Era uma vez um rei que se orgulhava muito dos seus roncos.
Tinha um armário cheio deles, um mais sonoro do que o outro, e escolhia com cuidado o ronco certo para cada ocasião.
Quando partia para caçar, levava um ronco bem engraçado para alegrar o sono dos cavaleiros.
Quando estava em guerra, escolhia seu ronco mais alto e assustador. Atormentava o sono do inimigo e o vencia no cansaço.
Antes mesmo de amanhecer.
Em feriados nacionais, roncava seu ronco mais festivo.
Ressonava após o banquete como se, sozinho, fosse uma orquestra de mil trompetes.
Quando partia em visita oficial, roncava solenemente durante toda a viagem.
Assim, exibia sua grandeza por onde passava.
Mas, quando dormia com sua rainha, escolhia o ronco mais manso e amoroso.
Ronronava em seu ouvido como se fosse o barulho do mar. Tecia sonhos d’água, embalados por ondas transparentes, reflexos dourados e peixes coloridos.
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