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CARLOS MAGNO AMARAL COSTA
TCNICAS DE MENSURAO DA TEMPERATURA CORPORAL:
UMA ESPECIAL ATENO PARA AS VARIAES DA TEMPERATURA DA
PELE MENSURADAS POR TERMOGRAFIA AO LONGO DO DIA
Dissertao apresentada Universidade
Federal de Viosa, como parte das
exigncias do Programa de Ps-Graduao
em Educao Fsica, para obteno do ttulo
de Magister Scientiae.
VIOSA
MINAS GERAIS BRASIL 2012
ii
CARLOS MAGNO AMARAL COSTA
TCNICAS DE MENSURAO DA TEMPERATURA CORPORAL:
UMA ESPECIAL ATENO PARA AS VARIAES DA TEMPERATURA DA
PELE MENSURADAS POR TERMOGRAFIA AO LONGO DO DIA
Dissertao apresentada Universidade
Federal de Viosa, como parte das
exigncias do Programa de Ps-Graduao
em Educao Fsica, para obteno do ttulo
de Magister Scientiae.
Aprovada: 21 de dezembro de 2012.
__________________________________
Ciro Jos Brito
__________________________________
Guilherme de Azambuja Pussieldi
______________________________________
Manuel Sillero-Quintana
(Coorientador)
____________________________________
Joo Carlos Bouzas Marins
(Orientador)
iii
A Deus, a minha me Maria Antonieta e
minha namorada Thais, e aos meus
irmos, Michelle e Thiago.
Ao meu orientador Joo Carlos Bouzas
Marins.
A todos os meus amigos que sempre me
incentivaram e apoiaram.
iv
A dor temporria, desistir dura para
sempre.
v
AGRADECIMENTOS
Agradeo a Deus, por todos os momentos de proteo e inspirao, pela vida e
por todas as oportunidades concedidas nos momentos de dificuldade.
A minha me, Maria Antonieta, e a minha namorada Thais, por sempre terem
acreditado no meu sonho, me apoiado nos momentos de dificuldade e se sacrificado nos
momentos de minha ausncia para que esse sonho se tornasse realidade. Agradeo o
apoio, a ajuda, o carinho, o amor, a confiana e a pacincia que tiveram comigo.
Aos meus irmos, Michelle e Thiago, pela fora e confiana que cada um, ao seu
modo, sempre depositou em mim.
Ao meu orientador Joo Carlos Bouzas Marins, pela pacincia, pela dedicao,
pelo esforo e pela competncia na conduo de todos os momentos deste trabalho.
Ao TCel Perius, ex-chefe e incentivador do meu trabalho, agradeo pelos
momentos de ausncia, concedidos para que este sonho tivesse continuidade.
Aos meus companheiros de laboratrio, Alex, Fabrcio e Cristiane, que me
ajudaram de forma competente e dedicada, unindo esforos para que este trabalho
tivesse um fim.
Ao meu grande amigo Danilo, que me recebeu de forma brilhante, num
ambiente at ento desconhecido, apresentando-me, com todo entusiasmo, o LAPEH, e
demonstrando, nos poucos momentos de convivncia, sua dedicao pesquisa e o
interesse pela cincia.
Aos demais companheiros, Pedro Meloni e Bruno Moura e a todos integrantes
do LAPEH, meu muito obrigado!
vi
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
FPA = Focal plane array
ISAK = International Society for Advancementin Kinanthropometry
RCI = Regio corporal de interesse
Ta = Temperatura ambiente
Tabdomen = Temperatura do abdmen
Tantebrao post dir = Temperatura do antebrao posterior direito
Tcentral = Temperatura central
Tcorporal = Temperatura corporal
Tcoxa ant dir = Temperatura da coxa anterior direita
Tesofgica = Temperatura esofgica
TIR = Termografia infravermelha
TMpele = Temperatura mdia da pele
Toral = Temperatura oral
Tpele = Temperatura da pele
Tperna post dir = Temperatura da perna posterior direita
Tretal= Temperatura retal
Ttimpnica = Temperatura timpnica
UR = Umidade relativa
vii
SUMRIO
RESUMO ............................................................................................................ ix
ABSTRACT ........................................................................................................
xi
1 INTRODUO GERAL ..............................................................................
2 OBJETIVOS .................................................................................................
2.1 Geral .............................................................................................
2.2 Especficos ...................................................................................
2.2.1 Captulo 1 ........................................................................
2.2.2 Captulo 2 ........................................................................
2.2.3 Captulo 3 .......................................................................
REFERNCIAS .................................................................................................
01
03
03
03
03
03
04
05
3 CAPTULO 1 - TCNICAS DE MENSURAO DA TEMPERATURA
CENTRAL E SUA APLICAO NO EXERCCIO FSICO
..............................................................................................................................
3.1 Resumo ..................................................................................................
3.2 Introduo ..............................................................................................
3.3 Mtodo ...................................................................................................
3.4 Temperatura Oral ...................................................................................
3.5 Temperatura Timpnica .........................................................................
3.6 Temperatura Retal ..................................................................................
3.7 Temperatura Esofgica ..........................................................................
3.8 Temperatura Gastrointestinal .................................................................
3.9 Temperatura da Artria Pulmonar .......................................................
3.10 Concluses ...........................................................................................
3.11 Referncias ..........................................................................................
07
07
08
10
12
14
17
21
23
26
27
29
4 CAPTULO 2 - VARIAES DA TEMPERATURA DA PELE AO
LONGO DE UM DIA EMPREGANDO A TCNICA DE TERMOGRAFIA
INFRAVERMELHA EM HOMENS MILITARES ............................................
4.1 Resumo ..................................................................................................
4.2 Introduo ..............................................................................................
4.3 Materiais e Mtodos ...............................................................................
4.3.1 Amostra .....................................................................................
4.3.2 Procedimentos ...........................................................................
4.3.3 Equipamentos ............................................................................
35
35
37
39
39
41
46
viii
4.3.4 Anlise estatstica ......................................................................
4.4 Resultados ..............................................................................................
4.5 Discusso ...............................................................................................
4.6 Concluses .............................................................................................
4.7 Referncias ............................................................................................
4.8 Anexo 1 ..................................................................................................
4.9 Anexo 2 ..................................................................................................
47
47
53
58
59
62
63
5 CAPTULO 3 - UTILIZAO DA TCNICA DE TERMOGRAFIA
INFRAVERMELHA PARA IDENTIFICAR VARIAES DA
TEMPERATURA DA PELE DE MULHERES MILITARES AO LONGO DE
UM DIA ..............................................................................................................
5.1 Resumo ..................................................................................................
5.2 Introduo ..............................................................................................
5.3 Materiais e Mtodos ...............................................................................
5.3.1 Amostra .....................................................................................
5.3.2 Procedimentos ...........................................................................
5.3.3 Equipamentos ...........................................................................
5.3.4 Anlise estatstica ......................................................................
5.4 Resultados ..............................................................................................
5.5 Discusso ...............................................................................................
5.6 Concluso ...............................................................................................
5.7 Referncias ............................................................................................
5.8 Anexo 1 ..................................................................................................
5.9 Anexo 2 ..................................................................................................
64
64
66
68
68
70
75
76
76
83
88
89
93
94
6 CONCLUSES GERAIS .............................................................................
95
ix
RESUMO
COSTA, Carlos Magno Amaral, M. Sc. Universidade Federal de Viosa, dezembro de
2012. Tcnicas de mensurao da temperatura corporal: uma especial ateno
para as variaes da temperatura da pele mensuradas por termografia ao longo do
dia. Orientador: Joo Carlos Bouzas Marins. Coorientador: Manuel Sillero-Quintana.
Esta dissertao foi proposta com dois objetivos principais: a) analisar os
diferentes mtodos de mensurao da temperatura central, seus aspectos favorveis e
desfavorveis durante o exerccio fsico; b) identificar a ocorrncia de variao diria da
temperatura da pele (Tpele), tanto de homens como de mulheres, utilizando a tcnica de
termografia infravermelha. Para elucidar o primeiro objetivo, foi realizado um estudo de
reviso que identificou as seis principais tcnicas de mensurao da temperatura central.
A temperatura retal e a temperatura gastrointestinal parecem ser os mtodos mais
aplicados em exerccio fsico, contudo nenhum mtodo dever ser excludo sem que
antes sejam analisadas suas limitaes, o tipo de exerccio fsico realizado e os objetivos
do registro da temperatura central. Para alcanar o segundo objetivo, realizaram-se dois
estudos em que participaram 31 militares do sexo masculino e 20 militares do sexo
feminino. Os avaliados estavam sob o mesmo treinamento fsico por, no mnimo, seis
meses, no eram fumantes ou portadores de condio patolgica inflamatria, ou
apresentavam algum problema que pudesse alterar a Tpele. As imagens termogrficas
foram coletadas em uma sala climatizada a 23C 1C e obtidas atravs de termovisor
posicionado a 4 m de distncia do avaliado. Foram coletadas 4 imagens englobando 25
regies corporais de interesse (RCI), esse procedimento foi repetido ao longo do mesmo
dia em cinco ocasies: s 7h, s 11h, s 15h, s 19h e s 23h. Para o comportamento
trmico geral, tambm foi considerada a temperatura mdia da pele. Empregou-se a
ANOVA One Way com medidas repetidas, seguida pelo teste post-hoc de Tukey, para
x
localizar a diferena significativa entre os diferentes horrios do dia em cada RCI. O
nvel de significncia adotado foi p
xi
ABSTRACT
COSTA, Carlos Magno Amaral, M. Sc. Universidade Federal de Viosa, december
2012. Techniques for measuring body temperature: a special attention to changes
in skin temperature measured by thermography throughout the day. Advisor: Joo
Carlos Bouzas Marins. Co-Advidor: Manuel Sillero-Quintana.
This dissertation was proposed with two main objectives: a) analyze the different
methods for measurement of core temperature, favorable and unfavorable aspects
during exercise; b) identifying the occurrence of daily variation in skin temperature
(Tskin) both men and women using the technique of infrared thermography. To elucidate
the first objective was a study review that identified six main techniques for measuring
the core temperature. The rectal and gastrointestinal temperature seem to be the most
used methods in physical exercise, however, no method should be deleted without first
being analyzed its limitations, the type of exercise performed and the goals of the
central temperature record. To achieve the second objective two studies were conducted
which involved a total sample of 31 male military and 20 women military.The evaluated
were subjected to the same physical training for at least six months, were nonsmokers or
patients with inflammatory pathological condition or a problem that could change the
Tskin. The thermographic images were collected in a room heated to 23C 1C and
obtained by the thermal imager positioned 4 m away from the volunteer. We collected 4
images encompassing the 25 body regions of interest (RBI), this procedure was repeated
along the same day on five occasions at 7h, 11h, 15h, 19h and 23h. For the thermal
behavior was also considered the overall average temperature of the skin. We applied
the One Way ANOVA with repeated measures followed by post-hoc Tukey test to
determine significant differences between different times of day in each RBI. The
xii
significance level of p
1
1 INTRODUO GERAL
O controle da temperatura corporal (Tcorporal) em humanos se faz necessrio para
manter em nveis seguros as repostas fisiolgicas de produo, absoro e perda de calor. Os
mecanismos termorregulatrios so os responsveis pela homeostase da temperatura humana
durante o repouso e, principalmente, durante o esforo fsico, ajustando em aproximadamente
37C a temperatura central (Tcentral) a fim de evitar hipertermia e hipotermia em nveis
perigosos (1).
Apesar da disponibilidade e da variedade de mtodos de mensurao da Tcorporal, a
seleo do mtodo de termometria para qualquer populao especfica no simples,
especialmente durante a prtica de exerccio fsico e participao no esporte. Contudo,
avanos relacionados mensurao da Tcorporal tm desempenhado funes importantes na
pesquisa de termorregulao humana, por permitirem que os pesquisadores quantifiquem e
analisem a temperatura usando diferentes estratgias.
A Tcorporal um dos principais marcadores utilizados para identificar as variaes
circadianas dirias do ritmo biolgico (2, 3), as quais ocorrem a partir do sistema interno
orgnico que permite a antecipao e a preparao relacionadas s mudanas dirias (4).
Existem vrias tcnicas de registro da Tcorporal e, em todas, foi observado que existem
variaes ao longo de 24 horas, porm com faixas de normalidade diferenciadas em funo do
tipo de tcnica empregada (5).
A proposta de utilizao da termografia infravermelha (TIR) para controle de
mensurao da temperatura corporal apresenta aspectos interessantes. Em humanos, essa
tcnica teve seu incio na rea mdica com o objetivo de diagnosticar doenas vasculares (6),
inflamaes (7), tumores (8, 9) e desordem metablica, bem como anormalidades da Tcorporal
(7).
2
A TIR registra a distribuio da temperatura por meio de termovisor que capta e
processa a radiao infravermelha emitida pela superfcie do corpo (10). Sua aplicao
considerada vantajosa, pois permite anlise imediata, de forma geral ou especfica, focada em
determinada parte do corpo. A TIR um procedimento no invasivo e no necessita contato
fsico com o avaliado, podendo ser utilizada como tcnica alternativa para o estudo da
variao trmica diria (11, 12).
Estudos da variao trmica diria so frequentemente realizados atravs das
mensuraes da temperatura retal (13-15), gastrointestinal (16), oral (17), axilar (14, 16) e da
pele (18), no entanto, aps pesquisa na base de dados Medline, no foi possvel identificar
trabalhos que tenham aplicado a TIR para estabelecer o mapa trmico dirio da temperatura
da pele, o que torna este estudo pioneiro quanto a esse aspecto.
Estabelecer a possvel variao diria da temperatura da pele pode auxiliar treinadores,
preparadores fsicos e fisioterapeutas a selecionar os melhores horrios para determinadas
intervenes, tomando como base que certas aes so indicadas ou no em funo da
variao do ritmo biolgico (19), ou a aplicar, no estudo da preveno de leses, que utiliza a
comparao contralateral com o acompanhamento dirio da temperatura da pele (12).
Dessa forma, o contedo desta dissertao est dividido em trs manuscritos. O
primeiro manuscrito, que consta de reviso de literatura, apresenta e analisa as diferentes
formas de mensurao da temperatura corporal humana e suas aplicaes no exerccio fsico.
J o segundo e o terceiro manuscritos apresentam como objetivo central identificar as
variaes da temperatura da pele de homens e mulheres, ao longo do dia, utilizando a tcnica
de termografia infravermelha (TIR), com os avaliados em repouso e em condies ambientais
controladas.
3
2 OBJETIVOS
2.1 Geral
Investigar as tcnicas de mensurao da temperatura corporal e, em especial, estudar a
variao da temperatura da pele atravs da utilizao da termografia infravermelha em
homens e mulheres em repouso, ao longo do dia. Para tal, foi conduzido um estudo de reviso
e dois estudos investigativos. Os objetivos especficos inerentes a cada estudo so listados
abaixo:
2.2 Especficos
2.2.1 Manuscrito 1
Analisar, por meio de reviso de literatura, as diferentes formas de mensurao da
Tcentral humana, os aspectos favorveis e os desfavorveis, a fidedignidade e a relao entre os
mtodos de mensurao, quando aplicados durante a prtica de exerccio fsico.
2.2.2 Manuscrito 2
Identificar a variao da temperatura da pele, atravs da tcnica de termografia
infravermelha, em homens militares em repouso e em determinadas condies ambientais
controladas em diferentes perodos do dia.
4
2.2.3 Manuscrito 3
Identificar a ocorrncia de variao da temperatura da pele, atravs da tcnica de
termografia infravermelha, em mulheres militares em repouso e em determinadas condies
ambientais controladas em diferentes perodos do dia.
5
REFERNCIAS
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7
3 CAPTULO 1 Tcnicas de mensurao da temperatura central e sua aplicao no
exerccio fsico
3.1 RESUMO
Durante a prtica de exerccio fsico, a atuao do mecanismo termorregulador mais
evidente devido necessidade de manter a homeostase fisiolgica. O aumento na temperatura
central durante o exerccio, de forma no controlada, vem sendo atribudo como fator
desencadeante de fadiga central. Escolher o melhor mtodo de mensurao da temperatura
central requer o conhecimento frente s limitaes. Dessa forma, o propsito deste estudo
analisar as diferentes formas de mensurar a temperatura central humana, de modo a destacar
pontos favorveis e pontos desfavorveis quanto a sua aplicao durante o exerccio fsico.
Foram utilizados na base de dados Medline os principais termos de busca: oral temperature
measurement, tympanic temperature measurement, rectal temperature measurement,
oesophagus temperature measurement e gastrointestinal temperature measurement os quais
forneceram 263 estudos publicados nos ltimos cinco anos. Dentre esses, foram selecionados
estudos realizados em humanos; que avaliaram a eficincia entre os mtodos de mensurao
da Tcentral; estudos realizados em comparao com o padro ouro fisiolgico de mensurao
da Tcentral e estudos com mensuraes realizadas durante a prtica de exerccios fsicos,
quando eram descritos o mtodo e os procedimentos de mensurao da Tcentral. A Tretal e a
Tgastrointestinal so os mtodos mais recomendados em situao de exerccio fsico,
principalmente em ambiente laboratorial, pois oferecem similaridades quanto ao registro de
temperatura. Todavia, nenhum mtodo dever ser excludo sem que antes sejam analisadas
suas limitaes, as condies de registro da temperatura e o tipo de exerccio fsico realizado.
Palavras-chave: Termorregulao. Temperatura humana. Avaliao fsica.
8
3.2 INTRODUO
Os humanos produzem calor internamente para regular a temperatura corporal
(Tcorporal) utilizando balano na produo, na absoro, e na perda de calor. A homeostase
fisiolgica dependente do mecanismo termorregulatrio no apenas em situao de repouso,
mas principalmente durante o esforo fsico, em que a atuao do mecanismo termorregulador
torna-se mais evidente, fazendo da espcie humana um ser hbil em ajustar a Tcorporal, pois
uma divergncia de + 3,5oC na temperatura central(Tcentral), de aproximadamente 37
oC, pode
resultar em hipotermia ou hipertermia em nveis perigosos alterando as respostas fisiolgicas
(1).
O aumento da Tcorporal pode ser influenciado por dois mecanismos distintos: o
primeiro resultante do funcionamento inadequado de um ou mais sistemas internos do
corpo, acompanhado de possvel infeco ou contaminao, resultando em quadro febril (2); o
segundo demonstrado pelo desequilbrio entre a quantidade de calor absorvido pelo
ambiente, a produo metablica de calor e a quantidade de calor emitido pelo corpo, que
ocorre durante mudanas no calor metablico induzido pela atividade fsica (3) e/ou pela
exposio o ambiente mais quente (4). Sob condies de desequilbrio, as respostas
compensatrias so elevao do fluxo de sangue para a pele e estmulo para produo de
sudorese. Essas respostas ocorrem atravs de feedback negativo hipotalmico para manter
maior taxa da perda de calor e evaporao, na tentativa de manter a Tcentral no ponto de
referncia de termorregulao (5, 6).
Considera-se como Tcentral a temperatura do sangue na circulao que perfunde as
clulas do hipotlamo anterior e que permite ao organismo humano a constatao da
temperatura sangunea (7), sendo o padro ouro para sua mensurao a temperatura do sangue
9
da artria pulmonar (8). Porm, mesmo que esse local seja geralmente considerado o "padro-
ouro fisiolgico", ele acessvel apenas sob condies cirrgicas ou experimentais e sendo
impraticvel para a deteco de febre em um ambiente clnico (9), o que o torna tambm
invivel para mensurao em competies e/ou durante a prtica de exerccios fsicos.
O organismo humano tem baixa eficincia mecnica. Durante a prtica de exerccio
fsico, aproximadamente 25% da energia qumica proveniente da oxidao dos nutrientes
costuma se transformar em energia responsvel pelo movimento, sendo o restante
transformado em energia trmica (10), o que ocasiona aumento imediato na produo
metablica de calor seguido de um aumento gradual da perda de calor total. Esse desequilbrio
inicial entre a perda de calor total e a produo de calor metablico levar mudana no
contedo de calor corporal, acompanhado por alterao na Tcentral (11). Pesquisas tm
demonstrado que a hipertermia pode funcionar como sinal desencadeador de resposta de
fadiga central durante exerccio intenso (12), ocorrendo queda no desempenho aerbio mesmo
com Tcentral no ultrapassando 38C (13), o que ainda parece ser intensificado com a
desidratao (14). Dessa forma, em provas de longa durao, como as ultramaratonas, as
maratonas e o triathlon, importante que no ocorra elevao aguda da Tcentral, e seu controle
pode auxiliar no desempenho nessas competies.
O monitoramento da resposta termorregulativa durante a prtica de exerccio fsico
demonstra ser importante para a proteo do atleta, principalmente quando este se encontra
exposto a ambientes de temperaturas extremas, por exemplo, provas de resistncia, como o
ciclismo de estrada ou uma partida de futebol, realizados em ambientes extremos de calor e de
umidade elevados. Importante destacar que exposies prolongadas a esses ambientes causam
morte associadas a problemas termorregulativos, afetando os mecanismos homeostticos da
termorregulao (15). Assim, o monitoramento da Tcentral pode auxiliar na preveno de
acidentes termorregulativos que, se no controlados, podem induzir morte, alm de auxiliar
10
na compreenso de como ocorrem os ajustes termorregulativos e suas especificidades,
considerando-se vestimenta, hidratao e sobrecarga no exerccio fsico (10).
Avanos relacionados ao campo da mensurao da Tcentral tm desempenhado um
importante papel na pesquisa de termorregulao humana, por permitirem que os
pesquisadores quantifiquem e analisem a Tcorporal. Apesar da disponibilidade de variedade de
mtodos invasivos e no invasivos, ainda h desafios em medir com preciso a Tcentral. A
melhor escolha do mtodo de termometria para qualquer populao especfica no uma
questo simples, especialmente durante exerccio e participao no esporte.
O propsito deste estudo foi analisar, por meio de reviso de literatura, as diferentes
formas de mensurao da Tcentral humana, os aspectos favorveis e os desfavorveis, a
fidedignidade e a relao entre os mtodos de mensurao quando aplicados durante a prtica
de exerccio fsico.
3.3 MTODO
A realizao da presente reviso ocorreu atravs de pesquisas bibliogrficas nas
bases de dados Medline, utilizando como principais termos de busca: oral temperature
measurement, tympanic temperature measurement, rectal temperature measurement,
oesophagus temperature measurement e gastrointestinal temperature measurement.
Os procedimentos empregados nas buscas e seleo inicial dos artigos foi semelhante
ao empregado recentemente nos trabalhos de Silva et al. ao fazer uma reviso sobre
imunoglobulina A salivar e exerccio (16).
11
A estratgia de busca inicial forneceu um total de 263 estudos para a seleo inicial e
todos os artigos obtidos na busca eletrnica tiveram seus resumos extrados em arquivo texto
e analisados de maneira independente. Foram includos: a) estudos que avaliaram a eficincia
entre os mtodos de mensurao da Tcentral; b) estudos realizados em comparao com o
padro ouro fisiolgico de mensurao da Tcentral; c) mensuraes realizadas em exerccios
fsicos quando eram descritos o mtodo e os procedimentos de mensurao da Tcentral. Foi
utilizada a busca limitada em artigos de pesquisa realizada em humanos nos ltimos cinco
anos.
Foram selecionadas as publicaes que atenderam aos critrios de incluso e
limitaes. A partir da obteno e leitura dos artigos, suas referncias bibliogrficas foram
rastreadas procura de outros trabalhos potencialmente utilizveis. Publicaes com nfase
na termorregulao humana e que contribuiriam para suporte de informaes complementares
tambm foram consideradas.
No foram realizadas restries quanto faixa etria, gnero ou modalidade
esportiva, mas estudos envolvendo exerccios fsicos foram preferencialmente escolhidos.
Foram excludos artigos que, mesmo apresentando os termos de busca utilizados, no
contemplavam claramente a descrio do mtodo e os procedimentos de mensurao da
temperatura.
Aps os critrios de incluso, foram revisadas seis tcnicas de mensurao da Tcentral,
sendo elas: a) oral; b) timpnica; c) retal; d) esofgica; e) gastrointestinal; e f) artria
pulmonar. A seguir sero apresentadas com mais detalhes cada uma dessas formas de
mensurao, sendo indicadas a tcnica de registro, pontos positivos e negativos do emprego
delas e a aplicabilidade no ambiente esportivo.
12
3.4 TEMPERATURA ORAL
Para o registro da temperatura oral (Toral) podem ser utilizados trs procedimentos: o
termmetro de mercrio em vidro, o termmetro qumico e o termmetro eletrnico.
Recomenda-se que esses sejam colocados no lado direito ou esquerdo do bolso posterior
sublingual(17), com o fechamento dos lbios de forma a acomod-los ao redor do termmetro
com a finalidade de assegurar menor interferncia da temperatura ambiente e obter medio
mais precisa da temperatura.
Atualmente se recomenda o emprego de termmetros eletrnicos que substituram os
termmetros de mercrio em vidro e os termmetros qumicos por realizar, no modo
preditivo, mensurao mais rpida, alm de minimizar os erros de leitura da Toral por parte do
avaliador (18), e ainda atualizar continuamente a mensurao da Toral, que pode ser realizadas
com alguns modelos de dispositivos eletrnicos (17).
Estudo realizado por Potter et al. (19) demonstrou alta relao entre as mensuraes
de Toral obtidas por termmetros qumicos de uso descartvel e termmetros eletrnicos em
pacientes entubados por via oral, internados em unidade de terapia intensiva. Contudo, Fallis
et al. (20) demonstraram variao entre as medidas realizadas por termmetro qumico de uso
descartvel e termmetros eletrnicos apontando o termmetro qumico como um dispositivo
no confivel na aplicao em mulheres saudveis.
Apesar do desconforto com o termmetro eletrnico na medida sublingual, ele mais
seguro na realizao de mensuraes em exerccio fsico, evitando problemas na quebra do
termmetro de mercrio, composto de vidro e mercrio, o que provocaria grande desconforto
e possvel intoxicao.
13
A Toral utilizada na prtica clnica como mtodo alternativo e no invasivo de
mensurao da Tcorporal (21). Apesar de Moran e Mendal (1) recomendarem faixa de
mensurao de 0,1C para termmetros exatos, grande parte parece apontar para
confiabilidade da Toral variando abaixo de 0,5oC da Tcentral, medida atravs de cateter na artria
pulmonar (8). Todavia, estudo realizado em condies de hipertermia demonstrou diferena
acima de 0,59oC em relao temperatura medida na artria pulmonar (22), o que pode
diminuir a confiabilidade na mensurao da Tcentral na prtica de atividade fsica.
Na prtica clnica, a aplicao da mensurao da Toral vantajosa por ser um mtodo
no invasivo que oferece rpida variao da Tcorporal (1). Tambm possui dispositivo de fcil
manuseio e aplicao, diminuindo assim a possibilidade de erro do avaliador na leitura da
mensurao da temperatura. O custo acessvel dos dispositivos eletrnicos e de mercrio em
vidro tambm oferecem vantagem em relao a outros mtodos de mensurao (23).
Alguns fatores envolvendo o uso dessa tcnica de controle da Tcentral durante a prtica
de exerccio fsico devem ser considerados. possvel citar como fatores de desvantagens
para o uso: a) a hidratao necessria com ingesto de lquido antes, durante e aps o
exerccio fsico pode afetar a mensurao da Toral e possibilitar diferena na deteco da
Tcorporal, visto que alteraes na medida de Toral foram identificadas com o efeito da gua
gelada, levando em mdia 14,04min para retorno da medida basal (24); b) possibilidade de
erro de leitura devido ao consumo de bebidas frias ou quentes e padres irregular de
respirao (1); c) influncias do ambiente externo tambm foram justificadas como um dos
efeitos influenciadores de Toral mais baixa, com diferena de at 1oC, comparada com a
medida de temperatura retal (Tretal) (25); d) a mensurao da Toral com a aplicao do
termmetro de mercrio em vidro ou eletrnico requer o pressionamento dos lbios ao redor
do termmetro com a obstruo da respirao por via oral (17), diminuindo o aporte de
oxignio, o que poderia comprometer o desempenho durante o exerccio fsico; e) a
14
dificuldade em manter a sonda do termmetro na posio do bolso sublingual posterior, pois a
colocao incorreta da sonda na cavidade oral tem dado origem a diferenas de at 1,7C na
temperatura (18); f) risco de acidente durante o exerccio, com a quebra do termmetro, caso
esse seja de mercrio em vidro, ocasionando, assim, leses na boca.
O uso desse equipamento pode ser considerado interessante em condies de
repouso, porm no recomendado em exerccio (17), uma vez que, alm de ser
desconfortvel para o avaliado, proporciona dificuldades no ritmo respiratrio normal,
modificando a dinmica do exerccio, podendo aumentar o risco de acidentes. Dessa forma a
Toral no dever ser considerada como prioritria durante o exerccio fsico.
3.5 TEMPERATURA TIMPNICA
Para registro da temperatura timpnica (Ttimpnica) so utilizados os termmetros
infravermelhos que contm um sensor ptico, geralmente uma termopilha (18), que tem como
princpio bsico de funcionamento a mensurao da quantidade de energia infravermelha
emitida pela membrana timpnica, convertendo o fluxo de calor em corrente eltrica. Esta
corrente convertida em analgico-digital demonstrando, em seu visor, a temperatura
encontrada (26).
A temperatura medida em repouso por essa tcnica tem como valor de normalidade
estabelecida uma faixa entre 35,6 a 37,4C. A Ttimpnica corresponde mdia de toda rea da
membrana timpnica captada pelo feixe infravermelho do termmetro (18), pois essa recebe o
suprimento sanguneo da artria cartida e sua temperatura pode refletir a temperatura do
sangue que flui para o hipotlamo, o que tem estreita correlao com a Tcentral (27).
15
Em clnica mdica, pesquisa realizada com recm-nascidos (n=663) demonstra
correlao (r=0,94) entre a mensurao obtida com o termmetro timpnico e com o
termmetro de mercrio de vidro axilar (28). Com crianas de um a seis anos (n=244),
avaliadas de duas a trs vezes em cada membrana com objetivo de encontrar a estabilidade e a
repetibilidade da termometria timpnica, os resultados demonstram uma variao de 0,6C na
temperatura e houve pouca evidncia de que a idade e o gnero tenham feito alguma diferena
na temperatura (29). Em ambos os estudos os resultados apontam a Ttimpnica como mtodo
aceitvel e prtico.
A Ttimpnica mensurada em ambientes hospitalares (30), na pediatria (27, 31, 32), com
indivduos jovens e idosos (33, 34) e na terapia em baixa temperatura (35) demonstra haver
uma confiabilidade ao comparar resultados de outros termmetros que realizam o
monitoramento da Tcentral em locais distintos.
Contudo, em evento esportivo que envolve variaes climticas e a imerso em
guas abertas de baixa temperatura, o uso da termometria timpnica no foi recomendado
para a deteco de hipotermia, sendo entre os principais problemas encontrados a presena de
gua fria no conduto auditivo e a influncia das condies externas (36), o que corrobora com
os resultados de Rogers et al. (37).
Flouris & Cheung (38) analisaram a eficcia da Ttimpnica e Toral em relao Tretal em
duas situaes distintas de calor e frio. Os voluntrios foram imersos em gua a 42C e depois
em gua a 12C at que a Tretal aumentasse e diminusse 0,5C em relao ao valor basal. Os
resultados demonstram a correlao das mensuraes timpnica e oral com a Tretal, porm a
Ttimpnica demonstrou atraso na reposta s mudanas em equilbrio trmico o que pode
comprometer a mensurao em atividades fsicas que envolvem mudanas rpidas de
temperatura.
16
Alguns estudos vm relacionando a Ttimpnica e exerccio fsico (36, 37, 39). Gagnon
et al. (39), com o objetivo de apresentar as respostas temporais da Ttimpnica durante condio
de estresse de calor e aps dois cenrios de recuperao, submeteram 24 indivduos saudveis
a um protocolo de exerccio em esteira com intensidade de 70% do VO2max em cmara com
temperatura controlada em 42C e 30% UR. O exerccio foi interrompido quando a Tretal
atingiu 39,5C. O perodo de recuperao consistiu em imerso em gua a 26C para o grupo
1 (n=12) com tempo mdio de permanncia 145min e repouso em cmara a 30C e 30%
umidade relativa (UR). Para o grupo 2 com permanncia de 29 7min., ambos os perodos de
recuperao foram interrompidos quando a Tretal atingiu 37,5C. Os autores concluem que as
diferenas entre os locais de medio do corpo foram evidentes ao longo de ambos os
cenrios, e essas so provavelmente devido s diferenas regionais em termos fsicos (massa
de tecido) ou fisiolgicos (o fluxo sanguneo) entre as caractersticas dos locais do corpo.
Uma das dificuldades da mensurao da Ttimpnica a influncia do ambiente externo,
por isso, com o objetivo de diminuir essas influncias, Nagano et al. (40) desenvolveram um
novo mtodo envolvendo a insero segura de sensor de temperatura por meio de tampo tipo
esponja, que sela o canal auditivo externo. Durante o experimento, quando a temperatura
ambiente aumentou, as temperaturas do canal auditivo seguiram as modificaes da Tretal,
indicando a sensibilidade do mtodo utilizado. Observou-se tambm pouca divergncia entre
as mensuraes de temperatura durante as sesses de exerccios, indicando que a Ttimpnica
pode controlar com preciso a Tretal durante esforo fsico.
A vantagem de utilizao do termmetro timpnico a facilidade de manuseio, no
necessitando de grande experincia do avaliador devido fcil leitura da temperatura (17),
assim como o resultado rpido da temperatura medida, e pouco desconforto para o avaliado
(26).
17
Em algumas situaes, apesar da Ttimpnica parecer ser fidedigna e correlacionada
Tretal, no exerccio fsico alguns fatores parecem oferecer desvantagens, como: a) a obstruo
do canal auricular por qualquer tipo de lquido, sendo gua ou suor proveniente de atividades
aquticas ou da transpirao (36, 37) b); a mensurao em movimento pode comprometer a
correta aplicao na membrana timpnica o que poderia subestimar a temperatura atravs da
mensurao em outros tecidos do canal auricular (41); c) as influncias do ambiente externo,
caso o termmetro utilizado no seja tipo sonda com possibilidade de selar o canal auditivo
externo (40); d) na recuperao do exerccio fsico a Ttimpnica parece no ter correlao com a
Tretal (39).
Entretanto, mesmo estudos apontando a confiabilidade da Ttimpnica em relao a
outros mtodos de mensurao da Tcentral (21), no exerccio fsico parece no haver um
consenso sobre sua aplicao, demonstrando que a utilizao da Ttimpnica depender do
objetivo e da tcnica de mensurao.
3.6 TEMPERATURA RETAL
A Tretal a mais utilizada para mensurao da Tcorporal em atendimento peditrico,
sendo esse mtodo considerado o padro ouro para verificao da Tcentral nos sistemas de
sade de diversos pases (42), e recomendado pela National Athletic Trainers Association
(43) como critrio padro para mensurao da Tcentral em condies de repouso, durante e aps
o exerccio (43).
A mensurao da Tretal em exerccio fsico pode ser realizada atravs da insero de
um sensor, chamado termistor entre 10 e 15cm (43-45) ou com a insero de uma cpsula tipo
18
supositrio entre 8 e 10cm (13, 14) na cavidade retal, e na prtica clnica, com a insero de
um termmetro de 3 a 6cm de profundidade. Na clnica mdica, o tempo de mensurao varia
de acordo com o tipo de termmetro utilizado. necessrio de 3 a 5min ao utilizar
termmetros de mercrio de vidro (46), enquanto que, os termmetros digitais, so
necessrios 16s, aps a temperatura estabilizar e no subir mais que 0,1C (17).
Os valores de normalidade em repouso da Tretal encontrados esto entre 34,4C a
37,8C (18), podendo atingir, durante o exerccio fsico, valores normais entre 36C a 40C
(43). Valores acima de 40C caracterizam o estado de hipertemia de esforo que pode ocorrer
durante a atividade esportiva ou de lazer, sendo influenciada pela intensidade do exerccio,
condies ambientais, roupas, equipamentos e fatores individuais (47).
Apesar de haver atraso na resposta da temperatura em comparao com a
temperatura esofgica (Tesofgica) e/ou temperatura da artria pulmonar (Tartria pulmonar), a
mensurao da Tretal tambm tem sido utilizada para mensurao de temperatura de atletas em
condies de hipertermia (1). Um estudo (45) utilizou Tretal para comparar a fidedignidade de
outros locais de mensurao da temperatura, de forma que apenas a temperatura
gastrointestinal (Tgastrointestinal), mensurada pela ingesto de termistores, foi considerada como o
nico mtodo em que no houve diferena significativa mensurada durante o exerccio
intenso, em ambiente quente, ao ar livre (45).
importante considerar que a Tretal se relaciona com a intensidade do exerccio,
apresentando aumento da temperatura quanto maior for a intensidade do exerccio (48). O
monitoramento da carga trmica em exerccio com o uso da Tretal razoavelmente frequente.
Trabalhos realizados para verificar os efeitos do calor e da aclimatao ao exerccio nas
alteraes intracelulares e extracelulares de protena de choque trmico em repouso e aps
exerccio fsico (49), bem como estudos para detectar hipertermia em atletas (43), ou
19
identificar o efeito da administrao de cafena na Tcentral durante exerccio fsico, realizado
em ambiente quente (50), so exemplos de trabalhos utilizando a tcnica de registro da Tretal.
Alguns fatores como o nvel de hidratao (14), as condies ambientais (47), a
intensidade do exerccio (48) e o ciclo circadiano (51) parecem influenciar a Tretal. Contudo,
segundo Horswill et al. no h um consenso se a ingesto de carboidrato influencia a Tretal
(52).
Diferentemente do que ocorre com a temperatura da pele (Tpele) que varia
principalmente pela exposio a certas condies ambientais, como temperaturas extremas,
umidade e radiao solar (53), a Tretal responde lentamente quando ocorrem essas exposies e
mudanas rpidas de temperatura. Tambm existem indcios de que diferentes profundidades
de insero do dispositivo no reto causam variaes na identificao da Tretal (54), o que
justifica a necessidade de haver padronizao na insero do sensor na cavidade retal.
Lee et al. (54) investigaram (n=19 homens) as diferenas no perodo de latncia e
mudana na Tretal com sonda de sete pontos (4, 6, 8, 10, 13, 16 e 19cm do esfncter anal)
mensurada a cada 10s durante o exerccio dinmico e recuperao. Foi encontrado uma Tretal
mdia mais baixa no ponto de 4cm do que nos demais pontos, e em exerccio essa diferena
estatstica desapareceu, sendo compensada de alguma forma. Importante destacar que na
recuperao no houve resposta da mesma forma que durante o exerccio, apresentando-se
diferenas na temperatura entre as profundidades de forma reversa. A temperatura aumentou
no ponto de 4cm, permaneceu constante quando medida no ponto de 10cm e caiu
gradualmente nos pontos acima de 13cm.
No exerccio fsico, alguns estudos utilizam do mtodo de mensurao da Tretal como
parmetro de Tcentral (45, 51, 52, 55). Em um desses estudos foram analisados os efeitos da
durao do aquecimento ativo na flutuao diurna no desempenho anaerbico. Os autores
mensuraram (n=12), atravs de um termistor, a Tretal nas seguintes situaes: a) em repouso;
20
b) no final do aquecimento de duraes de 5min e 15min; c) antes e depois do teste de
Wingate, realizado no perodo da manh e a tarde. Os resultados demonstraram aumento
significativo dos valores de Tretal durante o dia, encontrando maior Tretal no perodo da tarde.
Contudo, as performances anaerbias foram independentes do tempo de aquecimento, o que
sugerem que a diferena circadiana da Tcentral no foi a nica explicao para os efeitos nas
performances anaerbias (51).
Mesmo a Tretal sendo caracterizada como a temperatura que melhor representa a
Tcentral em condies normais de repouso, essa oferece desvantagens em relao aos outros
mtodos de mensurao, sendo os mais observados: a) o desconforto e a aflio emocional,
sendo considerado mtodo invasivo (42); b) ocorrncia de perfuraes durante as
mensuraes devido a movimentos bruscos (42); c) possibilidade de infeco com
transmisso de micro-organismos (42); d) resposta lenta a mudanas de intensidade do
exerccio (51); e) dificuldade de registro em condies de exerccio realizado no campo e
inviabilidade de registro durante competies, visto que diferentes profundidades de insero
do dispositivo no reto causam variaes na identificao da Tretal (54).
Apesar das desvantagens na sua aplicao, a mensurao da Tretal tem sido utilizada
por ser eficaz para estimar a Tcentral durante exerccio, recuperao e repouso em ambientes
controlados de laboratrio.
21
3.7 TEMPERATURA ESOFGICA
A mensurao da Tesofgica utilizada como mtodo aceitvel para estimar a Tcentral
(21), e tambm como referncia para determinar a eficincia de outros mtodos no invasivos
de mensurao da Tcentral (56).
A Tesofgica obtida atravs de estetoscpio esofgico que detm um sensor de
temperatura (57) ou atravs de sonda termopar descartvel que consiste de um tubo de
plstico fino, inserida atravs de uma narina ou cavidade oral para o esfago at
aproximadamente 45cm, alcanando este orgo ao nvel do corao (58), sendo o local ideal a
regio do esfago delimitada pelo ventrculo esquerdo e aorta, correpondente ao nvel da
oitava e nona vrtebras torcicas (59).
Em clnica mdica, apesar de poder haver influncias dos gases inalados, as
mensuraes de Tesofgica vm sendo destacadas como mtodo preferido de mensurao da
Tcentral em indivduos adultos (60) e crianas anestesiadas (61). Porm, durante ablao
cardaca por rdio-frequncia, Horneo & Berjano (62) relataram ocorrer diferenas nos
valores de Tesofgica de acordo com a distncia entre o eletrodo e a parede do esfago,
mostrando que o posicionamento incorreto da sonda de Tesofgica pode subestimar a
temperatura atingida no esfago.
A Tesofgica cerca de 0,1 a 0,2C da temperatura aferida na artria pulmonar,
porm a mensurao da Tesofgica evitada devido dificuldade e o desconforto de insero da
sonda atravs das fossas nasais e orais (27). A Tesofgica seria um mtodo preferencial de
medio da temperatura se os pacientes e voluntrios de pesquisas no fossem adversos ao
processo de insero da sonda para o esfago (63).
22
Em exerccio fsico, a Tesofgica tambm utilizada como mtodo alternativo de
identificao da Tcentral em ambiente laboratorial (64-66). Estudo realizado com oito
indviduos em um calormetro, utilizando protocolo de repouco por 45min at adaptao ao
ambiente (30C 0,1C e 30 5% UR) e posteriormente exerccio em cicloergmetro por
60min a 70W de trabalho, mostrou que a Tesofgica subiu paralelamente ao aumento do calor
produzido pelo corpo, entretanto, aps 10min de recuperao, a Tesofgica permaneceu alta,
enquanto que o calor produzido voltou a nveis pr-exerccio (64).
Sancheti & White (66) investigaram a reprodutibilidade das relaes entre a Tesofgica,
ventilao e seus componentes durante o exerccio incremental. O protocolo consistia de duas
sesses de exerccio em cicloergmetro com fase inicial em repouso e incremento de 40W de
carga a cada 2min at a exausto. Os resultados indicam que o volume corrente e frequncia
da respirao tm relaes reproduzveis com a Tesofgica. Em temperaturas mais baixas do
esfago, os aumentos na ventilao foram principalmente devido a maiores volumes
correntes, enquanto que em temperaturas mais altas do esfago, o aumento da ventilao
surgiu devido a maior frequncia da respirao.
Mesmo sendo considerado um mtodo aceitvel de identificao da Tcentral e no
terem sido encontrados relatos de limitaes em estudos durante exerccios fsicos, a Tesofgica
parece fornecer algumas dificuldades na sua aplicao, entre elas: a) a manuteno da sonda
no local indicado para mensurao da temperatura e prximo parede do esfago (62); b) a
possvel interferncia de gases inalados em ambientes com temperaturas extremas (60); c) a
rejeio de insero da sonda pelo indivduo voluntrio ou atleta esportivo (63); d) a
dificuldade e a possibilidade de interferncia da hidratao oral durante o exerccio fsico,
visto que a temperatura aferida diretamente no esfago atravs de sonda (58); e) a limitao
de aplicao em exerccios estacionrios (cicloergmetros e esteiras), tornando invivel o
23
registro em ambiente de campo, como em uma partida de futebol devido insero da sonda
na narina ou cavidade oral (58).
Apesar da vantagem em fornecer resposta mais rpida de modificao da Tcentral no
incio do exerccio e tambm exibir relaes diretas com a intensidade do exerccio fsico, a
Tesofgica considerada um mtodo invasivo, sendo sua aplicao condicionada ao objetivo
especfico de alguns estudos realizados em laboratrio, portanto, no recomendada para
situaes dirias de controle da Tcentral em exerccios fsicos.
3.8 TEMPERATURA GASTROINTESTINAL
A Tgastrointestinal um mtodo alternativo de mensurao da Tcentral utilizado em
aplicaes laboratoriais, revelando-se til e aceitvel tambm como parmetro de Tcentral em
estudos de campo com pesquisas que envolvem mtodos com mensuraes frequentes durante
longos perodos (67), em atividades esportivas de longa durao (68, 69) e futebol (70).
A mensurao da Tgastrointestinal realizada atravs da ingesto de cpsula telemtrica
revestida de silicone com 20mm de comprimento e 10mm de dimetro. O encapsulamento
contm um sistema de telemetria e sensor de temperatura de cristal de quartzo que transmite a
temperatura ambiente gastrointestinal para um receptor externo atravs de ondas de rdio de
baixa frequncia (71). Hunt & Setewart (71) recomendam calibrao antes do uso das
cpsulas para determinar possvel variao nos valores de temperatura mensurada, j que a
utilizao da cpsula descartvel. O procedimento de calibrao inclui: 1) a utilizao de
quatro temperaturas da gua na faixa de 33-41C, 2) as cpsulas devem ser imersas por
24
perodo mnimo de 4min antes de mensurar a temperatura, 3) para ajustar os dados brutos
dever utilizar a regresso linear entre a temperatura mensurada pela cpsula e um
termmetro padro.
A cpsula dever ser ingerida em tempo hbil para garantir a passagem pelo
estmago e no ocorrer sua expulso. O tempo mdio ideal de ingesto parece ser de 6h antes
da coleta dos dados (67), contudo, o tempo de ingesto pode ser dependente do objetivo do
estudo e da modalidade esportiva, podendo ser encontrado o tempo de 3h antes de uma prova
de thiathlon (69), 4h antes de uma partida de futebol (70) e 8 a 10h antes de uma prova de
corrida (68).
Algumas atividades esportivas so consideradas de longa durao, podendo exigir do
atleta mais de 12h de atividade, sendo assim, Domitrovich et al. (72) avaliaram o mesmo
indivduo ingerindo uma cpsula 24h e outra 40min antes do exerccio. Os dados de
temperatura foram registrados simultaneamente e os resultados mostram que no houve
diferena significativa entre as mensuraes realizadas com cada cpsula, indicando que o
tempo de ingesto da cpsula e a sua posio no trato gastrointestinal no influenciaram na
obteno dos valores de Tcentral durante o exerccio.
A dificuldade de estabelecer o tempo de ingesto da cpsula ocorre devido ingesto
de alimentos e tambm da hidratao durante o exerccio fsico. O efeito da ingesto de gua
foi demonstrado por Wilkinson et al. (73) que comparam a Tgastrointestinal com a Tretal. Os
voluntrios ingeriram uma cpsula 11h e 30min antes do caf da manh, e outra cpsula foi
ingerida com 250ml de gua (5 a 8C) 2h aps o caf, iniciando em seguida o perodo de 8h e
30min de atividades intermitentes, alternando 30min de atividade laboral de combate a
incndio com 30min de descanso passivo; a ingesto de 250ml de gua ocorria 2min aps o
incio de cada perodo de repouso. Os resultados do estudo mostram que a ingesto de gua
30-60min antes do exerccio fsico influencia nos valores de Tgastrointestinal mensurados pela
25
cpsula ingerida imediatamente antes do exerccio fsico, mas no influencia os valores da
cpsula ingerida acima de 10h antes do exerccio, e essa demonstrou estar em concordncia
com os valores de Tretal.
Assim como em outros mtodos, a mensurao da Tgastrointestinal um mtodo
alternativo e requer o teste de confiabilidade para indicar valores de Tcentral na aplicao
mdica (74) como tambm em condies de repouso e exerccios fsicos. Recentemente, ao
comparar as mensuraes realizadas pela cpsula gastrointestinal com a Tretal e Ttimpnica, os
pesquisadores no encontraram diferena nos valores em repouso entre os trs mtodos, e
entre a Tgastrointestinal e Tretal houve similaridade no aumento da temperatura durante a realizao
do exerccio fsico. Isso demonstrou que o mtodo de telemetria da cpsula gastrointestinal
vlido para obter a Tcentral em repouso e em hipertermia induzida pelo exerccio fsico (75).
O mtodo de mensurao da Tgastrointestinal tem sido utilizado no esporte para
monitorar e estudar a resposta termorregulativa em condies de competio. No futebol, os
autores mensuraram os valores de Tcentral em jogadores recreacionais e profissionais e
encontraram em ambos os grupos diferena significativa entre os valores do final do primeiro
e segundo tempo em relao aos valores de repouso mensurado antes da partida (70).
Contudo, relataram as dificuldades de acesso aos jogadores profissionais e a mensurao da
Tgastrointestinal durante o jogo devido ao dispositivo de captao da frequncia de rdio no
possuir transmisso remota.
A utilizao da cpsula gastrointestinal considerada um mtodo aceitvel de
identificao da Tcentral, entretanto algumas limitaes parecem fornecer dificuldades na sua
aplicao, podendo-se citar entre elas: a) o tempo de ingesto da cpsula e sua passagem pelo
trato gastrointestinal (67-70); b) a influncia da hidratao durante o exerccio fsico (73); c) o
controle do tipo de alimentao posterior ingesto da cpsula (73); d) a perda de dados
devida a interferncias na frequncia de rdio (70); e) a aplicao em esportes de contato e
26
acclicos quando utilizado o receptor de frequncia (70) e; f) o custo de aquisio da cpsula
descartvel e possvel necessidade de calibrao para obteno de dados confiveis (71).
Entre outros, ainda h recomendaes de fabricantes, restringindo o uso em indivduos com:
a) massa corporal menor que 36,29 kg; b) suspeita ou diagnstico de doenas do trato
gastrointestinal; c) histrico de distrbios ou comprometimento do reflexo de gag; d) cirurgia
gastrointestinal anterior; e) fenilizao do esfago; f) possibilidade de realizao de
ressonncia magntica no perodo em que a cpsula estiver ingerida; g) distrbio de
motilidade do trato gastrointestinal e; h) marcapasso cardaco ou outro dispositivo eletro-
mdico implantado.
Portanto, pesquisas demonstram a confiabilidade na mensurao da Tcentral atravs da
cpsula gastrointestinal e sua relao com a intensidade do exerccio. O mtodo tambm
considerado no invasivo (72, 74), o que o faz procedimento interessante de ser aplicado no
ambiente esportivo, seja laboratorial ou de campo, ressalvadas as condies limitantes
descritas anteriormente.
3.9 TEMPERATURA DA ARTRIA PULMONAR
A mensurao da Tartria pulmonar realizada atravs da insero de catter na artria
pulmonar direita. o melhor mtodo que representa a temperatura do sangue que banha o
hipotlamo (72), portanto considerado o padro ouro fisiolgico para identificar a Tcentral (4)
na condio de repouso. Contudo, invasivo (4, 26), sendo substitudo na prtica diria por
outros locais de mensurao da temperatura em adultos e crianas (26). O mtodo no
27
utilizado em situaes de exerccio fsico (75), sendo substitudo por outros mtodos de
mensurao da Tcentral, dentre esses, a Tretal e a Tgastrointestinal.
3.10 CONCLUSES
O controle da Tcentral humana faz-se necessrio para estudos das respostas
termorregulativas em condies de repouso e principalmente em exerccio fsico. Essas
respostas tornam-se ainda mais importantes em condies ambientais extremas. A anlise dos
diferentes mtodos apresenta pontos desfavorveis, sendo a Toral no recomendada em
exerccio fsico, principalmente pelo risco lesional e a dificuldade de manter o ritmo
respiratrio; a Ttimpnica que poder sofrer influncias de lquidos no canal auricular; a Tesofgica
por ser invasiva e aplicada em condies laboratoriais; e a Tartria pulmonar, mesmo considerada o
padro outro de identificao da Tcentral, invasiva, sendo utilizada apenas em algumas
condies de internao clnica.
A Tretal e Tgastrointestinal parecem ser os mtodos mais aplicados em exerccio fsico, j
que ambos oferecem similaridade na temperatura registrada durante o exerccio. A Tretal,
apesar de recomendada para mensurao da Tcentral em exerccio fsico, oferece desconforto ao
avaliado. Importante destacar que, com exceo da Tartria pulmonar, nenhum mtodo dever ser
excludo sem que antes sejam analisadas suas limitaes, os objetivos do registro da Tcentral e o
tipo de exerccio fsico realizado.
Considerando os pontos apresentados anteriormente, foi possvel elaborar a tabela 1,
que apresenta de forma resumida, as vantagens e desvantagens do emprego dos diferentes
mtodos de registro da Tcentral durante exerccios fsicos.
28
Tabela 1 - Resumo das vantagens e desvantagens dos diferentes mtodos de mensurao da
Tcentral aplicados durante exerccios fsicos.
Tcnica Vantagens Desvantagens
Oral a) no invasivo;
b) dispositivo de fcil manuseio;
c) mensurao rpida da variao
na Tcorporal; e
d) custo acessvel do dispositivo.
a) interferncia da hidratao;
b) ingesto de alimentos quentes;
c) influncias do ambiente externo;
d) obstruo da respirao por via oral;
e) a dificuldade em manter a sonda do termmetro na
posio do bolso sublingual posterior; e
f) risco de acidente durante o exerccio.
Timpnica a) no invasivo;
b) no necessita experincia prvia
do avaliador;
c) resultado rpido da temperatura
mensurada; e
d) pouco desconforto para o
avaliado.
a) a obstruo do canal auricular por qualquer tipo de
lquido;
b) a mensurao em movimento pode comprometer a
correta aplicao na membrana timpnica;
c) as influncias do ambiente externo; e
d) na recuperao do exerccio fsico a Ttimpnica
parece no ter correlao com a Tretal.
Retal a) recomendada como critrio
padro para mensurao da
Tcentral em condies de repouso,
durante e aps o exerccio;
b) relaciona com a intensidade do
exerccio; e
c) utilizado em estudo por ser
eficaz para mensurao da
Tcentral.
a) o desconforto e a aflio emocional;
b) ocorrncia de perfuraes durante as mensuraes
devido a movimentos bruscos;
c) possibilidade de complicaes com transmisso de
micro-organismos;
d) resposta lenta a mudanas de intensidade do
exerccio ;
e) limitao do tipo de exerccio; e
f) dificuldade de registro em condies de exerccio
realizado no campo e inviabilidade em competies.
Esofgica a) resposta rpida na variao da
Tcentral; e
b) relao direta com a intensidade
do exerccio.
a) a manuteno da sonda no local indicado
b) a possvel interferncia de gases inalados em
ambientes com temperaturas extremas
c) a rejeio de insero da sonda pelo indivduo
voluntrio ou atleta esportivo
d) a interferncia da hidratao oral durante o exerccio
fsico;
e) a limitao de aplicao em exerccios estacionrios
Gastrointestinal a) no invasivo;
b) relao com a intensidade do
exerccio;
c) utlizado em modalidades
esportivas para estudo de campo; e
d) mtodo aceitvel para deteco
de hipertermia.
a) o tempo de ingesto da cpsula e sua passagem pelo
trato gastrointestinal
b) a influncia da hidratao durante o exerccio fsico;
c) o controle do tipo de alimentao posterior
ingesto da cpsula;
d) a perda de dados devido s interferncias na
frequencia de rdio;
e) a aplicao em esportes de contato e acclicos
quando utilizado receptor de frequncia e;
f) o custo de aquisio da cpsula descartvel e uma
possvel necessidade de calibrao para obteno de
dados confiveis.
Artria pulmonar a) na prtica clnica considerada
o padro ouro para mensurao da
Tcentral.
O mtodo no utilizado em situaes de exerccio
fsico
Fonte: Dados da pesquisa
29
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35
4 CAPTULO 2 - Variaes da temperatura da pele ao longo de um dia empregando a
tcnica de termografia infravermelha em homens militares.
4.1 RESUMO
INTRODUO: bem definido que o ser humano apresenta diversos ajustes fisiolgicos ao
longo do dia, entre esses, a temperatura corporal. A variao diria da temperatura corporal j
foi realizada por diversos mtodos que demonstraram variaes em diferentes escalas ao
longo do dia. Contudo, o mtodo de termopares utilizado para mensurao da temperatura da
pele (Tpele) geralmente analisa pequeno nmero de regies coporais, o que difilculta
identificar as variaes nas demais regies do corpo. Por outro lado, a tcnica de termografia
infravermelha registra a distribuio da temperatura por meio de termovisor que capta e
processa a radiao infravermelha, permitindo anlise global e local. OBJETIVOS:
Identificar as variaes da Tpele ao longo do dia utilizando a tcnica de termografia
infravermelha em 25 regies corporais de interesse (RCI) de homens militares.
METODOLOGIA: Foram analisados 31 militares do sexo masculino, com mdia de idade
de 22,9 3,0 anos, massa corporal de 73,4 8,2kg e estatura de 178,3 7,8cm e classificados
como sujeitos fisicamente ativos. As imagens termogrficas foram coletadas em cinco
perodos do dia. Em todos foi utilizada sala climatizada a 23C 1C. e termovisor (Fluke
)
posicionado a 4m de distncia do avaliado com 0,98 de ndice de emissividade. Foram
coletadas 4 imagens englobando as 25 RCI. Para o comportamento trmico geral tambm foi
considerada a Temperatura Mdia da pele (TMpele) que utiliza os valores de temperatura
obtidas em 4 RCI. Empregou-se a ANOVA One Way com medidas repetidas seguido pelo
36
teste post-hoc de Tukey para determinar a diferena significativa entre os diferentes horrios
do dia em cada RCI. O nvel de significncia de p
37
4.2 INTRODUO
Est bem definido que o ser humano realiza ajustes fisiolgicos ao longo de 24 horas,
sendo ajustes controlados principalmente pelos neurnios do ncleo supraquiasmtico (NSQ)
(1) localizados no hipotlamo anterior, responsveis por variaes observadas em alguns
rgos e tecidos, tais como, corao, pulmo, fgado, intestino, glndula supra-renal e tecido
adiposo (2), havendo assim, influncia sobre fenmenos rtmicos que incluem no apenas o
ciclo sono-viglia, mas tambm a respirao, batimentos cardacos, presso arterial, tnus do
msculo liso, peristaltismo, sistema motor, frequncia cardaca, funes mentais e a atividade
nervosa (3), bem como a temperatura corporal (Tcorporal) (4).
Para correta interpretao da temperatura corporal importante considerar que essa
demonstra variao diria (4). A variao da Tcorporal j foi demonstrada pelos mtodos de
mensurao da temperatura retal (Tretal) (5-7), axilar (Taxilar) (6, 8), gastrointestinal
(Tgastrointestinal) (8), oral (Toral) (9) e pele (Tpele) (10, 11). Em indivduos com estilo de vida
normal, a Tretal apresenta maiores valores entre 14 e 20h, com pico mximo aproximadamente
s 17h e pico mnimo s 5h (12). Variaes similares em diferentes horrios do dia tambm
foram encontradss na Toral (9).
A Tpele mensurada por termopares tambm apresenta variao diria e sua relao com
a Tretal parece ser dependente da regio analisada. As regies proximais, testa e infraclavicular
tm mostrado associaes positivas com a Tretal, enquanto a Tpele das regies distais, mos e
ps demonstram relao inversa com a Tretal (6). Contudo, um dos problemas do
monitoramento da Tpele empregando termopares que esses geralmente analisam um nmero
pequeno de regies corporais (6, 10, 11), dificultando compreender o que ocorre nas
diferentes regies anatmicas.
38
A disponibilidade de novos equipamentos de termografia por infravermelho (TIR)
consequncia do aprimoramento nos sensores de infravermelho que permitem resultados mais
precisos das informaes trmicas para variedade de aplicaes. A TIR um procedimento
no invasivo que no necessita de contato fsico com o avaliado, permitindo anlise imediata
de diversas regies corporais, ou ainda, focada em determinada parte do corpo (13), o que a
torna importante alternativa de apoio no estudo da Tpele.
O uso da TIR para mensurao da Tpele tambm pode representar instrumento
importante para anlise e pesquisa em fisiologia na produo e dissipao de calor (14, 15),
podendo ser utilizada como tcnica alternativa de apoio no estudo da variao da Tpele ao
longo do dia.
interessante destacar que apesar dos achados de van den Heuvel et al. (16)
demonstrarem correlao positiva entre os mtodos de TIR e termopares de contato, estes
demonstraram a existncia de diferenas significativas nos valores de Tpele obtidos com os
diferentes mtodos, sendo que a TIR apresentou valores de 1,3C a 3,4C inferiores aos
termopares de contato (16). Esses resultados indicam que necessrio identificar os valores e
as variaes de Tpele ao longo do dia utilizando a tcnica de TIR, tendo em vista que em
estudos anteriores utilizando termopares de contato (10, 11) essas variaes j esto bem
definidas.
As diferenas entre esses mtodos so decorrentes da forma fsica em que ocorrem os
processos de registro da temperatura. Os termopares fazem contato fsico com a pele,
captando o calor gerado pelo corpo pelo processo de conduo. J a tcnica de imagens de
TIR registra a distribuio da temperatura por meio de termovisor que capta e processa a
radiao infravermelha longa emitida pela superfcie do corpo (14, 17). Cabe considerar ainda
que a temperatura medida diretamente na pele ou msculo poderia induzir a interpretaes
equvocadas devido ao posicionamento de sensores prximos a vasos sanguneos quentes, e
39
tambm porque o aquecimento no ocorre de maneira uniforme ao longo da totalidade do
msculo (15).
Apesar de haver ampla base documental sobre variao da Tcorporal realizada por
diversas tcnicas, no foi possvel identificar na base de dados Medline, com as palavras
chaves circadian rhythm and thermography e periods of the day and thermography,
nenhum estudo que tenha utilizado a TIR para mensurar a Tpele ao longo do dia, o que torna
esse estudo pioneiro sobre essa tica de anlise.
Estabelecer a variao da Tpele de diversas regies do corpo ao longo do dia utilizando
a TIR ir auxiliar na comparao entre os resultados de novos estudos, visto que as
investigaes com a TIR normalmente so realizadas em um nico perodo do dia. Tambm
poder contribuir na interpretao das imagens termogrficas, por profissionais da rea
mdica, fisioterpica ou educao fsica. Portanto, o objetivo do presente estudo identificar
as variaes da Tpele ao longo do dia utilizando a tcnica de TIR em 25 RCI de homens
militares.
4.3 MATERIAIS E MTODOS
4.3.1 Amostra
Foram avaliados trinta e um homens voluntrios (22,9 3,0 anos) que pertenciam
Escola de Especialistas de Aeronutic
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