Introdução
Os erros mais comuns dos redatores
Até os experientes erram
Nunca pare de aprender
Tonalidade da escrita
Conclusão
Sobre o Escreva Para Web
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
03
05
07
11
13
16
17
INTRODUÇÃO 3
Se ninguém menos que o nosso poeta maior, Carlos Drummond de
Andrade, reclamava do próprio “instrumento de trabalho” ao confessar,
no belíssimo poema “Aula de Português” que a gramática o atropelava
e o aturdia, o que dizer de nós, pobres redatores web, aprendendo a
engatinhar no território minado das palavras? Pelo menos hoje contamos
com corretores ortográficos automáticos e a vastidão da web para nos
ajudar em meio à correria.
São tantas regras — e novas regras — que precisamos nos atentar que
fica difícil não cair, vez ou outra, em verdadeiras armadilhas gramaticais.
Ora é a concordância que não concorda com nada (muito menos com o
núcleo do sujeito), ora são as vírgulas que, inquietas, nunca ficam no lugar
que devem, caindo de paraquedas entre verbo e sujeito, complicando
tudo quanto é oração. E o que dizer do famigerado “porquê”? Por que,
porque, por quê ou porquê? Não há cola que resista à dúvida mais colossal
de todos os tempos!
Ao longo dessa maravilhosa experiência coletiva de escrita chamada
“Escreva para Web”, nós da Rock Content temos o prazer de lidar com os
INTRODUÇÃO 4
mais diversos perfis de redatores, sendo impactados com excelentes
artigos mas, ao mesmo tempo, detectando uma série de erros gramaticais
comuns à maioria. Boa parte deles estão descritos e explicados neste
e-book, que nada mais é do que um esforço colaborativo para ajudar
vocês, escritores da era do wi-fi, a escreverem ainda melhor.
Preparados?
OS ERROS MAIS COMUNS DOS REDATORESCapítulo 1
5
Já dizia o ditado que a pressa é inimiga da perfeição e, com os redatores,
não poderia ser diferente. Por mais que domine a escrita, cada redator
tem sempre o seu ponto fraco, aquelas dúvidas que fazem com que
ele corra para consultar o dicionário ou venha a desconfiar do corretor
ortográfico do Word. Você pode não acreditar, mas alguns dos erros mais
comuns dos melhores redatores envolvem justamente a pontuação,
como:
• Colocação de vírgulas — separam orações e vocativo, mas nunca o sujeito do verbo;
• Crase — usa-se antes de palavra feminina, nunca antes de verbo no infinitivo ou palavra masculina;
• Travessão no meio da frase — substitui as vírgulas para enfatizar uma oração;
OS ERROS MAIS COMUNS DOS REDATORESCapítulo 1
6
• Ponto final — finaliza uma sentença.
Essa confusão acontece porque, embora o redator web geralmente
apresente bom repertório, rico vocabulário e um pleno domínio
gramatical é a pontuação a maior responsável pela articulação das suas
ideias. Basicamente, é a pontuação que diz se, além de escrever bem,
você PENSA bem.
Um festival de vírgulas mal colocadas significa que você não intervalou
corretamente sua linha de pensamento. Já um parágrafo muito longo
— que implora por um ponto final — pode significar que você precisa
aprender a ser mais sucinto.
Portanto, uma boa dica para evitar todos esses erros é simplesmente
reler todo o texto. Não imediatamente após escrevê-lo, pois com a mente
sobrecarregada você não será capaz de identificá-los facilmente. Espere
alguns minutos e depois releia. Certamente vai enxergar uma vírgula fora
de lugar, um parágrafo que podia ser mais curto, uma crase inapropriada
antes de um verbo no infinitivo ou de uma palavra masculina. Não se
espante se tiver que reescrever e enxugar sentenças. Foi também
Drummond quem costumava dizer que “escrever é cortar palavras”.
Não se engane. O português é traiçoeiro mesmo. Quanto mais
achamos que o dominamos, mais surgem erros pequenos ou até
grosseiros para nos contestar. Algumas vezes, conseguimos detectá-los
numa simples revisão. Em outras, não tem jeito. Aquele errinho ortográfico
passa pelas mãos do redator, do revisor e acaba mesmo é publicado,
matando todo mundo de vergonha. Confira alguns erros que tiram o
sono dos redatores (e revisores):
“Dia a dia” ou “Dia-a-dia”?
O novo acordo ortográfico fez com que a hifenização se transformasse
no inferno do dia a dia do redator. Fato é que essa locução adverbial
adorada pelos redatores passou a ser grafada sem o hífen. Esqueceu?
Na dúvida, troque por “diariamente” que dá tudo certo.
“A partir” ou “Desde”?
Outro erro que mata de raiva qualquer revisor e ainda deixa o texto
sem sentido, como se estivesse de volta para o futuro. Portanto, deve-se
ATÉ OS EXPERIENTES ERRAMCapítulo 2
7
usar o “A partir” para ações que começaram a acontecer ou ainda vão
acontecer. Usa-se o “Desde” para ações que ainda estão acontecendo,
ou seja, já começaram e ainda não terminaram. Em suma: não existe “a
partir de ontem” e nem “desde hoje”.
“Este”ou “Esse”?
Errar pronome demonstrativo é algo tão comum na vida do redator
que já se tornou uma espécie de “rito de passagem”. Na escola,
aprendemos que “este” é quando nos referimos a um objeto que está
próximo e “esse”, para um que está longe. Até aí tudo bem. O problema
é quando transportamos a regrinha para a escrita. No texto, “este” é
usado quando ainda iremos nos referir ao objeto ou nos referimos no
exato momento, e “esse” quando já nos referimos a ele. Por exemplo:
“Este livro vai ajudá-lo” e “Li um livro outro dia. Esse livro me ajudou a
entender as coisas”.
Redundâncias
Em meio a tantos textos argumentativos é comum deixar escapar uma
ou outra expressão redundante que, aparentemente, tende a deixar
as frases mais “bonitas” e com aquela falsa cara de conteúdo. Saia fora
dessa!
Exemplos: “grande maioria”, “encarar de frente”, “manter o mesmo”, “repetir de novo”.
ATÉ OS EXPERIENTES ERRAMCapítulo 2
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Ter e vir
Que a palavra “voo” perdeu o acento circunflexo com o novo acordo
ortográfico é fácil decorar. Difícil mesmo é lembrar os verbos que não
trazem mais o acento. Chega de drama: basta saber que apenas as
variações dos verbos ter e vir continuam com o circunflexo. Exemplo:
“Eles têm fé”.
Concordância com o núcleo do sujeito
A falta de concordância dá ao leitor aquela sensação de que há algo
estranho com a frase, mas que não dá para saber bem o que é. O erro
de concordância entre verbo e o núcleo do sujeito é clássico e acontece
muito em função de textos feitos na base da correria.
Quanto maior a frase, mais riscos o redator tem de passar por cima
dessa regrinha. Exemplo de construção errada: “O setor industrial dos
países emergentes continuam experimentando um crescimento”.
Grafia dos porquês
A grafia do “Porque” é um caso sério na língua portuguesa. Afinal, são
quatro variações ortográficas com quatro diferentes sentidos para a
mesma palavra. Então vamos lá:
• Porquê — quando é substantivo, não se separa e tem acento:
“Gostaria de saber o verdadeiro porquê desta decisão”.
ATÉ OS EXPERIENTES ERRAMCapítulo 2
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• Por que — separado e sem acento significa preposição: “por qual razão”, “Por que você não a levou para a festa?”.
• Porque — junto e sem acento é uma conjunção causal ou explicativa, a depender da oração: “Porque ele não estava em casa, procurei pelo vizinho”.
• Por quê — separado e com circunflexo quando antecipa um ponto final, de exclamação ou de interrogação. “Não me levou à festa, por quê?”.
ATÉ OS EXPERIENTES ERRAMCapítulo 2
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NUNCA PARE DE APRENDERCapítulo 3
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Se você considera o português uma das línguas mais difíceis do mundo,
saiba que ele é considerado por linguistas “café pequeno” frente à
complexidade de idiomas como o árabe, mandarim e japonês. De
toda forma, a quantidade de exceções que superam a própria regra,
inúmeras regências, formas defectíveis do verbo e tantas conjugações
demandam estudo de uma vida inteira e são verdadeiros pesadelos para
estrangeiros que se aventuram a compreender nossa língua.
Mas, tanto para os gringos, quanto para nós a receita para adquirir
cada vez mais intimidade com a gramática é simples: praticar. Ler muito
e escrever ainda mais. O que não deve ser problema para quem está
sempre correndo contra o deadline para entregar os dezenas de textos
a tempo. Para que você consiga ampliar cada vez mais seu repertório
de conhecimentos linguísticos, produzindo textos com rapidez e
NUNCA PARE DE APRENDERCapítulo 3
12
eficiência, é preciso ter um estudo constante: gramáticas são lançadas e
relançadas frequentemente no mercado, então o ideal é você sempre se
atualizar com relação às mais recomendadas pelos especialistas.
Tenha em sua biblioteca particular ao menos um exemplar de gramática
normativa — que traz basicamente as normas gramaticais em estado puro
— e outro de gramática descritiva — que aborda o português segundo
suas inúmeras variações em função de gírias e regionalismos.
Outra dica valiosa é sempre dar uma checada nas bibliografias exigidas
para as provas de português em concursos públicos. Elas sempre pedem
versões atualizadas de gramáticas de autores que têm credibilidade no
panorama educacional, como Celso Cunha e Bechara.
TONALIDADE DA ESCRITACapítulo 4
13
A redação para a web é uma das mais democráticas que existe. Aqui,
não importa idade, formação ou especialização, desde que a escrita
tenha qualidade e atinja o objetivo principal, que é o de agradar ou
instruir o leitor internauta. Mas tanta liberdade exige em contrapartida
cuidado redobrado com o português, pois o redator web estará
escrevendo para um público cada dia menos tolerante para erros
primários que poderiam ser evitados.
Enquanto nos textos para jornais e revistas é preciso seguir uma série
de normas e técnicas jornalísticas como abrir com um lead (resumo
da notícia), utilizar manchetes para atrair a atenção dos leitores,
subtítulos para encadear a matéria, boxes para destacar assuntos
similares e, por fim, adotar uma linguagem formal dentro de um texto
dissertativo.
A escrita para a web deve ser a mais informal e fluída possível, sendo a única regra realmente válida a de nunca entediar o leitor.
TONALIDADE DA ESCRITACapítulo 4
14
Mas a informalidade tão apreciada pelos leitores de textos na web,
principalmente em se tratando de artigos de blogs, não justifica
descuido com a estrutura do artigo, muito menos deslizes na língua
portuguesa — perseguidos impiedosamente pelos revisores.
É preciso amadurecer a escrita para que ela atinja um grau de
informalidade espontâneo, como se você estivesse numa conversa
franca com o leitor. O genial Nelson Rodrigues — um adepto da
informalidade — certa vez retrucou assim as críticas sobre seu estilo:
“Meus diálogos são realmente pobres. Só eu sei o trabalho que me dá
empobrecê-los”.
Uma dica para sempre encontrar o tom necessário da escrita é, a
princípio, nunca tratar o leitor como um Homer Simpson. O tom austero,
doutrinário — e muitas vezes clichê — é tiro e queda para afastar um
leitor que certamente não clicou no seu artigo para ser chateado. Ponha-
se do lado do seu leitor e, dependendo da seriedade do assunto,
trave um diálogo amistoso e claro, conduzindo-o até que ele se dê
por satisfeito. Ao final, despeça-se com um conselho que só bons
amigos se dão. E não se espante se ele quiser encontrá-lo novamente
depois dessa experiência, no seu próximo post. Confira o exemplo
extraído da introdução de um texto aprovado pela equipe da Rock
Content:
• “Não é fácil resistir ao apelo diário da mídia para os lançamentos de carrões reestilizados com equipamentos ultramodernos. O assédio da indústria é tanto que, mal os consumidores saem da
TONALIDADE DA ESCRITACapítulo 4
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concessionária dirigindo um zero quilômetro e já estão pensando no próximo modelo que levarão para a garagem”.
• “A indústria automobilística não para de lançar novos modelos com equipamentos ultramodernos, o que incentiva os consumidores a trocarem cada vez mais de carro”.
E então, descobriu qual dos dois foi aprovado por nossa equipe de
qualidade? Qual das duas introduções mais te envolveu e qual delas, de
alguma forma, resvalou no óbvio ululante?
CONCLUSÃO16
Vamos chegando ao fim deste e-book esperando que, mais do que um
guia, ele sirva como estímulo para que você encontre o seu próprio
estilo de escrita, estudando, lendo e praticando no dia a dia (olha ele aí!)
o português correto.
Embora as regras sejam numerosas e as dúvidas infinitas, não há nada
— além do seu próprio esforço — que o impeça de escrever um texto
matador para a web, sendo referência para outros redatores, além de
bater recordes de acessos no Google Analytics. E não se esqueça: ao
longo de sua caminhada no mundo das letras, conte com o Escreva Para
Web! Em nosso site você pode consultar artigos super úteis de redatores
que estão no mesmo caminho que o seu, em busca de uma escrita
que faça diferença na vida dos leitores! Mãos à obra e boa sorte!
Somos mais uma iniciativa da Rock Content para criar e
divulgar conteúdo informativo de alta qualidade. O nosso
objetivo é tornar o mundo do webwriting acessível a todos
que, como nós, tem verdadeira paixão por ler e escrever.
O foco do blog é em webwriting, ensinando o que é,
quais são as técnicas mais poderosas para uma escrita
eficiente, tirando dúvidas e dando dicas exclusivas
diretamente dos melhores redatores web.
Além de afiar suas habilidades de escrita, no Escreva Para
Web você aprende sobre o trabalho de um redator web e
como se tornar um profissional de sucesso.
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