Fabulas 1_MIOLO.indd 1 1/14/16 10:59 AM
Apresentação
Quando li as Fábulas de Esopo contadas em
verso por La Fontaine, li o prefácio assinado pelo
próprio poeta francês e um trecho me pôs a pensar:
“Antes de sermos obrigados a corrigir nossos maus
hábitos, é necessário que nos esforcemos para tor-
ná-los bons… Ora, que método poderia contribuir
mais eficientemente para isto senão o das fábu-
las?”. Mais adiante, La Fontaine continua ressal-
tando que as fábulas servem para exemplificar às
crianças, através de seus personagens, na maioria
das vezes animais, a imprudência de uns, a ava-
reza ou a esperteza de outros, a pobreza de espíri-
to de alguns. Enfim, que a sabedoria e a virtude
podem-se aprender através delas.
Assim, decidi escrever estas histórias que
tantas vezes foram contadas e recontadas, pois
sabemos bem que o homem, tendo evoluído admi-
ravelmente na ciência e na tecnologia, ainda tem
muito que aprender — a solidariedade, o respeito,
o afeto, o amor ao próximo…
Estas histórias nos deixam em alerta.
Fabulas 1_MIOLO.indd 2 1/14/16 10:59 AM
Texto de Mary França
Ilustrações de Eliardo França
Fabulas 1_MIOLO.indd 3 1/14/16 10:59 AM
Sumário
O Rato do Campo e o Rato da Cidade ______ 5
As galinhas gordas e as galinhas magras ____ 9
O leão, a raposa e o lobo ________________ 13
O lobo e a cegonha _____________________ 17
O lobo e o cão _________________________ 21
A raposa e a cegonha ___________________ 25
A festa no céu _________________________ 29A festa no céu _________________________
Fabulas 1_MIOLO.indd 4 1/14/16 10:59 AM
O Rato do Campo e o Rato da Cidade
Numa certa manhã, um ratinho que morava
no campo, além da plantação de milho,
recebeu uma carta. Cheio de curiosidade,
foi abrindo depressa o envelope.
— Que notícias temos aqui?! — disse ele.
A carta estava assinada pelo seu primo mais
novo; um rato que morava na cidade desde que nas-
cera. Contava novidades, mandava lembranças e, o
mais importante, convidava-o para um jantar no fim
de semana seguinte. O Rato do Campo ficou, assim,
imensamente feliz com a ideia de ir visitar o primo,
o Rato da Cidade.
No dia marcado, e sem nenhum atraso, chegou
o convidado. Ficou admirado ao descobrir como
morava bem o primo. Que casa! Que móveis e que
5
Fabulas 1_MIOLO.indd 5 1/14/16 10:59 AM
tapetes havia por lá! O Rato da Cidade o recebeu
com um largo sorriso:
— Mas que prazer! — disse ele. — Entre, fique
à vontade!
Porém, o Rato do Campo mal conseguia falar.
Tinha os olhos arregalados, pois a mesa estava pos-
ta e ele estava verdadeiramente admirado com as
iguarias que via: eram doces e salgados, frutas e as-
sados, queijos e presuntos, sem falar num manjar
branco com ameixas-pretas ao redor. Ele não sabia
por onde iria começar.
— Vamos! — insistiu o Rato da Cidade. —
Fique à vontade, como se estivesse em sua própria
casa! — e serviu-lhe uma taça de vinho.
Os dois brindaram felizes, contentes com aque-
le encontro, e foram para a mesa, pois queriam con-
versar e, naturalmente, comer as deliciosas igua-
rias. Tudo corria bem, a conversa era agradável,
trocavam notícias de coisas e de amigos distantes:
— E o compadre Ananias? — perguntou um deles.
— Ah!… O compadre Ananias, coitado! Fale-
ceu — disse o outro.
De repente, ouviu-se um barulho atrás da porta.
Mais que depressa, o Rato da Cidade correu em di-
reção a sua toca, e o Rato do Campo, sem saber bem
o por quê, correu atrás dele. O que seria!? Mas… pa-
rece que não era nada.
6
Fabulas 1_MIOLO.indd 6 1/14/16 10:59 AM