O DESAFIO DA INCLUSÃO O LUGAR DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE INTERMEDIAÇÃO NO
ACESSO AO EMPREGO ENTRE TRABALHADORES DE BAIXA RENDA
EQUIPE: Nadya ARAUJO GUIMARÃES (USP/DS e CEM) – Coordenadora
Murillo Marschner ALVES DE BRITO (PUC-Rio e CEM) Ana Carolina Silva ANDRADA (Doutoranda/USP e CEM)
Ian PRATES (UFMG/FAFICH e CEM) Monise Fernandes PICANÇO (Doutoranda/USP e CEM) Priscila Pereira Faria VIEIRA (Doutoranda/USP e CEM)
Seminário de Intercâmbio de Pesquisas em Políticas Sociais, Combate à Fome e à Miséria no Brasil
III Oficina Técnica da Chamada CNPq/MDS - 24/2013
Brasília, 13 de agosto de 2015
BRASÍLIA, 13/08/2015 O DESAFIO DA INCLUSÃO O LUGAR DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE INTERMEDIAÇÃO NO ACESSO AO EMPREGO ENTRE TRABALHADORES DE BAIXA RENDA
1. Mercado e Obtenção de Trabalho. Uma Questão para a Política Pública 2. Primeira Síntese dos Resultados
2.1 – Como mudam as formas de procurar trabalho (PNAD, 2001/2012) 2.2 – A intermediação pública e os mais pobres (PED, 2001 / 2012) 2.3 – Impacto da passagem pela intermediação privada sobre as trajetórias dos mais pobres (RAIS-Vínculos – 2012-2013) 2.4 – O hiato qualificação-inserção, um desafio para a política pública. Reflexões à luz de um caso exemplar.
OBJETIVOS DA EXPOSIÇÃO:
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1. MERCADO E OBTENÇÃO DE
TRABALHO. UMA QUESTÃO PARA A POLÍTICA
PÚBLICA
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Mercado e Obtenção de Trabalho – Uma Questão para a Política Pública
NOSSOS PONTOS DE PARTIDA: . A centralidade do mercado de trabalho enquanto mecanismo de redistribuição social; . Desigualdades de resultados e desigualdades de acesso; a importância do que se passa na “antessala do mercado” . Como se dá o encontro entre ofertantes e demandantes de trabalho? : supostos de simetria e transparência precisam ser postos em suspenso
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Mercado e Obtenção de Trabalho – Uma Questão para a Política Pública
. Somente a partir da década de 1980 o mercado de trabalho se consolidou no Brasil como o lugar onde a maioria expressiva dos indivíduos joga a sua sobrevivência. Trata-se de um movimento recente; ao qual se associa a heterogeneidade das relações de trabalho . Desafios especiais em mercados de trabalho heterogêneos (como o brasileiro) sujeitos a longos períodos de intenso desemprego, a célere restruturação das firmas e a elevada desigualdade social . Nesse contexto, o modo como se tem acesso a informações sobre oportunidades de trabalho se constitui num recurso estratégico. Não basta estar em busca de trabalho; é preciso saber encontrá-lo. . Assim, políticas públicas não podem perder de vista que a maneira como se encontram ofertantes e demandantes de emprego é um elemento crucial para a reflexão sobre os elos entre mercado de trabalho e desigualdades.
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Mercado e Obtenção de Trabalho – Uma Questão para a Política Pública
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. Em nossos estudos anteriores encontramos que recursos valorizados nos processos de recrutamento – como informação e competências relacionais – mas desigualmente distribuídos entre os indivíduos, operavam em detrimento das chances dos mais pobres e dos menos escolarizados diminuindo as suas chances de acesso a trajetórias ocupacionais que passasse por empregos de qualidade; . Abre-se assim uma possibilidade para a política pública intervir: como melhorar as condições na quais trabalhadores de nível socioeconômico mais baixo acessam informações ocupacionais? Este é o problema que nos interessa:
O objetivo geral do projeto é o de caracterizar as estratégias de busca de trabalho postas em ação por indivíduos de baixa renda e potenciais beneficiários dos Programas Sociais do Governo Federal (inscritos, ou com perfil para estarem inscritos, no Cadastro Único de Programas), com vistas a avaliar a importância do acesso a serviços de intermediação e, em especial, o papel que políticas publicas de intermediação podem vir a desempenhar como mecanismos que ampliam as chances de inclusão produtiva dessa população.
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Até 1/2 SM Mais de 1/2 a 1 SM
Mais de 1 a 2 SM
Mais de 2 a 5 SM
Mais de 5 SM
Mudança nas formas de procura entre 2001 e 2012, segundo faixa de renda
Estabeleceu contato com empregador Concurso
Procurou InsBtuições
Redes
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Formas de procura do público CadÚnico, 2001-‐2012
Estabeleceu contato com empregador
Concurso
Procurou InsBtuições
Redes
Auto-‐emprego
Anúncios
Outra
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Forma de procura dos F.I. 2 CadÚnico; 2001-‐2012
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Forma de procura dos F.C. CadÚnico; 2001-‐2012
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Forma de procura dos M.C. CadÚnico; 2001-‐2012
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Forma de procura dos F.I. 1 CadÚnico; 2001-‐2012
Prospecção direta no mercado via empregadores
Prospecção direta -‐ concurso
Relação mediada -‐ insBtuições
Relação mediada -‐ redes
IniciaBva própria
Prospecção direta no mercado via anúncios
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Prospecção direta no mercado via empregadores
Relação mediada -‐ insBtuições
Relação mediada -‐ redes
Prospecção direta no mercado via anúncios
Modos de procura do público com perfil CadÚnico (ocupados e desocupados), Brasil urbano, 2001-‐2012
2001 Desocupados
2001 Ocupados
2012 Desocupados
2012 Ocupados
Ø Incremento na diferença de modos de procura entre ocupados e desocupados ao longo do período Ø Em 2001, ocupados e desocupados tendiam a recorrer a formas semelhantes de procura. Em 2012, os desocupados passam a procurar muito mais via empregadores que os ocupados, que se uBlizam muito mais das redes do que os primeiros Ø Diferenciação interna do grupo com perfil CadÚnico: Para os desocupados, em especial, as redes e as insBtuições perderam especial significância, enquanto que os anúncios e a prospecção junto a empregadores cresceu consideravelmente.
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Taxa de assalariamento do público com perfil CadÚnico, segundo mecanismo de procura, 2001-‐2012
Prospecção direta no mercado via empregadores Concurso
Relação mediada -‐ insBtuições
Relação mediada -‐ redes
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2001 2004 2008 2012
Taxa de formalização do público com perfil CadÚnico, segundo mecanismo de procura, 2001-‐2012
Prospecção direta no mercado via empregadores Concurso
Relação mediada -‐ insBtuições
Relação mediada -‐ redes
• Tendênc i a g e r a l d e i n c r e m e n t o d o a s s a l a r i a m e n t o e formalização, mas com intensidades disBntas segundo a forma de procura... • A s s a l a r i amen to e formalização crescem mais entre os que buscam via i n s B t u i ç õ e s d e intermediação (justamente o modo de procura que mais caiu ...).
• Redes e prospecção junto empregadores parecem proporcionar empregos “piores” do ponto de vista da formalização...
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UM MODELO DE ANÁLISE SOBRE OS MECANISMOS DE PROCURA
O CASO DO SINE
PROCURA TRABALHO 30 DIAS
2001 2004 2008 2012
PROC EMP AG SIND 36506 40760 31389 21821
PROC SINE 2209 2227 1752 891
COLOC RESP ANUNCIO 5262 5192 2956 2385
PROC CONHECIDOS 8577 8313 5247 4288
PROC NA RUA 2393 1270 649 262
CONTATOU CLIENTES 1253 1238 559 291
OUTRA 655 849 1224 1663
NADA FEZ 17 41 55 52
NAO 309309 306775 299807 306480
Total 366181 366665 343638 338133
COMO SE PERGUNTA NA PESQUISA DE EMPREGO E DESEMPREGO (PED) SOBRE A PROCURA DE TRABALHO?
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UM MODELO DE ANÁLISE SOBRE OS MECANISMOS DE PROCURA
CHANCES DE RECURSO AO SINE POR FAIXAS DE RENDA PER CAPITA DOMICILIAR REFERËNCIA: INDIVÍDUOS RESIDENTES EM DOMICÍLIOS COM RENDA PER CAPITA DE ATÉ ½ SALÁRIO MÍNIMO
O CASO DO SINE
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-20,0
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20,0
2001 2004 2008 2012
1/2 a 1 SM mais de 1 a 2 SM mais de 2 a 3 SM mais de 3 a 5 SM mais de 5 a 10 SM mais de 10 SM
Fonte: Pesquisa de Emprego e Desemprego, 2001, 2004, 2008, 2012 para as regiões metropolitanas compreendidas na pesquisa
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AS TRAJETORIAS MASCULINAS – JAN 2012/DEZ 2013 COORTE DOS INSCRITOS NO CADUNICO CONTRATADOS POR EMPRESAS DE INTERMEDIAÇÃO EM JULHO DE 2012 ACOMPANHADOS POR 2 ANOS ENTRE JANEIRO/2012 E DEZEMBRO DE 2013 OBSERVANDO-‐SE TODOS OS SEUS VÍNCULOS NA RAIS NESTE PERÍODO
Fonte: RAIS-‐Vinculos e CadUnico
COM APENSAS 2 TIPOS DE TRAJETORIA PODEMOS DESCREVER OS PERCURSOS DE 74% DOS CASOS OBSERVADOS
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Ø Campeões em duração média dos vínculos (19 meses) Ø Ocupações predominantes? Porteiros (18% ), garis (8%) e faxineiros ( 8% ) Ø mais velhos (38) Ø maior peso dos negros (74%) Ø elevado % sem qualquer Bpo de diploma (50%)
HOMENS – TRAJETÓRIA 1 (43% DOS CASOS) ENGAJAMENTO DURADOURO VIA INTERMEDIARIOS
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HOMENS – TRAJETÓRIA 2 (31% DOS CASOS) ENGAJAMENTO EPISÓDICO E EXPULSÃO DO MERCADO FORMAL
Ø Beneficiários do Bolsa Família formam quase a metade do grupo (47%) Ø Maior tempo médio de vinculo (6,8 meses) Ø Ocupações predominantes? Porteiros (8% ), servente de obra (7%), faxineiros ( 6% ), alimentador de linha de produção (5%)
Ø Muito alta proporção de negros (71%) Ø Idade média elevada (33) Ø Os sem qualquer diploma formam quase a metade do grupo (47%)
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AS TRAJETORIAS FEMININAS – JAN 2012/DEZ 2013 COORTE DAS INSCRITAS NO CADUNICO CONTRATADAS POR EMPRESAS DE INTERMEDIAÇÃO EM JULHO DE 2012 ACOMPANHADAS POR 2 ANOS ENTRE JANEIRO/2012 E DEZEMBRO DE 2013 OBSERVANDO-‐SE TODOS OS SEUS VÍNCULOS NA RAIS NESTE PERÍODO
Fonte: RAIS-‐Vinculos e CadUnico
COM APENSAS 2 TIPOS DE TRAJETORIA PODEMOS DESCREVER OS PERCURSOS DE 81 % DOS CASOS OBSERVADOS (UMA CONCENTRAÇÃO AINDA MAIOR QUE AQUELA OBSERVADA ENTRE OS HOMENS)
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MULHERES – TRAJETÓRIA 1 (52,5% DOS CASOS) ENGAJAMENTO DURADOURO VIA INTERMEDIARIOS
Ø Elevado tempo médio dos vínculos (20 meses) Ø Ocupações predominantes? Faxineiras (20%), Garis (19%) Ø Elevada média de idade (37) Ø Maior peso dos negros (72%) Ø Quase metade do grupo não possui qualquer diploma (44%)
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MULHERES – TRAJETÓRIA 2 (28% DOS CASOS) ENGAJAMENTO EPISÓDICO E EXPULSÃO DO MERCADO FORMAL
Ø Beneficiárias do Bolsa Família forma mais que a metade do grupo (53%) Ø Tempo médio de vinculo significaBvamente menor que na trajetória anterior (7,5 meses) Ø Ocupações predominantes? Novamente faxineiras (17%), garis (13%)
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O Pronatec/BSM e a polícca de inclusão producva. Os elos entre qualificação e inserção. Ø Pronatec/BSM em São Paulo Ø Trabalho de campo qualitacvo • Entrevistas com gestores municipais e técnicos responsáveis pela implementação local do Pronatec/BSM
• Grupos Focais com beneficiários do programa
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O Pronatec/BSM em SP. Percepções dos gestores locais e equipes dos CRAS
Ø Dificuldades da Implementação local e da arBculação com a intermediação de mão-‐de-‐obra
Ø Dificuldades dos beneficiários durante os cursos
Ø Dificuldades dos beneficiários para inserção no mercado de trabalho
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A experiência dos beneficiários do Pronatec/BSM na busca por inserção
Ø Mocvações e Expectacvas • Trabalho formal e Negócio próprio. InvesBmento em uma nova área de trabalho/ melhorar o Bpo de
inserção no mercado. Trajetória de desemprego ou trabalho formal. Busca de “profissão”, “trabalho qualificado”. ExpectaBva na arBculação da políBca com o mercado para vencer a falta de experiência.
• Interesse pessoal no conteúdo. Sem expectaBva de atuar profissionalmente.
Ø Dificuldades • Curta duração dos cursos. Dificuldade para aprendizagem e
inserção profissional. • Falta de experiência.
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Percepções dos beneficiários Oportunidades de trabalho e inserção producva.
Ø Inserção mercado formal (expectaBva) versus Inserção mercado informal (realidade). Ø Problema da falta de experiência no otcio aprendido.
Ø ExpectaBva frustrada de arBculação da políBca com o setor produBvo para oportunidades de trabalho formal ou para adquirir experiência.
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Percepções dos beneficiários Procura de Trabalho e Mecanismos
Ø Dependência dos contatos pessoais.
Ø Descrédito/ Desconfiança em relação às insBtuições privadas de mão-‐de-‐obra.
Ø Pouco conhecimento em relação às insBtuições públicas de mão-‐de-‐obra.
Obrigada!
PARA CONTATOS ULTERIORES, INCLUSIVE ACESSO AO ARTIGO COM RESUMO DOS RESULTADOS: Nadya Araujo Guimarães (Coordenadora) [email protected]
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