UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII
COLEGIADO DE PEDAGOGIA – COLPED
MADALENA DA SILVA SOUZA
LEITURA: DESDE A EDUCAÇÃO INFANTIL TRAÇANDO POSSIBILIDADES PARA TRANSFORMAÇÃO SOCIAL
SENHOR DO BONFIM – BA MARÇO/ 2011
MADALENA DA SILVA SOUZA
LEITURA: DESDE A EDUCAÇÃO INFANTIL TRAÇANDO POSSIBILIDADES PARA TRANSFORMAÇÃO SOCIAL
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Departamento de Educação Campus VII da Universidade da Bahia – UNEB, como requisito para obtenção do Curso de Licenciatura em Pedagogia, orientado por: Prof. Sandra Fabiana Almeida Franco.
SENHOR DO BONFIM – BA
MARÇO / 2011
MADALENA DA SILVA SOUZA
LEITURA: DESDE A EDUCAÇÃO INFANTIL TRAÇANDO POSSIBILIDADES DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL
Aprovado em / /
Profª Sandra Fabiana Almeida Franco (Orientadora)
BANCA EXAMINADORA Prof. (a) Avaliador(a) Prof. (a) Avaliador(a)
Por isso na impaciência Desta sede de saber, Como as aves do deserto - As almas buscam beber... Oh! Bendito o que semeia Livros... livros à mão cheia... E manda o povo pensar! O livro caindo n'alma É germe - que faz a palma, É chuva - que faz o mar. Castro Alves
Dedicamos à Deus que fez com que eu chegasse
até aqui. À todos que contribuíram de forma direta
ou indireta, para que este trabalho se realizasse e a
toda minha família, em especial, minha querida avó
Alice. Também às minhas amigas de toda vida.
AGRADECIMENTOS À Deus, único e verdadeiro que me fez superar pequenas e grandes barreiras, que me dotou de coragem mesmo quando eu já não a tinha; À minha mãe que me educou imprimindo em mim caráter mesmo nas adversidades da vida, também minha irmã e segunda mãe, Maria Ivone minha educadora de toda vida; Ao meu querido esposo, Genivaldo e aos meus amados filhos Fernando e Gabriel, pois pensando neles tive coragem para continua; À minha orientadora pelo entusiasmo e colaboração para a conclusão deste trabalho; À Escola Creche Paroquial e em especial às professoras que muito contribuíram com esse trabalho; Ao departamento acadêmico de modo geral.
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Experiência de vida contribuindo para a formação infantil......................44 Gráfico 2 – Feminilização docente, afinidade com o universo infantil........................45 Gráfico 3 – Formação docente, uma necessidade.....................................................46 Gráfico 4 – Experiência profissional para os pilares da educação.............................47 Gráfico 5 – Primeira infância possibilitando a expansão ...........................................47 Gráfico 6 – Atividade leitora, diariamente... ...............................................................48
RESUMO
Este estudo teve como objetivo compreender a postura assumida pelo professor de Educação Infantil diante da leitura enquanto instrumento de compreensão de mundo, interlocução e atribuição de sentidos ideológicos ou vivenciais. Sendo que a modalidade de Educação Infantil requer profissionais motivadores, compromissados e criativos que busquem novas formas de fazer com que a criança se interesse pela prática leitora, e que a leitura não vem a ser um entrave na sua formação e sim, a mola propulsora. Para tanto, Investigamos sete professoras que atuam na Educação Infantil da rede pública municipal. Os instrumentos utilizados nos propiciaram obter informações sobre o perfil dos docentes entrevistados, assim como suas ações educativas cotidianas. De acordo com os resultados, foi perceptível que, para a criança avançar no processo de aquisição de leitura, torna-se necessário trabalhar o ato de ler desde a educação básica, como o próprio nome sugere, é na base de todo processo educacional que se formam os hábitos imprescindíveis ao desenvolvimento da leitura. E para que isso ocorra de forma gradativa e natural o fazer pedagógico precisa ser repensado.
Palavras-chave: Leitura, Função social, Ação Educativa, Educação infantil, e Criança.
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO.....................................................................................................10
1. PROBLEMATIZANTO A TEMÁTICA....................................................................12
2. FUNDAMENTANDO A TEMÁTICA.......................................................................17
2.1. Múltiplas concepções de leitura..........................................................................17
2.1.1. Formação leitora no ambiente familiar.............................................................19
2.1.2 Leitura na escola...............................................................................................22
2.2. Função Social da Leitura.....................................................................................25
2..3. Ação educativa formando comunidade de leitores ..........................................26
2.4. Educação Infantil no contexto literário.................................................................31
2.5. A criança no espaço social..................................................................................35
3. CAMINHO METODOLÓGICO...............................................................................39
3.1 Tipo de Pesquisa..................................................................................................39
3.2 Lócus de Pesquisa...............................................................................................40
3.3. Sujeitos da Pesquisa...........................................................................................40
3.4 Instrumentos de coleta de informação.................................................................40
4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS..........................................42
4.1 Analisando os dados do questionário de perfil socioeconômico dos docentes
pesquisados...............................................................................................................42
4.1.1 Experiência de vida contribuindo para a formação infantil...............................42
4.1.2. Feminilização docente, afinidade com o universo infantil................................43
4.1.3. Formação docente, uma necessidade.............................................................44
4.1.4. Experiência profissional para os pilares da educação.....................................45
4.1.5. Primeira Infância, possibilitando expansão dos significados...........................46
4.1.6. Atividades Leitoras, diariamente... .................................................................47
4.2 INTERPRETANDO OS RESULTADOS DA ENTREVISTA..................................47
4.2.1 Concepção de leitura dos sujeitos.....................................................................47
4.2.2 Quanto o valor atribuído à leitura......................................................................49
4.2.3 Leitura com finalidade para prática das educadoras.........................................51
4.2.4 A Educação Infantil formando leitores...............................................................52
CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................54
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS..........................................................................57
APÊNDICES...............................................................................................................61
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APRESENTAÇÃO
O sentido e a força da leitura, enquanto caminho, possibilidade de inserção e
ascensão social para o sujeito além da importância da forma como esta é
apresentada às crianças que muitas vezes quando estimuladas já lêem antes do
convívio escolar, provocou-me a realizar esta pesquisa que aborda uma discussão
acerca desta prática „leitora‟ e sua função social, leitura esta que é inserida na
prática escolar desde os primeiros anos de escolaridade. Em primeiro plano, imersa
em uma realidade política, econômica e social que vem se constituindo ao longo da
história, como estrutura de interesses de classes, negligenciando a uns e
privilegiando a uma minoria „chamada elite‟.
(...) A respeito da função social da leitura. Vimos que na sociedade brasileira constituída de classes com interesses antagônicos, a leitura se apresenta como uma questão de privilégios e não de direito de toda a população; por isso mesmo, a classe dirigente, através de diferentes manobras políticas, não só bloqueia o acesso aos livros como também distorce e fragmenta o conteúdo das obras de modo que a gênese dos fatos do real não seja descoberta através da leitura. (SILVA, 1986, p.15).
Com isso, é urgente a superação da concepção de leitura reducionista e mecânica,
sem sentido, pois a criança que não se apropria da leitura e não se posiciona
através dela, futuramente, será um ser sem leitura de mundo tornando-se vulnerável
a submissão do pensamento alheio, assim, permitindo o sucessivo controle
ideológico da classe dominante.
No presente estudo, foi possível notar que, no novo contexto a educação para
crianças expandiu-se bastante, precisamos perceber se a qualidade da educação
nessa área acompanhou essa expansão tão almejada, se a ação educativa da
modalidade Educação Infantil prioriza a leitura como base sólida para aquisição de
conhecimento, se promove uma educação voltada para a transformação social. É
notório que muito se fala sobre o poder transformador da leitura no desenvolvimento
da criança, e de como é fundamental do papel do professor, para esse processo.
11
Entretanto, aparentemente este papel não tem se cumprido, sendo assim, não é
suficiente reconhecer esse poder transformador, mas torna-se imprescindível
acreditar nesse potencial para formar e transformar realidades.
Elaboramos a presente pesquisa por meio de quatro capítulos a seguir relacionados:
No primeiro capítulo, contextualizamos a problemática da questão de pesquisa,
trazendo à tona a discussão sobre o papel da pratica pedagógica na formação do
ser leitor para uma efetiva autonomia social, na Educação Infantil.
No segundo capítulo apresentamos a fundamentação teórica onde ocorre a
discussão com diversos autores, como: Abramovich (1997); Cagliari (1998); Gentili
(2005); Freire (1999); Lajolo (2002); Silva (1986, 1997, 2005); Zilberman (1987,
2001; estes (que) nos esclarecem e fundamentam sobre alguns aspectos do tema
em pauta pesquisado para dar significado e compreensão a pesquisa e assim
dialogamos como grandes autores citados nesse trabalho.
No terceiro capítulo abordamos a metodologia e estratégias adotadas,
apresentamos os sujeitos e o lócus.
No quarto capítulo analisamos os resultados dos dados coletados de forma
minuciosa e cuidadosa.
Nas considerações finais, ressaltamos a relevância de formar seres leitores capazes
de discernir sobre seu futuro, bem como, de toda uma sociedade.
Apresentamos a leitura como visão de mundo, e mecanismo de inserção nessa
sociedade tão “cruel” que a muitos exclui. Diante disso apostamos na leitura como
mecanismo de desenvolver habilidades de maneira a instigar o senso crítico, a
igualar pessoas pela capacidade de conhecer e reconhecer através de seus próprios
esforços.
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1. PROBLEMATIZANDO A TEMÁTICA
A leitura durante muito tempo foi privilegio de poucos, e quem a possuía tornava-se
detentor de grande importância e poder, pertencia à classe social mais elevada.
Antigamente, ler e ter acesso a livros eram características da nobreza intelectual.
Como confirma Silva (1986):
Qualquer retrospectiva histórica voltada à análise da presença da leitura em nossa sociedade vai sempre redundar em aspectos de privilégios de classe e, portanto, em injustiça social. Quero dizer com isto que o acesso à leitura e aos livros nunca conseguiu se democratizar em nosso meio. (p.11 e 12).
Desse modo, ser letrado determinava a divisão da sociedade em classe e
marginalizava a massa que não podia pagar por ela. Assim, ter dinheiro para era o
mesmo que ter poder, como confirma Cagliari:
Antigamente, as classes privilegiadas tinham o poder do dinheiro e do saber; hoje, ainda possuem o poder do dinheiro, mas lutam terrivelmente para não perder mais do que já perderam do poder do saber, que lhes era exclusivo, procurando controlar o saber que tiveram que revelar o povo. (p.11).
Por isso, é importante saber que a educação antiga desconsiderava a maioria da
sociedade para conceder privilégios a uma pequena parte, dotando a elite de poder
e controle social sucessivo. Outro aspecto a ser salientado, ocorrido na antiga
sociedade, foi desconhecer a significação da infância como faixa etária elementar
para o desenvolvimento do ser infantil.
Conseqüentemente, não existia textos produzidos para crianças, as que sabiam ler
realizavam leitura dos adultos, como relatos de cartas, e as escrituras sagradas, não
havia espaço separando a infância do mundo adulto, os pequeninos trabalhavam,
viviam e testemunhavam todos os fatos ocorridos do nascimento até a morte, enfim,
participavam da vida social e política adulta. Zilberman (1987) retrata em seu
pensamento como percebida a infância antigamente:
Antes da constituição deste modelo familiar burguês, inexistia uma consideração especial para com a infância. Esta faixa etária não era
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percebida como um tempo diferente, nem o mundo da criança como um espaço separado. Pequenos e grandes compartilhavam os mesmos eventos, porém nenhum laço amoroso especial os aproximava (p.13).
Porém, esse pensamento antigo foi recentemente superado pela valorização da fase
infantil, sendo assim, tornou-se necessária uma educação diferenciada e
imprescindível para o desenvolvimento integral da criança.
Hoje, além dos velhos ranços internalizados, de práticas ultrapassadas que não
obtiveram resultados, percebemos também, novas concepções sobre a temática,
nas quais é ressaltada a função social da leitura na perspectiva de compreensão da
realidade e visão de mundo, que nos levam a acreditar que existem desafios a
serem vencidos, e que é possível à escola formar comunidade de leitores
proficientes. Pois, nas unidades escolares as maiores dificuldades enfrentadas pelos
educandos no decorrer de sua vida escolar são referentes à deficiência na leitura.
Assim Cagliari (1994) ressalta a tarefa primeira da escola:
A atividade fundamental desenvolvida pela escola para formação dos alunos é a leitura. É muito mais importante saber ler do que saber escrever. O melhor que a escola pode oferecer aos alunos deve estar voltado para a leitura. Se um aluno não se sair muito bem nas outras atividades, mas for um bom leitor, penso que a escola cumpriu em grande parte sua tarefa. (p.148).
Neste caso, abordamos algumas possibilidades que necessitam permear a ação
pedagógica acerca do ato de ler. O processo de aquisição de leitura abrange
diversos aspectos, e quanto mais o educador for consciente de como ocorre esse
processo na criança, no campo emocional e de como se dá sua evolução na
interação social, conhecer a realidade lingüística dos alunos e respeitar a leitura de
cada criança, muito mais chances possuem este profissional de realizar uma
educação que trabalhe o papel social da leitura.
Como salienta Silva (1986, p.21) a leitura do texto literário “pode se constituir num
fator de liberdade e transformação dos homens”. Com isso, a leitura realiza sua
função social ao tempo em que, crianças leitoras desde pequenas reagem
criticamente diante do texto lido.
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É necessário pontuar que, para trabalhar a função primária da leitura, de formação
cidadã, que permite a criança discernimento, é primordial instrumentalizar esse
trabalho com o que há de melhor, a literatura infantil, pois ela transmite ao seu leitor
um entendimento emancipatório das situações vivenciadas e percebidas a sua volta.
A literatura favorece uma identidade fortalecida e facilita o desenvolvimento do
prazer em ler, bem como, compreensão, Lajolo (2002), em suas palavras descreve a
literatura como uma linguagem poderosa: “A literatura sempre foi e continua sendo
uma poderosa linguagem que formata a fantasia e o imaginário das pessoas. Ela
cria desejos e cria necessidades. Por isso, ela é tão freqüentemente objeto de
censura. „Ela faz a cabeça‟”.
Em verdade, acreditamos que a literatura Infantil bem trabalhada „faz a cabeça‟ de
forma positiva, torna-se um campo fértil e um recurso privilegiado que favorece a
ação em sala de aula para que seja mais atrativa e, portanto, valorizar esse gênero
literário, enquanto fonte de formação e possibilidades de uma visão de mundo, é
essencial para fomentar a ação docente.
Através dos objetivos planejados para o desenvolvimento de sua prática de ensino o
educador legitima a introdução da literatura infantil ao cotidiano da sala de aula para
auxiliar no processo da promoção e estimulo a leitura, conseqüentemente, ao
assumir essa função deve conceber a atividade leitora como decisiva para a
condição de vida das crianças. Ao passo que, possibilita posicionamento e
compreensão da realidade.
Essas ações representam um ponto de partida para o fazer pedagógico a serem
repensadas e inseridas desde muito cedo, pois a infância corresponde ao período
mais promissor do desenvolvimento do educando, como diz Montessori é o “período
construtor” sendo o alicerce para os futuros anos de escolaridade uma leitura que
garanta interpretação e posicionamento diante de situações que o rodeiam.
É evidente a importância da educação nos primeiros anos de escolarização da
criança, pois se trata da etapa primordial, que fundamenta toda formação do
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indivíduo com objetivo de beneficiar a aquisição de conhecimento nos anos
seguintes de estudos, a esse período podemos nos referir como base, alicerce,
como confirma o pensamento de Feltran (1990) “A educação pré-escolar em países
como o Brasil exercerá; em sua função pedagógica, o papel de alicerce para todo o
processo educacional, posterior”. (p.25). Acreditar que é realmente essencial
preparar a criança para a integração na sociedade, para vida e para cidadania.
Em vista disto, é necessário repensar sobre o processo educacional, como também,
a ação docente acerca do tipo de leitores que deseja formar, ter bem definido que
tipo de leitura deseja trabalhar, o ideal é uma leitura paradigmática para que o leitor
atribua significado ao que leu, para que seu momento leitor seja permeado por
compreensão, interpretações e leitura de mundo, pois o ato de ler restrito à
decodificação de símbolos, não é suficiente, ou ainda uma concepção reducionista,
de que ler é pronunciar em voz alta as letras que formam as palavras. Quanto à
importância da leitura paradigmática o pensamento de Cagliari (1994) define como:
Já uma leitura paradigmática faz com que o leitor não só descubra o significado literal das palavras e expressões, à medida que vai lendo, como também traga para esse significado os conhecimentos adicionais, oriundos de seu modo pessoal de interpretar o que leu, tendo em vista toda sua historia como leitor e falante de uma língua. (p.152)
Entretanto, apesar de todo avanço que acima relatamos, será que no atual cenário
educacional a ação educativa do professor tem trabalhado a função social da leitura
para garantir ao aluno uma formação cidadã, instigando percepção, consciência
individual e coletiva, criatividade, expressão e sua criticidade?
Porque estes são verdadeiramente mecanismos a serem socializados, afinal a ação
pedagógica deve definir que tipo de cidadão deseja formar, Para Gentili (2005) “não
se pode educar para autonomia através de práticas heterônomas, não se pode
educar para a liberdade a partir de práticas autoritárias”.
Portanto, o educador ao planejar sua forma de educar precisa questionar-se: para
qual educação sua prática é verdadeiramente voltada? Será que esse fazer
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pedagógico cotidiano garantirá às crianças de hoje um futuro promissor de inserção
na sociedade?
A formação do aluno como cidadão consciente, que opine, construa seu próprio
caminho através do que acredita ser melhor, é um desafio e depende da ação
educativa coerente.
Muito ainda deve ser realizado para que a prática educativa consiga que o aluno
amplie sua visão de mundo, seus conceitos, sua postura em relação à vida.
A ação educativa acerca da leitura desde a Educação dos pequeninos tornou-se
uma inquietação, ao recordar o próprio caminho trilhado no decorrer dos estudos,
podemos afirmar não ter sido fácil e prazeroso, lidar com o ato de ler representava
sempre um momento de tensão e aversão. Portanto a escolha da temática não
surgiu de uma paixão pela leitura e sim, por considerá-la um entrave, um desafio.
Assim, o que impulsiona a nossa pesquisa é compreender a postura assumida pelo
professor da Educação Infantil diante da leitura enquanto instrumento de
compreensão de mundo, interlocução e atribuição de sentidos ideológicos ou
vivências.
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FUNDAMENTANADO A TEMÁTICA
2.1 MÚLTIPLAS CONCEPÇÕES DE LEITURA
Ao desenvolver uma pesquisa cujo tema é leitura, torna-se necessário então,
definirmos que tipo de leitura que desejamos construir no decorrer desse trabalho,
esse ato tão imprescindível à vida humana será conceituado de forma ampla, pois
entendemos que uma leitura proficiente busca atribuir significado ao texto lido para
os pequenos, pois antes de ler textos escritos, eles precisam fazer uma leitura de
mundo e vivências diárias, e é justamente nesse momento que a criança aprende e
se localiza no seu ambiente por meio do sentido inferido a objetos, pessoas e
também a circunstâncias. Como muito bem diz Freire (2003) “A leitura do mundo
precede a leitura da palavra” (p.11)
É justamente por entendermos que a compreensão de mundo antecede ao ato de
ler, que devemos explorar ao máximo esse momento, através de tipos de leituras
adequadas, como leitura de imagem, que para essa fase da vida infantil é
instrumento valioso onde inicialmente ocorrem as atribuições de sentido.
A leitura é a atividade essencial da escola que deseja uma formação efetiva para
seus educandos. No nosso cotidiano, precisamos ter definida a compreensão de
leitura que desejamos trabalhar, existem várias concepções da prática leitora,
embora a ação educativa eficaz deva abordá-la como fonte de formação e
transformação social.
Para entender melhor, como ocorre o processo de desenvolvimento de leitura é
necessário conhecer algumas concepções desse ato tão importante para a vida das
pessoas. Para tanto, abordamos o pensamento de alguns autores sobre como cada
um define o que é leitura.
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Ao referir-se sobre a importância da leitura Silva afirma está convicto, quando nos
revela: “Estou plenamente convencido de que a leitura é um importante instrumento
para a libertação do povo brasileiro para o processo de reconstrução de nossa
sociedade”. (1986, p.11). Esse argumento surge diante da percepção de uma
sociedade desigualmente dividida e do desejo de lutar pela mudança, pela justiça
social, desse modo, percebemos que o autor acredita que lendo se adquire armas
para construir um mundo bem melhor.
A leitura vai, portanto, além do texto (seja ela qual for) e começa antes do contato com ele. O leitor assume um papel atuante, deixa de ser um mero decodificador ou receptor passivo. E o contexto geral em que ele atua, as pessoas com quem convivem passam a ter influência apreciável em seu desempenho na leitura. Isso por que o „dar sentido a um texto‟ implica sempre levar em conta a situação deste texto e de seu leitor. (MARTINS, 2004 p.32).
Assim então, a leitura necessita ter um sentido para quem está lendo na visão de
Martins é descrita de forma ampla, que vai além do que se lê, considerando o que
está escrito e as vivências de seu leitor para que essa leitura ganhe sentido, não
sendo apenas uma mera decodificação de símbolos. Uma compreensão de leitura
também pertinente é revelada por Yunes, quando ressalta: ”Ler é realizar a
experiência de se pensar pensando o mundo”. (2002, p. 25)
Quem lê conhece o mundo e realizar sua leitura de realidade, e por meio da sua
compreensão têm possibilidades de exercer uma ação capaz de transformar o
mundo, A leitura nos possibilita dominar o instrumento de controle dos que estão no
comando e assim, não mais nos submeter ao poder de dominantes, mas fazermos
uso deste poder também.
Concordamos com o mesmo ponto de vista de Abramovich (1997) quando descreve
o caminho de possibilidades que através da leitura podemos desfrutar, ao dizer: “Ser
leitor é ter um caminho absolutamente infinito de descobertas e compreensão de
mundo.” (p.98). E Cagliari (1994) vai mais além ao afirmar que a leitura é: A leitura
é uma herança maior do que qualquer diploma. (p.148).
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O pensamento de Demo (2006) vem reafirmar a leitura como instrumento de
libertação, ao ler melhor ou fazer sua leitura da realidade, crianças e jovens teriam
chance de enfrentar o mundo como indivíduos capazes de criar oportunidades, não
como meros objetos ultrapassados ao dispor das vontades dos dominadores e na
dependência de ferramentas que desconhecem, porque não „sabem ler‟.
Para Sandroni e Machado (1998) “A leitura é um dado cultural: o homem poderia
viver sem ela e, durante séculos, foi isso mesmo o que aconteceu”. (p.10) No
entanto, a vida não era fácil para aqueles que não dominavam o ato de ler não
sabiam expressar-se e, consequentemente, não lutavam por seus direitos, os
autores esclarecem que a humanidade enriqueceu-se culturalmente depois de
adquirir e dominar o conhecimento, surgindo à possibilidade de transmitir às
gerações futuras.
Para Rezende (1993) A leitura é um ato de abertura para o mundo. A cada mergulho
nas camadas simbólicas dos livros, emerge-se vendo o universo interior e exterior
com mais claridade. (p.164)
Bamberger traz a leitura como um direito de avançar “O direito de ler significa
igualmente o de desenvolver as potencialidades intelectuais e espirituais, o de
aprender e progredir”. (2005, p. 09)
Estes são alguns conceitos que consideramos pertinentes para o objetivo de formar
leitores cidadãos em todos os espaços da sociedade. Assim, essa consciência
começa a desenvolver-se no primeiro momento no ambiente familiar.
2.1.1- FORMAÇÃO LEITORA E O AMBIENTE FAMILIAR
Ao pensar em formação de leitores não podemos deixar de ressaltar o referencial
que engloba o ambiente familiar, quando o contexto desse ambiente possibilita a
criança vivências permeadas por exemplos de leitura, para estimular uma rotina
leitora desde muito cedo na vida dos pequeninos. Para Cagliari (1994), Uma criança
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que viu desde cedo sua casa cheia de livros, jornais, revistas, que ouviu histórias,
que viu as pessoas gastando muito tempo lendo, sem dúvida desfruta de um
verdadeiro ambiente leitor. Nesse ponto de vista, é importante pontuar que um
ambiente assim facilita a aquisição do gosto pela leitura e em decorrência disso, a
aprendizagem deslancha.
A parceria família e escola é elemento essencial para desenvolver o gosto pela
leitura, como também sua adaptação ao ingressar na escola. E Cagliari, ainda,
acrescenta que a escola será para ela “(...) continuação de seu modo de vida e acha
muito natural e lógico o que nela se faz”. (1994, p. 21) E assim, ao iniciar seus
estudos, esse novo ambiente será de certa forma, uma continuidade daquilo que a
criança vivencia em seu lar.
Porém, quando não há essa parceria escola / família, a criança que não teve acesso
a recursos e estímulos necessários ao encaminhamento do prazer pela leitura, então
ao iniciar seus estudos pode sentir dificuldade em se adequar ao espaço escolar
podendo até desistir de freqüentar a escola Como insiste Cagliari:
Uma criança que nunca viu um livro em casa nunca viu seus pais lendo jornal ou revista, que muito raramente viu alguém escrevendo, que jamais teve lápis e papel para brincar, ao entrar para escola sabe que vai encontrar essas coisas lá, mas sua atitude em relação a isso é bem diferente da criança citada no parágrafo anterior. E a maneira como a escola trata da sua adaptação pode lhe trazer apreensões profundas, até mesmo desilusões. (1994 p. 21 - 22)
O meio familiar é considerado o berço do desenvolvimento do gosto pela leitura, se
os pais gostam de ler, mesmo que não tenham um grandioso acervo de livros, mas
os que dispõem, utilizam, folheiam e lêem para seus filhos, já contribuem e muito
para que essas crianças cresçam, interessem-se e valorizem naturalmente os livros,
e assim mesmo desde muito pequeninos percebem que o livro é uma coisa legal e
divertida.
Se, porém, como Sandroni e Machado complementam, “os pais que não têm, eles
próprios, o hábito de ler deveriam pensar na importância de tentar mudar de
comportamento, tanto em benefício dos seus filhos quanto de si mesmos.” (p.12).
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É verdadeiramente importante esta consciência e, principalmente, a tomada de
decisão por mudança por parte dos familiares, reconhecendo que a importância da
leitura começa na infância e segue vida a fora. E que são de extrema relevância as
situações de leitura já experimentadas com a família. Ao contrário do que alguns
acreditam esse não é um trabalho inútil, Embora haja quem considere a criança
nesse período imatura para entender algumas das situações que vivenciam isto é
um grande equívoco, pois a mente infantil é um espaço em potencial de
armazenagem e assimilação excepcional que necessita ser freqüentemente
estimulada. E neste sentido o papel dos pais é fundamental como afirmam Sandroni
e Machado (1998):
Os pais que lêem aqueles que já têm eles mesmos o hábito de leitura desenvolvido, podem ser tranqüilos quanto ao fato de que seus filhos serão bons leitores. Sabemos, no entanto, que em nosso país eles são minoria. Por motivos diversos, principalmente de ordem econômico-social, a maioria de nossa população não lê (p.11).
É por meio da observação do comportamento dos outros que os indivíduos e
principalmente os pequeninos compreendem mais, imitam naturalmente o mesmo
comportamento observado, eles aprendem atribuindo sentido a tudo o que sua
percepção alcança e, primordialmente, pelo exemplo que é sem dúvida o eixo
central da aprendizagem infantil.
Posto isso, fica mais visível que a formação leitora está diretamente associada à
realidade e relações familiares, então gostar de ler, ou não, depende e muito dos
estímulos recebidos em seu ambiente de origem.
Num primeiro momento de sua existência a criança aprende e se situa no mundo através da atribuição de significados a pessoas, objetos e situações presentes no seu ambiente familiar, então podemos inferir que esse mesmo ambiente deve ser potencialmente significativo em termos de livros, leitores e leitura. Mas especificamente ainda, é preciso que haja “modelos ou exemplos de leitura” no lar “visto aqui como instância primeira ou microssistema de socialização” para que a criança possa perceber e assimilar o valor e a função social de ato de ler e, movida por mecanismo como observação, curiosidade e identificação, e etc., passe a executar esse ato em sua vida. (SILVA, 1997, p.88 e 89)
Considerando o meio familiar como primeira etapa de interação e socialização de
caráter formativo e informativo, percebemos o valor formador que possui o hábito de
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leitura das pessoas com quem a criança convive, pois os pequenos tende a imitar o
que os adultos realizam no seu dia a dia.
Existe uma relação nos fundamentos básicos para a formação do ser leitor entre
família, escola, e sociedade que, quando bem estabelecida, propiciam
conseqüências desejáveis a toda estrutura social.
2.1.2 - LEITURA NA ESCOLA
No momento atual, a instituição escolar tem colocado o ato da leitura como um fim,
que é um grande equívoco, pois deve ser percebida como meio, pois é por ela e
através dela, que a criança começa interagir com as pessoas e o mundo que a
cerca. Portanto, o ambiente escolar e sua ação educativa podem possibilitar à
criança desde pequena, vivências leitoras com compreensão, significado e muito
prazer para que o processo de apropriação da leitura seja natural e gradativo no
decorrer de seus estudos, para que assim a aquisição da leitura desempenhe sua
função social.
Se, porém, outro aluno tiver notas excelentes em tudo, mas não se tornar um bom leitor, sua formação será profundamente defeituosa e ele terá menos chances no futuro do que aquele que, apesar das reprovações, se tornou um bom leitor. (Cagliari 1994 p.148)
Nesse sentido, a criança que não compreende o texto lido, ou não faz conexão entre
leitura e realidade, não é um bom leitor, e isso sim, será determinante para sua
formação e por toda sua vida, pois notas são insuficientes para inferir na progressão
dessa criança.
Criativamente, a escola deve fazer com que o aluno identifique-se com o que leu e
sobre tudo perceber que somos diferentes, mas com igual valor, notar que existem
diversas maneiras de compreender e ser compreendido. Em relação à necessidade
do cotidiano escolar formar comunidades de leitores, Lerner (2002) diz:
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O necessário é fazer da escola uma comunidade de leitores que recorrem aos textos buscando resposta para os problemas que necessitam resolver, tratando de encontrar informação para compreender melhor algum aspecto do mundo que é o objeto de suas preocupações, buscando argumentos para defender uma posição com a qual estão comprometidos, ou para combater outra que considera perigosa ou injusta, desejando conhecer outros modos de vida, identificar-se com outros autores e personagens ou se diferenciar deles, viver outras aventuras, inteirar-se de outras histórias, descobrirem outras formas de utilizar a linguagem para criar novos sentidos (p.17-18).
O sentido da leitura na escola deve ser antes de tudo a base do ensino. Para que
também norteie a aprendizagem, é preciso que o aluno encontre sentido, que
acredite no que se propõem a aprender e que o faça com mais confiança e
significado. Silva (1997) afirma:
É, pois, principalmente no âmbito da escola que as expressões “aprender a ler” e “ler para aprender” ganham o seu significado primeiro, apontando, inclusive, os efeitos que devem ser conseguidos pelo trabalho pedagógico na área de formação e preparo de leitores. Eu até iria mais longe, afirmando que um dos objetivos básicos da escola é o de formar o leitor crítico da cultura. (p.91)
Feita essa colocação, podemos dizer que no meio escolar o ato de aprender começa
com a leitura e por isso deve ser trabalhada efetivamente como uma prática social.
Pois se o aluno-leitor é concebido com um ser social e histórico, capaz de adquirir
habilidades próprias, bastando-lhe oferecer estímulos sócio-ambientais e respeitar a
origem sócio-cultural da criança, tão necessários à boa formação infantil.
Outra proposta interessante é a temática de leitura, como atividade interdisciplinar,
envolvendo todas as áreas não somente a aula de português, para projetar uma
nova visão em relação à prática docente, bem como de toda instituição escolar,
sobre responsabilidade e compromisso de todos, trabalhar com a leitura. Almeida,
2005, afirma “Poucos conseguem perceber, por mais que isso seja senso comum,
que a produção de textos, o domínio da escrita, o trabalho com a leitura, a
compreensão e a interpretação textuais são espaços de todos, indistintamente”
(p.49). Se for compromisso de todos realmente, então a culpa não pode recair sobre
o professor de português. Sobre esta questão podemos nos apoiar na fala de
Cagliari (1994):
24
A grande maioria dos problemas que os alunos encontram ao logo dos anos de estudo, chegando até a pós-graduação, é decorrente de problema de leitura. O aluno muitas vezes não resolve problemas de matemática, não porque não saiba matemática, mas porque não sabe ler o enunciado do problema (p.148).
Assim, concordando com o que ressalta Cagliari (1994), torna-se perceptível que, ler
e entender são problemas que permeiam todas as disciplinas, e não uma
exclusividade de português. Zilberman (2001) incrementa a discussão pontuando
que: “Eis por que se faz necessária à retomada das bases da experiência e das
teorias, não numa perspectiva individualmente, mas sob foco interdisciplinar que
faculte o exame das articulações.” Porque se um professor, seja qual for sua área,
lançar mão de seu compromisso primeiro, que é fazer com que a criança pense,
discorde ou simplesmente compreenda o que leu, assim, atribuindo a
responsabilidade a outro professor, o desenvolvimento dos estudos dessa criança
será seriamente danificado, pois o resultado desse jogo de empurar
responsabilidades, é uma formação leitora altamente prejudicada.
Como pontua Cagliari “A leitura é extensão da escola na vida das pessoas. A
maioria do que se deve aprender na vida terá de ser conseguido através da leitura
fora da escola” (p.148). Mas, infelizmente, a instituição escolar não tem oportunizado
essa “leitura de mundo”, ou seja, esse aprender através da leitura, a todos que
passam por ela, produzindo assim, a exclusão de crianças e com isso, determinando
a situação social desde o inicio de seus estudos.
O fato de a escola em geral não saber fazer de seus alunos bons leitores traz conseqüências graves para o futuro destes, que terão dificuldades enormes em continuar na escola, onde a leitura se faz necessária a todo instante, e serão fortes candidatos à evasão escolar. (CAGLIARI, 1994 p.9)
Acreditamos que isso ainda ocorra porque a escola é controlada pelos dominantes,
que por sua vez, não tem interesse algum em propiciar acesso cultural e social a
todos. Para que isso seja diferente é necessária uma conscientização acerca de
vários fatores que emperram a educação e um deles é reconhecer a importância e
colocar em prática a verdadeira função social da leitura.
25
2.2 - FUNÇÃO SOCIAL DA LEITURA
Uma maneira de perceber a finalidade da leitura para a educação,
consequentemente, para toda sociedade, é compreender o valor atribuído ao ato de
ler e em que consistem seus objetivos. Ao considerar a realidade brasileira, Silva
dialoga sobre uma das principais funções da leitura: “Sou levado a crer que uma das
principais funções da leitura no Brasil, é de garantir ao cidadão a capacidade de
pensar por conta própria”. (1997, p. 14). Portanto, o educador que traz para seus
objetivos a função primordial da leitura, que é fazer com que seus alunos pensem,
questione e percebam o mundo por eles mesmos, já terá contribuído
significativamente para o progresso nos estudos e na vida de seus educandos, pois
a leitura concebida dessa forma alarga horizontes. Por isso mesmo, Silva (2005)
complementa sobre a função da leitura no âmbito social:
O processo de leitura apresenta-se como uma atividade que possibilita a participação do homem na vida na sociedade, em termos de compreensão do presente e passado e em termos de possibilidades de transformação cultural futura. E, por ser um instrumento de aquisição e transformação do conhecimento, a leitura, se levada a efeito crítica e reflexivamente, levanta-se como um trabalho de combate de a alienação (não-racionalidade), capaz de facilitar ao gênero humano a realização de sua plenitude (liberdade). (p.46)
Concordando com o pensamento do autor, a finalidade da leitura deve garantir ao
educando a possibilidade de perceber as situações que o rodeiam, para livremente
poder opinar, se posicionar e até desejar mudar a situação se não for de acordo. Por
isso o objetivo da prática leitora deve estar bem definido para que os mesmos sejam
alcançados.
Em relação à valorização do ato de ler, Silva (1997) considera que leitura é uma
atividade essencial a qualquer área do conhecimento e mais essencial ainda á
própria vida do ser humano. Neste ponto, é preciso deixar bem claro que o ato de ler
é uma atividade vital e básica, para que todas as crianças venham participar
ativamente da sociedade a qual estão inseridas, mudando-a para melhor. Para
tanto, segundo Silva (1997) se faz necessário:
26
Recuperaremos o valor social da leitura quando a definição de suas funções for revista, principalmente no âmbito da família e da escola. Assim, havemos de superar algumas formas estabelecidas de conceber a leitura, tão notadamente presentes em nossa sociedade, que a transformam num mecanismo de descriminação (evasão e repetência escolar), evasão da realidade (literatura com escapismo), isolamento intelectual (trabalho desvinculado da prática), autoritarismo, etc. (p.98).
Para que a leitura não venha a transformar-se em mecanismo de evasão, é
necessário que a criança se interesse pelos livros. Para que futuramente consiga
atingir as finalidades principais desse ato, que Silva (2005) coloca como
“Compreender a mensagem, compreender-se na mensagem, compreender-se pela
mensagem, eis ai os três propósitos fundamentais da leitura,”... (P.45). Pois a
compreensão concede possibilidades de pensar e interagir com o meio e ir além do
texto.
2.3 - AÇÃO EDUCATIVA FORMANDO COMUNIDADES DE LEITORES
A compreensão do educador a respeito de sua prática educativa voltada à leitura é
elementar para a educação de crianças, pois é a partir desse entendimento da ação
educativa, da intervenção proposta, das atividades previamente planejadas e
realizadas, que acontecerá o encaminhamento para o estudo das series posteriores.
Com relação a esta questão, Machado, (2005, p.181) cita que: (...) A ação educativa
deve visar às capacidades de concepção e organização do trabalho (...).
Correspondentes às necessidades de contextualização social e pedagógica do
trabalho dos educadores de educação infantil.
A ação pedagógica mais criativa e interessante torna-se imprescindível para inserir o
ato de ler no dia a dia escolar com responsabilidade e compromisso, é preciso
viabilizar ao estudante múltiplas possibilidades de leitura e produção respeitando o
conhecimento prévio, buscando conhecer mais de perto o interesse de cada criança
e assim ajudá-lo a desenvolver sua habilidade leitora e assimiladora.
Que o aluno compreenda o que faz depende, em boa medida, de que seu professor ou professora seja capaz de ajudá-lo a compreender a dar sentido
27
ao que tem entre as mãos, quer dizer, depende se apresenta, de como tenta motivá-lo... (ZABALA, 1998, p. 91)
Assim sendo, a compreensão do educador no desenvolver cognitivo e interação dos
pequenos facilita a mediação da prática pedagógica. Pois não há melhor forma de
estimular este prática leitora que pelo exemplo, porque não adianta dizer que ler
pode ser uma viagem maravilhosa se o próprio educador não se propõe a pegar
num livro.
“Ensinar é um ato criador, um ato crítico e não mecânico. A curiosidade do (a)
professor (a) e dos alunos, em ação, se encontra na base do ensinar-aprender”.
(Freire, 1996, p.81). E o alicerce do movimento educacional do ensinar-aprender
para o professor deve ser a leitura, é justo aí, que é extremamente importante a
formação de educadores acerca do ato de ler, que significa uma educação mais
humanizada voltada para a vida, Como afirma Gentili:
Mas o educador humanista, para desempenhar o papel decisivo de trabalhador da formação e da informação que hoje lhe cabe, não pode apenas constatar a realidade. Um outro saber, também básico, que deve ser sua segunda atitude, é compreender a realidade para querer transformá-la... (2005, p. 106)
O professor que atua na base da educação, isto é, nos primeiros anos de
escolarização precisa de aulas atraentes que definitivamente desperte o prazer em
aprender, e o momento da contação de histórias, com brincadeira, música e outros
elementos conduza a criança a gostar de criar, recriar, e envolver-se, e isso, revela a
importância de uma educação prazerosa diferenciada para a aprendizagem infantil.
Segundo Silva (1994):
(...) Quando se faz o que se gosta se é feliz com isso, se está, ao mesmo tempo criando uma nova forma de fazê-lo porque nada é igual, apesar das aparências, aquilo que foi realizado no ontem. Então, propor que a criança brinque com sua própria imaginação é permitir que ela não somente desenvolva sua criatividade, mas se desenvolva integralmente. Isso porque toda magia da vida está em simplesmente fazer a diferença... (p.12).
Acreditamos que a alegria de fazer o que se gosta é fundamental para enriquecer a
vivência de todos os envolvidos, portanto, reiteramos que as atividades de leitura
28
devem ser essencialmente saborosas e lúdicas, em especial, a contação de historias
pode contribuir significativamente para um bom desenvolvimento intelectual,
emocional e social infantil.
É essencial que a ação docente do mediador do saber, principalmente, na primeira
fase da escolarização, tenha a consciência da importância de demonstrar prazer em
ler um livro para seus pequenos, assim sua prática de inserção de atividades leitoras
se tornará mais verdadeira e suave para seu fazer pedagógico, fazendo com que
essas atividades tenham o seu contexto voltado para despertar inquietação e
compreensão dos alunos. Para Sacristán e Gómez (1998):
Sem compreender o que se faz, a prática pedagógica é mera reprodução de hábitos existentes, ou respostas que os docentes devem fornecer as demandas e ordens externas. Se algumas idéias, valores e projetos se tornam realidade na educação é porque os docentes os fazem seus de alguma maneira (p.9).
Para tanto, a percepção sobre a sua prática precisa ser inovadora e contagiante,
com atividades diversas e com a ludicidade norteando o processo de ensino-
aprendizagem. É muito importante essa conscientização do não está preparado e a
partir daí sentir a necessidade de buscar alternativas para adquirir conhecimentos e
vivências no processo de aquisição de leitura.
Compreende-se o professor como agente de extrema importância no
desenvolvimento dos processos educativos, com o compromisso de mediar o
conhecimento, capaz de transformar os conceitos prévios, possibilitando a
construção de ensino diferenciado, buscando a inquietação, socialização e
conscientização dos alunos, enfocando a função da leitura com criatividade.
Uma prática pedagógica transparente e convicta de o que deseja alcançar de seus
pequenos educandos, no desempenho da sua função, tem firmeza na postura e
disciplina. O bom professor necessita conduzir sua prática de forma que seus
alunos possam entender sua fala e seu pensamento, conquistando admiração e a
confiança. Segundo Freire (1996):
29
O bom professor é o que consegue, enquanto fala, trazer o aluno até a intimidade do movimento do seu pensamento, sua aula é assim um desafio é não uma cantiga de ninar. Seus alunos cansam, não dormem. Cansam por que acompanham as idas e vindas de seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas. (p.96)
Assim, o fazer docente necessita ser dinâmica que dá vida ao regimento da
classe. É ele quem, com o seu fazer, imprime um caráter singular à própria
situação de ensinar e aprender.
O professor deve ter bastante claro que os princípios que regem seu fazer estão diretamente relacionados com os princípios de cidadania que estarão sendo construídos pela criança. Desta maneira é fundamental buscar coerência entre o ideal de formação que se quer alcançar e os seus procedimentos assumidos pelo docente enquanto ser individual, social e profissional. (ANGOTTI, 2006, P.67).
Atualmente a formação de professores da Educação Infantil deixa muito a desejar;
um grande número de profissionais atua nessa área da educação sem formação
especifica, mesmo no segmento de três a seis anos que já envolve uma educação
escolarizada.
A formação do educador não é quebra-cabeça com recortes definidos, depende da concepção que cada profissional tem sobre a criança, homem, sociedade, educação, escola, conteúdo e currículo. Neste contexto as peças do quebra-cabeça se diferenciam possibilitando diversos encaixes. (SANTOS e CRUZ, 1997, p.14)
Nesse sentido de concepção sobre o papel e a formação do educador, se ganha
mais qualidade e sustentação presentes nos pilares: formação teórica, pedagógica
e como inovação na formação leitora. A ação pedagógica precisa avivar em si
mesmo o compromisso de uma constante busca de conhecimento como alimento
para o seu crescimento e formação pessoal e profissional.
Os educadores, nesse contexto, têm por lema o ditado “faça como eu faço”, ou seja, são pessoas que demonstram entusiasmo pela leitura: conhecem características do processo de leitura a fim de encaminhar a prática pedagógica: selecionam textos potencialmente significativos para seus alunos, apontando outras fontes particulares de que dispõem os assuntos estudados, incentivando o uso da biblioteca... (SILVA, 1997 p. 93).
Para Piaget o papel do professor é de propor situações de desequilíbrio, aguçando
a curiosidade de suas crianças para novas descobertas, novos conhecimentos,
30
favorecendo um ambiente em que a criança encontre liberdade para falar,
experimentar, ouvir, representar, sentir-se desafiada e encorajada a vencer os
desafios.
Compreende-se o professor como mediador de extrema importância no
desenvolvimento dos processos educativos, com o compromisso de mediar o
conhecimento, capaz de transformar e descortinar os conceitos prévios,
possibilitando a construção de ensino diferenciado, buscando a inquietação,
socialização e interação entre os alunos, enfocando o contar de maneira lúdica.
Angotti (2006), vem afirmar que o educador poderia envolver-se na organização
para reivindicações coletivas junto às instâncias administrativas legais para
conquista de melhores condições de seu trabalho, não aceitar atribuições para as
quais não foi preparado solicitando continuamente educação em serviço, unir
cuidado com qualidade, compromisso com a vida da criança associado à um
envolvimento ético para com o desenvolvimento do ser humano, sai do seu próprio
mundo e entrar no mundo da criança, para estar com ela e acreditar sempre que,
apesar de todas as aberrações estruturais possíveis, a vida possui uma orientação
sagrada e vale a pena ser vivida. Sobre o professor, Freinet (1997), nos revela que:
O educador ideal possui algumas características básicas: ser observador, ter olhos, ouvidos, sensibilidade para perceber as necessidades da criança, do grupo. Deve ser um pensador, pois a reflexão percebe e acompanha a atuação propriamente dita. Consequentemente será também uma figura atuante, envolvendo-se nessa relação. Estará atento ao mundo ao seu redor, aberto a questionamentos, estudando, reciclando-se e buscando no processo de auto-conhecimento aspectos pessoais de desenvolvimento e reeducação. (p.11)
Esse educador deverá ter sensibilidade para reconhecer na criança suas
necessidades e anseios por descobrir o mundo e a partir daí encontrar meios de
prender a atenção e despertar o interesse dos seus alunos.
A prática educativa precisa se aprimorar a cada dia buscando construir vivências
com seus pequeninos. É essencial que o educador conheça o universo do
educando, seus limites e suas especificidades com bom senso que permita,
proporcione desenvolvimento e autonomia de seus educandos. Que tenha
31
entusiasmo, que vibre com as descobertas e conquistas de seus alunos. É
imprescindível a consciência de um líder, que como tal tem em suas mãos a
responsabilidade de conduzir um processo de desenvolvimento humano.
O professor só conseguirá fazer com que o aluno aprenda se ele continuar a aprender. A aprendizagem do aluno é indiscutivelmente, diretamente proporcional à capacidade de aprendizado dos professores. Essa mudança de paradigma faz com que o professor não seja o repassador de conhecimento, mas o orientador, aquele que zela pelo desenvolvimento das habilidades de seus alunos. Não se admite mais um professor mal formado ou que para de estudar. (CHALITA, 1999, p.165).
O processo de ensino–aprendizagem requer do educador competências
acadêmicas, mas além dessa, exige outras de igual ou maior importância como,
criatividade, escuta, limite e compreensão, que são fundamentais em qualquer
processo de desenvolvimento. Com tantas informações acerca do
desenvolvimento humano, educar fica cada vez mais complexo.
(...) Para se chegar a ser educador não é necessário pretender “ser perfeito, sem fraqueza”. Uma pessoa que procura continuamente elevar a própria vida interior talvez não se dê conta dos defeitos que a impedem de compreender as crianças. É preciso que alguém nos ensine e que nos deixemos orientar. Se desejamos educar, devemos ser educados. (MONTESSORI, p.175).
Educar requer antes de tudo, capacidade de improvisação, imaginação, expressão
e domínio na comunicação. Na contemporaneidade as escolas passam por
transformação, estas buscam uma educação mais atraente e significativa para o
aluno. Com isso, torna-se necessário o uso diversificado de instrumentos e
métodos pedagógicos no processo de formação do educando.
2.4- EDUCAÇÃO INFANTIL: NO CONTEXTO LITERÁRIO
Não há duvida quanto à importância do contexto literário para a atividade criadora
que a leitura representa para o desenvolvimento cognitivo e espontâneo da criança,
a fim de proporcionar através da ludicidade momentos ricos e de novas experiências
tanto coletivas como individuais, contudo, requerem uma percepção e avaliação do
32
professor, atentos as inovações não só de técnicas, métodos e outros aparatos
pedagógicos para a contribuição da estrutura precoce de atitudes criadoras. Neste
sentido, busco subsídios em Nicolau (1993).
Portanto, é preciso, na educação pré-escolar, não só mobilizar técnicas métodos e recursos pedagógicos especiais, mas partir para a identificação e estruturação precoce de suas possibilidades criadoras, que iram estimular seu desenvolvimento global. Através de uma atuação criativa a criança pré-escolar enriquece a sua representação do mundo, o processo de reorganização subjetiva, estruturando atitudes básicas de exploração do meio, de autodireção (p.129).
Assim, na Educação infantil (antes chamada pré-escola), etapa fundamental na
primeira infância, vem constituindo melhores desempenhos e comportamentos
criativos, despertando na criança a autoconfiança.
Na modalidade supracitada, em primazia, estes elementos entre outros aspectos
são determinante na construção das vivências de criatividades, e desperta o
interesse pela possibilidade de novas descobertas que conduz a concretização
das emoções e do sentir. O artigo 21 da Lei de Diretrizes e Base define Educação
Infantil como:
Educação infantil, primeira etapa da educação básica tem como base o desenvolvimento integral da criança até os seis primeiros anos em aspectos físicos, psicológicos, intelectual e social, contemplando a ação da família e da comunidade. (LEI 9.394/96)
E nessa fase da infância que o educador encontrará terreno fértil para o
desenvolvimento e formação integral da criança com isso, percebemos a
importância de se propiciar a leitura e a literatura no sentido do aluno poder criar e
recriar o mundo a sua volta, desde que o educador atue como estimulador. Como
afirma, Brito (2004):
(...) Nesse sentido, o professor deve atuar sempre como animador, estimulador, provedor de informações e vivências que irão enriquecer e ampliar a experiência conhecimento das crianças, não apenas do ponto de vista musical, mas integralmente, o que deve ser o objetivo prioritário de toda proposta pedagógica, especialmente na etapa da Educação infantil. (p.45)
33
A compreensão da Educação Infantil está se modificando e é perceptível a
importância dessa educação. O mundo passou por grandes transformações sociais,
modificou-se a estrutura da sociedade e os conceitos de criança e infância, que
foram fundamentais para nortear as discussões sobre o contexto infantil. Todas
essas mudanças múltiplas e constantes, seja na área social, econômica, política e
cultural, afetam a educação, como bem afirma Silva (2002), ao dizer que também
ocorrem mudanças nas diretrizes básicas de modo a priorizar a educação básica,
principalmente a educação das crianças.
A partir destas mudanças foram criados métodos pedagógicos respeitando às
especificidades da criança. Como afirma Cunha (1983), as crianças passaram a ser
tratadas diferentemente dos adultos, recebendo tratamento de acordo com sua faixa
etária. A infância passa a ser percebida como uma fase diferenciada devido à nova
constituição familiar centrada no estímulo ao afeto pelos seus membros, a nova
valorização da infância gerou união familiar, essa mudança só aconteceu em meio a
Idade Moderna, onde:
(...) Difundiu-se um conceito de estrutura unifamiliar privada, desvinculada de compromissos mais estreitos com o grupo social e dedicada à preservação dos filhos e do afeto interno, bem como de sua intimidade. (ZILBERMAN, 1987, p. 14)
Diante da valorização da infância, surge o interesse de produzir textos
especificamente para crianças com linguagem e características próprias do universo
infantil. Assim, explica-se o surgimento de instituição de Educação Infantil voltada
para as crianças e o surgimento da Literatura Infantil, pois as crianças necessitavam
de uma linguagem que as cativassem e as alcançassem dessa forma.
A Literatura Infantil é, antes de tudo, literatura; ou melhor, é arte: fenômeno de criatividade que representa o mundo, o homem a vida, através a palavra. Funde os sonhos e a vida prática, imaginária e o real, os ideais e sua possível/ impossível realização... (COELHO, 1987, p.27).
Sendo assim, a literatura infantil surge com características próprias, auxiliando as
crianças a percebem e usam a sua imaginação com criatividade. A literatura infantil
34
é uma arte com poder excepcional capaz de transportar a criança do mundo real
para um universo imaginário, cheio de encantamento e descobertas, que faz com
que os pequeninos evoluam, pois grandes evoluções têm origem na infância, como
afirma Coelho (2000):
...A verdadeira evolução de um povo se faz ao nível da mente, ao nível da consciência de mundo que cada um vai assimilando desde a infância. Ou ainda não descobriram que o caminho essencial para se chegar a esse nível é a palavra. Ou melhor, é a literatura – verdadeiro microcosmo da vida real, transfigurada em arte (p.49).
Portanto, emerge da concepção de leitura com consciência de mundo, a
necessidade da valorização do ato de ler desde a infância para que a criança se
aproprie do seu pensar de forma potencializada, ou seja, encontrar-se no mundo.
Pois segundo Serra (1998), “a literatura é o melhor texto de auto-ajuda e essa ajuda
a fazer com que o ser humano compreenda o mundo a sua volta”. (p.153)
Conforme Oliveira (1996) a literatura infantil, com a intencionalidade de uma leitura
prazerosa e inquietadora tem por objetivo a exploração do processo de linguagem
que a obra por si só já representa através de trocas entre obra e leitor, e na prática
educativa, é provocada pela mediação do professor.
Dessa maneira o aspecto lúdico literário e a relação prazerosa com texto muitas
vezes não são valorizados. Quando observamos que tipo de texto é mais adequado
a fase em que se encontra a criança ou que tipo atrai mais, facilita a realização de
práticas mais atrativas, considerando a relevância dos elementos essenciais tais
como, tom de voz, musicalidade e imagens que possibilitam potencializa o fazer
pedagógico. Segundo Cunha (1991) a literatura infantil são os livros que tem a
capacidade de provocar a emoção, o prazer, o entretenimento, a fantasia e o
interesse da criança.
Nesta mesma linha de pensamento sobre a literatura, Amarilha (1997) pontua que a
“literatura infantil educa, tem caráter formativo que não presta ao domínio
35
escolarizado dos pontos, deveres e notas”, mas a imaginação, valores e acima de
tudo como base de gosto, de prazer e de formação de produção de conhecimento.
Os primeiros textos infantis no Brasil surgiram no final do século XIX. Eram as
conhecidas histórias da Carochinha, ou contos de encantamento, mas na verdade é
que hoje são conhecidas como contos de fadas ou contos maravilhosos. No entanto,
a produção nacional só ganhou destaque com as famosas obras de Monteiro
Lobato. Como cita Cunha (1991):
Com Monteiro é que tem inicio a verdadeira literatura infantil brasileira, com uma obra diversificada quanto ao gênero e orientação, cria esse autor uma literatura centralizada em alguns personagens que percorrem e unificam o seu universo ficcional (p.22).
Monteiro Lobato criou sua obra com características de novas expectativas de leitura
na criança. Suas histórias vêm cheias de encantamento, magias, sonhos e uma
leitura prazerosa, procurando prender a atenção, o interesse e divertir.
Segundo Coelho (1987, p.10), “a literatura é, sem duvida, uma das expressões mais
significativas dessa ânsia permanente de saber e de domínio sobre a vida, que
caracteriza o homem de todas as épocas”. Essa ânsia deve ser permanentemente
encorajada pelos professores.
Sobretudo, porque a literatura é um conjunto de obras que ajuda no processo de
desenvolvimento dos pequenos, dessa literatura destacam-se as chamadas histórias
infantis, pois na sua maioria são repletos de encantamento, tratam sobre vários
temas como amores eternos e fatais, vida, medo, morte, conquistas... Com
personagens fabulosos como gigantes, príncipes, dragões, princesas, bruxas e
fadas. Com características mágicas que desenvolvem o imaginário da criança.
2.5 - A CRIANÇA NO ESPAÇO SOCIAL...
36
Historicamente a criança esteve à margem da sociedade. Por volta dos séculos XV e
XVI inicia-se uma nova concepção de criança através do “sentimento moderno de
infância”, porém para Áries (1981), “por volta do século XIII surgiram alguns tipos de
crianças um pouco mais próximas do sentimento moderno de infância, caracterizando
o sentimento religioso de infância” (p. 52). No decorrer da história, a criança foi
conquistando espaço na sociedade. Como relata Montessori (s/d), Hoje em dia a
infância nasceu como elemento social. Para consolidar esse pensamento a autora diz:
A criança é uma personalidade que invadiu o mundo social. Encontramo-nos no limiar de uma nova era em que será necessário trabalhar em favor de duas humanidades diferentes: a dos adultos e das crianças. E caminhamos para uma civilização que deverá preparar dois ambientes distintos: o mundo dos adultos e o mundo das crianças. A infância constitui o elemento mais importante da vida do adulto: o elemento construtor (MONTESSORI, (s/d), p.9 -10).
Atualmente, a criança é reconhecida como tal e há inclusive leis que lhe asseguram
tratamento diferenciado, respeitando as suas particularidades e proporcionando os
direitos antes negados, estabelecido no Estatuto da Criança e do Adolescente, no
seu artigo 2º, que considera a criança qualquer pessoa de até 12 anos de idade
incompletos. E quanto aos direitos da criança, no seu artigo 3º. Determina que:
A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade. (p.7-8)
Nesta perspectiva, “a criança encontra-se num período de criação e expansão,
bastando simplesmente abrir-lhe a porta”, (MONTERSSORI s/d, p.130). Assim, cabe
ao educador apropriar-se desse período de expansão e fazer com que seus alunos
encontrem a liberdade de agir espontaneamente expandindo suas potencialidades.
A partir disso, percebemos a criança como um ser leitor, que se incentivada,
desenvolverá seu potencial crítico, como afirma Abramovich:
Ao ler uma historia a criança também desenvolve todo um potencial crítico. A partir daí ela pode pensar, duvidar, se perguntar, questionar... Pode se
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sentir inquieta, cutucada querendo saber mais e melhor ou percebendo que se pode mudar de opinião. (2002 p.143)
A criança que ler e consegue assimilar e entender o que leu é capaz de pensar por
si mesma, compreende o que se passa a sua volta e pode desejar modificar o que
ocorre, os educadores precisam apreender também a importância desse “caminhar
com as próprias pernas” e incentivar sempre esse caminho, uma boa maneira, é
através da atividade de contar histórias em sua sala de aula para a criança desde
cedo, para motivar futuros leitores. Nesta perspectiva Zilbermam (2003):
A sala de aula é um espaço privilegiado para o desenvolvimento do gosto pela leitura, bem como, um campo importante para o intercambio da cultura literária. Por isso, o educador deve adotar uma postura criativa que estimule o desenvolvimento integral da criança, pois essa literatura é um fenômeno de criatividade, aprendizagem e prazer (p.16)
É a sala de aula o lugar propício para se introduzir na vida da criança o gosto pela
leitura e pelos textos literários, mesmo ela ainda não lendo poderá ouvir as histórias,
ver as gravuras e folhear os livros. É essencial mostrar às crianças que o ato de ler
além de poder ser usado como obtenção de informações pode ser muito prazeroso,
bem como também, uma forma fantástica de descortinar o mundo que os adultos
fazem questão de esconder.
Neste sentido, o papel do espaço escolar é garantir uma educação que desenvolva
a interação com o meio, coordenação de seus pensamentos e atitudes. Nessa
vertente, segundo Machado (2001).
É na interação social que a criança entrará em contato e se utilizará de instrumentos mediadores, desde a mais terna idade. A necessidade e desejo de decifrar o universo de significados que a cerca leva a criança a coordenar idéias e ações a fim de solucionar os problemas que se apresentam. (p.28)
É natural do ser humano o desejo de compreender o mundo, e desde que nasce o
indivíduo quer aprender e conhecer, por isso a infância deve ser aproveitada e
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considerada como terreno fértil que germinará se for bem cultivada pela a interação
e estímulos com meio sócio-cultural.
39
3. CAMINHO METODOLÓGICO
No sistema educacional atual, percebemos muitos discursos e pouca ação, com
relação ao desejo de produção de justiça social e não a exclusão. Assim, a escola
não tem priorizado a democratização da leitura no que diz respeito a sua
responsabilidade, embora já tenha avançado em alguns aspectos.
A criança passa boa parte de sua vida freqüentando a escola, e ao tentar ingressar
na universidade encontra barreiras, mesmo tendo estudado tanto tempo, com boa
freqüência, e até boas notas avaliativas. Como pode não estar garantido, ao concluir
o ensino médio, o seu acesso à graduação?
Existe uma ferramenta que é, sem dúvida, porta para esse acesso. Talvez não
esteja sendo utilizada de forma a alcançar os objetivos necessários. Assim, o que
impulsiona a nossa pesquisa é compreender a postura assumida pelo professor da
Educação Infantil diante da leitura enquanto instrumento de compreensão de mundo,
interlocução e atribuição de sentidos ideológicos ou vivenciais.
3.1 – TIPO DE PESQUISA
Nessa pesquisa de cunho qualitativo a aquisição de dados, envolve observação e
contato direto entre sujeito de estudo e pesquisador, com a preocupação de
revelar o ponto de vista dos sujeitos. Triviños (1987) diz:
(...) muitas pesquisas de natureza qualitativa não precisam apoiar-se na informação estatística. Isto não significa que sejam especulativas. Elas têm um tipo de objetividade e validade conceitual, que contribuem decisivamente para o desenvolvimento do pensamento científico. (p.18)
Dessa forma, levar em consideração o fenômeno estudado e suas conseqüências
sem perder o foco do ambiente em que ocorreram, quais os agentes e o que levou a
ocorrer, ou seja, o cotidiano dos pesquisadores gerando compreensão do fato na
sociedade.
40
Para analisar com mais eficácia os resultados é importante observar, a temática é a
leitura, com o objetivo: compreender a postura assumida pelo professor da
Educação Infantil diante da leitura enquanto instrumento de compreensão de mundo,
interlocução e atribuição de sentidos ideológicos ou vivenciais.
3.2 - LÓCUS DE PESQUISA
O estabelecimento educacional que serviu de objeto para o desenvolvimento da
pesquisa foi a Escola Creche Paroquial, situado à Rua Bom Jardim, 127 no bairro
do Bosque em Senhor do Bonfim, A mesma funciona na Rede Pública de ensino
neste município, trabalha com Educação Infantil, seu corpo docente é formado por
(dez) 10 professoras, a pesquisa foi realizada apenas com sete professoras pois
três docentes não participar por motivos diversos.
O discernimento crítico para a escolha desta escola foi por ser de Educação
Infantil, Rede Pública e por não possuir biblioteca, que é este último, um fator que
chamou a atenção, e nos inquietou a ser estudado, como acontece a prática
leitora, já que a leitura exige alguns recursos materiais.
3.3 - OS SUJEITOS DA PESQUISA
Para a concretização da pesquisa optamos pela escolha dos professores da
Educação Infantil por acreditarmos que nessa fase educacional que consideramos
como base fundamental do interresse dos pequeninos pela leitura e pelos livros.
Os sujeitos que auxiliaram participando da pesquisa foram 07 (sete) professoras
da Instituição de Educação Infantil, a Escola Creche Paroquial do período matutino
e vespertino.
3.4 - INSTRUMENTO DE COLETA DE INFORMAÇÕES
Numa investigação em educação, para facilitar o trabalho é preciso saber eleger
os instrumentos de coleta de dados, assim, os instrumentos adotados foram
41
entrevista semiestruturada e questionário socioeconômico, objetivando
compreender melhor de forma mais minuciosa os dados, refletindo sobre as
respostas e as informações coletadas, que possibilitam conhecer a realidade e a
compreensão dos docentes pesquisados por meio do objetivo proposto: que é
compreender a postura assumida pelo professor da Educação Infantil diante da
leitura enquanto instrumento de compreensão de mundo, interlocução e atribuição
de sentidos ideológicos ou vivenciais.
Diversas técnicas de coletas de dados podem ser utilizadas, principalmente a
observação participante, a qual é caracterizada pelo contato direto e interativo do
pesquisador com a situação, ou com o objeto de estudo. Segundo Ludke e André
(1986, p.26) ”A observação possibilita um contato pessoal e estreito do
pesquisador com o fenômeno pesquisado”. Com a aplicação da entrevista semi-
estruturada permitirá obter maior sucesso no objetivo da pesquisa, obtendo uma
interação maior entre entrevistado e entrevistador, de forma flexiva e participativa.
Para tanto, necessitamos de ferramentas que facilitassem a investigação e
principalmente, que viabilizaram mais detalhes nas respostas por possibilitarem
conhecer o perfil dos entrevistados e a realidade cotidiana do lócus. Assim
menciona Ludke e André (1986).
(...) o tipo de entrevista mais adequado para trabalho de pesquisa que se faz atualmente em educação aproxima-se mais dos esquemas mais livres, e menos estruturados. As informações que se quer obter, e os informantes que se quer constatar, em geral professores, diretores, orientadores, alunos, e, pois, são mais convenientemente abordáveis através de um instrumento mais flexível. (p.34)
Nesse tipo de pesquisa em educação é mais apropriado utilizar a entrevista semi-
estruturada para facilitar a aquisição de respostas e resultados inesperados e
surpreendentes. O momento da entrevista tornou-se agradável e fácil devido à
disponibilidade e receptividade da diretora e dos docentes que se mostraram bem
tranqüilos. Associado as respostas da entrevista semi-estruturada e do questionário
socioeconômico, no qual se encontra a parte fundamental dessa investigação.
Apresentamos a seguir as reflexões e interpretações dos dados coletados.
42
4. ANÁLISES E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS
Neste capitulo, analisamos as respostas dos sujeitos pesquisados, alcançados a
partir dos instrumentos de pesquisa que utilizamos como o questionário fechado de
perfil socioeconômico e entrevista semi-estruturada, pois assim, conhecemos o perfil
dos professores, bem como, suas concepções sobre a temática leitura.
4.1 - ANALISANDO OS DADOS DO QUESTIONÁRIO DE PERFIL
SOCIOECONÔMICO DOS DOCENTES PESQUISADOS.
4.1.1 - EXPERIÊNCIA DE VIDA CONTRIBUINDO PARA A FORMAÇÃO INFANTIL.
Gráfico-1 Perfil dos docentes com relação à faixa etária
Fonte - Questionário
Este primeiro gráfico demonstra que com relação à faixa etária dos sujeitos
pesquisados esta bem distribuída, embora exista uma predominância de idade entre
30 a 40 anos, percebemos então que são pessoas com mais experiência atuando na
Educação Infantil por meio dessa observação podemos inferir que estes docentes
trazem para sua prática diária suas experiências de vida, que é um fator positivo
para a educação de crianças.
43
4.1.2 - FEMINILIZAÇÃO DOCENTE, AFINIDADE COM O UNIVERSO INFANTIL.
Gráfico - 2 Em relação ao gênero
Fonte – Questionário
Observando o gráfico, é notório que a totalidade dos sujeitos investigados é do
gênero feminino. Pois a educação de primeira infância trata-se da fase fundamental
para o desenvolvimento da personalidade e valores dos indivíduos, sendo este um
momento em que os pequeninos encontram-se ainda dependentes dos cuidados
afetivos da mãe como pontua Machado (1991) “A professora não substitui a mãe e
vice-versa. Por outro lado é preciso ter consciência de que na escola está lidando
com uma parcela da vida da criança” (p.50).
A ação educativa deve ser consciente da importância dessa parcela da vida infantil
para o desenvolvimento integral da criança e apropriar-se desse momento para
conquistar a confiança e admiração dos pequeninos, com isso, favorecer o
desempenho do seu fazer pedagógico cotidiano.
Fazendo um paralelo entre a fala da autora e o resultado do gráfico compreendemos
que na educação de crianças as mulheres da instituição pesquisada conquistaram a
totalidade da função docente, pois estas demonstram que gostam da sua profissão e
que é muito bom lidar com crianças considerando que possuem afinidade que as
aproxima do universo infantil.
44
4.1.3 - FORMAÇÃO DOCENTE: UMA NECESSIDADE.
Gráfico – 3 Formação dos docentes
Fonte – Questionário aplicado aos sujeitos da pesquisa.
Com base na figura acima, analisamos que 14% têm apenas magistério, 14% tem
graduação, 43% graduação incompleta e 29% são pós-graduadas. A falta de
formação específica poderá trazer prejuízo para o ensino e aprendizagem, que será
refletida na futura formação dos pequenos concretizando uma educação de má
qualidade. Com relação a isso Fazenda (1996), revela:
Educar ou participar do processo educacional de crianças pequena requer além de um conhecimento técnico e metodológico diversificado (as situações nem sempre se repetem) uma compreensão teórica profunda dos prejuízos irreversíveis que um má educação nessa idade produz. (p16).
Podemos concluir que, as profissionais dessa área de ensino estão buscando
qualificação para atuarem na educação Infantil. Essa capacitação é de fundamental
importância para que a ação pedagógica aconteça de forma mais eficaz,
considerando que esta modalidade educacional deve ser reconhecida como etapa
base de toda educação, portanto, exige compromisso, dedicação e motivação por
parte dos educadores, para que posteriormente não haja prejuízos irreversíveis na
vida dos educandos, assegurando-lhes o direito de aprender e progredir com
igualdade.
45
4.1.4 - EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL PARA OS PILARES DA EDUCAÇÃO.
Gráficos – 4. Experiência profissional das docentes pesquisadas.
Ao analisarmos a figura acima, fica evidente que 71% das professoras estão
começando a trabalhar com educação infantil e apenas 29% possuem mais tempo
atuando na referida área, essa constatação nos induz a acreditar que a maioria das
professoras em questão já trabalha há bastante tempo com educação. No entanto,
quando se trata de educação infantil estão apenas iniciando sua experiência
profissional. Isso influencia positivamente para esse trabalho, pois a partir desta
constatação podemos acreditar que atualmente a escola pode contar com
profissionais qualificadas que desejam permanecer na Educação de Infantil.
4.1.5 – PRIMEIRA INFÂNCIA, POSSIBILITANDO EXPANSÃO DE SIGINIFICADOS
Gráfico – 5 Quanto à faixa etária
46
Nessa amostragem percebemos que a escola pesquisada trabalha com crianças de
02 a 06 anos de idade sabendo que essas se encontram na faixa etária desejável
que compreende a educação infantil. Para Montessori compara essa fase com um
período construtor, ou seja, o desenvolvimento encontra-se em expansão como
complementa Nicolau (1993):
Portanto, é preciso, na Educação Infantil, não só mobilizar técnicas, métodos e recursos pedagógicos especiais, mas partir para identificação e estruturação precoce de suas possibilidades criadoras, que irá estimular seu desenvolvimento global. Através de uma atuação criativa a criança, nesta modalidade, enriquece sua representação do mundo, o processo de reorganização subjetiva, estruturando atitudes básicas de exploração do meio, de autodireção. (p.129).
Neste aspecto, é evidente a relevância dessa fase da vida infantil para a aquisição
de significados, interação e compreensão de mundo, tão necessários ao alicerce
educacional e pessoal dos indivíduos.
4.1.6 - ATIVIDADE LEITORA, DIARIAMENTE...
Gráfico-6 Quanto a freqüências de atividades leitoras aplicadas
Fonte – Questionário
Diante do gráfico exposto, percebemos qual é a importância atribuída à leitura
através dessa amostra quantitativa de atividades realizadas semanalmente pelas
docentes entrevistadas. Sabendo que a instituição escolar, bem como o professor
dependendo de sua habilidade pode exercer uma influencia enorme na estimulação
de gosto pela leitura desde a mais trena idade. Como afirmam Sandroni e Machado
47
(1983). “O habito se forma cedo, muito cedo” (p.10). Concordando ainda com o
pensamento dos autores, acreditamos que, é na educação de primeira infância que
se constituem as atividades fundamentais perante a leitura, quanto mais praticamos
a leitura mais ela se tornará familiar e não teremos medo de executá-la em público,
porque estamos seguros de que sabemos ler.
Fundamentalmente, acreditamos que para surgir o desejo de folhear um livro este
precisa estar acessível aos pequeninos, num cantinho especial e ao alcance de suas
mãos, e esse contato deve ser preferencialmente diário, pois para a leitura se tornar
um hábito as atividades devem ser propiciadas com mais freqüência possível.
4.2 - INTERPRETANDO OS RESULTADOS DA ENTREVISTA DOS
DOCENTES.
4.2.1 - A CONCEPÇÃO DE LEITURA DOS SUJEITOS
Nos dias atuais evidenciamos que realidade educacional, ainda continua produzindo
exclusão social em relação à cultura letrada. Pois a ausência de práticas de leitura
conscientes dos objetivos que se deseja alcançar, retira desde cedo à possibilidade
individual da criança de construir posteriormente sua cidadania plena, por tanto é
essencial que para uma prática eficaz o educador tenha bem clarificada a sua
compreensão do que é leitura. Assim apresentamos a seguir as respostas de
algumas docentes quando questionadas quanto à concepção de leitura, traremos a
fala de duas das entrevistadas que demonstraram uma compreensão de leitura bem
pertinente, com as quais este trabalho identificou-se bastante:
P- 1 “A leitura é um hábito indispensável para a formação de um sujeito leitor,
reflexivo, interativo e consciente de seu papel na sociedade”.
¹ Visando o anonimato dos entrevistados atribuímos o código (P) acrescidos de algarismos arábicos
(1,2,3,4,5,6,7).
48
P- 2 “ Leitura é descoberta, é abrir horizontes do conhecimento, é poder comparar e
retirar conclusões próprias”.
Nas falas de P-1 e P-2, não deixam dúvida quanto ao entendimento do que é leitura
para ambas, que teoricamente, compreendem o ato de ler como caminho para a
formação libertadora que se apresenta como forma de reconhecimento dos
educandos. Então para Freire (2002) libertar-se e reconher-se, são acima de tudo,
assumir-se enquanto ser social e histórico, como ser pensante, comunicante,
transformador, criador, realizador de sonhos. (...) Todos esses elementos fundem-se
no momento da apropriação da leitura de ampla concepção. A leitura em Silva
(1997) também é concebida como ferramenta libertadora e democratizadora, ”Um
dos instrumentos fundamentais nessa “briga” pela democracia é exatamente a
leitura, vista aqui como uma habilidade humana que permite o acesso do povo aos
bens culturais”. (p.63)
Diante disso, ratificamos que para desempenhar uma prática leitora otimizada é
necessário primordialmente, entendê-la, para que os resultados sejam favoráveis.
Porém nem sempre isso acontece, como percebemos através da fala de uma das
entrevistadas que chama a atenção quando revela sua compreensão de leitura:
P- 3 “É quando a criança já consegue identificar as letras e seus sons, ela já esta
fazendo a leitura”.
Sem dúvida alguma, é uma visão de leitura um tanto quanto reducionista, dessa
forma a ação educativa não conduz a criança a apropriar-se da leitura com
atribuição de significado e compreensão de seu meio. Ficando assim, restrita
apenas a decodificação de sinais. Para tanto, nos apoiamos na segurança da fala de
Almeida (2005):
Ler é um desafio tão grande que a exigência para tal se faz não somente no sentido de decodificar palavras, mas acima de tudo interagir-se com elas. Ler é criar uma trama própria de relações, relações essas que vão se deferindo de indivíduos para indivíduos à medida que esses vão percebendo possibilidades, preenchendo lacunas, tomando partido, interagindo, desafiando e dando outros tantos significados. (p. 143).
49
A leitura que o autor aborda, traz um novo sentido de embasar competências nos
educandos que permita avançar da decifração de um emaranhado de códigos e
sinais para um mundo de significados, possibilitando interação entre o leitor e o
texto.
4.2.2 - QUANTO AO VALOR ATRIBUÍDO Á LEITURA.
A leitura assume no meio social um papel bem mais amplificado e mais relevante
que necessita ser abraçada desejosamente pelas instituições educacionais como
também por toda a sociedade por apontar possibilidades de transformação individual
e coletiva, facilitara o alcance de bens culturais. Porém há professores que atribuem
à leitura valor limitadíssimo, dissociando o sentido real da leitura. Considerando o
discurso de:
P1. “Explorar a oralidade da criança, enriquecimento do vocabulário”.
Com base na afirmação acima, constatamos que o fato de ler não está sendo
valorizado como condição de apropriação de sentidos que é pré-requisito necessário
á aprendizagem para um posterior avanço nos estudos e na vida. Importante
acrescentar que, oralidade e enriquecimento de vocabulário, não são elementos pré-
textuais ou textuais e sim pós-textuais, são competências consequentemente
adquiridas através de práticas leitoras.
Zilberman e Silva (2001). Afirmam que esse ato tão importante não pode ser
convertido em obrigações, pois é justamente aí que a leitura perde o brilho que
desperta o desejo infantil em consumi-la. “Ler dissolve-se entre as obrigações da
escola, não se associando ás diferentes modalidades de textos com que a criança
está envolvida e que estimulam a sua atividade consumidora”. (p.13).
Dessa maneira, até parece que o objetivo principal da prática leitora para essa
docente é apenas cumprir as obrigações diária determinada pela escola, dessa
forma desassocia a leitura da sua primeira função, que é fazer com que o leitor
50
obtenha habilidades que possam ser utilizadas no seu dia-a-dia, para que sua
aprendizagem tenha finalidade voltada para uma formação cidadã.
Cagliari (1994) em seu pensamento revela que a instituição escolar, através da
prática de seus professores não pode fazer da leitura um mero pretexto para avaliar
os elementos leitores, como, pronúncia, rapidez de decifração entre outro.
A leitura não deve ser confundida, de maneira alguma, com meio de avaliação, Ao
recordar vivências de práticas ocorridas no início dos estudos, que talvez possam
tornar claro o que afirmamos agora. Repetia-se todos os dias um mesmo discurso.
„„Estudem se vocês quiserem ser alguém na vida”, mas a ação educativa realizada
não acompanhava o discurso, Talvez pelo despreparo ou porque também este tenha
sido o único caminho apontado. Recordamos muito bem, do momento da leitura da
cartilha, que deveria ser lida previamente para que na hora em que fôssemos
chamados à sua carteira não era permitido gaguejar, pois isso era motivo de não
avançar para próxima lição.
Era o momento mais temido por todos, que só agora percebemos que sua
intencionalidade era voltada apenas para oralidade, sem se preocupar com
formação de significado dessa leitura, por que aquela prática se restringia a cobrar a
decodificação das palavras sem interagir com elas ou através delas, procedimento
este, onde a ação educativa deixa claro que era preciso ler, embora uma leitura sem
finalidade social vazia de sentidos, não conduzindo a lugar algum.
Este processo pode acarretar grandes prejuízos como, receio de ler em público,
embaraço na compreensão textual, dificuldade de ingressar na universidade.
Infelizmente, este pode ter sido o provável caminho percorrido por muitas crianças
que há algumas décadas atrás não tiveram uma boa base educacional, hoje se
tornaram adultos com algum empecilho associado à leitura.
Neste ponto, é preciso evidenciar que o ato de ler é uma atividade vital e básica,
para que todas as crianças venham participar ativamente da sociedade a qual estão
inseridas, mudando-a para melhor.
51
Nessa vertente, Almeida (2005) tenta esclarecer o processo leitor de atribuição de
sentido que se faz necessário para entendermos a importância de ampliar a leitura
na sua função essencial. “A leitura é uma atividade de construção de (re)
constituição, e não tão somente o exercício adestrado de uma técnica adquirida na
vida, e escutada mecanicamente” (p.145).
Ainda baseada no pensamento do autor, se desejamos atribuir valor a leitura para
tanto, é preciso, antes de tudo, compreendemos qual o caminho a ser percorrido
nesse processo. Para que ler tenha também importância para a criança é preciso
que este seja um momento ao qual a criança aprecie.
4.2.3 – LEITURA COM FINALIDADE PARA A PRÁTICA DAS EDUCADORAS
Ao abordarmos o processo de aquisição de leitura com compreensão é importante
considerar que a ação pedagógica com essa intencionalidade tem parcela
considerável de responsabilidade de nortear a aprendizagem focando a leitura
significativa desde muito cedo, para que esta seja efetivamente democratizada e
assim, possa proporcionar aos futuros leitores posicionalmente, diante da situação
que venham ocorrer, que possa pensar por conta própria e que não se submetam ao
interesse e ao pensamento alheio, consolidando desse modo, autonomia e posterior
inserção no meio social.
São tantas os benefícios da leitura de compreensão mais profunda que não
devemos limitar esse ato a apenas uma categoria tornando-a restrita como fez a
docente entrevistada. P- 4 quando afirma:
P- 4. “Informação”.
Com relação à fala de P-4, que coloca a leitura apenas como aquisição de
informação, notamos que a função social do ato de ler não foi compreendida, esse
fator, compromete e muito o planejamento de estratégias de atuação docente. De
52
modo que, a leitura sem propósito, estática ou dissociada de outras categorias torna-
se vazia. Então, entendemos o que Silva (1986) diz:
Eu colocaria às várias leituras que comumente faço em três categorias básicas: informação, conhecimento e prazer não são categorias estanques à medida em que um propósito pre-estabelecido para um determinado tipo de leitura pode modificar-se no transcorrer dessa mesma leitura. (p.53).
Ainda em Silva (1986) A leitura informacional é uma das categorias básicas, que
contribui e muito, para manter os indivíduos atualizados sobre os fatos e
acontecimentos que o circunda. Embora a reflexão que abordamos acerca do hábito
de ler é mais complexa e não se reduz à informação.
4.2.4 – A EDUCAÇÃO INFANTIL FORMANDO LEITORES.
Em termos de práticas leitoras com crianças ainda pequenas é interessante que
estas ações sejam compreendidas como base, do desenvolvimento do hábito de ler,
se esse ato não for tomado com esse entendimento precisa ser repensado o papel
dos agentes democratizantes da leitura, os professores, para essa fase fundamental,
obedecendo algumas condições para a efetivação do gosto pela leitura desde
pequeninos. Para confirmar Sandroni e Machado, esclarecem nesse sentido que,
Se a leitura deve ser um hábito, deve ser também fonte de prazer e nunca uma atividade obrigatória, cercada de ameaças e castigos e encarada com uma imposição do mundo adulto. Para se ler é preciso gostar de ler. Se deve ser um hábito, a leitura deve começar a ser sugerida, ao individuo o mais cedo possível. (1983, p.11).
Assim, quando a criança avançar em seus estudos, ler para ela não será nenhum
fardo, ao contrário, já que esta se encontra familiarizada com livros e outros recursos
necessários. Analisaremos a seguir a fala de P-2:
P- 2 “Sim, a leitura precisa ser introduzida desde cedo na formação dos aprendizes,
abrindo horizontes, somando conhecimentos”.
53
A visão de P-2 é bastante pertinente, ao demonstrar a importância da leitura, pois a
mesma pode ser feita de muitas maneiras: através de imagens, da recontagem de
histórias, de desenhos etc., que por sua vez, este papel deve ser induzido pela
família e pela escola, onde deve existir um cantinho da leitura e momentos
específicos só para tal aprendizado, assim meios que propiciem o prazer pela
leitura.
A criança que tem exemplos em sua casa do hábito de ler, já tem curiosidades e
sentem-se envolvidas, então, ao percebermos situações como estas, devemos
incentivá-la e ler para a criança, mostrando as imagens e dessa forma estaremos
enriquecendo o “mundo da criança”, onde a mesma agrega informações e
conhecimentos, de modo que, podemos perceber o desenvolvimento social, cultural
e intelectual da criança desde a Educ. Infantil, sendo que esta se sobressaia em
diversas situações e principalmente nas séries que estarão por vir. E, ainda fazendo
um respaldo no relato de P-2, onde diz muito bem “a leitura abre horizontes”, à
medida que soma conhecimentos, pois o que se aprende nesta fase da vida, jamais
é esquecido.
Observamos que houve uma evolução significativa, nesse pensamento. Pois se os
pequeninos não aprenderem a se entusiasmar com a leitura agora, mais tarde pode
ficar mais complicado. Em vista disso, nos embasamos na fala de Silva (1997)
“Normalmente, à medida que a criança encontra dificuldades no ato de ler, vai
gostando cada vez menos de fazê-lo. Uma coisa, em geral, esta associada à outra”.
(p.19).
Certamente, quanto mais cedo e mais prazeroso for lidar com os livros, mais o
caminho a ser percorrido pelos pequenos será suavizado pelo prazer de realizar
atividades envolventes de leitura.
54
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo apresenta-nos uma noção sobre a postura assumida pelas professoras
pesquisadas diante da leitura enquanto processo de atribuição de sentido e
emancipação dos indivíduos. Desse modo, precisamos considerar as principais
idéias discutidas como, a concepção das professoras sobre leitura, função social, e
Importância dessa leitura ser inserida desde a Educação Infantil. O tema abordado
foi: leitura na Educação Infantil, tendo como título: Leitura: desde a Educação Infantil
traçando possibilidades de transformação social. O que nos levou a optar por esse
tema foi justamente acreditar na contribuição da leitura na educação básica para a
formação de leitores que pensem através de suas próprias ideias.
Por meio das informações obtidas percebemos que as maiorias das professoras
compreendem que a leitura é maior herança que a educação pode propiciar ao
indivíduo desde a infância.
Notamos que são professoras com boa formação e as que não são graduadas estão
a caminho de uma melhor qualificação, esse é um fator importante para que as
bases teóricas favoreçam as ações educativas. Embora, constatamos que ainda há
professoras que não estabeleceram definição aos objetivos que sua prática deseja
alcançar. Assim, demonstra compreensão de leitura limitada e a finalidade leitora do
seu fazer pedagógico torna-se sem grande relevância para o dia-a-dia das crianças.
Através dos autores consultados, conhecemos a dissonância entre o discurso por
parte das autoridades e a realidade leitora em nossa sociedade. Silva, Zilberman
dentre outros citam um cenário de leitura preocupante, Para tanto, nos apropriamos
do pensar de Almeida (2005), para ratificar fatos críticos em relação à aprendizagem
dos estudantes brasileiros:
Recentemente uma pesquisa mostrou que o Brasil foi o última colocado no Pisa ( Programa Internacional de Avaliação de estudantes), prova que mensurou o desempenho de estudantes com 15 anos nas redes pública e particular de ensino 32 países.(...) O Pisa avaliou o desempenho dos alunos nas áreas de matemática, leitura e ciências. A leitura foi a mais enfatizada na prova realizada por cerca de 5.000 brasileiros (p. 144).
55
Com base nesta afirmação, entendemos que ainda persistem problemas tão sérios
quanto antigos, muitas crianças lêem as palavras, embora não as compreenda, e
muito menos sabem o que fazer com elas, em resumo, param na decodificação e
acreditam que já sabem ler, comprometendo todo o desenvolvimento dos estudos.
Apesar de tanto se discutir o gosto pela a leitura, muitas crianças continuam não
apreciando o ato de ler, bem como, os próprios professores também não o realizam
com prazer. Há que se considerar, que esse desgosto por esse ato está
internalizado nos educadores, que por sua vez, são frutos de escolas que elegeram
um único caminho de acesso à leitura, talvez o mais complexo, inserir uma leitura
“sem sabor”, e estes a reproduzem e transmitem as outras gerações.
Reconhecemos que a educação unicamente, não pode modificar a real situação da
leitura. Porém é possível inferir que escola, família e sociedade podem unir-se, em
busca de possibilidades de mudanças para a situação leitora, suas competências,
conceitos e práticas. Pois a leitura faz parte do caminho de emancipação e
libertação dos indivíduos.
Mais que esperar transformação das bases do desenvolvimento do ato de ler, ou
lamentar a falta de interesse por ele, é necessário que se realize uma reflexão dos
fatores responsáveis pelo desinteresse diante da leitura. Assim nos apoiamos em
Bamberger (2005) para ressaltar que “Compete à sociedade e à escola dar a todas
as crianças uma oportunidade igual, isto é, tirar o máximo proveito das
possibilidades de leitura de cada crianças, favorecendo-lhe os interesses nesse
campo” (p.37).
São vários os aspectos que geram a desmotivação pela leitura, dentre os quais
podemos citar: a família não propiciar um ambiente leitor; não manter parceria com a
escola; a instituição escolar não acreditar na fase Infantil como momento ideal de
construção literária; não proporcionar oportunidades iguais a todos os educandos,
não respeitando o tempo de desenvolvimento de cada criança, bem como o
conhecimento prévio desta; não adotar prática leitora com finalidade social, isto é,
56
prática que aproxime o ser infantil do seu mundo, de sua visão de mundo ou do
contexto diário; o educador não perceber-se como agente de transformação social.
Pois a leitura que liberta pode também alienar, dependendo da postura assumida
por esse educador.
Seguramente, a ação educativa ao realizar contraposição a esses elementos
viabiliza por esse caminho, uma objetiva concepção de leitura, que possibilita ao
fazer pedagógico definir que cidadão deseja formar. Conseqüentemente, a ação
pedagógica será planejada de maneira mais adequada ao nível de progresso de
cada criança, para que esta reconheça e valorize o momento da leitura desde agora,
Para que assim, posteriormente não a rejeite e que desenvolva naturalmente uma
leitura eficiente.
Por fim, salientamos que este trabalho configurou-se em uma enriquecedora
experiência para a nossa formação acadêmica, pois por meio da pesquisa
conhecemos mais especificamente os benefício ou malefícios que envolvem a
temática, leitura na infância, com isso, percebemos que ler pode mudar a história de
vida de uma criança.
57
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60
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APÊNDICES
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UNEB – UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇAO – CAMPOS VII
SENHOR DO BONFIM
APÊNDICE 01
Esta entrevista e questionário fechado servem de subsídio que auxiliam a
análise de dados, TCC (TRABALHO DE CONCLUSAO DE CURSOS) de Pedagogia,
os quais argumentarão sobre os objetivos propostos dentro do tema: a leitura na
Educação Infantil. A Identificação dos sujeitos será mantida em absoluto sigilo, e
desde já agradecemos pela sua participação.
QUESTIONÁRIO FECHADO PERFIL SÓCIOECONÔMICO DOS DOCENTES
1º) Faixa etária ( ) 20-25 anos; ( ) 25 – 30 anos; ( ) 30 – 35anos; ( ) mais de 40 anos. 2º) Gênero ( ) masculino ( ) Feminino 3º ) Formação Profissional ( )Magistério ( )Superior Incompleto ( )Superior Completo ( )Pós-graduada. 4º) Experiência profissional como docente: ( ) 1 a 5 anos; ( ) 5 a 10 anos; ( ) acima de 10 anos. 5º) Experiência profissional na Educação Infantil ( ) Não; ( ) 1 a 5 anos; ( ) 5 a 10 anos; ( ) acima de 10 anos. PERFIL PEDAGÓGICO NO CONTEXTO DA ATIVIDADE LEITORA
6º) Média da faixa etária das crianças com as quis trabalha a escola: ( ) 2 a 3 anos; ( ) 3 a 4 anos; ( ) 4 a 5 anos; ( ) 5 a 6 anos. 7º) Com que freqüência você utiliza atividades leitora ou situações que envolvam leitura? ( ) Nenhuma; ( ) Diariamente; ( ) De 1 a 3 vezes por semana ( ) outras.
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UNEB – UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇAO – CAMPOS VII
SENHOR DO BONFIM
APÊNDICE 02
Esta entrevista e questionário fechado servem de base e respaldam a análise
de dados da monografia, TCC (TRABALHO DE CONCLUSAO DE CURSOS), de
Pedagogia, os quais responderão os objetivos propostas dentro do tema: a leitura na
educação infantil. Sabendo-se que a identificação dos sujeitos será mantida em
absoluto sigilo, ao mesmo que agradecemos pela colaboração.
ROTEIRO ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA
1) Qual sua concepção de leitura? 2) Qual o valor atribuído à leitura no cotidiano escolar da educação infantil?
3) Qual a finalidade da leitura aplicada à educação infantil?
4) Você acredita que a leitura na sua função mais ampla pode contribuir para o desenvolvimento infantil, bem como, interferir no futuro dessas crianças?
5) A ação educativa voltada à leitura na educação infantil é satisfatória? E com relação sua prática você é segura?