NÍQUEL LATERÍTICO EM NIQUELÂNDIA-GO
VIKTOR FERREIRA DE OLIVEIRA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA
SUMÁRIO1. Introdução
Localização
Níquel
2. Uso do níquel da Indústria
3. Reservas
Mundiais
Brasileiras
Valor de Mercado
4. Geologia
O complexo Niquelândia
Origem
Evolução
5. Depósitos
Reservas de Ni em Niquelandia
Depósitos de Ni sobre Peridotitos
Depósitos de Ni sobre Dunitos
6. Imagens
7. Referências
LOCALIZAÇÃO
Níquelandia é um município brasileiro do estado de Goiás;
Fica a 330km da capital Goiânia;
Mesorregião do Norte Goiano – Microrregião de Porangatu;
Sua população é de 42 380 habitantes;
Área de 9.843Km², sendo o maior município goiano;
O complexo Niquelândia fica a NNE da cidade.
N
Foto aérea da extração em Niquelandia-GO
NÍQUEL
A sua designação vem de kupfernickel, aplicado por mineiros alemães para indicar o falso cobre que extraíam da mina.
O clarcke do níquel é de 84 ppm
Teores de jazidas em torno de 1 a 1,5% Ni
Símbolo – Ni Número atômico - 28
Peso específico - 8,5 g/cm³
Sistema de cristalização isométrico
Levemente duro Metal branco prateado
Maleável Dureza Escala de Mohs – 3,5
Caráter Ferromagnético
Boa Resistência a oxidação e corrosão
USO DO NÍQUEL NA INDÚSTRIA
Aço Inoxidável – 65%
Superligas de níquel – 12%
Outros – 23% Outras ligas Baterias recarregáveis Reações de catálise Cunhagens de moedas Revestimentos metálicos Fundição.
65%
12%
23%
Aço Inoxidável Superligas de níquel Outros
RESERVAS MUNDIAIS
Reserva e produção mundial
RESERVAS BRASILEIRASRESERVAS MINERAIS - 2009
RESERVAS BRASILEIRASQUANTIDADE E VALOR DA PRODUÇÃO MINERAL COMERCIALIZADA - 2009
PRINCIPAIS EMPRESAS PRODUTORAS - 2009
RESERVAS BRASILEIRAS
VALOR DE MERCADO DO NÍQUEL Valor atual do níquel - 13430,00 US$/ton
Preço do Níquel (Ton) – jan/2007 – jul/2013
Diminuição da demanda e embargo russo
Importação de níquel por parte da China
Crise econômica de 2008
GEOLOGIA
O complexo de Niquelândia é um dos maiores corpos máficos-ultramáficos do Brasil.
Juntamente com Barro Alto e Canabrava, define um lineamento de direção NNE e de
aproximadamente 300 km de extensão.
A área de afloramento é de geometria ovalada com 59 km de comprimento por 29 km de
largura, com uma parte achatada voltada para o sul.
Seus contatos com as rochas circunvizinhas dão-se por falhamentos.
Corresponde a uma elevação estrutural fortemente tectonizada, com trends direcionais
NNE-SSW e mergulhos de 40 a 65º para W, entre terrenos granito-gnáissicos milonitizados.
O COMPLEXO NIQUELÂNDIA
Definidas em cinco zonas diferentes
Agrupadas em duas seqüências: Inferior com 4 unidades:
1. BGZ;2. BPZ;3. LUZ;4. LGZ e LGZ superior.
Superior com 1 unidade1. UGAZ.
O COMPLEXO NIQUELÂNDIASequência inferior - Unidades BGZ, BPZ e LUZ.
• BGZ:
Metagabro milonítico de grão fino próximo a falha basal. ;
Gabro apresenta camadas alternantes ricas em Cr-espinélio,
websterito e peridotito. (100m).
• Transição BGZ-BPZ: BGZ (gradualmente) para harzburgitos e dunitos
da BPZ.
• BPZ :
Central - Piroxênitos (em veios ou camadas) são raros ou
ausentes.
• Transição BPZ-LUZ: Horizontes dessimétrico de cromita.
• LUZ:
Dois horizontes de gabro (5 e 10m);
Alternância de websteritos e peridotitos (↑Cpx);
Horizonte de cromita (200m acima da 1ª ocorrência de dunitos);
Espinélio desaparece dos piroxênitos;
Topo - camadas de bronzitito pegmatóide em contato com os
gabros da LGZ.
O COMPLEXO NIQUELÂNDIA Sequência inferior – Unidade LGZ:
Dois finos horizontes de websteritos e peridotitos que ocorrem na sua base;
Gabros melanocráticos para leucocráticos;
Textura granoblástica heterogranular;
Ocasionalmente textura cumulática - fase cúmulos formada por Cpx e Opx.
Plagioclásio, augita, hiperstênio e pequenas quantidades de ilmenita e
magnetita;
Px com lamelas de exsolução (exceção - Presença neoblastos de px. sem
lamelas;
O anfibólio começa a aparecer nas porções superiores desta unidade
LGZ Superior – Aparece biotita, quartzo, hornblenda e ortopiroxênio (dezenas de
metros).
O COMPLEXO NIQUELÂNDIA Sequência superior – Unidade UGAZ
Gabros e anortositos (intercalados).
Gabros
Texturas cumuláticas (fases cúmulos marcadas pelos plagioclásios
e olivinas) e ortopiroxênio como intercúmulos; Textura Localmente
ofítica.
Anortositos
Predomina hornblenda com plagioclásio e magnetita.
Topo - Pequenas camadas de Cpx.
ORIGEM
Várias hipóteses controversas - Estratiforme (Rivalente et al., 1982; e Girardi et al., 1986) vs Ofiolítica
(Danni & Leonardos, 1981; e Danni et al., 1982).
Rivalenti et al. (1982)
As indicações de uma diferenciação a partir de um pulso de magma para este complexo foram
apresentadas - magma parental do complexo parece estar situado no campo saturado em olivinas no
tetraedro do basalto.
O gabro fino (contato embasamento-BGZ) = borda de resfriamento (composição picritica do líquido
original).
Ordem de cristalização – Usado o diagrama pseudo-ternário de Ol-SiO2-Pl
Variação de pressão (instabilidade no interior da câmara magmática) = Presença de cromita + Extensão
lateral das camadas de cromita + Formação de camadas e variação na concentração de ferro
ORIGEM
Girardi et al. (1986)
Os indícios da presença de vários pulsos de magmas
Câmara magmática preenchida por uma intrusão de líquidos anidros
Forma alongada da câmara = Perda de calor maior no piso e no teto (principais regiões de
resfriamento)
Cristalização se desenvolveria para o interior do complexo.
Tectonismo ativo atua na câmara = Grandes variações de pressão = Limites das fases do sistema
basáltico
Variação + Continuidade de influxo de magma = Mecanismo que gerou o acamadamento das
sequências ultramáficas
EVOLUÇÃO2.0 Ga - ↑↑ volume de magma máfico primitivo → dentro da crosta continental = Forma série
inferior acamadada em um ambiente extensional continental. (Ferreira Filho & Pimentel, 2000);
1,3 a 1,25 Ga – Formação de um rift, possivelmente envolvendo uma faixa oceânica = Forneceu
material (anortosito) para UGAZ. (Pimentel et al., 2004);
800 Ma – Outro rift (continental) = Magmas máficos (séries inferiores). (Pimentel et al., 2004);
700 a 795 Ma - Metamorfismo de alto grau e deformação dúctil associada (compatível com 800
Ma) - (Ferreira Filho & Pimentel, 2000)
650-610Ma – Último evento de resfriamento (Fim da atividade orogênica do Cinturão Brasilia)
(Ferreira Filho & Pimentel, 2000) ;
630 Ma - Metamorfismo regional (na faixa Brasília) ← Final do fechamento e colisão continental
(São Francisco e Amazônico). A ascensão tectônica final dos complexos máficos-ultramáficos.
(Pimentel et al., 2004)
DEPÓSITOS
Os depósitos de lateritas foram formados em períodos de erosão e intemperismo de rochas ultramáficas
Laterita resultante do peridotito, dunito ou piroxenito - Silicato de níquel (Teor médio excede 1,5%).
Mais de 20 jazidas. Principais: Corriola, Córrego da Fazenda, Vendinha, Angiquinho e Ribeirão do Engenho.
Dois tipos de minério Garnierita, que resulta da decomposição do piroxênito. Oxidado, que resulta da decomposição de peridotito e dunitos.
RESERVAS DE NÍQUEL LATERÍTICO EM NIQUELÂNDIA
JAZIDAS DE NI SOBRE PIROXÊNITOS (OLIVEIRA & TRESCASES (1982)
Serra da Mantiqueira (Niquelandia-GO) - Jazidas situadas a cotas superiores a 950 m.
Perfil de alteração ideal:
↑ Rocha frescaWebsterito - Composto por de bronzita e diopsídio (pode ter: olivina serpentinizada, bastita e plagioclásio)
↑ Rocha alterada (8m) – 0,1-3% NiRestos de piroxênio e serpentina, esmectita e goethita. Aparece muitas vezes cortada por veios de garnierita. (+ veios = ↑ concentração)
↑ Argila verde (25m) – 2-5% Ni Aumento da esmectita (natureza nontronitica – Baixo valor de Mg)Destruição dos minerais primários. Conserva estruturas da rochaPrincipal horizonte mineralizado
↑ Argila marrom(15m) – 0,1-1,5% Ni Composta por goethita e caulinita. Sofreu compactação (densidade maior que a da argila verde)
↑ Laterita vermelha (6m) – 0,1-1% Ni Parcialmente coluvionar (hematita e caulinita) Pode ocorrer Fe, Ni, Mn e Co. (“in situ” sobre a forma de veios negros)
JAZIDAS DE NI SOBRE PIROXÊNITOS (OLIVEIRA & TRESCASES (1982)
Relações estruturais e mineralógicas entre minerais primários e secundários = esquema de filiação
mineralógica:
Passagem da Goethita-Hematita pra laterita libera Ni para as regiões adjacentes.
Olivina Goethita Hematita
BronzitaEsmectitaDiopsídio
Serpentina (Bastita)
Plagioclásio Caulinita
JAZIDAS DE NI SOBRE DUNITOS (OLIVEIRA & TRESCASES (1982)
Perfis na jazida de Angiquinho (mais de 20 m de espessura) e nas jazidas de Niquelândia N (mais de 8 m de espessura) :
↑ Rocha fresca – 0,2-0,3% NiMinerais primários: Olivina,enstatita e cromita. Serpentinização → Retículo de serpentina (núcleos ocupados - resto de olivina), veios de carbonato e brucita, bastita (←Opx) e magnetita.
↑ Rocha alterada – 0,7-2% NiDesaparece BrucitaDissolução incongruente da olivina → resíduo ferruginoso
↑ Saprolito grosseiro – 1-1,5% NiSerpentina pode aparecer colorida ← Fe liberado pela olivinaPode ser cortada por veios de magnesita e sepiolita. (Minerais com vida curta. + alteração = - minerais)Surge quartzo (Veios ou ocupando o buraco deixado pela olivina) – Permanece até a laterita vermelha
↑* Saprolito argiloso verde – 2-5% NiBastita → EsmectitaFe → Goethita
↑* Saprolito argiloso amarelo – 0,4-2,5%
Ni
Esmectita → Goethita
↑ Laterita vermelha – 0,4-1% Ni Goethita → HematitaPode ter traço de Gibbsita (Al se individualizando)
JAZIDAS DE NI SOBRE DUNITOS (OLIVEIRA & TRESCASES (1982)
Óxidos de origem hipógena (magnetita e cromita) ← Oxidação durante a alteração Cromita (cristais maiores) ocorre apenas na superfície.
Cortando os horizontes *→ bolsões de clorita;
Angiquinho → horizonte espesso de couraça ferruginosa Formada pelo matérial da laterita vermelha (hematita e goethita).
Perfil não ocorre nas vertentes (perfil menos espesso);
Perfil de alteração Perfis silicatados (esmectíticos) – Topos aplainados ou baixadas (menor
drenagem) Perfis oxidados (saprólito ferruginoso) – Nas encostas e topos (maior
drenagem)
• Calcedônia forma as encostas• Argila verde (Esmectita) - Ni, Cu e Co• Minério de Ni -> Garnierita (Silicato Hidratado de Níquel)• Lateritas amarelas = 98% do minério oxidado típico• Mais a Sul ocorrem na conta de 600m (Falhamento)
Pequenos veios de garnierita em piroxênito (parte de baixo) e saprólito (parte de cima)
2cm
Contato geológico entre Gabro-Norito e Piroxenito (Complexo Acamadado) - Niquelândia-GO
Bloco com alta concentração de Níquel laterítico (Complexo acamadado) - Niquelândia-GO
Mina de Ni (trabalho de ampliação) em - Niquelândia-GO
CARMINATTI, M. G. (2006). MODELAGEM GEOFÍSICA DOS CORPOS MÁFICOS-ULTRAMÁFICOS DE CANA BRAVA, NIQUELÂNDIA E BARRO ALTO, CENTRO DE GOIÁS. Tese (Doutorado) - Universidade de São Paulo, 297 p.
OLIVEIRA, S.M.B. de & TRESCASES, J.J., 1982. Estudo mineralógico e geoquímico da laterita niquelífera de Niquelândia-Goiás. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, 32, Salvador, 1982.
FARIAS, J. O. G. (2009). - Relatório Técnico 24 - Perfil da Mineração de Níquel, Ministério de minas e energia, 55 p.
SILVA, C. S. - Níquel (DNPM/GO) (p. 258 a 273)
Mapa da CPRM de Goiás e Distrito Federal
Geologia e Recursos Minerais do Estado de Goiás e do Distrito Federal
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