artigo de opiniãoponto de vistaBianca Santana
Olimpíada de Língua PortuguesaCenpec
novembro de 2019
“Falarei do lugar da escrava. Do lugar dos excluídos da res(pública). Daqueles que na condição de não-cidadãos estavam destituídos do direito a educação (...)Dirijo-me a ti Eu hegemônico, falando do lugar do ‘paradigma do Outro’, consciente de que é nele que estou inscrita e que ‘graças’ a ele em relação a mimexpectativas se criaram, que mesmo tentando negá-las, elas podem se realizar posto que me encontro condicionada por uma ‘unidade histórica e pedagogicamente anterior’da qual eu seria uma aplicação.”Sueli Carneiro, na introdução de sua tese de doutorado
“Além disso, é preciso explicitar-te a identidade de quem te
fala, sem tergiversações. Não são definições minhas, mas as adoto por estar com elas de acordo e pela certeza de facilitar tua compreensão. Como já te adiantei, sou negra, uma juntada de pretos e pardos. Ora, não me peças explicações sobre coisas que tu inventaste como esse ‘pardo’. Só sei que a cada dia que passa, ele fica mais negro.”
Sueli Carneiro, na introdução de sua tese de doutorado, de 2005
escrevivência
"método de investigação, de produção de
conhecimento e de posicionalidade
implicada. A escrevivência, em meio a
diversos recursos metodológicos de
escrita, utiliza-se da experiência do autor
para viabilizar narrativas que dizem
respeito à experiência coletiva de
mulheres [negras].
(...)
“A escrevivência marcadamente carrega, assim, uma dimensão
ética ao propiciar que a autora assuma o lugar de enunciação de
um eu coletivo, de alguém que evoca, por meio de suas próprias
narrativa e voz, a história de um ‘nós’ compartilhado. Além
disso, autoras reconhecem que essa metodologia coloca em
perspectiva a dicotomia entre sujeito de
pesquisa/pesquisadora, ao transformar discursos
sobre mulheres negras em narrativas em primeira
pessoa”
Lisandra Vieira Soares e Paula Sandrine Machado, 2017
"A nossa escrevivência não pode ser lida como histórias para 'ninar os da casa grande' e sim para incomodá-los em seus sonos injustos".
Conceição Evaristo, 2007
Neusa Maria Pereira
referências
CARNEIRO, Aparecida Sueli. A construção do outro como não-ser como fundamento do ser. 2005. Tese de Doutorado.
EVARISTO, Conceição. Da grafia-desenho de minha mãe, um dos lugares de nascimento de minha escrita. In: ALEXANDRE, Marcos Antônio. (Org.). Representações performáticas brasileiras: teorias, práticas e suas interfaces. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2007. pp. 16- 21.
SANTANA, Bianca. Vozes insurgentes de mulheres negras: do século XVIII à primeira década do século XXI. Belo Horizonte: Mazza Edições/ Fundação Rosa Luxemburgo, 2019.
SOARES, Lissandra Vieira; MACHADO, Paula Sandrine. "Escrevivências" como ferramenta metodológica na produção de conhecimento em Psicologia Social. Rev. psicol. polít., São Paulo , v. 17, n. 39, p. 203-219, ago. 2017 .
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