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Volume 06GEOGRAFIA
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2 Coleo Estudo
S
umrio-G
eogra
fia
Frente A
21 3 Regionalismo brasileiro: Norte
Autor: Eduardo Gonzaga
22 19 Regionalismo brasileiro: Nordeste Autor: Eduardo Gonzaga
23 35 Regionalismo brasileiro: Centro-Oeste Autor: Eduardo Gonzaga 24 47 Regionalismo brasileiro: Sudeste Autor: Eduardo Gonzaga
Frente B 11 63 Revoluo Verde, transgnicos e agronegcio Autor: Eduardo Gonzaga
12 75 Agricultura no Brasil: estrutura fundiriae reforma agrria Autor: Eduardo Gonzaga
Frente C 11 89 Focos de tenso: Oriente Mdio I Autor: Eduardo Gonzaga 12 103 Focos de tenso: Oriente Mdio II Autor: Eduardo Gonzaga
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FRENT
3Editora Bernoulli
MDULOGEOGRAFIA
CARACTERIZAOA regio Norte apresenta o maior conjunto de terras
de baixas altitudes do pas, a maior bacia hidrogrca domundo, a Bacia do Rio Amazonas, e a mais densa e extensarea orestal do globo, a Floresta Amaznica. O clima quentee mido e os rios extensos e caudalosos, drenando terras dealtitudes geralmente pouco elevadas, so aspectos naturaispresentes na regio.
O relevo predominantemente formado por plancies edepresses. a regio do Brasil onde a paisagem naturalmais interfere na ocupao do espao. Est localizada naregio geoeconmica da Amaznia, entre o Macio dasGuianas (ao norte), o Planalto Central (ao sul), a Cordilheirados Andes (a oeste) e o Oceano Atlntico (a nordeste).
Caractersticas geogrficas
rea 3 869 637 km(IBGE)
Populao (estimada) 15 865 678 hab. (IBGE / 2010)
Densidade 3,77 hab./km(IBGE / 2010)
PIB 5,2% do PIB nacional (IBGE / 2007)
PIB per capita R$ 10 216 (IBGE / 2008)
Expectativa de vida 71,92 anos (IBGE / 2008)
Nessa regio, esto localizados os dois maiores estadosdo Brasil, respectivamente, o Amazonas e o Par, alm doAcre, do Amap, de Rondnia, de Roraima e do Tocantins. tambm nessa regio que se observa o maior municpiodo mundo em rea territorial, Altamira, no Par, com161 445,9 km, maior que os estados de Alagoas, Sergipe,Rio de Janeiro e Esprito Santo juntos.
Mapa Poltico da regio Norte
Belm
Palmas
Macap
Manaus
Boa Vista
RioBranco
PortoVelho
-70 -60 -50
-10
0 Equador
DFGO
MT
PARAMAZONAS
RORAIMA AMAP
MA
TOCANTINS
ACRE
RONDNIA
GUIANAFRANCESASURINAME
GUIANA
VENEZUELA
COLMBIA
PERU
BOLVIA
0 300 km
OCEANOATLNTICO
Capitais
N
Fonte: IBGE
Amaznia LegalA Amaznia Legal consiste em uma rea que engloba
vrios estados brasileiros e que corresponde rea deatuao da extinta Superintendncia para Desenvolvimentoda Amaznia (Sudam). Foi instituda com o intuito defacilitar a administrao e a aplicao de programassocioeconmicos, alm de planejar o desenvolvimentosocial e econmico da regio amaznica, tendo comobase anlises estruturais e conjunturais da regio,
e reunindo reas com problemas econmicos, polticos esociais idnticos.
Atualmente, a rea de abrangncia da Amaznia Legalcorresponde totalidade dos estados do Acre, Amap,Amazonas, Mato Grosso, Par, Rondnia, Roraima, Tocantinse o oeste do estado do Maranho (a oeste do meridianode 44 de longitude oeste). Apresenta uma superfciede aproximadamente 5 217 423 km, cerca de 61%do territrio brasileiro.
Vale destacar que a regio apresenta diversasdenominaes, que so distintas. Portanto, os nomesAmaznia Internacional, Amaznia Legal e regio Norte noso sinnimos. Veja o mapa a seguir.
Amaznia
N
0 600 km
-70 -60 -50
-10
0 Equador
O
C
E
A
N
O
P
A
C
F
IC
O
OCEA NO A
TL
NT
IC
O
DF
GOMG
BA
PI
OL VIA
IANA
MT
TO
MT
TO
MT
PAAM
RR
MA
AC
RO
AP
PAAM
RR
MA
TOAC
RO
C L MBIA
AP
Amaznia Legal
Amaznia Internacional
Fonte: IBGE
Regionalismo brasileiro: Norte
21 A
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4 Coleo Estudo
ASPECTOS HUMANOS EECONMICOS
A regio Norte marcada por uma grande disparidadequanto concentrao populacional, como pode ser
evidenciado na comparao entre o nmero de habitantesdo Par e o de Roraima, por exemplo. O Norte corresponde regio de menor densidade demogrca do pas, ou seja, um dos espaos menos povoados do Brasil.
Possui o segundo menor grau de urbanizao do pas, 78%(IBGE / 2008), maior apenas do que a da regio Nordeste(72,4%), embora tenha sido uma das reas que mais seurbanizou nos ltimos anos. Atualmente, a populaonortista tem crescido mais que a mdia nacional e,na economia, tambm tem se constatado alguns avanos.De acordo com dados do IBGE, entre 2002 e 2007, o Norteobteve um crescimento de 33,4%. Grande parte dos estadosconstituintes da regio enfrentam problemas relativos falta
ou inecincia das redes de esgoto e at de gua tratada,o que acaba resultando em uma situao de risco sadedas populaes.
A economia regional tem crescido custa da constantedegradao ambiental, uma vez que os responsveis poresse avano tm sido a expanso da pecuria extensivae da agricultura em direo ao sul e ao leste da regio e,ainda, a intensicao das aes ilegais de madeireiros.Isso sem contar que a expanso econmica cria demandascada vez maiores pelo desenvolvimento de infraestruturas,o que acaba, muitas vezes, impactando o ambiente deforma negativa. At o fato de a produo de soja ter sidobem-sucedida na regio Centro-Oeste corrobora para a
abertura da fronteira agrcola em direo regio Norte,o que intensica, cada vez mais, os desmatamentos e, porconseguinte, a degradao ambiental.
Entre os estados da regio Norte, o Par o que possuia economia mais dinmica e diversicada, destacando-se acriao de gado bovino em So Flix do Xingu e a mineraoem Barcarena e Parauapebas, regio do Complexo de
Carajs. O estado tambm conta com algumas indstriasalimentcias, txteis, madeireiras e metalrgicas.
No estado do Amazonas, destaca-se a Zona Franca deManaus, que atraiu empresas pela iseno de impostosde importao de componentes para montagem de bensde consumo durveis, benefcio que deve durar at 2023.
Alm disso, o estado conta com a explorao petrolfera emterra, no municpio de Coari, e com uma importante reserva
de gs natural, em Urucu.
Em Rondnia, o setor que mais se destaca o agropecurio.Nos demais estados Acre, Amap, Roraima e Tocantins ,predomina o setor tercirio.
Para alguns pesquisadores, a regio Amaznica constituiuma riqueza que precisa ser preservada e que devepermanecer intacta; porm, o modelo capitalista no permiteque esse anseio seja realizado. Por esse motivo, um dosgrandes desaos da atualidade consiste justamente emconciliar povoamento, explorao econmica e conservaoambiental.
Perl da regio Norte
Participao dos estados no Produto Interno Brutoda regio Norte* (em %) 2007
Par37,1 Amap
4,5
Tocantins8,3
Rondnia11,2
Acre4,3Amazonas
31,5
Roraima3,1
* A regio Norte contribui com 5% do Produto Interno Bruto brasileiro.
Fonte: IBGE
Taxa de crescimento econmico dos estados(em %) 2007
5,2Rondnia
6,5Acre
4,5Amazonas
2,6Roraima
2,3Par
5,1Amap
4,7Tocantins
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Fonte: IBGE
Taxa de mortalidade infantil a cada mil nascidosvivos (taxa/ano)
45
50
40
35
30
25
37,940,9
44,1
35,032,3
30,028,2
26,6 25,8
1991
1993
1995
1997
1999
2001
2003
2005
2007
2008
24,2
20
Fonte: IBGE
Alfabetizao da populao residente acima de15 anos (em %) 2008
No alfabetizados10,7
Alfabetizados89,3
Fonte: IBGE
Frente A Mdulo 21
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PovoamentoA Amaznia, durante muito tempo, cou conhecida pelas
expedies que visavam a aprisionar ndios ou a buscar asdrogas do serto especiarias e plantas como castanha,
cravo, canela, baunilha, madeiras aromticas, guaran,
entre outras que eram vendidas Europa e rendiam algum
dinheiro aos exploradores.
A sua ocupao se deu de diversas maneiras ao longodo tempo. No sculo XVII, a instalao de uma forticaoportuguesa na foz do Rio Amazonas, o Forte Prespio, deuorigem cidade de Belm. No sculo XVIII, chegaram asmisses religiosas, que tinham o objetivo de catequizaros ndios, e vrias expedies militares, organizadas paradefender o territrio.
A explorao da borracha comeou no m do sculo XIX.Esse produto passou a ser muito usado na Europa e nosEstados Unidos, o que levou a uma grande procura e suavalorizao no mercado mundial. Por isso, a extrao do ltexdas seringueiras nativas na regio amaznica se intensicou.J no incio do sculo XX, centenas de imigrantes japonesesinstalaram-se em ncleos coloniais, principalmente no Par,
e introduziram a agricultura comercial da pimenta-do-reino.
Integrao regional
Economia rural
reas ou reservas ocupadaspelos indgenas
Extrao da borracha
Predominncia de criaode gado
Predominncia de lavoura
-70 -60 -50
-10
0 Equador
DF
GO MG
BAMT
PAAM
RR AP
MA
PI
TO
AC
RO
O
C
E
A
N
O
P
A
C
F
IC
O
OCEA NO A
TL
NT
I
C
O
BOLVIA
OLMBIA
VENEZUEL
UIANA
AP
0 600 km
N
Fonte: IBGE
Com a decadncia do ciclo da borracha, a populao daregio Norte praticamente se estabilizou. A partir de 1960,a integrao com o restante do pas comeou a se intensicarpor meio de medidas governamentais de carter econmicoe infraestrutural. Dentre elas, vale destacar:
A criao de rgos como a Superintendnciado Desenvolvimento da Amaznia (Sudam) e aSuperintendncia da Zona Franca de Manaus (Suframa).
O incentivo concretizao de projetos agropecurios,como forma de favorecer a expanso da fronteira dopas e, ainda, estimular a migrao para a regio.
O investimento na construo de grandes rodovias,como a Transamaznica (BR230), a CuiabPorto Velho(BR364), a CuiabSantarm (BR163), a PortoVelhoManaus (BR319) e, ainda, a BelmBraslia(BR010).
A instalao de projetos de explorao mineral, comoo Grande Carajs, iniciado na dcada de 1980.
A colonizao empreendida por meio de numerososprojetos do Instituto Nacional de Colonizao eReforma Agrria (Incra) e de projetos privados,poltica que durou at ns da dcada de 1970.
A criao e instalao de projetos militares, como oCalha Norte, que objetivavam controlar a fronteira
norte do pas, identificar riquezas minerais e,tambm, favorecer a ocupao de uma regio queconstitui um grande vazio populacional.
Contudo, o Estado, ao instituir essas medidas, no sepreocupou em atender aos interesses das comunidadeslocais, sobretudo das populaes indgenas, voltando-se,principalmente, ao atendimento dos interesses de expanso deatividades econmicas e de empresas oriundas do Centro-Sul.Surgiram na regio vrios conitos socioambientais, comoos que opem indgenas, fazendeiros, garimpeiros, grileirose posseiros, j que os objetivos e o modo de ocupaoterritorial variam conforme os diferentes interesses emquesto: desmatar ou no desmatar, represar ou no os rios,demarcar ou no demarcar as reservas indgenas.
Como exemplo dessa situao, podem-se citar inmerastenses, como a ocorrida em maio de 2007. Aps terembloqueado a Transamaznica, como forma de protesto paraobter mais verbas do Governo Federal, os habitantes daterra indgena Tenharim do Marmelo, no sul do Amazonas,cobraram pedgios de motoristas que trafegavam peloquilmetro 145 da rodovia se este fosse pago, o trfegona estrada era liberado.
AgriculturaNas ltimas dcadas, a atividade agropecuria tem
crescido bastante na regio Norte, principalmente aagricultura comercial monocultora e a pecuria extensiva.
Essas atividades, no entanto, ainda apresentam baixaprodutividade se comparada produo das regies maisdesenvolvidas do pas.
O cultivo de produtos voltados para a alimentaoocorre principalmente em propriedades de pequenoporte, com mo de obra familiar e tcnicas agrcolasconsideradas rudimentares, fato responsvel por uma menorprodutividade.
A pimenta-do-reino, por exemplo, cuja a produo estvoltada para os mercados nacional e internacional, umadas culturas nortistas mais tradicionais e foi introduzida naregio de Bragantina, entre Belm e Bragana (Par), nadcada de 1930, pelos imigrantes japoneses. A juta, plantadanas vrzeas dos rios, , assim como a pimenta-do-reino,
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Extrativismo mineral
Recursos minerais
0 300 km
OCEANOATLNTICO
N -70 -60 -50
-10
0Equador
DF
GO
MT
PARAMAZONAS
RORAIMA
AMAP
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TOCANTINS
ACRE
RONDNIA
GUIANAFRANCESA
SURINAMEGUIANA
VENEZUELA
COLMBIA
PERU
BOLVIA
Ferro Mangans Alumnio (Bauxita)
Ouro Estanho (Cassiterita)Diamante
Nquel
Cobre
Fonte:IBGE.Atlas Nacional do Brasil, 2000 (Adaptao).
A regio Norte rica em recursos minerais, sendo as duasprincipais reas produtoras a Serra dos Carajs onde a Valepossui os direitos de explorao e a Serra do Navio, noestado do Amap. A extrao mineral comeou a se destacarna regio Norte no m da dcada de 1950, intensicando-sea partir da dcada de 1970.
A explorao do mangans teve incio em 1957, quandofoi instalada na Serra do Navio uma empresa mineradora
multinacional e, com o objetivo de facilitar o transporte e aexportao do produto, foram construdos, perto de Macap,uma ferrovia e o porto de Santana. Quase todo o minrioproduzido no local exportado, principalmente, para aAmrica do Norte e para a Europa. Porm, na atualidade,suas reservas esto praticamente esgotadas.
No fim da dcada de 1960, na Serra dos Carajs no sudeste do Par , foi descoberta uma importante
jazida de ferro e, mais tarde, outras grandes reservas de cobre, mangans, bauxita, nquel, estanho e ouro foram identicadas nessa mesma regio. Para viabilizar aexplorao mineral na provncia mineralgica de Carajs,em 1979 foi lanado o Projeto Grande Carajs, que visavaao desenvolvimento de infraestruturas que facilitassem a
explorao e a exportao dos minrios da regio.
Esse projeto foi responsvel pela delimitao da reae pelo desenvolvimento de obras infraestruturais, incluindoa Usina Hidreltrica de Tucuru, a estrada de ferro Carajse o porto de Ponta da Madeira, localizado no porto doItaqui, na capital do estado do Maranho, So Lus.Alm dessas medidas, o Projeto Grande Carajs (PGC)buscou fomentar tambm o desenvolvimento de projetosagropecurios de extrao orestal, que visavam a promovero desenvolvimento da regio.
A bauxita, ou minrio de alumnio, outro importanterecurso mineral encontrado na regio. A energia necessriapara beneficiar esse minrio, para que ele possa ser
convertido em alumnio, oriunda da Usina Hidreltrica deTucuru. O municpio de Oriximin, no estado do Par, omaior produtor brasileiro de bauxita e conta com enormesreservas s margens do Rio Trombetas.
O ouro e o diamante de diversas reas da Amazniaso explorados pelo garimpo. Essa atividade atrai muitos
migrantes e costuma provocar grandes danos ao ambiente,como o desmatamento e a contaminao pela ao domercrio utilizado pelos garimpeiros para separar o ourodo cascalho retirado do fundo dos rios. Alm de contaminaros rios, essa atividade tambm prejudica a qualidade doar quando o amlgama (mistura do mercrio com o ouro) aquecido para separar os dois metais, o primeiro sublimae contamina a atmosfera , os mananciais, os peixes,os animais silvestres e, ainda, as comunidades locais quese alimentam desses animais. As pssimas condies detrabalho a que muitos garimpeiros so submetidos, somadas decincia de sistemas de sade locais, muitas vezesresultam em uma sobrevivncia precria das populaes.
No final do ano de 2006, foi descoberta, no sul do
Amazonas, uma grande reserva de ouro, o Garimpodo Juma, localizado s margens do rio de mesmo nome,que um dos auentes do Rio Madeira. De acordo comestudos realizados (2008) pelo Departamento Nacional deProduo Mineral (DNPM), esse garimpo contm a maiorreserva de ouro j identicada na Amaznia nos ltimos100 anos. Essa descoberta motivou migraes em direo rea e tem preocupado as autoridades das localidadesprximas, em funo do temor de surtos de malria e febreamarela (devido aos desmatamentos), bem como do aumentoda prostituio, do alcoolismo, entre outros.
Extrativismo vegetalA extrao vegetal, alm de ser uma atividade antiga, foi,durante muitos anos, a principal atividade econmica da
regio, empregando, ainda hoje, uma numerosa mo de obra.
A atividade extrativista na regio Norte aparece nosregistros histricos desde o sculo XVIII, a partir da buscapelas chamadas drogas do serto, mas foi somente nasegunda metade do sculo XIX que se observou um maiordesenvolvimento, com o incio do ciclo da borracha. Ataproximadamente 1920, a demanda crescente pela borrachanos pases mais desenvolvidos exigia o aumento de suaextrao na Amaznia, o que se vericou novamente napoca da Segunda Guerra Mundial.
Apesar de ainda ocorrer em diversas reas, principalmente
nos estados do Amazonas, Acre e Rondnia, o extrativismoda borracha j no contribui para a economia regionalcomo no passado, visto que a expanso das atividadesagropecurias foi responsvel, ao longo de todo o sculo XX,pela reduo das reas de seringais e, consequentemente,da produo do ltex. Hoje, essa atividade se concentra emreservas extrativistas.
Atualmente, a atividade madeireira se sobressai,isoladamente, na economia extrativa regional, fornecendocerca de 85% da madeira consumida no pas. Mesmo assim,ainda existe uma explorao de produtos orestais nomadeireiros de grande importncia para as populaes quehabitam os estados da regio Norte, destacando-se, almda borracha, a castanha e o palmito-aa.
Regionalismo brasileiro: Norte
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8 Coleo Estudo
IndstriaA regio Norte corresponde poro menos industrializada
do pas. At os anos 1960, essa regio estava atrelada aatividades que envolviam pouca tecnologia e, sobretudo,ligadas ao beneciamento dos produtos extrativos vegetais(borracha, castanha-do-par, madeira) e aos ramos
tradicionais de bens de consumo (alimentos, bebidas,vesturio). A partir dessa dcada, a regio viveu umcrescimento marcante, quando o governo passou a estimulara instalao de indstrias maquiladoras na Zona Franca deManaus, oferecendo incentivos scais.
De modo a integrar a Amaznia ao restante do territriobrasileiro, o Governo Federal adotou uma poltica queprevia a instalao de indstrias. Consequentemente,foram feitos grandes investimentos para que a indstriapudesse se desenvolver. Para isso se tornar possvel, foinecessrio o desenvolvimento de infraestruturas, ou seja, foipreciso melhorar o abastecimento de energia, o sistema detransportes e de comunicaes, os portos e os aeroportos, etc.
Alm disso, como forma de atrair investimentos de outraspartes do pas sobretudo do Sudeste , o governo passoua fornecer uma srie de incentivos scais que se traduziramna iseno de impostos e na doao de terrenos para asindstrias nacionais que l desejassem se instalar.
Dessa forma, ocorreu a primeira experincia deindustrializao da regio, por meio da criao da ZonaFranca de Manaus, a partir de 1967, que corresponde auma rea com iseno de impostos de importao paraos componentes dos produtos cuja montagem ocorra emManaus. Nessa rea, esto instaladas mais de quinhentasempresas, e trezentas so consideradas de grande porte. Emsua maioria, so indstrias maquiladoras, ou seja, aquelasque apenas montam produtos obtidos com tecnologia
estrangeira, como televisores, telefones celulares, aparelhosde DVD, aparelhos de som, computadores, motocicletas eoutros similares.
Desde a dcada de 1980, tem ocorrido uma diminuiogradativa dos incentivos scais que a Zona Franca possuano perodo de sua implementao, a qual se deve, entreoutros motivos, por contestaes de alguns estadosbrasileiros, como So Paulo, s vantagens scais oferecidasao Amazonas.
Na poro oriental da regio Norte, o desenvolvimentoindustrial ocorreu devido prospeco mineral na Serrados Carajs e de Oriximin. A disponibilidade de energia,em razo da presena da Usina Hidreltrica de Tucuru,e a instalao do complexo metalrgico do alumnionas proximidades de Belm foram fatores que tambmcorroboraram para a mudana no panorama da regio.
Desde a implementao do Complexo de Carajs,na dcada de 1980, todo o minrio extrado na regio eraexportado praticamente em estado bruto, o que no agregavavalor ao produto e tambm acabava no fomentando odesenvolvimento de outras atividades econmicas na regio.Ento, no nal dessa dcada, estimulou-se a transfernciade usinas de ferro-gusa do Sudeste, especialmente mineiras,para a rea em torno da estrada de ferro Carajs-Itaqui.
Apesar disso, no ocorreu um desenvolvimento industrialsignicativo na regio de Carajs, o que levou o governo aincentivar tambm a instalao de indstrias de madeira.
EnergiaA regio Norte foi responsvel, no ano de 2007, por cerca
de 7% do consumo de energia eltrica de todo o pas,segundo dados do Operador Nacional do Sistema Eltrico.Essa baixa taxa de consumo reete, na verdade, algumascaractersticas do espao regional que, historicamente,
limitaram a oferta de energia se comparada de outrasregies do pas , tais como a baixa densidade demogrcae a pequena gerao de renda, aliadas s caractersticasnaturais do espao geogrfico. Estas, por sinal,comprometeram a extenso das redes de transmisso ede distribuio de energia, mas transformaram o Nortena regio com maior potencial para aproveitamentoshidreltricos do pas. No entanto, apesar de essa regiopossuir a bacia hidrogrca detentora do maior potencial degerao de energia hidreltrica do pas (superior potncia
j instalada no Brasil), o aproveitamento da regio ainda baixo, estando em operao atualmente apenas seisusinas hidreltricas: Balbina (AM), Samuel (RO), CoaracyNunes (AP), Curu-Una (PA), Tucuru (PA) a maior usinahidreltrica 100% nacional e Lajeado (TO).
Destacam-se trs caractersticas geogrficas quecomprometem a ampliao da oferta de energia da regioNorte: topograa plana, baixa densidade demogrca eelevada taxa de populao rural. Formada principalmentepor rios de plancie, a opo pela construo de usinashidreltricas normalmente acarreta mais prejuzos quebenefcios. Como evidncia disso, tem-se o caso daUsina Hidreltrica de Balbina, que cou conhecida como
a vergonha nacional. Localizada no Rio Uatum (AM),a usina entrou em operao parcial no ano de 1988 e athoje apontada como um erro histrico por cientistas egestores, devido baixa gerao de energia em relao rea alagada.
No bastasse isso, o lago formado pela represa da usina responsvel pela liberao de gs metano em nveissuperiores aos de uma usina trmica de mesmo potencialenergtico, contribuindo, assim, para a emisso de gases deefeito estufa, causadores do aquecimento global.
A baixa densidade demogrca, associada elevadataxa de populao rural, diculta a ampliao das linhas detransmisso de energia na regio, principalmente na rea daFloresta Amaznica. Isso colaborou para que a regio tivesse,em 2000, de acordo com o Censo, 503 319 domiclios ruraisno conectados rede de eletricao rural. O atendimento demanda dessas populaes normalmente feito por meiodo uso de geradores movidos a diesel (comprados pelosprprios moradores ou fornecidos pelo poder pblico).
Outra fonte energtica importante que deve serconsiderada na regio a oriunda de usinas termeltricas.As usinas abastecidas por leo diesel tm por objetivoprincipal atender aos sistemas isolados que ainda no soconectados ao Sistema Interligado Nacional (SIN), redecomposta por linhas de transmisso e usinas que operamde forma integrada e que abrangem a maior parte doterritrio do pas. Os maiores sistemas isolados so os doAcre, Rondnia, Manaus e Macap.
No Amazonas, tem-se investido na produo de gs naturalem Urucu, municpio situado na Bacia do Rio Solimes.Busca-se, com isso, substituir a mdio prazo o leo dieselutilizado nas termeltricas por gs natural.
Frente A Mdulo 21
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TransportesO transporte uvial constitui um dos principais meios
de circulao de pessoas e de cargas na regio e possuigrande importncia para Manaus e para outras localidades,em funo do volume de produtos transportados por essescursos e pela pssima conservao das vias terrestres, como
o caso da Rodovia ManausPorto Velho (BR-319). Assim, importante que os governos dos estados que fazem parteda regio Norte invistam na melhoria da infraestrutura deestradas responsveis pela conexo com outras cidades
ou mesmo com pases vizinhos. As principais rodovias quecortam a regio so as de BelmBraslia e CuiabPortoVelhoRio Branco e, ainda, a que liga Manaus a Boa Vistae, a partir da, permite o acesso ao Caribe, passando pela
Venezuela.
Com previso de concluso para 2011, est sendoconstruda a Transocenica, que ser uma via de circulaode mercadorias e pessoas entre o Brasil e o Oceano Pacco.Com extenso de 2 600 km, liga a capital do Acre (Rio
Branco) aos portos peruanos de Ilo, Matarani e San Juan deMarcona. A poro brasileira da rodovia, com uma extensode 344 km, foi terminada em 2002, porm falta concluiro trecho mais longo e difcil. Nesse sentido, as principaisdiculdades remetem aos obstculos presentes na regio dosAndes, tais como altitudes que ultrapassam os 4 000 metros,presena de pontes estreitas, que dicultam a chegadade materiais e maquinrio aos canteiros de obras,vulnerabilidade no perodo de chuvas (que ocorrem duranteoito meses na regio) e grande oscilao de temperaturadurante os meses de inverno.
Rodovia Transocenica
AM
RR
PA
AC
RO
MT
P E R U
EQUADOR
Trecho concludo da rodoviaTrecho em construo
Portos
R A S I L
COLMBIA
VENEZUELA
O
C
E
A
N
O
P
A
C
F
IC
O
0 300 km
N 70 60
10
0quador
San Juande Marcona
Matarani Ilo
Azngaro
Pte. Inambari
Urcos
Iapari
Assis Brasil
Rio Branco
TERRA, Lygia. et al. Conexes: estudo de geografia geral e doBrasil. So Paulo: Moderna, 2008.
H aeroportos nos municpios mais dinamizados da
regio, e os voos internacionais so recebidos pelos
aeroportos Val-de-Cans (Belm) e Eduardo Gomes (Manaus).Este ltimo, de acordo com dados da Empresa Brasileira deInfraestrutura Aeroporturia (Infraero), ocupa o terceirolugar em movimentao de cargas no Brasil.
Em relao ao transporte uvial, os cursos de maiornavegao so os rios Amazonas e Madeira. A hidroviaconstruda neste ltimo teve como principal objetivo a
reduo do custo do escoamento da soja produzida no nortedo Mato Grosso e no estado de Rondnia, o que tornou oproduto mais competitivo no mercado externo. Est aindaem fase de construo a hidrovia Tocantins-Araguaia, queconstituir um grande corredor de ligao entre as regiesbrasileiras.
Assim como em outras regies do pas, h muitos portos
na regio Norte que ainda so bastante decientes eminfraestrutura, alm de serem muito burocrticos, o quetorna o sistema logstico moroso e, por conseguinte, menos
eciente e causador de prejuzos.
O transporte de passageiros por via fluvial tambmenfrenta problemas em funo da pssima conservao dasembarcaes, da pouca scalizao por parte dos rgoscompetentes e, principalmente, da superlotao dos barcos.
Quanto ao modal ferrovirio, as duas ferrovias maisimportantes situadas na regio Norte so as estradas de ferroCarajs e do Amap. A primeira comea em Marab (PA)e termina em So Lus (MA), cidade pertencente regioNordeste. Essa via responsvel pelo escoamento derecursos minerais extrados no complexo dos Carajs at oporto de Itaqui, no Maranho. J a segunda est situada no
Amap e transporta mangans e nquel extrados na Serrado Navio at o porto de Santana, situado na capital Macap.
TurismoA distncia da regio Norte em relao s outras regies
brasileiras diculta, de certo modo, o desenvolvimentoda atividade turstica, j que, em algumas localidades,s possvel chegar por meio de barcos ou avies. Dessaforma, o custo dos pacotes tursticos ou mesmo de outrasmodalidades de viagens para o Norte se torna alto, com
valores, muitas vezes, mais elevados que os de uma viagemao exterior.
Porm, no h como ignorar o enorme potencial tursticoda regio. A Floresta Amaznica, os casarios erguidosdurante o auge do ciclo da borracha e o Festival Folclricode Parintins (AM) so apenas alguns dos muitos atrativos.
O ecoturismo e o turismo de aventura so as modalidadesque atraem grande nmero de turistas para a regio.O Parque Nacional do Ja um bom exemplo devalorizao e cuidado com o ambiente, j que neleh um controle do nmero dirio de visitantes, com
o intuito de respeitar e proteger o espao do Parque,o que representa uma importante ao no sentido decompreender a necessidade de se respeitar a capacidade
que cada ambiente possui e, por conseguinte, proteg-lo.
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10 Coleo Estudo
As construes que remontam ao ciclo da borracha atraemturistas a Belm e a Manaus, e os resorts e hotis construdosna oresta comeam a ser edicados no somente no estadodo Amazonas, mas tambm no Acre e em Rondnia.
Contudo, a pobreza de muitas reas constitui um
estmulo explorao de jovens, que so oferecidos(as)
aos turistas como um atrativo parte. De acordo compesquisas concludas em 2002 e realizadas pela OrganizaoInternacional do Trabalho (OIT) e pelo Ministrio da Justia,a regio Norte representa uma das principais rotas do
turismo sexual e do trco de mulheres.
PopulaoApesar de apresentar baixa densidade demogrfica,
a regio Norte mostrou uma das maiores expanses
populacionais do pas nas ltimas quatro dcadas, passandode aproximadamente 2,6 milhes de habitantes, na dcadade 1960, para os atuais 15,4 milhes de habitantes, segundoestimativa do IBGE (2009).
A descoberta de minrios, a instalao de garimpos,a derrubada de grandes extenses da floresta para oestabelecimento de projetos agropecurios e para a
construo de rodovias so os responsveis por esse quadro.Tambm foram importantes os projetos governamentais parao povoamento e para a colonizao.
Observe no grco o crescimento populacional da regioNorte nas ltimas dcadas.
Populao total*
10 400
11 400
12 400
13 400
Milhesdehabitantes
9 400
8 400
7 400
6 400
5 400
4 400
3 400
2 400
1 400
1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000
*Em 1990, no houve recenseamantoFonte:IBGE. Censo Demogrfico, 2000.
A extenso territorial da regio grande, e a densidadedemogrca a mais baixa do Brasil. Alm disso, pode-seobservar no mapa a seguir que a populao estdistribuda de forma muito irregular pelo espao regional.Ncleos populacionais concentram-se s margens dos rios,e muitas cidades e povoados mantm as caractersticasiniciais do processo de ocupao. Apesar de ser maispopulosa que a regio Centro-Oeste, a regio Nortepossui densidade demogrfica menor, com cerca de3,77 hab./km2(IBGE / 2010), fato atribudo sua grandeextenso territorial.
Densidade demogrca
0 300 km
NOCEANO
ATLNTICO
GUIANAFRANCESA
SURINAME
GUIANA
VENEZUELA
COLMBIA
PERU
BOLVIA
Habitantes por km2
menos de 1 25 a 100
1 a 10 mais de 100
10 a 25 Capitais
Palmas
Macap
Manaus
Boa Vista
Rio BrancoPorto Velho
-70 -60 -50
-10
0 Equador
DFGO
MT
PARAMAZONAS
RORAIMA AMAP
MA
TOCANTINS
ACRE
RONDNIA
Belm
Fonte: IBGE. Contagem de Populao, 2000 (Adaptao).
Somente duas cidades da regio Norte apresentampopulao superior a um milho de habitantes: Belm,uma das metrpoles regionais brasileiras, e Manaus, quedeve grande parte de seu recente crescimento demogrco Zona Franca l instalada.
At os anos 1970, a maior parte da populao moravana zona rural. A partir de ento, a situao inverteu-se.No entanto, isso no acontece em todos os estados daregio. Em algumas reas, a maioria da populao vive nazona rural e, em outras, a populao vive em reas bastanteurbanizadas.
REGIO NORTE: OUTROSPROJETOS
Projeto Calha NortePor possuir uma extenso muito grande, a proteo das
fronteiras do Brasil, na regio Amaznica, sempre foi umapreocupao do governo. O Projeto Calha Norte foi idealizadodurante o Governo Sarney e previa a ocupao militar deuma faixa do territrio nacional situado ao norte da calhado Rio Solimes e do Rio Amazonas.
Fortalecer a presena nacional ao longo da fronteiraamaznica, tida como ponto vulnervel do territrio brasileiro,foi o argumento usado para a implementao desse projeto.Ao mesmo tempo que previa o aumento da presena doEstado na fronteira, o projeto apontava a necessidade dodesenvolvimento socioeconmico dessa rea, inclusive como estmulo migrao.
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O Calha Norte foi implantado ao longo de 6,5 milquilmetros de fronteiras internacionais, em uma faixa de,aproximadamente, 160 quilmetros de largura ao longoda fronteira do Brasil com a Guiana Francesa, o Suriname,a Guiana, a Venezuela e a Colmbia. O projeto envolve194 municpios dos estados do Amazonas, Par, Amap,Roraima, Acre e Rondnia os dois ltimos passaram a
integrar o projeto a partir de 2007. A regio habitada porquase 2 milhes de pessoas e ocupa 1,2 milho de km,o que corresponde a um quarto da Amaznia Legal e a quase15% da rea total do pas.
Sistema de Vigilncia daAmaznia (Sivam)
O Sivam uma rede de coleta e de processamentode informaes. Esse projeto comeou a ser implantadoem 1994 com o objetivo de monitorar uma rea de5,2 milhes de km2(cerca de 60% do territrio nacional),e foi inaugurado em 2002. um grande empreendimento,composto de satlites, radares, avies, estaes de recepode imagens e mais de 200 plataformas de coletas de dados,e que gera cerca de 2 000 empregos diretos.
Esse sistema representou um investimento deUS$ 1,4 bilho e permite o controle do espao areoamaznico, possibilitando uma scalizao mais eciente deatividades predatrias (desmatamento, queimada e garimpo).Alm disso, monitora as fronteiras e o combate ao narcotrco.
N
Centros regionais de controle da informao
Radares fixos
0 600 km
-70-60 -50
-10
0 Equador
DF
GO MG
BAMT
PI
OCEA NO A
TL
NT
IC
O
BOLVIA
PERU
COLMBIA VENEZUELA
GUIANA
SURINAMEGUIANA
FRANCESA
Belm
Macap
Manaus
RioBranco
PAAM
RR
TO
AC
RO
So Lus
MA
Braslia
Santarm
Carajs
Conceio doAraguaia
AltaFloresta
Vilhena
Cruzeirodo Sul
So Gabrielda Cachoeira
Jacareacanga
Tef
CINDACTA I
APBoa Vista
PortoVelho
Fonte:IBGE
A polmica em torno da construo da Usina de Belo Monte na
Bacia do Rio Xingu, em sua parte paraense, j dura mais de 20
anos. Entre muitas idas e vindas, a Hidreltrica de Belo Monte,
hoje considerada a maior obra do Programa de Acelerao do
Crescimento (PAC), do Governo Federal, vem sendo alvo de
intensos debates na regio, desde 2009, quando foi apresentado
o novo Estudo de Impacto Ambiental (EIA), intensif icando-se a
partir de fevereiro de 2010, quando o MMA concedeu a licena
ambiental prvia para sua construo.Os movimentos sociais e as lideranas indgenas da regio
so contrrios obra porque consideram que os impactos
socioambientais no esto suficientemente dimensionados.
Em outubro de 2009, por exemplo, um painel de especialistas
debruou-se sobre o EIA e questionou os estudos e a viabilidade
do empreendimento. Um ms antes, em setembro, diversas
audincias pblicas haviam sido realizadas sob uma saraivada de
crticas, especialmente do Ministrio Pblico Estadual, seguido
pelos movimentos sociais, que apontavam problemas na forma
de realizao do projeto.
A construo das Usinas Hidreltricas de Tucuru (PA) e Balbina
(AM), as ltimas construdas na Amaznia, nas dcadas de 1970
e 1980, so exemplos que servem para ilustrar a preocupao
dos grupos que se opem obra. Desalojaram comunidades,
inundaram enormes extenses de terra e destruram a fauna e
ora daquelas regies. Balbina, a 146 quilmetros de Manaus,
signicou a inundao da reserva indgena Waimiri-Atroari, a
mortandade de peixes, a escassez de alimentos e a fome para
as populaes locais. A contrapartida, que era o abastecimento
de energia eltrica da populao local, no foi cumprida.O desastre foi tal que, em 1989, o Instituto Nacional de Pesquisas da
Amaznia (Inpa), depois de analisar a situao do Rio Uatum, onde
a hidreltrica fora construda, concluiu a sua morte biolgica. Em
Tucuru no foi muito diferente. Quase dez mil famlias caram sem
suas terras, entre indgenas e ribeirinhos. Diante desse quadro, em
relao a Belo Monte, preciso questionar a relao custo-benefcio
da obra, o destino da energia a ser produzida e a inexistncia de uma
poltica energtica para o pas que privilegie energias alternativas,
alm de se promover uma discusso junto sociedade.
Disponvel:.
Acesso em: 30 abr. 2011.
LEITURA COMPLEMENTAR
Texto IA polmica da Usina de Belo Monte
Abril 2010
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12 Coleo Estudo
Texto II
Aqufero na Amaznia pode ser o maior do mundo, dizem gelogos
Glauco Arajo
Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Par (UFPA) apresentou em maio de 2010 um estudo, que aponta o AquferoAlter do Cho como o de maior volume de gua potvel do mundo. A reserva subterrnea est localizada sob os estados do Amazonas,
Par e Amap e tem volume de 86 mil km de gua doce. Um novo levantamento de campo deve ser feito na regio para avaliar a
possibilidade de o aqufero ser ainda maior do que o calculado inicialmente pelos gelogos.
Em termos comparativos, a reserva Alter do Cho tem quase o dobro do volume da gua potvel do Aqufero Guarani - com 45 mil
km de volume -, at ento considerado o maior do pas e que passa tambm por Argentina, Paraguai e Uruguai. Os estudos que temos
so preliminares, mas h indicativos sucientes para dizer que se trata do maior aqufero do mundo, j que est sob a maior bacia
hidrogrca do mundo, que a do Amazonas / Solimes. O que nos resta agora convencer toda a cadeia cientca do que estamos
falando, disse Milton Matta, gelogo da UFPA.
O Aqufero Alter do Cho deve ter o nome mudado por ser homnimo de um dos principais pontos tursticos do Par, o que costuma
provocar enganos sobre a localizao da reserva de gua. Estamos propondo que passe a se chamar Aqufero Grande Amaznia e assim
teria uma visibilidade comercial mais interessante, ressalta Milton Matta.
Disponvel em: . Acesso em: 12 mar. 2011.
RR
No caso do Aqufero Guarani, sua
grande extenso superficial ultrapassa
a fronteira brasileira, chegando aoutros pases. A gesto do Aqufero
Alter do Cho ser facilitada porque
exclusivamente nacional, pertencendo
aos estados do Par, Amazonas e Amap.
COLMBIA
EQUADOR
PERU
CHILE
BOLVIA
ARGENTINA
URUGUAI
PARAGUAI
VENEZUELA GUIANA
SURINAME
GUIANAFRANCESA
AM
PA
MT
RO
AC
MS
GO
TO
DF
BA
PI
CE RN
AL
PB
SE
ES
MG
SP RJ
PE
AP
MA
SC
PR
RS
Aqufero Alter do ChoAqufero Alter do Cho
Aqufero GuaraniAqufero Guarani
Veja onde esto os aquferos Guarani e Alter do Cho
Dados preliminares apontamque o Aqufero Alter do Cho
possui um volume de guasuperior a 86 mil km3.
A capacidade do Aqufero Guaranigira em torno de 45 mil km3.
OCEANOPACFICO
OCEANOATLNTICO
Fonte:Faculdade de Geologia / Instituto de Geocincias da Universidade Federal do Par.
Frente A Mdulo 21
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EXERCCIOS DE FIXAO
01. (USP2009) Leia com ateno:[] a Amaznia se destaca pela extraordinriacontinuidade de suas orestas, pela ordem de grandeza
de sua principal rede hidrogrca e pelas sutis variaes
de seus ecossistemas, em nvel regional e de altitude.Trata-se de um gigantesco domnio de terras baixasorestadas, disposto em anteatro []
ABSBER, Aziz. Os Domnios de Natureza no Brasil, p. 65.
Esse trecho se refere ao domnio morfoclimticoamaznico. Considerando a classificao dominante
(e atual) do relevo brasileiro, CORRETOdizer que
A) a Amaznia um imenso segmento territorial de
plancies rebaixadas, produto de deposio desedimentos.
B) embora apresente terras baixas, a Amaznia constituda de planaltos na sua maior extenso,
e apenas alguns pontos so realmente plancies.
C) h presena dominante de plancies, com pequenossegmentos de depresses nas margens dos
maiores rios.
D) planaltos, depresses e plancies, formaes deorigens diferentes, equivalem-se em extenso,
e esto, mais ou menos, na mesma faixa de altitude.
E) predominam as depresses, com a presena de
plancies descontnuas no sul e ao longo da calha do
Rio Amazonas, e uma formao planltica ao norte.
02. (Unicamp-SP2009) As guras seguintes representamduas concepes geopolticas de ocupao da Amaznia
brasileira no perodo militar. Responda s perguntas.
1970Eixos de desenvolvimento
Estradas planejadase / ou construdas
reas onde terrasdevolutas seroincorporadas aoGoverno Federal
1980
Programa Carajs
Programa Grande Carajs
Programa Ferro Carajs
BECKER, Bertha; EGLER, Cludio. Brasil:uma potnciaregional na economia-mundo. Rio de Janeiro:
Bertrand Brasil, 1994. p. 152 (Adaptao).
A) Quais as principais diferenas entre os eixos dedesenvolvimento de 1970 e o Projeto Calha Norte?
B) Que razes explicariam o Programa Grande Carajs?
Texto III
Entenda tudo sobre a questo da Reserva
Raposa Serra do Sol
PA
AM
RR AP
OCEANOATLNTICO
Raposa Serra do Sol
Boa Vista (Capital)
1 000 km
0 200 km
0
N
H mais de 20 anos, a maioria dos ndios de Roraima luta
pela homologao da Raposa Serra do Sol em rea contnua
(1,67 milho de hectares), e no em ilhas, como querem os
agricultores que invadiram as terras na dcada de 1990 e
que atualmente contam com o apoio de uma parte dos povos
indgenas que ali habitam. Acrescente a isso a existncia do
municpio de Uiramut, criado em 1996, e cuja sede est na
terra indgena, constituindo outro obstculo homologao
Sua homologao em rea contnua, determinada pela
Portaria 820, de 1998, seria o ltimo passo de um processode criao de reserva indgena, que comea com estudos de
identicao e delimitao do territrio, seguido das etapas de
declarao, demarcao, homologao e registro.
A Reserva Raposa Serra do Sol, ltima grande terra indgena
da Amaznia espera de reconhecimento, est preparada
para homologao desde a edio da Portaria 820/98. Com a
homologao, os invasores tm de ser retirados.
Esses so interesses dos que desejam a homologao
fracionada. Ou seja, que sejam excludas da terra indgena as
reas produtivas, as estradas, as vilas, as sedes municipais e
reas de expanso. Todo esse territrio, somado, representa
uma extenso de 600 mil hectares.
O exrcito ainda questiona reservas indgenas na fronteira
do Brasil com outros pases, o que dicultaria sua vigilncia,
facilitando inuncias estrangeiras e criando problemas de
soberania nacional.
No incio de maro, a ONU (Organizao das Naes Unidas)
acusou o Brasil de ter ignorado nos ltimos 12 meses todos os
pedidos de esclarecimento feitos pela entidade sobre direitos
dos indgenas, em resposta ao pedido de ajuda enviado pelos
indgenas da Raposa Serra do Sol.
Disponvel em: .Acesso em: 30 abr. 2011.
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03. (UFRJ2008) Atualmente, 20% da rea da Amazniabrasileira esto ocialmente protegidos por unidades deconservao (parques nacionais, orestas nacionais, reservasbiolgicas, reservas extrativistas, etc.), o que corresponde acerca de um milho de km2. Mesmo com o monitoramentopor imagens de satlite da regio (Sivam), a proteo efetivadessas reas ainda enfrenta inmeros desaos.
Amrica do Sul
Unidade de ConservaoEstadual
Unidade de ConservaoFederal
0 110 220 330 440 550 k m
Hidrografia principal
Estados
Bioma Amaznia
Estados fora da Amaznia
PERUBOLVIA
COLMBIA GUIANA
Pases de fronteira
Oceanos
SURINAME
GUIANAFRANCESA
VENEZUELA
OCEANOATLNTICO
AM
ROMT
TO
PA
RR AP
AC
AM
ROMT
TO
PA
RR AP
AC
MAMA
A) INDIQUE dois elementos, associados ocupaoda Regio Amaznica, que ameaam as unidades deconservao.
B) EXPLIQUEpor que a scalizao das unidades deconservao mais difcil na Amaznia do que emoutras regies do pas.
04. (UNIFESP2009) A Amaznia brasileira possui atributosfsicos que a individualizam no territrio brasileiro e atornam atraente a investimentos externos.
A) APONTEe DESCREVAas caractersticas fsicas quea tornam um importante reservatrio hdrico.
B) APONTEe COMENTEdois usos da gua na Amazniacontempornea relacionados ao capital internacional.
05. (UFC2009) A organizao do espao geogrfico daAmaznia no sculo XX reete uma histria de violncia,conitos e lutas. Sobre os processos que se desenvolveramnesse perodo na regio, CORRETOarmar que
A) a participao de grupos transnacionais com pesquisas
na Amaznia est relacionada ao processo deinternacionalizao da regio.
B) o Banco da Amaznia e a Sudam impediram aAmaznia Legal de ser transformada em cenrio deinvestimentos com recursos privados.
C) a distribuio de terras para trabalhadores ruraisna regio foi acompanhada da implantao deinfraestrutura de servios, como hospitais e escolas.
D) os projetos econmicos implantados na regioasseguraram s populaes indgenas e ribeirinhasboas condies econmicas, sociais e polticas.
E) as rodovias Belm-Braslia e Transamaznicareduziram as migraes e a especulao fundiria queantes retalharam a regio em imensos latifndios.
EXERCCIOS PROPOSTOS
01. (Mackenzie-SP2009) No mapa, a rea destacada se refere
0 300 km
VENEZUELA
B R A S I L
GUIANA
AM
RR
PA
Boa Vista
Uiramut
PacaraimaNormandia
Uiramut
PacaraimaNormandia
N
A) demarcao do Projeto Calha Norte, rea delitgio entre Brasil e Venezuela por essa regio, que
defendem, respectivamente, as reservas indgenasdos ndios Pataxs e os madeireiros venezuelanos.
B) demarcao do Projeto Jar, rea de disputa entrea reserva indgena dos Ianommis e as indstriasextrativas e mineradoras.
C) demarcao da reserva indgena Raposa Serra doSol, regio de tenso entre populaes indgenas earrozeiros que ocupam a rea desde a dcada de 1970.
D) criao da ltima fronteira agrcola da Amaznia,no extremo norte do pas, dentro da poltica de
descentralizao econmica, estimulando a recenteimplantao da rizicultura.
E) criao de uma regio para a efetivao deassentamentos rurais, com o objetivo de apaziguaras tenses entre posseiros e grileiros da regio.
02. (UFMG) Analise estes mapas:
Evoluo do antropismo naAmaznia Legal brasileira
Rederodoviria
Divisointerestadual
Redehidrogrfica
rea com forteatuao antrpica
Boa Vista
Manaus
MacapBelm
Palmas
Cuiab
PortoVelho
RioBranco
Boa Vista
Manaus
MacapBelm
Palmas
Cuiab
PortoVelho
RioBranco
0
70 46
160 200 km
1976
N
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Rederodoviria
Divisointerestadual
Redehidrogrfica
rea com forteatuao antrpica
Boa Vista
Manaus
MacapBelm
Palmas
Cuiab
PortoVelho
RioBranco
Boa Vista
Manaus
MacapBelm
Palmas
Cuiab
PortoVelho
RioBranco
0
70 46
160 200 km
2000
N
Fonte:IBGE.Atlas Geogrfico Escolar.
Rio de Janeiro, 2002. p. 110-111 (Adaptao).
A partir da anlise desses mapas e considerando-se
outros conhecimentos sobre o assunto, INCORRETOarmar que
A) a evoluo do antropismo, representada nos doismapas, parte da borda da floresta equatorial,cumprindo as recomendaes de desenvolvimentosustentvel e de explorao, como proposto naAgenda 21, da ONU.
B) os eixos rodovirios com sentido longitudinal
constituram importantes vias de integrao da regio poro Centro-Sul do Pas, mas deram incio aodesmatamento do espao em que se implantaram.
C) a expanso das atividades humanas na poro orientaldo espao representado resulta, em grande parte,de interesses estrangeiros na explorao dasprovncias minerais da regio.
D) o antropismo evoluiu rumo Amaznia Ocidentalpela concretizao das metas do Plano de IntegraoNacional PIN, que associava a integrao daregio com a redistribuio da populao do SertoNordestino.
03. (UFAM2011) Considerando as redes de transportee os processos de produo do espao na Amaznia, CORRETOarmar que:
A) dentre os rios navegveis, o Amazonas / Solimes e
o Madeira, apresentam balizas e sinalizao que oscaracterizam como hidrovias.
B) a malha area regional complementa a redehidroviria somente nas cidades localizadas na rea
do Projeto Calha Norte.
C) a rede rodoviria feita pelo Governo Federal se revelacada vez mais ecaz e substitui, progressivamente,o transporte hidrovirio.
D) os espaos esto cada vez mais integrados devidos complexas redes de ferrovias construdas pelosprojetos de extrao mineral.
E) o moderno sistema rodovirio vem integrando, comecincia, a regio ao restante do pas, alm depotencializar sua condio de celeiro agrcola nacional.
04. (Unicamp-SP2009) Os mapas A e B representam parte doterritrio nacional, com delimitao de rea segundo doisimportantes elementos para estudo do espao brasileiro.
Mapa B
RRAP
AM
ROAC
PA MA
TO
MT
Mapa A
RRAP
AM
ROAC
PA MA
TO
MT
1 000500 500250
km
Projeo Geogrfica
N
A) IDENTIFIQUEa que se referem, respectivamente,as reas representadas nos mapas A e B.
B) Quais os principais problemas ambientais da atualidadevericados na regio? Que tecnologia geogrca vemsendo empregada para o monitoramento dessa
regio?
05. (UEM-PR2007) A adequao dos meios de transportedepende da infraestrutura de vias de circulao, do tempogasto e dos custos. Considerando os meios de transportehidrovirio e rodovirio, INDIQUEe JUSTIFIQUEqualo mais adequado regio Norte do pas, considerandoas caractersticas naturais e de infraestrutura da regio.
06. (UFMG2006) Analise esta figura, em que estrepresentado um dos processos responsveis pelo
desmatamento da Amaznia:
Fonte:PERES, L.; COUTINHO, L. O paraso cercado e ameaado.Veja, 25 fev. 2004, p. 65 (Adaptao).
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08. (G12008) Sobre a regio Norte do Brasil, assinale aalternativa INCORRETA.
A) Possui amplas reas de solo frtil, onde o
desenvolvimento agrcola possvel e deve ser
estimulado. Possui ainda uma moderna rede de
rodovias que permitiriam o escoamento da produo.
B) Regio de extremos contrastes, que acumula grandes
riquezas naturais, mas a sociedade brasileira ainda
no encontrou uma forma organizada e justa de
explor-las de maneira ambientalmente responsvel.
C) Seu ambiente fluvial muito utilizado para o
transporte de cargas e pessoas, e ainda serve
como importante fonte de recursos alimentares
proporcionados pela pesca.
D) Apesar de possuir um relevo, em geral, de pouca
declividade, apresenta locais com altitudes mais
elevadas, como o Planalto das Guianas, onde se
encontra o ponto mais alto no Brasil, o Pico da Neblina.E) A populao de origem indgena constitui um
importante perl no quadro demogrco da regio.
09. (FGV2010)A polmica em torno da construo da Usinade Belo Monte, na Bacia do Rio Xingu, em sua parte
paraense, j dura mais de 20 anos. Entre muitas idas e
vindas, a Hidreltrica de Belo Monte, hoje considerada a
maior obra do Programa de Acelerao do Crescimento
(PAC) do Governo Federal, vem sendo alvo de intensos
debates na regio, desde 2009, quando foi apresentado o
novo Estudo de Impacto Ambiental (EIA), intensicando-se
a partir de fevereiro de 2010, quando o MMA concedeu alicena ambiental prvia para sua construo.
Fonte:Instituto Socioambiental, especial Belo Monte.Disponvel em:.
Acesso em: 13 abr. 2010.
Sobre essa polmica, assinale a alternativa CORRETA.
A) A Usina de Belo Monte foi projetada para suprir a
demanda energtica do Par, em expanso devido ao
crescimento dos polos mineral, metalrgico e qumico
do estado.
B) A Usina de Belo Monte ser construda nas
proximidades de Altamira (PA) e seu entorno foipreviamente desmatado, de forma a minimizar o
impacto ambiental do empreendimento.
C) A Usina de Belo Monte foi projetada para ser a terceira
maior usina hidreltrica do mundo, com 11 mil MW
de potncia instalada; porm a produo de energia
dever sofrer grandes oscilaes, com picos no
perodo das chuvas.
D) As comunidades locais, principalmente agricultores
ribeirinhos e povos indgenas, so majoritariamente
favorveis usina, devido ao seu potencial de gerao
de empregos e de crescimento econmico.
Com base nas informaes dessa gura, INCORRETO
armar que
A) o desmatamento da Amaznia vem ocorrendo em
bases racionais, o que implica o corte seletivo de
espcies de maior valor econmico.
B) a introduo do cultivo de gros constitui a etapa naldo processo de desmatamento na fronteira agrcola
sul.
C) a sucesso temporal e espacial das atividades
econmicas integra essa regio ao mercado mundial.
D) as atividades econmicas que avanam sobre a
oresta acarretam prejuzo ao patrimnio natural,
embora atendam aos interesses do agronegcio.
07. (UERJ2009)
Crescimento do agronegcio
22,421,7
14,6
13,0
8,8
6,3
10%
Brasil
A
mazniaLegal
N
orte
Centro-Oeste
N
ordeste
Sudeste
S
ul
FOLHA DE S. PAULO, 01 jun. 2008.
PIB da Amazna Legal cresce mais que o do pas
O agronegcio avana e apontado por ambientalistas
como a principal causa da devastao na Amaznia.
Setores do governo e representantes de produtores
rurais descartam a hiptese de recuo no agronegcio na
Amaznia Legal e armam que a tendncia ser aumentar
a produo em reas de orestas j abertas.
ZERO HORA, 16 jun. 2008 (Adaptao).
Diferentes critrios e objetivos podem orientar a diviso
do espao geogrco em regies. Na Amaznia, uma
variedade de parmetros tem sido empregada para essa
diviso, o que pode gerar dvidas quanto ao recorte
territorial de suas regionalizaes.
DIFERENCIE o recorte territorial da regio Norte do
recorte da Amaznia Legal. Em seguida, APONTE os
dois principais produtos do agronegcio cuja expanso da
produo representa um srio risco para o desmatamento
na Amaznia.
Frente A Mdulo 21
5/21/2018 Geografia 6.pdf
17/116
17Editora Bernoulli
10. (UEAM2011) Leia o texto.
A Amaznia o ltimo reduto de 60% das tribos indgenas
atualmente existentes no Brasil. Para o homem do campo,
sem terra, ela representa tambm a ltima fronteira.
O deslocamento das frentes de expanso sobre a
Amaznia intensica-se a partir de 1965.RIBEIRO, Berta. O ndio na Histria do Brasil, 1997.
De acordo com o texto, as frentes de expanso geraram
transformaes espaciais na Amaznia, caracterizadas pelo
A) aumento das atividades industriais, sobretudo da
indstria automobilstica.
B) contnuo xodo rural, em consequncia de sucessivos
perodos de seca.
C) aumento da emigrao, causada pela falta de emprego
nas frentes de expanso.
D) aumento da atividade turstica, devido s paisagenspitorescas e atrativas.
E) surgimento do arco do desmatamento, com reas
agrcolas ocupando terras antes cobertas por orestas
e cerrados.
11. (UEPB2009) As proposies a seguir retratam aspectosdas polticas territoriais da Amaznia. Analise-as
e identique a resposta correta.
I. No regime militar, nas condies de fronteira poltica,
a Amaznia representava as bases para o exerccio
do poder, como fronteira demogrfica para ser
povoada pelo excedente populacional do Nordeste e
Centro-Sul, e como fronteira do capital, para atrair
investimentos agropecurios, minerais e industriais.
II. Com a Sudam, as polticas territoriais da Amaznia
norteavam-se pela meta geopoltica. O planejamento
regional fundamentou-se num conceito distorcido
de desenvolvimento que estimula a acumulao do
capital e o uso predatrio dos recursos naturais,
distorcendo tambm seu contedo social.
III. A ocupao territorial contempornea da Amaznia
no corrigiu a excluso social materializada nas
periferias urbanas e os desastres sociais e ambientaisanteriores. O novo foco dever redenir o sentido de
planejamento, priorizando o desenvolvimento social
e a valorizao dos ecossistemas naturais.
Est(o) CORRETA(S)
A) apenas as proposies II e III.
B) apenas as proposies I e II.
C) apenas as proposies I e III.
D) todas as proposies.
E) apenas a proposio III.
12. (PUC Minas2009) A figura ilustra um dos gravesproblemas na estrutura fundiria da Amaznia Brasileira,
responsvel pela ocorrncia de inmeros conitos na
regio, decorrente do processo de expropriao das
populaes nativas de suas terras. Diante da gravidade
da situao, o governo brasileiro, por meio do Incra,
do Ministrio da Defesa e do Ministrio da Justia,
pretende realizar um amplo cadastramento das
propriedades rurais da regio.
AMAZNIA 2025
GET
OUT!
DANGERPRO
PRIEDADE
PARTICULAR
PROIBIDAAENT
RADA
DEPESSOASE
STRANHAS
A questo abordada refere-se
A) ocupao de terras por grandes empresas estatais
como a Petrobras, em virtude da necessidade de
explorao dos recursos naturais da rea.
B) expanso dos garimpos ilegais, praticados por
migrantes vindos das regies mais pobres do pas.
C) desapropriao de terras para realizao de reforma
agrria, assentando trabalhadores rurais vindos do
Nordeste brasileiro.
D) aquisio ilimitada de terras por estrangeiros, que pode
levar a um arriscado processo de internacionalizao
da Amaznia Brasileira.
SEO ENEM
01. (Enem2005) Observe as seguintes estratgias para aocupao da Amaznia brasileira.
I. Desenvolvimento de infraestrutura do Projeto Calha
Norte.
II. Explorao mineral por meio do Projeto Ferro Carajs.
III. Criao da Superintendncia para o Desenvolvimento
da Amaznia.
IV. Extrao do ltex durante o chamado Surto da
Borracha.
A ordenao desses elementos, desde o mais antigo ao
mais recente, a seguinte:
A) IV, III, II, I C) IV, II, I, III E) III, IV, I, II
B) I, II, III, IV D) III, IV, II, I
Regionalismo brasileiro: Norte
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18 Coleo Estudo
02. (Enem2009) Desde o incio da colonizao, a Amazniabrasileira tem sido alvo de ao sistemtica de extraode riquezas, que se congurou em diferentes modos
de produo e de organizao social e poltica [...].Se a Amaznia dos rios foi o padro que marcou mais dequatro sculos de ocupao europeia, a coisa comea amudar de gura nas trs ltimas dcadas do sculo XX.
SAYAGO, D.; TOURRAND, J. F.; BURSZTYN, M. (Org.).Amaznia: cenas e cenrios. Braslia: UnB, 2004.
Entre as transformaes ocorridas na Amaznia brasileira,nas trs ltimas dcadas, destaca-se
A) a estatizao das empresas privadas como garantiado monoplio da explorao dos recursos mineraispelo poder pblico.
B) o interesse geopoltico de controle da fronteira,o que representou maior integrao da regio com orestante do pas, por meio da presena militar.
C) a reorganizao do espao agrrio em minifndios,valorizando-se o desenvolvimento da agricultura
familiar e o desenvolvimento das cidades.
D) a modernizao tecnolgica do modo de produoagrcola para o aumento da produo da borracha eescoamento da produo pelas estradas.
E) a implantao de zona franca nas fronteirasinternacionais, a exemplo da Guiana Francesa eVenezuela.
04. A) A Amaznia brasileira caracteriza-se porconter um dos maiores reservatrios hdricos
do mundo, no s em volume de gua como
tambm em extenso. Tal quadro decorrebasicamente do clima, da vegetao e dorelevo local. O clima amaznico apresenta
elevados ndices pluviomtricos ao longo detodo o ano, com pequenos perodos de seca.Parte dessa umidade tem origem no processo
de evapotranspirao que ocorre na oresta.A associao entre os elevados ndicespluviomtricos da poro ocidental e a pequenadeclividade do relevo favorece uma distribuiomais extensiva da gua pelo territrio.
B) A gua da Amaznia vem despertando ointeresse do capital internacional nas ltimas
dcadas, em razo da demanda de outrossetores em que esse capital investe. Na reaenergtica, os investimentos ocorreram nagerao e transmisso, garantindo energiaeltrica para setores como o de produo
de alumnio e minerao. J no setor detransporte hidrovirio, os investimentos
centraram-se na infraestrutura para oescoamento de gros que se destinam aomercado internacional.
05. A
Propostos01. C 02. A 03. A
04. A) O mapa (A) mostra a Regio Amaznicano Brasil, trata-se, portanto da rea de
ocorrncia original da Floresta LatifoliadaEquatorial ou Mata Amaznica.
O mapa (B) mostra a regio da Amaznia
Legal, portanto a regio sobre a qual seaplica uma poltica de incentivos scais, como m de promover o seu desenvolvimentoeconmico.
B) Os problemas ambientais da atualidade estorelacionados com o processo de desmatamento
por meio da derrubada e queimada da mata.Entre as tecnologias geogrcas usadas parao monitoramento da regio, destaca-se a do
sensoriamento remoto por meio de satlites eradares.
05. Em funo da decincia das rodovias e da prpriadiculdade em constru-las, assim como a grandedisponibilidade hdrica, o meio mais adequadopara o transporte na regio o hidrovirio.
06. A
07. A regio Norte uma das cinco macrorregiesdo Brasil delimitadas pelo IBGE, que abrangeos estados do Acre, Amap, Amazonas, Par,
Rondnia, Roraima e Tocantins. A Amaznia Legalabrange, alm da regio Norte, parte dos estadosdo Mato Grosso e do Maranho. Produtos: carnebovina e soja.
08. A 09. C 10. E 11. D 12. D
Seo Enem01. A 02. B
GABARITO
Fixao01. E
02. A) Na dcada de 1970, o Estado passa a ter fortepresena na ocupao da regio Norte a partirdo Programa de Integrao Nacional (PIN) comprojetos econmicos e migraes dirigidas.O projeto Calha Norte, do Exrcito, implantadoa partir de 1985, visa a scalizao e integraoda fronteira norte-noroeste do Brasil, coibindocontrabando e garimpos clandestinos.
B) O projeto Grande Carajs foi implantado paraviabilizar a explorao de uma das maioresjazidas minerais do mundo. Fazem parte doprojeto infraestrutura de transporte como aFerrovia Carajs, a construo da hidroeltricade Tucuru, e do Porto de Itaqui no Maranho,
com grande participao do capital externo.03. A) Entre os elementos associados ocupao
da regio amaznica que ameaam asunidades de conservao, temos: frentesmadeireiras, frentes de pecuria, frentesagrcolas, urbanizao e assentamentos(frentes de povoamento), estradas eatividades mineradoras.
B) A scalizao das unidades de conservao mais difcil na Amaznia do que em outrasregies do pas em funo da extensoterritorial da regio e da diculdade decirculao de pessoas.
Frente A Mdulo 21
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FRENT
19Editora Bernoulli
MDULOGEOGRAFIA
O Nordeste constitui a terceira maior regio do Brasil,abrangendo os estados do Maranho, Piau, Cear, Rio Grandedo Norte, Paraba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia.
Apresenta uma rea de 1 554 257 km2, o quecorresponde a 18,26% da rea total do pas. Sua populao mal distribuda e seu padro de vida inferior mdia nacional, constituindo-se em uma tradicional reade emigrao.
a regio que apresenta a maior costa litornea do pas,com 3 338 km de praias. O estado com maior costa litornea a Bahia, com 932 km, e o com a menor o Piau, com 60 km.
Diviso poltica
Macei
Recife
Aracaju
Teresina
Braslia
So Lus
Salvador
Fortaleza
Joo Pessoa
Natal
-40 -30
-10
GO
DF
MG
BAHIA
ES
PA
MARANHO
CEAR RIO GRANDEDO NORTE
PARABA
PERNAMBUCO
ALAGOAS
SERGIPE
PIAU
TO
O C E A N O
A T L N T I C O
O C E A N OA T L N T I C O
0 300 km
N
ArquiplagoFernando deNoronha
Fonte:IBGE
Caractersticas geogrcas
rea (estimativa) 1 554 257,0 km2 (IBGE)
Populao(estimativa) 53 078 137 habitantes (IBGE / 2010)
Densidade 34,2 habitantes por km2(IBGE / 2010)
PIB 13,1% do PIB nacional (IBGE / 2007)
PIB per capita R$ 7 488 (IBGE / 2008)
Expectativa de vida 70,4 anos (IBGE / 2009)
Fonte:IBGE
Zonas geogrficas Os quatro nordestes
A regio Nordeste possui paisagens naturais muito
diferentes, dando origem a reas com caractersticas
econmicas e sociais diversicadas. Essa diversidade natural
determinou, ento, um processo diferenciado de ocupao
humana e de desenvolvimento econmico.
Sub-regies e principais cidades
N
Zona da Mata (mido)
Agreste (semimido)
Principais cidades
Serto (semirido) Meio-Norte mido
Macei
Recife
Aracaju
Teresina
Imperatriz
So Lus
Salvador
Fortaleza
Joo Pessoa
Natal
BA
MA
CE
RN
PB
PE
ALSE
PI
O C E A N O
Ilhus
PortoSeguro
Itabuna
Crato
Petrolina
Juazeiro
Caruaru
CampinaGrande
Feira deSantana
Vitria daConquista
Juazeirodo Norte
Rio
So
Francis
co ArapiracaMacei
Recife
Aracaju
Teresina
Imperatriz
Braslia
So Lus
Salvador
Fortaleza
Joo Pessoa
Natal
-40 -30
-10
GO
DF
MG
BA
ES
PA MA
CE
RN
PB
PE
ALSE
PI
TO
O C E A N O
A T L N T I C O
O C E A N O
A T L N T I C O
0 300 km
Ilhus
PortoSeguro
Itabuna
Crato
Petrolina
Juazeiro
Caruaru
CampinaGrande
Feira deSantana
Vitria daConquista
Juazeirodo Norte
Capitais
Rio
So
Francis
co
semirido
Arapiraca
ANDRADE, Manoel Correia de.A terra e o homem no Nordeste, p. 21.
Meio-Norte:compreende uma rea de transio queabrange o estado do Maranho e a poro oeste doestado do Piau. Como o prprio nome indica, umarea que possui muitas caractersticas da regio Norte,mas tambm do Serto semirido, caracterizando-se,por isso, como uma rea de transio. A Mata dos
Cocais uma vegetao caracterstica da regio,
Regionalismo brasileiro:Nordeste 22 A
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20 Coleo Estudo
em que se pode encontrar a palmeira-babau, da qual extrado o leo utilizado na fabricao de doces,cosmticos, margarinas, sabes e lubrificantes.Nessa rea, tambm pode ser encontrada a carnaba,da qual tudo se aproveita, denominada por essemotivo a rvore da providncia.
A regio marcada pelas altas temperaturas mdias,que superam os 27 C. Essa faixa possui climaequatorial em sua poro oeste e semirido a leste,como demonstrado no mapa anterior. A regio cortada pelo Rio Parnaba, que possui 1 716 km deextenso e marca a divisa dos estados do Maranhoe do Piau.
Serto: rea de domnio do clima semirido. Nosestados do Rio Grande do Norte e Cear, o Sertochega at o litoral. Mais ao sul, o serto alcana onorte de Minas Gerais, no Sudeste.
caracterizado pela ocorrncia de chuvas irregularese escassas, sendo constantes os perodos de
estiagem, o que prejudica, muitas vezes, a agriculturade subsistncia na regio.
A vegetao tpica dessa sub-regio a caatinga.Os solos so rasos e pedregosos, e as atividadesagrcolas sofrem grande limitao. Nas partes maismidas, existem bosques de palmeiras.
O Serto apresenta muitos rios temporrios, e o RioSo Francisco, que drena parte da regio, constituia nica fonte perene de gua para as populaesque habitam as suas margens. Nele, existem vriasrepresas e usinas hidreltricas, como a de Sobradinho,em Juazeiro, estado da Bahia, e a de Paulo Afonso,
na divisa dos estados da Bahia e Pernambuco.A pecuria extensiva e o cultivo de algodo
em grandes propriedades de terra com baixa
produtividade so as bases da economia do Sertonordestino.
Agreste:localizado no alto do Planalto da Borborema,constitui uma rea de transio entre a Zona daMata, regio mida e cheia de brejos, e o Sertosemirido. O planalto estende-se do sul da Bahiaat o Rio Grande do Norte e constitui um obstculonatural para a chegada das chuvas ao Serto.As terras mais midas (Zona da Mata) esto do ladoleste desse planalto, e as mais secas do lado oeste,
ou seja, voltadas para o Serto. No Agreste,os terrenos mais frteis so ocupados por minifndios,onde predominam as culturas de subsistncia ea pecuria leiteira. O maior mercado consumidor doNordeste, a Zona da Mata, abastecida por produtosdesses minifundirios. No Agreste, localizam-secidades importantes como Caruaru e Campina Grande.
Zona da Mata: a rea mais urbanizada e povoadae a que concentra o maior nmero de indstrias entreas sub-regies nordestinas. Localiza-se ao leste,entre o Planalto da Borborema e a costa litornea eestende-se do Rio Grande do Norte ao sul da Bahia,
em uma faixa litornea de at 200 km de largura.
Na Zona da Mata, as chuvas so abundantes. Possui
clima tropical mido, com chuvas mais frequentes
na poca do outono e do inverno, exceto no sul do
estado da Bahia, onde se distribuem uniformemente
por todo o ano. Devido s suas praias e ao seu clima
quente, atrai muitos turistas de outras regies do
Brasil e do exterior. O solo dessa rea frtil e avegetao natural a Mata Atlntica, que desde
o incio da colonizao do pas est praticamente
extinta e substituda por lavouras de cana-de-acar.
O Polgono das SecasCriado em 1936 como rea prioritria de combate aos
efeitos das secas no Nordeste, abrange praticamente todos
os estados da regio, com exceo do Maranho e do litoral
leste, chegando ao norte de Minas Gerais. Estima-se que
1 510 municpios do Nordeste brasileiro foram atingidos
pelas secas de 1979 a 1984 e de 1989 a 1990.
Recentemente, no entanto, o Governo Federal comeou
a implementar projetos que visam soluo denitiva do
problema de convivncia do homem nordestino com a seca.
O projeto ridos, nanciado pelo Banco Mundial, destaca-se
entre os demais.
A construo de audes e a distribuio de verbas aos
prefeitos dos municpios atingidos fazem parte do combate
tradicional s secas. Infelizmente, essas obras esto, muitas
vezes, envolvidas em denncias de corrupo e desvio de
dinheiro pblico.
reas com dcit hdrico
N
Gravat
Canhoba
Tobias Barreto
Feira de Santana
Amargosa
PoesVista Nova
Rio Pardode Minas
Salinas
BocaivaPirapora
Barra
GilbusRio
SoFranc
isco
Rio
S
oFran
cisco
Macei
Recife
Aracaju
Teresina
So Lus
Salvador
Fortaleza
Joo Pessoa
Natal
BA
MACE RN
PB
PE
AL
SE
PI
Gravat
CanhobaTobias Barreto
Feira de Santana
Amargosa
PoesVista Nova
Rio Pardode Minas
Salinas
BocaivaPirapora
Barra
GilbusRio
SoFranc
isco
Rio
S
oFran
cisco
Polgono das Secas
Macei
Recife
Aracaju
Teresina
Braslia
So Lus
Salvador
Fortaleza
Joo Pessoa
Natal
-40 -30
-10
GO
DF
MG
BA
ES
PA
MACE RN
PB
PE
AL
SE
PI
TO
O C E A N O
A T L N T I C O
O C E A N O
A T L N T I C O
0 300 km
Outras cidadesCapitais
rea com chuvas abaixo de 750 mm
Fonte:IBGE
Frente A Mdulo 22
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21Editora Bernoulli
ASPECTOS HUMANOS EECONMICOS
A economia nordestina, nos ltimos anos, vem se
mostrando mais dinmica do que a mdia do pas.Isso ocorre, principalmente, devido ao impulso da indstria
e do setor de servios e, ainda, concesso de benefcios
scais pelos governos estaduais, com o objetivo de atrair
investimentos para a regio.
O Nordeste rico em recursos minerais, destacando-se
o petrleo e o gs natural, produzidos na Bahia, em Sergipe
e no Rio Grande do Norte. Essa regio a segunda maior
produtora de petrleo do Brasil (atrs do Rio de Janeiro),
e a maior no quesito extrao em terra, oriunda principalmente
do Rio Grande do Norte. O gs natural tambm abundante
no Nordeste e poder ser explorado por cerca de 120 anos.
O leo negro explorado no litoral e na plataforma
continental (as maiores bacias petrolferas esto situadas no
mar) e processado na renaria Landulfo Alves, em Salvador,
e no Polo Petroqumico de Camaari, ambos localizados
no estado da Bahia. O Polo Petroqumico de Camaari
iniciou suas operaes em 1978 e corresponde ao primeiro
complexo petroqumico planejado do pas. Est localizado em
um municpio de mesmo nome, a 35 quilmetros da capital
do estado da Bahia, Salvador. Ele ocupa a posio de maior
complexo industrial integrado do Hemisfrio Sul e conta com
centenas de empresas qumicas, petroqumicas e de outros
ramos de atividade, como indstrias automotiva, de celulose,de metalurgia de cobre, txtil, de bebidas e de servios.
A instalao da Ford nessa regio consolidou a diversicao
do complexo e assinalou sua perspectiva de integrao entre
a indstria de bens de consumo e a indstria petrolfera.
O Polo Petroqumico de Suape, erguido ao lado da Renaria
Abreu e Lima no estado de Pernambuco, merece destaque
tambm j que representa uma nova possibilidade de
incentivo e fomento ao desenvolvimento regional.
O turismo , sem dvida, uma das mais importantes
atividades econmicas da regio, beneciado pela grande
extenso de praias e pelas temperaturas elevadas o ano
todo. O crescimento apresentado nos ltimos anos permite
imaginar um futuro promissor para esse setor.
A agricultura centraliza-se no cultivo de cana-de-acar,
com Alagoas respondendo por mais da metade da produo
do Nordeste. H alguns anos, teve incio o desenvolvimento
de lavouras de fruticultura para exportao na rea do
Vale do So Francisco onde h, inclusive, cultivo de uvas
vinferas e no Vale do Au, a 200 km de Natal, no Rio
Grande do Norte, estado que produz os melhores meles
do pas.
Perl da regio Nordeste
Participao dos estados no Produto Interno Brutoda regio Nordeste* (em %) 2008
Bahia30,6
Maranho9,7 Piau
4,2
Cear15,1
Rio Grandedo Norte
6,4
Paraba6,5
Pernambuco17,7
Alagoas4,9
Sergipe4,9
* A regio Nordeste contribui com 13,1% doProduto Interno Bruto brasileiro.
* A regio Nordeste contribui com 13,1% do Produto Interno
Bruto brasileiro.Fonte:IBGE
Taxa de crescimento econmico dos estados(em %) 2008
4,4Maranho
8,8Piau
8,5Cear
4,5Rio Grande do Norte
5,5Paraba
5,3Pernambuco
4,1Alagoas
2,6Sergipe
5,2Bahia
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Fonte:IBGE
Taxa de mortalidade infantila cada mil nascidos vivos (taxa/ano)
80
75
70
65
60
55
50
45
40
35
71,5
65,3
59,4
53,6
47,9
43,840,9
38,235,1
1991
1993
1995
1997
1999
2001
2003
2005
2007
30
2009
33,2
Fonte:IBGE
Regionalismo brasileiro: Nordeste
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22 Coleo Estudo
Alfabetizao da populao residente acima de
15 anos (em %) 2007
No alfabetizados19,6
Alfabetizados80,4
Fonte:IBGE
A criao e a atuao da Sudene
A Superintendncia do Desenvolvimento do Nordeste(Sudene) foi criada durante o governo de Juscelino
Kubitschek e idealizada pelo economista Celso Furtado.
A Sudene uma entidade de fomento ao desenvolvimento
econmico brasileiro, destinada a promover solues
socioeconmicas para a regio Nordeste do Brasil,
periodicamente afetada por estiagens e com populaes de
baixo poder aquisitivo e baixa instruo.
O principal objetivo do rgo era encontrar solues que
permitissem a diminuio gradativa das desigualdades
vericadas entre as regies geoeconmicas do Brasil. Para tal
m, foram engendradas aes de grande impacto, tais comoa ocupao do Maranho, projetos de irrigao em reas
afetadas por estiagens e o cultivo de plantas resistentes
s secas.
Durante a Ditadura Militar de 1964, a Sudene se distanciou
de seus objetivos primordiais e passou a ser considerada uma
entidade que, alm de no cumprir com suas obrigaes,
era foco de corrupo. Por isso, aps uma sucesso de
escndalos, a imprensa iniciou, em 1999, um debate sobre a
continuidade do rgo. Dois anos depois, em 2001, Fernando
Henrique Cardoso o extinguiu. Lula retomou as propostas
de Juscelino e Furtado, e, nalmente, em 2007, o rgo foi
recriado, com o nome de Agncia do Desenvolvimento do
Nordeste (Adene).
A Sudene atuou basicamente nos setores industrial,
agropecurio e mineral, realizando obras e nanciando vrios
projetos de desenvolvimento. Entretanto, o setor industrial
foi o centro de atuao do rgo. Na poca, acreditava-se
que a industrializao seria a base do desenvolvimento
econmico de um pas ou de uma regio. Dessa forma,
a reduo ou a iseno de impostos para as empresas
que quisessem investir no Nordeste foi a frmula adotada
pelo governo.
Foram instaladas indstrias de diversos ramos, que
atendiam aos mercados local, regional e nacional.
As fbricas cuja produo se destinava ao prprio Nordeste
eram basicamente produtoras de bens de consumo,
como alimentos, calados e vesturio. As fbricas de
bens intermedirios, que beneciavam matrias-primas
como cloro, potssio e adubos para outras indstrias ou
setores, atuavam nos mercados nacional e internacional.
A grande caracterstica da industrializao do Nordeste,
nesse momento, foi seu carter seletivo. Isso ocorreu de
vrias formas:
A regio produzia basicamente o que no era
fabricado pelo Sudeste. Por isso, em vez de se voltar
especicamente para o desenvolvimento econmico
regional, a indstria foi o principal suporte da poltica
de integrao nacional: tornar a economia nordestina
complementar e, portanto, dependente do Centro-Sul
do pas. A maior parte da produo da indstria
incentivada destinava-se ao Sudeste, principalmente
a So Paulo.
J que Recife, Fortaleza e Salvador possuam
melhor infraestrutura, como rede de transportes
e fontes de energia, os investimentos ficaram
concentrados nessas cidades. Foram desenvolvidos
vrios projetos tambm no norte de Minas (regio
de Montes Claros), em razo de sua maior
proximidade com o eixo Rio-So Paulo. Paralelamente,
os governos estaduais criaram distritos industriais,reas destinadas concentrao da atividade
industrial, onde os impostos eram reduzidos ou
eliminados. O Centro Industrial de Aratu foi criado
na Bahia; em Pernambuco, os distritos industriais
de Cabo, Jaboato e Paulista; na Paraba, o distrito
de Gramame.
AgriculturaA Superintendncia do Desenvolvimento do Nordeste
(Sudene), paralelamente ao investimento em infraestrutura,
ao incentivo industrial e criao de empregos, tambmteve por objetivo a implantao e a modernizao da
agricultura regional.
A poltica agrcola da Sudene fazia parte do grande projeto
nacional de expandir os cultivos comerciais, de ampliar
a produo e de destin-la principalmente ao mercado
externo ou aos consumidores de maior poder aquisitivo da
prpria regio e do Centro-Sul do pas. Por isso, no houve
preocupao em ampliar as reas de cultivo de produtos
alimentares para consumo da populao local, voltadas
para a subsistncia.
Frente A Mdulo 22
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23Editora Bernoulli
Focos de modernizao criados pelos investimentos emirrigao em reas do Serto tm sido bastante valorizadosnos ltimos anos como soluo para muitos problemasnordestinos. Essas reas tm sido beneficiadas porinvestimentos tanto na modernizao direta da agriculturaquanto na rea de pesquisa de solos, adaptao de cultivos,
uso de defensivos agrcolas, alm da irrigao.Devido modernizao, reas onde antes havia apenas
caatinga e pobres lavouras de subsistncia esto atualmentecobertas por plantaes de frutas, como melo, melancia,laranja, manga e uva. O principal produto agrcola da regio a cana-de-acar, produzida ao longo de uma faixa comdezenas de quilmetros de largura, formando um verdadeiromar verde em Alagoas, em Pernambuco e na Paraba. importante tambm destacar, alm dos j mencionados,os plantios de algodo (Cear, Paraba e Rio Grande do
Norte), tabaco (Bahia), caju (Paraba e Cear), uvas nas,manga, melo, acerola e outros frutos para consumo interno e
para exportao. Tambm se destacam a produo de feijo,em Irec, e de soja, em Barreiras, Bahia.
Nos anos 1970, o Complexo Agroindustrial de Petrolina eJuazeiro foi criado e, atualmente, estende-se por mais de50 mil hectares de terras semiridas. So cultivados produtosagrcolas (frutas e hortalias) de alto valor comercial, queatraram para a regio empresas nacionais e estrangeiras
de diversos ramos, como o de processamento de alimentos,
de bens de capital, de embalagens, de fertilizantes e raes,de equipamentos de irrigao, etc.
A barragem de Sobradinho, localizada no Rio SoFrancisco, a principal fonte de captao de gua do polo.
O Complexo de Petrolina e Juazeiro tem obtido expressivosresultados com a exportao especialmente de frutas, comomanga e uva, atravs da irrigao e da fertilizao dos solos.No Rio Grande do Norte, o polo de fruticultura do Vale do Aue de Mossor desenvolveu-se sob o comando de empresasque se especializaram na exportao.
Vrios so os fatores que distinguem o tipo de produodos polos em relao quela obtida na maioria das reastradicionais de cultivo de cana-de-acar e de algodo e nasregies de pecuria:
Grande investimento em pesquisa e em tecnologia.
Relaes mais amplas com os mercados nacional einternacional.
Utilizao de mo de obra pouco qualicada, masregularizada quanto legislao trabalhista.
Apesar de se acreditar que a seca prejudicial,h empresrios e tcnicos envolvidos em projetosagroindustriais no semirido que veem a falta de chuva comoum elemento positivo para a modernizao da economianordestina. Isso acontece porque, sem a chuva, eles podemcontrolar as condies de umidade para obter os melhoresresultados. Graas irrigao, possvel fornecer guas plantas no momento certo e na quantidade adequada.
No entanto, esses projetos esto restritos a grandes e
mdios proprietrios de terra, que podem investir capitalnos cultivos de exportao. Alm disso, sua produo estvoltada para consumidores de alto poder aquisitivo e nopara a maioria da populao sertaneja. Apesar dessesaspectos, podem-se destacar alguns fatores positivos nessesempreendimentos:
A criao de empregos;
O estmulo ao desenvolvimento de pequenas e mdiasempresas, como as de embalagens;
O cumprimento das leis trabalhistas; esse aspecto particularmente importante numa regio em queexistem milhes de trabalhadores sem registro em
carteira prossional.
PecuriaNo Nordeste, cria-se principalmente rebanho bovino para
corte, ou seja, destinado ao aproveitamento da carne.O maior rebanho da regio est na Bahia, embora Pernambuco
e Cear tambm se destaquem. O rebanho que mais se adaptaao clima do Serto o caprino, pois o mais resistente. Almdisso, este tem grande importncia regional, j que fornececouro, leite e carne. Nas localidades do Agreste, as feiras degado so comuns. Foram elas que deram origem a cidadescomo Campina Grande, Feira de Santana, etc.
Uso da terra
Braslia
-40 -30
-10
GO
DF
MG
BA
ES
PA
MA
CE
RN
PB
PE
AL
SE
PI
TO
O C E A N O
A T L N T I C O
O C E A N O
A T L N T I C O
0 300 km
N
RioS
oFr
ancisco
rea de pequenas lavouras comerciais e de subsistncia
rea agrria extrativa
rea de lavouras comerciais
rea de policultura e criao
rea de pecuria extensiva
Extrativismo vegetal
CarnabaBabau
RebanhoBovino
Ovino
Suno
Caprino
Lavoura
Cana Mandioca
SojaCacau
Frutas
Caju
Sisal
Milho
Tabaco
Algodo
Arroz
Feijo
Agropecuria regional
N
Fonte:IBGE.Atlas Nacional do Brasil, 2007 (Adaptao).
Regionalismo brasileiro: Nordeste
5/21/2018 Geografia 6.pdf
24/116
24 Coleo Estudo
Recursos minerais e energticosO Nordeste responsvel pela produo de cerca de 95% do
sal marinho consumido no Brasil. Outro destaque a produo
de gesso no estado de Pernambuco, que responde por 95%
da produo total brasileira. A gipsita a matria-prima para
a fabricao desse material, utilizado como revestimentoe isolante. Essa regio possui tambm jazidas de granito,
de pedras preciosas e semipreciosas. Existem ainda reservas
de magnesita, utilizada para fabricar tijolos refratrios;
de sal-gema, do qu
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