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O CONTO NA SALA DE AULA: ESTRATÉGIAS DE LEITURA
Carlos Rodrigues da Mota1
Orientador: Flávio Brandão Silva2
RESUMO
Este artigo tem como finalidade apresentar uma proposta pedagógica na disciplina de Língua Portuguesa desenvolvida com as alunas da 4ª série do curso de formação docente, envolvendo estratégias de leitura e prática da escrita, seguindo o modelo da unidade didática. O trabalho é orientado pelo referencial de autores como Bakhtin, Bordini, Kaufman e as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná. O referido artigo explora o processo de ensino-aprendizagem da prática de leitura e produção textual. Dessa forma, propõe-se um trabalho de incentivo à leitura, a partir do estudo do gênero textual conto, utilizando, para tanto, textos, do autor modernista Dalton Trevisan, com o objetivo de proporcionar aos educandos uma melhor apropriação de conhecimentos estratégicos sobre o uso da língua e suas práticas sociais.
Palavras-chave: Leitura; Gênero textual; Conto; Literatura.
1 INTRODUÇÃO
A escola tem um papel desafiador de propiciar ao aluno um ensino-
aprendizagem que possa desenvolvê-lo de forma consciente na sociedade em que
vive. É de suma importância se pensar que a diversidade cultural e desigualdade
social atingem a nossa sociedade e, por isso, é necessário fazer o aluno perceber
1Professor de Língua Portuguesa da Rede Pública do Estado do Paraná inserido no PDE de 2010 – 2012, pós-graduado em Língua e Literatura brasileira, docente no Colégio James Patrick Clark, no município de Terra Rica.
2Professor do Departamento de Letras da Universidade Estadual do Paraná - UNESPAR campus FAFIPA; mestre em Linguística e Língua Portuguesa, pela Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara, da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – UNESP; graduado em Letras pela Universidade Estadual de Maringá – UEM.
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por meio do ensino-aprendizagem da literatura na escola, uma visão de mundo que
está em constantes transformações. O pensar e o refletir sobre o mundo em que se
vive, através da leitura de obra literária, podem trazer para o universo do educando
uma nova maneira de sentir e aprender sobre a necessidade da leitura no seu
cotidiano.
A literatura na escola contribui para que o aluno entenda a visão de mundo
real e ficcional, refletindo sobre as diversas formas de pensar do homem de cada
período e compreender a presente época. A leitura ocupa um espaço importante na
vida escolar e faz-se necessário despertar no educando o prazer de ler de forma
consciente e perceber o quanto isso significa de importante para o desenvolvimento
de sua aprendizagem.
Para que o ensino da literatura na escola seja mais eficiente, o professor de
língua portuguesa precisa organizar uma prática pedagógica que visa a orientar o
aluno para as leituras de diversas obras literárias, com a finalidade de fazer com que
ele reflita sobre os estilos individuais e os estilos de épocas vividos pelos autores.
Não basta somente ler, é preciso entender o processo da leitura numa visão crítica,
analisando o contexto histórico no qual foi escrito a obra. Assim, cabe à escola a
função de formar um leitor crítico da realidade contextual e torná-lo um conhecedor
das diversas culturas originadas em diferentes épocas.
A sociedade atual privilegia os meios de comunicação de massa, dessa
forma, os conhecimentos culturais tradicionais e modernos que são fundamentados
na literatura e, portanto, nas obras literárias, são deixados de lado. Segundo Bordini
(1993), “a literatura, como uma das formas de comunicação, participa, assim, do
âmbito maior da cultura, ou seja, da produção significante, relacionando-se com
outros objetos culturais. Entretanto, possui características que a diferenciam
desses,” (Bordini, 1993, p.14).
A comunicação, sendo um patrimônio cultural dos sujeitos falantes, possui
uma influência poderosa no âmbito da cultura e a literatura está intrinsecamente
ligada aos objetos culturais, porque é a partir deles que se produz a literatura.
Dessa forma, urge que a escola desempenhe um papel de formação do aluno
leitor reflexivo e entenda que a literatura é um objeto cultural significativo de maior
importância para sua interação com o mundo em que está inserido.
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O ensino e a aprendizagem de leitura da literatura no ambiente escolar
precisam ser articulados com a prática de produção escrita, para que o educando
tenha a oportunidade de desenvolver o seu senso crítico e reconhecer o gênero
discursivo que circula no meio social. Por isso, deve-se privilegiar um estudo
organizado sobre o gênero literário com atividades que possibilitam ao discente a
oportunidade de analisar, estabelecer relações intertextuais e dialógicas com o texto.
Sendo assim, a leitura faz parte de um processo ativo amplo, repleto de significação
que propicia ao sujeito o desenvolvimento de seus horizontes de conhecimento de
mundo.
Propõe-se, assim, um estudo sobre o gênero conto, a partir de textos do autor
modernista Dalton Trevisan, com base numa concepção sociointeracionista, com a
finalidade de contribuir com a formação de alunos leitores reflexivos e escritores de
seus próprios textos. O gênero conto e o estilo literário são conteúdos que precisam
ser estudados através de um trabalho organizado pelo professor, desenvolvendo
atividades de leitura e de escrita para que o educando se torne um sujeito
discursivo, crítico e autônomo. O texto literário permite o desenvolvimento de todas
as virtualidades da linguagem (KAUFMAN, 1995), e é preciso desenvolver a
capacidade do aluno ler, entender e escrever bons textos que são requisitos básicos
para sua formação.
O mundo vem sofrendo mudanças muito rápidas e as novas tecnologias,
através dos meios de comunicação, com as leituras virtuais e a rapidez das
informações, trouxeram para o educando o ócio da leitura das obras literárias.
Portanto, tudo isso contribuiu para a falta de leitura por parte dos alunos, fazendo
com que eles tenham grandes dificuldades de compreender as diversas linguagens
e os gêneros textuais. Como podemos direcionar o educando no ensino da literatura
por meios de práticas pedagógicas que façam com que ele interesse pela leitura
com prazer?
Pode-se observar que o grande foco de reclamações é que o aluno não gosta
de ler e nem entende aquilo que lê. Isto acontece porque na maioria das vezes o
educando não lê uma literatura que desenvolve o seu senso crítico. Mas como
resolver os obstáculos da leitura e da compreensão de textos por meio do ensino da
literatura? Faz-se necessário buscar alternativas nas práticas pedagógicas do
ensino-aprendizagem de literatura na escola para que o educando tenha uma
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orientação organizada por parte do professor, permitindo-lhe conhecer o estilo
literário do texto, seu autor, sua obra e seu gênero.
Dessa forma, como desenvolver uma prática pedagógica do ensino de
literatura na escola que venha envolver o educando na prática da leitura e
compreensão de texto? Como desenvolver um trabalho efetivo com a leitura de
gênero narrativo como o conto de maneira que possa estimular o aluno leitor e
escritor de texto?
2 DESENVOLVIMENTO
O processo da leitura é a testemunha oral da palavra escrita dos idiomas, pois
a linguagem verbal, sendo a forma de expressão mais utilizada pelos seres
humanos, pode estabelecer uma interação sócio-cultural para que os sujeitos sejam
participantes ativos da cultura de massa. A leitura tem um papel fundamental para o
desenvolvimento do ser humano e representa uma ferramenta eficaz para o
processo de ensino-aprendizagem. O ato de ler condiciona o leitor à busca de novos
significados e sentidos linguísticos das palavras no texto. Assim sendo, ler traz um
significado que pode ser denominado de “gestos de catar sentidos” para um
entendimento do texto.
Para que o ensino-aprendizagem torne-se significativo para o aluno, é
necessário desenvolver dinâmicas de leitura que despertem o senso crítico e o
conhecimento de mundo do educando. Nesse sentido, a literatura, sendo uma das
formas de comunicação no âmbito maior da cultura, tem um papel importante e
transformador na formação do indivíduo. Dessa forma, a leitura da literatura faz com
que o estudante amplie seu conhecimento, pois os textos literários atingem uma
significação mais ampla. Segundo Bordini (1993), a ampliação do conhecimento
permite ao aluno compreender melhor o presente e seu papel como sujeito histórico.
Para a formação de alunos leitores numa sociedade em que se vive o auge
de uma tecnologia, e as informações são muito rápidas, deve-se privilegiar a leitura
da literatura como forma de transformação e socialização de um mundo que está em
constantes mudanças. Ler é um ato dialógico e interlocutivo, porque é através da
leitura que há uma interação entre o leitor, o texto e o autor.
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Pode-se dizer que o aluno-leitor começa a extrair sentido do texto e a
manifestar sua concepção diante da leitura, estabelecendo uma relação dialógica.
Por meio da leitura, o educando familiariza-se com o texto, buscando suas
experiências, seus conhecimentos prévios, sua formação familiar, religiosa, cultural
e as várias vozes que o constituem.
Para que haja bons leitores nessa sociedade altamente tecnológica, o
professor deve ser um bom leitor, motivar o educando na seleção das leituras e
direcionar seu trabalho de forma organizada como mediador do conhecimento na
sala de aula. O aluno precisa ter, primeiramente, o contato com textos que lhe
trazem prazer durante a leitura.
É necessário que o professor estimule o encanto pela leitura no cotidiano do
educando. Todo texto possui conhecimentos que o discente pode adquirir
interagindo com o autor e tornando-se um autor do seu próprio texto. Não basta
somente ler o texto, é preciso explorar os conhecimentos de mundo e as
experiências vividas pelo sujeito.
Sendo a leitura um processo significativo, urge que o leitor saiba construir
sentido do texto de forma intertextual com a mensagem do autor. É importante, para
isso, obedecer às seguintes etapas da leitura: compreensão, interpretação e análise
crítica, conforme Bordini, 1993.
Na compreensão, o educando deve entender o texto em sua totalidade,
tomando como instrumento de conhecimento a ideia central do autor, suas
características fundamentais e estilo individual de sua obra, quando escreveu o seu
texto.
Na interpretação, é necessário que o aluno tenha conhecimentos de outros
textos para desenvolver sua visão de mundo, perceber seu contexto atual e dialogar
com o próprio texto.
Na análise crítica, o leitor encontrará mais significado para o texto.
Preenchem-se os espaços do texto, ou seja, aquilo que o autor deixou vago, o leitor
analisa acrescentando as ideias que o escritor não expôs, mas que estão implícitas
no texto. Este tipo de análise mais profunda do texto só se conseguirá, seguindo
corretamente as etapas da leitura.
A estética da recepção do texto (Jauss, Iser, Ziberman, Eco) proporciona
momentos de debates e reflexões sobre a obra lida. Analisar criticamente o texto
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torna o processo da leitura mais dinâmico, possibilitando ao leitor-aluno a ampliação
dos seus horizontes de expectativas. A relação entre o leitor e o texto torna-se
possível por meio do processo de recepção da obra lida. O método recepcional de
leitura tem sido pouco utilizado nas escolas brasileiras e precisa ser difundido, pois o
educando pode ter a oportunidade de explorar o texto com uma visão crítica de
mundo. Nesse sentido, Bordini (1993), afirma que:
O método recepcional é estranho à escola brasileira, em que a preocupação com o ponto de vista do leitor não é parte da tradição. Via de regras, os estudos literários nela tem se dedicado à exploração de textos e de sua contextualização espaço-temporal, num eixo positivista. O relativismo de interpretação e, portanto de leitura não é tópico de consideração no âmbito acadêmico, o que se explica pela tendência ao autoritarismo da própria cultura brasileira, que endeusa seus expoentes, temerosa de expô-los à crítica (BORDIN, 1993, p. 81).
Praticar uma leitura crítica é indispensável para quebrar a velha tradição da
contextualização espaço-temporal e o relativismo de interpretação. A escola tem que
proporcionar ao educando, na prática da leitura, uma dimensão dialógica, pois o
leitor-aluno precisa conhecer as vozes sociais e ideológicas presentes no texto.
A literatura faz parte do cotidiano do ser humano e o processo de ensino-
aprendizagem dessa arte de criar e recriar textos literários e não-literários tem
tomado um grande espaço no que se diz respeito à prática pedagógica do ensino de
língua portuguesa.
O homem evoluiu muito com os avanços das tecnologias e é por meio do
ensino da literatura que se pode compreender esse contexto sócio-cultural em que o
sujeito está inserido. A história cultural brasileira, por exemplo, é exposta nas obras
literárias, portanto, deve-se entender a literatura como um dos caminhos mais
eficazes de se entender o mundo e as relações humanas.
Assim, a literatura, como produção humana, está intrinsecamente ligada à
vida social. Por isso, o entendimento daquilo que é definido como produto literário
está sujeito a modificações históricas, uma vez que; não pode ser apreensível
somente em sua constituição, mas em suas relações dialógicas com outros textos e
sua articulação com outros campos, tais como, o contexto de produção, a crítica
literária, a linguagem, a cultura, a história, a economia, entre outros (DCE’s, 2008).
A crise econômica e as grandes transformações das indústrias do século XIX
contribuíram para o início do grande movimento cultural brasileiro chamado
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Modernismo. Esta tendência literária teve o seu marco inicial com a Semana de Arte
Moderna, de 1922, sendo organizada por um grupo de intelectuais e artistas por
ocasião do Centenário da Independência, rompendo com padrões estéticos
associados às correntes literárias do Parnasianismo, do Simbolismo e da arte
acadêmica.
As modificações históricas do produto literário podem ser vistas na literatura
brasileira modernista, que passou por três momentos distintos, os quais estão
relacionados aos acontecimentos políticos do país. O primeiro momento foi de
definição de comportamento e tendências, marcado por publicações de revistas e
manifestos. É o período mais radical do modernismo, com ideais anárquicos, que
abrange entre 1922 a 1930. O segundo momento trata-se de uma fase de
construção, com ideias literárias inovadoras e muita produtividade, sendo um
período que se caracteriza por uma literatura construtiva e com consciência política.
Essa fase vai de 1930 a 1945. Já o terceiro momento que se compreende do
período de 45 a seguir, é uma fase em que os autores brasileiros fogem dos
excessos da geração de 22.
Para compreender a concepção literária do estilo de época modernista,
importa conhecer algumas características que mostram os fundamentos dessa
literatura que, de forma radical, aparece para mudar padrões estéticos da sociedade
daquele período, associando, por exemplo, fatos da realidade e situações fictícias.
Assim, o estudo do texto literário, como forma de ver o mundo numa visão objetiva e
subjetiva da vida, traz para o universo da realidade, via texto literário, uma reflexão
sobre o que é fictício e o que é verossímil.
Para entender a literatura brasileira modernista em seu contexto geral é
preciso analisar alguns aspectos histórico-culturais e seus ideais que marcaram as
mudanças na vida social brasileira. O modernismo foi um movimento literário que
sinalizou o marco inicial das grandes transformações em todos os meios artísticos
de toda a cultura brasileira.
O processo ensino-aprendizagem da literatura modernista só pode ser bem
compreendido no seu âmbito geral quando se fundamenta no estilo de vida de uma
sociedade inserida em seu contexto sócio-cultural, fazendo com que o aluno-leitor
analise o mundo em que vive e consiga perceber como o ser humano evolui no
decorrer das décadas.
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A interação entre o leitor e a obra na compreensão e interpretação do texto
permite descobrir novos horizontes no processo da leitura. O professor pode
proporcionar ao aluno uma leitura recepcional, ampliando os horizontes de
expectativas e possibilitando uma reflexão a respeito do texto literário.
Para se refletir de forma coerente sobre o texto literário, é preciso
compreender melhor os aspectos evolutivos da linguagem.
O processo da linguagem deve ser entendido como um processo de produção
humana; de natureza - histórica, social, cultural e que tem sua origem na interação
entre os seres humanos, podendo sofrer evoluções de geração a geração.
A linguagem estabelece um processo interativo, dialógico entre os indivíduos
falantes de uma determinada língua. Para Baktin (1997), todas as esferas da
atividade humana, por mais variadas que sejam, estão sempre relacionadas com a
utilização da língua e não é de se surpreender que o caráter e os modos dessa
utilização sejam tão variados como as próprias esferas da atividade humana.
O gênero textual origina-se das esferas da atividade humana e de suas
práticas sociais, das quais, surgem as diferentes formas de expressão textual. O
ensino-aprendizagem do gênero discursivo compreende as modalidades discursivas
que são utilizadas como formas organizadas da linguagem. Desta forma, as práticas
da linguagem caracterizam o discurso que circula no meio social.
De acordo com Bakhtin (1997), os gêneros textuais podem ser definidos
como diversidades de textos que ocorrem nos ambientes discursivos de nossa
sociedade, os quais são materializados linguisticamente em discursos textualizados
e com estruturas relativamente estáveis. Ainda também, pode ser definido o gênero
textual como práticas discursivas criadas historicamente pelos sujeitos de uma
língua, quando participam de uma atividade de linguagem, em qualquer esfera da
comunicação verbal ou escrita.
O educando precisa compreender que os gêneros textuais são tipos
específicos de textos de qualquer natureza, literários ou não. Conforme Bakhtin
(1997), os gêneros discursivos são classificados em primários e secundários. Os
gêneros primários estão relacionados às esferas do cotidiano e têm uma linguagem
mais simples, menos elaborada, como se pode exemplificar uma carta familiar. Os
gêneros secundários são bem mais complexos, porque exigem maior conhecimento
por parte do falante e possuem uma linguagem mais formal e bem elaborada. Os
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artigos científicos, editorial, texto literário como o conto, entre outros são exemplos
de gêneros secundários.
Durante o processo ensino-aprendizagem, o aluno precisa conhecer tanto o
gênero primário como o secundário para que possa interagir com mais precisão no
contexto social em que vive.
Bakhtin (1997), apresentando uma definição para o gênero discursivo afirma
que:
A utilização da língua efetua-se em forma de enunciados (orais e escritos), concretos e únicos, que emanam dos integrantes duma ou doutra esfera da atividade humana. O enunciado reflete as condições específicas e as finalidades de cada uma dessas esferas, não só por seu conteúdo (temático) e por seu estilo verbal, ou seja, pela seleção operada nos recursos da língua – recursos lexicais, fraseológicos e gramaticais -, mas também, sobretudo, por sua construção composicional. Estes três elementos (conteúdo temático, estilo e construção composicional) fundem-se indissoluvelmente no todo do enunciado, e todos eles são marcados pela especificidade de uma esfera de comunicação. Qualquer enunciado considerado isoladamente, é, claro, individual, cada esfera de utilização da língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados, sendo isso denominados gêneros de discurso (BAKHTIN, 1997).
A linguagem está em todas as esferas da comunicação do indivíduo, pois ela
efetua-se em forma de enunciados escritos ou orais, que emanam de qualquer
esfera da atividade humana. Esses enunciados possuem finalidades e condições
específicas nas diversas situações de utilização da língua.
A prática da escrita como processo evolutivo da prática da leitura pode
aprimorar as competências linguísticas do aluno e ocorrerá com maior propriedade
se lhe for concedido conhecer, nas práticas de leitura, escrita e oralidade, o caráter
dinâmico do gênero discursivo.
Na criação de textos, o estudante pode reconhecer que alguns gêneros são
adaptados, renovados, multiplicados ou até mesmo criados a partir da necessidade
que o homem tem de se comunicar com o outro. Sendo assim, “todos os diversos
campos da atividade humana estão ligados ao uso da linguagem” (BAKHTIN, 1997,
p.261). Os gêneros sofrem variações assim como a língua também sofre, pois as
manifestações comunicativas não acontecem como elementos linguísticos isolados,
elas se realizam, segundo Bakhtin (op. cit.), como discurso.
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O trabalho na sala de aula com o gênero requer do professor uma prática de
ensino com doses de planejamento, pesquisa, estudo e organização que se pode
denominar encaminhamento metodológico por meio de sequência didática. Com tal
encaminhamento, o ensino aprendizagem de leitura da literatura a respeito do
gênero textual produz para o educando um efeito positivo na interação entre os
sujeitos do mundo interior e exterior, possibilitando-lhe conhecer as diversas práticas
no que diz respeito ao uso da linguagem e do gênero discursivo. É possível que uma
proposta com a leitura do gênero conto possa desencadear no aluno o gosto pela
leitura tanto desse gênero como de outros gêneros.
É necessário levar o aluno a compreender os elementos que compõem o
gênero conto, percebendo a sequência da narrativa, a linguagem conotativa, o tipo
de discurso, o foco narrativo e as ideologias marcadas no texto. É importante que o
educando identifique e compreenda os elementos estruturais do texto, para que,
dessa forma, ele possa interagir melhor com o texto, analisando-o no momento de
recepção.
O conto é uma narrativa curta não apenas pelo tamanho, mas também pela sua
estrutura. No conto, há poucas personagens, acontecimentos breves, sem grandes
complicações de enredo e possui somente um clímax, no qual a tensão da história
atinge seu auge. A palavra “conto” significa história fictícia, embuste, treta, mentira.
O gênero conto possui os seguintes elementos em sua estrutura
composicional: tempo, espaço, personagem, enredo curto de forma linear
(apresentação, complicação ou evolução, clímax, solução ou desfecho), diálogos e
focos narrativos (narrador em primeira ou em terceira pessoa). Os diálogos são de
suma importância no conto. Sem eles não há discórdia, nem conflito que são
fundamentais ao gênero. O autor do conto pode escrevê-lo nos seguintes tipos de
discurso: direto, indireto e indireto livre.
Com relação à sua origem, o conto passou por duas fases:
A primeira fase foi a oral, quando não se pode definir a sua origem. O conto
iniciou num tempo em que não havia a escrita e as histórias eram narradas
oralmente ao redor das fogueiras das habitações dos povos primitivos. As histórias
caracterizavam-se pelo suspense, pelo fantástico e pelo maravilhoso. Ainda nessa
fase, oral é possível perceber que o homem necessitava de algo que motivasse seu
sentimento e emoção para que pudesse ser um sujeito socialmente histórico. A
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segunda fase foi a escrita, quando houve a necessidade de o homem relatar por
escrito sua própria história.
De acordo com a tradição, o primeiro registro do conto escrito, provavelmente,
tenha sido realizado pelos egípcios, com o texto; Livro do Mágico (cerca de 4000
a.C.). Após esse período, vêm as histórias bíblicas, como por exemplo: a história de
Caim e Abel, de José e seus irmãos, do filho pródigo e muitas outras histórias, que
apresentam, em sua forma de composição, uma semelhança com estrutura de um
conto.
Para que o professor desenvolva um bom trabalho pedagógico com a leitura
do gênero conto no ambiente escolar, é preciso envolver o aluno com as essências
que esse gênero textual possui, produzindo, na esfera da ficção, um pensamento
crítico e o gosto pelas leituras, de forma que capacite sua participação oral ao contar
belas histórias e escrevê-las praticando a escrita.
Sendo o conto um dos gêneros mais antigos, é possível dizer que este gênero
sempre trouxe temáticas importantes para serem discutidas e analisadas no
contexto escolar. O estudo do gênero literário conto não pode ser apenas
historiográfico. O professor deve explorar o referido gênero orientando o aluno sobre
o contexto social de uso desse gênero e suas marcas linguístico-enunciativas. É
preciso haver a relação entre leitor e texto para que possa reagir diante da leitura e
seja influenciado pelo contexto social.
O conto aborda assuntos do cotidiano de diferentes momentos históricos de
uma sociedade. Portanto, devem-se explorar, juntamente com o educando, os
elementos que compõem o conto, sua finalidade, seu conteúdo temático e seu estilo
para que o leitor-aluno mantenha uma relação dialógica com a leitura da obra.
O trabalho pedagógico com o gênero conto, permite ao aluno conhecer o
funcionamento do texto a partir de sua organização, unidade temática, a função
social, intenções, interlocutores, coesão, coerência, para que possa compreender o
papel social que esse gênero exerce.
O texto literário permite múltiplas interpretações, mas não está aberto a
qualquer interpretação. O texto é carregado de pistas/estrutura de apelo, as quais
direcionam o leitor, orientando-o para uma leitura coerente. Além disso, o texto traz
lacunas, vazios que serão preenchidos conforme o conhecimento de mundo, as
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experiências de vida, as ideologias, as crenças, os valores, etc., que o leitor carrega
consigo (DCE’s, 2008).
Conforme Bordin(1993), qualquer modalidade de ensino depende, antes de
tudo, do domínio que se tem do objeto a ser ensinado. O docente planeja, a partir do
gênero textual conto, leituras já exercitadas por ele, buscando instrumentalizar-se
primeiro, com a finalidade de efetivar, posteriormente, seu trabalho com os alunos,
permitindo-lhes a reflexão e a prática na produção de seu próprio texto. Tal prática
de estudo com o gênero conto; propõe o seguinte esquema: apresentação do
assunto, leitura de texto, módulos de atividades e produção escrita.
A estratégia metodológica será eficaz se o professor selecionar, para o
trabalho na sala de aula, textos de diferentes modalidades, tais como: conto de
humor, conto de mistério e terror, conto cômico, conto realista e conto psicológico.
Urge que o aluno conheça que o conto é um relato em prosa de
acontecimentos fictícios e o seu enredo é constituído de uma situação inicial
equilibrada, logo depois há um conflito que chega ao clímax e, na sequência, a
resolução do conflito no desfecho. Na análise e reflexão linguística, é importante,
também, que o discente reconheça os tempos verbais (pretérito perfeito e
imperfeito), que predominam no conto e o presente que aparece nas descrições e no
diálogo da narrativa.
É a partir da observação desses elementos estruturais que o docente poderá
desenvolver seus procedimentos metodológicos com a leitura desse gênero textual.
Conforme os aprofundamentos teórico metodológicos citados anteriormente, a
respeito da leitura do gênero, realizou-se a implementação, na sala de aula, da
produção didático-pedagógica sobre o gênero textual conto.
Primeiramente, foi apresentado o projeto de intervenção pedagógica na
escola, com o título: “O conto na sala de aula: estratégia de leitura”, para a direção,
equipe pedagógica e professores. Ficou esclarecido que a proposta de trabalho com
a leitura do gênero conto seria aplicada para as alunas da 4ª série do curso de
formação docente, do Colégio James Patrick Clark.
Logo após, foi apresentado o projeto para as alunas da 4ª série do curso de
formação docente, convidando-as para a formação do grupo de estudo,
estimulando-as para participarem da implementação pedagógica sobre a leitura do
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gênero conto. Durante a exposição do que seria feito, ficou proposto que a aplicação
da produção didático-pedagógica seria desenvolvida por meio das seguintes ações:
Primeira ação – Apresentação da situação-problema – discutiu-se com as
alunas da turma, a respeito da grande dificuldade que os educandos têm para
compreender o processo da leitura e de produção escrita dos gêneros discursivos.
Após a exposição das dificuldades com relação à leitura, apresentou-se o
cronograma do material didático do projeto de intervenção pedagógica. As alunas
sentiram necessidade de participar do grupo de estudo e da importância do mesmo.
Elas questionaram sobre suas dificuldades de se compreender a leitura dos gêneros
e a prática da escrita. Dessa forma, foi proposta a leitura do gênero conto, pois é um
gênero dinâmico e prazeroso para desenvolver a compreensão e a prática de
produção textual.
Em seguida, foi entregue para as alunas o conteúdo do material didático que
seria trabalhado na primeira ação. Nesse momento, foi apresentado um panorama
sobre a literatura modernista, estabelecendo os principais pontos característicos que
diferenciam a literatura moderna da literatura tradicional. Para mostrar as principais
diferenças entre uma e outra, foi exposto, através de imagem, por meio da
tvmultimídia, um quadro com os principais elementos característicos da literatura
moderna e da tradicional. Após a análise do quadro, as alunas puderam perceber
com clareza, os elementos característicos que as diferenciam para poder entendê-
los nos textos.
Logo a seguir, foram analisados dois textos como exemplo: o conto “Tio
Galileu” de Dalton Trevisan, pertencente à literatura moderna e o conto “Os três
conselhos” de Teófilo Braga pertencente à literatura tradicional. Foram feitos alguns
questionamentos a respeito das principais diferenças entre um texto e o outro, e as
respostas das alunas foram muito importantes para início de estudo sobre o gênero
conto.
Prosseguindo o estudo, foram aplicados mais dois contos para as alunas
analisarem as principais diferenças entre o conto da literatura moderna e o conto da
literatura tradicional. A atividade foi realizada em grupo e elas conseguiram
interpretar os elementos que caracterizam o conto moderno e o tradicional. Pôde-se
observar que a leitura e a análise dos dois contos anteriores como exemplos
serviram como aprofundamento teórico e prático, para que as alunas pudessem
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entender e interpretar com mais facilidade, depois, os dois contos pertencentes às
literaturas de épocas diferentes.
Pode-se dizer que o conhecimento dos procedimentos teóricos da leitura da
literatura contribui muito na compreensão e interpretação textual. É importante frisar
que os procedimentos teóricos precisam estar interligados com a prática. A teoria e
a prática necessitam caminhar juntas.
Segunda ação – análise dos elementos que compõem o gênero conto – foram
expostos os elementos característicos que compõem o gênero conto às alunas. Na
sequência, foi trabalhado com elas o conto “Felicidade clandestina”, da escritora
Clarice Lispector. Elas analisaram a estrutura composicional do referido conto e
discutiram em grupo com a mediação do professor. Este tipo de análise serviu para
que elas pudessem perceber todos os aspectos que compõem a narrativa do gênero
conto.
Após a análise do conto, pôde-se concluir que somente uma reflexão
detalhada de cada elemento composicional desse gênero, leva o aluno a entender
melhor o gênero discursivo. O aluno tem muita dificuldade de compreender as
leituras porque não conhece a estrutura do gênero que está lendo.
Terceira ação – leitura do gênero conto – nesta ação, foram trabalhados,
primeiramente, alguns aspectos característicos sobre o autor Dalton Trevisan, para
que as alunas tivessem conhecimentos a respeito do escritor. Em seguida, foram
aplicados quatro textos do gênero conto desse autor, para que elas pudessem
refletir sobre algumas temáticas do cotidiano presente nos textos.
O primeiro conto estudado foi o texto ‘Cemitério de elefantes’, que aborda o
tema ‘desigualdade social’. Durante a primeira leitura, as alunas tiveram um pouco
de dificuldade para entender o texto, mas depois de uma reflexão feita sobre a
narrativa, elas conseguiram compreender e refletir sobre as questões de
desigualdade social implícita no texto.
Uma das grandes dificuldades que as educandas apresentaram durante o ato
da leitura foi preencher os “espaços” que o autor deixa no texto, o que acabou
dificultando sua compreensão. Diante disso, foi necessário que o professor fizesse
algumas intervenções, no sentido de chamar a atenção para as leituras além do que
está escrito. Logo após, o professor aplicou as atividades escritas sobre o texto para
serem feitas em grupo e o que mais se questionou sobre o conto foi o porquê do
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título “Cemitério de elefantes”. A questão chegou ao entendimento quando elas
analisaram as condições de vida daquelas miseráveis pessoas no local onde viviam,
pois parecia mesmo um cemitério de elefantes. As atividades foram concluídas e
cada uma delas contribuiu com sua visão de mundo sobre a temática do conto.
É importante que o educando perceba, durante a leitura do texto, as
informações implícitas e explícitas. Para isso, o professor tem que ser um mediador
do conhecimento e intervir quando for necessário, perante a prática de leitura do
aluno, no entendimento do texto. A leitura de mundo do aluno é importantíssima
para que ele possa compreender melhor o gênero textual.
O segundo texto estudado foi o conto “Uma vela para Dario”. Nesse conto,
discutiu-se sobre a temática – “a falta de solidariedade”. O professor entregou o
material para uma leitura individual primeiramente, e, logo em seguida, foi realizada
uma análise sobre a estrutura da narrativa. As alunas resolveram questões
interpretativas sobre o texto e analisaram os elementos da narrativa do conto.
A reflexão realizada foi de muita relevância, elas puderam observar a maneira
como o autor abordou o tema de forma bem realista. Analisar detalhadamente os
elementos da narrativa é muito pertinente para o entendimento do texto. Por isso, é
necessário refletir durante a leitura sobre esses aspectos característicos que
compõem a narrativa que são: a apresentação do assunto, a complicação, o clímax
e o desfecho, para que o educando possa extrair a mensagem do texto.
O terceiro texto estudado foi o conto “A Bailarina fantasista”. O tema discutido
nesse conto foi o ciúme e a traição. Antes de fazer a leitura do texto, o professor
passou somente a introdução da narrativa e perguntou o que elas achariam que ia
acontecer no final do texto. Houve respostas diversas. A seguir, o professor pediu
para as alunas desenvolverem a narrativa e concluir. Elas produziram os textos e
cada uma leu a sua própria produção textual. O objetivo dessa atividade era
observar se alguma delas se aproximaria da conclusão do texto original. Logo após,
as alunas tiveram acesso à íntegra do conto para que pudessem ler. Somente uma
aluna se aproximou um pouco da versão original do autor. Esta atividade aguçou
uma expectativa que motivou as alunas na prática da escrita, sendo assim, elas
escreveram com espontaneidade os seus textos.
Os procedimentos metodológicos sobre a leitura e a prática da escrita são
muito relevantes quando são aplicados de forma criativa e adequada. A prática da
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escrita nessa atividade foi realizada de maneira lúdica e não houve reclamações
para fazê-la. Todas as alunas produziram seus textos com entusiasmo.
Após os questionamentos feitos sobre o texto, foram aplicadas as atividades
de interpretação e análise da narrativa. O professor propôs para o grupo debater
sobre a temática do texto, se houve traição ou não. Logo em seguida, foi passado o
filme “Dom”, baseado no romance de Machado de Assis, “Dom Casmurro”, para que
fizessem um paralelo entre os dois textos. O grupo discutiu sobre as diferenças e
semelhanças da mesma temática entre os dois autores.
Ao concluir esta atividade, foi possível observar que as alunas tiveram
facilidade para analisar as diferenças e semelhanças entre o texto de Dalton
Trevisan e o texto de Machado de Assis porque já tinham lido o romance Dom
Casmurro. Isto mostra que a intertextualidade é imprescindível para que o aluno
possa compreender, via leitura, os diversos gêneros textuais.
O quarto texto estudado foi o conto “Pedrinho”. O tema explorado nesse conto
foi a “ignorância”. Os procedimentos estratégicos de leitura deste conto foram os
seguintes: em primeiro lugar, foi feita uma leitura individual e depois uma leitura
coletiva. Após uma reflexão oral sobre o texto, o professor aplicou as atividades de
compreensão textual. As alunas responderam às questões de interpretação, de
análise do enredo e de análise crítica do texto.
As questões de interpretação fazem com que o aluno tenha uma visão geral
sobre o assunto que texto aborda. As questões de análise do enredo fazem com que
o aluno tenha uma ideia geral da estrutura da narrativa e dos aspectos
característicos da linguagem do texto. As questões de análise crítica fazem com que
o aluno perceba além do que está escrito no texto.
Ao concluírem todo o estudo do conto “Pedrinho”, as alunas perceberam a
importância de se fazer uma análise mais profunda do texto. As discussões feitas a
respeito do tema foram muito pertinentes, pois elas não conseguiam perceber na
primeira leitura, os elementos implícitos que estruturam o texto. Somente uma leitura
crítica e reflexiva fez com que as alunas pudessem compreender a mensagem
exposta pelo autor e extrair outros significados de leitura, além do texto.
Quarta ação – produção de um conto – nesta ação foi trabalhada a produção
escrita. O professor pediu para as alunas produzirem um texto do gênero conto com
características modernas, observando todos os elementos estudados sobre esse
17
gênero. Quando elas começaram a prática da escrita, pôde-se observar que
surgiram algumas dúvidas por parte daquelas alunas que não puderam participar de
todas as aulas do projeto. Isto mostra que os trabalhos com a leitura e a prática da
escrita devem acontecer de forma interativa e continuada, não de forma
fragmentada. Quando o aluno realiza uma leitura fragmentada, dificulta a sua
aprendizagem e os conhecimentos das leituras de mundo ficam muito vagos.
Quinta ação – avaliação – neste momento, discutiu-se sobre as produções
escritas pelas alunas. O professor passou uma tabela com critérios de avaliação
para elas e pediu para trocarem os textos com as colegas e analisarem, por meio da
tabela, se a produção escrita tinha ou não a estrutura do gênero conto pertencente
ao Modernismo. Após avaliação feita pelas alunas, o professor fez as devidas
correções das produções textuais para que elas pudessem digitar e colocar no mural
da escola.
O processo avaliativo tem como objetivo repensar a prática pedagógica
aplicada pelo professor e estabelecer um parâmetro para rever tudo aquilo que deu
certo ou não, na aplicação do ensino-aprendizagem do conteúdo.
Em seguida, os contos foram afixados no mural da escola, para que todos os
alunos lessem, bem como, professores, direção e equipe pedagógica.
Após a conclusão de toda a implementação do projeto, a produção didática foi
analisada pelas cursistas do GTR (grupo de trabalho em rede), as quais leram todo
o material e teceram comentários favoráveis sobre o conteúdo da produção didática.
Nesse momento de reflexão e análise, as professoras cursistas expuseram uma
visão geral sobre a produção didático-pedagógica. Dentre os pontos de vista
expostos, o que mais foi observado pelas cursistas foi a unidade sequencial dos
conhecimentos teóricos e práticos do material. Segundo as cursistas, o trabalho com
a leitura, por meio desses procedimentos didático-pedagógicos, é muito relevante.
3 CONCLUSÃO
O trabalho na sala de aula com a leitura do gênero conto constituiu-se em um
material de grande relevância para o encaminhamento teórico-metodológico da
prática pedagógica da leitura e da escrita.
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A organização do trabalho pedagógico facilitou a sequência da ação docente,
dando uma ampla visão de todo o planejamento das ações desenvolvidas na sua
aplicação. O trabalho pedagógico foi aplicado de forma mais coerente, precisa e
segura. Os procedimentos pedagógicos utilizados pelo professor contribuíram para o
bom desempenho das ações desenvolvidas durante o processo ensino-
aprendizagem da leitura do gênero.
As estratégias de leitura aplicadas para a leitura do gênero conto trouxeram
um caminho alternativo para que o professor possa tentar resolver o problema da
falta de leitura do aluno na sala de aula, ou, pelo menos, minimizá-lo. Nesta visão,
observou-se que as estratégias desenvolvidas, a partir da leitura e da prática da
escrita desse gênero tiveram bons resultados. Foi possível observar o avanço com
relação à aprendizagem das alunas, acerca do gênero estudado.
O uso da unidade didática na abordagem do gênero textual conto mostrou-
se muito pertinente para melhorar a prática pedagógica na disciplina de Língua
Portuguesa, porque foi um trabalho organizado de uma forma sequencial, fazendo
com que o educando pudesse compreender as estratégias de leitura, a literatura, o
autor e os elementos de composição desse gênero.
Sendo assim, pode-se concluir que todo o ensino a respeito dos
conhecimentos sobre a literatura, o autor e o gênero, contribuiu para uma melhor
compreensão, tanto da leitura como da prática da produção textual. As alunas
puderam sentir um compromisso maior com a aprendizagem e o trabalho organizado
por parte do professor contribuiu para isso. Os resultados obtidos observados na
aplicação do projeto com relação à leitura e à prática da escrita demonstram que há
uma perspectiva de melhorar a formação do aluno leitor e produtor de seu próprio
texto.
Referências
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BORDINI, M. da G. Literatura: a formação do leitor: alternativas metodológicas. Maria da Glória Bordini / Vera Teixeira de Aguiar. 2ª Ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1993.
BOSI, A. História concisa da literatura brasileira. 42ª Ed. – São Paulo: Cultrix, 2005.
CEREJA, W. R. Ensino de literatura: Uma proposta dialógica para o trabalho com literatura. – São Paulo: Atual, 2005.
KAUFMAN, A. M. Escola, leitura e produção de textos /Maria Kaufman e Maria Elena Rodriguez; trad. Inajara Rodrigues. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
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Trevisan, D. Quem tem medo de vampiro?. São Paulo, Editora Ática, 1998.
_____. Cemitério de elefantes, - 17ª Ed. – Rio de Janeiro: Record, 2004.
Sites:
http://pt.scribd.com/doc/4817302/Clarice-Lispector-Felicidade-Clandestina-E-Outros-Contos.
http://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/infantil/teofilo.html.
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/discovirtual/galerias/imagem/0000000121/0000001316.jpg.
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