UNIVERSIDADE DE SOROCABA
PRÓ-REITORIA ACADÊMICA
CURSO DE LETRAS PORTUGUÊS/ INGLÊS
Sandra Maki Kuchiki
Sorocaba/SP
2012
Sandra Maki Kuchiki
EXPRESSÕES EM INGLÊS NO HUMOR DO RÁDIO BRASILEIRO
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado como exigência parcial para
obtenção do Diploma de Graduação em
Letras – Português/Inglês, da Universidade
de Sorocaba.
Sorocaba/SP
2012
Sandra Maki Kuchiki
EXPRESSÕES EM INGLÊS NO HUMOR DO RÁDIO BRASILEIRO
Trabalho de Conclusão de Curso aprovado
como requisito parcial para obtenção do
Diploma de Graduação em Letras –
Português/Inglês, da Universidade de
Sorocaba.
Aprovado em: BANCA EXAMINADORA: Ass.: _______________________________ Pres.: Ass.: _______________________________ 1º Exam.: Ass.: _______________________________ 2º Exam.:
Dedico este trabalho à minha família e amigos
que sempre me apoiaram, e também ao Felipe Xavier criador do personagem que tanto me inspirou e tornou possível a realização do meu Trabalho de Conclusão de Curso.
AGRADECIMENTOS
Como na frase de Mahatma Gandhi, “A satisfação está no esforço e não
apenas na realização final”, foram-se três anos de muito esforço e dedicação e, hoje,
sinto a alegria de chegar a esta etapa final. Mas só foi possível continuar com os
esforços graças ao apoio da família, amigos e professores.
Agradeço à minha família por sempre estar presente nesta minha jornada.
Pelo incentivo e motivação que me deram nos momentos difíceis, e pelo amor e
atenção que me fizeram sentir que estava em busca de algo especial.
Aos meus amigos e colegas de sala, que compartilharam suas bagagens de
experiências e muitos momentos de alegria e descontração, tornando esta
caminhada mais prazerosa.
Ao corpo docente, pelos ensinamentos, pela paciência e dedicação, em
especial ao meu orientador, Prof. Dr. Luiz Fernando Gomes, que me guiou para que
eu encontrasse, como ele mesmo disse, uma paixão, na qual eu me dedicasse
simplesmente por gostar, o meu tema, Fazendo deste trabalho um lazer, um hobby.
Because of humor we are less
overwhelmed by the vicissitudes of life. It
activates our sense of proportion and reveals
to us that in an overstatement lurks the
absurd.
O humorismo alivia-nos das vicissitudes
da vida, ativando o nosso senso de proporção
e revelando-nos que a seriedade exagerada
tende ao absurdo.
(Charles Chaplin)
RESUMO
Este trabalho visa a analisar o personagem Rick Du Boiol do programa Chuhu
Beleza, da rádio Jovem Pan, no aspecto linguístico humorístico. Rick Du Boiol é uma
caricatura da sociedade de uma forma fashion. Rick é entrevistado por Godofredo,
um apresentador de “talk show”. O assunto tratado na entrevista é a questão do que
está na moda no momento. Rick é um especialista em tendências que, quando
passa as dicas de moda, engloba os assuntos atuais utilizando palavras e
expressões em inglês, gírias do mundo da moda e, às vezes, até alguns
neologismos, e a pesquisa foca-se principalmente no seu uso do estrangeirismo.
Para compreender melhor o personagem, foi necessário um conhecimento mais
profundo sobre o rádio, a sua história, técnica; os principais personagens de
sucesso do humor na rádio e suas características; o estudo e funções do humor.
A análise neste trabalho foi realizada por meio de transcrições retiradas dos
arquivos postados no próprio site do Chuchu Beleza, com o intuito de descobrir
quais as palavras e expressões em inglês são as mais utilizadas pelo personagem, o
seu significado e que sentido elas têm na fala do personagem, e dessa forma
analisar de que maneira elas contribuem na formação da personalidade e
características do personagem.
Com o resultado das análises, pude concluir que as expressões utilizadas,
contribuem muito na formação do personagem. As expressões em inglês na fala do
personagem Rick Du Boiol atuam como um indicador de sua posição social e do seu
homossexualismo. Além disso, torna o personagem em uma caricatura humorística.
Palavras chaves: Rick Du Boiol. Humor. Rádio. Personagem. Estrangeirismo.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 9
1.1 Projeto .................................................................................................................. 9
1.2 Justificativa .......................................................................................................... 9
1.3 Objetivo .............................................................................................................. 10
1.4 Questões ............................................................................................................ 10
2. REVISÃO TEÓRICA ............................................................................................. 11
2.1 Rick Du Boiol ..................................................................................................... 11
2.2 Humor ................................................................................................................. 13
2.3 Rádio .................................................................................................................. 15
2.4 Personagem ....................................................................................................... 19
2.5 Estrangeirismo .................................................................................................. 22
3. METODOLOGIA DE PESQUISA .......................................................................... 26
3.1 Contexto da pesquisa ....................................................................................... 26
3.2 Instrumentos e procedimento de coleta de dados ......................................... 26
4. DISCUSSÃO E ANÁLISE DE DADOS ................................................................. 28
4.1 Análise e resultado dos dados ......................................................................... 28
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 31
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 32
ANEXO A .................................................................................................................. 34
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1. INTRODUÇÃO
1.1 Projeto
O rádio é uma grande invenção que se desenvolveu a partir dos estudos de
James Clerck Maxwell em 1863 e que, até hoje, está presente em nosso cotidiano.
Uma mídia muito utilizada como meio de comunicação e entretenimento. No Brasil o
rádio ganha força no início do século XX, conhecido como a era do rádio. Época em
que o humor também começou a se expandir, fazendo surgir programas como PRK
30, Edifício Balança Mas Não Cai, Tancredo e Trancado e Piadas do Manduca.
O ator no rádio faz de sua voz o seu corpo inteiro. Seus gestos, ações e
intenções são transmitidas através do seu dizer ou calar, é ver-se, ouvindo-se. O
humorismo foi difundido dando origem a muitos personagens como Alvarenga e
Ranchincho, Zé da Ilha, Manduca, Megatério Nababo D’Alicerce, Otelo Trigueiro
entre muitos outros. Atualmente programas de humor como Café com Bobagem,
Chuchu Beleza fazem sucesso entre os adolescentes ao tratar de temas atuais com
paródias, sátiras e linguagem jovem.
A linguagem que será analisada neste trabalho é a do personagem Rick Du
Boiol, do programa Chuchu Beleza, criado por Felipe Xavier. Rick é um especialista
em tendências que é entrevistado por Godofredo, um apresentador de um talk show.
Rick faz uso de gírias do mundo fashion, e de palavras e expressões em inglês, o
foco do estudo deste trabalho.
1.2 Justificativa
Considerando que o inglês é uma das línguas mais utilizadas no mundo, e
também uma das quais estudamos durante o nosso curso, decidi escolher um tema
em que a língua inglesa é inserida em um meio de comunicação no Brasil. Foi então
que ao voltar de van da faculdade para a minha cidade, ouvi num programa de rádio,
Rick Du Boiol, que uma ideia me ocorreu: analisar as falas desse personagem.
Interessei-me ainda mais por se tratar de um programa humorístico, unindo
dessa forma duas coisas que me atraem muito, o inglês e o humor. Além disso, as
10
características do personagem e a maneira em que os acontecimentos atuais são
colocados nas suas falas me fascinaram.
1.3 Objetivo
Este trabalho tem como objetivo analisar as falas do personagem radiofônico,
Rick Du Boiol, do programa Chuchu Beleza, criado por Felipe Xavier, que utiliza
muitas palavras e expressões em inglês, ao verificar quais as palavras e expressões
na língua inglesa são as mais utilizadas, seus significados, que efeito elas causam
no personagem, no texto e no ouvinte.
1.4 Questões
As questões que pretendo responder por intermédio deste trabalho são:
Quais as palavras e expressões em inglês são as mais utilizadas pelo
personagem?
Quais os significados dessas palavras e expressões?
Que efeito elas causam no personagem? E no ouvinte?
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2. REVISÃO TEÓRICA
2.1 Rick Du Boiol
Rick Du Boiol é uma personagem do programa “Chuchu Beleza” da rádio
Jovem Pan, criada por Felipe Xavier. Rick é um especialista em tendências, é
entrevistado no talk-show apresentado por Godofredo. Mesmo falando de forma
sofisticada, utilizando gírias do mundo fashion e muitas vezes falando palavras em
inglês, Rick Du Boiol faz sucesso nacionalmente, sendo querido tanto no Sudeste,
quanto no Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil, comprovando que o público
jovem de hoje é “antenado”, conectado com o mundo e acompanha todas as
tendências.
Seu criador, Felipe Xavier, humorista, redator e locutor iniciou sua carreira no
rádio em 1991, quando ainda cursava arquitetura na Universidade de São Paulo.
Felipe, juntamente com seu ex-colega de escola Marco Bianchi, ambos, na época,
estudantes da Universidade de São Paulo (USP), criaram e apresentaram o
programa de humor “Rádio Alegre”, veiculado pela Rádio USP FM.
Mais tarde, Felipe e Marco convidaram o também ex-colega de escola, Paulo
Bonfá, compondo o trio que, em 1995, foi contratado pela rádio 89FM, quando
criaram e apresentaram o programa de humor “Sobrinhos do Ataíde”.
Os personagens fortes e muito carismáticos criados pelos “Sobrinhos do
Ataíde”, marcaram uma geração: “Peterson Foca”, “Marquinho”, “Tuca Zazaueira”,
“Valeska Cristina” e “O Pequeno Wilber”. Nessa época o trio criou e apresentou o
programa MTV Rock & Gol na MTV, e “Bola Fora” na Rede Bandeirantes.
Em 1999, o programa “Sobrinhos do Ataíde” terminou, e a convite da rádio
Jovem Pan FM, Felipe criou e apresentou os programas “Espaço de Inutilidade
Pública”, onde criou e deu voz ao personagem “Homem Cueca”, e os programas
diários de notícias comentadas com humor o “Boca Cheia”, das 6 às 8 horas da
manhã, e o “Selig”, uma parceria da rádio JP com o portal IG, das 18 às 20 horas.
Paralelamente à criação, direção e apresentação dos programas
proprietários, Felipe começou a atuar na direção de programas de rádio e televisão
apresentados por terceiros. Dirigiu o programa “Zíper”, apresentado pelo Doutor
Jairo Bouer, e o programa “As Mais Pedidas”, apresentado pela ex-VJ Sabrina
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Parlatore, ambos na rádio Jovem Pan FM. E em 2000, Felipe criou, produziu,
comercializou e deu voz aos personagens da série de animação “Vida de Plástico”,
com 16 episódios, veiculada na MTV.
Em 2000, Felipe foi contratado pela Mix FM, uma rádio nova, com um projeto
desafiador de alcançar a liderança do segmento jovem. Felipe criou e apresentou o
programa “Chuchu Beleza”, com os personagens “Doutor Pimpolho”, “Homem
Cueca”, “Super Shana”, “Incrível Rosca”, “Odemar”, “Jonelson”, entre outros.
Com, então, 10 anos de história no rádio, Felipe começou a ser procurado por
emissoras de diversas cidades brasileiras, que queriam ter o programa Chuchu
Beleza, em suas rádios.
Nesse período, Felipe montou sua própria produtora de som (Fxavier e depois
72 Entretenimento), que distribuiu o Chuchu Beleza de maneira independente para
mais de 60 emissoras de rádio em todo Brasil, incluindo a rede Mix FM; produziu
spots de rádio para diversos anunciantes (patrocinadores ou não do programa); e
criou e produziu programas de rádio de maneira independente, tais como o “Trip
Eldorado” apresentado pelo editor da revista Trip, Paulo Lima, os programas “Fala
Aí” com o doutor Jairo Bouer, o programa “A Bela e a Bola” com a apresentadora
Renata Fan, e o programa “Cinema” com Rubens Ewald Filho.
Em 2005, apresentou o programa “Blog 21″ na Rede 21, do Grupo
Bandeirantes de Televisão, juntamente com Paola Orleans e Bragança e o rapper
Xis, onde, além de apresentar videoclipes e realizar entrevistas, teve a oportunidade
de desenvolver esquetes de humor, interpretando seus personagens de rádio na
televisão.
Em 2008, Felipe pediu licença da rádio Mix FM, para aperfeiçoar sua carreira
de direção, indo estudar cinema na University of Souther California em Los Angeles,
nos Estados Unidos. A rádio Mix FM manteve a transmissão do “Chuchu Beleza”
com reprises.
Na volta de sua viagem, Felipe dirigiu a campanha de filmes “One Show Não
Erra”, criada pela agência DM9DDB, para a Escola Panamericana de Artes, que foi
premiada no festival da Associação Brasileira de Publicidade, com o prêmio
“Lâmpada de Prata”.
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Em 2009, Felipe montou a Galáxia Áudio e Filmes, sua nova produtora que
solidifica seus objetivos de criação e direção de conteúdo e publicidade para áudio e
também filmes.
Felipe, em 2009, encerrou seu contrato com a rádio Mix FM, depois de oito
anos e meio na rádio, e voltou para a rádio Jovem Pan FM. O “Chuchu Beleza”
continua a ser transmitido, com o “Dr. Pimpolho”, a “Sileide” e outros personagens
novos: “Naldinho”, “Rick du Boiol”, “Robobo”, entre outros. Veiculado em oitenta e
uma emissoras de rádio no Brasil — cinquenta e duas da rede Jovem Pan, e mais
vinte e nove de outras emissoras, comercializadas de forma independente — o
Chuchu Beleza consolidou-se como o programa de FM com a maior distribuição do
rádio brasileiro.
2.2 Humor
A palavra latina humóre significa líquido. Os antigos cientistas acreditavam
que quatro líquidos faziam parte da constituição do nosso corpo e que o nosso
temperamento (do latim temperamentum, mistura) era determinado pelas proporções
destes humores: sangue, fleuma, bílis amarela e bílis negra. De maneira simples
o humor é um estado de ânimo cuja intensidade representa o grau de disposição e
de bem-estar psicológico e emocional de um indivíduo. Mas em um estudo de
Travaglia (1990), é possível perceber a grande importância do humor, que “é uma
atividade ou faculdade humana cuja importância se deduz de sua enorme presença
e disseminação em todas as áreas da vida humana, com funções que ultrapassam o
simples fazer rir”. O que o autor quer nos dizer é que o humor não é somente um
estado psicológico e emocional, Travaglia (1990) adiciona “é uma espécie de arma
de denúncia, de instrumento de manutenção do equilíbrio social e psicológico; uma
forma de revelar e de flagrar outras possibilidades de visão do mundo e das
realidades naturais que nos cercam e, assim, de demonstrar falsos equilíbrios”.
Porém, infelizmente é possível notar em seu trabalho que o humor não recebe tanto
reconhecimento apesar de sua importância. “Entrou demais pela nossa vida, mas
muito pouca gente se preocupou em entendê-lo ou explicá-lo razoavelmente”.
(ZIRALDO, 1970). Dados levantados mostram que somente após 1976, quando
ocorreu a “Primeira Conferência Internacional sobre o Humor”, é que começaram
esforços interdisciplinares. Sendo o humor um fenômeno multifacetado, sua
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pesquisa se estabeleceu como um campo de estudos necessariamente multi-
interdisciplinar. Porém “o problema básico da pesquisa sobre humor é ver o que é
engraçado?” (RASKIN, 1987).
Historicamente podemos dizer que “o humor existe desde que o animal risível
tem memória” (JERKOVIC, 1970), pois na pré-história já havia caricaturas “em que
cabeças de gazelas apareciam sobre o corpo de inimigos para simbolizar a sua
covardia”. (PINO, 1970).
Segundo Travaglia (1990), do ponto de vista sociológico alguns pontos são
básicos. Sabe-se que o humor desempenha na sociedade um papel social e político
através de certas funções, uma das quais é básica: o ataque ao estabelecido, à
censura, ao controle social, fazendo do humor o lugar de escapar à cultura (o que é
social, mas também antropológico), de mostrar outros possíveis padrões
escondidos. A abordagem social também inclui: a) a questão dos estereótipos; b) o
fato de que o conteúdo do humor difere de sociedade para sociedade e de um
período para outro.
No trabalho de Travaglia (1990), também é apresentada a abordagem
psicológica — segundo alguns autores, a primeira a se desenvolver e praticamente a
única por um longo tempo (RASKIN, 1987). Havia três assunções básicas:
a) todas as piadas são um ataque a alguma espécie de censura ou
repressão, controle físico ou mental imposto ao indivíduo pela sociedade fora dele;
b) a forma e o significado da piada são criados pelo modo de entrega — a
piada é um processo de comunicação que ocorre entre um emissor e um receptor,
envolvendo a codificação de uma mensagem compartilhada;
c) a formulação de qualquer enunciado de humor pelo humorista e sua
audiência é grandemente depende do contexto social.
No texto de Travaglia (1990), é citado também que, para que possamos
analisar o que é engraçado, deve se ver o humor verbal como um texto e buscar
descobrir um conjunto de propriedades linguísticas tais que qualquer texto que as
apresente será engraçado e se algum texto for percebido como engraçado terá tais
propriedades. Porém tais propriedades não seriam suficientes, porque há, além do
texto, toda uma situação que toma como humorística e que cria também condições
necessárias à existência do humor, para que se veja algo como objeto de riso e não,
por exemplo, como objeto de pena ou revolta. Travaglia (1990) cita também a
proposta de Raskin (1987) de uma teoria semântica baseada em roteiros, cujos
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princípios básicos ele considera a principal contribuição da linguística do humor,
uma proposta semelhante que pretendemos realizar com este trabalho.
O humorismo foi muito difundido na era de ouro do rádio, nas décadas de
1940 e 1950. Cornélio Pires, nos anos 1920, já usava a política para fazer humor.
Mas, com a queda de Vargas em 1945, foi quando o humor do rádio brasileiro
ganhou força. O tema principal do humor no rádio era a política, porém na década
de 1930 surgem os programas de humor característicos. E por muitos anos o humor
no rádio fez muito sucesso, que deu origem de muitas duplas humorísticas,
programas humorísticos entre outros. Houve um declínio do rádio na década de
1960, devido às novas tecnologias. Mas, após o Regime Militar, o humor voltava às
cenas do rádio. O humor do rádio contemporâneo tem como objetivo criticar, divertir
e inverter a lógica, principalmente de cenas do cotidiano. Este é o humor que vamos
analisar neste trabalho, em especial o humor do personagem Rick Du Boiol, do
programa Chuchu Beleza da Jovem Pan.
2.3 Rádio
A palavra rádio /rá.dio/ vem do latim radius que significa raio de luz e que deu
origem ao verbo radiare (brilhar, lançar luz). Rádio é a forma reduzida de radiofonia,
aparelho que recebe as ondas hertzianas, pelas quais se transmitem os sons às
maiores distâncias, ou a atividade artística, educativa e informativa da radiofonia.
Tudo começou em 1863 quando, em Cambridge, na Inglaterra, James Clerck
Maxwell demonstrou teoricamente a provável existência das ondas
eletromagnéticas. James era professor de física experimental e a partir desta
revelação outros pesquisadores se interessaram pelo assunto. O alemão Henrich
Rudolph Hertz (1857-1894) foi um deles.
O princípio da propagação radiofônica veio mesmo em 1887, por meio de
Hertz. Ele fez saltar faíscas através do ar que separavam duas bolas de cobre. Por
causa disso, os antigos "quilociclos" passaram a ser chamados de "ondas
hertzianas" ou "quilohertz".
A industrialização de equipamentos se deu com a criação da primeira
companhia de rádio, fundada em Londres, na Inglaterra, pelo cientista italiano
Guglielmo Marconi. Em 1896, Marconi já havia demonstrado o funcionamento de
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seus aparelhos de emissão e recepção de sinais na própria Inglaterra, quando
percebeu a importância comercial da telegrafia.
Até então, o rádio era exclusivamente "telegrafia sem fio", algo já bastante útil
e inovador para a época, tanto que outros cientistas e professores se dedicaram a
melhorar seu funcionamento como tal. Oliver Lodge (Inglaterra) e Ernest Branly
(França), por exemplo, inventaram o "coesor", um dispositivo que melhorava a
detecção. Não se imaginava, até então, a possibilidade do rádio transmitir
mensagens faladas, através do espaço.
E as inovações continuavam a surgir; o rádio evoluía rapidamente.
Em 1897, Oliver Lodge inventou o circuito elétrico sintonizado, que
possibilitava a mudança de sintonia selecionando a frequência desejada. Lee Forest
desenvolveu a válvula triodo. Von Lieben, da Alemanha, e o americano Armstrong
empregaram o triodo para amplificar e produzir ondas eletromagnéticas de forma
contínua.
Também no Brasil, o rádio crescia: um padre-cientista gaúcho, chamado
Roberto Landell de Moura, nascido em 21 de janeiro de 1861, construiu diversos
aparelhos importantes para a história do rádio e que foram expostos ao público de
São Paulo em 1893.
Já em 1890 o padre-cientista Landell de Moura previa, em suas teses, a
"telegrafia sem fio", a "radiotelefonia", a "radiodifusão", os "satélites de
comunicações" e os "raios laser". Dez anos mais tarde, em 1900, o padre Landell de
Moura obteve do governo brasileiro a carta patente n.º 3279, que lhe reconhece os
méritos de pioneirismo científico, universal, na área das telecomunicações. No ano
seguinte, ele embarcou para os Estados Unidos e, em 1904, o "The Patent Office at
Washington" lhe concedeu três cartas patentes: para o telégrafo sem fio, para o
telefone sem fio e para o transmissor de ondas sonoras. Padre Landell de Moura foi
precursor nas transmissões de vozes e ruídos.
Nos Estados Unidos, foram anos de pesquisas, tentativas e aprimoramentos
até Lee Forest instalar a primeira "estação-estúdio" de radiodifusão, em Nova Iorque,
no ano de 1916. Aconteceu, então, o primeiro programa de rádio, de que se tem
notícia. Ele tinha conferências, música de câmara e gravações. Surgiu também o
primeiro registro de radio jornalismo, com a transmissão das apurações eleitorais
para a presidência dos Estados Unidos.
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A partir de 1919, começa a chamada "Era do rádio". O microfone surge com
a ampliação dos recursos do bocal do telefone, conseguidos em 1920, nos Estados
Unidos, por um engenheiro da Westinghouse. Foi a própria Westinghouse que fez
nascer, meio por acaso, a radiodifusão. Ela fabricava aparelhos de rádio para as
tropas da Primeira Guerra Mundial e, com o término do conflito, ficou com um grande
estoque de aparelhos encalhados. A solução para evitar o prejuízo foi instalar uma
grande antena no pátio da fábrica e transmitir música para os habitantes do bairro.
Os aparelhos encalhados foram então comercializados.
A primeira transmissão radiofônica oficial no Brasil, foi o discurso do
Presidente Epitácio Pessoa, no Rio de Janeiro, em plena comemoração do
centenário da Independência do Brasil, no dia 7 de setembro de 1922. O discurso
aconteceu numa exposição, na Praia Vermelha - Rio de Janeiro e o transmissor foi
instalado no alto do Corcovado, pela Westinghouse Electric Co.
Para se ter uma ideia de por que a época ficou conhecida como a "Era do
Rádio", nos EUA o rádio crescia surpreendentemente. Em 1921 eram quatro
emissoras, mas no final de 1922, os americanos contavam com trezentas e oitenta e
duas emissoras.
O "pai do rádio brasileiro" foi Edgard Roquete Pinto. Ele e Henry Morize
fundaram, em 20 de abril de 1923, a primeira estação de rádio brasileira: Rádio
Sociedade do Rio de Janeiro. Foi aí que surgiu o conceito de "rádio sociedade" ou
"rádio clube", no qual os ouvintes eram associados e contribuíam com mensalidades
para a manutenção da emissora.
O humor nos programas radiofônicos ganha força graças ao governo Getúlio
Vargas, que, para ajudar as rádios brasileiras, assinou a lei 21/111 em 1.º de março
de 1932, que permitia que as rádios fossem patrocinadas por alguns comércios da
época, mas somente autorizando que os patrocínios ocupassem 10% das
programações das emissoras. Getúlio Vargas usou também astúcia ao criar um
rádio estatal, criando assim a primeira emissora estatal “A Rádio Nacional”, que foi a
pioneira em programas humorísticos devido ao grande investimento que o estado
depositava nela, tornando possível a contratação de grandes comediantes para a
emissora. Os programas humorísticos tinham muita audiência na Rádio Nacional.
Surge em 1931, na conhecida “época de ouro” do rádio brasileiro, na Rádio
Sociedade do Rio de Janeiro, com um esquete de cinco minutos com o nome de
“Manezinho e Quintanilha”. Os atores eram Arthur de Oliveira e Salu de Carvalho,
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que interpretavam os personagens em um diálogo que remetia sempre para uma
comicidade de anedota. Ao longo de 1930 anos, surgiram duplas humorísticas como
Alvarenga e Ranchinho ou Jararaca e Ratinho. Assim, se popularizando fortemente
na década de 1940.
Teve como os principais programas do gênero: PRK 30, Edifício Balança Mas
Não Cai, Tancredo e Trancado e Piadas do Manduca. PRK 30 era uma sátira a tudo
que se fazia no rádio da época. Começou no Clube do Brasil com o nome de PRK
20, depois passou pela Mayrink Veiga, Nacional e Tupi. Os dois atores faziam todas
as vozes, quase sempre em textos entremeados de palavras inexistentes, absurdas
até.
Já Balança Mas Não Cai foi idealizado para substituir o PRK 30, quando
Castro Barbosa e Lauro Borges transferiram-se com o programa para a Tupi. Foi
criado por Max Nunes, as situações cômicas ocorriam em um edifício. Um dos
quadros mais famosos envolvia Paulo Gracindo, o Primo Rico, e Brandão Filho, o
Primo Pobre.
Também para a Nacional, Giuseppe Ghiaroni cria Trancredo e Trancado, uma
atração dos domingos à noite. Brandão Filho vive Tancredo e Apolo Correia faz o
Trancado. Os personagens eram chamados para solucionar impasses, mas
acabavam criando mais confusão. O programa era uma sátira ao trabalho. Nem
Tancredo, Brandão nem Trancado interpretado por Apolo Corrêa se davam muito
bem com o ingrato trabalho de ter que trabalhar. Oswaldo Molles com a colaboração
de Adoniran Barbosa produziu programas que criticavam o modo de vida dos
paulistanos. Adoniran deu vida ao Charutinho, personagem do programa mais
famoso de Oswaldo Molles, História das Malocas. O gênero humorístico
praticamente desapareceu do rádio brasileiro na década de 1960. Foi só após o
Regime Militar que o humor voltou à cena nas rádios de todo o país. O humorismo
do rádio contemporâneo é marcado pela presença da programação jovem das FMs.
A base humorísticas atual está na paródia, principalmente de programas
famosos da televisão. Um dos maiores sucessos da atualidade é o programa Café
com bobagem. Apesar de todas as dificuldades de apoio cultural, patrocínio e
espaço, o trabalho do programa Café com bobagem se tornou referência no humor
de rádio em todo o país. O humor do rádio contemporâneo tem como objetivo
criticar, divertir e inverter a lógica, principalmente de cenas do cotidiano. Outro
sucesso atual é o programa Pânico, que já tem até versão para a televisão. O
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programa começou com a proposta de ser sério, de debater assuntos do cotidiano
do jovem. Com o tempo, virou um programa de humor, com grande participação do
público. O programa é um sucesso por sua linguagem jovem, e a veiculação de
atrações para adolescentes. A fórmula de sucesso do humor ainda é tratar de temas
atuais, usar recursos sonoros e surpreender os ouvintes.
2.4 Personagem
A origem da palavra “personagem” vem do latim per+sona e significa dizer
"pelo som". Na Roma antiga, no teatro não havia atrizes, os homens faziam o papel
feminino. Usavam máscaras, e a plateia os identificava "pelo som" que saía das
mascaras, sem, no entanto, ver realmente a cara do ator. Personagem é cada um
dos elementos, humanos ou não, capazes de interferir ativamente no curso histórico
de um fato real ou ficcional. Existem vários tipos de personagens, sendo eles:
protagonista, coprotagonista, antagonista, secundário, oponente e figurante. O
protagonista é o personagem mais importante da obra, no qual a história gira em
torno dele. Geralmente é o herói e alguns casos pode existir mais de um. O
coprotagonista é o personagem de segunda maior importância da obra. Geralmente
é a pessoa que ajuda o herói e alguns casos pode existir mais de um. O antagonista
é o personagem que rivaliza o protagonista. Geralmente é o vilão e em alguns casos
pode existir mais de um. O coadjuvante é o personagem que exerce outra função na
história, podendo ser ou não relacionado com a história principal. A importância dele
pode variar dependente da obra. O oponente é o personagem que ajuda o
antagonista. Da mesma forma que o coadjuvante em relação ao protagonista, é
geralmente amigo ou parente do antagonista principal. O figurante é um personagem
que não é fundamental para a trama principal, que tem como único objetivo ilustrar o
ambiente e o espaço social que são representados durante o desenrolar de uma
ação da trama.
Quanto à existência do personagem, ele pode ser: real ou histórico, aquele
que realmente existe ou existiu; fictício ou ficcional, aquele que não existe e que é
criado pela imaginação do autor embora que em alguns casos eles sejam inspirados
em pessoas reais; real-ficcional, aquele que é real mas com personalidade fictícia;
ficcional-ficcional, é o personagem ficcional dentro de obras ficcionais e o
personagem ficcional-real, aquele que inicialmente é ficcional, e que passa a existir
20
no mundo real. Personagem colocado em prática por encenação no convívio com
pessoas reais, as quais não sabem que se trata de um personagem, conceito muito
utilizado em pegadinhas na televisão.
O ator no rádio precisa encontrar em seus recursos a forma de transformar
sua voz no seu corpo inteiro. Imaginar-se todo na voz. Gesto, ação e intenção
colocados no dizer e calar. Não se trata de excluir o corpo, mas de percebê-lo na
voz. Isto representa um novo raciocínio expressivo a ser apropriado.
“O rádio não deve ser considerado como um simples aparato transmissor,
senão como um meio para criar segundo suas próprias leis um mundo acústico da
realidade” (ARNHEIM, 1980, p. 88).
“O corpo disponível é aquele que permite; que não se isola do fluxo dos
acontecimentos ao redor de si, que se envolve com o meio ambiente e com os
estímulos vindos, não só da personagem, mas da relação com o grupo de criação”.
(AZEVEDO, 2002, p.192).
Compor um personagem é uma das tarefas mais instigantes da arte do teatro.
Implica autoconhecimento, observação do mundo, reconhecimento do outro e
domínio da linguagem para ultrapassar o que poderia ser apenas uma ação
mimética. É suplantar a fase da imitação para chegar ao patamar de dar um
testemunho único daquela vida. Utilizar recursos pessoais e artísticos para criar em
si um outro acervo de recordações, pensamentos, sentimentos, opiniões, mágoas,
alegrias e ações.
Compor um personagem radiofônico é transportar para a voz e para a escuta,
o mundo visível do personagem. É ver-se, ouvindo-se.
Na experiência radiofônica, texto e subtexto coexistem sem o recurso do
corpo visível. Portanto, muitas vezes ao dizer uma fala, para “novas combinações de
discurso exterior e interior, e as combinações correlatas entre dimensões da
realidade e de pensamento, tornam-se possíveis [...]” (KLIPPERT, 1980, p. 95).
O subtexto oferece a linha do personagem e as falas, desenhos das imagens
criadas pelo ator. “As palavras são parte da corporificação externa da essência
interior de um papel”. (STANISLAVSKI,1989, p. 143).
No caso do radioator, as palavras, através da voz, constituem a
corporificação. Na experiência radiofônica a criação do subtexto é mais valorizada
na emissão das falas, pois é no recurso da vida interior do personagem que
21
encontramos a possibilidade de sua corporeidade. E também o ouvinte se envolverá
na verdade do radiodrama a partir de sua vida interior.
o subtexto é uma teia de incontáveis, variados padrões interiores, dentro de uma peça e de um papel, tecida com “se mágicos”, com circunstâncias dadas, com toda a sorte de imaginações, movimentos interiores, objetos de atenção, verdades maiores e menores, a crença nelas, adaptações, ajustes e outros elementos semelhantes. É o subtexto que nos faz dizer as palavras que dizemos numa peça. (STANISLAVSKI, 1989, p. 137).
O subtexto radiofônico estrutura o personagem, dando uma linha consistente
para sua trajetória que precisa existir sonoramente. Da mesma forma, texto e
subtexto convivem na concordância ou no confronto sempre harmoniosamente. Ou
seja, ainda que contraditórios ambos surgem na voz-corpo esclarecendo o momento
em que se encontra o personagem.
O humorismo foi muito difundido na era de ouro do rádio, nas décadas de
1940 e 1950. A sátira política sempre foi o tema preferido dos humoristas. Durante o
estado novo, a censura não permitia que os humoristas satirizassem os momentos
políticos. Mas com a queda de Getúlio em 1945, os humoristas brasileiros vieram
com tudo. E assim surgiam os primeiros personagens humorísticos do rádio.
Alvarenga e Ranchinho era uma dupla caipira famosa por sátiras políticas. Ninguém
escapava das críticas da dupla. Em 1950, com a volta das eleições diretas, Silvino
Neto criou um novo partido para concorrer ao governo carioca. Seu candidato era o
Zé da ilha, um marginal da época, e o partido era o PMM (Partido da Mula Manca).
Na década de 30, surgem os programas de humor característicos. Renato Murce
criou o polêmico Cenas escolares. Em cenas escolares, o personagem Manduca,
era um garoto bagunceiro que aprontava muitas confusões na sala de aula. O
programa recebeu críticas dos professores cariocas, e foi vetado pelo DIP. Para
poder continuar com o programa de sucesso Muce alterou detalhes do roteiro. As
aulas não seriam mais em um colégio, e o programa passou a se chamar Piadas do
Manduca. Murce interpretava o Dr. Leão, um professor sabe tudo, Brandão Filho era
o Coronel Fagundes, Castro Barbosa fazia o Sr. Ferramenta, e Lauro Borges fazia
dois papeis Sr. Alcebíades o gago, e o personagem central, o Manduca. Lauro
Borges e Castro Barbosa participariam de uma outra produção de Renato Murce, a
PRK 20. Um tempo depois a PRK 20 mudou da Rádio Clube do Brasil para a Rádio
Mayrink. Por isso foi renomeado para PRK 30. O programa passou também pela
22
Rádio Nacional. A PRK 30 tornou-se o maior momento do rádio humorístico
brasileiro. O programa simulava uma emissora clandestina. Tudo que acontecia no
rádio na época era motivo de sátira. Castro Barbosa vivia o locutor português
Megatério Nababo D’Alicerce, que apresentava todas as atrações da rádio; e Lauro
Borges era o locutor da voz lantejoulada Otelo Trigueiro. Em 1950 a Rádio Nacional
lançou o programa Balança mas não cai, com os personagens Primo Rico, Primo
pobre, Fernandinho e Ofélia. Nos anos 50 estreou o sucesso Tancredo e Trancado,
também na Rádio Nacional. Em História das Malocas de Oswaldo Molles, Adorian
Barbosa viveu o personagem Charutinho. Com o declínio do rádio, o humorismo
voltou somente após o Regime Militar. Em 1989, surge no programa Café com
Bobagem personagens como Purella, Demerval, Joanel, Juju Santos entre outros.
Mais tarde, em 1995, no programa Os Sobrinhos de Ataíde foi lançada na rádio
89FM, os personagens que mais fizeram sucesso foram Peterson Foca, o Pequeno
Wilber, Pinóculos (o boneco de pau de óculos), Tuca Zazauera e Valeska Cristina.
Após a saída do programa, um dos integrantes, Felipe Xavier, passou atuar na
emissora Jovem Pan, onde criou o personagem Homem cueca. Em 2000, Felipe foi
contratado pela Mix FM, em que criou e apresentou o programa Chuchu Beleza com
personagens como Homem Cueca, Dr. Pimpolho, Super Shana, Odemar, Jonelson
entre outros. Em 2009, Xavier encerrou seu contrato com a rádio Mix FM, e voltou
para a Jovem Pan, transmitindo seu programa Chuchu Beleza com os personagens
já criados e com os outros novos como Naldinho, Rick Du Boiol, Robobo entre
outros.
2.5 Estrangeirismo
A palavra “estrangeirismo” vem de estrangeiro + ismo. O termo “estrangeiro”
[étranger em francês] provém do latim extraneus; que representa o “exterior”, o “de
fora”; ou o que “não é da família”. E o sufixo -ismo, de origem grega, indica origem,
crença, escola, sistema, conformação. Portanto estrangeirismo significa todo e
qualquer emprego de palavras, expressões e construções estrangeiras em nosso
idioma. Não são consideradas estrangeirismos as palavras de origem latina, bem
como as palavras brasileiras de origem tupi.
As palavras portuguesas derivam, na sua maioria, do latim vulgar, que era a
língua falada nos últimos séculos do Império Romano. Encontramos também
23
palavras provenientes de outras línguas, como a dos povos gregos, fenícios, celtas,
iberos, árabes ou dos germânicos. Há, ainda, a importação de palavras estrangeiras
(estrangeirismos) ou a criação de outros termos (neologismos) por necessidades das
evoluções do mundo.
O contato com outros povos, as evoluções tecnológicas e as constantes
descobertas do homem levaram-no a recorrer a certos termos estrangeiros que não
receberam uma tradução correspondente na língua nacional. Assim, um
estrangeirismo é um vício de linguagem que consiste no uso de palavras,
expressões ou construções próprias de línguas estrangeiras. Na TLEBS
(Terminologia Linguística para o Ensino Básico e Secundário), este termo designa-
se empréstimo externo.
O vocabulário, o léxico se tornam a parte mais sensível ao estrangeirismo. A
palavra sutiã, em Portugal seria soutien, ainda na forma francesa, mas os derivados,
nascidos das oscilações da moda e dos avanços do mercado internacional,
passaram a designar aquela peça por body ou top. Nas atuais senhoras de meia-
idade, o carmim foi substituído pelo rouge, e o rouge, na juventude de algum tempo,
converteu-se em blush. A língua então, acompanha a história da sociedade.
Alguns exemplos destes empréstimos: best-seller, blazer, check-up, chip,
delivery, e-mail, fashion, flash, heavy metal, hobby, home-page, leasing, on-line, off-
line, overdose, piercing, punk, funk, self-service, etc.
E as aportuguesadas: bandeide, beisebol, bife, buldogue, caubói, drible,
estresse, futebol, entre outros.
Em nossa época, os estrangeirismos existentes na língua portuguesa do
Brasil advêm principalmente da língua inglesa, devido à forte presença norte-
americana em nossas vidas. Esses anglicismos não fazem parte de nosso fundo
lexical comum, pois são empréstimos lingüísticos conseqüentes de determinada
situação sócio-econômica vivida pelo Brasil, em determinada situação histórica. Foi
assim no século XIX, quando a França era o centro cultural do mundo ocidental: a
língua portuguesa, nessa época, viu-se invadida por expressões francesas, quase
todas de origem léxica, como dominó, paletó, champagne, bouquet, chance, comitê,
troupe, etc. Algumas dessas palavras, ainda hoje, sobrevivem na língua portuguesa
do Brasil, tendo sido absorvidas pelo nosso léxico.
Essa influência à distância não é nova. No caso brasileiro, fez-se, ao longo de
quase dois séculos, pelo peso e prestígio da cultura francesa, e, com mais
24
intensidade, a partir dos anos 1940 do século XX, pelo peso e prestígio da cultura,
da economia e do poderio militar anglo-americano. Como comenta Sérgio Rodrigues
(2005),
o estrangeirismo de ontem é o vernáculo de hoje, basta lembrar que na virada do século XIX para o XX sofremos do francês um bombardeio semelhante ao que agora nos chega do idioma de Bill Gates. Graças a ele nossas casas se encheram de abajures, oura veja, viva o progresso. (RODRIGUES, 2005).
A difusão e a presença crescente dos meios de comunicação e da chamada
“indústria do entretenimento” proporcionam ferramentas de disseminação de
matrizes comportamentais (inclusive de comportamentos lingüísticos), irradiando da
cultura dominante para as culturas periféricas.
A república que se iniciava com promessas de transformação social, gerava
dúvidas quanto aos rumos do país e por isso era alvo fácil das sátiras e chacotas.
Esses questionamentos eram atrelados à ânsia de desenvolvimento tecnológico ao
cosmopolitismo que caracterizava as atitudes inspiradas nos modelos sociais
europeus, desde o período imperial. Era a busca por “máquinas, invenções,
ingresias, francesias, ianquices que acelerassem entre eles (os brasileiros) o ritmo
do progresso: industrial, técnico, mecânico, político e social”. (SALIBA, 2002, p. 69).
Os humoristas da época eram ao mesmo tempo literatos, caricaturistas,
cronistas da imprensa, publicitários, revistógrafos e até músicos e atores. Exerciam
as diversas práticas culturais atuando, portanto, desde o jornal impresso a anúncios
publicitários, passando pelo teatro de revista, os discos de anedotas e na década de
1920 o rádio. Outras características da representação humorística brasileira era o
uso da paródia, dos poemas-piadas e dos estrangeirismos trazidos pelo
cosmopolitismo da época, que resultou em um processo paródico pela junção de
línguas que criariam assim uma nova língua anárquica.
Os elementos estrangeiros que surgem do contato linguístico muitas vezes
têm vida curta, como as gírias, ou são incorporados de modo tão íntimo à língua que
os acolhe, pelos processos normais de mudanças linguística, que em duas gerações
nem sequer são percebidos como estrangeirismos. (FARACO, 2002, p.19).
Em geral, o estrangeirismo é usado por duas razões: ou por necessidade de
designação de novos inventos, novas realidades, novos conceitos; ou para efeito
estilístico (função expressiva), provocando estranhamento, ironia ou cor local.
(ANDRADE; MEDEIROS, 2001, p. 264).
25
Segundo Sérgio Rodrigues (2005), o humor é “a melhor forma de lidar com
essas caipirices (estrangeirismo) é a sátira, a paródia, a caricatura”. Perdigão (2003)
descreve o humor de PRK 30 como
apurada tecnicidade que se oculta por trás da aparente folia caótica: o léxico do programa chega a constituir um dialeto próprio, um discurso oral saturado de maneirismos vocais, e traços fonológicos surpreendentes pelo mais desrespeito às enunciações lingüísticas (...) Lauro Borges emprega a retórica dessas articulações com piruetas singulares de locuções e pronúncias para robustecer a quase absoluta carência de nexo de raciocínio: (...) babel de estrangeirismos bisonhos, acidentais neologismos, gírias e pleonasmos. (PERDIGÃO, 2003).
26
3. METODOLOGIA DE PESQUISA
Neste capítulo, explicarei e descreverei os procedimentos e os instrumentos
usados para a coleta e para a análise de dados. Com base na fundamentação
teórica apresentada e também de acordo com as questões que norteiam este
trabalho, justificarei a utilização dos instrumentos escolhidos, bem como os
procedimentos adotados.
3.1 Contexto da pesquisa
O pressente trabalho foi desenvolvido com o intuito de estudar as expressões
e palavras de língua inglesa utilizadas pelo personagem de rádio Rick Du Boiol, do
programa Chuchu Beleza da rádio Jovem Pan.
O personagem de rádio tem sua personalidade e características traçadas
pelas várias ferramentas que emprega, como as palavras, o tom de voz, a
entonação, o silêncio. Assim como descreve Mirna Spritzer, “compor um
personagem radiofônico é transportar para a voz e para a escuta, o mundo visível do
personagem. É ver-se, ouvindo-se”.
O personagem estudado neste trabalho é um especialista em tendências,
homossexual e um grande ícone da moda, sendo assim tentarei responder com este
trabalho de que forma as palavras e expressões em inglês utilizadas pelo
personagem podem influenciar na formação de sua personalidade e características.
3.2 Instrumentos e procedimento de coleta de dados
Para dar início às análises, pesquisei no site do programa Chuchu Beleza
(http://chuchubeleza.virgula.uol.com.br/), e lá encontrei arquivo das passagens de
Rick Du Boiol que já foram ao ar. Dentre elas escolhi doze para fazer a transcrição,
sendo elas intituladas como: Incêndio na avenida; Modelo plus size; Barbies
diferenciadas; Couro; GPS da moda; Moda folclore; Barba; Visita do Noel; Raspar a
sobrancelha; iPad sexual; Banho ecológico e Agente UPP. Finalizada a transcrição,
comecei a analisar as palavras e expressões em inglês que nelas estavam
presentes. Destaquei-as para melhor visualização, e listei-as em uma tabela e nas
que se repetiam aumentei o número na coluna indicada quantidade. Assim, ao
27
terminar esta etapa tive todos os vocábulos que apareciam na língua inglesa e qual
foi a mais utilizada pelo personagem naquelas doze passagens. Seguindo com as
análises, traduzi as palavras e expressões listadas na tabela e depois em uma outra
coluna, descrevi em que conotação o personagem as utilizava, dessa maneira pude
comparar se o personagem estava utilizando as palavras e expressões com sentido
literário ou se estava aplicando outro sentido a elas.
28
4. DISCUSSÃO E ANÁLISE DE DADOS
Com este capítulo, pretendo expor a análise realizada por meio de uma tabela
comparativa por meio dos dados coletados. Explicando as conclusões em que
cheguei, tomando por base a fundamentação teórica e o resultado da análise.
4.1 Análise e resultado dos dados
Após realizar as transcrições das passagens do personagem Rick Du Boiol,
coloquei em evidência as palavras e expressões utilizadas na língua inglesa e listei-
as em uma tabela. A cada momento que uma palavra ou expressão se repetia
aumentava o número da coluna quantidade, como segue abaixo:
Após essa etapa traduzi os termos listados e descrevi a conotação que elas
tinham na fala do personagem, finalizando a coleta de dados.
29
30
Analisando os dados coletados, foi possível perceber que as palavras e
expressões mais utilizadas pelo personagem têm relação com a sua posição de
especialista em tendências e também com o seu homossexualismo. Como podemos
notar, por exemplo, nos termos novo must (nova sensação); must have it, must have
it, must absolutely have it! (precisa ter, precisa ter, precisa absolutamente ter); look
(aparência, visual); who’s the trensetter here? (quem é o especialista em tendências
aqui?) que se relacionam com o mundo da moda. Outros termos como exactly honey
(exatamente, querido); baby (meu bem); hello (olá, no sentido de chamar a atenção
scandal (escândalo, escândalo); wake up (acorda, no sentido irônico para dizer
preste atenção) estão relacionados com a caricatura do homossexualismo do
personagem.
31
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho foi realizado durante três semestres, nos quais eu aprendi não
somente sobre o conteúdo da pesquisa, mas também como trabalhar para atingir
uma meta á longo prazo, concluindo etapa por etapa, até enfim chegar à finalização.
Também aprendi que o fim do trabalho não significa o fim da pesquisa; é sempre
possível se aprofundar mais e mais no assunto tratado.
Com a pesquisa elaborada neste trabalho, posso concluir que as palavras e
as expressões em inglês também podem contribuir na criação de um personagem.
Agradeço à faculdade e ao curso por proporcionar esta oportunidade de
adquirir esta experiência que contribui muito no crescimento de nossos
conhecimentos e habilidades que levaremos para a vida toda.
32
REFERÊNCIAS
AMADEU, Isabel; ROSSINI, Mayra; NEVES, Silvana das; BARACAT, Annie. Palavra, língua, fala, níveis de fala. Portal Com Todas as Letras. Disponível em:<http://comtodasasletras.br.tripod.com/lingua_portuguesa_no_mundo.htm>. Acesso em: 30 nov. 2012. BLOG [ESTERO]TIPO. Disponível em: <http://estereotipo.wordpress.com/2007/10/28/ismo/>. Acesso em: 30 nov. 2012. BLOG ESTRELAS CADENTES. Cultura Geral XLVII - origem da palavra ‘humor’. Disponível em: <http://estrelasdecadentes.blogspot.com.br/2006/10/cultura-geral-xlvii-origem-da-palavra.html>. Acesso em: 30 nov. 2012. BLOG HISTÓRIA DO RÁDIO NO BRASIL. Origem do humor no rádio brasileiro. Disponível em: <http://gruporadiopp.wordpress.com/2010/06/11/origem-do-humor-no-radio-brasileiro/>. Acesso em: 30 nov. 2012. BLOG HISTÓRIA RADIOFÔNICA. Programas humorísticos no rádio. Disponível em: <http://historiaradiofonica.blogspot.com.br/2011/04/programas-humoristicos-no-radio.html>. Acesso em: 30 nov. 2012. CHUCHU BELEZA. Disponível em: <http://chuchubeleza.virgula.uol.com.br/sobre/>. Acesso em: 30 nov. 2012. DICIONÁRIO MICHAELIS. Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br>. Acesso em: 30 nov. 2012. DICIONÁRIO INFORMAL. Disponível em: <http://www.dicionarioinformal.com.br/ >. Acesso em: 30 nov. 2012. GONTIÉS, Juliana. A utilização dos estrangeirismos no jornalismo das revistas de informação. Revista eletrônica Temática. Disponível em: <http://www.insite.pro.br/2007/39.pdf>. Acesso em: 30 nov. 2012. INFOPÉDIA. Estrangeirismo. Disponível: <http://www.infopedia.pt/$estrangeirismo>. Acesso em: 30 nov. 2012. LAGARDE. Pierre-Stanislas. Abertura do seminário sobre “O que é estrangeiro?”. Disponível em: <http://www.psf-port.com/spip.php?article17>. Acesso em: 30 nov. 2012. MARTINS, Ticiana Lorena Acosta; SILVA, Erotilde Honório. O riso no Brasil: o caminho para a gargalhada radiofônica. Encontro Nacional de História na Mídia. Disponível em: <http://paginas.ufrgs.br/alcar/encontros-nacionais-1/7o-encontro-2009-1/O%20RISO%20NO%20BRASIL.pdf>. Acesso em: 30 nov. 2012.
33
MICROFONE: O SITE DO RADIALISTA. História do rádio. Disponível em: <http://www.microfone.jor.br/historia.htm>. Acesso em: 30 nov. 2012. ORIGEM DA PALAVRA. Disponível em: <http://origemdapalavra.com.br>. Acesso em: 30 nov. 2012. PORTAL SÃO FRANCISCO. Estrangeirismo. Disponível em: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/redacao/estrangeirismo.php> Acesso em: 30 nov. 2012. RADIO PONTO UFSC. Humor no rádio. Disponível em: <http://www.radioponto.ufsc.br/index.php?option=com_content&view=article&id=273:humor-no-radio&catid=6:radiojornalismo&Itemid=31>. Acesso em: 30 nov. 2012. SPRITZER. Ator, voz, texto e subtexto. Portal Abrace. Disponível em: <http://www.portalabrace.org/vcongresso/textos/dramaturgia/Mirna%20Spritzer%20%20O%20personagem%20radiofonico%20um%20exercicio%20sobre%20texto%20e%20subtexto.pdf>. Acesso em: 30 nov. 2012. TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Uma introdução ao estudo do humor pela linguística.
DELTA ‐ Revista de Documentação de Estudos em Linguística Teórica e Aplicada, São Paulo, v. 6, n. 1, p. 55‐82, 1990. ISSN/ISBN: 01024450. WIKIPÉDIA. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/ >. Acesso em: 30 nov. 2012.
34
ANEXO A
Arquivos Rick du Boiol
INCÊNDIO NA AVENIDA 120220
Senhoras e senhores... Rick du Boiol, o queridinho dos fashions
Godofredo: Olá, estamos de volta com mais uma entrevista com o queridinho
Fashion do Brasil, o especialista em tendências, Rick du Boiol. Senhoras
e senhores uma salva de palmas.
Rick: Boa noite, Go. Boa noite, Brasil.
Godofredo: Ôh, Rick... qual é a nova moda de hoje?
Rick: Botar fogo em carro alegórico.
Godofredo: Como assim, Rick? Botar fogo em carro alegórico?
Rick: Honey, tô falando de carnaval! To falando de escola de samba!
Apuração catarse, notas sendo rasgadas, vandalismo e incêndio... carro
alegórico: scandal, scaaaandal... burn, burn, burn... incendiar carro
alegórico e rasgar nota de escola de samba são o novo must.
Godofredo: Não acredito, Rick!
Rick: Hellooo?! Bunda de fora, boo. Peito de fora,boo. Tapa sexo, boo, boo,
boo... o que dá audiência mesmo é avacalhar a votação das escolas de
samba e incendiar carros alegóricos. No carnaval do ano que vem, a
comissão de frente vai ser a ala dos bombeiros, pronta para apagar o
incêndio no fim da avenida. Ta dada a dica. Beijo, beijo, beijo. Fuuuui...
Godofredo: Senhoras e senhores... Rick du Boiol. A gente volta daqui a pouco, não
sai daí!
MODELOS PLUS SIZE 120211
Senhoras e senhores... Rick du Boiol, o queridinho dos fashions
Godofredo: Olá, estamos de volta com mais uma entrevista com o queridinho
Fashion do Brasil, o especialista em tendências, Rick du Boiol. Senhoras
e senhores uma salva de palmas.
Rick: Boa noite, Go. Boa noite, Brasil.
35
Godofredo: Ow, Rick... qual é a nova moda do momento?
Rick: Fartura!
Godofredo: De luxo?
Rick: Não, baby... de carne. Fartura de carne e banha é o novo must!
Godofredo: Err...como assim, Rick? Você tá falando de pessoas gordas?
Rick: Exactly, honey! A moda agora são modelos plus size. Tamanho 48, yes!
50 yes! 52, griiito da moda... must have it! Must have it! Must totally have
it! Save the whales, é só o que eu posso dizer…
Godofredo: Ahh, então é o fim das modelos anorexicas?
Rick: O fim! The end! Period! Rasga, amassa e joga no lixo! Put it in the toilet
and flush it! Flush it, baby! Crrrrgg…down the toilet.
Godofredo: Ha, aiai…
Rick: Tá tão na moda que eu, Rick du Boiol, fui convidado para ser júri no
concurso Miss Baleia 2012-03-05
Godofredo: Miss Baleia?
Rick: Miss Baleia...várias categorias! Categoria orca, a baleia porca; categoria
jubarte a baleia com arte
Godofredo: He... a baleia com arte?
Rick: É, estilo Preta Gil, Claudia Gimenez...whatever
Godofredo: Ha...aiai, e o que mais, Rick?
Rick: E o que mais? Que no final era tanta gordura, que eu achei que fosse
subir meu colesterol só de ficar olhando
Godofredo: Hohohoho...
Rick: Ninguém merece! Ta dada a dica. Beijo, beijo, beijo. Fuuui
Godofredo: Senhoras e senhores... Rick du Boiol. A gente volta daqui a pouco, não
sai daí!
BARBIES DIFERENCIADAS 120204
Senhoras e senhores... Rick du Boiol, o queridinho dos fashions
Godofredo: Olá, estamos de volta com mais uma entrevista com o queridinho
fashion do Brasil, o especialista em tendências, Rick du Boiol. Senhoras
e senhores uma salva de palmas.
36
Rick: Boa noite, Go. Boa noite, Brasil.
Godofredo: Ow, Rick... qual é a novidade do momento?
Rick: Barbie careca
Godofredo: Barbie careca?
Rick: Exactly, honey... Barbie careca é o novo must! Em solidariedade as
pessoas que passam por quimioterapia. Pessoas que perdem o cabelo
no tratamento. Eu já, trouxe uma na bolsa para mostra pra você.
Godofredo: Oh, deixa eu ver, Rick. Oh, que bacana isso, hein.
Rick: Hellooo! E tem também essas aqui ó, a Barbie cega, a Barbie surda e a
Barbie muda.
Godofredo: Oh, Rick...mas essas aqui são iguais a uma Barbie normal.
Rick: Ai, Go... iguais pra você que não tem coração! No heart and no
imagination!
Godofredo: É, bom…quer dizer...
Rick: Tudo bem! Eu já esperava isso de você.
Godofredo: E essa outra Barbie, aqui? É uma Barbie comum?
Rick: Wroong, essa aqui é uma Barbie transex... quer ver? Levanta o vestido...
Godofredo: Oh louco, Rick! Oh, mas pera aí pô. Essa não é a Barbie...é o Ken
Rick: Chérie, essa é a Barbie ultra-exclusive! Feita em homenagem a modelo
Lea Tea. A única que vem com cerejas embaixo da saia. Um verdadeiro,
must have pros colecionadores. Tá dada a dica. Beijo, beijo, beijo. Fuui.
Godofredo: Aiai...senhoras e senhores... Rick du Boiol. A gente volta daqui a pouco,
não sai daí!
COURO 120128
Senhoras e senhores... Rick du Boiol, o queridinho dos fashions
Godofredo: Olá, estamos de volta com mais uma entrevista com o queridinho
fashion do Brasil, o especialista em tendências, Rick du Boiol. Senhoras
e senhores uma salva de palmas.
Rick: Boa noite, Go. Boa noite, Brasil.
Godofredo: Rick, você que é um cara viajado, conta pra gente, qual é a nova
tendência nas passarelas internacionais?
37
Rick: Tendência, hoje...passarela, everywhere: Paris, Nova York, Tóquio,
Milão...new trend: couro!
Godofredo: Couro?
Rick: Couro baby! Must have it! Must have it! Must absolutely have it!
Godofredo: Couro é, ha…você sabe que eu tenho um jaquetão estilo motoqueiro,
né?
Rick: Ai, Go... me poupe... não faz assim, que você só se queima!
Godofredo: Eh, er.. Tudo bem vai, mas conta pra gente, Rick... que tipo de couro
que tá na moda? Couro de vaca? De porco? De avestruz?
Rick: Wrooong... a moda agora é couro de pênis!
Godofredo: Couro de pênis?
Rick: Pênis, bingolin, bilau...couro de bilau é o novo must!
Godofredo: (risos)... mas pera aí, Rick...como assim? Couro de bilau?
Rick: Couro de pênis, chérie... eslástico, yes! Enrrugado, yes! Macio, for suure!
Godofredo: Hum...mas oh, Rick...onde é que as pessoas encontram isso?
Rick: Hospitais, honey! Nunca ouviu falar em operação de fimose? Agora
quando a pessoa faz fimose ela guarda o couro do pênis, e vende pras
grandes grifes...Chenel. Gucci, Louis Vuitton... em Israel não se fala em
outra coisa.
Godofredo: Nossa, Rick! E como é que fica, por exemplo, um sapato feito de couro
de pênis?
Rick: Liindo! Duro, macio e com a ponta lustrada! Ideal pra dar um pé na
bunda do parceiro...Mas atenção! Attention! Dependendo do parceiro, é
capaz dele ficar atrás de você pro resto da vida...Tá dada a dica. Beijo,
beijo, beijo. Fuuui.
Godofredo: Aiai...senhoras e senhores... Rick du Boiol. A gente volta daqui a pouco,
não sai daí!
GPS DA MODA 120107
Senhoras e senhores... Rick du Boiol, o queridinho dos fashions
Godofredo: Olá, estamos de volta com mais uma entrevista com ele, o enfant terrible
da moda, o especialista em tendências, Rick du Boiol. Senhoras e
senhores uma salva de palmas.
38
Rick: Boa noite, Go. Boa noite, Brasil.
Godofredo: Rick, o que que você faz nas suas horas vagas?
Rick: Excuse me? Horas vagas? Não sei o que é isso... Horas vagas,
esquece, chérie...moi, Rick du Boiol, não tenho horas vagas! Eu tenho
uma responsabilidade com a moda, o tempo inteiro pensando e
repensando moda. Non-stop fashion
Godofredo: Oh, Rick...mas você não tem nenhum hobbie?
Rick: Tenho... passer de mercê, chiquééérrimo de Paris...only for especial
ocasions, só pra ocasiões especiais.
Godofredo: Ah, tudo bem vai. Então falando de moda, qual é a nova tendência do
momento?
Rick: FPS! (éf, pi, és)
Godofredo: FPS?
Rick: Exactly, honey FPS...depois do GPS vem o FPS, Fhashion Positioning
System. Igual ao GPS, mas serve pra quem está perdido na hora de se
vestir.
Godofredo: Ahh, que legal, Rick! E como é que isoo funciona?
Rick: Simple, very simple...você abre o armário, e na hora de escolher a
roupa, o FPS impede que você faça alguma bobagem. Por exemplo, se
você tentar usar uma blusa que não combina com a calça, ele vai te
dizer: “blusa errada, pegue a chemise da esquerda.”, “essa não, bitch! A
branca com detalhes em pedraria.” E se você tentar botar um casaco de
moletom, ele avisa: “Moletom, não! Rasga, amassa e joga no lixo!”
Godofredo: Haha, essa é boa. Oh, Rick...assim que lançar eu quero um de presente,
hein.
Rick: Chérie, se você pretende usar no seu guarda-roupa, forget it! O FPS
com certeza vai falar: “Área sem cobertura.”, “feche o armário e dirija-se
ao próximo shopping.”
Godofredo: hohoho
Rick: Tá dada a dica. Beijo, beijo, beijo. Fuuui.
Godofredo: Aiai...senhoras e senhores... Rick du Boiol. A gente volta daqui a pouco,
não sai daí!
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MODA FOLCLORE 120105
Senhoras e senhores... Rick du Boiol, o queridinho dos fashions.
Godofredo: Olá, estamos de volta com mais uma entrevista com ele, o queridinho
fashion do Brasil, o especialista em tendências, Rick du Boiol. Senhoras
e senhores uma salva de palmas.
Rick: Boa noite, Go. Boa noite, Brasil.
Godofredo: Rick, hoje em dia os vampiros estão em toda as parte. É livro de
vampiro, filme de vampiro, série de TV de vampiro. Até quando vai durar
essa moda?
Rick: Excuse me? Moda? Hellooo... em que planeta você vive, chérie? Moda
de vampiro já acabou! Já era, it’s gone! Enfiaram uma estaca no
coração dela e crrrgg...down the toilet!
Godofredo: Ahh, que é isso, Rick? Os vampiros continuam por aí em todo canto.
Rick: Sorry, baby...mas se onde você freqüenta está cheia de vampiros, então
come uma cabeça de alho e não me cansa a beleza. Porque nos
lugares onde eu ando, a moda agora é folclore brasileiro.
Godofredo: Folclore brasileiro?
Rick: Exactly, honey. Brazilian folclore. Depois do chinelo de dedo e das top
models, agora é a vez do folclore brasileiro. Boi Tatá, yes! Mula sem
cabeça, yes! Negrinho do pastoriro, totally yes! Griiito da moda!
Godofredo: Poxa, Rick...dessa eu não sabia.
Rick: E o saci pererê, ham...scandal, baby...scaaandal! Febre entre os
estilistas. Calça de uma perna só é o novo must! As pessoas agora vão
andar com as duas pernas dentro da mesma perna da calça. Ab-Cap,
Absolutely capenga!
Godofredo: Mas, Rick...assim não é difícil de se locomover?
Rick: Difícil? Difícil vai ser a calça saci junto com o sapato curupira. Tudo
virado ao contrário. Tá achando que ficar na moda é fácil? Tá dado a
dica. Beijo, beijo, beijo. Fuuui
Godofredo: Ha...senhoras e senhores... Rick du Boiol. A gente volta daqui a pouco,
não sai daí!
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BARBA 111131
Senhoras e senhores... Rick du Boiol, o queridinho dos fashions
Godofredo: Olá, estamos de volta com mais uma entrevista com o queridinho
fashion do Brasil, o especialista em tendências, Rick du Boiol. Senhoras
e senhores uma salva de palmas.
Rick: Boa noite, Go. Boa noite, Brasil.
Godofredo: Rick, qual é a novidade no mundo da moda?
Rick: Novidade... barba!
Godofredo: Barba?
Rick: Exactly, honey... barba e bigode. Barba cumprida, peluda imensa,
praticamente o homem das cavernas.
Godofredo: Nossa, Rick...mas quão cumprida tem que ser a barba?
Rick: A mais cumprida possível! Eu tô falando de barba. Eu estou falando de
barba cumprida. Barba cumprida estilo papai Noel, estilo profeta, estilo
Marcelo Camelo dos Los Hermanos. Barba que dá pra esconder uma
Malu Magalhães dentro. Barba neandertal, barba Ab-Cav, absolutely
cavernoso! Barba longa, yes! Barba cuta, boo, boo, boo! Rasga, amassa
e joga no lixo!
Godofredo: Mas, Rick...como é que se usa uma barba assim? Tão longa...
Rick: Adereços, honey. Miçangas, yes! Trancinhas, yes! Fitinhas do nosso
senhor do Bonfim, nem pensar! Tererê, maybe...minha preferida, barba
rastafari...Buffalo soldier, dradlock barba.
Godofredo: Hehe...Rick, e para as mulheres, alguma dica?
Rick: Bigode, óbvio!
Godofredo: Bigode?
Rick: Bigode, honey...Frida Kahlo style. Mulheres com buço são o novo must.
Por isso que Portugal se tornou o novo centro da moda mundial. Tá
dada a dica. Beijo, beijo, beijo. Fuuui.
Godofredo: Senhoras e senhores... Rick du Boiol. A gente volta daqui a pouco, não
sai daí!
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VISITA DO NOEL 111223
Enquanto isso na noite de Natal...
Papai Noel: Ai, como eu sou desastrado...acho que eu tô ficando velho...Arh, de
tanto agachar pra deixar presentes debaixo das árvores, minha lombar
está me matando...Ahh, meu Deus e ainda tem seis bilhões de entregas
para fazer só essa noite...
Rick: Hellooo...
Papai Noel: Iii, meu Deus.
Rick: Hou, Ho...achou que ia passar despercebido, honey? Wrooong! Há
tempos que eu quero falar com você.
Papai Noel: Ii, comigo?
Rick: Exactly, honey! Você, Papai Noel...Santa Claus, totally out of fashion!
Papai Noel: Fora de moda, eu?
Rick: Wake up, honey! Quem é que usa a mesma roupa e faz o mesmo look
há séculos, todo Natal? You? Me? You? Me? Você? Eu? Você? Acho
que é você, né baby?
Papai Noel: Eh, mas é que eu sou o Papai Noel:
Rick: Eu sei, chérie. Mas isso não é desculpa pra cafonisse. O quê que é essa
barriga? Essa barba? E essa roupa vermelha com bota preta? Ai,
totalmente fora de moda!
Papai Noel: Ow, Rick mas então eu...
Rick: Primeira coisa: cirurgia do estômago. Faz que nem o Faustão e joga fora
essa barriga! Put it in the toilet and flush it, baby! Flush it…crrrhh, it’s
gone.
Papai Noel: Eh... bom
Rick: E depois tira essa barba! Barba cumprida, já era...passado. Só se você
fosse dos Los Hermanos, mas agora nem isso. Tira a barba, perde a
barriga e dá uma repaginada no look! Vermelho, nem pensar! So less
Christmas... A moda agora é pink! Pink é o
novo vermelho. Abandona o gorrinho e bota uma boina. De lado, yes!
Casual, yes! Totally chic, absolutely! Boina xadrez, roupa pink. E nos pés,
chinelinho de dedo básico.
Papai Noel: Ora, Rick...como chinelinho de dedo? Eu sou o Papai Noel, eu moro no
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Pólo Norte! Você sabe como faz frio no Pólo Norte.
Rick: Hellooo...moda é sacrifício, baby! As pessoas, passam frio, passam fome
pra estar na moda! Não vai ser você que vai querer ser diferente.
Papai Noel: Eh...bom...ano que vem eu venho com essas sugestões aí.
Rick: Stop! Shut up! Eu tô falando pra esse ano! Ano que vem já era. Vai ser
tudo diferente, honey! Em um ano as coleções mudam! Tudo muda!
Change, change, change, totally change! Papi, passa aqui no setembro
do ano que vem e a gente monta seu visual Natal 2012. Got it? Ta dada
a dica. Beijo, beijo, beijo e Merry Christmas!
Papai Noel: Oh, oh, oh... Feliz Natal pra você também, Rick...Aaaai, cada um que
eu tenho que aguentar, viu...
RASPAR A SOBRANCELHA 120330
Senhoras e senhores... Rick Du Boiol! O queridinho dos fashions
Godofredo: Olá estamos de volta com mais uma entrevista com o queridinho fashion
do Brasil, o especialista em tendências, Rick Du Boil. Senhoras e
senhores uma salva de palmas.
Rick: Boa noite Gô! Boa noite Brasil!
Godofredo: Ôh Rick, qual é a moda do momento?
Rick: Raspar a sobrancelha.
Godofredo: Raspar a sobrancelha?
Rick: Exactly, honey. Em Paris, Nova Iorque, Tókio, Milão, não se fala em
outra coisa! Raspar a sobrancelha é o novo must!
Godofredo: Mas ôh Rick, aí as pessoas vão ficar sem expressão.
Rick: Hello! Exatamente o oposto. A moda agora é raspar a sobrancelha e
sair com uma canetinha na mão.
Godofredo: Canetinha? Mas pra quê?
Rick: Pra desenhar sua própria sobrancelha! Aconteceu alguma coisa que te
deixo bravo, você desenha uma sobrancelha pra baixo; aconteceu
alguma coisa que te deixou triste, desenha uma sobrancelha pra cima;
cara de paisagem, sobrancelha horizontal; real emoticon live face!
Raspa a sobrancelha, e transforma o próprio rosto num emoticon
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tamanho real!
Godofredo: Nossa, Rick! Tem certeza que isso tá na moda?
Rick: Excuse me? Who’s the trendsetter here? Quem é o formador de
opinião? Eu, você? You, me? You, me? Me, you? Acho que sou eu né,
chéri?
Godofredo: Tudo bem, vai
Rick: Atenção, você ouvinte. Vai pro banheiro, raspa a sobrancelha, e sai pra
vida! Sobrancelha raspada e desenhada com canetinha é o novo must!
Rostão emoticon tamanho natural. Tá dada a dica, beijo, beijo, beijo...fui!
Godofredo: Aiai, senhoras e senhores, Rick Du Boiol... a gente volta daqui a pouco.
Não sai daí!
IPAD SEXUAL 120412
Senhoras e senhores, Rick Du Boiol, o queridinho dos fashions!
Godofredo: Olá, estamos de volta com mais uma entrevista, com o queridinho
fashion do Brasil, o especialista em tendências, Rick Du Boiol.
Senhoras e senhores uma salva de palmas.
Rick: Boa noite, Gô! Boa noite, Brasil!
Godofredo: Oh Rick, conta pra gente, o que é que tá na moda hoje?
Rick: iPad sexual!
Godofredo: iPad sexual??? Explica melhor.
Rick: iPad sexual, baby! É o iPad que vende em sexy shop. O sujeito compra
o iPad, baixa o aplicativo e fica encoxando a tela.
Godofredo: (risos) Nossa, Rick. Eu nunca ouvi falar disso.
Rick: Hello! Who is the trendsetter here, baby? Quem é especialista em
tendência? You, me? Eu, você? Eu, você? Você, eu? Acho que sou eu
né, chéri!
Godofredo: É, tudo bem, Rick, eu sei.
Rick: Encoxar a tela do iPad é o novo must! Tela touch screen, já era, it´s
gone! Put it in the toilet and flush it, baby! Flush it! Crrgg… it´s gone!
Depois do touch screen, a moda agora é tela fuck screen!
Godofredo: Ah, era só o que faltava
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Rick: iPad sexual com tela fuck screen. Must have it! Must have it! Must
absolutely have it! Tá dada a dica, beijo, beijo, beijo…fui!
Godofredo: Aiai…senhoras e senhores, Rick du Boiol... a gente volta daqui a pouco,
não sai daí!
BANHO ECOLÓGICO 120421
Senhoras e senhores, Rick Du Boiol, o queridinho dos fashions!
Godofredo: Olá, estamos de volta com o queridinho fashion do Brasil, o especialista
em tendências, o em feu terrible da moda, Rick Du Boiol. Senhoras e
senhores, uma salva de palmas.
Rick: Boa noite, Gô! Boa noite, Brasil!
Godofredo: Oh, Rick...conta pra gente, qual é a nova tendência do momento?
Rick: Nova tendência, banho ecológico.
Godofredo: Banho ecológico?
Rick: Yes, baby. Banho ecológico é o novo must. Segunda, yes; terça, no;
quarta, yes... e assim por diante.
Godofredo: Hum, banho dia sim dia não?
Rick: Exactly, honey. Economia de 50% da água do planeta. Na França as
pessoas tomam até menos banho que isso!
Godofredo: Ôh, Rick, mas na França não faz o calor que faz aqui no Brasil, né.
Rick: Não interessa, chéri. Fedem do mesmo jeito. Sabe porque os franceses
fazem os melhores perfumes do mundo? Pra disfarçar o fedor.
Godofredo: Oh, Rick... mas então você quer que os brasileiros fedam como fedem
os franceses?
Rick: Chéri, se ficar fedido deixam os brasileiros tre´ chique como le france, e
ainda por cima economizar água do planeta... oh por mim esse país vira
um queijo roquefort à céu aberto, hohohoho... tá dada a dica, beijo,
beijo, beijo...fui!
Godofredo: Aiai, senhoras e senhores, Rick DuBoiol ...
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AGENTE UPP 111203
Senhoras e senhores... Rick du Boiol, o queridinho dos fashions
Godofredo: Olá, estamos de volta com mais uma entrevista com o queridinho
fashion do Brasil, o especialista em tendências, Rick du Boiol. Senhoras
e senhores uma salva de palmas.
Rick: Boa noite, Gô. Boa noite, Brasil.
Godofredo: Oh, Rick...conta pra gente, qual é a nova moda hoje?
Rick: UPP.
Godofredo: UPP? Unidade de Polícia Pacificadora? Igual aquelas que instalam nas
favelas do Rio de Janeiro?
Rick: Wrooong! Eu disse UPP, Unidade Pacificadoras de Peruas.
Godofredo: Hum, pera aí Rick, dessa eu nunca ouvi falar.
Rick: UPP no shopping de luxo, grito, griiito da moda. Antigamente quando
duas peruas entravam em uma loja, e começavam a disputar pela
mesma bolsa, era barraco na certa. Uma jogava o talão de cheques na
cara da outra, puxava o cartão de crédito, um horror!
Godofredo: Nossa!
Rick: Agora com as UPPs, Unidades Pacificadoras de Peruas, a coisa ficou
super tranquila. VIPs já podem andar sossegadas pelos shoppings com
a certeza de não ser atingida por nenhuma Montblanc voadora.
Godofredo: Montblanc voadora?
Rick: Montblanc, chéri, a caneta. Você sabe quanto pesa uma caneta de ouro
maciço? É a arma predileta da perua. Uma Montblan de ouro na testa,
traumatismo craniano na certa.
Godofredo: Ah, não. Traumatismo craniano?
Rick: Wake up, honey. Se uma caneta de ouro maciço Montblanc cair da bolsa
de uma perua, e ela estiver usando sandália, a unha do dedão fica preta
na hora. Black, it’s gone, period, forget it! Unidades Pacificadoras de
Peruas em shoppings de luxo, são o novo must. Tá dada a dica, beijo,
beijo, beijo, fuuui.
Godofredo: Hum, Senhoras e senhores, Rick Du Boil, a gente volta daqui a pouco,
não sai daí...
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