FORTISSIMO Nº 19 — 2016
B E R N S
T E I N B
S R E V U
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PRESTO
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Ministério da Cultura, Governo de Minas Gerais e Itaú Personnalité apresentam
Nossos concertos são possíveis graças à Lei Rouanet e aos nossos patrocinadores.
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Da alegria incontida do jazz ao
primitivismo contagiante do folclore
mexicano, a noite de hoje será
um estudo em contrastes. Com o
retorno do maestro convidado
Carlos Miguel Prieto, viajaremos
no tempo e no espaço, descobrindo
todo um mundo ritualístico e
misterioso da cultura pré-colombiana,
ao mesmo tempo em que nos
transportaremos à ebulição de uma
grande cidade norte-americana.
Ampliando esse contraste cultural,
receberemos a visita da vencedora
do Concurso Internacional Rainha
Elisabeth, da Bélgica, em sua edição
2015, a violinista coreana Ji Young
Lim, que interpretará um dos mais
célebres concertos para o instrumento:
aquele de Brahms. Aqui também uma
viagem: desde o lirismo imponente
do primeiro movimento à nostalgia
do segundo e à alegria cigana que
tanto influenciou Brahms.
Um ótimo concerto a todos.
FABIO MECHETTIDiretor Artístico e Regente Titular
Caros amigos e amigas,
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Desde 2008, Fabio Mechetti é Diretor Artístico e Regente Titular
da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, sendo responsável
pela implementação de um dos projetos mais bem-sucedidos
no cenário musical brasileiro. Com seu trabalho, Mechetti
posicionou a orquestra mineira nos cenários nacional e
internacional e conquistou vários prêmios. Com ela, realizou
turnês pelo Uruguai e Argentina e gravações para o selo Naxos.
Natural de São Paulo, Fabio Mechetti serviu recentemente como
Regente Principal da Orquestra Filarmônica da Malásia, tornando-se
o primeiro regente brasileiro a ser titular de uma orquestra asiática.
Depois de quatorze anos à frente da Orquestra Sinfônica de Jacksonville,
Estados Unidos, atualmente é seu Regente Titular Emérito. Foi
também Regente Titular da Sinfônica de Syracuse e da Sinfônica
de Spokane. Desta última é, agora, Regente Emérito.
Foi regente associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra
Sinfônica Nacional de Washington e com ela dirigiu concertos
no Kennedy Center e no Capitólio norte-americano. Da
Orquestra Sinfônica de San Diego, foi Regente Residente.
Fez sua estreia no Carnegie Hall de Nova York conduzindo a
Orquestra Sinfônica de Nova Jersey e tem dirigido inúmeras orquestras
norte-americanas, como as de Seattle, Buffalo, Utah, Rochester,
Phoenix, Columbus, entre outras. É convidado frequente dos festivais
de verão nos Estados Unidos, entre
eles os de Grant Park em Chicago
e Chautauqua em Nova York.
Realizou diversos concertos no México,
Espanha e Venezuela. No Japão dirigiu
as orquestras sinfônicas de Tóquio,
Sapporo e Hiroshima. Regeu também a
Orquestra Sinfônica da BBC da Escócia,
a Orquestra da Rádio e TV Espanhola
em Madri, a Filarmônica de Auckland,
Nova Zelândia, e a Orquestra
Sinfônica de Quebec, Canadá.
Vencedor do Concurso Internacional de
Regência Nicolai Malko, na Dinamarca,
Mechetti dirige regularmente na
Escandinávia, particularmente a
Orquestra da Rádio Dinamarquesa e a
de Helsingborg, Suécia. Recentemente
fez sua estreia na Finlândia, dirigindo
a Filarmônica de Tampere, e na Itália,
dirigindo a Orquestra Sinfônica de
Roma. Em 2016 fará sua estreia com a
Filarmônica de Odense, na Dinamarca.
No Brasil, foi convidado a dirigir a
Sinfônica Brasileira, a Estadual de
São Paulo, as orquestras de Porto
Alegre e Brasília e as municipais de
São Paulo e do Rio de Janeiro.
Trabalhou com artistas como Alicia
de Larrocha, Thomas Hampson,
Frederica von Stade, Arnaldo Cohen,
Nelson Freire, Emanuel Ax, Gil
Shaham, Midori, Evelyn Glennie,
Kathleen Battle, entre outros.
Igualmente aclamado como regente
de ópera, estreou nos Estados Unidos
dirigindo a Ópera de Washington.
No seu repertório destacam-se
produções de Tosca, Turandot, Carmem,
Don Giovanni, Così fan tutte, La Bohème,
Madame Butterfly, O barbeiro de
Sevilha, La Traviata e Otello.
Fabio Mechetti recebeu títulos
de mestrado em Regência e em
Composição pela prestigiosa
Juilliard School de Nova York.
FABIO MECHETTIdiretor artístico e regente titular
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Leonard BERNSTEINOn the town: three dance episodes
The Great Lover
Lonely Town: Pas de Deux
Times Square: 1944
Johannes BRAHMS Concerto para violino em Ré maior, op. 77
Allegro non troppo
Adagio
Allegro giocoso, ma non troppo vivace
Silvestre REVUELTASLa Noche de los Mayas
Noche de los Mayas
Noche de Jaranas
Noche de Yucatán
Noche de Encantamiento
CARLOS MIGUEL PRIETO, regente convidado
JI YOUNG LIM, violino
PROGRAMA
INTERVALO
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Carlos Miguel Prieto é celebrado nos
Estados Unidos, Canadá, Europa e no
seu país natal, o México, por sua regência
dinâmica, interpretações apaixonadas
e carismática presença de palco. Ele é
diretor artístico da Orquestra Sinfônica
Nacional do México e da Orquestra
Sinfônica de Minería, na Cidade do
México. Nos Estados Unidos, está em
sua décima temporada como diretor
artístico da Orquestra Filarmônica da
Louisiana e com ela regeu artistas como
Joshua Bell, Yo-Yo Ma e Pepe Romero.
Em seu 25º aniversário, a orquestra
comemora o retorno à sua sala de
concertos reformada, o Orpheum.
Entre os destaques da atual temporada
estão estreias com as orquestras Nacional
Real Escocesa, Sinfônica de Bournemouth,
Filarmônica de Estrasburgo, Deutsche
Radio Philharmonie e Sinfônica de
San Diego. Prieto volta a se apresentar
com as sinfônicas de Bilbao, de
Vancouver e da Cidade do Kansas e
realizará quatro estreias mundiais.
Prieto é convidado frequente de
orquestras como as sinfônicas de Chicago,
Cleveland, Seattle, Oregon, Toronto e
Vancouver. Também já se apresentou
com a NDR Radiophilharmonie, NDR
Sinfonieorchester, Filarmônica de
Auckland, Sinfônica Escocesa da BBC,
Filarmônica Real de Liverpool, Orquestra
Nacional de Lyon, Filarmônica de Calgary,
Orquestra da Rádio e Televisão Espanhola,
Orkestrea Sinfonikoa, orquestras de
Valência e do Principado de Astúrias.
Esta é a sua segunda apresentação
com a Filarmônica de Minas Gerais.
Defensor ferrenho da educação musical,
Prieto é diretor artístico da Orquestra
Jovem das Américas, grupo reconhecido
internacionalmente e composto por jovens
músicos de vinte e cinco nacionalidades
do hemisfério ocidental. O maestro
já regeu mais de cinquenta estreias
mundiais de obras de compositores
mexicanos e americanos, sendo muitos
desses trabalhos comissionados por ele.
Prieto tem uma discografia extensa
que abarca os selos Naxos, Sony,
Cedille e Avantclassic. Gravou obras
de Carlos Chavez, Bruch, Beethoven e
Mendelssohn. Sua gravação de Korngold
recebeu duas indicações ao Grammy.
Com a Sinfônica de Minería, lançou um
box de 12 DVDs com gravações ao vivo
das sinfonias completas de Gustav Mahler.
Violinista de talento, Carlos Miguel Prieto
foi solista com a Orquestra Sinfônica
Nacional do México e participou dos
festivais de Aspen, Tanglewood, Interlochen,
San Miguel Allende e Cervantino.
Como membro do Cuarteto Prieto, uma
tradição familiar de quatro gerações,
apresentou-se nas salas mais importantes
do México, Estados Unidos e Europa.
Formado nas universidades de
Princeton e Harvard, Carlos Miguel
Prieto estudou regência com
Jorge Mester, Enrique Diemecke,
Charles Bruck e Michael Jinbo.
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CARLOS MIGUELPRIETO
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Ji Young Lim, uma jovem violinista
coreana nascida em 1995, conquistou
o primeiro prêmio no Concurso
Rainha Elisabeth de 2015. Nesta noite,
na Sala Minas Gerais, em sua estreia
com a Filarmônica, ela interpretará a
mesma obra que apresentou no Palais
des Beaux-Arts, em Bruxelas, nas finais
do Concurso Rainha Elisabeth.
Lim começou a tocar violino
quando tinha sete anos. Foi aceita
no Instituto Nacional Coreano para
Talentos nas Artes e, posteriormente,
continuou seus estudos na Universidade
Nacional das Artes, sob a orientação
de Nam Yun Kim.
Seu talento brilhante e sua musicalidade
prolífica têm sido conhecidos em muitas
competições nacionais e internacionais.
Lim venceu a Competição Internacional
de Violino de Indianápolis, em 2014,
e foi agraciada com o prêmio especial
Mozart. Em 2013, conquistou o primeiro
lugar na Competição Internacional da
Eurásia, no Japão, e o Prêmio MIMC
na Competição Internacional de Música
de Montreal. Em 2012, venceu o
Prêmio de Música Ishikawa, no Japão, e
a Competição de Concerto das Grandes
Montanhas, na Coreia. Em 2011,
ficou em terceiro lugar na Competição
Internacional de Violino Henri Marteau.
Ji Young Lim também já foi convidada
de muitos festivais, como o Festival
de Música Ishikawa e as séries de
concertos no Centro de Artes de Seul.
Além de apresentações em várias
cidades da Coreia, a violinista realizou
turnês no Japão, Estados Unidos,
Canadá, Alemanha, Suíça e outros
países europeus. Lim também já se
apresentou com os maestros violinistas
Maxim Vengerov, Joel Smirnoff e
Koichiro Harada, o que ajudou a
desenvolver sua profunda musicalidade.
Destaques desta temporada incluem
recitais e concertos, entre os quais
apresentações com a Orquestra
Sinfônica de Carmel, em Indianápolis.
Em sua agenda estão também
turnês pela Ásia, América do Norte,
América do Sul e Europa.
Atualmente, Ji Young Lim estuda
na Universidade Nacional de Artes
da Coreia sob orientação de
Nam Yun Kim. A partir de 2014, a
artista se apresentou com um violino
Giuseppe Guadagnini, de 1794,
cedido pela Kumho Asiana Cultural
Foundation. Após o resultado da
Competição Rainha Elisabeth,
em 2015, ela passou a se apresentar
com um Huggins, de 1708, cedido
pela Nippon Music Foundation.
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JI YOUNG LIM
12 BEstados Unidos, 1918 – 1990
Leonard
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INSTRUMENTAÇÃO
Piccolo, flauta, oboé, requinta, 3 clarinetes, clarone, saxofone alto,
2 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tímpanos, percussão, piano, cordas.
PARA OUVIRCD Leonard Bernstein – On The Town;
Fancy Free; On The Waterfront – New York Philharmonic – Sony Classical – 1992
(The Royal Edition)
PARA ASSISTIROrquestra Sinfônica da Galícia
– Paul Goodwin, regente Acesse: fil.mg/bonthetown
PARA LERJoan Peyser – Bernstein, uma
biografia – Álvaro Cabral, tradução – Editora Campus – 1989
Chamado de “garoto-maravilha do mundo musical” pela revista Times,
Leonard Bernstein estreou aos 27 anos uma temporada exitosa em
Nova York, mantendo seu musical On the town em cartaz, na Broadway,
com lotações esgotadas. Àquele tempo, Bernstein, o mais novo herói
musical, nervoso, apaixonado, veemente, ainda não se decidira pela
composição ou a batuta, pela música erudita ou pelo jazz...
O balé Fancy Free e o musical On the town, que se seguiu, foram
compostos e estreados no ano de 1944 e têm como personagens
principais três marinheiros folgazões em Nova York. Estrutural
e musicalmente, porém, são obras bem diferentes entre si. Para
On the town, Bernstein recorreu a canções suas, outrora compostas,
além de criar novos números em conjunto com o bailarino Jerome Robbins,
um judeu-americano, tal qual Leonard, que coreografaria também
outros musicais do compositor, como Peter Pan e West Side Story.
Três famosos musicais de Bernstein que fazem parte da era de ouro
do teatro musical norte-americano têm como pano de fundo a
cidade de Nova York e o seu florescer entre as décadas de 1930 e
1950: Wonderful town retrata o glamour dos anos 1930, anteriores à
Segunda Guerra Mundial; On the town se passa na década de 1940,
em meio a um promissor sentimento de pós-guerra; e West Side Story
ambienta um Romeu e Julieta moderno, revivido nas gangues da
zona oeste de Manhattan durante a efervescente década de 1950.
Em 1943, Bernstein conquistou fama repentina como regente de
orquestra, ao substituir o lendário maestro Bruno Walter num concerto
da Filarmônica de Nova York. No ano seguinte, o sucesso de On the town
fez dele o primeiro compositor sinfônico a colaborar em um musical
norte-americano. Bernstein percorrera o caminho inverso ao de
Gershwin, indo do erudito ao popular
e utilizando sua sólida formação
acadêmica para produzir obras
acessíveis, contudo de alto nível.
“On the town é um exemplo perfeito
do que pode uma fusão bem-sucedida
de artistas respeitáveis fornecer
para o teatro”, escreveu o crítico do
The New York Times à época; “(...)
tomando um livro de Betty Comden
e Adolph Green como base, Leonard
Bernstein compôs todos os tipos de
canções. Jerome Robbins, com base
no balé Fancy Free, forneceu danças
perfeitas e, finalmente, uma vez que
outros participantes não possuíam
experiência em musicais, o diretor
George Abbott foi convidado a colocar
a engrenagem em movimento.”
Abbott, mesmo criticando os episódios
sinfônicos de Bernstein como “aquelas
drogas à Prokofiev”, não retirou
um só compasso da partitura.
Bernstein transformou as danças
centrais de On the town num conjunto
de três episódios para orquestra:
The Great Lover, Lonely Town:
Pas de Deux e Times Square: 1944.
A versão foi estreada em 1946 tendo
Bernstein à frente da Orquestra
Sinfônica de San Francisco. Em
1949, a MGM transformou o musical
em filme, estrelado por Gene Kelly e
Frank Sinatra, porém só usou parte
da música de Bernstein. On the town
ficou em cartaz na Broadway
por mais de um ano e teve nada
menos que 483 apresentações.
MARCELO CORRÊA Pianista, Mestre em Piano pela Universidade Federal de Minas Gerais, professor na Universidade do Estado de Minas Gerais.
ON THE TOWN: THREE DANCE EPISODES (1944) 9 min
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Alemanha, 1833 – Áustria, 1897
Johannes
BRAHMS INSTRUMENTAÇÃO
2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, tímpanos, cordas.
PARA OUVIRCD Brahms – Concerto para violino e
orquestra, op. 77 – Orquestra Filarmônica de Berlim – Herbert von Karajan, regente
– Anne-Sophie Mutter, violino – Deutsche Grammophon, 00289 477 8415 – 2009
PARA ASSISTIROrquestra Nacional da Bélgica – Marin Alsop,
regente – Ji Young Lim, violino – Concurso Internacional Rainha Elisabeth 2015 – Finalistas | Acesse: fil.mg/bviolino77
PARA LERFrançois-René Tranchefort – Guia da Música
Sinfônica – Ed. Nova Fronteira – 1990
Os movimentos revolucionários de 1848 fizeram exilar-se em Hamburgo
(cidade natal de Brahms, onde ele ainda residia) inúmeros cidadãos
húngaros. Dentre estes, o violinista Eduard Reményi, que logo se tornou
amigo do jovem pianista e compositor, com quem formou um duo. Em
1853, uma série de recitais desse duo possibilitou a Brahms conhecer
outros centros culturais e ter contato com personalidades importantes
do meio musical. Nesse ano Brahms visitou Franz Liszt no castelo de
Altenburgo e conheceu Robert e Clara Schumann, cujo contato e amizade
foram decisivos para sua carreira e para o seu trabalho criador. No mesmo
ano, ainda, conheceu em Hannover o já célebre violinista Joseph Joachim.
Joachim cumpriu muitas vezes o papel de consultor de Brahms em
assuntos ligados a aspectos técnicos do violino e da linguagem violinística.
Brahms, sendo pianista, se preocupava com a viabilidade técnica
daquilo que compunha para um instrumento que não fosse o seu. Assim
que terminou um primeiro esboço do concerto para violino, Brahms
pediu a Joachim sua opinião sobre a parte do solista, ao que o violinista
respondeu ser “violinisticamente muito original”, mas que esperava
ver a peça inteira antes de emitir qualquer juízo mais consistente.
O Concerto para violino, concebido no verão de 1878, no
vilarejo austríaco de Pörtschach am Wörthersee, foi dedicado
a Joachim. A estreia se deu um ano mais tarde, em Leipzig,
tendo Brahms como regente e Joachim como solista.
Nessa récita, Joachim interpretou o concerto de Beethoven no
início do programa e o concerto de Brahms ao final. Com isso não
quis pôr à prova a maestria criativa de Brahms, mas, provavelmente,
contrapor duas leituras muito distintas da linguagem violinística,
apesar de as duas obras guardarem marcantes similaridades entre si,
como o tratamento dado aos tímpanos e a tonalidade de Ré maior.
As primeiras críticas não foram
favoráveis: o violinista e compositor
polonês Henryk Wieniawski
considerou o Concerto “intocável”,
e o espanhol Pablo de Sarasate,
por uma idiossincrasia pessoal
relacionada à presença do oboé
no adágio, recusou-se a tocá-lo.
Hans von Bülow o considerou não
uma obra para violino, mas “contra
o violino”. E o violinista polonês
Bronislaw Huberman (bem mais tarde)
acresceu: trata-se de um concerto
para violino e contra a orquestra.
Tais críticas advinham do fato de que
o Concerto para violino de Brahms
não trata o solista como uma parte
em especial destaque. A despeito
das dificuldades técnicas, Brahms
concebe o violino solista como parte
integrante do ambiente sinfônico, em
certa medida como consequência da
seriedade com que sempre considerou
a herança sinfônica de Beethoven.
Assumindo a estrutura clássica do
concerto, aos moldes vienenses, em
três movimentos, não é exatamente
pelo tratamento dado ao solista
que o Concerto para violino de
Brahms é importante, mas, antes,
por revelar uma mentalidade
contraditoriamente romântica: se
Brahms tem uma alma dionisíaca,
conserva uma mente apolínea, e
sua inventividade melódica supera
quaisquer tendências reacionárias que
eventualmente lhe são imputadas.
MOACYR LATERZA FILHO Pianista e cravista, Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa, professor da Universidade do Estado de Minas Gerais e da Fundação de Educação Artística.
CONCERTO PARA VIOLINO EM RÉ MAIOR, OP. 77 (1878) 35 min
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México, 1899 – 1940
Silvestre
REVUELTAS
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INSTRUMENTAÇÃO
2 piccolos, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 requintas, clarone, 2 fagotes, 4 trompas,
3 trompetes, 2 trombones, tuba, tímpanos, percussão, piano, cordas.
PARA ASSISTIROrquestra de Paris – Alondra de la Parra,
regente | Acesse: fil.mg/rmayas
La noche de los mayas – Chano Urueta, direção – 1939 | Acesse: fil.mg/urueta
PARA LERRoberto Kolb Neuhaus – La noche de
los mayas: crónica de una performance de otredad exótica – Trans – nº 18 – 2014
Acesse: fil.mg/neuhaus
Silvestre Revueltas Sánchez nasceu na cidade de Santiago Papasquiaro
em 31 de dezembro de 1899. “Desde muito cedo senti inclinação
pela música e como resultado tornei-me músico profissional.
Contribuíram para isso alguns de meus professores, com os quais
afortunadamente não aprendi muito, devido sem dúvida ao mau hábito
da independência”, disse ele. Na juventude, esse “homem tão nu,
tão indefeso, tão ferido pelos céus e pelas pessoas”, nas palavras de
Octávio Paz, tocou em orquestras de cinema mudo. Em seus seis últimos
anos, escreveu música para oito filmes. Alguns desses manuscritos
foram também concebidos para execução em salas de concerto
(Redes, Música para charlar, Itinerario), embora nunca publicados como
tais. Outros serviram para a compilação póstuma de suítes orquestrais.
Em La noche de los mayas, filme de Chano Urueta, um nativo apaixona-se
pela filha do chefe da tribo, mas um homem branco a seduz e esse
relacionamento ocasiona a seca. Ela é açoitada e condenada ao
sacrifício. O nativo mata o rival e traz o corpo à presença da condenada,
que, no desenlace, suicida-se. A partir do filme editado, Revueltas
concluiu trinta e seis sequências em 10 de agosto de 1939. A película
estreou em 17 de setembro, e o Comitê Nacional de Cinema
concedeu-lhe cinco prêmios, entre eles o de melhor música.
A partitura deu origem a duas suítes, uma compilada por Paul Hindemith
e outra por José Yves Limantour, concluída em 1959 para alavancar
a carreira desse regente na Europa. Esta será a edição ouvida nesta
noite. Limantour, que a estreou no México à frente da Sinfônica
de Guadalajara em 30 de janeiro de 1960, e na Europa com a
Filarmônica de Berlim, em 7 de junho de 1963, a descreve assim:
“O primeiro movimento estabelece a atmosfera de toda a
composição e pode ser entendido como um vasto prelúdio.
O segundo, Noite de Jaranas, retrata
um festival popular na forma de um
scherzo. O terceiro, Noite de Yucatán,
contém a música de amor do filme
e representa o idílio entre a jovem
maia e o engenheiro mexicano.
O quarto, Noite de Encantamiento,
prolonga o terceiro. Tem a forma
de um tema com variações e um
final que captura com extraordinária
sensibilidade a atmosfera na qual
mesmo hoje os velhos ritos mágicos
são ainda praticados pelo que resta
da cultura dos maias – uma cultura
condenada ao desaparecimento sob
as pressões da civilização moderna.”
O termo jarana remete à música e
dança de Yucatán, gênero que combina
tradições locais e europeias na forma
do rondó. Ela costuma apresentar-se
em compasso binário composto, com
appoggiatura descendente no segundo
pulso do tempo forte e acento no
segundo pulso do tempo fraco, em
nota prolongada até o terceiro pulso,
ou sincopada até a cabeça do tempo
forte. A alusão estilística de Revueltas
evoca o maia contemporâneo.
Procedimento raro nele, o terceiro
movimento cita a melodia pré-hispânica
Koonex, koonex: “Vamo-nos, vamo-nos,
jovens. Vai-se, vai-se escondendo o sol”.
O exotismo nacionalista, sublinhado
pelas intervenções de Limantour,
decorre da função fílmica da música,
à qual os regentes Gustavo Dudamel,
EsaPekka-Salonen e Enrique Diemecke
acrescentaram suas contribuições.
CARLOS PALOMBINI Musicólogo, professor da Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais.
LA NOCHE DE LOS MAYAS (1939) 30 min
TRADIÇÃO E PRESTÍGIO É SER PARCEIRO DA MÚSICA.
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23Ilustrações: Mariana Simões
DIRETOR ARTÍSTICO E REGENTE TITULAR
Fabio Mechetti
REGENTE ASSOCIADO
Marcos Arakaki
Orquestra Filarmônica de Minas Gerais
GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAISFernando Damata Pimentel
VICE-GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAISAntônio Andrade
SECRETÁRIO DE ESTADO DE CULTURA DE MINAS GERAISAngelo Oswaldo de Araújo Santos
SECRETÁRIO DE ESTADO ADJUNTO DE CULTURA DE MINAS GERAISJoão Batista Miguel
FORTISSIMO
outubro nº 19 / 2016 ISSN 2357-7258
EDITORA Merrina Godinho Delgado
EDIÇÃO DE TEXTO Berenice Menegale
BERNSTEINRepresentante exclusivo: Boosey & Hawkes
REVUELTASEditor original: PeermusicRepresentante exclusivo: Barry Editorial
* principal ** principal associado *** principal assistente **** músico convidado
PRIMEIROS VIOLINOS Anthony Flint – SpallaRommel Fernandes – Spalla AssociadoAra Harutyunyan – Spalla AssistenteAna Paula SchmidtAna ZivkovicArthur Vieira TertoBojana PantovicDante BertolinoHyu-Kyung JungJoanna BelloRoberta ArrudaRodrigo BustamanteRodrigo M. BragaRodrigo de Oliveira
SEGUNDOS VIOLINOSFrank Haemmer *Leonidas Cáceres ***Gideôni LoamirJovana TrifunovicLuka MilanovicMartha de Moura PacíficoMatheus BragaRadmila BocevRodolfo ToffoloTiago EllwangerValentina Gostilovitch
VIOLASJoão Carlos Ferreira *Roberto Papi ***Flávia MottaGerry VaronaGilberto Paganini Juan DíazKatarzyna Druzd Luciano GatelliMarcelo NébiasNathan Medina
VIOLONCELOSPhilip Hansen *Felix Drake ***Camila PacíficoCamilla RibeiroEduardo SwertsEmilia NevesLina RadovanovicRobson Fonseca William Neres
CONTRABAIXOSNilson Bellotto *Marcelo CunhaMarcos LemesPablo Guiñez Rossini ParucciWalace Mariano
FLAUTASCássia Lima *Renata Xavier ***Alexandre BragaElena Suchkova
OBOÉSAlexandre Barros *Israel MunizMoisés Pena
CLARINETESMarcus Julius Lander *Jonatas Bueno ***Ney FrancoAlexandre Silva
FAGOTESCatherine Carignan *Victor Morais ***Andrew HuntrissFrancisco Silva
SAXOFONERobson Saquett ****
TROMPASAlma Maria Liebrecht *Evgueni Gerassimov ***Gustavo Garcia Trindade José Francisco dos SantosLucas Filho Fabio Ogata
TROMPETESMarlon Humphreys *Érico Fonseca **Daniel Leal ***Tássio Furtado TROMBONESMark John Mulley *Diego Ribeiro **Wagner Mayer ***Renato Lisboa
TUBAEleilton Cruz *
TÍMPANOSPatricio Hernández Pradenas *
PERCUSSÃO Rafael Alberto *Daniel Lemos ***Sérgio AluottoWerner Silveira
TECLADOSAyumi Shigeta *
GERENTE Jussan Fernandes
INSPETORAKarolina Lima
ASSISTENTE ADMINISTRATIVA Débora Vieira
ARQUIVISTAAna Lúcia Kobayashi
ASSISTENTESClaudio StarlinoJônatas Reis
SUPERVISOR DE MONTAGEMRodrigo Castro
MONTADORESAndré BarbosaHélio SardinhaJeferson SilvaKlênio CarvalhoRisbleiz Aguiar
Instituto Cultural Filarmônica(Oscip – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – Lei 14.870 / Dez 2003)
Conselho Administrativo
PRESIDENTE EMÉRITO Jacques Schwartzman
PRESIDENTE Roberto Mário Soares
CONSELHEIROS Angela Gutierrez Berenice MenegaleBruno VolpiniCelina SzrvinskFernando de AlmeidaÍtalo GaetaniMarco Antônio PepinoMauricio FreireMauro BorgesOctávio ElísioPaulo BrantSérgio Pena
Diretoria Executiva
DIRETOR PRESIDENTE Diomar Silveira
DIRETOR ADMINISTRATIVO-FINANCEIROEstêvão Fiuza
DIRETORA DE COMUNICAÇÃO Jacqueline Guimarães Ferreira
DIRETORA DE MARKETING E PROJETOS Zilka Caribé
DIRETOR DE OPERAÇÕES Ivar Siewers
DIRETOR DE PRODUÇÃO MUSICAL Kiko Ferreira
Equipe Técnica
GERENTE DE COMUNICAÇÃO Merrina Godinho Delgado
GERENTE DE PRODUÇÃO MUSICAL Claudia da Silva Guimarães
ASSESSORA DE PROGRAMAÇÃO MUSICALGabriela Souza
PRODUTORES Luis Otávio RezendeNarren Felipe
ANALISTAS DE COMUNICAÇÃO Marciana Toledo (Publicidade) Mariana Garcia (Multimídia)Renata GibsonRenata Romeiro (Design gráfico)
ANALISTA DE MARKETING DE RELACIONAMENTO Mônica Moreira
ANALISTAS DE MARKETING E PROJETOSItamara KellyMariana Theodorica
ASSISTENTE DE MARKETING DE RELACIONAMENTO Eularino Pereira
ASSISTENTE DE PRODUÇÃO Rildo Lopez
Equipe Administrativa
GERENTE ADMINISTRATIVO-FINANCEIRA Ana Lúcia Carvalho
GERENTE DE RECURSOS HUMANOSQuézia Macedo Silva
ANALISTAS ADMINISTRATIVOS João Paulo de OliveiraPaulo Baraldi
ANALISTA CONTÁBIL Graziela Coelho
SECRETÁRIA EXECUTIVAFlaviana Mendes
ASSISTENTE ADMINISTRATIVACristiane Reis
ASSISTENTE DE RECURSOS HUMANOSVivian Figueiredo
RECEPCIONISTA Lizonete Prates Siqueira
AUXILIAR ADMINISTRATIVO Pedro Almeida
AUXILIARES DE SERVIÇOS GERAIS Ailda ConceiçãoRose Mary de Castro
MENSAGEIROSBruno RodriguesDouglas Conrado
MENOR APRENDIZMirian Cibelle
Sala Minas Gerais
GERENTE DE INFRAESTRUTURA Renato Bretas
GERENTE DE OPERAÇÕES Jorge Correia
TÉCNICO DE ÁUDIO E ILUMINAÇÃOMauro Rodrigues
TÉCNICO DE ILUMINAÇÃO E ÁUDIO Rafael Franca
ASSISTENTE OPERACIONALRodrigo Brandão
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PARA APRECIAR UM CONCERTO
CONCERTOS COMENTADOSAgora você pode assistir a palestras sobre temas dos concertos das séries Allegro, Vivace, Presto e Veloce. Elas acontecem na Sala de Recepções, à esquerda do foyer principal, das 19h30 às 20h, para as primeiras 65 pessoas a chegar.
CUMPRIMENTOSApós o concerto, caso queira cumprimentar os músicos e convidados, dirija-se à Sala de Recepções.
ESTACIONAMENTOPara seu conforto e segurança, a Sala Minas Gerais possui estacionamento, e seu ingresso dá direito ao preço especial de R$ 15 para o período do concerto.
PONTUALIDADE Uma vez iniciado um concerto, qualquer movimentação perturba a execução da obra. Seja pontual e respeite o fechamento das portas após o terceiro sinal. Se tiver que trocar de lugar ou sair antes do final da apresentação, aguarde o término de uma peça.
APARELHOS CELULARESConfira e não se esqueça, por favor, de desligar o seu celular ou qualquer outro aparelho sonoro.
FOTOS E GRAVAÇÕES EM ÁUDIO E VÍDEONão são permitidas durante os concertos.
APLAUSOSAplauda apenas no final das obras. Veja no programa o número de movimentos de cada uma e fique de olho na atitude e gestos do regente.
CONVERSAA experiência do concerto inclui o encontro com outras pessoas. Aproveite essa troca antes da apresentação e no seu intervalo, mas nunca converse ou faça comentários durante a execução das obras. Lembre-se de que o silêncio é o espaço da música.
CRIANÇASCaso esteja acompanhado por criança, escolha assentos próximos aos corredores. Assim, você consegue sair rapidamente se ela se sentir desconfortável.
COMIDAS E BEBIDASSeu consumo não é permitido no interior da sala de concertos.
TOSSEPerturba a concentração dos músicos e da plateia. Tente controlá-la com a ajuda de um lenço ou pastilha.
0 PROGRAMA DE CONCERTOS
O Fortissimo é uma publicação indexada aos sistemas nacionais e internacionais de catalogação. Elaborado com a participação de especialistas, ele oferece uma oportunidade a mais para se conhecer música. Desfrute da leitura e estudo. Mas, caso não precise dele após o concerto, por favor, devolva-o nas caixas receptoras para que possamos reaproveitá-lo.
O Fortissimo também está disponível no formato digital em nosso sitewww.filarmonica.art.br.
Para que sua noite seja ainda mais especial, nos dias de concerto, apresente seu ingresso no restaurante Haus München e, na compra de um prato principal, ganhe outro de igual ou menor valor.
Rua Juiz de Fora, 1.257, pertinho da Sala Minas Gerais.
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CONCERTOS out
Veja detalhes em filarmonica.art.br/concertos/agenda-de-concertos.
1º / out, 18hMozart — Música incidental
6 e 7 / out, 20h30Bernstein, Brahms, Revueltas
16 / out, 11hFormas livres — Adams, Rimsky-Korsakov, Liszt, Ravel, Rossini, Bizet
20 e 21 / out, 20h30Turina, Albéniz, Schubert
24 e 25 / outRimsky-Korsakov, Liszt, Rossini, Bizet
29 / out, 18hMozart — Na corte
FORA DE SÉRIE
FORA DE SÉRIE
DIDÁTICOS
PRESTO VELOCE
• Séries de assinatura: Allegro, Vivace, Presto, Veloce, Fora de Série• Concertos para a Juventude• Clássicos na Praça• Concertos Didáticos• Festival Tinta Fresca• Laboratório de Regência• Turnês estaduais• Turnês nacionais e internacionais• Concertos de Câmara
Visite filarmonica.art.br/filarmonica/sobre-a-filarmonica e conheça cada uma delas.
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COMO ASSINAR
Pela internet filarmonica.art.br/assinaturas
Na bilheteria da Sala Minas Gerais
De terça a sexta, das 12h às 21h
Sábado, das 12h às 18h
ATÉ 15/10 — RENOVAÇÃO• Renove sua assinatura• Indique se quer trocar de cadeira ou série
DE 18/10 A 05/11 — TROCA• Se, no período anterior, você disse que quer fazer trocas, a hora é agora.
/filarmonicamg @filarmonicamg /filarmonicamg
SALA MINAS GERAIS
Rua Tenente Brito Melo, 1.090 | Barro Preto | CEP 30.180-070 | Belo Horizonte - MG
(31) 3219.9000 | Fax (31) 3219.9030
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