Job Design, fatores que influenciam o bem-estar na
organização
por
Carina Cruz
Tese de Mestrado em Gestão de Serviços
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Teresa Proença
2014
Tese – Mestrado em Gestão de Serviços
III
Nota Biográfica
Carina Marta Duarte Cruz nasceu na cidade de Oliveira de Azeméis em 1989.
Em 2007, ingressou no ensino superior na Faculdade de Economia da Universidade do
Porto, finalizando em 2010 com o grau de Licenciatura e uma média de 13 valores.
No mesmo ano, iniciou a sua atividade profissional na empresa Deloitte, onde exerceu
Auditoria Externa a várias empresas durante um ano. Em 2011, ingressou na empresa
Siemens, onde exerceu a função de Controller Financeira durante aproximadamente um
ano.
No mesmo ano, ingressou no Mestrado em Gestão de Serviços, novamente na Faculdade
de Economia da Universidade do Porto, concluindo a parte académica com uma média
de 15 valores.
Em 2012, iniciou um novo projeto na indústria automóvel, na empresa Sakthi Portugal,
exercendo a função de Controller de Gestão Industrial.
Atualmente, encontra-se a trabalhar na indústria química, na empresa H.B. Fuller,
exercendo a função de EIMEA (Europe, India, Middle-Est and Asia) Cost Accountant.
Tese – Mestrado em Gestão de Serviços
IV
Agradecimentos
O contributo de algumas pessoas foi crucial para a realização deste estudo, às quais eu
agradeço.
Em primeiro lugar agradeço por todo o apoio recebido, criticas construtivas e motivação,
à minha orientadora Professora Doutora Teresa Proença.
Aos meus pais e à minha irmã, Marina Cruz, pela confiança depositada e pelas palavras
de conforto.
À minha família e amigos que sempre acreditaram, apoiaram e motivaram a realização
deste estudo.
Ao meu namorado, Diogo Silva, por toda a paciência, pela constante presença e palavras
de incentivo.
Tese – Mestrado em Gestão de Serviços
V
Resumo
Acredita-se que o desenho do trabalho (job design) tem um enorme impacto no sucesso
das organizações e no bem-estar individual, contudo, o interesse pela pesquisa sobre este
tema tem vindo a diminuir.
Neste sentido, esta dissertação tem como objetivo iniciar a criação de um barómetro das
características do mercado de trabalho e analisar as que mais influenciam o bem-estar dos
empregados nas organizações.
Para a realização deste estudo, foi feita a recolha de dados através de inquérito on-line
distribuído pelas redes sociais (facebook e linkedin), bem como distribuição pela rede de
contactos pessoais e por três empresas na Região Norte, via email, tendo-se obtido uma
amostra com 142 elementos.
Com o desenvolvimento do trabalho, foi possível concluir que o desenho do trabalho é
caracterizado por três dimensões (Motivacional, Contextual e Social), sendo as mais
frequentes a Motivacional e Social. Na dimensão Motivacional, destacam-se as
características processamento da informação, variedade de tarefas e competências e
autonomia no planeamento do trabalho. Na dimensão Social, destacam-se as
características apoio social e interação fora da organização. Verificou-se ainda que o bem-
estar dos colaboradores na organização é tanto maior quanto mais presentes estiverem as
características das dimensões Motivacional e Social.
Palavras-chave
Bem-estar, desenho do trabalho, satisfação profissional, significado do trabalho
Tese – Mestrado em Gestão de Serviços
VI
Abstract
We believe that job design has a huge impact in success’s organizations and in the
individual well-being, however, the researches about this theme has been decreased.
In this sense, the goal of this dissertation is starting the creation of a barometer regarding
the job design characteristics and analyze those that most influence the well-being of
employees in institutions.
In order to develop this study, the data collection was made by an on-line questionnaire
placed in social networks (facebook and linkedin), and it was also shared by personal
contacts and by three companies located in North Region, via email, obtaining a sample
with 142 elements.
With the development of this study, it was possible to conclude that job design is
characterized by three dimensions (Motivational, Contextual and Social), those with more
frequency are Motivational and Social. Inside Motivational dimension, the highlighted
characteristics are information processing, tasks and skills variety and work schedule
autonomy. Inside Social Dimension, the highlighted characteristics are social support and
interaction outside organization. It was also verified that employees’ well-being is as
bigger as the presence of Motivational and Social characteristics.
Keywords
Well-being, job design, professional satisfaction, success’s organizations
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VII
Índice
1 Introdução ............................................................................................................... 1 1.1 Tema e Relevância do estudo .................................................................................... 1
2 Revisão de Literatura ............................................................................................. 3 2.1 Enquadramento do conceito Job Design .................................................................. 3 2.2 Principais Modelos relacionados com Job Design .................................................. 4 2.3 Job Design e o bem-estar na organização ................................................................ 9
3 Estudo Emprírico .................................................................................................. 14 3.1 Objetivo de estudo e identificação de questões a estudar ..................................... 14 3.2 Metodologia .............................................................................................................. 14
4 Análise dos Resultados ......................................................................................... 19 4.1 Validação dos dados (alpha de Cronbach e Kaiser-Meyer-Olkin – KMO) .......... 19 4.2 Determinação das medidas compósitas .................................................................. 21 4.3 Correlação entre medidas de bem-estar e as características do trabalho .......... 22 4.4 Impacto das características do trabalho no bem-estar dos colaboradores ......... 24
5 Discussão e Conclusões ......................................................................................... 27
6 Bibliografia ............................................................................................................ 30
Tese – Mestrado em Gestão de Serviços
VIII
Índice de Figuras
FIGURA 1 – O MODELO DAS CARACTERÍSTICAS DO TRABALHO. EXTRAÍDA DE G. H. OLDHAM, 1996 ......... 5
Índice de Tabelas
TABELA 1 - CARACTERÍSTICAS DO DESENHO DO TRABALHO ......................................................................... 9 TABELA 2 - DADOS DEMOGRÁFICOS DO INQUÉRITO .................................................................................... 15 TABELA 3 - MAPEAMENTO DE SIGLAS POR CARACTERÍSTICA DA DIMENSÃO MOTIVACIONAL .................... 16 TABELA 4 - MAPEAMENTO DE SIGLAS POR CARACTERÍSTICA DA DIMENSÃO CONTEXTUAL ........................ 17 TABELA 5 - MAPEAMENTO DE SIGLAS POR CARACTERÍSTICA DA DIMENSÃO SOCIAL .................................. 17 TABELA 6 - MAPEAMENTO DE SIGLAS POR CARACTERÍSTICA DO BEM-ESTAR ............................................. 18 TABELA 7 - ALPHA DE CRONBACH E KMO REFERENTE À DIMENSÃO MOTIVACIONAL ................................ 20 TABELA 8 - ALPHA DE CRONBACH E KMO REFERENTE À DIMENSÃO SOCIAL.............................................. 20 TABELA 9 - ALPHA DE CRONBACH E KMO REFERENTE À DIMENSÃO CONTEXTUAL .................................... 20 TABELA 10 - ALPHA DE CRONBACH E KMO REFERENTE AO BEM-ESTAR ..................................................... 20 TABELA 11 - MEDIDAS COMPÓSITAS REFERENTE À DIMENSÃO MOTIVACIONAL ......................................... 21 TABELA 12- MEDIDAS COMPÓSITAS REFERENTE À DIMENSÃO SOCIAL ....................................................... 21 TABELA 13 - MEDIDAS COMPÓSITAS REFERENTE À DIMENSÃO CONTEXTUAL ............................................ 21 TABELA 14 – CORRELAÇÕES ENTRE SUB-DIMENSÕES DAS CARACTERÍSTICAS DO TRABALHO E O BEM-ESTAR
.......................................................................................................................................................... 23 TABELA 15 - CORRELAÇÕES ENTRE DIMENSÕES DAS CARACTERÍSTICAS DO TRABALHO E BEM-ESTAR ....... 24 TABELA 16 - COEFICIENTE DE DETERMINAÇÃO INCLUINDO DIMENSÃO CONTEXTUAL ................................ 24 TABELA 17 - ANÁLISE ANOVA INCLUINDO DIMENSÃO CONTEXTUAL ....................................................... 25 TABELA 18 - COEFICIENTE DE DETERMINAÇÃO EXCLUINDO DIMENSÃO CONTEXTUAL ............................... 25 TABELA 19 - ANÁLISE ANOVA EXCLUINDO DIMENSÃO CONTEXTUAL ...................................................... 25 TABELA 20 - MODELO DE MEDIÇÃO DO IMPACTO DO DESENHO DO TRABALHO NO BEM-ESTAR .................. 25
Tese – Mestrado em Gestão de Serviços
1
1 Introdução
1.1 Tema e Relevância do estudo
O objetivo desta investigação é a criação de um barómetro das características do mercado
de trabalho que mais influenciam o bem-estar dos empregados nas organizações. Com
este estudo será possível para as empresas e gestores, conhecerem as características do
trabalho com mais impacto no bem-estar, permitindo-lhes tomar medidas que fomentem
a motivação no trabalho.
Esta investigação irá centrar-se no modelo de características do trabalho de (Morgeson &
Humphrey, 2006). Trata-se de um modelo desenvolvido em 2005 nos EUA, tendo como
amostra 540 colaboradores dos quais 243 possuíam diferentes profissões tendo sido
consideradas quatro dimensões (Características da função; Grau de competências;
Características sociais e Condições no trabalho) para análise do perfil profissional.
Os estudos sobre as características do trabalho, usualmente designados na literatura
(referencias) como Job Design1, tiveram um grande desenvolvimento nos anos 80 do séc
XX, sobretudo com Hackman e Oldham, na sequência do movimento de enriquecimento
do trabalho iniciado por Herzberg. Segundo Campion (1996) o interesse no tema
diminuiu desde então, mas face a novas formas de organização do trabalho, mais
exigentes no que respeita ao trabalho em equipa e às competências sociais, entre outras,
justifica-se a atualização do tema em causa. Mais do que nunca, as empresas estão a
introduzir novas formas de organização do trabalho, envolvendo sempre mais desafios na
natureza do trabalho das pessoas. A oportunidade para criar mais comprometimento e
trabalho mais eficiente é considerável (Parker, 1998).
Acredita-se que o desenho do trabalho tem um enorme impacto no sucesso das
organizações e no bem-estar individual, contudo, o interesse pela pesquisa sobre este
tema tem vindo a diminuir (Campion, 1996) e os estudos que existem são um pouco
desatualizados (Parker, 1998).
1 A terminologia Job Design e “desenho do trabalho” é usada indiscriminadamente ao longo deste trabalho,
considerando que o segunda é uma tradução à letra da primeira.
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2
Neste contexto, urge a necessidade de desenvolver um estudo mais atual e completo que
permita caracterizar o desenho do trabalho e mais propriamente, fazer uma primeira
aproximação à sociedade portuguesa.
Tese – Mestrado em Gestão de Serviços
3
2 Revisão de Literatura
O presente capítulo, a Revisão da literatura, encontra-se subdivido em três secções. A
primeira incide sobre o enquadramento teórico do conceito Job Design, onde é
apresentada uma breve definição bem como o seu surgimento. A segunda, explica os
principais modelos utilizados para estudar o Job Design. Por último, é apresentado o
conceito do bem-estar e a sua relação com o Job design.
2.1 Enquadramento do conceito Job Design
Segundo (Gallagher & Einhorn, 1976) Job Design foi definido como a especificação dos
conteúdos, métodos, e relação no emprego, a fim de satisfazer os requisitos tecnológicos
e organizacionais, bem como as exigências sociais e pessoais do colaborador.
Os primeiros estudos sobre o desenho do trabalho foram desenvolvidos por Smith e
Babbage, sendo considerados como fundadores da teoria do desenho do trabalho
contemporânea (Morgeson, 2003). Estes teóricos estudaram a divisão do trabalho
subjacente a questões de eficiência e produtividade. Mais tarde Taylor e Gilbreth,
desenvolveram estas ideias para a organização industrial. São os autores dos princípios
da divisão e especialização das tarefas, da separação entre conceção e execução do
trabalho de modo a alcançar ganhos de eficiência, uma vez que não havia grande rotação
de colaboradores entre as funções, as distrações eram reduzidas devido à presença de
poucos elementos de trabalho. Estas formas de trabalhar baseadas na especialização e
simplificação começaram a ser utilizadas no início do Século XX e permitiam reduzir o
erro e as dificuldades dos colaboradores bem como as suas necessidades de formação
(Morgeson & Campion, 2003).
Durante o desenvolvimento industrial do Século XX verificou-se que um dos problemas
no desenho taylorista do trabalho, é a criação de ambientes de trabalho repetitivos e
entediantes (Morgeson, 2003).
Numerosos estudos identificaram problemas associados à natureza reducionista da
organização taylorista, mais concretamente no que respeita ao potencial humano no
contexto do trabalho, tais como os célebres estudos de Hawthorne e de autores como
Tese – Mestrado em Gestão de Serviços
4
Herzberg, et al 1959, Likert, 1961 e Hackman e Oldham, 1984 (cit. p. Morgeson e
Campion, 2003). Estes autores estudaram as características do trabalho relacionadas com
a satisfação no trabalho e a motivação intrínseca dos colaboradores tendo verificado um
contraste com a visão reducionista do taylorismo no sentido de proporcionarem antes o
enriquecimento do trabalho. Neste sentido, foram desenvolvidos dois modelos associados
ao enriquecimento do trabalho que serão explicados no próximo capítulo: A teoria da
Motivação-Higiene de Herzberg e o Modelo das Características do Trabalho de Hackman
e Oldham.
2.2 Principais Modelos relacionados com Job Design
A Teoria da Motivação-Higiene (Herzberg, 1974), também conhecida como a Teoria da
Satisfação e Insatisfação, define que o que satisfaz os colaboradores no seu trabalho, são
fatores relacionados com o conteúdo da sua função: realização, reconhecimento, trabalho
interessante, maior responsabilidade, crescimento e progressão. Por outro lado, o que faz
as pessoas sentirem-se insatisfeitas ou infelizes, é o contexto do trabalho. Os principais
fatores da insatisfação são a política da empresa, as práticas da administração e
supervisão, as relações interpessoais, as condições de trabalho, o salário, o status e a
segurança. Estes fatores são considerados fatores de higiene porque representam as
condições preventivas da insatisfação no trabalho. Os fatores de satisfação são
conhecidos como motivadores porque quando presentes em montantes apropriados nas
organizações, fazem com que a motivação no trabalho seja positiva e fonte de atitudes
positivas e criativas.
O Modelo das Características do Trabalho (JDM) (Hackman & Oldham, 1976) define
cinco dimensões do trabalho: Variedade, Identidade, Significado, Autonomia e Feedback,
relacionando-as com a motivação e satisfação dos colaboradores:
Variedade competências: o grau de variedade de conhecimentos que o trabalho
requere;
Identidade com a função: o grau em que o trabalho envolve uma tarefa de modo
integral e não apenas uma parte;
Tese – Mestrado em Gestão de Serviços
5
Significância da função: a extensão do impacto que o trabalho tem nas outras
pessoas, dentro e fora da organização;
Autonomia: o grau em que o trabalho permite ao colaborador exercer escolha e
discrição na sua função;
Feedback do trabalho: a extensão em que a função transmite feedback de si
própria (em oposição às pessoas) ao colaborador com informação da sua
performance.
Segundo (Hackman & Oldham, 1976), estas cinco características produzem estados
psicológicos críticos, em que das três primeiras, variedade de competências, identidade
com a função e significância da função, resulta a relevância percecionada, isto é, a
potencialidade da função ser significativa para o colaborador. A quarta característica
(Autonomia), influencia o sentido de responsabilidade e a última (Feedback) está
relacionada com o conhecimento dos resultados das atividades do indivíduo no trabalho.
Estes três estados psicológicos críticos determinam quatro principais resultados:
Motivação intrínseca, satisfação com o trabalho e com o desenvolvimento pessoal,
performance no trabalho, diminuição de absentismo e turnover, (Hackman e Oldham,
1975). Na Figura 1 está representado o modelo em causa.
Figura 1 – O Modelo das Características do Trabalho. Extraída de G. H. Oldham, 1996
Tese – Mestrado em Gestão de Serviços
6
O modelo das características do trabalho, Hackman e Oldham (1976) deu origem a um
questionário de diagnóstico das características do trabalho (“Job Diagnostic Survey” -
JDS) (Kompier, 2003), a unidade de análise é um grupo de tarefas ou posições, sendo que
o potencial motivacional do trabalho são os dados agregados por grupo.
Segundo Hackman & Oldham (1980), o trabalho será mais enriquecido ou com um
potencial motivacional elevado, quanto mais presentes estiverem as cinco dimensões
anteriores. Para obtenção desta maior produtividade, sugere cinco princípios relacionados
com o (re)desenho das funções: (i) combinação de tarefas, (ii) a formação de unidades de
trabalho “naturais”, (iii) a formação de uma estrutura centrada no cliente, (iv) o
enriquecimento do trabalho e (v) a criação de “canais” de feedback.
No entanto, apesar das críticas apresentadas, também existe literatura que relaciona as
variáveis motivação e satisfação com a combinação das cinco características da função
anteriormente mencionadas, (Kompier, 2003).
Foram mencionadas várias críticas ao estudo empírico do modelo acima mencionado,
Algera, 1989; Fried & Ferris, 1987; Roberts & Glick, 1981, (cit. p. Kompier, 2003).
Algumas insuficiências são relacionadas com: (i) o seu modelo teórico base (numero de
características, natureza e causalidade das relações), (ii) a forma como os conceitos são
medidos, (iii) a validade das medidas das características da função ou meramente
perceções.
Por forma a tentar completar o JDS, Campion (1988) e Campion & Thayer, (1985),
desenvolveram o MJDQ (Multimethod Job Design Questionnaire) incluindo uma grande
variedade de características do trabalho. Este modelo integra quatro abordagens gerais
para a conceptualização e mensuração do trabalho: (i) motivacional, que é composta pelo
enriquecimento do trabalho, ampliação do trabalho, motivação intrínseca e sistemas sócio
tecnológicos, próxima da abordagem de Hackman e Oldham (Cherns, 1976; Hackman &
Oldham, 1980; Steers & Mow- day,1977), (ii) mecanicista, inspirada na engenharia
industrial clássica e a gestão científica (Barnes, 1980) e enfatiza a especialização das
tarefas, simplificação das competências e a repetição, (iii) biológica, que engloba
biomecânica, fisiologia do trabalho e ergonomia, focando-se nas requisitos físicos das
tarefas e fatores ambientais (e.g. barulho, temperatura); (d) motor-percetual que deriva da
psicologia cognitiva de fatores humanos, competências percetuais e cognitivas,
Tese – Mestrado em Gestão de Serviços
7
processamento de informação e desenho do trabalho relacionado com as limitações físicas
e mentais dos colaboradores.
Estudos realizados utilizando o MJDQ, descobriram que estas quatro abordagens
apresentam relações significativas com resultados relacionados com o trabalho (e.g.
satisfação, eficiência, conforto, confiança), (EDWARDS, et al, 1999)
Apesar do MJDQ ser promissor como uma medida geral e compreensiva do trabalho, as
informações relativas ás suas características psicométricas é limitada, apresentando falhas
na construção do instrumento de medição. Neste sentido, surgiu a necessidade de elaborar
um instrumento mais atual, completo e sem falhas de medição, sendo criado o WDQ
(Work Design Questionnaire), com enfoque no trabalho (work) em geral e não apenas na
função (job) como os anteriores (Morgeson & Humphrey, 2006).
A estrutura do WDQ está de acordo com a proposta de Morgeson and Campion (2003)
que divide as características em três dimensões: Motivacionais, Sociais e Contextuais
(tabela 1).
A primeira dimensão, relativamente semelhante ao modelo de Hackman e Oldham, tem
como princípio básico que o trabalho será mais enriquecido, motivante e satisfatório, se
estiverem presentes elevados níveis destas características. Esta dimensão é composta por
duas sub-dimensões: a Função e o Conhecimento que caracterizam o trabalho.
A Função está relacionada com o modo como o próprio trabalho é realizado, o alcance e
a sua natureza. As principais características da Função são:
Autonomia, isto é, nível de liberdade e independência que um indivíduo
possui para realizar o seu trabalho, bem como para tomar decisões e
escolher os melhores métodos para a sua realização;
Variedade da Função, isto é, número de tarefas necessárias para o
desempenho da função, quanto maior o número de atividades, mais
interessante se torna o trabalho;
Nível de Significância, isto é, o grau em que a função influencia a vida e
o trabalho dos outros dentro e fora da empresa;
Tese – Mestrado em Gestão de Serviços
8
Identidade da Função, ou seja, os trabalhos que proporcionam a
elaboração do serviço completo são mais interessantes do que trabalhos
que envolvem apenas partes da função;
Feedback da chefia e da função.
A segunda sub-dimensão, Conhecimento, reflete o nível de competências, aptidões que
são requeridas para a execução do trabalho. As características presentes na sub-dimensão
Conhecimento são:
Nível de Complexidade que a função apresenta;
Processamento de Informação, isto é, quantidade de dados e informação que
a função requere que seja processada;
Resolução de Problemas, isto é, exigência de ideias únicas ou soluções, bem
como diagnóstico e resolução de problemas não rotineiros e tomada de
medidas de prevenção;
Variedade de Competências;
Especialização, isto é, elaboração e tarefas e especializadas, bem como
processamento de conhecimento e competências especializadas.
A segunda dimensão, Social, reflete o número de oportunidades que a função proporciona
para aconselhamento e assistência dos outros. As principais dimensões desta dimensão
são:
Interdependência;
Interação com o exterior da organização;
Feedback de outros.
A terceira dimensão, Contextual, reflete o contexto em que o trabalho é executado,
incluindo condições físicas e ambientais. Aqui estão presentes dimensões como:
Ergonomia;
Exigência Física;
Condições do trabalho (i. é., ruído, temperatura, limpeza);
Equipamento utilizado.
Neste sentido, para a realização deste estudo, o modelo aplicado para a definição das
características do trabalho será o anteriormente descrito (Work Design Questionnaire).
Tese – Mestrado em Gestão de Serviços
9
Características do desenho do trabalho
C
ara
cter
ísti
cas
Moti
vaci
on
ais
Características da Função
Autonomia
Variedade da Função
Nível de Significância
Identidade da Função
Feedback da chefia e da função
Características do Conhecimento
Nível de Complexidade
Processamento de Informação
Resolução de Problemas
Variedade de Competências
Especialização
Características Sociais
Interdependência
Interação com o exterior da organização
Feedback de outros
Características Contextuais
Ergonomia
Exigência Física
Condições do trabalho
Equipamento utilizado
Tabela 1 - Características do desenho do trabalho
Fonte: Elaboração própria
2.3 Job Design e o bem-estar na organização
Uma experiência individual no local de trabalho, seja ela física, emocional, mental ou de
natureza social, afetará a pessoa enquanto está no seu local de trabalho, podendo passar
também para um domínio fora do emprego. Os colaboradores despendem cerca de um
terço das suas horas enquanto acordados no local de trabalho, não deixando
necessariamente de trabalhar quando saem do local de trabalho (Conrad, 1988a).
De fato, tem-se reconhecido que o trabalho e a vida pessoal não são entidades separadas,
mas sim, domínios interrelacionados e entrelaçados com efeitos recíprocos entre si
(Caudron, 1997; Zedeck & Mosier, 1990). O stress relacionado com o trabalho, por
exemplo, combinado com o stress da vida pessoal, poderá originar resultados físicos e
emocionais prejudiciais devido ao excesso de exigência física e mental colocados no
corpo e na mente humana (Cooper & Cartwright, 1994).
Tese – Mestrado em Gestão de Serviços
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Existem evidências de que condições físicas do trabalho pobres afetam o stress e a saúde
física e psicológica dos colaboradores (Cox et al., 2000; Warr, 1992). O ruído, por
exemplo, pode atuar como um estímulo físico e psicológico, bem como redução da
capacidade auditiva, fadiga, e comprometimento da performance (Evans & Johnson,
2000). Não obstante os efeitos físicos “diretos”, existe evidência de que fatores
relacionados com o emprego e com as relações sociais no trabalho, podem exercer uma
influência negativa na saúde mental (Cox et al., 2000; Levi, 1984; Scheuch &
Schreinicke, 1989). Exemplos de fatores relacionados com o emprego são a precariedade,
o sistema de remuneração, a rotação de trabalhadores, maus horários e poucas perspetivas
de progressão na carreira. Fraca liderança, mau padrão de gestão, e baixo apoio são
exemplos de fatores referentes às relações sociais.
Para autores como Tamayo (2004), Van Horn, Taris, Schaufeli e Scheurs (2004) e Warr
(1987; 2003), o tempo dedicado ao trabalho constitui um componente fundamental para
a construção e o desenvolvimento do bem-estar pessoal e da felicidade, (cit. p. Paschoal
e Tamayo, 2008).
Na literatura científica, o termo bem-estar mistura-se com o termo felicidade, sendo
considerados como sinónimos por alguns autores. No âmbito do estudo de bem-estar são
destacados dois grandes conceitos: bem-estar subjetivo e o bem-estar psicológico. O
primeiro, bem-estar subjetivo, considera o bem-estar como respostas emocionais e juízos
de valor sobre a satisfação com a vida (Paschoal e Tamayo, 2008). Segundo Albuquerque
e Troccoli (2004), o bem-estar subjetivo é definido pela frequente ocorrência de afetos
positivos, como contentamento hedónico, e rara experiência emocional negativa, como
ansiedade, depressão, agitação, aborrecimento, e a satisfação com a vida como um todo.
O segundo conceito, bem-estar psicológico, adota uma visão eudaimonica da felicidade,
centrada na auto realização pessoal, na busca pelo propósito e significado da vida
(Paschoal e Tamayo, 2008). A relação entre estes dois conceitos é a de que o bem-estar
psicológico, eudamonia, é uma condição suficiente mas não necessária para o bem-estar
subjetivo ou felicidade hedónica. Para Vitterso (2004), o conceito bem-estar é abrangente,
contendo a eudamonia e o bem-estar hedónico.
Tese – Mestrado em Gestão de Serviços
11
Estas duas correntes gerais do bem-estar (subjetiva e psicológica), afetam os estudos
sobre o bem-estar no trabalho, os quais serão apresentados de seguida.
Para alguns autores o bem-estar no trabalho está associado ao bem-estar subjetivo e
sobretudo à ausência de sentimentos negativos na experiência de trabalho, nomeadamente
no que diz respeito à experiência de stress. Robert Karasek (1979) desenvolveu um
modelo de stress ocupacional - “The Job Demands–Control Model” (JDCM) – sendo
considerado o mais dominante no momento (Schabracq, Marc J., et al, 2003), no qual são
definidas duas dimensões independentes sobre os riscos de stress: exigência psicológica
e liberdade de decisão (ou autonomia). Liberdade de decisão é também conhecida como
controlo da função, que é uma combinação de autoridade na função e discricionariedade
de competências. O Modelo JDCM prevê que problemas de saúde relacionados com
stress aumentem, dependendo do aumento da exigência do trabalho e da diminuição do
controlo da função. O trabalho é considerado de elevada tensão quando a exigência
psicológica é elevada e existe baixo controlo (e baixo apoio). Quando a exigência do
trabalho e o controlo da função (e o apoio social) aumentam simultaneamente, o trabalho
torna-se mais desafiante, proporcionando mais oportunidades para aprender e
desenvolver as próprias habilidades.
Muitos princípios do (re)desenho do trabalho têm sido desenvolvidos a partir deste
modelo, prevenindo que a exigência no trabalho se torne demasiado excessiva, sugerindo-
se o aumento da autonomia ou controlo sobre a própria função associado ao apoio por
parte da organização. Esta teoria também realça que deve ser proporcionado, aos
colaboradores, oportunidades para a aprendizagem (Schabracq, Marc J., et al, 2003).
Um segundo modelo associado à presença de bem-estar no trabalho, também numa
perspetiva de bem-estar subjetivo é proposto por Warr (1987; 1994), “The Vitamin
Model” (VM), que avalia o bem-estar de forma predominantemente positiva, avançando
cinco componentes: o bem-estar afetivo, a competência pessoal, a autonomia, a ambição
e a interação social. Para descrever o bem-estar afetivo, Warr (1987) distingue três eixos
principais: (i) desde o descontentamento até ao prazer (e.g. satisfação no trabalho), (ii)
desde a ansiedade até ao conforto (e.g. trabalho relacionado com a ansiedade), e (iii)
desde a depressão até ao entusiasmo (e.g. exaustão). Warr (1987, 1994, 1996) assume que
Tese – Mestrado em Gestão de Serviços
12
estes três eixos são afetados de forma curvilínea por cinco características do trabalho, isto
é, a presença de determinadas características do trabalho, como autonomia, exigência da
função, variedade de competências, feedback e apoio social, são positivas até uma certa
extensão, mas ao assumir níveis muito elevados a sua presença deixa de ser positiva.
Elevados níveis de autonomia no trabalho, são potencialmente prejudiciais, uma vez que
implicam incerteza, dificuldade na tomada de decisão e elevada responsabilidade no
trabalho (Warr, 1987). Por outro lado, outras características do trabalho como
remuneração, boas condições físicas de trabalho e uma elevada posição social (e.g.
prestígio ocupacional), seguem um padrão de que quanto mais presentes maior é o nível
de bem-estar. O Modelo VM, proporciona uma base útil para determinar os objetivos de
intervenção ao nível da organização e da função (Warr, 1987). Relativamente às cinco
primeiras características do trabalho, ótimos níveis devem ser nem muito elevados nem
muito baixos. Relativamente às três últimas características, devem existir elevados níveis.
Outros modelos complexificam os fatores explicativos do bem-estar no trabalho, tal como
Van Horn et al. (2004) considerando várias características do trabalho incluindo aspectos
afetivos e motivacionais, comportamentais, cognitivos e psicossomáticos (Paschoal e
Tamayo, 2008). A primeira dimensão é referente a sentimentos e emoções como a
exaustão, a satisfação no trabalho e o comprometimento organizacional. A dimensão
comportamental refere-se à liberdade de tomada de decisões (autonomia), à ambição, à
variedade de competências e às relações sociais dentro da organização. A dimensão
cognitiva corresponde à capacidade do colaborador para processar nova informação e
concentração no trabalho. Por último, a dimensão psicossomática refere-se à presença ou
ausência de queixas psicossomáticas. Os estudos realizados com base neste modelo
demonstraram que a dimensão mais representativa do bem-estar no trabalho é a afetiva,
o que leva a concluir que o estado emocional é essencial para a avaliação do bem-estar
no trabalho (Van Horn et al., 2004, cit. P. Dessen et al, 2010).
Paz (2004), nos seus estudos sobre bem-estar no trabalho também considera as dimensões
cognitiva e afetiva. Segundo este autor o bem-estar no trabalho é caracterizado por dois
polos: gratificação e descontentamento, sendo que o segundo é avaliado como sendo
inverso do primeiro. Neste sentido, o polo gratificação é caraterizado por sete indicadores:
Tese – Mestrado em Gestão de Serviços
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valorização no trabalho, isto é, reconhecimento da importância do trabalho na
organização e na sociedade; reconhecimento pessoal, isto é, admiração e recompensa do
trabalho do colaborador; autonomia, isto é, liberdade para o modo de execução da tarefa
e/ou função; ambição, ou seja, perceção da existência de desenvolvimento pessoal e
profissional; remuneração, isto é, perceção de salário de acordo com a função
desempenhada; apoio ambiental, isto é, perceção da existência de apoio material, social
e tecnológico; orgulho, ou seja, sentimento de orgulho pela organização onde trabalha.
De modo a medir o bem-estar dos colaboradores na organização, neste estudo, serão
consideradas características de bem-estar subjetivo, como emoções positivas e negativas
e caraterísticas do bem-estar psicológico, como o grau de satisfação e o significado da
função.
As emoções positivas são inspiração, entusiasmo, atenção, determinação e animação
(Mackinnon, 1999). As emoções negativas são nervosismo, receio, susto, aborrecimento
e stress.
O grau de satisfação está relacionado com facto de ser aceite o mesmo trabalho
novamente, da recomendação do trabalho a alguém, da satisfação das expectativas e com
a satisfação em geral (Bonache, J., 2005).
O significado do trabalho é caracterizado pela existência de desenvolvimento pessoal,
significado da carreira, impacto do trabalho no seu redor, contributo para dar significado
à vida e propósito do trabalho (Steger, 2011).
Tese – Mestrado em Gestão de Serviços
14
3 Estudo Emprírico
O Presente capítulo visa a identificação das questões a estudar, bem como a metodologia
utilizada para a realização deste estudo.
3.1 Objetivo de estudo e identificação de questões a estudar
Conforme enunciado no capítulo 1.1., o objetivo deste estudo é iniciar a criação de um
barómetro das características do mercado de trabalho e conhecer as que mais influenciam
o bem-estar dos empregados nas organizações. Deste modo, foram formuladas as
seguintes questões de investigação:
I. Quais as características trabalho que melhor caracterizam o mercado de trabalho?
II. Qual o impacto das características do trabalho no bem-estar dos colaboradores nas
organizações?
Para responder a estas questões procedeu-se à elaboração das seguintes análises de dados:
1. Validação dos dados (alpha de Cronbach e Kaiser-Meyer-Olkin – KMO)
2. Cálculo de medidas compósitas por dimensão
3. Perceber se existe (ou não) correlação com as medidas de bem-estar e as
características do trabalho;
4. Análise de regressão: analisar o impacto das características do trabalho no bem-
estar dos colaboradores
3.2 Metodologia
Para a realização deste estudo, foi feita a recolha de dados através de inquérito on-line
(Anexo 1) distribuído pelas redes sociais (facebook e linkedin), bem como distribuição
pela rede de contactos pessoais e por três empresas na Região Norte de Portugal, via
email. O questionário foi elaborado apenas com respostas fechadas numa escala de 1 a 5
para as características do desenho do trabalho, bem como para as questões do bem-estar
na organização, tendo sido enviado a cerca de 2500 pessoas maiores de 18 anos durante
o mês de Junho e Julho, sendo obtidas 142 respostas válidas, sobre o qual o estudo
empírico basear-se-á.
Conforme se pode verificar na tabela 2, a amostra é constituída por 51% (n=73) dos
participantes são do sexo feminino e os restantes 49% do sexo masculino (n= 69).
Relativamente à idade, a maior percentagem centra-se na escala dos 25 aos 30 anos de
Tese – Mestrado em Gestão de Serviços
15
idade com uma percentagem de 32% (n=45). No que diz respeito ao grau académico, a
amostra apresenta maior frequência na categoria Licenciatura (53%, n= 75) seguindo-se
a categoria Mestrado (28%, n=40).
Tabela 2 - Dados demográficos do inquérito
Fonte: Elaboração própria
O tratamento dos dados foi feito utilizando a ferramenta IBM SPSS Statistics versão 21.
Nas tabelas seguintes (3, 4, 5 e 6), encontram-se as descrições das siglas utilizadas no
tratamento das variáveis em SPSS que serão utilizadas na secção seguinte.
N %
Sexo
Feminino 73 51%
Masculino 69 49%
Total 142 100%
Idade
< 25 anos 19 13%
> 50 11 8%
25 - 30 45 32%
30 - 35 22 15%
35 - 40 15 11%
40 - 45 21 15%
45 - 50 9 6%
Total 142 100%
Grau académico
9º ano 1 1%
Ensino Secundário 11 8%
Curso profissional 1 1%
Frequencia universitária 1 1%
Bacharelato 5 4%
Licenciatura 75 53%
Mestrado 40 28%
Pós-Graduação 5 4%
Doutoramento 2 1%
MBA 1 1%
Total 142 100%
Tese – Mestrado em Gestão de Serviços
16
Tabela 3 - Mapeamento de siglas por característica da dimensão Motivacional
Fonte: Elaboração própria
Dimensão Sigla Característica
AMT 1 Autonomia nos métodos de trabalho
AMT 2 Autonomia nos métodos de trabalho
AMT 3 Autonomia nos métodos de trabalho
APT 1 Autonomia no Planeamento do Trabalho
APT 2 Autonomia no Planeamento do Trabalho
APT 3 Autonomia no Planeamento do Trabalho
ATD 1 Autonomia na Tomada de Decisão
ATD 3 Autonomia na Tomada de Decisão
ATD 5 Autonomia na Tomada de Decisão
CF 1 Complexidade da Fução
CF 2 Complexidade da Fução
CF 3 Complexidade da Fução
CF 4 Complexidade da Fução
ES 1 Especialização
ES 2 Especialização
ES 3 Especialização
ES 4 Especialização
FT 1 Feedback do trabalho
FT 2 Feedback do trabalho
FT 3 Feedback do trabalho
IT 1 Identidade tarefa
IT 2 Identidade tarefa
IT 3 Identidade tarefa
IT 4 Identidade tarefa
PI 1 Processamento da Informação
PI 2 Processamento da Informação
PI 3 Processamento da Informação
PI 4 Processamento da Informação
RP 1 Resolução de Problemas
RP 2 Resolução de Problemas
RP 3 Resolução de Problemas
RP 4 Resolução de Problemas
ST 1 Significado das tarefas
ST 2 Significado das tarefas
ST 3 Significado das tarefas
ST 4 Significado das tarefas
VC 1 Variedade de competências
VC 2 Variedade de competências
VC 3 Variedade de competências
VC 4 Variedade de competências
VT 1 Variedade das tarefas
VT 2 Variedade das tarefas
VT 3 Variedade das tarefas
VT 4 Variedade das tarefas
Motivacional
Tese – Mestrado em Gestão de Serviços
17
Tabela 4 - Mapeamento de siglas por característica da dimensão Contextual
Fonte: Elaboração própria
Tabela 5 - Mapeamento de siglas por característica da dimensão Social
Fonte: Elaboração própria
Dimensão Sigla Característica
CT 1 Condições de Trabalho
CT 2 Condições de Trabalho
CT 3 Condições de Trabalho
CT 4 Condições de Trabalho
CT 5 Condições de Trabalho
E 1 Ergonomia
E 2 Ergonomia
E 3 Ergonomia
EF 1 Exigências físicas
EF 2 Exigências físicas
EF 3 Exigências físicas
EU 1 Uso de equipamento
EU 2 Uso de equipamento
EU 3 Uso de equipamento
Contextual
Dimensão Sigla Característica
AS 1 Apoio Social
AS 2 Apoio Social
AS 3 Apoio Social
AS 4 Apoio Social
AS 5 Apoio Social
AS 6 Apoio Social
FO 1 Feedback de outras pessoas
FO 2 Feedback de outras pessoas
FO 3 Feedback de outras pessoas
IFO 1 Interação fora da organização
IFO 2 Interação fora da organização
IFO 3 Interação fora da organização
IFO 4 Interação fora da organização
II 1 Interdependência iniciada
II 2 Interdependência iniciada
II 3 Interdependência iniciada
IR 1 Interdependência recebida
IR 2 Interdependência recebida
IR 3 Interdependência recebida
Social
Tese – Mestrado em Gestão de Serviços
18
Tabela 6 - Mapeamento de siglas por característica do bem-estar
Fonte: Elaboração própria
Dimensão Sigla Característica
EM 1 Emoções
EM 10 Emoções
EM 2 Emoções
EM 3 Emoções
EM 4 Emoções
EM 5 Emoções
EM 6 Emoções
EM 7 Emoções
EM 8 Emoções
EM 9 Emoções
GS 1 Grau de satisfação
GS 2 Grau de satisfação
GS 3 Grau de satisfação
GS 4 Grau de satisfação
GS 5 Grau de satisfação
ST 1 Significado do trabalho
ST 10 Significado do trabalho
ST 2 Significado do trabalho
ST 3 Significado do trabalho
ST 4 Significado do trabalho
ST 5 Significado do trabalho
ST 6 Significado do trabalho
ST 7 Significado do trabalho
ST 8 Significado do trabalho
ST 9 Significado do trabalho
Bem-estar na organização
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19
4 Análise dos Resultados
4.1 Validação dos dados (alpha de Cronbach e Kaiser-Meyer-Olkin – KMO)
Para análise da confiabilidade e precisão do questionário, procedeu-se diretamente ao
cálculo da consistência interna, mais concretamente através do coeficiente alpha de
Cronbach (Pestana & Gageiro, 2003), uma vez que estas escalas já foram utilizadas e
validadas anteriormente pelos autores mencionados na secção 2:
Os resultados obtidos revelaram que todas as sub-dimensões da dimensão
Motivacional contribuíram para a consistência do próprio instrumento
apresentando um alpha total igual a 0.947, conforme se pode verificar na Tabela
7.
Os resultados obtidos revelaram que todas as sub-dimensões da dimensão Social
contribuíram para a consistência do próprio instrumento apresentando um alpha
total igual a 0.854, conforme se pode verificar na Tabela 8.
Os resultados obtidos revelaram que todas as sub-dimensões da dimensão
Contextual contribuíram para a consistência do próprio instrumento, apresentado
alpha total =0.722, conforme se pode verificar na Tabela 9, à exceção da sub-
dimensão Ergonomia, que apresenta um alpha de Cronbach no valor de 0.599.
Os resultados obtidos relativamente ao bem-estar revelam que as sub-dimensões
contribuíram para a consistência do próprio instrumento, apresentando um alfa
total de 0.764, à excepção da sub-dimensão Emoções que apresenta um alfa
ligeiramente inferior, no valor de 0.550.
O critério de Kaiser-Meyer-Olkin – KMO é outra forma para testar a consistência geral
dos dados. Apresenta um valor de 0,888 para a dimensão Motivacional, 0.759 para a
dimensão Social, 0.747 para a dimensão Contextual e 0.844 para o bem-estar, conforme
se pode verificar nas Tabelas 7, 8, 9 e 10, respetivamente.
Estes valores (próximos de 1.0) indicam-nos que os dados em estudos são consistentes
Pestana & Gageiro, 2003).
Portanto, após todas as apreciações e atendendo à importância teórica dos itens, avançou-
se para a validação da escala, excluindo apenas os itens Emoções pertence ao bem-estar
e Ergonomia, pertence à dimensão Contextual, uma vez que apresentam valores
Tese – Mestrado em Gestão de Serviços
20
considerados como medíocres relativamente ao alpha de Cronbach (Pestana & Gageiro,
2003).
Tabela 7 - Alpha de Cronbach e KMO referente à Dimensão Motivacional
Fonte: Elaboração própria
Tabela 8 - Alpha de Cronbach e KMO referente à Dimensão Social
Fonte: Elaboração própria
Tabela 9 - Alpha de Cronbach e KMO referente à Dimensão Contextual
Fonte: Elaboração própria
Tabela 10 - Alpha de Cronbach e KMO referente ao bem-estar
Fonte: Elaboração própria
Dimensão Característica KMOAlpha de
CronbachDescrição Característica
PI 0,802 0,871 Processamento da Informação
VT 0,843 0,959 Variedade das tarefas
VC 0,838 0,906 Variedade de competências
APT 0,745 0,893 Autonomia no Planeamento do Trabalho
ST 0,733 0,882 Significado das tarefas
RP 0,705 0,726 Resolução de Problemas
AMT 0,747 0,885 Autonomia nos métodos de trabalho
IT 0,738 0,844 Identidade tarefa
ES 0,825 0,884 Especialização
ATD 0,684 0,877 Autonomia na Tomada de Decisão
FT 0,737 0,935 Feedback do trabalho
CF 0,738 0,838 Complexidade da Fução
Total 0,888 0,947
Motivacional
Dimensão Característica KMOAlpha de
CronbachDescrição Característica
AS 0,767 0,829 Apoio Social
IFO 0,768 0,805 Interação fora da organização
IR 0,663 0,780 Interdependência recebida
II 0,647 0,774 Interdependência iniciada
FO 0,730 0,907 Feedback de outras pessoas
Total 0,759 0,854
Social
Dimensão Característica KMOAlpha de
CronbachDescrição Característica
CT 0,747 0,787 Condições de Trabalho
E 0,516 0,599 Ergonomia
EU 0,670 0,694 Uso de equipamento
EF 0,741 0,910 Exigências físicas
Total 0,747 0,722
Contextual
Dimensão CaracterísticaKMO
Alpha de
Cronbach Descrição Característica
ST 0,842 0,822 Significado do trabalho
GS 0,880 0,957 Grau de satisfação
EM 0,810 0,550 Emoções
Total 0,844 0,764
Bem-estar na organização
Tese – Mestrado em Gestão de Serviços
21
4.2 Determinação das medidas compósitas
Para o cálculo das medidas compósitas, foi utilizada a média dos resultados por sub-
dimensão e por dimensão (Motivacional, Contextual e Social), conforme se pode ver na
tabela 11, 12 e 13, respetivamente.
Tabela 11 - Medidas compósitas referente à dimensão Motivacional
Fonte: Elaboração própria
Tabela 12- Medidas compósitas referente à dimensão Social
Fonte: Elaboração própria
Tabela 13 - Medidas compósitas referente à dimensão Contextual
Fonte: Elaboração própria
Dimensão CaracterísticaMédia
CaracterísticaDescrição Característica
PI 4,12 Processamento da Informação
VT 4,05 Variedade das tarefas
VC 4,04 Variedade de competências
APT 3,89 Autonomia no Planeamento do Trabalho
ST 3,74 Significado das tarefas
RP 3,73 Resolução de Problemas
AMT 3,73 Autonomia nos métodos de trabalho
IT 3,72 Identidade tarefa
ES 3,70 Especialização
ATD 3,67 Autonomia na Tomada de Decisão
FT 3,60 Feedback do trabalho
CF 3,20 Complexidade da Fução
Total 3,77
Motivacional
Dimensão CaracterísticaMédia
CaracterísticaDescrição Característica
AS 3,83 Apoio Social
IFO 3,67 Interação fora da organização
IR 3,51 Interdependência recebida
II 3,38 Interdependência iniciada
FO 3,20 Feedback de outras pessoas
Total 3,52
Social
Dimensão CaracterísticaMédia
CaracterísticaDescrição Característica
CT 3,64 Condições de Trabalho
EU 2,67 Uso de equipamento
EF 1,92 Exigências físicas
Total 2,75
Contextual
Tese – Mestrado em Gestão de Serviços
22
Analisando as tabelas acima, podemos constatar que entre as três dimensões
(Motivacional, Social e Contextual), a que apresenta uma frequência maior é a dimensão
Motivacional, apresentando um valor médio de 3,77 (de acordo com a escala utilizada,
este valor corresponde a “Concordo”), seguidamente a dimensão Social, apresentando um
valor médio de 3,52, podendo ser considerada dentro da mesma escala que a dimensão
Motivacional. Por último, apresentando apenas um valor médio de 2,80, encontra-se a
dimensão Contextual que, de acordo com a escala utilizada, este valor corresponde a “Não
concordo nem discordo”.
Relativamente às sub-dimensões / características do trabalho, podemos afirmar que
praticamente todas apresentam valores acima de 3, o que permite que sejam consideradas
como “barometro” para caracterizar o desenho do trabalho, à exceção da característica
Exigências Físicas, inserida na dimensão Contextual, que apresenta um valor médio de
1,92.
4.3 Correlação entre medidas de bem-estar e as características do trabalho
Para avaliar a relação entre as variáveis, procedeu-se ao cálculo de correlações entre as
sub-dimensões das características do trabalho e os itens de bem-estar (Significado no
Trabalho e Grau de Satisfação) e o bem-estar no seu total, conforme se pode verificar na
tabela 14.
Os valores indiciam, na generalidade, correlações que embora não muito altas são
positivas e significativas, a maior parte delas, para um nível de significância inferior a
0,001 (p<0.001). Assim, os itens associados a cada dimensão estão fortemente
correlacionados com o bem-estar, à exceção das sub-dimensões Condições do trabalho e
Exigências Físicas, inseridas na dimensão Contextual, que apresentam correlações muito
baixas. Na dimensão Motivacional, a sub-dimensão Complexidade da Função também
apresenta valores de correlação com os itens de bem-estar bastantes baixos. Na dimensão
Social, apenas a sub-dimensão Interdependência Recebida, não revela associação com o
bem-estar.
Tese – Mestrado em Gestão de Serviços
23
Continuando a analisar a tabela 14, pode-se constatar que as sub-dimensões das
características do trabalho que apresentam maior correlação com o bem-estar estão
inseridas nas dimensões Motivacional e Social. Dentro da dimensão Motivacional,
destaca-se a Autonomia na Tomada de Decisão, Autonomia no Planeamento do Trabalho,
Variedade de Competências e de Tarefas com correlações superiores a 0,5 para um nível
de significância inferior a 0,01 (p<0.01). Na dimensão Social destaca-se o Apoio social
com uma correlação de 0,602 para um nível de significância inferior a 0,01, seguido do
Feedback de outras pessoas.
Tabela 14 – Correlações entre sub-dimensões das características do trabalho e o bem-estar2
Fonte: Elaboração própria
Posteriormente, procedeu-se ao cálculo das correlações entre as dimensões Motivacional,
Social e Contextual e o bem-estar, conforme se pode verificar na tabela 15.
As dimensões das características do trabalho são significativamente correlacionadas com
as dimensões do bem-estar o seu total, sendo a dimensão Motivacional que apresenta
maior correlação com o bem-estar, apresentando um valor de 0,698 para um nível de
2 **. Correlação é significante para um nível de 0.01 level (2-tailed).
*. Correlação é significante para um nível de 0.05 level (2-tailed).
Dimensão Característica Descrição Característica STB GS Bem_estar
CT Condições de Trabalho ,059 ,158 ,145
EU Uso de equipamento ,254**
,175* ,241**
EF Exigências físicas ,171* ,041 ,104
PI Processamento da Informação ,398**
,372** ,453**
VT Variedade das tarefas ,291**
,524** ,523**
VC Variedade de competências ,467**
,445** ,538**
APT Autonomia no Planeamento do Trabalho ,324**
,530** ,542**
RP Resolução de Problemas ,377**
,346** ,424**
AMT Autonomia nos métodos de trabalho ,320**
,586** ,583**
IT Identidade tarefa ,309**
,469** ,489**
ES Especialização ,300**
,342** ,389**
ATD Autonomia na Tomada de Decisão ,293**
,625** ,602**
FT Feedback do trabalho ,265**
,479** ,478**
CF Complexidade da Fução ,155 -0,181* ,204*
ST Significado das tarefas ,230**
,296** ,323**
AS Apoio Social ,429**
,550** ,602**
IFO Interação fora da organização ,331**
,243** ,326**
IR Interdependência recebida ,222** ,109 ,178*
II Interdependência iniciada ,226**
,278** ,308**
FO Feedback de outras pessoas ,335**
,362** ,419**
Motivacional
Social
Contextual
Tese – Mestrado em Gestão de Serviços
24
significância inferior a 0,01. Seguidamente, encontra-se a dimensão Social, com uma
correlação de 0,565 para um nível de significância inferior a 0,01e por último, a dimensão
Contextual, com uma correlação um pouco inferior, no valor de 0,267, para um nível de
significância inferior a 0,01.
Tabela 15 - Correlações entre dimensões das características do trabalho e bem-estar
Fonte: Elaboração própria
4.4 Impacto das características do trabalho no bem-estar dos colaboradores
Para calcular o impacto das características do trabalho no bem-estar procedeu-se ao
cálculo da regressão linear de modo a medir o impacto das características do trabalho no
bem-estar na organização. Para tal, utilizou-se o método do mínimo dos quadrados,
através do qual obteu-se um coeficiente de determinação R2=0,456 (tabela 18), o que
significa que o bem-estar na organização é explicado em 45,6% pelas dimensões
Motivacional e Social. A dimensão Contextual foi excluída do nosso modelo, uma vez
que, através da análise ANOVA (tabela 17 e 19), esta dimensão apresentava um nível de
significância diferente de zero (p=0,747), o que significa que esta dimensão não é
estatisticamente significativa para incluir no modelo.
Tabela 16 - Coeficiente de determinação incluindo dimensão Contextual
Fonte: extraído de SPSS Statistics versão 21
Dimensão Bem_estar
Contextual ,267**
Motivacional ,698**
Social ,565**
Correlations
R R Square
Adjusted R
Square
Std. Error
of the
Estimate
1 ,675 ,456 ,444 ,28357
Model Summary
Model
Tese – Mestrado em Gestão de Serviços
25
Tabela 17 - Análise ANOVA incluindo dimensão Contextual
Fonte: extraído de SPSS Statistics versão 21
Tabela 18 - Coeficiente de determinação excluindo dimensão Contextual
Fonte: extraído de SPSS Statistics versão 21
Tabela 19 - Análise ANOVA excluindo dimensão Contextual
Fonte: extraído de SPSS Statistics versão 21
Neste sentido, o modelo construído é o seguinte:
Bem Estar= 1.393+0.328*Motivacional+0.220*Social
Tabela 20 - Modelo de medição do impacto do desenho do trabalho no bem-estar
Fonte: Elaboração própria
Standardized
Coefficients
B Std. Error Beta
(Constant) 1,370 ,200 6,842 ,000
Motivacional ,325 ,060 ,436 5,414 ,000
Contextual ,017 ,051 ,022 ,323 ,747
Social ,215 ,058 ,303 3,688 ,000
Coefficientsa
ModelUnstandardized
Coefficients
t Sig.
1
R R Square
Adjusted R
Square
Std. Error
of the
Estimate
1 ,675 ,456 ,448 ,28265
Model Summary
Model
Standardized
Coefficients
B Std. Error Beta
(Constant) 1,393 ,187 7,454 ,000
Motivacional ,328 ,059 ,439 5,527 ,000
Social ,220 ,057 ,309 3,888 ,000
Coefficientsa
ModelUnstandardized
Coefficients
t Sig.
1
Tese – Mestrado em Gestão de Serviços
26
Em suma, o bem-estar é influenciado por um valor constante de 1,393 e por 32,8% pelas
características da dimensão Motivacional e por 22% das características sociais. Isto
significa que o bem-estar dos colaboradores na organização é tanto maior quanto mais
presentes estiverem as características da dimensão Motivacional e da dimensão Social.
Tese – Mestrado em Gestão de Serviços
27
5 Discussão e Conclusões
O objetivo de estudo desta investigação foi iniciar a criação de um barómetro das
características do mercado de trabalho e analisar as que mais influenciam o bem-estar dos
empregados.
Através da análise dos dados, conclui-se que as características do desenho do trabalho
propostas por (Morgeson & Humphrey, 2006) são consideradas válidas, sendo aplicadas
à amostra recolhida, à exceção das características Complexidade da Função, que se
encontra inserida na dimensão Motivacional, e Exigências Físicas que se encontra
inserida na dimensão Contextual, pois apresentam um valor médio próximo de 2, que
segundo a escala aplicada corresponde a “Discordo”, o que significa que são aspetos
pouco presentes no trabalho dos indivíduos. Neste sentido, o desenho do trabalho (Job
design) pode ser caracterizado por três dimensões (Motivacional, Social e Contextual)
nas quais estão inseridas as características descritas na secção 2.2. As mais frequentes são
a Motivacional e Social, seguindo-se a Contextual. Na dimensão Motivacional, destacam-
se as características processamento da informação, variedade de tarefas e competências e
autonomia no planeamento do trabalho. Seguindo-se a dimensão Social, na qual se as
características apoio social e interação fora da organização. Na dimensão Contextual,
destaca-se a característica condições do trabalho.
No que diz respeito ao impacto no bem-estar dos colaboradores, conclui-se que as
características que definem o mercado de trabalho e que mais influenciam o bem-estar
dos empregados na organização são as inseridas nas dimensões Motivacional e Social,
conforme indica o modelo de regressão linear apresentado na secção anterior. A dimensão
Motivacional é composta pelas características do trabalho: autonomia; variedade da
função; nível de significância; identidade da função; feedback da chefia e da função; nível
de complexidade; processamento de informação, resolução de problemas; variedade de
competências e especialização. A dimensão Social é composta pelas características do
trabalho: interdependência; interação com o exterior da organização e feedback dos
outros. Este modelo vai ao encontro do modelo proposto por Warr (1987; 1994) - The
Vitamin Model” (VM) referido na secção 2.3., que considera que a presença de
Tese – Mestrado em Gestão de Serviços
28
determinadas características do trabalho, como autonomia, exigência da função,
variedade de competências, feedback e apoio social são positivas até uma certa extensão.
Outro modelo, que está em linha com este estudo é o de Van Horn et al. (2004), apesar
de dar mais enfase aos aspetos afetivos como proporcionadores de bem-estar, também
inclui características como liberdade de tomada de decisões (autonomia), variedade de
competências e relações sociais dentro da organização. Por último, o modelo “The Job
Demands–Control Model” (JDCM) desenvolvido por Robert Karasek (1979), também
refere que a existência de liberdade de decisão (ou autonomia) combinada com a
exigência do trabalho aumentam, o trabalho torna-se mais desafiante, proporcionando
oportunidades para aprender e desenvolver as próprias habilidades.
Relativamente à dimensão Contextual, que inclui características como condições do
trabalho, ergonomia, exigência física e uso de equipamento, apesar de ser considerada
como válida para caracterizar o desenho do trabalho não é estatisticamente significativa
para influenciar o bem-estar dos colaboradores na organização, tendo sida excluída do
modelo.
A principal limitação deste estudo prende-se com o número de respostas ao inquérito,
sendo, portanto, uma amostra pouco representativa do mercado de trabalho em Portugal.
Um maior número de respostas superior proporcionaria uma maior consistência nos dados
e nas análises estatísticas efetuadas. Seria também importante obter dados ao longo de
todo o país, uma vez que esta amostra foi recolhida essencialmente na região norte do
país.
Relativamente às contribuições para a gestão, este modelo definido na secção anterior
deveria ser aplicado pelas empresas no sentido de moldarem o desenho do trabalho de
acordo com as características que mais influenciam o bem-estar a fim de fomentar a
motivação e, de um certo modo, aumentar a produtividade dos colaboradores.
Além disso, este estudo realça também a importância da existência de algumas
características do trabalho como proporcionadores de bem-estar aos colaboradores.
Neste estudo, os dados foram tratados de forma global, sem análise por sexo, faixa etária,
grau de habilitações e/ou área de atuação, pelo que seria interessante comparar os dados
Tese – Mestrado em Gestão de Serviços
29
obtidos segundo estes critérios com os dados obtidos neste estudo, de modo a perceber se
estes critérios (sexo, faixa etária, grau de habilitações e/ou área de atuação) possuem (ou
não) influencia nas características do desenho do trabalho definidas neste estudo, bem
como nas que influenciam o bem-estar dos colaboradores nas organizações.
Tese – Mestrado em Gestão de Serviços
30
6 Bibliografia
Algera, J.A. (1989) Taakkenmerken [Task characteristics]. In P.J.D. Drenth, Ch.J. de
Wolff and Hk. Thierry (eds) Nieuw Handboek Arbeids- en Organisatiepychologie [New
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Anexos
Anexo 1 – Questionário sobre características do trabalho mais valorizadas no
mercado de trabalho e sua influência no bem-estar do colaborador com a
organização
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