ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO FLORISTICA DE UMA FLORESTA TROPICAL CADUCIFÓLIA SOBRE AFLORAMENTO ROCHOSO, FAZENDA MODELO,
AMAZONIA MERIDIONAL, MATO GROSSO.
Júnior Antonio Martins de Melo1; Célia Regina Araújo Soares1; Jesus Aparecido Pedroga1; Lucirene Rodrigues1
1Universidade do Estado de Mato Grosso, Departamento de Ciências Biológicas, UNEMAT, Campus de Alta Floresta, MT. [email protected]
MATERIAL E MÉTODOS
O afloramento rochoso onde foram estabelecidas as parcelas
amostrais do estudo está localizado na Fazenda Modelo (Figura 1),
as margens da rodovia MT 208, zona rural, a aproximadamente 15
km da sede de Alta Floresta sentido Carlinda, no extremo norte do
Estado de Mato Grosso, a 830 km da capital do Estado, Cuiabá.
Alta Floresta possui uma área de 9.310,27 Km2 , inserida entre as
coordenadas 9º 53’ 02’’ latitude S e 56º 14’ 38’’ longitude W
(Ferreira, 2001).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A estrutura da vegetação aborda os aspectos da fisionomia incluindo a estrutura vertical e horizontal, além da abundância de cada espécie na comunidade (Muller-Dombois & Ellenberg, 1974).
Foram amostradas 43 famílias, distribuídas em 92 espécies, sendo que Caesalpineaceae e Euphorbiaceae apresentaram o maior número de espécies. A curva espécie-area estabilizou-se na parcela 88, com 53 espécies representando 57,60% do total de espécies encontrados na composição florística. O estudo teve um índice de Shannon de 3,048 nats/ind.
INTRODUÇAO
A biodiversidade existente no Brasil faz com que este seja interpretado como um reservatório natural de espécies (Ayres et al., 2005, Valente et al., 2006), possuindo inúmeros elementos raros da fauna e flora.
Conhece-se duas formas geológicas de afloramentos rochosos, os com escarpas rochosas e os com matacões ou boulder, possuindo uma flora que muitas vezes difere marcadamente da vegetação que lhe faz limite (Gröger & Barthlott, 1996; Porembski & Barthlott, 2000; Porembski, 2002 citados por Santos & Sylvestre 2006).
Os afloramentos rochosos abrigam um ecossistema de estrutura frágil, com hábitat singular e muitas espécies endêmicas (Santos & Sylvestre, 2006). Mas mesmo assim estas comunidades vegetais dos afloramentos rochosos recebem pouca atenção dos cientistas e ambientalistas sendo poucos os trabalhos que enfocam este tipo de vegetação em nosso país.
Desta forma, o objetivo desse trabalho foi a análise da composição florística em áreas de afloramentos rochosos do tipo matacão e escarpas rochosas, além das características fitossociológicas, tais como: densidade, dominância e freqüência das espécies, visando futuros estudos de conservação e recuperação destas áreas na região.
CONSIDERAÇÕES FINAISA maioria dos indivíduos apresentaram altura total abaixo de 9
metros e DAP até 25 cm, com poucos indivíduos emergentes, característica de floresta tropical caducifólia. A distribuição das espécies nas parcelas refletem a profundidade do solo e a presença dos matacões e escarpas rochosas no ambiente estudado.
Fig. 1 Localização da área de estudo
Constituída por floresta tropical caducifólia, caracterizada por duas estações climáticas bem definidas, uma chuvosa e outra biologicamente seca, onde o estrato dominante apresenta-se temporariamente caducifólio.
O estudo foi realizado entre os meses de maio a dezembro de 2007. Iniciando com coletas de materias botânicos férteis aleatoriamente. As espécies coletadas foram levadas ao Herbário da Amazônia Meridional (HERBAM) onde foram feitas a identificação de parte do material posteriormente as espécies foram revisadas pelo site www.mobot.org.
Para o levantamento fitossociológico foi utilizado o método de parcela segundo Muller-Dombois & Ellemberg (1974), a área foi dividida em quatro blocos de 2.500 m2, sendo cada bloco subdividido em parcelas contíguas de 10 m x 10 m.
Os dados foram inseridos no Programa Microsoft Excel 2003 para a realização dos cálculos pertinentes aos parâmetros fitossociológicos.
Na fitossociologia foram amostrados 1031 indivíduos, distribuídos em 33 famílias, sendo que a familia Euphorbiaceae apresentou o maior número de indivíduos (172).
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Número de Parcelas
Nú
mer
o d
e In
div
idu
os
Figura 3 - Curva espécie-área da Floresta Tropical Caducifólia Sobre Afloramento Rochoso da Fazenda Modelo, Amazônia Meridional, Alta Floresta, MT.
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
Número de Indivíduos
Euphorbiaceae
Mimosaceae
Fabaceae
Apocynaceae
Meliaceae
Bombacaceae
Caesalpinaceae
Flacourtiaceae
Anacardiaceae
Ebenaceae
Opiliaceae
Rubiaceae
Bignoniaceae
Outras
Sapindaceae
Cochlospermaceae
A distribuição dos indivíduos por Diâmetro a Altura do Peito (DAP) é composta por quatro classes de diâmetro com valores entre 3,18 cm e 94,85 cm. A classe mais representativa foi a de DAP entre 3,18 e 10 cm, totalizando 43,64% dos totais de indivíduos da área.
Figura 4 - Distribuição dos indivíduos por família da Floresta Tropical Caducifólia Sobre Afloramento Rochoso da Fazenda Modelo, Amazônia Meridional, Alta Floresta, MT.
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
Ind
ivid
uos
3,18 - 10 10,1 - 25 25,1 - 50 50,1 - 94,85
Classes de Diametro DAP (cm)
Figura 5 - Classes de Diâmetro a Altura do Peito (DAP) dos indivíduos da Floresta Tropical Caducifólia Sobre Afloramento Rochoso da Fazenda Modelo, Amazônia Meridional, Alta Floresta, MT.
A distribuição dos indivíduos por Classe de Altura também é composta por quatro classes com valores entre 2 m e 22,5 m.
Figura 6 - Distribuição dos indivíduos por altura da Floresta Tropical Caducifólia Sobre Afloramento Rochoso da Fazenda Modelo, Amazônia Meridional, Alta Floresta, MT.
A distribuição das espécies podem apresentar padrões diferentes dentro de uma area, como por exemplo, Sebatiana membranifolia que apresenta distribuição aleatória nas parcelas 1 a 26 e nas demais parcelas se comporta de forma agregada, o mesmo é observado no que se refere a Anadenanthera macrocarpa , Acacia polyphylla e Casearia gossypiosperma comportam-se de forma mais aleatória, já o Machaerium acutifolium é a espécie que se comporta de forma mais agregada dentre as espécies presentes nos blocos de parcelas.
0
10
20
30
40
50
0 10 20 30 40 50
Parc. 1 a 25
Sebastiana membranifolia
Anadenanthera macrocarpa
Cochlospermum orinoscence
Acacia polyphyllaMachaerium acutifolium
Cedrela fissilis
Spondias mombin
Casearia gossypiosperma
A
0
10
20
30
40
50
0 10 20 30 40 50
Parc. 26 a 50
Sebastiana membranifolia
Anadenanthera macrocarpa
Cochlospermum orinoscence
Acacia polyphylla
Aspidosperma multiflorum Machaerium acutifolium
Cedrela fissilis
Ceiba samauma
Spondias mombin
Casearia gossypiosperma
B
0
10
20
30
40
50
0 10 20 30 40 50
Parc. 51 a 75
Sebastiana membranifolia
Cochlospermum orinoscence
Acacia polyphylla
Aspidosperma multiflorum Machaerium acutifolium
Cedrela fisilis
Spondias mombin
C. gossypiosperma
C
0
10
20
30
40
50
0 10 20 30 40 50
Parc. 75 a 100
Sebastiana menbranifolia
Anadenathera macrocarpa
Cochlopermum orinoscence
Acacia polyphylla
Aspidosperma multiflorum
Spondias monbin
Casearia gossypiosperma
D
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
Ind
ivíd
uo
s
2 a 3 3,1 a 6 6,1 a 9 9,1 a 15 15,1 a 22,5
Classe de Altura
Figura 7 - Distribuição espacial dentro dos blocos de parcelas das dez espécies com maior (IVI) da Floresta Tropical Caducifólia Sobre Afloramento Rochoso, Fazenda Modelo, Amazônia Meridional, Alta Floresta, MT.
Fig. 2 Vista parcial da Área (A, B), Montagem de parcelas (C), Medição de Eixo XY (D), Anotação dos dados Fitossociológicos (E), Matacões (F)
A
B
C D
E F
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