Infecções Associadas aos Cuidados de Saúde
O enfoque nos custos indirectos
Prevenir e Combater as Infecções Associadas aos Cuidados de Saúde
Centro de Congressos HUC, Coimbra 25 de Setembro 2014
Manuel Lacerda Cabral
Assoc. Portuguesa de Administradores Hospitalares Hospital Beatriz Ângelo – Espírito Santo Saúde
A relevância das IACS
• Um dos grandes desafios actuais na Saúde – A par da cronicidade das doenças, novas
tecnologias e aumento da esperança média de vida;
• Elevado mediatismo – Casos isolados;
– Estatísticas alarmantes;
– Efeito cultural => qualidade percepcionada;
• Elevados custos – Margem para melhoria operacional
Corpo de evidência cada vez mais relevante
• Cuidados (quase) centrados no doente;
• Melhoria contínua da qualidade; – Segurança do doente;
– Outcomes;
• Conjuntura económica (muito) adversa;
Há necessidade de assegurar a custo-efectividade das
intervenções!
A investigação dos últimos 20
anos demonstrou de forma
consistente que:
• As IACS representam um grande
peso económico no sector da Saúde;
•A magnitude altera com o tipo de
infecção (site + agente);
MAS
• De um modo geral apresenta poucos
dados sobre custos
(confidencialidade!!!);
• Tende a focar-se apenas nos custos
do hospital.
O enfoque nos custos indirectos
No seu White Paper de 2007, a APIC apresenta os 3 mitos sobre IACS que influenciam as decisões dos gestores:
1. As IACS são o resultado “inevitável” de tratar uma população cada vez mais idosa e com maior carga de doença, com um forte recurso a técnicas invasivas;
2. O custo adicional associado a IACS acaba por ser compensado pela maior complexidade do GDH resultante, levando a um efeito líquido neutro ou até positivo em termos de financiamento;
3. O número de IACS na maioria das instituições não é significante, levando a que não existam grandes mais-valias a retirar do investimento em medidas de redução da infecção.
Terminologia
• Custos directos
Referentes à prestação de cuidados ao doente:
– Fixos: não variam com volume;
– Variáveis: variam com volume.
Fixos Variáveis
Pessoal Fármacos
Infra-estrutura Consumíveis
Tecnologia Alimentação
Licenciamentos MCDT’s
Terminologia (cont.)
• Custos “indirectos”
– Oportunidade: (várias definições!) valor da melhor utilização alternativa do recurso;
– Intangíveis: dificeís de estimar, mas reais, tudo o que não pode ser “resolvido com um cheque”;
– Sociedade: ainda mais difíceis de estimar, geralmente quantificados em outcomes (DALY’s, QALY’s)
Oportunidade Intangíveis Sociedade
Dia.Cama “perdido” Reputação da instituição Perda produtividade
Slots Bloco Moral das equipas Dor / Sofrimento
Como estimar custos directos?
• Identificar custos: – Encontrar artigos e serviços adicionais e atribuir-
lhes um preço! • Retrospectivo – o mais simples, mas limitado;
• Prospectivo – mais complexo, muito dependente da capacidade da organização recolher dados.
• Análise de Sensibilidade; Simulações; ABC; etc…
Envolver a direcção financeira é importante para este passo!
CUSTO DIÁRIO POR DOENTE!
Como estimar custos directos? (2)
• Qual o custo acrescido IACS Vs. “normal”? – Método “concorrente”
• Pessoal experiente na área estima os recursos adicionais utilizados;
• Complexidade reside em perceber o que é atribuível ao diagnóstico inicial e o que é motivado pela infecção… ou pelos dois!
– Método “comparativo”
• Comparamos o nível de recursos utilizado em doentes com e sem infecção;
• Complexidade reside na necessidade grandes amostras, e garantias de que estamos a comparar itens comparáveis (complexidade e gravidade);
• Necessidade de dominar ferramentas estatísticas (e de as saber explicar…) – correlação entre DM e IACS, expurgar?
Como estimar custos indirectos?
• Custos da Sociedade – durante e depois do internamento; – Impacto nos cuidados de saúde primários (transportes,
reabilitação); – Perdas de produtividade (e remuneração) do próprio e
cuidadores; – Perda de qualidade de vida… São muito importantes para os académicos, legisladores e
decisores políticos, MAS, pesam pouco nos decisores locais. Opção: focar em custos fora do sector hospitalar, mas no sector
da saúde…
Como estimar custos indirectos? (2)
• Custos Intangíveis – complexo, mas útil; – Num contexto de SNS suportado pelo estado, há que
assegurar retorno político do investimento!
– A reputação e credibilidade da instituição é essencial para uma boa relação médico-doente;
– Desmoralização leva a perdas de produtividade e de recursos.
Por uma questão de gestão de risco, o decisor local é sempre sensível a estas questões, mesmo que não seja
possível atribuír-lhes um custo preciso – é a sua imagem!
Como estimar custos indirectos? (3)
• Custos de oportunidade – pressupostos simples, fácil de explicar; – Dias.cama perdidos é o mais utilizado. Hospitais funcionam
no limite da capacidade, logo reduzir utilização por eliminação de IACS permite tratar mais doentes sem acréscimo de custos => aumento de proveitos (às vezes!)
– Desvio do pessoal de outras actividades (cirurgias, consultas, trabalho não assistencial) – produção adicional, consultorias.
Permitem dar uma noção real (e superior) do verdadeiro custo das IACS, melhorando os argumentos pelo investimento.
Investimento VS. Retorno
• Como assegurar o equilibrio entre investimento e redução de custos.
(Graves, 2004)
Assegurar o apoio
• Business case convincente – Pressupostos simples
são mais fáceis de compreender;
– Limitações de contratação devem ser exploradas;
• Apoio não financeiro – Mesmo não conseguindo
financiamento, não há porque “saír de mãos a abanar”
– Estudos comprovam que medidas simples têm elevado retorno
– Assegurar o apoio das lideranças para alterações comportamentais
Conclusões
• Suportar pedidos de investimento com dados de custos precisos é moroso e complexo.
• Focar nos grandes custos pode ser uma estratégia vencedora. • Os custos para a sociedade, ainda que significantes, não são (por norma)
tidos como relevantes numa tomada de decisão a nível local. • Os custos intangíveis, mesmo quando não estimados, devem ser
incorporados no business case. • Os custos de oportunidade devem ser estimados e incorporados na
proposta de valor. • A impossibilidade de contratar mais factores de produção torna mais
aliciante medidas que assegurem que os recursos existentes estão mais libertos.
• Negociar o apoio do topo numa segunda fase! Custo zero = elevado retorno!
• Riscos: – Garantir retorno! Análises bem estruturadas, que sejam precisas na proposta de valor;
– Acompanhar e avaliar os programas para dar confiança em novos investimentos.
OBRIGADO!
Questões: [email protected]
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