. 1990. Disponível em:
<http://www.revistasusp.sibi.usp.br/scieloOrg/php/reflinks.php?refpid=S1809-
19
2950200800010001500002&pid=S1809-29502008000100015&lng=pt>. Acesso em: 23
out. 2011.
6- GONÇALVES, D. A.; SPECIALI, J. G.; JALES, L. C.;
CAMPARIS, C. M.; BIGAL, M. E. Temporomandibular symptoms, migraine and
chronic daily headaches in the population. Neurology. v.25, n.8, p. 645-646. Aug.
2009.
7- JEFFREY, P.; OKESON, D. M. D. Dores Bucofaciais de Bell.
5ª. Edição. Editora Quintessence, 1988.
8- NATIONAL INSTITUTE OF HEALTH. Management of
temporomandibular disorders. NIH Technology Assessment Conference. Bethesda
(Md): NIH, 1996.
9- NEKORA-AZAK, A.; EVLIOGLU, G.; ORDULU, M.;
ISSEVER, H. Prevalence of symptoms associated with temporomandibular disorders in
a Turkish population. J Oral Rehabil., Oxford, v. 33,n. 2, p. 81-4, feb. 2006.
Disponível em: <http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1365-
2842.2006.01543.x/full>. Acesso em: 05 nov. 2011.
10- OLIVEIRA, A. S.; BEVILAQUA-GROSSI, D.; DIAS, E. M.
Sinais e sintomas de disfunção temporomandibular nas diferentes regiões brasileiras.
Fisioterapia e Pesquisa, v. 15, n. 2, p. 392-7, 2008. Disponível em:
<http://www.revistasusp.sibi.usp.br/pdf/fpusp/v15n4/13.pdf >. Acesso em: 05 nov.
2011.
11- OLIVEIRA, A. S., DIAS, E. M., CONTATO, R. G., BERZIN, F.
Prevalence study of signs and symptoms of temporomandibular disorder in Brazilian
college students. Pesq Odontol Bras, v.20,n.1, p. 3-7, 2006. Disponível em:
<http://www.revistasusp.sibi.usp.br/scieloOrg/php/reflinks.php?refpid=S1809-
2950200800010001500036&pid=S1809-29502008000100015&lng=pt>. Acesso em: 10
nov. 2011.
20
12- PEDRONI, C. R; OLIVEIRA, A. S; GUARANTINI, M. I.
Prevalence study of signs ans symptoms of temporomandibular disorders in university
students. J. Oral Rehabil, v. 30, n.3,p. 283-9, 2003. Disponível em:
<http://www.revistasusp.sibi.usp.br/scieloOrg/php/reflinks.php?refpid=S1809-
2950200800010001500008&pid=S1809-29502008000100015&lng=pt>. Acesso em: 07
nov. 2011.
13- SOLBERG, W. K; CLARK, G. T; RUGHT, J. D. Nocturnal
eletromyographic evaluation of bruxism patients undergoing short term splint therapy.
J. Oral Rehabil. Oxford, v.2, n.3, p. 215-23, Jul. 1975.
21
ANEXOS
1)
22
2)
23
3)
Top Related