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NO CHÃO DA LUTA: HISTÓRIAS DE ESPACIALIZAÇÃODA LUTA PELA TERRAEM MT E MS
ON THE FLOOR OF THE FIGHT: STORIES OF SPATIALISATION OF THE
STRUGGLE FOR LAND IN MT AND MS
Danilo Souza Melo Uni!e"#i$a$e Fe$e"al $e Ma%o G"o##o $o Sul
$anilo#ouza&'eo()o%*ail&+o*
An$", Ri+a"$o $o# San%o# -e"#ani Uni!e"#i$a$e Fe$e"al $e Ma%o G"o##o $o Sul
an$"e&.e"#ani('*ail&+o*
Re#u*o: Historicamente as ocupações de terra se constituem como importe estratégia para os
movimentos sociais. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) é no !rasil o
principal movimento a utili"ar esse tipo de aç#o desde a década de $%&' colocando em
discuss#o a legitimidade da propriedade ocupada e reivindicando o cumprimento da reorma
agrria. Segundo o !anco de *ados da +uta ,ela Terra (*-T-+T-) em Mato /rosso e
Mato /rosso do Sul o n0mero de ocupações reali"adas no per1odo de 2''' a 2'$2
apresentaram signiicativa reduç#o. *iante da realidade dos n0meros o ob3etivo deste
trabalho é dar 4carne osso rosto e hist5ria6 7 eles apresentando e discutindo tr8s
acampamentos9 Silvio Rodrigues em :ceres (MT) ;ssio Ramos em Mirasol drm#o locali"ado em >ta?uira1 (MS). ,ara alcançarmos o ob3etivo proposto
reali"amos pes?uisas bibliogricas sobre a @uest#o -grria brasileira e sobre a realidade dos
estados estudados estas pes?uisas possibilitaram a anlise dos dados *-T-+T- sobre
ocupaçõesos ?uais sistemati"amos para identiicar os principais munic1pios onde ocorreram
ocupações guiando assim a escolha dos acampamentos visitados durante o trabalho de
campo. Am campo oram reali"adas entrevistas com acampados e dirigentes do movimento o
?ue nos permitiu apresentar neste trabalho parte da hist5ria destes acampamentos.Pala!"a#/C)a!e9 +uta pela Terra Ocupações Mato /rosso Mato /rosso do Sul
A.#%"a+%:HistoricallBthelandoccupations are based as importante strategies or the social
moviments. The Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) is in !ra"il
themainmovimentto use thisCindoactionsincethe $%&'
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theob3ectiveothisDorCistoprovide 4lesh bone ace andhistorB6 tothem
presentinganddiscussingthree campings9 Silvio Rodrigues in :ceres (MT) ;ssio Ramos
inMirasol drm#o located>ta?uira1 (MS). >n
ordertoreachtheob3ectiveproposed it
Dasperormedbibliographicsearchesaboutthe!ra"ilian-grarianMatterandaboutthe realitB
othestatesstudied thesesearchesalloDedtheanalBsisothe *-T-+T- datas
aboutoccupations Dhich
DeresBstemati"edtoidentiBthemaincitiesDheretheoccupationsoccured
guidingthechoiceotheencampmentsvisitedduringtheieldtrip. >n theield intervieDs
DereaccomplishedDiththeencampedandleadersothemoviment Dhichenabledustopresent in
thisDorC partothe campings F encampmentsG historB.
0e1 2o"$#9 Struggle or the +and Occupations Mato /rosso Mato /rosso do Sul
3& Mo!i*en%o# So+iai# no Ca*4o e Lu%a 4ela Te""a
In%"o$u56o- longa marcha dos trabalhadores sem terra e povos tradicionais em busca do acesso 7
terra em Mato /rosso e Mato /rosso do Sul resulta em ações coletivas como por eIemplo
asocupações. Asta aç#o estratégica dos movimentos socioterritoriais coloca em discuss#o a
luta pela terraalém de garantir a con?uista oua criaç#o de espaços pol1ticos ?ue contribuam
comaespaciali"aç#o da luta.
- espaciali"aç#o é o movimento dos su3eitos carregando suas eIperi8ncias por dierentes lugares do territ5rio. J a busca do recomeço como novossu3eitos o ?ue permite um constante reKa"erKse na sua ormaç#o.(EARL-L*AS $%% p.$NN).
,artimos da premissa de ?ue as ocupações se constituemem ações concretas para
viabili"ar a espaciali"aç#o das lutas e do movimento. ,ois espaciali"ar é9
PQ registrar no espaço social um processo de luta. J o multimensionamentodo espaço de sociali"aç#o pol1tica. J escrever no espaço por intermédio deações concretas como maniestações passeatas caminhadas ocupações de prédios p0blicos negociações ocupações e reocupações de terras etc.(EARL-L*AS $%%% p. $).
La espaciali"aç#o além de colocar em debate para a sociedade a necessidade da
Reorma -grria os movimentos criam suas identidades e os trabalhadores mobili"ados se
reconhecem en?uanto su3eitos.
An?uanto espaços de sociali"aç#o pol1tica os movimentos permitem aostrabalhadores9 em primeiro lugar o aprendi"ado prtico de como se unir
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organi"ar participar negociar e lutar em segundo lugar a elaboraç#o daidentidade social a consci8ncia de seus interesses direitos e reivindicaçõesinalmente a apreens#o cr1tica de seu mundo de suas prticas erepresentações sociais e culturais. (/RU!OVS;>$%&N p.W%F').
- espaciali"aç#o a" parte do processo de territoriali"aç#o da luta pela terra e cadacon?uista de rações do territ5rio cada assentamento criado terras demarcadas a luta se
territoriali"a. *esta maneira9
- territoriali"aç#o da luta pela terra é a?ui compreendida como o processode con?uistas de rações do territ5rio pelo Movimento dos TrabalhadoresRurais Sem Terra e por outros movimentos sociais. Antendemos ?ue oassentamento como raç#o do territ5rio é um truno na luta pela terra.(EARL-L*AS $%% p.$&2).
Lessa perspectiva a ocupaç#o se torna essencial para processo de espaciali"aç#o e
territoriali"aç#o da luta pela terra. Am anlise anterior $ sobre as ocupações em MT e MS no
per1odo de 2''' a 2'$2 3 apresentvamos a reduç#o signiicativa das ocupações nestes
estados como demonstramos no grico $.Am Mato /rosso ocorreram ocupações entre 2''' e 2'$2 e o auge de ocupações
ocorreu nos anos de 2'' (2 ocupações) e 2''W ($ ocupações) sendo o MST o principal
movimento organi"ador das ocupações em MT.Am Mato /rosso do Sul ocorreram 2$ ocupações (2''' a 2'$2) o estado apresentou
auges de ocupações nos anos de 2''' (&& ocupações) 2''$ (2N ocupações) 2'' (2&ocupações) e decl1nio nos anos seguintes. -s && ocupações no ano de 2''' oram resultados
da press#o dos movimentos e sindicatos principalmente a :T e a :OLT-/ com e 2$
ocupações respectivamente.
G"78i+o 9 / MTFMS9 ocupações de terra (2''' a 2'$2)
1MA+O *anilo S. A# o+u4a5e# e* Ma%o G"o##o e Ma%o G"o##o $o Sul $i8e"en5a# e #i*ili%u$e#.
Ancontro Lacional de /eograia -grriaKAL/-& -nais. Latal. ERL. $Wp.
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MT MS
ANO
Número de ocupações
Eonte9 *-T-+T- 2'$. Organi"ado pelos autores.
- distribuiç#o territorial das ocupações outro elemento importante a ser considerado
revela as principais regiões de conlito da luta pela terra nos respectivos estados. -ssim em
Mato /rosso as regiões com maior n0mero de ocupações s#o o Sul e o Lorte do estado. Am
Mato /rosso do Sul os conlitos concentramKse na regi#o :entroKSul como demonstramos
no mapa $.
La regi#o Lorte de Mato /rosso destacamos o munic1pio de :ceres (MT) com
ocupações pela orte e organi"ada presença do MST. O munic1pio de >ta?uira1 (MS) na regi#o
:entroKSul de MS também ganha desta?ue pelo n0mero de ocupações (%) e pela presença do
MST.
Mapa $ K MT e MS ocupações por munic1pio (2''' a 2'$2)
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Os acampamentos s#o desdobramentos das ocupações. Lesse sentido s#o
undamentais para compreens#odo processo de territoriali"aç#o da luta pela terra pois s#o9
...Q resultados de ocupações. S#o portanto espaços de lutas e de resist8ncia.-ssim sendo demarcam nos lati0ndios os primeiros momentos do processode territoriali"aç#o da luta. -s ações de ocupar e acampar interagem os processos de espaciali"aç#o e territoriali"aç#o. ,odem estar locali"adosdentro de um lati0ndio ou nas margens de uma estrada conorme acon3untura pol1tica e a correlaç#o de orças. (EARL-L*AS $%%% p.2&2).
Lessa perspectiva apresentaremos tr8s acampamentos dois locali"ados em Mato
/rosso e um em Mato /rosso do Sul. Astes acampamentos s#o eIemplos da diversidade da
luta pela terra nos respectivos estados neles reali"amos nosso trabalho de campo
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entrevistamos acampados e dirigentes do movimento o ?ue nos permitiu apresentar neste
trabalhoparte da hist5ria de superaç#o e persist8ncia dos acampados e acampadas.
De#en!ol!i*en%o
-s particularidades da luta pela terra em Mato /rosso e Mato /rosso do Sul oram
deciradas pelo trabalho de campo. Lo ch#o da luta a leitura dos 4n0meros6 ad?uire conte0do
com a apresentaç#o pelos su3eitos acampadosde seus sonhos e suas hist5rias. Lessa
perspectiva nos interessa sobretudo a compreens#o para além da orma dos acampamentos
no sentido de conhecer o conte0do da luta pela terra. O acampamento marca o processo de transiç#o entre o territ5rio do capital e o
territ5rio campon8s. -s relações entre os acampados e as diiculdades por eles enrentadas os
preparam para novos desaios ?ue encontrar#o no uturo assentamento. Lesse conteIto noacampamento os camponeses enrentam diiculdades desde a organi"aç#o coletiva até a
pr5pria resist8ncia necessria para permanecer na terra diante de vrios entraves. ,or isso nos
acampamentos organi"ados pelo MST trabalhaKse a solidariedade pensando como uturos
assentados e de modo particular é dada 8nase ao trabalho em grupo.:omo o eIerc1cio prtico da organi"aç#o diariamente é eIigido dos acampados a
responsabilidade nas atividades desenvolvidas no acampamento. Segundo Eernandes ($%%%
p.2%).
...Q os acampamentos s#o espaços e tempos de transiç#o na luta pela terra.S#o por conseguinte realidades em transormaç#o. S#o uma orma demateriali"aç#o da organi"aç#o dos sem terra e tra"em em si os principaiselementos organi"acionais do movimento.
- organi"aç#o e cooperaç#o entre os acampados s#o undamentais para a continuidade
do acampamento e por conta disso alguns acampamentos resistem h anos como no caso do
Silvio Rodrigues2 resultado da ocupaç#o da a"enda S#o ,aulo em 22 de abril de 2'' na
cidade de Mirassol d
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-p5s muita luta a a"enda S#o ,aulo oi desapropriada e destinada a Reorma
-grria mas os acampados aguardam h ?uatro anos o laudo do ,ro3eto de *esenvolvimento
de -ssentamento (,*-). O ,*- é o relat5rio essencial para a reali"aç#o da Reorma -grria
apontando as potencialidades do local e das am1lias acampadas para o plane3amento e
desenvolvimento do assentamento. -tualmente as am1lias participam de cursos de
plane3amento e produç#o oerecidos pela Eederaç#o de Xrg#os para -ssist8ncia Social e
Aducacional (E-SA) além do trabalho de base do MST. La estrutura dos acampamentos os barracos s#o constru1dos lado a lado para a
proteç#o do rio e para acilitar a segurança das am1lias como oi eito inicialmente no
acampamento Silvio Rodrigues. ,orém ao longo do tempo a necessidade de produ"ir
alimentos e" com ?ue os acampados constru1ssem barracos mais distantes para cultivar
pe?uenas hortas como se pode observar na igura $9
Fi'u"a ;/ :ceres (MT)9 horta na rea central do -campamento Silvio Rodrigues
Eoto9 Trabalho de campo 3unho de 2'$
Las pe?uenas lavouras os acampados produ"em milho mandioca amendoim ehortaliças para autoconsumo além de criarem pe?uenos animais. -lguns acampados
comerciali"am derivados de sua produç#o (arinha de mandioca e doces) garantindo parte de
suas rendas. Outra onte de renda é o trabalho temporrio nas a"endas vi"inhas e cidades da
regi#o.Hist5rias de luta n#o altam nesses tre"e anos de acampamento como superaç#o do
alcoolismo constituiç#o de am1lias crianças ?ue chegaram pe?uenas e atualmente concluem
o Ansino Superior. :ontudo a longa espera pela Reorma -grria e as poucas condições de
moradia se reletem diretamente na sa0de dos acampados. Las entrevistas muitos alegaram
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problemas depressivos assim notamos certo desgaste 1sico e mental derivadospelos
problemasdecorrentes da lentid#o do Astado em reali"ar a Reorma -grria.,resente na maioria das mobili"ações do MST no Astado de Mato /rosso a acampada
4A6 é s1mbolo da luta pela terra sendo sua oto participando de uma caminhada estampa
populari"ada em camisetas do movimento. - acampada relata a eIpectativa da espera do
laudo do ,*- préKre?uisito para ormaç#o do assentamento e o sorimento dos anos de luta.
- gente ora pedindo a *eus pra *eus entrar com provid8ncia pra isso a?uisaia o corte disso a?ui para cada ?ual cuidar da sua vida por?ue o tempo 3 passou demais e a gente sore vendo a situaç#o dos companheiros. Ant#oestamos a?ui lutando no diaKaKdia vamos ver até onde a gente pode continuar a vida desse 3eito.,ra mim vai ser um orgulho eu pegar um pedaço de terra vai ser um orgulhomuito grande o ?ue a gente 3 batalhou 3 pele3ou ent#o eu acho ?ue a 0nicasoluç#o é a gente ter um pedaço de terra uma casa voc8 ter sua roça voc8criar seus bichinho néY A é um sonho ?ue eu 3 tenho h muito tempo desdel da Serra de :uiab (Antrevistada A).
Assa acampada esteve presente em boa parte da hist5ria do acampamento participou
do grupo ?ue deiIou a a"enda S#o ,aulo para acampar em novas reas dos munic1pios de
:ceres e Mirassol d
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Am Mato /rosso do Sul 7s margens da !RK&N \ [uti (MS) a ,onta /rossa(,R) \
pr5Iimo ao entroncamento com a !RK$ no munic1pio de >ta?uira1 encontraKse o
acampamento -nt=nio >rm#o parte da diversidade das lutas pela terra nos estados de MT e
MS.- concentraç#o de terras na regi#o é resultado do processo de sua apropriaç#o
capitalista ?ue por su ve" é resultante da pol1tica undiria estadual da ?ual a :ia. Matte
+arangeira controlou imensas reas apropriadas posteriormente por capitalistas com o
ob3etivode lucrar com a venda dessas terras (E-!R>L> 2''W). Zale ressaltar a presença do
grande n0mero de trabalhadores migrantes de regiões ]velhas] como do Lordeste em busca
de trabalho compondo 3unto aos camponeses e ind1genas grupos de eIclu1dos na luta pela
terra (E-!R>L> 2''W).
J nesse conteIto de eIpropriaç#o eIpuls#o do trabalhador arrendatrio parceiro e do pe#o devido principalmente ao processo de concentraç#oundiria e a desigual distribuiç#o da terra ?ue vamos encontrar a origemdos conlitos pela terra no sul de Mato /rosso do Sul e no munic1pio de>ta?uira1. (E-!R>L> $%%W p.).
O acampamento -nt=nio >rm#o criado em 2''% possuiu '' am1lias.-tualmente o
n0mero é menor $' am1lias acampadas 7s margens da !RK&N (igura ). O acampamento
leva o nome de um dos de"enove assassinados no massacre de Aldorado dos :ara3s (,-) em
$%%.
Am $N de abril de $%% durante uma maniestaç#o em Aldorado dos :ara3sK,- camponeses oramassassinados pela pol1cia militar.
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Fi'u"a 3/ -campamento -nt=nio >rm#o9 vista do acampamento
Eoto9 Trabalho de campo agosto de 2'$.
O acampamento ganhou repercuss#o nacional em 2'$' ?uando !rasiguaios eIpulsos
do ,araguai por camponeses paraguaios e a"endeiros se instalaram no acampamento
-nt=nio >rm#o. Os !rasiguaios s#o brasileiros principalmente sulistas ?ue migraram para o
,araguai a partir de $%N' em busca de emprego e terras baratas na rea de ronteiraN.
Os a"endeiros brasileiros ?ue se dedicam 7 produç#o de so3a s#o
denominados pelos meios de comunicaç#o no !rasil de brasiguaios. Loentanto eIiste signiicativa dierença entre a"endeiros brasileiros doagroneg5cio no ,araguai e brasiguaios veriicada principalmente pelacondiç#o social pol1tica e econ=mica. Ambora eIistam conlitos deidentidades ou nacionalidade no espaço de ronteira entre o !rasil e o,araguai observaKse ?ue eles s#o derivados do conteIto de apropriaç#o dosmeios de produç#o do ?ual se destaca a terra. (E-!R>L> 2'$2 p.W).
N- apropriaç#o de terras paraguaias por capitalistas e camponeses se intensiicou nas décadas de $%'e $%N' devido 7 eIpans#o do agroneg5cio no !rasil e a conse?uente eIpropriaç#o dos camponesesaliado 7 aproIimaç#o dos governos brasileiros e paraguaios com o ob3etivo de ocupar a regi#o deronteira entre os pa1ses. Lesse sentido ]o governo paraguaio também revogou em $%N uma lei ?ue
limitava a a?uisiç#o de terras por parte de estrangeiros na aiIa de ronteira permitindo ?ue estasterras ossem apropriadas por eles.] (E-!R>L> 2'$2 p.).
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- ragilidade nos t1tulos de terras possibilitou o avanço do movimento sem terra
paraguaio resultando muitas ve"es em conlitos com camponeses brasileiros.
- precria e rgil institucionali"aç#o a aus8ncia do Astado na garantia de
direitos e principalmente as irregularidades na documentaç#o das terrasatores determinantes sen#o os principais na eIpuls#o de muitas am1lias do,araguai. S#o in0meros os casos de pe?uenos agricultores ?ue compraram4direito de posse6 ou ad?uiriram de boaKé terras 4griladas6 comdocumentaç#o de propriedade sem validade 3ur1dica e n#o reconhecida pelos5rg#os oiciais paraguaios. (E-!R>L> 2'$2 p.).
Leste impasse muitos brasiguaios retornaram ao !rasil em busca de acesso 7 terra por
meio dos movimentos sociais. Migrante do Astado do Asp1rito Santo para o ,araguai em
$%NN um acampado eIpõe& sua hist5ria semelhante a muitos outros brasiguaios9
Sou de Mucuruci no Asp1rito Santo dai em $%NN meus pais oram para o,araguai e icamos até 2''% ?uando eu vim pra c acampamentoQ.Autrabalhei $$ anos com um patr#o s5 em $$ anos eu consegui comprar umsitio eu comprei com muito sacri1cio pai de N ilhos s5 ?ue dai eu n#o deimuita sorte ?uando estava com W anos ?ue eu tinha comprado veio essanova lei trocou de governo no ,araguai deu essa revoluç#o e eu perdi tudo.(Antrevistado /).
-pesar de viverem em condições precrias sem energia e sem gua de ?ualidade ou
saneamento bsico os brasiguaios ao virem para o !rasilcon?uistaram na luta pela terra e
com a a3uda do MST a cidadania pois muitos n#o possu1am documentos de identiicaç#o
(certid#o de nascimento R/ e :,E).,ara sustentarem suas am1lias os acampados reali"am trabalhos temporrios em
a"endas vi"inhas e criam pe?uenos animais (galinhas e porcos).H 3ovens e crianças trabalhando eFou estudando nas cidades vi"inhas. AIiste uma
escola no acampamento (igura ) mantida pela preeitura de >ta?uira1. :onstru1da com
madeira e lona a escola possui duas salas de aula um reeit5rio e uma co"inha. Lela
trabalham uma proessora e uma co"inheira ambas acampadas lecionando para alunos do
primeiro ao ?uarto ano do Ansino Eundamental em salas multisseriadas.
Fi'u"a 9 K-campamento -nt=nio >rm#o9 escola
& Antrevista reali"ada em agosto de 2'$ no acampamento -nt=nio >rm#o em >ta?uira1 (MS).
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Eoto9 Trabalho de campo agosto de 2'$.
- estrutura precria a" com ?ue as aulas se3am suspensas durante dias de chuva pois
a escola ica alagada. - escola é apenas um eIemplo das diiculdades enrentadas pelos
acampados outra diiculdade é o acesso 7 gua esse ?ue se a" por meio de poços ou pelacompra9
4Se a gente ?uer tomar uma gua tem ?ue ir l em>ta?uira1 ou l em Lavira1. Ou tem
?ue ligar pra uma pessoa ?ue vende gelo uma barra de sete reais pra dividir com W am1lias6
(Antrevistado /).O acampado ressalta ainda como vrios acampados em luta em Mato /rosso e Mato
/rosso do Sul o dese3o de con?uistar um pedaço de terra e melhores condições de vida.
O sonho desse brasileiro desse capiIaba é um dia se *eus ?uiser é voltar a
ter o ?ue ele tinha na vida. *e ter um cantinho a casa dele uma geladeira por?ue a vida a?ui nos 0ltimos tempos est muito di1cil ...Q mas o sonhonosso é um dia ter um lugar para morar ...Q. (entrevistado /).
Os acampamentos S1lvio Rodrigues ;ssio Ramos e -nt=nio >rm#o d#o carne osso e
sentimentos aos n0meros de ações de ocupaç#o e maniestaç#oregistrados s#o eIemplos de
luta e esperança presentes nos campos MatoKgrossense e sulKmatoKgrossense. Suas hist5rias
tiram da invisibilidade a luta hist5rica dos pobres da terra realidade eita de teimosia secular
em meio a vrias diiculdades. Lesse sentido a Reorma -grria é mais ?ue pressuposto
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econ=mico para o desenvolvimento da agricultura no pa1s ela é a reali"aç#o da 3ustiça social
no campo.
Con#i$e"a5e# Finai#
-pesar do n0mero de ocupações em MT e MS apresentarem signiicativa reduç#o
camponeses e trabalhadores continuam resistindo em acampamentoscom anos de eIist8ncia. Lo ch#o da luta oi poss1vel conhecer a hist5ria dos su3eitos em especial da?ueles ?ue
compõemos acampamentos Silvio Rodrigues (MT) ;ssio Ramos (MT) e -nt=nio >rm#o
(MS). Lesses acampamentosobservamos a diversidade persist8ncia e ang0stia da luta pela
terra em MT e MS. m ponto em comum entre os acampados é a preocupaç#o com a
educaç#o reletidana eIist8ncia de uma biblioteca no acampamento ;ssio Ramos (MT) e de
uma escola no acampamento -nt=nio >rm#o (MS).-s diiculdades presentes no cotidiano dos acampados passam pela ?uest#o da
segurança einraestrutura chegando 7 alimentaç#o contudo a resist8ncia dos acampados e
sua organi"aç#o sobressaem desmistiicando a imagem pe3orativa sobre os ]sem terra]. Lo
ch#o da luta observamos também o desgaste 1sico e mental dos acampados pela lentid#o da
Reorma -grria no entanto a esperança os move esperança de uma vida digna da
possibilidade de con?uista de direitos e ?ualidade de vida para suas am1lias.
REFERENCIAS -I-LIOGR=FICAS:
E-!R>L> [o#o A. A Po##e Da Te""a e o Se*/Te""a no Sul $e Ma%o G"o##o $o Sul o Ca#oI%a>ui"a? .$N. *issertaç#o (mestrado em geograia) E:T LAS,$%%W.
^^^^^^^. Ca*4e#ina%o e a'"one'@+io na 8"on%ei"a en%"e o -"a#il e o Pa"a'uai& -ole%i*DATALUTA& L_W%. ,residente ,rudente novembro de 2'$2.
EARL-L*AS !ernardo Mançano. MST9 E#4a+ializa56o e %e""i%o"ializa56o $a lu%a 4ela%e""a: Movimento dos trabalhadores rurais sem terra K ormaç#o e territoriali"aç#o em S#o,aulo. 2'N. *issertaç#o (mestrado) EE+:H S, $%%.
^^^^^^^. Con%"i.ui56o ao e#%u$o $o +a*4e#ina%o ."a#ilei"o: Eormaç#o e territoriali"aç#odo movimento dos Trabalhadores rurais sem terra K MST ($%N% \$%%%). $ . Tese(doutorado) EE+:H S, $%%%.
/RU!OVS;> :`ndido. Ca*in)o# e $e#+a*in)o# $o# *o!i*en%o# #o+iai# no +a*4o.,etr5polis Ease Zo"es $%&N.
MA+O *anilo S. A# o+u4a5e# e* Ma%o G"o##o e Ma%o G"o##o $o Sul $i8e"en5a# e#i*ili%u$e#. Ancontro Lacional de /eograia -grriaKAL/-& -nais. Latal. ERL. $Wp.
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