ElisReginaTodas as letras
Pesquisa, organização e diagramação:Vladimir Araújo
Projeto gráfico:Juliana Mesquita e Juliana Palezi
ElisReginaTodas as letras
Dá sorteEleu Salvador
Viva a Brotolândia – 1961
Dá sorte fazer o que eu digoDá sorte querer seu amor
Dá sorte cantar comigo
Cante então a canção que eu fiz para ser felizCante então a canção que eu fiz para ser feliz
Creio no supremo poderGosto de quem gosta de mim
Serei tudo que quero ser
Sou feliz, tenho alguem que me quer e que eu quero bem
Sonhando (Dream)B. de Vorzon/T. Ellis/Vs. Juvenal FernandesViva a Brotolândia – 1961
SonhoEu sempre sonhoQue o amor irei buscar
SigoUma alamedaE alquém é o meu par
Alguém que eu veneroQue tanto queroNão sei quem é
SonhoE no meu sonhoSigo com um certo alguém
MurmúrioDjalma Ferreira/Luiz Antônio
Viva a Brotolândia – 1961
Vai nesta cançãoMeu último adeus
Coração sonha em vãoCom os beijos seus
Foi esta cançãoQue eu murmurei
Tu também longe ameiMurmuraste eu sei.
Há neste murmúrio huma saudadeA vontade louca de voltar
Ser como era antes mesmo por instantesE depois morrer para não chorar
Tu serásÂngela Martignoni/Othon RussoViva a Brotolândia – 1961
Tu serás a vida e o meu destinoTu serás angústia e tormentoTu serás a chama que iluminaO eterno fogo de minha alma
E na noite escura, minha estrelaTu serás… tu serásEstrela que mostra o meu caminhoTu serás… somente tu.
Vivo para amar-te e adorar-tePois és a razão dos meus desejosE se em ti não penso a todo instanteNão posso acalmar o meu tormento
Samba feito para mimPaulo Tito
Viva a Brotolândia – 1961
Pedi pra fazerem um samba para mim.Pra desabafar meu coração.
Tenho tanta coisa pra dizer de mim.Como eu gostaria de falar numa canção.
Sei que o mundo é mau, jamais vai entender,Que este samba vive de hum sofrer
O tema é meu. Nasceu assim.Era preciso fazerem um samba pra mim.
Amei alguém. Fui só de alguém.O mundo não procurou compreender.
Então pedi para fazerem um samba assim.E este samba foi feito todinho pra mim.
Fala-me de amor (Take me in your arms)Markus/Rotter/Vs. Max GoldViva a Brotolândia – 1961
Fala-me de amor,Mesmo que seja pra mentirFala-me de amor,Se vais partir.
Um beijo loucoPara lembrar o que passouDura tão poucoMesmo que seja o fimAperta-me assimE nos braços teusToda magia vivereiBeija-me assimDepois adeus!
Eu queria sentir teu beijoCom carinho e emocãoE guardar este amor tão puroNo fundo do coração
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Baby faceDavis/Asket/Vs. Fred Jorge
Viva a Brotolândia – 1961
Baby faceEsse rostinho lindo
Baby faceParece ingênuoNão é isso não
Baby faceQue encontrei sorrindo e me deixou sonhando
Baby faceEsse seu modo estranho de olhar pra mim
Me faz acreditarQue você sabe amar
MentindoBaby Face.
Dor de CoveloJoão Roberto Kelly
Viva a Brotolândia – 1961
Beber pra esquecer é teimosia Hoje muito whisky, muita alegria,
Amanhã ressaca, saco de gelo O bar não é doutor que cure a dor de cotovelo
A dor pra curar não tem receita É corcunda que se deita
Sem achar a posição E sentir saudade não faz mal
Não é no fundo do copo Que você vai encontrar sua moral
Beber pra esquecer...
Garoto último tipo (Puppy Love)Paul Anka/Vs. Fred JorgeViva a Brotolândia – 1961
Hoje eu vi um tal brotinhoQue o meu coraçãoFoi logo conquistandoE eu nem disse não
Garoto último tipoBroto sensaçãoNão sei porqueDei meu coração
Saiu pra ruaTrânsito parouE pra mim o olhar mandou
Que garotinhoMas que tipãoE roubou meu coração
As coisas que eu gosto (My favorite things)Hammerstein/Rodgers/Vs. Fernando CésarViva a Brotolândia – 1961
As coisas que eu gosto eu vou lhe dizerSão coisas bonitas que vêm de vocêÉ o céu de um sorriso embriagadorE esses seus olhos lembrando o amor
Nem sei como pode você ser assimE ter tudo, tudo que é bom para mimNem de encomenda eu ia acharOutro igual a você para amar
Os seus olhosSeu sorrisoQue bonitos são
Você não existeNa certa sonheiQuando inventei você
Mesmo de mentiraCarlos Imperial
Viva a Brotolândia – 1961
Diz mesmo de mentiraQue eu sou tudo pra você
Diz mesmo de mentiraQue ao seu lado eu vou viver
Diz.Prefiro a mentira
Pois a verdade é ruimDiz mesmo de mentira
Diz que você gosta de mim
Quero viver na ilusãoPois afinal não machuca o coração
Se a verdade me faz malEu não vou fazer da minha vida um carnaval
MenteÉ melhor assim
Diz que você gosta de mim
Amor, amor (Love, love)Bill Caesar/Vs. Carlos ImperialViva a Brotolândia – 1961
Amor, amorQuero um amor que não tenha fimAmor, amorQuero um amor pra mim
Amor, amorQuero um amor que me queira bemAmor, amorEu reciso amar alguém
Vivo a sonharQue estou a beijarO meu grande amor
Sempre a esperarQuem me queira amar
O meu peito agora dizEu preciso de um amorSó assim serei feliz
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PoemaFernando Dias
Poema de Amor – 1962
PoemaÉ a noite cheia de amargura
PoemaÉ a luz que brilha lá no céu
PoemaÉ ter saudade de alguém
Que a gente quer e que não vem
PoemaÉ o cantar de um passarinho
Que vive ao leú, perdeu seu ninhoÉ a esperança de o encontrar
PoemaÉ a solidão da madrugada
Um ébrio triste na calçadaQuerendo a lua namorar
Pororó-PopóJoão Roberto KellyPoema de Amor – 1962
Bate bate bate constantePororó-popó
Dançando na festa, beijinho na testa e só
Seu telefone eu anoteiCupido me laçouE apertou o nóPoró-poroporó
Todo dia eu discavaPoró-poroporó
Discava escondida da mamãe e da vovó
Tudo começou de brincadeiraE eu fiquei brincando a vida inteira
Dá-me um beijo(Kiss me, Kiss me)
Trovajoli/Daniell/Vs. Romeu NunesPoema de Amor – 1962
Dá-me um beijoUm sóUm só
Mata meu desejoDe mimTem dó
Pois num beijo só você poderá sentirO que sinto é desejo sim de mim
Dá-me dá-me um beijoMais um
Só um
E vamos depoisOs doisOs dois
Pela vida nos deixando com ardor
Para sempreSempre
Amor
Nos teus lábiosHaroldo Eiras/Ataliba Santos
Poema de Amor – 1962
Nos teus olhosVejo a luz com que sempre sonhei
Nos teus lábiosSinto os beijos que as vezes roubei
Vem de novoA saudade em meu peito apertar
E por isso eu canto
Nos teus olhosAs estrelas refletem o brilhar
Dos teus lábiosBeijos mil me fazem lembrar
Desde entãoNão sonho e nem vivo
Porque, amor, só posso encontrarNos teus lábios e os teus olhos quero olhar.
Sim os teus olhos quero olhar
Vou comprarum coraçãoPaulo Tito/Romeu NunesPoema de Amor – 1962
Vou comprar um coraçãoPara trocar por este meuPorque sem ilusão não sei viverE este meu coração cansou de amar
Com um novo coraçãoVou repetir os erros meusFazer oque já fizAmar em vãoSer infeliz mais uma vez.
Meu pequeno mundo de ilusão(My little corner of the world)Hilliard/Pockriss/Vs. José Mauro PiresPoema de Amor – 1962
Ó vem meu doce bemAo meu pequeno mundo de ilusãoSão teus os sonhos meusNo meu pequeno mundo de ilusão
Só tu entãoSerás a inspiraçãoE neste mundoTerás meu coração
E se, meu doce bem,Vieres aplacar esta paixãoSerão somente teusO meu pequeno mundo e a ilusão
Eu sempre quisContigo, coração,Viver felizEm meu mundo de ilusão
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Saudade é recordarRenan França/Verinha FalcãoPoema de Amor – 1962
De que vale o que tenhoSó tristezas pra contarE tristeza é ter saudadeSaudade é recordar
Tu cruzaste o meu caminhoQuando eu era a própria dorHoje deixo o teu carinhoPor amor ao teu amor
LassecretáriasPepe Luis/Vs. Martha AlmeidaPoema de Amor – 1962
Cha Cha ChaPara o secretárioCha Cha ChaPara estenodatilografarCha Cha ChaPara o secretárioCha Cha ChaCha Cha ChaComo é bom bailar
Necessito secretário competenteCom experiência e boa apresentaçãoSolicito homem jovem e bonitoE com carta de recomendação
Que domine o idioma ItalianoO Francês e o Inglês com perfeiçãoNao me importa seja loiro ou morenoMas que tenha bem alegre o coração
Quando formos de manhã para o trabalhoE a tarde na hora de regressarQue beleza eu e o meu secretárioCaminhando e cantando o cha cha cha
PizzicatiPizzicatoStern/Marnay/Vs. Fred JorgePoema de Amor – 1962
Quando eu ouvi tocar um doce pizzicatiQuase desandoue quase parou
O pobre coração que só palpita por tiE sempre te adorou
Em doce pizzicato o coração pulsouE alegre saltouE alegre cantou
E como um violino doido a suspirarSonhou… sonhou… sonhou…
Plum plum plumQue delicioso
Plum plum plumMaravilhoso
Minha cancão de amor nasceu no meu coraçãoSó para ti
Minha paixãoEm doce pizzicato eu vou levar-te a emoção
O meu amor sem fim
A canção que eu cantoÉ por ti meu bem
É um doce pizzicatoSempre a saltitar
Plum plum plum
Cançãode enganar
despedidaWalter/JoluzPoema de Amor – 1962
Teu olharMeu olhar
Nosso olhar
Tuas mãosMinhas mãosA emoção
A noite a se perder nos faz,Meu amor,Outra vez
AmarSonhar
É manhãNa manhã do adeus
RepousaTeus lábios nos meus
Um beijo irá fazerTeu olharMeu olharOutra vez
AmarChorar
ConfissãoUmberto Silva/Paulo Aguiar/Luiz MaranhãoPoema de Amor – 1962
Vai nesta cancãoA confissãoDe alguém que hoje é feliz, feliz
Vai dizer tambémQue só alguémQue ninguém mais faz infeliz
O que passou, passouSei que não volta maisEis o consolo eneletivo dos meus ais
Pra que lembrança sem esperança?Se um é pouco, dois é bom, três é demais
Podes voltarOthon Russo/Nazareno de Brito
Poema de Amor – 1962
Deixa passar a incerteza que te afasta de mimQuero pensar que ainda me queres como ontem, e assim
Quero guardar esta ilusãoAdormecer e contigo sonhar
Se tu soubesses que torturas em minha alma sem tiNoites inteiras a pensar que havia outra qualquer
Mas mesmo assim haja o que houverPodes voltar outra vez para mim
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A Virgem deMacareña
(La Virgen de la Macareña)B. B. Munterde/Calero/A. Bourget
Elis Regina – 1963
À noite quando me deitoEu rezo à Virgem de MacareñaAssim sozinho em meu quarto
Falo à Virgem Santa todo o meu tormento
É de coração que eu peçoQue alguém um dia me queira
Que me abraçe com ternuraE me beije com doçura
Ó Virgem SantaÓ Virgem Santa porque sofro tanto
Ouvi o que pedeOuvi o que pede a angústia do meu pranto
Porque, ó Santa querida,Não encontro na vida alguém para meu amor?
Porque, ó Santa querida,Não encontro na vida alguém para meu amor?
Alguém que seja ternuraE viva comigo os sonhos que sonhei
É de coração que eu peçoQue alguém um dia me queira
Que me abraçe com ternuraE me beije com doçura
Ouvi o que pedeOuvi o que pede minha alma aflita
Minha Virgem SantaMinha Virgem Santa de Macareña
Tango italianoMalgoni/Baretta/Palessi/Romeo Nunes
Elis Regina – 1963
Um tango italianoO nosso tango
Quero um dia dançarE sonhar novamente
Um tango italianoUm terno tango
Como aquele que viu começarNosso amor tão distante
E nos teus braçosRodando ao compasso do tango a recordar
Nosso passadoE o amor esquecido veremos retornar
Um tango italanoE os teus braços
O meu corpo de novo estreitarE teus olhos de novo encontrar
E no céu de teus olhos buscarA aventura perdida
DengosaCastro PerretElis Regina – 1963
Eu sou dengosaGosto de carinhoAmor pra mimTem que ter denguinho
Eu sou assimDengosa para amarProcuro aguém dengosoPara ser meu par
Amar com dengoDá gosto da gente amarBeijar com dengoDá gosto de se beijar
Amor com dengoTorna mais gostoso o carinhoMas para amar com dengoÉ preciso ter jeitinho
Formiguinha tristeJoãozinho
Elis Regina – 1963
Era uma vez uma triste formiguinhaQue vivia tão sozinha tocando seu violão
Tão simplezinha era sua moradaMas existia lugar pra mais alguém
Mas certo dia, como diz a lenda,Tudo lá no quintal se iluminouFormiguinha encontrou outra
Inverno sozinha não passou
Tristeza de carnavalBidú/MutinhoElis Regina – 1963
O carnavalSempre faz feliz alguémAs vezes traz tristeza
E a alegria foge
Tudo é quarta-feiraTudo é sempre cinza
Pra quem amou foi muito bomPra quem perdeu chorou demais
Depois voltou o carnavalNa fantasia de sol
E a esperança de encontrarUm novo amor
No carnavalNo carnavalNo carnaval
Outra vez (Again)Cochran/NewmanElis Regina – 1963
JamaisO meu amor tu terásNão te darei novamenteA boca ardente, oh, não!
VerásQue o sonho que se desfazNem deixa rastro na almaE acalma a ilusão de um coração
Eu não queroDe novo sofrerTal como eu já sofri
Eu não quero de novo viverNo amargor em que já vivi
O sonho que se desfezNão deixou rastro em minha almaNão sonharei outra vez
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SilêncioTúlio Paiva
Elis Regina – 1963
Silêncio!Atenção!
O samba já tem outra marcação
O pandeiro já não faz o que faziaViolão só é na base da harmonia
Silêncio!Atenção!
Porque o samba já tem outra marcação
A roda do mundo sempre vai girandoVai girando sem parar
Tudo nessa vida se renovaA bossa velha deu lugar à bossa nova
O samba já tem outra marcaçãoE essa é nova marcação
1, 2, 3,balançou
Nazareno de Brito/Alcyr Pires VermelhoElis Regina – 1963
1, 2, 3, balançou1, 2, 3, o meu samba quero assim
Requebra e vai por mim
1, 2, 3, vai não vai1, 2, 3, ouve o prato a marcar
O nosso balançar
Faz um passo todo figuradoE segue o rebolado
A onda do balanço me enrolou
Eu não posso pararVejo o tempo correr sem me cansar
Você pode notar
Batam palmas para quem gostouDo meu samba que a ninguem negou
De todo coraçãoSensação enquanto balançou
À noiteBerstein/Roberto Côrte RealElis Regina – 1963
À noite, amorVou ver o meu amorA lua há de brilharPra nós dois
À noite, amorVou ver o meu amorE pra nós as estrelas virão
E o sol que sabe que eu esperoQue só a noite eu quero
Compreende e já se vai
Ó Deus, fazeiFazei que a noite seja
Sem fim pra mim
RessurreicãoMarino Pinto/Pernambuco
Elis Regina – 1963
Ressurreição, meu amor do passadoTu és a razão do meu porvir
Eu sonho em vão por que sonho acordadaQuisera saber o que há de vir
A chama que se apagaSempre mata a esperença
Minha chama de esperar-teNão se cansa
Ressurreição, me levou ao passadoE curou de uma vez a minha dor
Milagre do amor
FlerteiCastro PerretElis Regina – 1963
Agora sim estou certinha com um sóTanto brinquei que Cupido me acertouEu tive tantos mas a nenhum eu ameiE, no entanto, sem querer, gamei
Veja você, eu que nunca pensei em amarEu que flertava apenas para brincarMas fui brincar de amor quem soube entender meu coracãoE o flerte transformou-se em gamação
Adeus amorAlmeida Rêgo/Newton Ramalho
Elis Regina – 1963
Adeus amorEu tenho de partir
Eu sei que vou sentirUma saudade imensa de você
Que vai ficarSozinho como euA remoer lembranças do passado
Meu Deus como é que eu vou ficarSem ter você pra me abraçar?Sem ter aqueles beijos que são meus?Só meus
Adeus amorEu voltarei, querido,
pra recomeçar a nossa vida
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Alô saudadePaulo Aguiar/Umberto Silva
O Bem do Amor – 1963
Telefonei para a saudadeDizendo a ela o que sentiaComo ela trouxe a solução
Meu coração logo esqueceu toda a paixão
Acreditei no que me foi prescritoE em tudo o que eu não acreditava
Depois do tempo em que levei sofrendo assimFelicidade voltou pra mim
Sem teu amorLuiz MauroO Bem do Amor – 1963
Meu coração não pode mais viver assimSem teu amorMeu coracão vive chorando triste assimSem teu amor
Tudo acabouFiquei sozinhaSem teu querer
Tudo mudouE, sem carinho,Não sei viver
Meu coracão hoje só vive de ansiedadePor vocêEspero em vão o fim de toda essa saudadeDe você
Vou esperarÓ, meu querido,Volte pr favor
Meu coracãoNão vai viver toda esta vidaSem teu amor
Saudade ecarinhoRenan Franca/Verinha MaranhãoO Bem do Amor – 1963
Saudade e carinhoAi que vontade de amar!Todo amor tem o seu ninhoO meu amor, onde andará?
Tantos amores eu já tiveQuantos amores mais terei?Nenhum, porém, comigo viveSozinha sempre viverei
Mania de gostarLuis MauroO Bem do Amor – 1963
Mania boba é essa da gente de gostar de alguém. Alguém que nos faz um pouquinho feliz quando vem.Alguém que quando vai não diz pra onde nem porque. Parte deixando saudade. Fazendo a gente sofrer.
Não vai outra vez meu amor, não vá pra longe de mim. Esse negócio de saudade não foi feito pra mim.Com você aqui bem perto. Juntinho do meu coração. Não viverei mais nesta solidão.
Manhã deAMOR
Sergio Malta/JoluzO Bem do Amor – 1963
É manhãVem o solVem trazer o calorQue aquece a emoçãoDe um olharDe um aperto de mão
Vem a chuva tambémVem chorar a alegria
Do retorno de alguémDe um amor
Numa terna ilusão
E se faz lá no céuO enlace da chuva e do solA natureza sorriÉ tão lindo o matiz do arrebol
Já se fez a manhã do amorJá se pôs o arco-iris além
Vem a chuvaVem o sol
Com eles, meu bem.
Se você quiserBaden Powell/Mario Telles
O Bem do Amor – 1963
Você quer que eu te conte o que é o amor,Feito para dois amar,
Feito de sorriso e flor?
Você quer.Mas será que você quer?
Caminhar neste luar para eu te mostrar.Vem.
Você quer ver na luz do meu olhar,Como eu te quero bem,Como eu te quero amar?
Eu não sei.Eu não sei se você quer.Eu posso te dar amor,
Se vocie quiser.
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Há uma história tristeOthon Russo/Niquinho
O Bem do Amor – 1963
Há uma história triste pelo arHistória que não tem “era uma vez…”
Há uma história triste pra contarHistória que começa com “talvez”
Foi, talvez, amor que acabouFoi, talvez, um sonho que apagouRestos de lembrança e amarguraRugas de saudade e de ternura
Domingo em CopacabanaRoberto Faissal/Paulo Tito
O Bem do Amor – 1963
Copacabana cheiaBom é domingo mesmo
Dias de sol vem alegrar o nosso amor
Mar azulOnda azul
Vem beijar meus amores
Copacabana belaLua de luz acesa
Ando calçada cheia sem pensar
Ai, rio até sozinhaDa beleza do meu Rio
Da TV Rio até o ForteGente que passa sem ter norte
Copacabana eu vou sonhar junto de ti
Meus olhosSergio Napp
O Bem do Amor – 1963
Meus olhosSaudades que eu trago
Do amor de você
Meus olhosSilêncios na espera
De alguém que não vem
Ah, se você entendesseA beleza de amar
Que eles trazem em si
Ah, se você compreendesseO que escondem meus olhos
Voltaria pra mim
RetornoAécio KauffmannO Bem do Amor – 1963
Meu bem eu agora voltareiBem sei que estarás a me esperar
Deixei meu coração cheio de amor juntinho ao teuE só me acompanhou a saudade em seu lugar
Agora voltarei novamente aos braços teusE tu sempre estarás eternamente nos braços meus
Na estrada desta vidaNunca maisNunca mais sozinhaLonge amorDos teus carinhos
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É pra frente que se andaCaminhando sem olhar pra trás
É pra frente que se andaCaminhando sem olhar pra trás
É como a roda da históriaQue nunca pode parar
Há um turbilhão de anseiosDespertando a nossa voz
Há um mundo de esperançaEsperando,
Esperado por nós
E a gente vai seguindoOlhando só pra frenteSem se voltar pra trás
Procurando nosso mundoMundo de paz
Túlio PaivaO Bem do Amor – 1963
Mundo de paz
O bem do amorRildo Hora/Clóvis Mello
O Bem do Amor – 1963
Se você pensavaBem no amor achar
O bem no amor encontraráE quando você quiser
Vá buscar ternuraNo amor que existe
Num lugar feito pra doisSim, vá buscar
Tem perfume a flor que nasceNo jardim ao sol
De ver tanto encanto na florFui pedir a rosa viva e multicor
Perfume e corFiz nosso amor
E o mundo prá nós dois
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O MORRO NÃO TEM VEZ(Tom Jobim/Vinícius de Morais)
O morro não tem vezE o que ele fez já foi demais
Mas olhem bem voces, quando derem vez ao morroToda a cidade vai cantar
ESSE MUNDO É MEU(Sérgio Ricardo/Ruy Guerra)
Escravo no mundo em que souEscravo no reino em que estou
Mas acorrentado ninguém pode amarMas acorrentado ninguém pode amar
FEIO NAO É BONITO(Carlos Lyra/Gianfrancesco Guarnieri)
Feio, nao é bonitoO morro existe mas pede pra se acabar
Canta, mas canta tristePorque tristeza é só o que tem pra cantar
Chora, mas chora rindoPorque é valente e nunca se deixa quebrar
Ama, o morro amaAmor bonito, amor aflitoQue pede outra história
SAMBA DO CARIOCA(Carlos Lyra/Vinícius de Morais)
Vamos, carioca,sai do teu sono devagar
O dia já vem vindo aíE o sol já vai raiar
Sao Jorge, teu padrinho,te dê cana pra tomarXango, teu pai, te dê
muitas mulheres para amar
ESSE MUNDO É MEU(Sérgio Ricardo/Ruy Guerra)
Saravá, Ogum, mandinga da gente continuaCade o despacho pra acabáSanto guerrero na floresta
Se você nao vem eu mesma vou brigáSe voce nao vem eu mesma vou brigá
A FELICIDADE(Tom Jobim/Vinícius de Morais)
A felicidade é como a plumaQue o vento vai levando pelo ar
Brilha tão leve, mas tem a vida brevePrecisa que haja vento sem parar
SAMBA DE NEGRO(Roberto Correa/Sylvio Son)
Subi lá no morro só pra verO que o nêgo tem
Pra cantar assim gostosoE fazer samba como ninguém
VOU ANDAR POR AÍ(Newton Chaves)
Vou andar por aí, perguntar por aíPra ver se eu encontro
A paz que perdi
O SOL NASCERÁ (A sorrir)(Cartola/Elton Medeiros)
A sorrir eu pretendo levar a vidaPois chorando eu vi a mocidade perdida
DIZ QUE FUI POR AÍ(Zé Keti/H. Rocha)
Se alguém perguntar por mimDiz que fui por aí
Levando o violão debaixo do bracoEm qualquer esquina eu paro
Em qualquer botequim eu entroE se houver motivo, é mais um samba que eu faço
Se quiserem saber se eu volto, diga que simMas só depois que a saudade se afastar de mimMas só depois que a saudade se afastar de mim
ACENDER AS VELAS(Zé Keti)
Acender as velas, já é profissãoQuando nao tem samba, tem desilusão
Acender as velas, já é profissãoQuando nao sou eu, é Nara Leão
A VOZ DO MORRO(Zé Keti)
Eu sou o sambaA voz do morro sou eu mesmo, sim senhorQuero mostrar ao mundo que tenho valor
Eu sou o rei do terreiroEu sou o samba
Sou natural daqui do Rio de JaneiroSou eu quem leva alegria
Para milhões de corações brasileiros
O MORRO NAO TEM VEZ(Tom Jobim/Vinícius de Morais)
O morro não tem vezE o que ele fez já foi demais
Mas olhem bem vocesQuando derem vez ao morro
Toda a cidade vai cantarVai cantar, vai cantarVai cantar, vai cantar
Pout PourriDois na Bossa 1 – 1963 (Com Jair Rodrigues)
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Preciso aprender a ser sóMarcos Valle/Paulo Sergio ValleDois na Bossa 1 – 1965Samba eu canto assim – 1965
Ah! se eu te pudesse fazer entender Sem teu amor eu não posso viver Que sem nós dois o que resta sou eu E u a s s i m t ã o s óE eu preciso aprender a ser só Poder dormir sem sentir teu amor A ver que foi só um sonho e passou
A h ! o a m o rQuando é demais ao findar leva a paz M e e n t r e g u e i s e m p e n s a r Que a saudade existe e se vem é tão triste Vê, meus olhos choram a falta dos teus Esses teus olhos que foram tão meus Por Deus, entenda que assim eu não vivo Eu morro pensando no nosso amor Por Deus, entenda que assim eu não vivo Eu morro pensando no nosso amor
A h ! o a m o rQuando é demais ao findar leva a paz M e e n t r e g u e i s e m p e n s a r Que a saudade existe e se vem é tão triste Vê, meus olhos choram a falta dos teus Esses teus olhos que foram tão meus Por Deus, entenda que assim eu não vivo Eu morro pensando no nosso amor Por Deus, entenda que assim eu não vivo Eu morro pensando no nosso amor
ArrastãoEdu Lobo/Vinícius de Morais
Dois na Bossa 1 – 1965
Eh... tem jangada no mar Eh, eh, eh... hoje tem arrastão
Eh... todo mundo pescarChega de sombra João
Jovi, olha o arrastão entrando no mar sem fimÊ meu irmão me traz Yemanjá pra mim
Minha Santa BárbaraMe abençoai
Quero me casar com Janaína
Eh... puxa bem devagarEh, eh, eh... já vem vindo o arrastão
Eh... é a Rainha do MarVem, vem na rede João
Pra mim!
Valha-me Deus Nosso Senhor do BonfimNunca, jamais se viu tanto peixe assim
Terra deninguémMarcos Valle/Paulo Sergio ValleDois na Bossa 1 – 1965Saudade do Brasil – 1980(Com Marcos Valle)
Segue nessa marcha tristeSeu caminho aflitoLeva só saudadeE a injustiçaQue só lhe foi feitaDesde que nasceuPelo mundo inteiroQue nada lhe deu
Anda.Teu caminho é longoCheio de incertezaTudo é só pobrezaTudo é só tristezaTudo é terra mortaOnde a terra é boaO senhor é donoNão deixa passar
Pára no final da tardeTomba já cansadoCai um nordestinoReza uma oraçãoPrá voltar um diaE criar coragemPrá poder lutarPelo que é seu
Mas...O dia vai chegarQue o mundo vai saberNão se vive sem se darQuem trabalha é que temDireito de viverPois a terra é den i n g u é m
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Sem Deus com a famíliaCésar Roldão VieiraDois na Bossa 1 – 1965
Sapato de pobre é tamanco
A vida não tem solução
Morada da rico é palácio
E casa de pobre é barracão
Quem é pobre sempre sofre,
Vive sempre a trabalhar
Mas eu sofro só de dia,
De noite eu vivo pra sambar
A mulher de branco é esposa
E a esposa do preto é mulher
Mas minha mulher é só minha,
Do branco eu nem sei se só dele é
Branco fica atormentado
E nem tem tempo pra pensar
Mas o preto é mais que branco
pra mãe d’água Iemanjá
A terra do dono é só dele
E ali ninguém pode mandar
Mas se eu não pegar na enxada
Não tem ninguém pra plantar
Eu semeio tanto milho e a colheita é do senhor
Mas o dia da igualdade tá chegando seu doutor.
RezaEdu Lobo/Ruy Guerra
Dois na Bossa 1 – 1965Samba eu canto assim – 1965
Por amor andei jáTanto chão e marSenhor já nem sei
Se o amor não é maisBastante pra vencer
Eu já sei o que vou fazerMeu SenhorUma oração
Vou cantar para ver se vai valer
Laia ladaia sabadana ave-mariaLaia ladaia sabadana ave-maria
Ah! meu santo defensorTraga o meu amor
Laia ladaia sabadana ave-mariaLaia ladaia sabadana ave-maria
Se é praga ou oraçãoMil vezes cantarei
Laia ladaia sabadana ave-mariaLaia ladaia sabadana ave-maria
Menino das
laranjasThéo de BarrosDois na Bossa 1 – 1965 (Com Jair Rodrigues)Samba eu canto assim – 1965
Menino que vai pra feiraVender sua laranja até acabarFilho de mãe solteiraCuja ignorância tem que sustentar
É madrugada, vai sentindo frioPorque se o cesto não voltar vazioA mãe arranja um outro prá laranjaE esse filho vai ter que apanhar
Compra laranjaMenino que vai pra feira
É madrugada vai sentindo frioPorque se o cesto não voltar vazioA mãe arranja um outro prá laranjaE esse filho vai ter que apanhar
Compra laranja doutorAinda dou uma de quebra pro senhor
Lá no morro a gente acorda cedoQue é só trabalharComida é pouca e muita roupaQue a cidade manda pra lavar
De madrugada ele meninoAcorda cedo tentando encontrarUm pouco pra comer, viver até crescerE a vida melhorar
Compra laranja doutorAinda dou uma de quebra pro senhor
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Influência do JazzCarlos Lyra
Elis no Fino da Bossa 1965-1967
Pobre samba meuFoi se misturando se modernizando, e se perdeu
E o rebolado cadê?, não tem maisCadê o tal gingado que mexe com a genteCoitado do meu samba mudou de repente
Influência do jazz
Quase que morreuE acaba morrendo, está quase morrendo, não percebeu
Que o samba balança de um lado pro outroO jazz é diferente, pra frente pra trás
E o samba meio morto ficou meio tortoInfluência do jazz
No afro-cubano, vai complicandoVai pelo cano, vai
Vai entortando, vai sem descansoVai, sai, cai... no balanço!
Pobre samba meuVolta lá pro morro e pede socorro onde nasceu
Pra não ser um samba com notas demaisNão ser um samba torto pra frente pra trás
Vai ter que se virar pra poder se livrarDa influência do jazz
FormosaBaden Powell/Vinícius de MoraisElis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Baden Powell e Ciro Monteiro)
Formosa, não faz assimCarinho não é ruimMulher que negaNão sabe nãoTem uma coisa de menosNo seu coração
A gente nasce, a gente cresceA gente quer amarMulher que negaNega o que não é para negarA gente pega, a gente entregaA gente quer morrerNinguém tem nada de bomSem sofrerFormosa mulher! Discussão
Tom Jobim/Newton MendonçaElis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com pery Ribeiro)
Se você pretende sustentar opiniãoE discutir por discutirSó prá ganhar a discussãoEu lhe asseguro pode crerQue quando fala o coraçãoAs vezes é melhor perderDo que ganhar, você vai verJá percebi a confusãoVocê quer ver prevalecerA opinião sobre a razãoNão pode ser, não pode serPrá quê trocar o sim por nãoSe o resultado é a solidãoEm vez de amorUma saudade vai dizer quem tem razão
Samba do aviãoTom Jobim
Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com lennie Dale)
Eparrê,Aroeira beira de mar
Salve Deus e Tiago e HumaitáEta, costão de pedra dos home brabo do mar
Eh, Xangô, vê se me ajuda a chegar
Minha alma cantaVejo o Rio de Janeiro
Estou morrendo de saudadeRio, teu mar, praias sem fimRio, você foi feito pra mim
Cristo RedentorBraços abertos sobre a Guanabara
Este samba é só porqueRio, eu gosto de vocêA morena vai sambar
Seu corpo todo balançarRio de sol, de céu, de mar
Dentro de mais um minuto estaremos no GaleãoRio de Janeiro,Rio de JaneiroRio de Janeiro,Rio de Janeiro
Cristo RedentorBraços abertos sobre a Guanabara
Este samba é só porqueRio, eu gosto de vocêA morena vai sambar
Seu corpo todo balançarAperte o cinto, vamos chegar
Água brilhando, olha a pista chegandoE vamos nós
Aterrar
Vem BalançarWalter Santos/Tereza SouzaElis no Fino da Bossa 1965-1967
Quem vem lá?Quem vem lá?
Se é de samba pode se chegarNo meu samba tem sempre lugarPrá quem vem balançandoQuerendo sambar
Quem vem lá?Quem vem lá?
Se é de samba pode se chegarNo meu samba tem sempre lugarPrá quem vem balançandoQuerendo sambar
Pra quemTraga o samba redondinho,bem certinho assimtodinho solto
Mas não venha contando mentira rapazNão ponha no meu samba tão fácil demais
Devagar com a louçaLuiz Reis/Haroldo BarbosaElis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Elza Soares)
Devagar com a louça que eu conheço a moça,vai devagar moçinha, devagar ei.Eu conheço a moça, devagar com a louça,vai devagar, prá não errar.Devagar com a louça que eu conheço a moça,vai devagar.E eu conheço a moça, devagar com a louça.Vai, prá não errar.
Ela é mais enrolada do que linha em carretel,ja viu, mais você nessa jogada, hehe, vira bola de papel.Dê o fora dessa louça, peça logo o seu boné.Você vai ficar de touca, quem avisa amigo é, pois é..'
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MulataAssanhada
Ataulfo AlvesElis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Ataulfo Alves)
Ô, mulata assanhadaQue passa com graça
Fazendo pirraçaFingindo inocente
Tirando o sossego da gente!
Ah! Mulata se eu pudesseE se meu dinheiro desse
Eu te dava sem pensarEsta terra, este céu, este mar
E ela finge que não sabeQue tem feitiço no olhar!
Ai, meu Deus, que bom seriaSe voltasse a escravidão
Eu pegava a escurinhaE prendia no meu coração!...
E depois a pretoriaResolvia aquestão!
Amor em pazTom Jobim/Vinícius de MoraesElis no Fino da Bossa 1965-1967
Eu ameiE amei, ai de mim, muito mais do que devia amarE choreiAo sentir que iria sofrer e me desesperar
Foi entãoQue da minha infinita tristeza aconteceu vocêEncontreiEm você a razão de viver e de amar em pazE não sofrer maisNunca maisPorque o amor é a coisa mais triste quando se desfaz
O amor é a coisa mais triste quando se desfaz
BocochêBaden Powell/Vinícius de MoraesElis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Baden Powell)
Menina bonita, pra onde é "qu'ocê" vaiMenina bonita, pra onde é "qu'ocê" vaiVou procurar o meu lindo amorNo fundo do marVou procurar o meu lindo amorNo fundo do mar
Nhem, nhem, nhemÉ onda que vaiNhem, nhem, nhemÉ onda que vemNhem, nhem, nhemTristeza que vaiNhem, nhem, nhemTristeza que vem
Foi e nunca mais voltouNunca mais! Nunca maisTriste, triste me deixou
Nhem, nhem, nhemÉ onda que vaiNhem, nhem, nhemÉ a vida que vemNhem, nhem, nhemÉ a vida que vaiNhem, nhem, nhemNão volta ninguém
Menina bonita, não vá para o marMenina bonita, não vá para o mar
Vou me casar com o meu lindo amorNo fundo do marVou me casar com o meu lindo amorNo fundo do mar
Nhem, nhem, nhemÉ onda que vaiNhem, nhem, nhemÉ onda que vemNhem, nhem, nhemÉ a vida que vaiNhem, nhem, nhemNão volta ninguém
Menina bonita que foi para o marMenina bonita que foi para o marDorme, meu bemQue você também é IemanjáDorme, meu bemQue você também é Iemanjá
Agora Ninguém Chora MaisJorge Ben
Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Jorge Bem Jor e Zinho)
Chorava todo mundoMas agora ninguém chora mais
Chora mais, chora maisChorava todo mundo
Mas agora ninguém chora maisChora mais
ô, ô, ô, ô
Chorava mãe, chorava paiNa hora da partidaMas era uma belezaEm vez de tristeza
Mas era uma belezaEm vez de tristeza
ô, ô, ô, ôChorava mãe, chorava pai
Chorava todo mundoMas agora ninguém chora mais
Mas pois o menino voltouVoltou homem, voltou doutor
Menino que é bom não caiPois já nasceu com a estrela
E sempre a mente sãMenino que é bom não cai
Pois é protegido de Iansã
Chorava todo mundoMas agora ninguém chora mais
Chora mais, chora mais
Mas Que NadaJorge Ben
Elis no Fino da Bossa 1965-1967
Mas, que nadaSai da minha frente
Que eu quero passarPois o samba está animadoE o que eu quero é sambar
Este sambaQue é misto de maracatuÉ samba de preto velho
Samba de preto tuMas, que nada
Um samba como esse tão legalVocê não vai querer
Que eu chegue no final
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Falsa BaianaGeraldo Pereira
Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Wilson Simonal)
Baiana que entra no samba e só fica paradaNão samba, não dança, não bole nem nada
Não sabe deixar a mocidade loucaBaiana é aquela que entra no samba de qualquer
maneiraQue mexe, remexe, dá nó nas cadeirasDeixando a moçada com água na boca
A falsa baiana quando entra no sambaNinguém se incomoda, ninguém bate palma
Ninguém abre a roda, ninguém grita ôbaSalve a Bahia, senhor
Mas a gente gosta quando uma baianaSamba direitinho, de cima embaixo
Revira os olhinhos dizendoEu sou fiilha de São Salvador
TelefoneRoberto Menescal/Ronaldo Bôscoli
Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Os Cariocas)
Plém plém plém plém plém plém plém plém plém
Plém plémOcupado pela décima vez
Plém plémTelefono e não consigo falar
Plém plémEstou ouvindo há muito mais de um mês
Plém plémJá começa quando eu penso discar
Eu já estou desconfiadoQue ela deu meu telefone prá mim
Plém plémE dizer que a vida inteira esperei
Plém plémQue dei duro e me matei prá encontrar
Plém plémToda a lista quase que eu decorei
Plém plémDia e noite não parei de discar
E só vendo com que jeitoPedia prá eu ligar
Plém plém plém plémNão entendo mais nada
Prá que é que eu fui topar?
Trimm trimmNão me diga que agora atendeu
Será que eu… eu consegui? Agora encontrar?O moço atendeu… alô!
SomewhereStephen Sondheim/Leonard BernsteinElis no Fino da Bossa 1965-1967
There's a place for usSomewhere a place for usPeace and quiet and open airWait for usSomewhere
There's a time for usSome day a time for usTime together and time to spareTime to look, time to careSomedaySomewhere
We'll find a new way of livingWe'll find there's a way of forgivingSomewhere
There's a place for usA time and place for usHold my hand and we're halfway thereHold my hand and I'll take you thereSomehowSomedaySomewhere
There's a place for usHold my hand and we're halfway thereHold my hand and I'll take you thereSomehowSomedaySomewhere
Eu só queria saberMiriam Ribeiro/Vera Brasil
Elis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Claudete soares)
Eu só queria serUm só dos teus anseios
Eu só queria serUm só dos teus momentos
Eu só queria serDentro de ti
A brisa que passouUma canção me trouxe
A brisa que passouPassou e não me trouxe
O sol de um meigo olharNa escuridão
Só nesta solidãoSofre o meu coração
Cativo da canção que passou
Eu só queria serUm só dos teus anseios
Eu só queria serUm só dos teus momentos
Eu só queria serDentro de ti
Se acaso você chegasseFelisberto Martins/Lupicínio RodriguesElis no Fino da Bossa 1965-1967 (Com Elza Soares e Jair Rodrigues)
Se acaso você chegasseNo meu chatô e encontrasseAquela mulherQue você gostouSerá que tinha coragemDe trocar nossa amizadePor ela que jáLhe abandonou?
Eu falo porque essa donaJá mora no meu barracoÀ beira de um regatoE um bosque em florDe dia me lava a roupaDe noite me beija a bocaE assim nós vamosVivendo de amor
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É Zambi no açoite, ei, ei é Zambi... É Zambi, tui, tui, tui, tui, é Zambi...
É Zambi na noite, ei, ei, é Zambi... É Zambi, tui, tui, tui, tui, é Zambi...
Chega de sofrer... Eh! Zambi gritou. Sangue a correr é a mesma cor É o mesmo adeus e a mesma dor.
É Zambi se armando, ei, ei é Zambi... É Zambi, tui, tui, tui, tui, é Zambi...
É Zambi lutando, ei, ei, é Zambi... É Zambi, tui, tui, tui, tui, é Zambi...
Chega de viver na escravidão. É o mesmo céu. O mesmo chão. O mesmo amor. Mesma paixão.
Ganga-Zumba ei, ei, ei, vai fugir... Vai lutar tui, tui, tui, tui, com Zambi...
E Zambi gritou ei, ei, meu irmão... Mesmo céu, tui, tui, tui, tui, mesmo chão.
Vem filho meu, meu capitão. Ganga-Zumba... Liberdade! Liberdade! Ganga-Zumba vem meu irmão.
É Zambi lutando, é lutador. Faca cortando, talho sem dor. É o mesmo sangue e a mesma dor.
É Zambi morrendo, ei, ei é Zambi... É Zambi, tui, tui, tui, tui, é Zambi...
Ganga-Zumba, ei, ei, vem aí... Ganga-Zumba, tui, tui, tui, tui, é Zambi...
ZambiEdu Lobo/Vinícius de MoraisO fino do fino – 1965
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Canção do amanhecerEdu Lobo/Vinícius de Morais
O fino do fino – 1965
Ouve Fecha os olhos, meu amor
É noite ainda Que silêncio!
E nós dois Na tristeza de depois
A contemplar O grande céu do adeus
Ah! Não existe paz
Quando o adeus existe E é tão triste o nosso amor
Ah! Vem comigo Em silêncio Vem olhar
Esta noite amanhecer Iluminar
Os nossos passos tão sozinhos Todos os caminhos Todos os carinhos
Vem raiando a madrugada Música no céu!
Esse mundo é meuSergio Ricardo/Ruy Guerra
O fino do Fino – 1965Elis no Fino da Bossa 1965-1967
Esse mundo é meuEsse mundo é meu
Fui escravo no reino e souEscravo no mundo em que estou
Mas acorrentado ninguém pode amar
Saravá, Ogum, mandinga prá gente continuaCade o despacho pra acabáSanto guerrero da floresta
Se você nao vem eu mesma vou brigáSe voce nao vem eu mesma vou brigá
Escravo do reino e souEscravo do mundo em que estou
Mas acorrentado ninguém pode amar
Saravá, Ogum, mandinga prá gente continuaCade o despacho pra acabáSanto guerrero da floresta
Se você nao vem eu mesma vou brigáSe voce nao vem eu mesma vou ficar
ResoluçãoEdu Lobo/Lula FreireO fino do Fino – 1965Samba eu canto assim – 1965
É, vou contar o que há.É tempo de dizer quem souSim. Eu cansei de lutarE agora quero descansar
Tanto eu esperei para vencerE agora vejo que perderNada mais é do que cansar
Eu cansei e perdiEm tanta coisa acrediteiSe ninguém viu o que eu viNinguém sabe mais do que eu sei
Mas se a esperança vai me deixarE nem mais vou saber chorarNem sorrir sem amor para dar
Não. É preciso não morrerÉ preciso decidir de uma vezO que é pra fazer
Ou viver ou morrerHá tanto para se fazerOu viver ou morrerHá tanto para se fazer
Todas as canções que eu já canteiAgora tem de me valerE me fazer acreditar
Que é preciso viverE o resto é só deixar pra láE, mesmo só, vou seguirE nada me fará mudar
Té o sol raiar (Tempo feliz)Baden Powell/Vinícius de MoraisO fino do Fino – 1965
Feliz o tempo que passou, passou Tempo tão cheio de recordações Tantas canções ele deixou,deixouTrazendo paz a tantos corações
Que sons mais lindos tinha pelo arQuanta alegria de viverAh, meu amor, que tristeza me dá Vendo o dia querendo amanhecerE ninguem cantar
Mas meu bemDeixa estar Tempo vai, tempo vemE quando um dia esse tempo voltarEu nem quero pensar o que vai serAté o sol raiar
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Sou sem pazAdilson GodoySamba eu canto assim – 1965
Tento em mim seu amorNasceu como uma flor cantando bemE ninguém jamais amou assimNunca assim
Sofro sem tudo em mimÉ só tristeza e dorÉ só você e a felicidade que se foiQue se foi
Você fugiu de mimE triste, amor, eu canto assimE a saudade em mim
Volte então, sou sem pazCom o seu amor e a felicidade que viráQue virá
Amor demaisSilvio César/Ed LincolnO fino do Fino – 1965
A canção é o lamento do amor demaisQuem chorouQuem sofreuQuem perdeu a paz
Venho dizerNa cançãoO que chorouSeu coração
VemA noite é lindaVem cantar
VemToda tristezaVai passar
Só assim tu terásAmor sem fimAmor demais
ChegançaEdu Lobo/Oduvaldo Vianna Filho
O fino do Fino – 1965
Estamos chegando daqui e daliE de todo lugar que se tem pra partir
Estamos chegando daqui e daliE de todo lugar que se tem pra partir
Trazendo na chegançaFoice velha, mulher nova
E uma quadra de esperançaE uma quadra de esperança
Ah, se viver fosse chegarAh, se viver fosse chegar
Chegar sem parar, parar pra casarCasar e os filhos espalhar
Por um mundo num tal de rodarPor um mundo num tal de rodar
Por um amormaiorFrancis Hime/Ruy GuerraSamba eu canto assim – 1965
Vim, eu vim te dizerEu vim te lembrar
Que a vida não é só tristeza e dor
É pobre quem tem medo de falarO mundo que quer
E depois não dá o amor que guardou
Sim, eu vim te dizerEu vim te falar
Que o amor pra ser bomPra não ser qualquer
Precisa gritar a força que temDe tudo mudar
Vem, meu amorVem, que amar é vencer
Mas amar é também
Gente que vai e vemGente que também querVer este mundo melhor
Que o povo é assimE dá o que tem
É o povo que fazA vida maior
João Valentão é brigãoPra dar bofetão
Não presta atenção e nem pensa na vidaA todos João intimida
Faz coisas que até Deus duvidaMas tem seu momento na vida
É quando o sol vai quebrandoLá pro fim do mundo pra noite chegar
É quando se ouve mais forteO ronco das ondas na beira do marÉ quando o cansaço da lida da vida
Obriga João descansarÉ quando a morena se enrosca
Do lado da genteQuerendo agradar
Se a noite é de luaA vontade é de contar mentira
É de se espreguiçarÉ de se deitar na areia da praia
Que acaba onde a vistaNão pode alcançar
E assim adormece esse homemQue nunca precisa dormir pra sonhar
Porque não há sonho mais lindoDo que sua terra, não há
Dorival CaymmiSamba eu canto assim – 1965
João Valentão
Maria do MaranhãoCarlos Lyra/Nelson L. de BarrosSamba eu canto assim – 1965
Maria, pobre MariaMaria do MaranhãoQue vive por onde andaE anda de pé no chão
Maria desceu escadaAtravessou o paísProcurava muito poucoMuito pouco ser feliz
Nem feliz queria serQue feliz não pode serQuem anda pelas estradasAtravessando o país
Maria, pobre MariaMaria do MaranhãoQue vive por onde andaE anda de pé no chão
Maria seguiu estradaA estrada de uma estrelaMaria não viu a estrelaMaria é só na estrada
Mas muita gente seguiuA estrela que ela não viuE vai dizer pra mariaQue tudo tem solução
Até mesmo pra MariaMaria do MaranhãoQue vive por onde andaE anda de pé no chão
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Consolação/Berimbau/Tem dóBaden Powell/Vinícius de Morais
Samba eu canto assim – 1965
Se não tivesse o amorSe não tivesse essa dor
E se não tivesse o sofrerE se não tivesse o chorar
…
Capoeira me mandouDizer que já chegouChegou para lutar
Berimbau me confirmouVai ter briga de amor
Tristeza camará
…
Ah! Tem dóQuem viveu junto não pode nunca viver só
Ah! Tem dóMesmo porque você não vai ter coisa melhor
Não me venha achar ruimPorque você me conheceu assim
Me diga agora, ora, oraNão foi assim que você gamou?
Você sabe muito bemQue mesmosendo louca, assim
Gamei tambémMe diga agora, ora, ora
Será que alguém não foi quem mudou?
AleluiaEdu Lobo/Ruy GuerraSamba eu canto assim – 1965Elis no Fino da Bossa – 1994 (Com Edu Lobo)
Barco deitado na areiaNão dá pra viver, não dáLua bonita sozinhaNão faz o amor, não faz
Toma decisão, aleluia!Que um dia o céu vai mudarQuem viveu a vida da genteTem que se arriscar
Amanhã é teu diaAmanhã é teu mar, teu marE se o vento da terraQue traz teu amor, já vem
Toma decisão, aleluia!Lança o teu saveiro no marBeabá de pesca é coragemGanha o teu lugar
Mesmo com a morte esperandoEu me largo pro mar, eu vouTudo o que sei é viverE vivendo é que eu vou morrer
Toma decisão, tá na hora!Que um dia o céu vai mudarQuem não tem mais nada a perderSó vai poder ganhar
EternidadeLuiz Chaves/Adilson GodoySamba eu canto assim – 1965
Se ele é mais que céuÉ mais que luzÉ mais que amor
Sinto o infinitoDa paz que vemNascendo em mim
E sinto, enfimQue é mais que tudoÉ mais que o mundoMe ensinou
Paz que eu tanto amei, chorandoNão, não se váNossa eternidadeQue sempre sonheiNasceu no que sou
Sim, é mais que tudoÉ mais que o mundoMe ensinou
Último cantoFrancis Hime/Ruy GuerraSamba eu canto assim – 1965
Vou acender uma velaVou só cantar o meu cantoE vou cantar da maneiraA mais singela
E só depoisVou te esquecerE só depoisVou te esquecer
Vou acender uma velaVou só chorar o meu prantoE vou chorar da maneiraA mais singela
E só depoisQuero esquecer
Quando um amor acaba em prantoÉ o mesmo que alguém morrerVou acender esta velaQue é por mim e é por ela
SaveirosDory Caymmi/Nelson MottaCompacto duplo – 1966
Nem bem a noite terminouVão os saveiros para o marLevam no dia que amanheceAs mesmas esperançasDo dia que passouQuantos partiram de manhãQuem sabe quantos vão voltarSó quando o sol descansar,E se os ventos deixarem,Os barcos vão voltarQuantas histórias pra contarE em cada vela que apareceUm canto de alegriaDe quem venceu no mar
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Jogo de rodaEdu Lobo/Ruy GuerraCompacto duplo – 1966
É ô lê, é horaÉ ô lê, de roda
Jogo a vidaJogo a tardeJogo a faca e a razãoJogo o mundo à sua sorteE a mentira eu jogo ao chão
A roda vai rodarE eu jogo o meu amor entãoE se eu puderEntro na roda e vou rodar também
Gira a rodaRoda o tempoNasce um samba em minha mãoOlho a praiaChamo o ventoAbro os braços e a canção
Eu sei aonde estouE sei onde é que eu quero irE quem quiserEntre na roda e vá rodar também
Ó, meu amorO mundo assim não pode serÉ só tristeza e noite pra se verSozinha estou num mundoEm que o mal é reiMas o meu canto vem fora de lei
Ó, meu amorVem prá perto de mim cantarQue nessa roda a dor vai se entregarA minha voz é fracaMas em meu olharO novo mundo roda sem pararSem pararSem pararA rodarA rodarA rodar
E assim tenho um norteTenho a vidaTenho um samba de cordãoTenho a noite já vencidaNa palma de minha mão
Meu samba já chegouTanta tristeza quer tambémE o teu amorSamba na roda do meu coração
Ensaio geralGilberto Gil
Compacto duplo – 1966
O Rancho do Novo Dia O Cordão da Liberdade E o Bloco da Mocidade
Vão sair no carnaval É preciso ir à rua
Esperar pela passagem É preciso ter coragem
E aplaudir o pessoal O Rancho do Novo Dia
Vem com mais de mil pastoras Todas elas detentoras
De um sorriso sem igual O Cordão da Liberdade
Ensaiado com carinho Pelo Zé Redemoinho Pelo Chico Vendaval
Oh, que linda fantasia Do Bloco da Mocidade
Colorida de ousadia Costurada de amizade
Vai ser lindo ver o bloco Desfilar pela cidade
Minha gente, vamos lá Nossa turma vai sair
Nossa escola vai sambar Vai cantar pra gente ouvir
Tá na hora, vamos lá Carnaval é pra valer
Nossa turma é da verdade E a verdade vai vencer
Canto tristeEdu Lobo/Vinícius de Morais
Compacto duplo – 1966
Porque sempre foste a primavera em minha vida Volta pra mim
Desponta novamente no meu canto Eu te amo tanto mais, te quero tanto mais
Há quanto tempo faz partiste Como a primavera que também te viu partir
Sem um adeus sequer E nada existe mais em minha vida
Como um carinho teu, como um silêncio teu Lembro um sorriso teu tão triste
Ah, Lua sem compaixão, sempre a vagar no céu Onde se esconde a minha bem-amada
Onde a minha namorada Vai e diz a ela as minhas penas e que eu peço
Peço apenas Que ela lembre as nossas horas de poesia
Das noites de paixão E diz-lhe da saudade em que me viste
Que estou sozinho e só existe Meu canto triste
Na solidão
Rosa morenaDorival Caymmi/Antônio de AlmeidaCompacto simples – 1966
Rosa morenaOnde vais morena rosaCom essa rosa no cabeloE esse andar de moça prosaMorena, morena rosa
Rosa morena o samba está esperandoEsperando p’rá te verDeixa de lado essa coisa de dengosaAnda rosa, vem me ver
Deixa de lado essa poseVem pro samba, vem sambarQue o pessoal está cansado de esperar
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Canto de OssanhaBaden Powell/Vinícius de MoraisCompacto simples – 1966Dois na bossa 2 – 1966Elis, como e porque – 1969Aquarela do Brasil – 1969
O homem que diz "dou" não dá, porque quem dá mesmo não dizO homem que diz "vou" não vai, porque quando foi já não quis
O homem que diz "sou" não é, porque quem é mesmo é "não sou"O homem que diz "tô" não tá, porque ninguém tá quando quer
Coitado do homem que cai no canto de Ossanha, traidorCoitado do homem que vai atrás de mandinga de amor
Vai, vai, vai, vai, não vouVai, vai, vai, vai, não vouVai, vai, vai, vai, não vouVai, vai, vai, vai... não vou!
Que eu não sou ninguém de ir em conversa de esquecera tristeza de um amor que passouNão, eu só vou se for pra ver uma estrela aparecerna manhã de um novo amor
Amigo senhor, saravá, Xangô me mandou lhe dizerSe é canto de Ossanha, não vá, que muito vai se arrepender
Pergunte ao seu Orixá, o amor só é bom se doerPergunte ao seu Orixá o amor só é bom se doer
Vai, vai, vai, vai, amarVai, vai, vai, sofrer
Vai, vai, vai, vai, chorarVai, vai, vai, dizer
due eu não sou ninguém de ir em conversa de esquecera tristeza de um amor que passou
Não, eu só vou se for pra ver uma estrela aparecerna manhã de um novo amor
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Poutpourri deintroduçãoDois na bossa 2 – 1966 (Com Jair Rodrigues)
LouvaçãoGilberto Gil/Torquato NetoDois na bossa 2 – 1966 (Com Jair Rodrigues)
Vou fazer a louvaçãoLouvação, louvaçãoDo que deve ser louvadoSer louvado, ser louvadoMeu povo, preste atençãoAtenção, atençãoRepare se estou errado
Louvando o que bem merece, deixo o que é ruim de lado.
E louvo, pra começar, da vida o que é bem maior.Louvo a esperança da gente na vida, pra ser melhor.Quem espera sempre alcança. Três vezes salve a esperança!
Louvo quem espera sabendo que pra melhor esperar.Procede bem quem não pára de sempre mais trabalhar.Que só espera sentado quem se acha conformado.
Vou fazendo a louvaçãoLouvação, louvaçãoDo que deve ser louvadoSer louvado, ser louvadoQuem 'tiver me escutandoAtenção, atençãoQue me escute com cuidado
Louvando o que bem merece, deixo o que é ruim de lado.
Louvo agora e louvo sempre o que grande sempre é.Louvo a força do homem e a beleza da mulher.Louvo a paz pra haver na terra. Louvo o amor que espanta a guerra.
Louvo a amizade do amigo que comigo há de morrer.Louvo a vida merecida de quem morre pra viver.Louvo a luta repetida. A vida pra não morrer.
Vou fazendo a louvaçãoLouvação, louvaçãoDo que deve ser louvadoSer louvado, ser louvadoDe todos peço atençãoAtenção, atençãoFalo de peito lavado
Louvando o que bem merece, deixo o que é ruim de lado.
Louvo a casa onde se mora de junto da companheira.Louvo o jardim que se planta pra ver crescer a roseira.Louvo a canção que se canta prá chamar a primavera.
Louvo quem canta e não canta, porque não sabe cantar.Mas que cantará na certa quando enfim se apresentar.O dia certo e preciso de toda a gente cantar.
E assim fiz a louvaçãoLouvação, louvaçãoDo que vi pra ser louvadoSer louvado, ser louvadoSe me ouviram com atençãoAtenção, atençãoSaberão se estive errado
Louvando o que bem merece. Deixando o ruim de lado.
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SAMBA DE MUDAR(Geraldo Vandré)
Samba eu canto assimSamba eu faço asism
Só quem sofreuQuem chorouMeu samba vai ouvirMeu samba vai cantar
Só na tristeza e na dorAlguém pode entenderQue a dor vai se acabarE assim somente
NÃO ME DIGA ADEUS(Paquito/L. Soberano/J. C. Silva)
NãoNão me diga adeusPense nos sofrimentos meus
VOLTA POR CIMA(Paulo Vanzolini)
Ali onde eu choreiQualquer um choravaDar a volta por cima que eu deiQuero ver quem dava
O NEGUINHO E A SENHORITA(Noel Rosa/A. da Silva)
Eu gostei da filha da madameQue nós tratamos de sinhá
A sinhazinha também gostou do neguinhoO crioulinho não tem dinheiro pra gastar
Mas a madame tem preconceito de cor
E DAÍ(Miguel Gustavo)
Proibiram que eu te amasseProibiram que eu te visseProibiram que eu saisseE perguntasse a alguém por ti
Proibiram tudoProibam muito mais!Preguem avisos!Fechem portas!Ponham guizos!Nosso amor perguntará,E daí?
SAMBA DE MUDAR(Geraldo Vandré)
Só quem sofreuQuem chorou
Meu samba vai ouvirMeu samba vai cantar
Só na tristeza e na dorAlguém pode entender
Que a dor vai se acabarE assim somente
ENQUANTO A TRISTEZA NÃO VEM(Sérgio Ricardo)
Por isso canta, cantaNasceu uma rosa na favela
Canta, cantaNasceu uma rosa na favela
CARNAVAL(D. Ferreira/Ataulfo Alves)
Lê lê lêA rainha do samba chegou
Lê lê lêO batuque do nêgo enfezou
NA GINGA DO SAMBA(Ataulfo Alves)
É na ginga bonita que o samba temQuem não tem ginga, no samba não se dá bem
GUARDA A SANDÁLIA DELA(Sereno/Germano Mathias)
Guarda a sandália delaQue o samba sem ela não pode ficar
Diga também pra elaQue a escola sem ela não pode sambar
SAMBA DE MUDAR(Geraldo Vandré)
Porque o samba é o samba bomO samba é meu
Da nossa dorÉ um samba de sofrer
Samba de quererSamba de...
Samba de mudar
Upa, neguinhoEdu Lobo/Gianfrancesco GuarnieriDois na bossa 2 – 1966Compacto simples – 1968Elis especial – 1968Elis Regina in London – 1969Montreaux Jazz Festival – 1982
Upa, neguinho na estradaUpa, pra lá e pra cáVirge, que coisa mais linda!Upa, neguinho começando a andáComeçando a andá, começando a andá
E já começa a apanhá
Cresce, neguinho e me abraçaCresce e me ensina a cantáEu vim de tanta desgraçaMas muito te posso ensiná
Capoeira, posso ensináZiquizira, posso tiráValentia, posso emprestáMas liberdade só posso esperá
Patá tá triTri tri triTrá trá trá
Amor até o fimGilberto GilDois na bossa 2 – 1966Montreaux Jazz Festival – 1982
Amor não tem que se acabarEu quero e sei que vou ficarAté o fim eu vou te amarAté que a vida em mim resolva se apagar
O amor é como a rosa num jardimA gente cuida, a gente olhaA gente deixa o sol baterPra crescer, pra crescer
A rosa do amor tem sempre que crescerA rosa do amor não vai despetalarPra quem cuida bem da rosaPra quem sabe cultivar
Amor não tem que se acabarAté o fim da minha vida eu vou te amarEu sei que o amor não tem, não tem que se apagarAté o fim da minha vida eu vou te amarEu sei que o amor não tem que se apagar
Sambaem
pazCaetano Veloso
Elis – 1966
O samba vai vencerQuando o povo perceberQue é o dono da jogada
O samba vai crescerPelas ruas vai correrUma grande batucada
Samba não vai chorar maisToda gente vai cantarO mundo vai mudar
E o povo vai cantarUm grande samba em paz
Pra dizer adeusEdu Lobo/Torquato NetoElis – 1966Elis no Fino da Bossa 1965-1967
AdeusVou pra não voltarE onde quer que eu váSei que vou sozinha
Tão sozinha amorNem é bom pensarQue eu não volto maisDesse meu caminho
Ah, pena eu não saberComo te contarQue o amor foi tantoE no entanto eu queria dizer
VemEu só sei dizer
VemNem que seja sóPrá dizer adeus
Tristeza quese foiAdilson Godoy
Dois na bossa 2 – 1966
Toda tristeza já passouE agora um novo amor
vem surgindoSorrindo
Por isso bem feliz eu sei queToda tristeza já passou
E que agora um novo amorVem surgindo
Sorrindo
Por isso vouVou cantando agora
Vou levando agoraA beleza de um novo amor
Que me nasceu
Vou cantando agoraVou levando agora
Felicidade só
25
Lunik 9Gilberto Gil
Elis – 1966Elis no Fino da Bossa 1965-1967
Poetas, seresteiros, namorados, correiÉ chegada a hora de escrever e cantar
Talvez as derradeiras noites de luar
Momento histórico, simples resultado do desenvolvimento da ciência vivaAfirmação do homem normal, gradativa sobre o universo natural
Sei lá que mais
Ah, sim!Os místicos também profetizando em tudo o fim do mundo
E em tudo o início dos tempos do alémEm cada consciência, em todos os confins
Da nova guerra ouvem-se os clarins
Guerra diferente das tradicionais,Guerra de astronautas nos espaços siderais
E tudo isso em meio às discussões,Muitos palpites, mil opiniões
Um fato só já existe que ninguém pode negar
7... 6.. 5... 4... 3... 2... 1... já!E lá se foi o homem conquistar os mundos, lá se foi
Lá se foi buscando a esperança que aqui já se foiNos jornais, manchetes, sensação, reportagens, fotos, conclusão:
A lua foi alcançada afinal,Muito bem, confesso que estou contente também
A mim me resta disso tudo uma tristeza sóTalvez não tenha mais luar pra clarear minha canção
O que será do verso sem luar?O que será do mar, da flor, do violão?
Tenho pensado tanto, mas nem sei
Poetas, seresteiros, namorados, correiÉ chegada a hora de escrever e cantar
Talvez as derradeiras noites de luar
Meu povo, preste atenção Na roda que eu te fiz
Quero mostrar a quem vem Aquilo que o povo diz
Posso falar, pois eu sei Eu tiro os outros por mim
Quando almoço, não janto E quando canto é assim
Agora vou divertir Agora vou começar
Quero ver quem vai sair Quero ver quem vai ficar
Não é obrigado a me ouvir Quem não quiser escutar
Quem tem dinheiro no mundo Quanto mais tem, quer ganhar
E a gente que não tem nada Fica pior do que está
Seu moço, tenha vergonha Acabe a descaração
Deixe o dinheiro do pobre E roube outro ladrão
Agora vou divertir Agora vou prosseguir
Quero ver quem vai ficar Quero ver quem vai sair
Não é obrigado a escutar Quem não quiser me ouvir
Se morre o rico e o pobre Enterre o rico e eu Quero ver quem que separa O pó do rico do meu Se lá embaixo há igualdade Aqui em cima há de haver Quem quer ser mais do que é Um dia há de sofrer
Agora vou divertir Agora vou prosseguir Quero ver quem vai ficar Quero ver quem vai sair Não é obrigado a escutar Quem não quiser me ouvir
Seu moço, tenha cuidado Com sua exploração Se não lhe dou de presente A sua cova no chão Quero ver quem vai dizer Quero ver quem vai mentir Quero ver quem vai negar Aquilo que eu disse aqui
Agora vou divertir Agora vou terminar
Quero ver quem vai sair Quero ver quem vai ficar
Não é obrigado a me ouvir Quem não quiser escutar
Agora vou terminar Agora vou discorrer
Quem sabe tudo e diz logo Fica sem nada a dizer
Quero ver quem vai voltar Quero ver quem vai fugir
Quero ver quem vai ficar Quero ver quem vai trair
Por isso eu fecho essa roda A roda que eu te fiz
A roda que é do povo Onde se diz o que diz... Onde se diz o que diz...
26 Roda
Gilberto Gil/João AugustoElis – 1966
EstatuinhaEdu Lobo/Gianfrancesco Guarnieri
Elis – 1966
Se a mão livre do negro tocar na argilaO que é que vai nascer?
Vai nascer pote pra gente beberNasce panela pra gente comer
Nasce vazinho, nasce paredeNasce estatuinha bonita de se ver
Se a mão livre do negro tocar na onçaO que é que vai nascer?
Vai nascer pele pra cobrir nossas vergonhasNasce tapete pra cobrir o nosso chão
Nasce caminha pra se ter nossa ialêNasce atabaque pra se ter onde bater
Se a mão liver do negro tocar na palmeiraO que é que vai nascer?
Nasce choupana prá gente morarNasce rede pra gente se embalarNasce esteira pra gente se deitar
Nasce os abanos pra gente abanar
VeleiroEdu Lobo/Torquato netoElis – 1966
Ê... ô... tá na hora e no tempoVamos lá que esse vento trazRecado de partir
Beira de praiaNão faz mal que se deixeSe o caminho da gente vai pro mar
Eu vou, tanta praia deixandoSem saber até quando eu vouQuando eu vou,quando eu volto
Eu vou pra terra distanteNão tem mar que me espanteNão tem, não
Anda, vem comigo que é tempoVem depressa que eu tenhoBraço forte e o rumo certo
Aqui o dia está pertoE é preciso ir emboraAh! vem comigo nesse veleiro
Tá na hora e no tempo, ê... ô...Vamos embora no vento ê... ô...
Boa palavraCaetano VelosoElis – 1966
Aprendeu sozinhoNa areia, no chãoA brincar sozinhoSem a mão de um irmão
Aprendeu com o ventoQue o sono passouE acordou sozinhoNo solo sem amor
Tava dormindo, acordeiPara acertar o namoroMe deram o que de beberNuma caneca de ouro
Não lhe deram nadaNão é seu este chãoDeita olhando o céuQue o céu não tem dono, não
Como um passarinhoAprende a voarSolta o pensamentoNum braço de mar
Voou pra beira do rioPousou num poço douradoMoça com seu namoradoRico com seu empregado
Aprendeu sozinhoDeitado no chãoA esperar sozinhoTempo de encontrar irmão
Inda a madrugadaEspera nascerNão lhe deram nadaMas não quer morrer
Boa palavra, rapazBoa palavra, rapazBoa palavra, rapazÉ assim que um homem faz
Sonho de MariaMarcos Valle/Paulo Sergio ValleElis – 1966
Tanta roupa pra lavarTanto barraco pra arrumarTanta coisa pra esperar
Todo o morro a sambarTanta gente pra invejarNenhum sonho pra sonhar
Maria parou de trabalharNo ar uma voz chamouMaria olhou o céuMaria desejou o céu
A vida é uma canção para se cantarMas é tarde pra voltarMaria deixou a criança chorarUma estrela deixou de brilhar
Chorou.Chorou o céu. ChorouE a lágrima do céu apagouTudo o que maria deixou
E maria pra sempre acabou
27
Tem mais sambaChico BuarqueElis – 1966
Tem mais samba no encontro que na esperaTem mais samba a maldade que a feridaTem mais samba no porto que na velaTem mais samba o perdão que a despedida
Tem mais samba nas mãos do que nos olhosTem mais samba no chão do que na luaTem mais samba no homem que trabalhaTem mais samba no som que vem da rua
Tem mais samba no peito de quem choraTem mais samba no pranto de quem vêQue o bom samba não tem lugar nem horaO coração de fora samba sem querer
Vem que passa teu sofrerSe todo mundo sambasse seria tão fácil viver
Tereza sabe sambarFrancis Hime/Vinícius de MoraisElis – 1966
Chegou, chegou, sim senhorChegou sem anunciarFez um alô pro tiôFez um olá pra tiáDepois dançou e dançouAté o dia raiarE não contente enturmouCom as cabrochas de lá
E não contente enturmouCom as cabrochas de lá
Salve, salve a Dona TerezaEla vai pro céuEla tem aquela nobrezaQue tinha Izabel
Branquinha igual assim não pode existirBalanço igual eu juro que nunca viNo carnaval nós vamos nos divertirA turma tá que tá que não cabe em si
Porque Tereza enturmou
Depois foi-se embora TerezaFoi como um luarFoi deixando tanta tristezaNa turma de lá
A gafieira já fez “subiscrição”Pra passar cera e dar uma caiação
A turma tá que tá que não sai de láTereza um dia pode querer voltar
Porque Tereza enturmouPorque Tereza enturmouVoltou, voltou sim senhorVoltou sem anunciarFez um alô pro tiôFez um olá pra tiáTereza é branca na corMas isso diexa pra láPorque Tereza enturmouPorque ela sabe sambarTereza sabe sambarTereza sabe sambar
CarinhosoPixinguinha/João de BarroElis – 1966
Meu coraçãoNão sei porqueBate feliz, quando te vêE os meus olhos ficam sorrindoE pelas ruas vão te seguindoMas mesmo assim, foges de mim
Ah! Se tu soubessesComo sou tão carinhosoE muito e muito que te queroE como é sincero o meu amorEu sei que tu não fugirias mais de mim
Vem!.. vem!... vem!.... vem!...
Vem sentir o calorDos lábios meusÀ procura dos teusVem matar esta paixãoQue me devora o coraçãoE só assim então
Serei feliz, bem feliz
Canção do salMilton Nascimento
Elis – 1966Compacto simples – 1968
Trabalhando o salÉ amor, o suor que me sai
Vou viver cantandoO dia tão quente que faz
Homem ver criançaBuscando conchinhas no mar
Trabalho o dia inteiroPra vida de gente levar
Água vira sal lá na salinaQuem diminuiu água do mar?
Água enfrenta o sol lá na salinaSol que vai queimando até queimar
Trabalhando o salPra ver a mulher se vestir
E ao chegar em casaEncontrar a família a sorrir
Filho vir da escolaProblema maior é o de estudarQue pra não ter meu trabalho
E vida de gente levar
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Canção de não cantarSérgio Bittencourt
Festival dos festivais – 1966
Guardo o meu violão.Já nos faltam canções.São muitas as razões,que temos pra cantar,
mas hoje, amor, melhoré não cantar,
enquanto houver em nósvontade de fugir de um canto
que na voz não vai saber mentir.
Meu canto para ser um canto certo,vai ter que nascer liberto
e morar no assobiodo ocupado e do vadio
do alegre e do mais tristesó há canto quando existe
muito tempo e muito espaçopra canção ficar se eu passoe dizer o que eu não disse.Ah que bom se eu ouvisse
o meu canto por ai.
Por isso o violãoprefere emudecer.
E vem pedir perdãopor não poder cantar
que hoje, amor, melhoré não cantar.
CantadorDory Caymmi/Nelson MottaFestival da Música Popular Brasileira Volume 2 – 1967
Amanhece, preciso irMeu caminho é sem volta e sem ninguémEu vou pra onde a estrada levarCantador, só sei cantar
Ah! eu canto a dorCanto a vida e a morteCanto o amor
Cantador não escolhe o seu cantar Canta o mundo que vêE pro mundo que vi meu canto é dor Mas é forte pra espantar a morte Prá todos ouvirem minha vozMesmo longe
De que servem meu canto e euSe em meu peito há um amor que não morreuAh! se eu soubesse ao menos chorarCantador, só sei cantar
Ah! Eu canto a dorDe uma vida perdida sem amor
ImagemLuiz Eça/Ronaldo BôscoliDois na Bossa 3 – 1967
BomAi, que bom é ver vocêsE cada vez que eu voltoÉ para dizerQue sem ter vocêsSem ver vocêsNão sou ninguém
CantaQue a vida passaE, se ela passaMelhor cantar
É de vocêsO meu cantarÉ só pra vocêsNosso cantar
Enquanto a nossa meta não for atingida,continuamos gritando o nosso canto.Enquanto nossa música não voltar ao que é, nós lutamos.Faz escuro, mas nós cantamos.O amanhã está breve.Vamos cantar, logo logo, o que é nosso.Porque, mais que nunca, é preciso cantar o que é nosso.
MANGUEIRA(Assis Valente/Zequinha Reis)
Nao há, nem pode haverComo Magueira não háO samba vem de lá, alegria tambémMorena faceira só Mangueira tem
FALA, MANGUEIRA!(Mirabeau/Milton de Oliveira)
Fala, Mangueira, falaMostra a força da tua tradiçãoCom licença da Portela,Favela Mangueira mora no meu coração
EXALTACÃO À MANGUEIRA(Enéas Brites da silva/Aloisio A. Costa)
Mangueira teu cenário é uma belezaQua a natureza criou, ô ôO morro com seus barracões de zincoQuando amanhece, que esplendor!Todo mundo te conhece ao longePelo som do teu tamborimE o rufar do teu tamborChegou ô ô a Mangueira, chegou!
MUNDO DE ZINCO(Nássara/Wilson Batista)
Aquele mundo de Zinco que é MangueiraDesperta com o apito do tremUma cabrocha e uma esteiraUm barracão de madeiraQualquer malandro em Mangueira tem
Mangueira fica pertinho do céu, ElisMangueira vai assistir o meu fimE deixa o nome na históriaO samba foi minha glóriaEu sei que muitas cabrochasVão chorar por mim
LEVANTA MANGUEIRA(Luiz Antonio)
Levanta, Mangueira, a poeira do chãoSamba de coraçãoAi, mostra a sandália de prata da mulataAcorda a cuíca e o tamborimMostra que o samba nasceu em Mangueira,simLevanta Mangueira, a poeira do chãoSamba de coração
DESPEDIDA DA MANGUEIRA(Aldo Cabral/Bendito Lacerda)
Em Mangueira na hora da minha despedidaTodo mundo chorou, todo mundo chorouFoi pra mim a maior emoção da minha vidapois em Mangueira o meu coracao ficou
PRA MACHUCAR MEU CORAÇÃO(Ary Barroso)
Ficou pra machucar meu coracao!
29
Pout-pourride MangueiraDois na Bossa 3 – 1967 (Com Jair Rodrigues)
Cruz de cinza, cruz de salWalter Santos/Teresa Souza
Dois na Bossa 3 – 1967Compacto simples – 1968
Santa Clara clareai,São Domingo alumiai
Vai chuva, vem sol Vai chuva, vem sol
Sol, vem sol, vem sol, vem sol Que o menino quer
Brincar, brincar Tanto que chamou Vem sol, vem sol Tudo que já fez
Cruz de cinza, cruz de sal,Casca de ovo no quintal
Tudo que chamouVem sol, vem sol
Santa Clara clareaiVem sol, vem sol
E a trizteza do meninoSão Domingo alumiai
Vem sol, vem com tanto azul no céu Pra criança se perder de tanto rir Pro menino se alegrar e o céu cair
Nessa rua onde o brinquedo é só você.
Sol, vem sol, vem sol, vem sol Que o menino quer
Brincar, brincar Tanto que chamou Vem sol, vem sol Tudo que já fez
Cruz de cinza, cruz de sal,Casca de ovo no quintal
ManifestoGuto/Mariozinho Rocha
Dois na Bossa 3 – 1967
A minha música não traz mensagem
E não faz chantagem ou guerra fr
ia
E nem fala em ideologia
Eu vim apenas para lhes falar
De uma grande perda
Que nem sei se é da direita ou da e
squerda
Que me importa se a censura corta
Pois eu gosto dela se é verm
elha
Ou se é verde e amarela
Oh, camarada, companheiro, amigo
Ela foi embora
E o pior que foi contigo
Para mim foi um grande golpe
Não sei se de estado ou armado
Ou talvez de coração
Só sei dizer que a dor foi m
uito grande
E minha vida inteira transform
ou-se
Numa enorme agitação
Já que assim termina meu mandato
Pois eu fui cassado e deport
ado
Pra bem longe de você
Oh, minha amada, quero lhe dizer
Que sem o teu amor
Eu posso até morrer
MINHA NAMORADA(Carlos Lyra/Vinícius de Morais)
Meu amor eu hoje estou contenteTodo mundo, de repente,Ficou lindo, ficou lindo de morrer
Hoje eu estou rindoNem eu mesma sei do quêPorque eu recebiUma cartinhazinha de vocêQue diz assim:
Se você quer ser minha namoradaOh, que linda namorada,Você poderia ser!
Se quiser ser somente minhaExatamente essa coisinhaEssa coisa toda minhaDe ninguém mais pode ser
EU SEI QUE VOU TE AMAR(Tom Jobim/Vinícius de Morais)
Eu sei que vou te amarPor toda minha vida vou te amarEm cada despedida eu vou te amarDesesperadamente eu sei que vou te amarE cada verso meu seráPra te dizer que eu sei que vou te amarPor toda minha vida
MINHA NAMORADA(Carlos Lyra/Vinícius de Morais)
Mas se em vez de minha namoradaVocê quer ser minha amadaMinha amada mais amada pra valer
Aquela amadaPelo amor predestinadaSem a qual a vida é nadaSem a quel se quer morrer.
Você tem que vir comigo em meu caminhoE talvez o meu caminho seja triste pra você
A VOLTA(Roberto Menescal/Ronaldo Bôscoli)
Mas quero que você me faleQue você me caleCaso eu perguntarSe o que a faz tão lindaFoi tua pressa de voltar
Levanta e vem correndoMe abraça e sem sofrerMe beija longamente
O quanto a solidão precisa para morrer?
MINHA NAMORADA(Carlos Lyra/Vinícius de Morais)
Os seus olhos têm que sersó dos meus olhosOs seus braços o meu ninhoNo silêncio de depoisE você tem que ser a estrela derradeiraMinha amiga e companheiraNo infinito de nós dois
PRIMAVERA(Carlos Lyra/Vinícius de Morais)
Amor, eu lhe direiAmor que eu tanto procureiAh, quem me dera eu pudesse serA tua primavera E depois morrer
Marcha dequarta-feira de cinzas
Carlos Lyra/Vinícius de MoraisDois na Bossa 3 – 1967
Acabou nosso carnavalNinguém ouve cantar canções
Ninguém passa mais brincando felizE nos corações
Saudades e cinzas foi o que restou
Pelas ruas o que se vêÉ uma gente que nem se vê
Que nem se sorriSe beija e se abraça
E sai caminhandoDançando e cantando cantigas de amor
E no entanto é preciso cantarMais que nunca é preciso cantar
É preciso cantar e alegrar a cidade
A tristeza que a gente temQualquer dia vai se acabar
Todos vão sorrirVoltou a esperançaÉ o povo que dança
Contente da vida, feliz a cantarPorque são tantas coisas azuis
E há tão grandes promessas de luzTanto amor para amar de que a gente nem sabe
Quem me dera viver pra verE brincar outros carnavais
Com a beleza dos velhos carnavaisQue marchas tão lindas
E o povo cantando seu canto de pazSeu canto de paz
Pout-pourri românticoDois na Bossa 3 – 1967 (Com Jair Rodrigues)
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Yê-melêChico Feitosa/Luiz Carlos VinhasCompacto simples – 1968
Yê-melê ari aráYê-melê aráYe-melê ari aráCanto de Yemanjá
Zauê zauaMelê MelaIndê oláOnda do mar
A rainha mãe do marTraz o seu amorSua benção vem me darE eu dou uma flor
Zauê zauaMelê MelaIndê oláOnda do mar
Algum dia vai chegarQue eu vou ouvirEsse canto de YemanjáVai do mar sair
Zauê zauaMelê MelaIndê oláOnda do mar
LapinhaBaden Powell/Paulo César PinheiroCompacto simples – 1968
Quando eu morrer me enterre na LapinhaQuando eu morrer me enterre na LapinhaCalça, culote, palitó almofadinhaCalça, culote, palitó almofadinha
Vai, meu lamento vai contarToda tristeza de viverAi, a verdade sempre traiE às vezes traz um mal a maisAi, só me fez dilacerarVer tanta gente se entregarMas não me conformeiIndo contra leiSei que não me arrependiTenho um pedido sóÚltimo talvez, antes de partir
Quando eu morrer me enterre na LapinhaQuando eu morrer me enterre na LapinhaCalça, culote, palitó almofadinhaCalça, culote, palitó almofadinha
Sai, minha mágoaSai de mimHá tanto coração ruimAi, é tão desesperadorO amor perder do desamorAh, tanto erro eu vi, luteiE como perdedor griteiQue eu sou um homem sóSem saber mudarNunca mais vou lastimarTenho um pedido sóÚltimo talvez, antes de partir
Quando eu morrer me enterre na LapinhaQuando eu morrer me enterre na LapinhaCalça, culote, palitó almofadinhaCalça, culote, palitó almofadinha
Adeus Bahia, zum-zum-zumCordão de ouroEu vou partir porque mataram meu besouro
Samba dabenção (Samba saravah)
Baden Powell/Vinícius de Moraes/Vs. Pierre BarouhCompacto simples – 1968
Etre heureux c'est plus ou moins ce qu'on chercheJ'aime rire chanter et je n'empêchePas les gens qui sont bien d'être joyeuxPourtant s'il est une samba sans tristesseC'est un vin qui donne pas l'ivresseUn vin qui ne donne pas l'ivresseNon ce n'est pas la samba que je veux
J'en connais que la chanson incommodeD'autres pour qui ce n'est rien qu'une modeD'autres qui en profitent sans l'aimerMoi je l'aime et j'ai parcouru le mondeEn cherchant ses racines vagabondesC'est la chanson de samba qu'il faut chanter
On m'a dit qu'elle venait de BahiaQu'elle doit son rythme et sa poésieÀ des siècles de danses et de douleurMais quel que soit le sentiment qu'elle exprimeElle est blanche de forme et de rimesBlanche de forme et de rimesElle est nègre bien nègre dans son coeur
Mais quel que soit le sentiment qu'elle exprimeElle est blanche de forme et de rimesBlanche de forme et de rimesElle est nègre bien nègre dans son coeur
Mais quel que soit le sentiment qu'elle exprimeElle est blanche de forme et de rimesBlanche de forme et de rimesElle est nègre bien nègre dans son coeurElle est nègre bien nègre dans son coeur
Samba do perdãoBaden Powell/Paulo César PinheiroElis especial – 1968
Mais uma vez amorA dor chegou sem me dizerAgora que existe a paixãoA hora não é de sofrer
Mas quem quer pedir perdãoNão deixa a tristeza saberE no entando a tua faltaVem vazar meu coração
Mas a vida ensina a crer e a perdoarQuando um amor valerE o nosso é tão grande que já nem seiTenha pena das penas que eu penei
Não despreze mais meu padecerAfasta a melancolia e a solidãoJá não cabem mais no meu violão
Tanta mágoa, sim, que eu vou morrerSoluço eterno, pedir do coraçãoSó quem morre de amor pede perdão
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Tributo ao Tom JobimTom JobimElis especial – 1968
VOU TE CONTAR (WAVE)Vou te contarOs olhos já não podem verCoisas que só o coração pode entenderFundamental é mesmo o amorÉ impossível ser feliz sozinho
OUTRA VEZOutra vez sem vocêOutra vez sem amorOutra vez vou sofrerVou chorarAté você voltar
VOU TE CONTAR (WAVE)A primeira vez era a cidadeDa segunda, o cais e a eternidade
FOTOGRAFIAEu, você, nós doisAqui nesse terraço a beira-marO sol já vai caindo a o seu olharParece acompanhar a cor do mar
Você tem de ir emboraA tarde cai em coresSe desfazEscureceuO sol caiu no marE aquela luz…
VOU TE CONTAR (WAVE)So close your eyes…Laralara……fundamental é mesmo o amorÉ impossível ser feliz sozinhoSozinho…Sozinho…
Vou te contarOs olhos já não podem verCoisas que só o coração pode entenderFundamental é mesmo o amorÉ impossível ser feliz sozinho
O resto é marÉ tudo que não sei contarSão coisas lindas que eu tenho pra te darVem de mansinho a brisa e me dizÉ impossível ser feliz sozinho
When I saw your first the time was half past threeWhen your eyes met mine it was eternity
Agora seiDa onda que seguiu no marE das estrelas que esquecemos de contarO amor se deixa surpreenderEnquanto a noite vem nos envolver
De onde vensDory Caymmi/Nelson Motta
Elis especial – 1968
Ah, quanta dor vejo em teus olhosTanto pranto em teu sorriso
Tão vazias as tuas mãosDe onde vens assim cansadaDe que dor, de qual distância
De que terras,de que mar
Só quem partiu pode voltar E eu voltei prá te contar
Dos caminhos onde andeiFiz do riso amargo pranto
No olhar sempre teus olhosNo peito aberto uma canção
Se eu pudesse de repente te mostrar meu coraçãoSaberias num momento quanta dor há dentro dele
Dor de amor quando não passaÉ porque o amor valeu
Bom tempoChico BuarqueElis especial – 1968
Um mar inhe i ro me con touQue a boa br i sa lhe soprouQ u e v e m a í b o m t e m p o
O pescador me con f i rmouQue um passarinho lhe cantouQ u e v e m a í b o m t e m p o
D o u d u r o t o d a a s e m a n aS e n ã o p e r g u n t e à J o a n aQ u e n ã o m e d e i x a m e n t i rMas , f i na lmente é domingoN a t u r a l m e n t e , m e v i n g oEu vou me espa l h a r po r a í
N o c o m p a s s o d o s a m b aE u d i s f a r ç o oc a n s a ç oJ o a n a d e b a i x od o b r a ç oC a r r e g a d i n h a d e a m o rV o u q u e v o uPe l a e s t r a d a q u e d á n u m ap r a i a d o u r a d aQ u e d á n u m t a l d ef a z e r n a d aC o m o a n a t u re z a m a n d o uV o uSa t i s f e i to, a l e g r i a ba tendon o p e i t oO r a d i n h o c o n t a n d od i r e i t oA v i t ó r i a d o m e u t r i c o l o rV o u q u e v o uL á n o a l t oO s o l q u e n t e m e l e v an u m s a l t oP r o l a d o c o n t r á r i od o a s f a l t oP ro l a do con t r á r i o d a dor
Um mar inhe i ro me con touQue a boa br i sa lhe soprouQ u e v e m a í b o m t e m p o
Um pescador me conf irmouQue um passarinho lhe cantouQ u e v e m a í b o m t e m p o
A n d o c a n s a d o d a l i d aP r e o c u p a d a , c o r r i d a ,s u r r a d a , b a t i d ad o s d i a s m e u sM a s u m a v e z n a v i d aE u v o u v i v e r a v i d aq u e e u p e d i a D e u s
Da cor do pecadoBororó
Elis especial – 1968
Esse corpo moreno,Cheiroso e gostoso
Que você temÉ um corpo delgado,Da cor do pecado,Que faz tão bem
Esse beijo molhado,Escandalizado,Que você deu
Tem sabor diferente,Que a boca da gente
Jamais esqueceu
E quando você me respondeUmas coisas com graça,A vergonha se esconde
Porque se revelaA maldade da raça.Esse corpo, de fato,Tem cheiro de mato,
Saudade, tristeza,Essa simples beleza.Esse corpo moreno,Morena enlouquece.
Eu não sei bem porqueSó sinto na vida
O que vem de você
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Corrida de jangadaEdu Lobo/José Carlos Capinam
Elis especial – 1968Aquarela do Brasil – 1969
Elis Regina in London – 1969
Meu mestre deu a partidaé hora, vamos embora
Pros rumos do litoral, vamos emboraNa volta eu venho ligeiro, vamos embora
Eu venho primeiro pra tomar seu coração
É hora,
É hora, vamos emboraÉ hora, vamos embora, é hora vamos embora
Vamos embora, ora vamos emboraÉ hora, vamos embora, é hora
vamos embora
Viração, virando vaiOlha o vento, a embarcação
Minha jangada não é navio, nãoNão é vapor nem aviãoMas carrega tanto amorDentro do meu coração
Sou seu mestre, meu proeiroSou segundo, sou primeiro
Olha a reta de chegar, olha a reta de chegarMestre, proeiro, segundo, primeiro
Reta de chegar, reta de chegarMeu barco é procissão
minha terra é minha igrejaNoiva é meu rosário
No seu corpo vou rezarMinha noiva é meu rosário
No seu corpo vou rezar
Ora,
Ora vamos emboraVamos embora,vamos emboraVamos embora,vamos embora
É hora, vamos embora, é hora vamos emboraNego, vamos embora
Velho, vamos embora, nego, vamos emboraVamos, vamos embora, ora, vamos embora
É hora, vamos embora,é horavamos embora
Carta ao marRoberto Menescal/Ronaldo BôscoliElis especial – 1968
Me multiplicando em solTento uma canção pra vocêTrago flores, girassóisNão me importa mal me querer
O que vai de mim, vemDe um desejo imenso de ser outra vezUm barco, um azulOutra vez, de tarde, morrer
Céu sem naves espaciaisFlores, só naturaisSó nós dois e as coisas banaisMas não, pra quê
Pra que mundo, segue o mundoSem o mar, sem amar
De que vale o som sideralOu a rima mais genialSe o amor está aqui neste salNeste encontro franco e frontal
Nesse barco longe do mundoToda a nossa vida e um segundoPra dizer do amar que volteiQue sou do marSou do marDo mar
Sou viramundo viradoNas rondas da maravilhaCortando a faca e facão
Os desatinos da vidaGritando para assustarA coragem da inimiga
Pulando pra não ser presoPelas cadeias da intrigaPrefiro ter toda a vida
A vida como inimigaA ter na morte da vida
Minha sorte decidida
Sou viramundo viradoPelo mundo do sertãoMas inda viro este mundoEm festa, trabalho e pãoVirado será o mundoE viramundo verãoO virador deste mundoAstuto, mau e ladrãoSer virado pelo mundoQue virou com certidãoAinda viro este mundoEm festa, trabalho e pão
Tributo à MangueiraElis especial – 1968
MANGUEIRA(Assis Valente/Zequinha Reis)
Nao há, nem pode haverComo Magueira não há
O samba vem de lá, alegria tambémMorena faceira só Mangueira tem
FALA, MANGUEIRA!(Mirabeau/Milton de Oliveira)
Fala, Mangueira, falaMostra a força da tua tradição
Com licença da Portela,Favela Mangueira mora no meu coração
EXALTACAO À MANGUEIRA(Enéias B. da Silva/Aloísio A. Costa)
Mangueira teu cenário é uma belezaQua a natureza criou, ô ô
O morro com seus barracões de zincoQuando amanhece, que esplendor!Todo mundo te conhece ao longe
Pelo som do teu tamborimE o rufar do teu tambor
Chegou ô ô a Mangueira, chegou!
LEVANTA MANGUEIRA(Luis Antonio)
Levanta, Mangueira, a poeira do chãoSamba de coração
Ai, mostra a sandália de prata da mulataAcorda a cuíca e o tamborim
Mostra que o samba nasceu em Mangueira,simLevanta Mangueira, a poeira do chão
Samba de coração
DESPEDIDA DA MANGUEIRA(Aldo Cabral/Benedito Lacerda)
Em Mangueira na hora da minha despedidaTodo mundo chorou, todo mundo chorou
Foi pra mim a maior emoção da minha vidapois em Mangueira o meu coracao ficou
PRA MACHUCAR MEU CORAÇÃO(Ary Barroso)
Ficou pra machucar meu coracao!
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Gilberto Gil/José Carlos CapinamElis especial – 1968Viramundo
Qui êtes-vous?Si tu m'aimes, tu dois deviner
Aujourd'hui tous les deux on se cache
Derrière nos masquesPour se demander
Qui êtes-vous? Dites vite
Dis-moi à quel jeux tu m'invites
Je voudrais me fondre à ta suite
Je voudrais qu'on prenne la fuite
Moi, je vagabonde, poète et chanteur
J'ai perdu la ronde qui mène au bonheur
Moi, je cours les routesJe reste chez moiL'amour me dérouteJe n'y croyais pas...
Moi, dans la fanfare je porte un drapeau
Modestie à part, je joue bien du pipeau
Je suis si fragileJ'ai dix ans de trop
Je suis colombineJe suis pierrot
Mais c'ést Carnaval et qu'importe aujourd'hui qui tu es
Demain tout redeviendra normal
Demain tout va finir, laissons le temps courir
Laisse au jour sa lumièreAujourd'hui je suis ce que tu attends de moi
Si tu veux laissons faire, on verra
Peut-être que demain on se retrouvera
Peut-être que demain on se reconnaîtra
La, la, la, la...
Noite dos mascarados(La nuit des masques)Chico Buarque/Vs. Pierre BarouhElis Regina em Paris – 1968 (Com Pierre Barouh)
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Noite dos Mascarados Chico Buarque
Quando o carnaval chegar – 1972 (Com Chico Buarque)
Ele: Quem é você? Ela: Adivinhe, se gosta de mim
Os dois: Hoje os dois mascaradosProcuram os seus namorados
Perguntando assim:Ele: Quem é você, diga logo
Ela: Que eu quero saber o seu jogoEle: Que eu quero morrer no seu bloco
Ela: Que eu quero me arder no seu fogoEle: Eu sou seresteiro
Poeta e cantorEla: O meu tempo inteiro
Só zombo do amorEle: Eu tenho um pandeiro
Ela: Só quero um violãoEle: Eu nado em dinheiroEla:Não tenho um tostão
Fui porta-estandarteNão sei mais dançar
Ele: Eu, modéstia à parteNasci pra sambar
Ela: Eu sou tão meninaEle: Meu tempo passouEla: Eu sou Colombina
Ele: Eu sou PierrotOs dois: Mas é carnaval
Não me diga mais quem é vocêAmanhã, tudo volta ao normal
Deixe a festa acabarDeixe o barco correr
Deixe o dia raiarQue hoje eu sou
Da maneira que você me querO que você pedir
Eu lhe douSeja você quem for
Seja o que Deus quiserSeja você quem for
Seja o que Deus quiser
DeixaBaden Powell/Vinícius de MoraisElis Regina em Paris – 1968
Deixa,Fale quem quiser falar, meu bem.Deixa,Deixe o coração falar também,Porque ele tem razão demais quando se queixa.Então a gente deixa, deixa, deixa,Deixa,Ninguém vive mais do que uma vez.Deixa,Diz que sim prá não dizer talvez.Deixa,A paixão também existe.Deixa,Não me deixe ficar triste.
A noite do meu bem(La nuit de mon amour)
Dolores Duran/Vs. Pierre BarouhElis Regina em Paris – 1968
Ce soir Je veux trouver la rose la plus belle Et la première étoile qui m'appelle
Pour célébrer la nuit de mon amour
Ce soir Je veux la paix des enfants qui s'endorment
Je veux l'écho d'une vie qui se forme Pour célébrer la nuit de mon amour
Ce soir Je veux la joie d'un voilier qui s'élance
Et l'abandon d'une main qui s'avance Pour célébrer la nuit de mon amour
Ce soir Je voudrais toute la beauté du monde
Pour que ce soit la nuit la plus profonde Puisqu'elle sera la nuit de mon amour
Pourtant Ces joies soudain me semblent incertaines
Je ne peux croire qu'elle serait vaine Cette espérance qui me vient de toi
Ah...Mais cet amour tant me tarde à venir Que je ne sais plus comment retenir
Cette tendresse Que je veux offrir...
TristezaHaroldo Lobo/NiltinhoElis Regina em Paris – 1968
Tristeza,Por favor vai embora,Minha alma que chora,Está vendo o meu fim,
Fez do meu coração a sua moradia,Já é demais o meu penar,Quero voltar àquela vida de alegria,Quero de novo cantar.
La, ra, ra, ra,La, ra, ra, ra, ra, ra,La, ra, ra, ra, ra, ra,Quero de novo cantar.
Aquarela do Brasil /Nega do cabelo duro
Elis, como e porque – 1969Aquarela do Brasil – 1969Saudade do Brasil – 1980
AQUARELA DO BRASIL(Ary Barroso)
Ô, ôi essas fontes murmurantesÔi onde eu mato a minha sedeE onde a lua vem brincáÔi, esse Brasil lindo e trigueiroÉ o meu Brasil brasileiroTerra de samba e pandeiroBrasil! Brasil!Prá mim... prá mim...
NÊGA DO CABELO DURO(Rubens Soares/David Nasser)
Nêga do cabelo duro,Qual é o pente que te penteia ?Qual é o pente que te penteia ?Qual é o pente que te penteia ?
Quando tu entras na roda,O teu cabelo serpenteia,O teu cabelo está na moda,Qual é o pente que te penteia ?
Um novo rumoArtur Verocal/Geraldo FlachI Festival Universitario da Musica Popular Brasileira (1968)
Vou caminhando sem caminhoEm cada passo vou levando meu cansaçoO que me espera?Uma terra, um desencontroA cidade, a claridadeE essa estrada não tem voltaLá se solta o fim do mundoUm fim incerto que me assustaLonge ou perto, se preparaNinguém para para pensarPara olhar a dor que chora a morteDe um valente lutador
Quem fui, já não sou
Vou chegando à encruzilhada descobrirUm caminho e uma nova direçãoOnde piso vou deixando o que não souVou para lutaNão paro nãoVou para luta, agora eu vouNão paro não
Tem tanta gente que se vaiA imensidão do seu quererQuerendo vida sem a morteSer mais forte sem sofrerE ter certeza sem buscarGanhar o amigo sem se darSem semear, colher o amorO amor ferido pela guerraQuem na terra desconheceAparece sem valorErgo meu braço qual alguémQue já caiu mas levantou
Quem fui, já não sou
Vou chegando à encruzilhada descobrirUm caminho e uma nova direçãoOnde piso vou deixando o que não souVou para lutaNão paro nãoVou para luta, agora eu vouNão paro não
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O sonhoEgberto GismontiElis, como e porque – 1969Aquarela do Brasil – 1969
Sinto que é horaSaltoMeu foguete some queimando espaçoTudo vejo e abraçoA vaidadeEstou morando em pleno céuNamorando o azul
Ando no espaço loucoMeu foguete segue deixando traçosEntre estrelas vejo a liberdadeE fotografo todo o céuE revelo paz
Busco cores e imagensFaltam pássaros e flores
Coração na mãoCorpo soltoEstou entre estrelasVou deitar neste luar
Indo de encontro ao risoDo quarto minguanteE o sol queimandoA pele brancaDespertandoVejo a cama e meu amorAcordado estouChoro…Choro…Choro…
Vera CruzMilton Nascimento/Márcio Borges
Elis, como e porque – 1969
Hoje foi que a perdiMas onde, já nem seiMe levo para o marEm Vera me larguei
E deito nesta dorMeu corpo, sem lugar
Ah! quisera esquecerA moça que se foi
De nossa Vera CruzE o pranto que ficouDo norte que sonhei
Das coisas do lugar
Nos rios me largueiCorrendo sem parar
Buscava Vera CruzNos campos e no mar
Mas ela se soltouPra longe se perdeu
Quero em outra mansidãoUm dia ancorar
E ao vento me esquecerQue ao vento me amarrei
E nele vou partirAtrás de Vera Cruz
Ah! quisera encontrarA moça que se foi
Do lar de Vera CruzE o pranto que ficouDo norte que perdiDas coisas do lugar
GiroAntonio Adolfo/Tibério Gaspar
Elis, como e porque – 1969Elis Regina in London – 1969
Hoje a cidade inteira se enfeitouCoberta de alegria, a noite serenou
A casa branca, praça e chafarizDa rua principal à porta da matriz
Tem lua acesa clareando o chãoTem moça pra dançar de saia de algodão
Tem violeiro violando o amorCantando em verso a paz, desponta um cantador
De ponta a pontaBandas e cordões
E a lua tontaGira os corações
No giro, dançaQuem quer se alegrar
Velho ou criançaVem que tem lugar
Sobe o foguete acarinhando o céuE a rua floresceu bandeiras de papel
A vida em festa num giro girouTristeza adormeceu e a noite serenou
O barquinhoRoberto menescal/Ronaldo BôscoliElis, como e porque – 1969Aquarela do Brasil – 1969Elis Regina in London – 1969
Dia de luz festa de solE o barquinho a navegar No macio azul do mar
Tudo é verão o amor se fazNum barquinho pelo marQue desliza sem parar
Sem intenção nossa cançãoVai saindo deste mar e o solBeija o barco e luz, dias tão azuis
Festa do mar, desmaia o solE o barquinho a deslizar E a vontade de cantar
Céu tão azul, ilhas do sulE o barquinho coraçãoDeslizando na canção
Tudo isso é paz, tudo isso trazUma calma de verão e entãoO barquinho vai, a tardinha caiO barquinho vai
AndançaDanilo Caymmi/Edmundo Souto
Elis, como e porque – 1969
Vim.Tanta areia andeiDa lua cheia eu sei
Uma saudade imensaVagando em verso eu vim
Vestida de cetimNa mão direita rosas vou levar
Me dá amorAmor
Me leva amorPor onde for quero ser seu par
Rodei de roda andeiDança da moda eu seiCansei de se sozinhaVerso encantado useiMeu namorado é rei
Nas lendas do caminho onde andei
Me dá amorAmor
Me leva amorPor onde for quero ser seu par
Récit de CassardMichel Legrand/Jacques DenyElis, como e porque – 1969
Autrefois, j'ai aimé une femmeElle ne m'aimait pas,on l'appellait LolaAutrefois.
Déçu, j'ai voulu l'oublierAlors j'ai quitté la France,je suis allé au bout du monde
je ne pense qu'à elle
j'ai voulu vous parler franchementvous ne m'en voulez pasil n'est pas questiond'influencer Genevieve,Genevieve est libre
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Memórias de Marta SaréEdu Lobo/Gianfrancesco Guarnieri
Elis, como e porque – 1969
A casa lá da fazenda A lua clareando a porta Deixando o brilho claro Nas pedras dos degraus
Cristal de lua
Pra dentro Marta Saré Pra dentro Marta Saré Pra dentro Marta Saré
Pra dentro
O rosário obrigatório A janta lá na cozinha Todo dia à mesma hora As estórias de Dorinha
Pra dentro Marta Saré Pra dentro Marta Saré Pra dentro Marta SaréPra dentro, pra dentro
A lanterna azul partida A dor, a palmatória, a raiva
A cantiga mais sentida Um galope de cavalo
Mestre severino
Pra dentro Marta Saré Pra dentro Marta Saré Pra dentro Marta SaréPra dentro, pra dentro
Bate forte o coração Dor no peito magoado O sorriso mais sem jeito Do primeiro namorado
Pra dentro Marta Saré Pra dentro Marta Saré Pra dentro Marta SaréPra dentro, pra dentro
Moço Severino Por do sol
Pra dentro Marta Saré
Samba da PerguntaPingarrilho/Marcos Vasconcelos
Elis, como e porque – 1969
Ela agora mora só no pensamentoOu então no firmamentoEm tudo que no ceu viaja
Pode ser um astronautaUm passarinho
Pé de ventoPipa de papel de seda
Quem sabe um balãozinhoOu estar num asteróide
Na estrela Dalva que daqui se olhaPode estar morando em Marte
Nunca mais se soube delaDesapareceu
WaveTom Jobim
Aquarela do Brasil – 1969Saudade do Brasil – 1980
Vou te contar,Os olhos já não podem ver
Coisas que só o coração pode entender Fundamental é mesmo o amor
É impossível ser feliz sozinho
O resto é mar,É tudo que eu nem sei contar
São coisas lindas que eu tenho pra te dar Vem de mansinho a brisa e me diz
É impossível ser feliz sozinho
Da primeira vez era a cidade Da segunda o cais e a eternidade
Agora eu já sei Da onda que se ergueu no mar
E das estrelas que esquecemos de contar O amor se deixa surpreender
Enquanto a noite vem nos envolver
A voltaRoberto Menescal/Ronaldo BôscoliAquarela do Brasil – 1969Elis Regina in London – 1969
Quero ouvir a sua vozE quero que a canção seja vocêE quero, em cada vez que esperoDesesperar, se não te virÉ triste a solidãoÉ longe o não te acharQue lindo é o seu perdãoQue festa é o seu voltarMas quero que você me faleQue você me caleCaso eu perguntarSe o que a faz tão lindaFoi sua pressa de voltarLevanta e vem correndoMe abraça e sem sofrerMe beija longamenteO quanto a solidão precisa para morrer
A time for loveWebster/John MandelElis Regina in London – 1969
A time for summer skiesFor humming-birds and butterfliesFor tender words that harmonize with love
A time for climbing hillsFor leaning out of window sillsAdmiring the daffodils above.
A time for holding hands togetherA time for rainbow colored weatherA time of make believe that we've been draming of
As time goes drifting byThe willow bends and so do IBut oh, my friends, what ever sky aboveI've known a time for spring, a time for fallBut best of allA time for love
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MinhaFrancis Hime/Ruy GuerraElis no Teatro de Praia – 1970
MinhaVai ser minhaDesde a horaQue nasceste
MinhaNão te encontro
Só sei que estas pertoE tão longeNo silêncio
Noutro amorOu numa estradaQue não deixa
Seres minhaComo sejasOnde estejasVou te achar
Vou me entregarVou te amar
E é tanto, tanto amorQue até pode assustar
Não temas essa imensa sedeQue ao teu corpo vou levar
Minha és e sou só teuSai de onde estás pra eu te verPois tudo tem que acontecer
Tem de serTem de ser
Vem para semprePara sempre
IreneCaetano Veloso
Elis no Teatro de Praia – 1970
Eu quero ir, minha gente
Eu não sou daqui
Eu não tenho nada
Quero ver irene rir
Quero ver irene dar sua risada
Se você pensaRoberto Carlos/Erasmo Carlos
Elis Regina in London – 1969Elis no Teatro de Praia – 1970
Se você pensa que vai fazer de mimO que faz com todo mundo que te ama
Acho bom saber que pra ficar comigo vai ter que mudar
Você tem a vida inteira pra viverE saber o que é bom e o que é ruim
Acho bom pensar depressa e escolher antes do fim
Daqui pra frente, tudo vai ser diferenteVocê tem que aprender a ser gente
O teu orgulho não vale nada
Você não sabeNem nunca procurou saber
Que quando a gente ama pra valerO bom é ser feliz e mais nada
W a t c hw h a t
h a p p e n sNorman Gimbel/Michel Legrand
Elis Regina in London – 1969
Let someone start believing in you,Let him hold out his hand
Let him touch you and watch what happens
One someone who can look in your eyes,And see into your heart
Let him find you and watch what happens
Cold, no I won't believe your heart is coldMaybe just afraid to be broken again
Let someone with a deep love to giveGive that deep love to you,And what magic you'll see
Let someone give his heart, someone who cares like meLet someone give his heart who cares like me
H o w i n s e n s i t i v e(Insensatez)
Tom Jobim/Vinícius de Morais/Vs. Norman GimbelElis Regina in London – 1969
How insensitiveI must have seemed
When he told me that he loved meHow unmoved and cold
I must have seemedWhen he told me so sincerely
Why he must have askedDid I just turn and stare in icy silence
What was I to say?What can you say
When a love affair is over?
Why he must have askedDid I just turn and stare in icy silence
What was I to do?What can one do
When a love affair is over?
So now he's gone awayAnd I'm alone
With a memory of her last lookVague and drawn and sad
I see it stillAll the heartbreak in his last look
How he must have asked,Could I just turn and stare in icy silence
What was I to do?What can one do
When a love affair is over?
Perdão não temEdson Arantes do Nascimento
Tabelinha, Elis x Pelé – 1969 (Com Pelé)
NãoNão vá embora não
Porque a saudadeVai ficar em seu lugar
Não me faça sofrerA sua ausência
Tenha paciienciaNão vá embora
Não me deixes não
Quando você chegouFoi recebida de braços abertos
Jurava me dar amorSer boazinha
E não falar em ir embora
Agora depois de tanto tempoQuer partir sem dizer qual a razão
Não vá, meu bemPorque depois, perdão não tem
VexamãoEdson Arantes do NascimentoTabelinha, Elis x Pelé – 1969 (Com Pelé)
Outro diaMe pegaram de surpresaMe deram um violãoE fizeram eu cantar
Eu todo desajeitadoCantando tudo erradoSem saber como parar
Foi um tremendo de um vexameMas o engraçadoÉ que eu cantava erradoE os “puxa” achava bom
Estava o rádioJornal e a televisãoE eu todo sem graçaSó fazia láralá
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Aqueleabraço
Gilberto GilElis no Teatro de Praia – 1970
Este samba vai para Dorival Caymmi,João Gilberto e Caetano Veloso.
O Rio de Janeiro continua lindo,O Rio de Janeiro continua sendo
O Rio de Janeiro, fevereiro e março,Alô, alô Realengo,
Aquele abraço,Alô torcida do flamengo,
Aquele abraço!Alô,Alô Realengo,
Aquele abraço,Alô torcida do flamengo,
Aquele abraço!
Chacrinha continua balançando a pança,E buzinando a moça e comandando a massa,
E continua dando as ordens no terreiro,Alô, alô seu Chacrinha Velho Guerreiro,
Alô, alô Terezinha, Rio de Janeiro,Alô, alô seu Chacrinha velho palha ço,
Alô, alô Terezinha,Aquele abraço,Alô moçada da favela, aquele abraço,
Todo mundo da Portela, aquele abraço,Todo mês de fevereiro, aquele passo,Alô Banda de Ipanema, aquele abraço,
Meu caminho pelo mundo eu mesmo traço,A Bahia já me deu régua e compasso,
Quem sabe de mim sou eu, aquele abraço,Pra você que me esqueceu, aquele abraço,
Alô Rio de Janeiro, aquele abraço!
C a n ’ t t a k em y e y e so f f y o u
B. Crewe/B. GaudioElis no Teatro de Praia – 1970
You're just too good to be true.Can't take my eyes off you.
You'd be like Heaven to touch.I wanna hold you so much.At long last love has arrivedAnd I thank God I'm alive.
You're just too good to be true.Can't take my eyes off you.
Pardon the way that I stare.There's nothing else to compare.The sight of you leaves me weak.There are no words left to speak,
But if you feel like I feel,Please let me know that it's real.You're just too good to be true.
Can't take my eyes off you.
I love you, baby,And if it's quite alright,
I need you, baby,To warm a lonely night.
I love you, baby.Trust in me when I say:
Oh, pretty baby,Don't bring me down, I pray.
Oh, pretty baby, now that I found you, stayAnd let me love you, baby.
Let me love you.
You're just too good to be true.Can't take my eyes off you.
You'd be like Heaven to touch.I wanna hold you so much.At long last love has arrivedAnd I thank God I'm alive.
You're just too good to be true.Can't take my eyes off you.
I love you, baby,And if it's quite alright,
I need you, baby,To warm a lonely night.
I love you, baby.Trust in me when I say:
Oh, pretty baby,Don't bring me down, I pray.
Oh, pretty baby, now that I found you, stay.
ZazueiraJorge Ben
Elis Regina in London – 1969Elis no Teatro de Praia – 1970
Ela vem chegando (ela vem chegando)E feliz vou esperando (e feliz vou esperando)A espera é difícil (a espera é difícil)Mas eu espero sambando (eu espero sambando)
Menina bonita do céu azulEla é uma beleza
Menina bonita, você é demaisAlegria na minha tristeza
ZazueiraZazueiraZazueira
Ela vem chegando (ela vem chegando)E feliz vou esperando (e feliz vou esperando)A espera é difícil (a espera é difícil)Mas eu espero sonhando (eu espero sonhando)
Uma flor é uma rosaUma rosa é uma flor
É um amor esta meninaEsta menina é meu amor
ZazueiraZazueiraZazueira
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Roberto Carlos/Erasmo CarlosEm pleno verão – 1970
Se você pretende saber quem eu sou eu posso lhe dizer.Entre no meu carro e na estrada de Santos você vai me conhecer.
Você vai pensar que eu não gosto nem mesmo de mim.E que na minha idade só a velocidade anda junto a mim.
Só ando sozinho e no meu caminho o tempo é cada vez menor.Preciso de ajuda. Por favor me acuda. Eu vivo muito só.
Se acaso numa curva eu me lembro do meu mundo,eu piso mais fundo, corrijo num segundo, não posso parar.
Eu prefiro as curvas da estrada de Santos onde eu tento esquecerum amor que eu tive e vi pelo espelho na distância se perder
Mas se o amor que perdi eu novamente encontrar,as curvas se acabam e na estrada de Santos eu não vou mais passar.Não, não vou mais passar.
As curvas da Estrada
de Santos
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Vou deitare rolarBaden Powell/Paulo César PinheiroEm pleno verão – 1970
Não venha querer me consolarQue agora não dá mais péNem nunca mais vai darTambém quem mandou se levantarQuem levantou pra sairPerde o lugar
E agora, cadê teu novo amorCadê que ele nunca funcionouCadê que nada resolveu
Quaquaraquaquá, quem riuQuaquaraquaquá, fui euQuaquaraquaquá, quem riuQuaquaraquaquá, fui eu
Ainda sou mais eu
Você já entrou na de voltarAgora fica na tuaQue é melhor ficarPorque vai ser fogo me aturarQuem cai na chuvaSó tem que se molhar
E agora cadê, cadê vocêCadê que eu não vejo mais, cadêPois é quem te viu e quem te vê
Quaquaraquaquá, quem riuQuaquaraquaquá, fui euQuaquaraquaquá, quem riuQuaquaraquaquá, fui eu
Todo mundo se admiraDa mancada que a Terezinha deuQue deu no piraE ficou sem nada ter de seuEla não quis fazer féNa virada da maré
Breque!
Mas que malandro sou euPra ficar dando colher de cháSe eu não tiver colher?Vou deitar e rolar!
O vento que venta aquiÉ o mesmo que venta láE volta pro mandingueiroA mandinga de quem mandigá
Bicho do matoJorge BenEm pleno verão – 1970
Bicho do mato Nego teve aí
Bicho do mato Devagar pra não cair
Bicho do mato Bicho bonito danado
Bicho do mato Nego teve aí
E disse assim:
Bicho do mato Quero você para mim Eu só vou embora Se você disser que sim
Mas eu só ponho o meu boné Onde eu posso apanhar Devagar se vai ao longe Devagar eu chego lá
Bicho do mato Nego teve aí Bicho do mato Devagar pra não cair
Até aí morreu NevesJorge Ben
Em pleno verão – 1970
Se segura malandroPois malandro que é malandro não se estoura
Se segura malandro
Pois um dia há de chegar a tua horaVai cantar, vai brincar sem fantasia
Você vai chorar de alegriaPois ela vai voltar pra alegrar o seu coração
Pois malandro que é malandro não se estoura não
Porque até aí morreu NevesAté aí morreu Neves
Até aí morreu das NevesAté aí morreu das Neves
Devegar malandroDevagar, cuidado!Afobado come cru
Devagar se vai ao longe
FrevoTom Jobim/Vinícius de Morais
Em pleno verão – 1970
Vem, vamos dançar ao sol Vem, que a banda vai passar
Vem, ouvir o toque dos clarins Anunciando o carnaval
E vão brilhando os seus metais
Por entre cores milVerde mar, céu de anil
Nunca se viu tanta beleza Ai, meu Deus
Que lindo o meu Brasil!
Fechado prabalançoGilberto GilEm pleno verão – 1970
Fechado pra balançoDeve ser bom, deve ser bomTô fechado pra balançoMeu saldo deve ser bomDeve ser bom
Vou sambar de roda um poucoUm xaxado bem guardadoE mais algum trocadoSe tiver gingado eu tô, eu tô, eu tôEu tô de corpo fechado, eu tô, eu tôDeve ser bom, deve ser bomTô fechado pra balançoMeu saldo deve ser bom
Um pouco da minha granaVais ter saudade, baianaPonho sempre por semanaCinco cartas no correioGasto sola de sapatoMas aqui custa baratoCada sola de sapatoCusta um samba, um samba e meio
O resto...O resto não dá despesaViver não me custa nadaViver só me custa a vidaE a minha vida foi dada
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Não tenha medoCaetano Veloso
Em pleno verão – 1970
Tenha medo, não, tenha medo, nãoNão tenha medo não, tenha medo, não
Nada é pior do que tudoNada é pior do que tudo
Nem um não, nenhum senãoNem um ladrão, nem uma escuridão
Nada é pior do que tudoQue você já tem no seu coração mudo
Nem um cão, nem um dragãoNem um avião, nem uma assombração
Nada é pior do que tudoQue você já tem no seu coração mudo
Nem um chão, nem um porãonem uma prisão, nem uma solidão
Nada é pior do que tudoQue você já tem no seu coração mudo
These are the songsTim Maia
Em pleno verão – 1970 (Com Tim Mais)
These are the songsI want to sing
These are the songsI want to play
I will sing it every timeAnd I sing it every day
These are the songsI want to sing and play
Esta é a canção que eu vou ouvirEsta é a canção que eu vou cantar
Fala de você, meu bemDo nosso amor tambémSei que você vai gostar
ComunicaçãoEdson Alencar/Hélio MatheusEm pleno verão – 1970
(Roda, roda e avisa!)
Sigo o anúncio e vejoEm forma de desejo o saboneteEm forma de sorvete acordo e durmo na televisão.
Creme dental, saúdeE vivo num sorriso, paraísoQuase que jogado, impulsionado, no comercial.
Só tomava cháQuase que forcado vou tomar caféLigo o aparelho, vejo o Rei PeléVamos entao repetir o gol!
E na lua souMais um astronauta-patrocinadorChego atrasado perco o meu amorMais um anúncio sensacional!
Ponho um aditivo dentro da panela, gasolinaPasso na janela da cozinha tem mais um fogão
Tocam a campainhaMais uma pesquisa e eu respondoQue enlouquecendo, já sou fã do comercial!
(Na Brastel, tudo a preço de banana!Quem não se comunica, se trumbica!Tereeziiinha...!Estamos pensando em bloco...Conheça o Brasil pela Varig!Ducal... meu nome é Gal!... Ducal!....)Copacabana
velha de guerraJoyce/Sérgio FlackmanEm pleno verão – 1970
Nós estamos por aí, sem medoNós, sem medo, estamos por aí
Qualquer sorte me esperaE a tarde talvez vá me mostrarTreze ventos nas janelasE as praças do mundo a me chamar
Sou mais um na multidãoNa vitrine dos magazinesProcurando uma camisa da cor do mar
Mão no bolso, riso lentoE a tarde passando devagarNão me encontro na vitrineNão ligo, é difícil me encontrar
Sou só eu na multidãoE eu queria me ver passarDesfilando com a camisa da cor do marOlha eu lá!
OsanahTony Osanah
Compacto duplo – 1970
Sei prá onde vouAgora eu sei quem sou
Sei do meu caminhoEu sei com quem eu vou
Descubro risoInvento a luz
Tudo é claro para quem quer ver
Osanah, Osanah, OsanahOsanah, Osanah, Osanah
Pela vida afora eu vou jogando foraAs coisas que eu guardei por guardar
Um passo à frenteOu volto atrás
Mas não fico no meusmo lugar
Osanah, Osanah, OsanahOsanah, Osanah, Osanah
Não me importa o tempoEu fico aqui e agora
E quero tudo que houver prá quererO que é passado nào volta mais
E o futuro ainda não chegou
Osanah, Osanah, OsanahOsanah, Osanah, Osanah
Nada será como antesMilton Nascimento/Ronaldo BastosCompacto duplo – 1970Elis – 1972
Eu já estou com o pé nessa estradaQualquer dia gente se vêSei que nada será como antes, amanhã
Que notícias me dão dos amigosQue notícias me dão de vocêSei que nada será como estáAmanhã ou depois de amanhãResistindo na boca da noite um gosto de sol
Num domingo qualquer, qualquer horaVentania em qualquer direçãoSei que nada será como antes, amanhã
Que notícias me dão dos amigosQue notícias me dão de vocêSei que nada será como estáAmanhã ou depois de amanhãResistindo na boca da noite um gosto de sol
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A fia de Chico BritoChico AnysioCompacto duplo – 1970
Sou filha de Chico BritoPai de oito filho maiorNascida em BaturitéCriada a carne de sol
Sete homem e eu mulherOito filho prá criáSete homem prá peixeiraE a mulher prá…
Dos oito filho do velhoTem sete que se casouOs homem fez casamentoE cinco já procriouSó eu é que tô sobrandoNa certa Deus se enganouAcabo me abilolandoPorque meu caso é casarE caso de quarquer jeitoCaso inté no…
Sou filha de Chico BritoPai de oito filho maiorNascida em BaturitéCriada a carne de sol
Sete homem e eu mulherOito filho prá criáSete homem prá peixeiraE a mulher prá…
De tanto piscar o os olhosJá tô ficando zarolhaDe tanto chamar com a mãoNa mão já tenho inté bolhaJá fiz duzenta novenaJá me cansei de rezarMeus cotovelo tá inchadoDe no portão debruçarMas caso de quarquer jeitoCaso inté no…
Casa no campoZé Rodrix/TavitoCompacto duplo – 1970Elis 1972
Eu quero uma casa no campoOnde eu possa compor muitos rocks ruraisE tenha somente a certeza Dos amigos do peito e nada mais
Eu quero uma casa no campoOnde eu possa ficar no tamanho da pazE tenha somente a certeza Dos limites do corpo e nada mais
Eu quero carneiros e cabrasPastando solenes no meu jardimEu quero o silêncio das línguas cansadasEu quero a esperança de óculosE um filho de cuca legalEu quero plantar e colher com a mãoA pimenta e o sal
Eu quero uma casa no campoDo tamanho ideal, pau-a-pique e sapéOnde eu possa plantar meus amigosMeus discos e livrosE nada mais
Ih! Meu Deus do céu!Ivan Lins/Ronaldo Monteiro de SouzaEla – 1971
Ih! Meu Deus do céu!Estou rindo à toaIh! Meu Deus do céu!Ela me afeiçoa
EspontaneidadeEu sou, eu souNa mesticidadeEu vou, eu vou
A sorte e a morteOcorrem subitamente
Estou diante delaA felicidadeExijo a parcelaDa cumplicidadeLá vem o crimeSe animeÉ hora de matar a saudade
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Golden s l umbe r sJohn Lennon/Paul McCartney
Ela – 1971
Once there was a way to get back homeward
Once there was a way to get back home
Sleep pretty darling do not cry
And I will sing a lullaby
Golden slumbers fill your eyes
Smiles awake you when you arise
Sleep pretty darling do not cry
And I will sing a lullaby
Boy, you gonna carry that weigth
Carry that weight a long time
Falei e disseBaden Powell/Paulo César PinheiroEla – 1971
Mulher, se Deus não criasse vocêEle próprio custava a crerMas só que tem que não dá pé vocêSer a mulher de quem Vinícius falou
Formosa, não faz assimCarinho não é ruim
Eu avisei bem, não faça ingratidãoPorque eu também sei dançarconforme a cançãoE quem vai embora agora sou euAdeus pra quem já me esqueceu
Tá acabada essa paradaE agora cada qual no seu lugarNão tem nada se a jogada dela É ver a lua em vez de um lar
Teresa é nome de mulherAh, que pena que me dáEla não ser mais Teresa mulher
Aviso aos navegantesBaden Powell/Paulo César PinheiroEla – 1971
Esse ano vai sobrar umQuem falou já morreuQuem sabe dele sou euA vida quem dá é Deus
Quem é malandro não dáVidinha boa à ninguémMalandro traz no cantarA pinta que o canto temBriga com quem sabe maisNão dá camisa a ninguémOlha, aqui você fazAqui mesmo vai entrar bem
MadalenaIvan Lins/Ronaldo Monteiro de SouzaEla – 1971
Oh, Madalena O meu peito percebeuQue o mar é uma gotaComparado ao pranto meu
Fique certa Quando o nosso amor despertaLogo o sol se desesperaE se esconde lá na serra
Eh MadalenaO que é meu não se divideNem tão pouco se admiteQuem do nosso amor duvide.
Até a lua se arrisca num palpiteQue o nosso amor existeForte ou fraco, alegre ou triste
Oh, Madalena, Madalena, Madalena, MadalenaOh Ma, oh Mada, oh MadaleOh Madale, le, le, le oh Ma, oh Mada
Black is beautifulMarcos Valle/Paulo Sérgio ValleEla – 1971
Hoje cedo na rua do OuvidorQuantos brancos horríveis eu viEu quero esse homem de cor
Um Deus Negro do Congo ou daqui
Hoje cedo amante negro eu vouEnfeitar o meu corpo no seuEu quero esse homem de cor
Um Deus Negro do Congo ou daquiQue se integre no meu sangue europeu
Black is beautiful black is beautifulBlack beauty so beautifulI wanna a black I wanna a beautifulI wanna a black I wanna a beautiful
Que se integre no meu sangue europeuBlack is beautiful black is beautifulBlack beauty so beautifulI wanna a black I wanna a beautifulI wanna a black I wanna a beautiful
Cinema Olympia Caetano Veloso
Ela – 1971
Não quero maisEssas tardes mornais, normais
Não quero maisVideo-tapes, mormaço, março, abril
Eu quero pulgas mil na geralEu quero a geral
Eu quero ouvir gargalhada geralQuero um lugar para mim, pra você
Na matiné do cinema Olympia
Tom Mix, Buck JonesTela e palco
Sorvetes e vedetesSocos e coladas
Pernas e gatilhosAtilhos e gargalhada geral
Do meio-dia até o amanhecerNa matiné do cinema Olympia
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Mundo desertoRoberto Carlos/Erasmo Carlos
Ela – 1971
Num mundo deserto de almas negrasMe visto de branco
Me curo da vida sofrida, sentidaQue deram pra mim
Num mundo deserto de almas negrasSorriso não nego
Mas vejo um sol cegoQuerendo queimar o que resta de mim
Vivo num mundo deserto de almas negras
Na vontade da verdade eu quero ficarE não acredito no dito maldito
Que o amor já morreu
Tenho fé que o meu paísAinda vai dar amor pro mundo
Um amor tão profundo, tão grandeQue vai reviver quem morreu
Vivo num mundo deserto de almas negras
ElaCésar Costa Filho/Aldir BlancEla – 1971
Ela sente a solidão do oitavo andarTodo dia à hora triste do jantarSó um copo, só um pratoE ao lado um só talherTudo é um em seu pequeno mundoDe mulher
Surge a esperança na vidaEla que dança e convida alguémAo elevador do oitavo andarPro primeiro amor do oitavo andar
Ela e ele qualquerEla duela o pranto do amorCom ele qualquerDesce e se esquece no elevadorCom ele qualquerEla lembra a vida do interior
Ela na varanda espera seus irmãosMesa posta, luz de velas, cançõesEla brinca de princesaE vem o carnaval Passa a Páscoa em paz consigo, no quintal
Os dias frios de junhoAs rendas brancas nos punhos, balõesE um dia no teatro do localEla é a virgem no presépio de Natal
Ela e um dia qualquerÉ na varanda, Páscoa, NatalCom um ele qualquerEla duela o pranto do amor
Sozinha outra vezNo oitavo andar onde tudo é um
Os argonautasCaetano VelosoEla – 1971
O barco, meu coração não aguentaTanta tormenta, alegriaMeu coração não contenta O dia, o marco, meu coraçãoO porto, não
Navegar é preciso, viver não é preciso
O barco, noite no céu tão bonitoSorriso solto perdido Horizonte, madrugada O riso, o arco, da madrugada O porto, nada
Navegar é preciso, viver não é preciso
O barco, o automóvel brilhante O trilho solto, o barulho Do meu dente em tua veia O sangue, o charco, barulho lento O porto silêncio
Navegar é preciso, viver não é preciso
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Estrada do solTom Jobim/Dolores Duran
Ela – 1971
Quero que você me dê a mãoVamos sair
É de manhã, vem o sol,Mas os pingos da chuva que ontem caiu
Ainda estão a brilhar,Ainda estão a dançar
Ao vento alegreQue me traz esta canção.
Quero que você me dê a mão,Vamos sair por aí
Sem pensar no que foique sonhei,
Que chorei, que sofri,Pois a nossa manhãJá me fez esquecer,
Me dê a mão, vamos sair prá ver o sol.
Alô, alô.Taí Carmem MirandaHeitor/Maneco/Wilson DiaboOs maiores sambas enredos de todos os tempos – 1971
Uma pequena notável Cantou muito samba É motivo de carnaval Pandeiro, camisa listrada Tornou a baiana internacional
Seu nome corria chão Na boca de toda gente Que grilo é esse? Vou embarcar nessa onda É o Império Serrano que canta Dando uma de Carmem Miranda
Cai, cai, cai, cai Quem mandou escorregar Cai, cai, cai, cai É melhor se levantar, oi
TiradentesDécio Antonio Carlos/Penteado/Estanislau SilvaOs maiores sambas enredos de todos os tempos Volume 2 – 1972
Joaquim José da Silva XavierMorreu a 21 de abrilPela independência do BrasilFoi traído e não traiu jamaisA inconfidência de Minas Gerais
Joaquim José da Silva XavierEra o nome de TiradentesFoi sacrificado pela nossa liberdadeEsse grande herói pra sempre deve ser lembrado
20 anos blueSueli Costa/Vitor Martins
Elis – 1972
Hoje de manhã quando acordeiOlhei pra vida e me espanteiEu tenho mais de vinte anos
Eu tenho mais de mil perguntas sem respostasEstou ligada num futuro blue
Os meus pais nas minhas costasAs raízes na marquise
Eu tenho mais de vinte murosO sangue jorra pelos furos
Pelas veias de um jornalEu não te quero, eu te quero mal
Essa calma que inventei, bem seiCustou as contas que conteiEu tenho mais de vinte anos
Eu quero as cores e os colíriosMeus delírios
Estou ligada num futuro blue
Balacombala
João Bosco/Aldir BlancElis – 1972
A sala calaE o jornal preparaQuem está na salaCom pipoca e balaE o urubu sai voandoManso
O tempo correE o suor escorre,Vem alguém de porreE há um corre-correE o mocinho chegandoDando
Eu esqueço sempre nesta hora,Linda, louraMinha velha fuga em todo impasseEu esqueço sempre nesta hora,Linda, louraQuanto me custa dar a outra face
O tapa estalaNo balacobacoE é bala com balaE é fala com falaE o galã se espalhandoDando
No rala-ralaQuando acaba a balaÉ faca com facaÉ rapa com rapaEu me realizandoBambo
Quando a luz acende é uma tristezaTrapo, presaMinha coragem muda em cansaçoToda fita em série que se prezaDizem, rezaAcaba sempre no melhor pedaço
MucuripeFagner/BelchiorElis – 1972
As velas do MucuripeVão sair para pescarVou levar as minhas mágoasPras águas fundas do marHoje à noite namorarSem ter medo de saudadeSem vontade de casar
Calça nova de riscadoPaletó de linho brancoQue até o mês passadoLá no campo 'inda era florSob o meu chapéu quebradoO sorriso ingênuo e francoDe um rapaz novo encantadoCom vinte anos de amor
Aquela estrela é delaVida, vento, vela leva-me daqui.
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Olhos abertosZé Rodrix/Guttenberg GuarabyraElis – 1972
Atravessando uma ponte, de noite No meio da chuva Cercada pelo silêncio Daquela cidade do interior
Depois da ponte, uma estrada de terra Molhada de chuva Cercada pelo silêncio E sem nenhum pedaço de amor
Vendo os olhares desertos De tantas pessoas antigas Tantas pessoas amigas Querendo um cigarro e um carinho
Gente que puxa uma briga na estrada Com os olhos brilhando Precisa só de um abraço Bem forte e bem dado
E eu quero encontrar as pessoas De mãos e de olhos abertos Sem me preocupar Com dinheiro e posição
Eu preciso encontrar as pessoas Ficar de mãos dadas com elas Conversar com a boca E os olhos do coração
Vida de bailarinaAmérico Seixas/Dorival SilvaElis – 1972
Quem descerrar a cortinaDa vida da bailarinaHá de ver cheio de horrorQue no fundo do seu peitoAbriga um sonho desfeitoOu a desgraça de um amor
Os que compram o desejoPagando amor a varejoVão falando sem saberQue ela é forçada a enganarNão vivendo pra dançarMas dançando pra viver
Atrás da portaFrancis Hime/Chico BuarqueElis – 1972
Quando olhaste bem nos olhos meusE o teu olhar era de adeusJuro que não acreditei, eu te estranhei Me debrucei sobre teu corpo e duvideiE me arrastei e te arranheiE me agarrei nos teus cabelosNo teu peito, teu pijamaNos teus pés ao pé da camaSem carinho, sem cobertaNo tapete atrás da portaReclamei baixinho
Dei pra maldizer o nosso larPra sujar teu nome, te humilharE me vingar a qualquer preçoTe adorando pelo avessoPra mostrar que ainda sou tuaSó pra provar que inda sou tua
CaisMilton Nascimento/Ronaldo MonteiroElis – 1972
Para quem quer se soltarInvento o caisInvento mais que a solidão me dáInvento a lua nova a clarearInvento o amorE sei a dor de me lançar
Eu queria ser feliz invento o marInvento em mim o sonhador
Para quem quer me seguirEu quero maisTenho o caminho que sempre quisE um saveiro pronto prá partirInvento o caisE sei a vez de me lançar
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Águas de marçoTom JobimElis – 1972
Elis & Tom – 1974 (Com Tom Jobim)Montreaux jazz Festival – 1982
É pau, é pedra, é o fim do caminhoÉ um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o solÉ a noite, é a morte, é um laço, é o anzolÉ peroba no campo, é o nó da madeira
Caingá candeia, é o matita-pereiraÉ madeira de vento, tombo da ribanceira
É o mistério profundo, é o queira ou não queiraÉ o vento ventando, é o fim da ladeira
É a viga, é o vão, festa da cumeeiraÉ a chuva chovendo, é conversa ribeira
Das águas de março, é o fim da canseira
É o pé, é o chão, é a marcha estradeiraPassarinho na mao, pedra de atiradeira
É uma ave no céu, é uma ave no chãoÉ um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão
É o fundo do poço, é o fim do caminhoNo rosto um desgosto, é um pouco sozinho
É um estepe, é um prego, é uma conta, é um contoÉ um pingo pingando, é uma conta, é um pontoÉ um peixe, é um gesto, é uma prata brilhando
É a luz da manha, é o tijolo chegandoÉ a lenha, é o dia, é o fim da picada
É a garrafa de cana, o estilhaço na estradaÉ o projeto da casa, é o corpo na cama
É o carro enguiçado, é a lama, é a lamaÉ um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um resto de mato na luz da manhãSão as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração
É pau, é pedra, é o fim do caminhoÉ um resto de toco, é um pouco sozinhoÉ uma cobra, é um pau, é João, é José
É um espinho na mão, é um corte no péSão as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração
É pau, é pedra, é o fim do caminhoÉ um resto de toco, é um pouco sozinho
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rãÉ um belo horizonte, é uma febre terçã
São as águas de março fechando o verãoÉ a promessa de vida no teu coração
É pau, é pedra, é o fim do caminhoÉ um resto de toco, é um pouco sozinho
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Me deixa em pazIvan Lins/Ronaldo Monteiro de SouzaElis – 1972
Paz!Que eu já não aguento maisMe deixa em pazSai de mimMe deixa em paz
Vai!Hoje o fogo se apagouNosso jogo terminouVai prá onde Deus quizerJá é hora deDe voce partirNão adianta mais ficar
Boa noite, amorMaria José de Abreu/Francisco MatosoElis – 1972
Boa noite amor Meu grande amor Contigo sonharei
E a minha dor esquecerei Se eu souber que o sonho teu Foi o mesmo sonho meu
Boa noite, amor E sonhe enfim Pensando sempre em mim
Na carícia de um beijo Que ficou no desejo Boa noite, meu grande amor.
OrienteGilberto GilElis – 1973
Se oriente, rapaz Pela constelação do Cruzeiro do Sul Se oriente, rapaz Pela constatação de que a aranha Vive do que tece Vê se não se esquece Pela simples razão de que tudo merece Consideração
Considere, rapaz A possibilidade de ir pro Japão Num cargueiro do Lloyd lavando o porão Pela curiosidade de ver Onde o sol se escondeVê se compreende Pela simples razão de que tudo dependeDe determinação
Determine, rapaz Onde vai ser seu curso de pós-graduaçãoSe oriente, rapazPela rotação da Terra em torno do Sol Sorridente, rapazPela continuidade do sonho de Adão
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Doentemorena
Gilberto Gil/DudaElis – 1973Luz das Estrelas – 1984
De manhã cedo ela saiLeva a chaveMe deixa trancadoO dia inteiroNão ligoDeito sobre os trilhosE vejo o trem passarEntre brinquedos, cigarrosO Tesouro da JuventudeEm não sei quantos volumesE quando cantoDeixo a imaginação voarMas ontem à noiteA mão sobre meus cabelosEla me disse:"Meu bem, não tenha medoNo verão que vemNós vamos à praia"
Meio de campoGilberto Gil
Elis – 1973
Prezado amigo AfonsinhoEu continuo aqui mesmo
Aperfeiçoando o imperfeitoDando tempo, dando um jeito
Desprezando a perfeiçãoQue a perfeição é uma meta
Defendida pelo goleiroQue joga na seleção
E eu não sou Pelé, nem nadaSe muito for eu sou um Tostão
Fazer um gol nesta partida não é fácil, meu irmãoEntrou de bola, e tudo!Cabaré
João Bosco/Aldir BlancElis – 1973
Na porta lentas luzes de neonNa mesa flores murchas de creponE a luz grená filtrada entre conversasInventa um novo amor, loucas promessas
De tomara-que-caia surge a crooner do norteNem aplausos, nem vaias: um silêncio de morte
Ah, quem sabe de si nesses bares escurosQuem sabe dos outros, das grades, dos muros
No drama sufocado em cada rostoA lama de não ser o que se quisA chama quase morta de um sol postoA dama de um passado mais feliz
Um cuba-libre treme na mão friaAo triste strip-tease da agoniaDe cada um que deixa o cabaré
Lá fora a luz do dia fere os olhos
Ah, quem sabe de si nesses bares escurosQuem sabe dos outros
O caçador deesmeralda
João Bosco/Aldir Blanc/Cláudio TolomeiElis – 1973
Verde que te quiero oroBandeiras removendo a terraEsmeralda que aguarda agoraNo riacho além de Tordesilhas
E Fernão se apaixonou como um selvagemPela sereia do sertãoNa água, imagem virgemMiragem esverdeada
No mel das abelhas e nos frutosO gosto dela, febre da paixãoFernão se esmerava na conquistaDe esmeralda, inferno de Fernão
E um dia no Fusca duas portas, dois amantesFernão louco, Esmeralda desvairadaO enleio dos delirantes
No Recreio dos Bandeirantes
Agnus seiJoão Bosco/Aldir BlancElis – 1973
Faces sob o sol, os olhos na cruzOs heróis do bem prosseguem na brisa na manhãVão levar ao reino dos minaretesA paz na ponta dos arietesA conversão para os infiéis
Para trás ficou a marca da cruzNa fumaça negra vinda na brisa da manhã
Ah, como é difícil tornar-se heróiSó quem tentou sabe como dói
Vencer Satã só com orações
Ê andá pa Catarandá que Deus tudo vêÊ andá pa Catarandá que Deus tudo vê
Ê anda, ê hora, ê manda, ê mata, responderei não!
Dominus dominium juros alémTodos esses anos agnus sei que sou tambémMas ovelha negra me desgarreiO meu pastor não sabe que eu seiDa arma oculta na sua mão
Meu profano amor eu prefiro assimÀ nudez sem véus diante da Santa Inquisição
Ah, o tribunal não recordaráDos fugitivos de Shangri-Lá
O tempo vence toda a ilusão
Ê andá pa Catarandá que Deus tudo vêÊ andá pa Catarandá que Deus tudo vêÊ anda, ê hora, ê manda, ê mata, responderei não!
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Ladeira da PreguiçaGilberto GilElis – 1973
Essa ladeira Que ladeira é essa? Essa é a Ladeira da Preguiça
Preguiça que eu tive sempre De escrever para a família E de mandar contar pra casa Que esse mundo é uma maravilha E pra saber se a menina já conta as estrelas E sabe a segunda cartilha E pra saber se o menino já canta cantigas E já não bota mais a mão na barguilha E pra falar do mundo, falar uma besteira Formenteira é uma ilha Onde se chega de barco, mãe
Que nem lá Na Ilha do Medo Que nem lá Na Ilha do Frade Que nem lá Na Ilha de Maré Que nem lá Salina das Margaridas
Essa ladeira Que ladeira é essa? Essa é a Ladeira da Preguiça
Ela não é de hoje Ela é desde quando Se amarrava cachorro com linguiça
Folhas secasNélson Cavaquinho/Guilherme de BritoElis – 1973
Quando eu piso em folhas secasCaídas de uma mangueiraPenso na minha escolaE nos poetas da minha Estação Primeira
Não sei quantas vezesSubi o morro cantandoSempre o sol me queimandoE assim vou me acabando
Quando o tempo avisarQue eu não posso mais sambarSei que vou sentir saudadeAo lado do meu violãoDa minha mocidade
Quando eu piso em folhas secasCaídas de uma mangueiraPenso na minha escolaE nos poetas da minha Estação Primeira
Não sei quantas vezesSubi o morro cantandoSempre o sol me queimandoE assim vou me acabandoE assim vou me acabandoE assim vou me acabando
ComadreJoão Bosco/Aldir Blanc
Elis – 1973
Em tudo o que me acontecerO dedo da comadre tá
Na corda quando escurecerAnágua da comadre lá
Branco de doerMe convidando a imaginar
Se o vento baterA ginga que a comadre dá
E a ginga da comadre táEm tudo que me acontecer
No copo que eu me embriagar
Se relampejarSe eu adoecer
Se a febre aumentarA comadre vem
Na palha que eu adormecerNas águas em que eu me lavar
E na pitanga que eu morderNa arapuca que eu armar
Onde eu me esconderEm tudo quanto eu pude olhar
No que ouvi dizerA ginga da comadre tá
No samba que eu me excederNo doce que eu me lambuzar
Na hora que eu endoidecer
Se o sangue espirrarSe a ferida arderSe a boca chuparA comadre vem
É com esse que eu vouPedro CaetanoElis – 1973
É com esse que eu vouSambar até cair no chãoÉ com esse que eu vouDesabafar na multidãoSe ninguém se animarEu vou quebrar meu tamborimMas se a turma gostarVai ser pra mim
Eu quero verO ronca ronca da cuícaGente pobre, gente ricaDeputado, senador
Quebra, quebraQuero ver uma cabrocha boaNo piano da patroaBatucandoÉ com esse que eu vou
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Conversando no barMilton Nascimento/Fernando Brant
Elis – 1974Saudade do Brasil – 1980
Lá vinha o bonde no sobe e desce ladeira
E o motorneiro parava a orquestra um minuto
Para me contar casos da campanha da Itália
E de um tiro que ele não levou
Levei um susto imenso nas asas da Pan Air
Descobri que as coisas mudam
E que o mundo é pequeno nas asas da Pan Air
E lá vai menino xingando padre e pedra
E lá vai menino lambendo podre delícia
E lá vai menino senhor de todo fruto
Sem nenhum pecado, sem pavor
O medo em minha vida nasceu muito depois
Descobri que a minha arma
É o que a memória guarda dos tempos da Pan Air
Nada existe que não se esqueça
Alguém insiste e fala ao coração
Tudo de triste existe que não se esquece
Alguém insiste e fere o coração
Nada de novo existe neste planeta
Que não se fale aqui na mesa de bar
E aquela briga e aquela fome de bola
E aquele tango e aquela dama da noite
E aquela mancha e a fala oculta
Que no fundo do quintal morreu
Morri a cada dia dos dias que vivi
Cerveja que tomo hoje
É apenas em memória dos tempos da Pan Air
A primeira Coca-Cola foi,
Me lembro bem agora, nas asas da Pan Air
A maior das maravilhas foi
Voando sobre o mundo nas asas da Pan Air
Em volta dessa mesa velhos e moços lembrando o que já foi
Em volta dessa mesa existem outras falando tão igual
Em volta dessas mesas existe a rua vivendo o seu normal
Em volta dessa rua uma cidade sonhando seus metais
Em volta da cidade...
Na batucada da vidaAry Barroso
Elis – 1974
No dia em que eu apareci no mundoJuntou uma porção de vagabundo
Da orgiaDe noite, teve samba e batucada
Que acabou de madrugadaEm grossa pancadaria
Depois do meu batismo de fumaçaMamei um litro e meio de cachaça
Bem puxadoE fui adormecer como um despacho
Deitadinha no capacho na porta dos enjeitados
Cresci olhando a vida sem malíciaQuando um cabo de polícia
Despertou meu coraçãoE como eu fui pra ele muito boa
Me soltou na rua à toaDesprezada como um cão
E hoje que eu sou mesmo da viradaE que eu não tenho nada, nada
E por Deus fui esquecidaIrei cada vez mais me esmulambando
Seguirei sempre cantandoNa batucada da vida
TravessiaMilton Nascimento/Fernando Brant
Elis – 1974
Quando você foi embora Fez-se noite em meu viver
Forte eu sou, mas não tem jeitoHoje eu tenho que chorarMinha casa não é minha E nem é meu este lugar
Estou só e não tem resistoMuito tenho pra falar
Solto a voz nas estradas, já não quero pararMeu caminho é de pedra, como posso sonhar?
Sonho feito de brisa vento vem terminarVou fechar o meu pranto, vou querer me matar
Vou seguindo pela vida Me esquecendo de você
Eu não quero mais a morteTenho muito que viver
Vou querer amar de novo E se não der não vou sofrer
Já não sonho, hoje façoCom meu braço o meu viver
Ponta de areiaMilton Nascimento/Fernando Brant
Elis – 1974Montreaux Jazz Festival – 1982
Ponta de areia, ponto finalDa Bahia à Minas, estrada natural
Que ligava Minas ao porto, ao marCaminho do ferro mandaram arrancar
Velho maquinista com seu bonéLembra o povo alegre que vinha cortejar
Maria Fumaça, não canta maisPara moças, flores, janelas e quintais
Na praça vazia, um grito um aiCasas esquecidas, viúvas nos portais
O mestre-salados mares
João Bosco/Aldir BlancElis – 1974
Luz das estrelas – 1984
Há muito tempo nas águas da GuanabaraO dragão do mar apareceu
Na figura de um bravo feiticeiroA quem a história não esqueceu
Conhecido como navegante negroTinha a dignidade de um mestre-sala
E ao acenar pelo mar, na alegria das regatasFoi saudado no porto pelas mocinhas francesas
Jovens polacas e por batalhões de mulatas
Rubras cascatasJorravam das costas dos santos
Entre cantos e chibatasInundando o coraçãoDo pessoal do porão
Que a exemplo do feiticeiro gritava, então:
Glória aos piratas, às mulatas, às sereias,Glória à farofa, à cachaça, às baleias,
Glória a todas as lutas inglóriasQue através da nossa história
Não esquecemos jamais.
Salve o navegante negroQue tem por monumentoAs pedras pisadas do cais
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Doisprá lá,
doisprá ca
João Bosco/Aldir BlancElis – 1974
Sentindo frio em minh'almaTe convidei pra dançarA tua voz me aca lmavaSão dois pra lá, dois pra cá
Meu coração traiçoeiroBat ia mais que o bongôTremia mais que as maracasDescompassado de amor
Minha cabeça rodandoRodava mais que os casaisO teu perfume gardêniaE não me pergunte mais
A tua mão no pescoçoAs tuas cos ta s mac i a sPor quanto tempo rondaramAs minhas noites vaz ias
No dedo um falso brilhanteBrincos igua is ao colarE a ponta de um torturanteBand-a id no ca lcanhar
Eu hoje me embriagandoDe whisky com guaranáOuvi tua voz sussurrandoSão dois pra lá, dois pra cá.
Maria RosaLupicínio Rodrigues/Alcides GonçalvesElis – 1974
Vocês estão vendo aquela mulher de cabelos brancosVestindo farrapos calçando tamancosPedindo nas portas pedaços de pão ?A conheci quando moça era um anjo de formosaSeu nome: Maria Rosa, seu sobrenome: Paixão
Os trapos de suas vestes não é só necessidadeCada um, para ela, representa uma saudadeOu de um vestido de baile, ou de um presente , talvezQue algum dos seus apaixonados lhe fez
Quis certo dia Maria por a fantasia de tempos passadosPor em sua galeria uns novos apaixonadosEsta mulher que outrora a tanta gente encantouNenhum olhar teve agora, nenhum sorriso encontrou
E então dos velhos vestidos que foram outrora sua predileçãoMandou fazer essa capa de recordaçãoVocês Marias de agora, amem somente uma vezPrá que mais tarde esta capa não sirva em vocês.
Caça à raposaJoão Bosco/Aldir BlancElis – 1974
O olhar dos cãesA mão nas rédeas E o verde da floresta
Dentes brancos, cães A trompa ao longe, o riso Os cães, a mão na testa
O olhar procura, antecipa A dor no coração vermelho Senhorita e seus anéis, corcéisE a dor no coração vermelho
O rebenque estala, um leque aponta: foi por lá
Um olhar de cãoAs mãos são pernas E o verde da floresta
Oh, manhã entre manhãs A trompa em cima, os cães Nenhuma fresta
O olhar se fecha, uma lembrança Afaga o coração vermelho Uma cabeleira sobre o feno Afoga o coração vermelho
Montarias freiam, dentes brancos: terminou
Línguas rubras dos amantes Sonhos sempre incandescentes Recomeçam desde instantes Que os julgamos mais ausentes
Ah! recomecar, recomecar Como canções e epidemiasAh! recomeçar como as colheitas Como a lua e a covardia Ah! recomeçar como a paixão e o fogo E o fogo, e o fogo...
O compositor me disseGilberto GilElis – 1974
Compositor me disse que eu cantasse distraidamente essa canção.Que eu cantasse como se o vento soprasse pela boca vindo do pulmão.E que eu ficasse ao lado pra escutar o vento, jogando as palavras pelo ar.
O compositor me disse que eu cantasse ligada no vento, sem ligar pras coisas que ele quis dizer.Que eu não pensasse em mim nem em você.Que eu cantasse distraidamente como bate o coração.
E que eu parasse aqui.
Assim..
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Só tinha de ser com vocêTom Jobim/Chico BuarqueElis & Tom – 1974
É... só eu sei quanto amor eu guardeiSem saber que era só pra você
É. Só tinha de ser com vocêhavia de ser prá vocêSenão era mais uma dorSenão não seria o amorAquele que o mundo não vêO amor que chegou para darO que ninguém deu pra você
É. Você que é feita de azulMe deixa morar nesse azulMe deixa encontrar minha pazVocê que é bonita demaisSe ao menos pudesse saberQue eu sempre fui só de vocêVocê sempre foi só de mim
ModinhaTom Jobim/Vinícius de Morais
Elis & Tom – 1974
NãoNão pode mais meu coração
Viver assim dilaceradoEscravizado a uma ilusão
Que é sóDesilusão
Ah, não seja a vida sempre assimComo um luar desesperado
A derramar melancolia em mimPoesia em mim
Vai, triste canção, sai do meu peitoE semeia a emoção
Que chora dentro do meu coraçãoCoração
TristeTom Jobim
Elis & Tom – 1974Luz das estrelas – 1984
Triste é viver na solidãoNa dor cruel de uma paixão
Triste é saber que ninguém pode Viver de ilusão
Que nunca vai serNunca vai dar
O sonhador tem que acordar
Tua beleza é um aviãoDemais pra um pobre coração
Que para pra te ver passar Só pra me maltratar
Triste é viver na solidão
Triste é viver na solidãoNa dor cruel de uma paixão
Triste é saber que ninguém pode Viver de ilusão
Que nunca vai serNunca vai dar
O sonhador tem que acordar.
CorcovadoTom Jobim
Elis & Tom – 1974Montreaux Jazz Festival – 1982
Um cantinho, um violãoEste amor, uma canção
Pra fazer feliz a quem se ama
Muita calma pra pensarE ter tempo pra sonhar
Da janela vê se o CorcovadoO Redentor, que lindo
Quero a vida sempre assimCom você perto de mim
Até o apagar da velha chama
E eu que era tristeDescrente desse mundo
Ao encontrar você eu conheciO que é felicidade, meu amor
Pois éTom Jobim/Chico BuarqueElis & Tom – 1974
Pois é... Fica o dito e o redito por não dito. E é difícil dizer que foi bonito. É inútil cantar o que perdi.
Taí.. Nosso mais-que-perfeito está desfeito. E o que me parecia tão direito. Caiu desse jeito sem perdão.
Então... Disfarçar minha dor eu não consigo. Dizer: – somos sempre bons amigos, é muita mentira para mim
Enfim... Hoje na solidão ainda custo a entender como o amor foi tão injusto pra quem só lhe foi dedicação.
Pois é... e então ...
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O que tinha de serTom Jobim/Vinícius de Morais
Elis & Tom – 1974
Porque foste na vida A última esperança
Encontrar-te me fez criança Porque já eras meu
Sem eu saber sequer Porque és o meu homem
E eu tua mulher
Porque tu me chegaste Sem me dizer que vinhas
E tuas mãos foram minhas com calma Porque foste em minh'alma
Como um amanhecer Porque foste o que tinha de ser
Retrato em branco e pretoTom Jobim/Chico BuarqueElis & Tom – 1974
Já conheço os passos dessa estrada,Sei que não vai dar em nada,Seus segredos sei de cor.Já conheço as pedras do caminhoE sei também que ali sozinhoEu vou ficar tanto pior,O que é que eu posso contra o encantoDesse amor que eu nego tanto, evito tantoE que no entanto volta sempre a enfeitiçarCom seus mesmos tristes velhos fatosQue num álbum de retratos eu teimo em colecionar.
Lá vou eu de novo como um tolo,Procurar o desconsoloQue cansei de conhecer.Novos dias tristes, noites claras,Versos, cartas,Minha cara, ainda volto a lhe escreverPra lhe dizer que isso é pecado,Eu trago o peito tão marcadoDe lembranças do passadoE você sabe a razão.Vou colecionar mais um soneto,Outro retrato em branco e pretoA maltratar meu coração.
Brigas nunca maisTom Jobim/Vinícius de MoraisElis & Tom – 1974
Chegou, sorriu,Venceu, depois chorou.Então fui euQuem consolou sua tristeza,Na certeza de que o amorTem dessas fazes más,Que é bom para fazer as pazes
Mas depois fui euQuem dela precisou,E ela então me socorreu.E o nosso amorMostrou que veio pra ficarMais uma vez, por toda a vida.Bom é mesmo amar em paz,Brigas, nunca mais
Por toda minha vidaTom Jobim/Vinícius de MoraisElis & Tom – 1974
Meu bem-amadoQuero fazer-te um juramento uma cançãoEu prometo, por toda a minha vidaSer somente tua e amar-te como nuncaNinguém jamais amou, ninguém
Meu bem-amadoEstrela pura aparecidaEu te amo e te proclamoO meu amorO meu amorMaior que tudo quanto existeOh, meu amor
55
Inútilpaisagem
Tom Jobim/Aloysio de OliveiraElis & Tom – 1974
Mas pra que?Pra que tanto céu?
Pra que tanto mar, pra que?De que serve esta onda que quebra e o vento da tarde?
De que serve a tarde?Inútil paisagem
Pode ser que nao venhas maisQue não voltes nunca mais
De que servem as flores que nascem pelos caminhosSe o meu caminho sozinho é nada?
FotografiaTom Jobim
Elis & Tom – 1974
Eu, você, nós doisAqui neste terraço à beira-mar
O sol já vai caindoE o seu olhar
Parece acompanhar a cor do mar
Você tem que ir emboraA tarde cai
Em cores se desfaz,Escureceu
O sol caiu no marE aquela luz
Lá em baixo se acendeu
Você e eu
Eu, você, nós doisSozinhos neste bar à meia-luzE uma grande lua saiu do mar
Parece que este bar já vai fechar
E há sempre uma cançãoPara contar
Aquela velha históriaDe um desejo
Que todas as cançõesTêm pra contar
E veio aquele beijoAquele beijoAquele beijo
Soneto deTom Jobim/Vinícius de MoraisElis & Tom – 1974
De repente do riso fez-se o pranto Silencioso e branco como a bruma E das bocas unidas fez-se a espuma E das mãos espalmadas fez-se o espanto
De repente da calma fez-se o vento Que dos olhos desfez a última chama E da paixão fez-se o pressentimento E do momento imóvel fez-se o drama
De repente, não mais que de repente Fez-se de triste o que se fez amante E de sozinho o que se fez contente
Fez-se do amigo próximo, distante Fez-se da vida uma aventura errante De repente, não mais que de repente
separação
Chovendo na roseiraTom Jobim
Elis & Tom – 1974
Olha, está chovendo na roseiraQue só dá rosa mas não cheira
A frescura das gotas úmidasQue é de Luísa
Que é de PaulinhoQue é de João
Que é de ninguém
Pétalas de rosa carregadas pelo ventoUm amor tão puro carregou meu pensamento
Olha, um tico-tico mora ao ladoE, passeando no molhado,
Adivinhou a primavera
Olha, que chuva boa, prazenteiraQue vem molhar minha roseira
Chuva boa, criadeiraQue molha a terraQue enche o rioQue limpa o céuQue traz o azul
Pétalas de rosa carregadas pelo ventoUm amor tão puro carregou meu pensamento
Olha, um tico-tico mora ao ladoE passeando no molhadoAdivinhou a primavera
Olha, o jasmineiro está floridoE o riachinho de água esperta
Se lança embaixo do rio de águas calmas
Ah… você é de ninguém
Cadeira vaziaLupicínio Rodrigues/Alcides GonçalvesLupiscinio Rodrigues na Interpretacao de: – 1974
E n t r a m e u a m o r f i c a a vo n t a d eE d i z c o m s i n c e r i d a d eO q u e d e s e j a s d e m i mEntra podes entrar a casa é tuaJá que cansaste de v iver na ruaE teus sonhos chegaram ao fim
Eu sofri demais quando partisteP a s s e i t a n t a s h o r a s t r i s t eQue nem devo lembrar esse diaMas de uma coisa podes ter certezaQue teu lugar aqui na minha mesaTua cade i r a a inda es t á vaz i a
Tu é s a f i l h a p r ó d i g a q u e vo l t aP r o c u r a n d o e m m i n h a p o r t aO q u e o m u n d o n ã o t e d e uE faz de conta que sou o teu paizinhoQue tanto tempo aqui fiquei sozinhoA e s p e r a r p o r u m c a r i n h o t e u
Voltaste, estás bem, estou contenteSó que me encontraste muito diferenteVo u t e f a l a r d e t o d o o c o r a ç ã oNão te dare i car inho nem afetoMas pra te abrigar podes ocupar meu tetoPrá te alimentar podes comer meu pão
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Alto da BronzePaulo Coelho/FoquinhaMúsica popular do sul – 1975
Alto da Bronze,Cabeça quebrada,Praça queridaSempre lembradaA praça 11 da molecadaPraça sem brancoDo rato branco e do futebolDa garotada endiabradaDas manhãs de solGuardo a eterna lembrançaDo tempo feliz em que eu era criançaDo tempo em que a vida eraDa minha infância a grande quimeraHoje eu, pobre profano,Me lembro de ti e dos meus desenganosÓ, meu Alto da Bronze dos meus oito anos
Boi barrosoFolcloreMúsica popular do sul – 1975
Eu mandei fazer um laço do couro do jacaréPra laçar o boi barroso, num cavalo pangaré
Meu Boi Barroso, meu Boi PitangaO teu lugar, ai, é lá na canga
Eu mandei fazer um laço do couro da jacutingaPra laçar o boi barroso, lá no alto da restinga
Meu Boi Barroso, meu Boi PitangaO teu lugar, ai, é lá na canga
Homens de pretoPaulo RuschelMúsica popular do sul – 1975
Os homens de preto trazendo a boiadaVêm rindo, cantando, dando gargalhadaDeus, Deus, Deus, Deus, Deus, você fez
Os homens de preto trazendo a boiadaVêm rindo, cantando, dando gargalhadaE o bicho coitado não pensa em nadaSó vai pela estrada direto a charqueadaDeus, Deus, Deus, Deus, Deus, você fez
Os homens de preto trazendo a boiadaVêm rindo, cantando, dando gargalhadaDeus, Deus, Deus, Deus, Deus, você fez
Os homens de preto trazendo a boiadaVêm rindo, cantando, dando gargalhadaE o bicho coitado não pensa em nadaSó vem pela estrada, vem, berrando, berrando,vem berrando
O gado coitado, nasceu, foi marcadoAí vai condenado na estrada berrandoA querência deixandoOs homens marvado empurrando e gritandoToca boi, toca boi
O gado coitado, nasceu foi marcadoAí vai condenado direto a charqueadaMas manda a poeira no rumo de DeusBerrando pra ele dizendo pra DeusDeus, Deus, Deus, Deus, Deus, você fezOs homens de preto, empurrando a boiadaVêm rindo, cantando, dando gargalhada
Deus, Deus, Deus, Deus, Deus, você fez
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Como nossos paisBelchior
Falso brilhante – 1976
Não quero lhe falar, meu grande amorDas coisas que aprendi nos discos
Quero lhe contar como eu viviE tudo o que aconteceu comigo
Viver é melhor que sonharE eu sei que o amor é uma coisa boaMas também sei que qualquer canto
É menor do que a vida de qualquer pessoa
Por isso cuidado, meu bem, há perigo na esquinaEles venceram e o sinal está fechado pra nós
Que somos jovens
Para abraçar seu irmão e beijar sua menina na ruaÉ que se fez o seu braço, o seu lábio e a sua voz
Você me pergunta pela minha paixãoDigo que estou encantado com uma nova invençãoEu vou ficar nesta cidade, não vou voltar pro sertão
Pois vejo vir vindo no vento o cheiro da nova nova estaçãoEu sei de tudo da ferida viva no meu coração
Já faz tempo eu vi você na ruaCabelo ao vento e gente jovem reunida
Na parede da memóriaEssa lembrança é o quadro que dói mais
Minha dor é perceberQue apesar de termos feito tudo que fizemos
Ainda somos os mesmos e vivemosComo nossos pais
Nossos ídolos ainda são os mesmosE as aparências não se enganam, não
Você diz que depois delesNão apareceu mais ninguém
Você pode até dizer que tou por foraOu então que tou inventando
Mas é você que ama o passado e que não vêÉ você que ama o passado e que não vê
Que o novo sempre vem
Hoje eu sei que quem deu me deu a idéiaDe uma nova consciência e juventude
Está em casa guardado por DeusContando o vil metal
Minha dor é perceberQue apesar de termos feito tudo tudo o que fizemos
Nós ainda somos os mesmos e vivemosAinda somos os mesmos e vivemos
Como os nossos pais
Velha roupa coloridaBelchiorFalso brilhante – 1976
Voce não sente, não vêMas eu não posso deixar de dizer, meu amigoQue uma nova mudança em breve vai acontecer
O que há algum tempo era novo e jovemHoje é antigoE precisamos todos rejuvenescer
Nunca mais seu pai falou "She's leaving home"E meteu o pé na estrada "Like a Rolling Stone..."Nunca mais você buscou sua meninaPara correr no seu carroLoucura, chiclete e som
Nunca mais você saiu a rua em grupo reunidoO dedo em VCabelo ao ventoAmor e florQue é do cartaz
No presente a mente, o corpo é diferenteE o passado é uma roupa que não nos serve mais
Como Poe, poeta louco americano,Eu pergunto ao passarinho blackbird, o que se faz?
E raven, never, raven, never, raven Blackbird me responde: "Tudo ja ficou pra trás"E raven, never, raven, never, ravenAssum preto me responde:"O passado, nunca mais!"
58
Los hermanosAtahualpa YupanquiFalso brilhante – 1976
Yo tengo tantos hermanosQue no los puedo contarEn el valle, la montañaEn la pampa y en el marCada cual con sus trabajosCon sus sueños cada cualCon la esperanza delanteCon los recuerdos detrásYo tengo tantos hermanosQue no los puedo contar
Gente de mano calientePor eso de la amistadCon un lloro pa' llorarloCon un rezo pa' rezarCon un horizonte abiertoQue siempre esta mas alláY esa fuerza pa' buscarloCon tesón y voluntadCuando parece mas cercaEs cuando se aleja masYo tengo tantos hermanosQue no los puedo contar
Y así seguimos andandoCurtidos de soledadNos perdemos por el mundoNos volvemos a encontrarY así nos reconocemosPor el lejano mirarPor las coplas que mordemosSemillas de inmensidad.Yo tengo tantos hermanosQue no los puedo contarY así seguimos andandoCurtidos de soledadY en nosotros nuestros muertosPa' que nadie quede atrásYo tengo tantos hermanosQue no los puedo contarY una hermana muy hermosaQue se llama libertad
Um por todos (Versão 1)João Bosco/Aldir Blanc
Falso brilhante – 1976
Do ventre chão da terra mãeNasce o herói improvisado
Querido filho pranteado da fortuna e do acaso
Avante! Um por todos e todos por um!Ficam, das lutas ao longe,Duas medalhas pregadas
Em peito de bronze
E as bandeirinhas e as rifasO foguetório e a fanfarraMeio velório, meio farra
O sentimento dos teus pares
Heróis dos escolares e das lavadeirasOh! Deus das mocas solteiras
Que rezam ao teu retrato sobre a penteadeira
Eu te conheçoSei preço da fama e nao esqueço
Que deitei em tua cama, em teu berçoEu sei teu preço
Eu te conheçoMeu oportuno herói
Eu lavo as mãosPôncio cônscio pilhado em flagrante
Lavo as mãos e prossigo adianteEu por mim mesma
Todos por mimMeu oportuno herói
Um por todos (Versão 2)João Bosco/Aldir Blanc
Do ventre chão da terra mãeNasce o beato improvisadoQuerido filho pranteado da fortuna e do acaso
Avante! Um por todos e todos por um!Ficam, das lutas de um homem,Bustos de bronze e históriasQue as horas consomem
E as bandeirinhas e as rifasO foguetório e a fanfarraMeio velório, meio farraO sentimento dos teus pares
Senhor dos escolares e das lavadeirasOh! Deus das moças solteirasQue rezam ao teu retrato sobre a penteadeira
Eu te conheçoSei preço da fama e nao esqueçoQue deitei em tua cama, em teu berçoEu sei teu preçoEu te conheçoMeu milagroso irmão
Eu lavo as mãosPôncio cônscio pilhado em flagranteLavo as mãos e prossigo adianteEu por mim mesmaTodos por mimMeu milagroso irmão
FascinaçãoF. D. Marchetti/M. de Feraudy/Vs. Armando LouzadaFalso brilhante – 1976Transversal do tempo – 1978
Quero ver o sol atrás do muroQuero um refúgio que seja seguroUma nuvem branca, sem pó nem fumaçaQuero um mundo feito sem porta, vidraça
Quero uma estrada que leve à verdadeQuero a floresta em lugar da cidadeUma estrela pura de ar respirávelQuero um lago limpo de água potável
Quero voar de mãos dadas com vocêGanhar o espaco em bolhas de sabãoEscorregar pelas cachoeirasPintar o mundo de arco-íris
Quero rodar nas asas do girassolFazer cristais com gotas de orvalhoCobrir de flores campos de açoBeijar de leve a face da lua
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QueroThomas RothFalso brilhante – 1976
Os sonhos mais lindos sonheiDe quimeras mil um castelos erguiE no teu olhar, tonto de emoçãoCom sofreguidão mil venturas vivi
O teu corpo é luz, seduçãoPoema divino cheio de esplendorTeu sorriso prendeMe enebria, entonteceÉs fascinação amor
Jardins da infânciaJoão Bosco/Aldir Blanc
Falso brilhante – 1976
É como um conto de fadasTem sempre uma bruxa pra apavorar
O dragão comendo genteA bela adormecida sem acordar
Tudo o que o mestre mandarE a cabra cega roda sem enxergar
E você se escondeuE você esqueceu
Pique-papos tem distânciaPés pisando em ovos, veja você
Um tal de pular fogueira,Pistolas, morteiros, vejam vocês
Pega malhação de judasE quebra-cabeças, vejam vocês
E você se escondeuE você não quis ver
Olha o bobo na berlindaOlha o pau no gato
Polícia e ladrãoTem carniça e palmatória bem no teu portão
Você vive o faz de contaDiz que é de mentira
Brinca até cair
Chicotinho tá queimando, mamãe posso ir
Pique-papos tem distânciaPés pisando em ovos, bruxa, dragão
Um tal de pular fogueiraE a cabra cega vai de roldão
Pega malhação de judasE um passarinho morto no chão
E você conheceuE você aprendeu
Gracias a la vidaVioleta ParraFalso brilhante – 1976
Gracias a la vida, que me ha dado tanto
Me dio dos luceros, que cuando los abro
Perfecto distingo lo negro del blanco
Y en el alto cielo su fondo estrellado
Y en las multitudes el hombre que yo amo
Gracias a la vida, que me ha dado tanto
Me ha dado el oído que, en todo su ancho
Graba noche y día grillos y canarios
Martillos, turbinas, ladridos, chubascos
Y la voz tan tierna de mi bien amado
Gracias a la vida, que me ha dado tanto
Me ha dado el sonido y el abecedario
Con él las palabras que pienso y declaro
"Madre,", "amigo," "hermano," y los alumbrando
La ruta del alma del que estoy amando
Gracias a la vida, que me ha dado tanto
Me ha dado la marcha de mis pies cansados
Con ellos anduve ciudades y charcos
Playas y desiertos, montañas y llanos
Y la casa tuya, tu calle y tu patio
Gracias a la vida que me ha dado tanto
Me dio el corazón, que agita su marco
Cuando miro el fruto del cerebro humano
Cuando miro al bueno tan lejos del malo
Cuando miro el fondo de tus ojos claros
Gracias a la vida que me ha dado tanto
Me ha dado la risa, y me ha dado el llanto
Así yo distingo dicha de quebranto
Los dos materiales que forman mi canto
Y el canto de ustedes que es el mismo canto
Y el canto de todos que es mi propio canto
60
O cavaleiro eos moinhos
João Bosco/Aldir BlancFalso brilhante – 1976
Acreditar na existência dourada do solMesmo que em plena bocaNos bata o açoite contínuo da noite
Arrebentar a corrente que envolve o amanhãDespertar as espadasVarrer as esfinges das encruzilhadas
Todo esse tempo foi igual a dormir num navioSem fazer movimentoMas tecendo o fio da água e do vento
Eu, baderneiro, me tornei cavaleiroMalandramente pelos caminhosMeu companheiro tá armado até os dentesJá não há mais moinhos como os de antigamente
TatuagemChico BuarqueFalso brilhante – 1976
Quero ficar no teu corpo feito tatuagemQue é pra te dar coragem pra seguir viagemQuando a noite vemE também pra me perpetuar em tua escravaQue você pega, esfrega, nega, mas não lava
Quero brincar no teu corpo feito bailarinaQue logo te alucina, salta e te iluminaQuando a noite vemE nos músculos exaustos do teu braço
Repousar frouxa, murcha, farta, morta de cansaço
Quero pesar feito cruz nas tuas costasQue te retalha em postas mas no fundo gostas
Quando a noite vemQuero ser a cicatriz risonha e corrosiva
Marcada a frio, a ferro e fogo em carne viva
Corações de mães, arpõesSereias e serpentes
Que te rabiscam o corpo todoMas não sentes...
ColagemClaudio LucciElis – 1977
Se você com muita calma usar sua raçaVai surpreender A surpresa para muitos é uma arma Pra se esconder
Se esconder não é tão bomPra viver, pra morrer
Se você lembrar que tudo é relativoVai compreenderMas a compreensão por vezes tão sensataVai lhe conter
Se conter não é tão bomPra viver, pra morrer
Se você tentar despir essa colagemVai se perderE a perda de si próprio é quase um passoPra conceder
Conceder não é tão bomPra viver, pra morrer, pra nascer
Somos homens sem lugarHomens velhos com raçaÀ espera de algum descuidoE com cuidado gozamos pazSomos homens bons demaisSufocados pelo malSó queremos acreditarQue isso tudo pode acabar
Vecchio novoClaudio Lucci/José Maria PereiraElis – 1977
Amor sem pé nem cabeçaQue vive dentro de nósExplode tão facilmenteE sem mais nos esquece só
Quantos e tantos presságiosQue, por instantes, nos fazSentir ser forte, molequeE estranhamente encarar
Um belo poema novoVecchio de tanto amorAmarVecchio em canto novoSempre aqui onde está
Ah, se eu pudesse abarcarA força da alma vadiaComo um costume lealEu até que não brincaria
Como um poema novoVecchio de tanto amorAmarVecchio em canto novoSempre aqui onde está
Amor sem pé nem cabeçaQue vive dentro de nósExplode tão SutilmenteE, maroto, nos deixa só
Qualquer diaIvan Lins/Vítor MartinsElis – 1977
Nessa calma sertanejaDe quem sabe o que farejaEu te encontro qualquer diaEu te encontro qualquer dia
Já conheço os teus rastrosJá comi no teu pratoJá bebi tua cervejaEu conheço o teu cheiroEu te encontro qualquer diaAh! Eu te encontro qualquer dia
Logo quem me julgava mortoMas esquecendo a qualquer custoVai morrer de medo e sustoQuando abrir a porta
61
CartomanteIvan Lins/Vítor MartinsElis – 1977Transversal do tempo – 1978
Nos dias de hoje é bom que se protejaOfereça a face pra quem quer que sejaNos dias de hoje esteja tranqüiloHaja o que houver pense nos seus filhos
Não ande nos bares, esqueça os amigosNão pare nas praças, não corra perigoNão fale do medo que temos da vidaNão ponha o dedo na nossa ferida
Nos dias de hoje não lhes dê motivoPorque na verdade eu te quero vivoTenha paciência, Deus está contigoDeus está conosco até o pescoço
Já está escrito, já está previstoPor todas as videntes, pelas cartomantesTá tudo nas cartas, em todas as estrelasNo jogo dos búzios e nas profecias
Cai o rei de EspadasCai o rei de OurosCai o rei de PausCai, não fica nada
CaxangáMilton Nascimento/Fernando BrantElis – 1977 (Com Milton)Trem azul – 1982
Sempre no coração, haja o que houverA fome de um dia poder moder a carne dessa mulher
Veja bem meu patrão como pode ser bomVocê trabalharia no sol e eu tomando banho de mar
Luto para viver, vivo para morrerEnquanto minha morte não vem eu vivo de brigar contra o rei
Em volta do fogo todo mundo abrindo o jogoConta o que tem pra contarCasos e desejos, coisas dessa vida e da outraMas nada de assustarQuem não é sincero sai da brincadeira correndoPois pode se queimar
Queimar!!!Saio do trabalho e... volto para casa e...Não lembro de canseira maiorEm tudo é o mesmo suor
Morro velhoMilton NascimentoElis – 1977
No sertão da minha terraFazenda é o camarada que ao chão se deuFez a obrigação com forçaParece até que tudo aquilo ali é seuSó poder sentar no morro e ver tudo verdinho, lindo a crescer
Orgulhoso camarada de viola em vez de enxada
Filho do branco e do pretoCorrendo pela estrada atrás de passarinhoPela plantação adentro, crescendo os dois meninosSempre pequeninosPeixe bom dá no riacho de água tão limpinha, dá pro fundo ver
Orgulhoso camarada conta histórias prá moçada
Filho do senhor vai emboraTempo de estudos na cidade grandeParte, tem os olhos tristesDeixando o companheiro na estação distanteNão esqueça, amigo, eu vou voltarSome longe o trenzinho ao deus-dará
Quando volta já é outroTrouxe até sinhá mocinha prá apresentarLinda como a luz da luaQue em lugar nenhum rebrilha como láJá tem nome de doutorE agora na fazenda é quem vai mandar
E seu velho camarada já não brinca mais, trabalha
62
RomariaRenato TeixeiraElis – 1977
É de sonho e de pó, o destino de um sóFeito eu perdido em pensamentosSobre o meu cavaloÉ de laço e de nó, de gibeira o jiló,Dessa vida cumprida a sol
Sou caipira, PiraporaNossa Senhora de AparecidaIlumina a mina escura e fundaO trem da minha vida
O meu pai foi peão, minha mãe solidãoMeus irmãos perderam-se na vidaEm busca de aventurasDescasei, joguei, investi, desistiSe há sorte eu não sei, nunca vi
Me disseram porém que eu viesse aquiPra pedir em romaria e precePaz nos desaventosComo eu não sei rezar, só queria mostrarMeu olhar, meu olhar, meu olhar
A dama do apocalipseNatan Marques/Crispin del CistiaElis – 1977
Branco por cima e o negro de um sorriso heróiTrancam-me a mente e eu nego o quanto a dor destróiRasgam-me o sonho e o mal me põe na vidaE a vida me faz sem medo
Nos diademas, pragas, anjos de neonNos holocaustos trompas, flexas, megatonsRasgam-me a terra e o fogo traz a vidaE a vida não traz segredo
Fecha-se o ar e o sol se negaNega-se o pão e a pazE o amor me cega
Sete rajadas correm, somemE uma mulherSe entrega e se impõe ardenteConstante, serpente, vulgar
Rasga-se o sonho e o corpo sente a dor crescerAbre-se a mente e o cego vê a luz nascerTrava-se a guerra e o fogo faz a vidaE a vida não tem segredo
Sentimental eu ficoRenato Teixeira
Elis – 1977
Sentimental eu ficoQuando pouso na mesa de um bar
Eu sou um lobo cansado carenteDe cerveja e velhos amigos
Na costura da minha vida mais um pontoNo arremate do sorriso mais um nóAqui pra nós cantar não tá pra peixe
Tem coisa transformando a água em pó
E apesar de estar no bar caçando amoresEu nego tudo e invento explicaçõesAmigo velho amar não me compete
Eu quero é destilar as emoções
Sentimental eu ficoQuando pouso na mesa de um bar
Eu sou um lobo cansado carenteDe cerveja e velhos amigos
E os projetos todos tolos combinadosPerecerão nas margens da manhã
Uma tontura solta na cabeçaUm olho em Deus e outro com satã
E quando o sol raiar desentendidoEu vou ferir a vista na manhã
E olharei pra quem vai pro trabalhoCom os olhos feito os olhos de uma rã
T r a n s v e r s a l d o t e m p oJoão Bosco/Aldir BlancElis – 1977
As coisas que eu sei de mim são pivetes da cidade. Pedem, insistem e eu me sinto pouco à vontade.Fechada dentro de um táxi, numa transversal do tempo. Acho que o amor é a ausência de engarrafamento.As coisas que eu sei de mim tentam vencer a distância. E é como se aguardassem feridas numa ambulância.As pobres coisas que eu sei podem morrer, mas espero. Como se houvesse um sinal sem sair do amarelo.
63
Sinal FechadoPaulinho da Viola
Transversal do tempo – 1978
– Olá, como vai?– Eu vou indo, e você, tudo bem?
– Tudo bem, eu vou indo correndoPegar meu lugar no futuro. E você?– Tudo bem, eu vou indo em buscaDe um sono tranqüilo, quem sabe?
– Quanto tempo…– Pois é, quanto tempo…
– Me perdoe a pressaÉ a alma dos nossos negócios.
– Oh! não tem de quêEu também só ando a cem
– Quando é que você telefona?Precisamos nos ver por aí
– Pra semana, prometo, talvez nos vejamos– Quem sabe?
– Quanto tempo…– Pois é, quanto tempo…
– Tanta coisa que eu tinha a dizerMas eu sumi na poeira das ruas– Eu também tenho algo a dizer
Mas me foge a lembrança– Por favor, telefone, eu preciso beber
Alguma coisa, rapidamente– Pra semana...
– O sinal...– Eu procuro você...
– Vai abrir...– Prometo, não esqueço– Por favor, não esqueça
– Adeus,– Não esqueço, adeus.
Deus lhe pagueChico BuarqueTransversal do tempo – 1978
Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir Por me deixar respirar, por me deixar existir Deus lhe pague
Pelo prazer de chorar e pelo "estamos aí" Pela piada no bar e o futebol pra aplaudir Um crime pra comentar e um samba pra distrair Deus lhe pague
Por essa praia, essa saia, pelas mulheres daqui O amor malfeito depressa, fazer a barba e partir Pelo domingo que é lindo, novela, missa e gibi Deus lhe pague
Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir Pela fumaça, desgraça, que a gente tem que tossir Pelos andaimes, pingentes, que a gente tem que cair Deus lhe pague
Por mais um dia, agonia, pra suportar e assistir Pelo rangido dos dentes, pela cidade a zunir E pelo grito demente que nos ajuda a fugir Deus lhe pague
Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir E pelas moscar-bicheiras a nos beijar e cobrir E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir Deus lhe pague
João Bosco/Aldir BlancTransversal do tempo – 1978
Os boias-friasQuando tomam umas biritasEspantando a tristezaSonham com bife à cavalo, batata-fritaE a sobremesaÉ goiabada cascãoCom muito queijoDepois café, cigarroE um beijo de uma mulataChamada Leonor ou Dagmar
AmarO rádio de pilhaO fogão jacaréA marmitaO domingoO barOnde tantos iguaisSe reúnem contando mentirasPra poder suportar
Ai, são pais-de-santo, paus-de-araras são passistasSão flagelados, são pingentes, balconistasPalhaços, marcianos, canibais, lírios, piradosDançando, dormindo de olhos abertos à sombra da alegoriaDos faraós embalsamados
ConstruçãoChico BuarqueTransversal do tempo – 1978
Amou daquela vez como se fosse a últimaBeijou sua mulher como se fosse a últimaE cada filho seu como se fosse o únicoE atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquinaErgueu no patamar quatro paredes sólidasTijolo com tijolo num desenho mágicoSeus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábadoComeu feijão com arroz como se fosse um príncipeBebeu e soluçou como se fosse um náufragoDançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbadoE flutuou no ar como se fosse um pássaroE se acabou no chão feito um pacote flácidoAgonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego
O rancho da goiabada64
BotoTom Jobim/JararacaTransversal do tempo – 1978
A praia de dentro tem areiaA praia de fora tem o marUm boto casado com sereiaNavega num rio pelo mar
O corpo dum bicho deu na praiaE a alma perdida quer voltarCaranguejo conversa com arraiaMarcando a viagem pelo ar
Ainda ontem vim de lá do PilarOntem vim de lá do PilarCom vontade de ir por aí
Na ilha deserta o sol desmaiaDo alto do morro vê-se o marPapagaio discute com JandaiaSe o homem foi feito pra voar
Inhambu cantou lá na florestaE o velho Jereba fêz-se ao arSapo querendo entrar na festaViola pesada pra voar
Ainda ontem vim de lá do PilarOntem vim de lá do PilarCom vontade de ir por aí
Camiranga, urubu, mestre do ventoUrubu caçador, mestre do arUrutau cantando num lamentoPra lua redonda navegar
Cão sem donoSueli Costa/Paulo César Pinheiro
Transversal do tempo – 1978
É nas noites que eu passo sem sonoEntre o copo, a vitrola e a fumaça
Que ergo a torre do meu abandonoE que caio em desgraça
É nas horas em que a noite faz frioE a lembrança ao castigo me arrasta
Solidão é o carrasco sombrioE a saudade a vergasta
Se eu cantar a alegria sai falsaSe eu calar a tristeza começaE eu prefiro dançar uma valsa
Que ouvir uma peça
E eu recuo, eu prossigo e eu me ajeitoEu me omito, eu me envolvo e eu me abalo
Eu me irrito, eu odeio, eu exitoEu reflito e me calo
Saudosa malocaAdoniran BarbosaTransversal do tempo – 1978
Se o sinhô não tá lembrado, dá licença de contar.Ali onde agora está este adifício arto, era uma casa véia, um palacete assobradado.Foi aqui seu moço, que eu, Mato Grosso e o Joca, construimo nossa maloca.Mais um dia – nóis nem pode se alembrá – veio os home co’as ferramenta e o dono mandô derrubá.
Peguemos todas nossas coisa, e fumos pro meio da rua apreciá a demolição.Que tristeza que nóis sentia. Cada táuba que caía doía no coração.
Matogrosso quis gritar, mas por cima eu falei: – Os home tá co'a razão. Nóis arranja outro lugar.
Só se conformemo quando o Joca falou: – Deus dá o frio conforme o cobertor.E hoje nóis pega paia nas grama do jardim. E pra esquecer nóis cantemos assim:
– Saudosa maloca... maloca querida! Dim dim donde nóis passemo os dias feliz da nossa vida.
Querelas do BrasilMaurício Tapajós/Aldir BlancTransversal do tempo – 1978
O Brazil não conhece o BrasilO Brasil nunca foi ao Brazil
Tapi, jabuti, iliana, alamandra, alialaúdePiau, ururau, aquiataúdePiau, carioca, moreca, meganhaJobim akarare e jobim açuOh, oh, oh
Pererê, camará, gororó, olererêPiriri, ratatá, karatê, olará
O Brazil não merece o BrasilO Brazil tá matando o Brasil
Gereba, saci, caandra, desmunhas, ariranha, aranhaSertões, guimarães, bachianas, águasE marionaíma, ariraribóiaNa aura das mãos do jobim açuOh, oh, oh
Gererê, sarará, cururu, olerêRatatá, bafafá, sururu, olará
Do Brasil S.O.S. ao Brasil
Tinhorão, urutú, sucuriO Jobim, sabiá, bem-te-viCabuçu, cordovil, Caxambi, olerêMadureira, Olaria e Bangu, olaráCascadura, Água Santa, Pari, olerêIpanema e Nova Iguaçu, olará
Do Brasil S.O.S. ao BrasilDo Brasil S.O.S. ao Brasil
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Meio-termoLourenço Baeta/CacasoTransversal do tempo – 1978
Ah! como eu tenho me enganado...Como tenho me matado por ter demais confiado nas evidências do amor.
Como tenho andado certo... como tenho andado errado...Por seu carinho inseguro... por meu caminho deserto...
Como tenho me encontrado... como tenho descobertoa sombra leve da morte passando sempre por perto.
E o sentimento mais breve rola no ar e descreve a eterna cicatriz.Mais uma vez... mais de uma vez...Quase que fui feliz.
A barra do amor é que ele é meio êrmo.A barra da morte é que ela não tem meio-termo.
CorposIvan Lins/Vítor MartinsTransversal do tempo – 1978
Existem mais mundos, ou altos ou fundos, entre eu e você.Existem mais corpos, ou vivos ou mortos, entre eu e você.
Procure saber... procure em você... procure em mim.Procure em todos... na lama, no lodo, na febre, no fogo.
Existem mais mundos, ou altos ou fundos, entre eu e você.Existem mais corpos, ou vivos ou mortos, entre eu e você.
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Noves foraFagner/BelchiorElis especial – 1979
Meu Deus!O que é que eu faço?Tua beleza tá me carregando pelo braço
Da laranja eu quero um gomoDo limão quero um pedaçoE da menina mais bonitaEu quero um beijo e um abraço
É tudo ou nadaNoves fora nadaÉ tudo ou nadaNoves fora nada
Ja rezei até pro meu santoNa terra CanindéQue me dê amor bem grandeQue pequeno não dá pé
É tudo ou nadaNoves fora nadaÉ tudo ou nadaNoves fora nada
A tua falta somadaA minha vida tão diminuidaCom esta dor multiplicadaPelo fator despedida
Deixou minha alma muito divididaEm frações tão desiguaisE desde a horaEm que você foi emboraSou um zero e nada mais
Um, dois, trêsEne infinitoDo meu lado esquerdoÉ você que é demais
João Bosco/Aldir BlancElis especial – 1979
Vivia entre bordadosPensativa Violeta
A branca adolescenteDe raro encanto e mão frias
Mão fria, coração quenteQuem te botou quebranto
Vivia triste no cantoPassando as contas do terço
São José tirando a barbaMe lembra alguém que eu conheço
Um dia um menino cegoTocou Violeta e viu
E depois o surdo ouviuChagas sumiram, curou-se o coxo
Por obra e graçaDe santa Violeta de Belfort Roxo
E, milagre dos milagresSem jamais haver provado
O leito nupcialVioleta deu à luz
Um bebê de vitral, em meio ao "É hoje só"Da terça de carnaval
O alentado rebentoVai se chamar Juvenal
Por sinal o mesmo nomeDe um sargento do local
Ou bola ou búlicaJoão Bosco/Aldir BlancElis especial – 1979
É tanto nem se discute no meio, tou meia tantã, lélé.Mas ninguém fica pra sempre na frente de "vejo amanhã" pois é.Barba, cabelo, bigode, na marra você me arrancou, mas quemtem cabelinho na venta, não senta, não vai nesse andor, morou?
Chega, já foi tempo do "tá louca"Chega, dá o fora que eu tou nas bocasChega, eu nunca mais dormi de toucaChega eu nunca mais, nunca mais
Selo, carimbo, estampilha no centro da cuca eu levei, calei.Mas sou marraio no jogo, no tronco ferido eu sou rei, falei.Tempo há pro tabibitati sotaque só falta engasgar, porqueé bola ou búlica, é fogo esse jogo, não dá pra enganar, nêga.
Dá o fora sua louca.Eu nunca mais vou dormir de touca.
CredoMilton Nascimento/Fernando BrantElis especial – 1979
Caminhando pela noite de nossa cidadeAcendendo a esperança e apagando a escuridãoVamos, caminhando pelas ruas de nossa cidadeViver derramando a juventude pelos corações
Tenha fé no nosso povo que ele resiste
Tenha fé no nosso povo que ele insisteE acorda novo, forte, alegre, cheio de paixãoVamos, caminhando de mãos dadas com a alma novaViver semeando a liberdade em cada coração
Tenha fé no nosso povo que ele acorda Tenha fé em nosso povo que ele assusta
Caminhando e vivendo com a alma abertaAquecidos pelo sol que vem depois do temporalVamos, companheiros pelas ruas de nossa cidadeCantar semeando um sonho que vai ter de ser real
Caminhemos pela noite com a esperançaCaminhemos pela noite com a juventude
Dinorah, DinorahIvan Lins/Vítor MartinsElis especial – 1979
Quando a turma reunia alguém sempre pediaAh, Dinorah, DinorahE o malandro descrevia e logo já se viaÉ, Dinorah, DinorahE até que ela chegasse a um motel de classeUi, Dinorah, DinorahDava um frio na barriga e pé pra muita brigaUi, Dinorah, Dinorah
E nos espelhos ela se despeDança nos olhos uma chacreteE o pessoal na pior: repete!
Mas o verdadeiro fato está dentro do quartoUi, Dinorah, DinorahEle abre o seu armário e vê no calendárioÉ, Dinorah, DinorahE se abraça em frente a ela, o terno, o corpo delaUi, Dinorah, DinorahDesenhando na lapela a boca, o beijo delaAh, Dinorah, Dinorah
Violeta de Belford Roxo
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Joana francesaChico BuarqueElis especial – 1979
Tu ris, tu mens tropTu pleures, tu meurs tropTu as le tropiqueDans le sang et sur la peau
Geme de loucura e de torporJá é madrugadaAcorda, acorda, acorda, acorda, acorda
Mata-me de rirFala-me de amorSonges et mensongesSei de longe e sei de cor
Geme de prazer e de pavorJá é madrugadaAcorda, acorda, acorda, acorda, acorda
Vem molhar meu coloVou te consolarVem, mulato moleDance dans mes brasVem, moleque me dizerOnde é que estáTon soleil, ta braise
Quem me enfeitiçouO mar, marée, bateauTu as le parfumDe la cachaça e de suor
Geme de preguiça e de calorJá é madrugadaAcorda, acorda, acorda, acorda, acordaAcorda, acorda, acorda, acorda, acorda
Bodas de prataJoão Bosco/Aldir Blanc
Elis especial – 1979Luz das estrelas – 1984
Você fica deitada de olhos arregaladosOu andando no escuro de peignoir
Não adiantou nadaCortar os cabelos e jogar no mar
Não adiantou nada o banho de ervasNão adiantou nada o nome da outra
No pano vermelho pro anjo das trevasEle vai voltar tarde cheirando à cerveja
Se atirar de sapatos na cama vaziaE dormir na hora mormurando: "Dora"
Mas você é MariaVocê fica deitada com medo do escuro
Ouvindo bater no ouvidoO coração descompassado
É o tempo, Maria, te comendo feito traçaNum vestido de noivado
EntrudoCarlos LyraElis especial – 1979
Vem, oh minha amadaDesce a estrada de rainhaNum passo de rancho corre o mantoNo medo e espanto morre minha alegria
Vem, oh, fantasiaArrasta a saia, rasga o diaMeu passo é o compasso na avenidaTeu riso que dança, trança, triste e sofrido
Se meu abandonoEm cinzas frias amanheceMas o sangue não se cansaNão se esquece de chamar
E eu abro alas, jogo lançasSerpentinas de cores feridasE rompo estandartes na avenida em dorSem céu, sem luz, sem sol, sem cor
Mas vem, ou tudo ou nadaMeu entrudo, minha esperaMeus campos de guerra, vem amadaDe tanto que eu chamo, canto, peço e preciso
BonitaTom Jobim/Gene Lees/Ray Gilbert
Elis especial – 1979
What can I say to you Bonita What magic words would capture you Like a soft evasive mist you are Bonita
You fly away when love is new What do you ask of me Bonita
What part do you want me to play Shall I be the clown for you Bonita
I will be anything you say Bonita
Don't run away Bonita Bonita
Don't be afraid to fall in love with me I love you
I tell you I love you,Bonita
If you love me Life will be beautiful
Bonita, Bonita
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Valsa ranchoFrancis Hime/Chico Buarque
Elis especial – 1979
Valsa, ranchaMe faz esquecer
EsperarEm mil lágrimas
Mil lágrimasMil lágrimas
Valsa, ranchaMe faz responder
TransbordarEm mil lágrimas
Mil lágrimasMil lágrimas
Mil abraçosMil fracassosMeu delírio
Teus pedaçosTeu calorSeja feito
Teu desejoSeja um beijoSeja como for
Quantos braçosMil regaços
Mil e um noitesFaz um outra vez
Como se ainda fosseComo é doce
Como você fez
Me valsaMe ranchaMe fazMe deixaQue criançaQue esperançaQue prazerQue saudadeQue maldadePiedadeQue farturaQue loucuraQue cruel torturaNos carinhos teusMinha santa criaturaDiz que juraPela mãe de Deus
Valsa, ranchaMe faz desfazerDescansarDe mil lágrimasMil lágrimasMil lágrimas
Valsa ranchaMe faz duvidar DelirarPrometerDesatarResponderTransbordarDevolverMe acabarDevagarDesmaiarCom você
Deixa o mundo e o sol entrarMarcos Valle/Paulo Sérgio ValleElis especial – 1979
De repente, vejo bemEu sou alguém com medo de viverSou prisioneiro das coisas que eu ameiMas não tem sentido estar na vidaPreso a quem não quero mais
De outro lado está vocêNessas promessas vou, quase sem verQue esse amor aflito, guardado só pra nósDe tão grande já não dá no quartoPede o mundo e a luz do sol
Meu passado já morreuQuem veio dele, sei, vai me entenderQue o amor existe enquanto há paixãoSiga minha amiga pela vidaE que eu viva um novo amor
De outro lado estamos nósSem compromissos, vem, sem lar, sem leiSiga minha amante enquanto houver amorAbre as portas todas deste quartoDeixa o mundo e o sol entrar
Cai dentroBaden Powell/Paulo César PinheiroEssa mulher – 1979Montreaux Jazz Festival – 1982
Até que eu vou gostar Se de repente combina da gente se cruzar Ora, veja só, pois é, pode apostar Se você gosta de samba, encosta e ve se dá
VemPode chegar Que vai ter De balancear De bambolear E aqui no mocó Tem que dizer no gogóPois é, vem Tem que dar nó, vem Rebolar, remexer, requebrar, vem
Bota a baiana pra rodar De cima em baixo eu quero ver Não sossego o facho até acabar Diz que isso é com você
Quaquaquá-quará-quaquá
Tem nêgo querendo lhe gozar E logo prá cima de “moi”E é por isso que nao tem colher de chá... Não dou Nem vem na cola, que se entrar de sola vai dançar E é prá nunca mais você poder falarQue dá na bola porque na bola você não dá.Viu?
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João Bosco/Aldir BlancEssa mulher – 1979
Caía a tarde feito um viadutoE um bêbado trajando lutoMe lembrou CarlitosA lua, tal qual a dona de um bordelPedia a cada estrela friaUm brilho de aluguel
E nuvens, lá no mata-borrão do céuChupavam manchas torturadasQue sufoco!Louco!O bêbado com chapéu-cocoFazia irreverências milPra noite do Brasil
Meu BrasilQue sonha com a volta do irmão do HenfilCom tanta gente que partiuNum rabo de fogueteChora a nossa pátria, mãe gentilChoram Marias e ClaricesNo solo do Brasil
Mas sei que uma dor assim pungenteNão há de ser inutilmenteA esperançaDança na corda bamba de sombrinhaE em cada passo dessa linhaPode se machucarAzar!A esperança equilibristaSabe que o show de todo artistaTem que continuar
Essa mulherJoyce/Ana TerraEssa mulher – 1979
De manhã cedo essa senhora se conformaBota a mesa, tira o pó, lava a roupa, seca os olhosAh, como essa santa não se esqueceDe pedir pelas mulheres, pelos filhos, pelo pãoDepois sorri meio sem graçaE abraça aquele homem, aquele mundo que a faz assim feliz
De tardezinha essa menina se namoraSe enfeita, se decora, sabe tudo, não faz malAh, como essa coisa é tão bonitaSer cantora, ser artista, isso tudo é muito bomE chora tanto de prazer e de agoniaDe algum dia, qualquer dia, entender de ser feliz
De madrugada essa mulher faz tanto estragoTira a roupa, faz a cama, vira a mesa, seca o barAh, como essa louca se esquece Quanto os homens enlouquece nessa boca, nesse chãoDepois parece que acha graçaE agradece ao destino aquilo tudo que a faz tão infeliz
Essa menina, essa mulher, essa senhoraEm quem esbarro a toda hora no espelho casualÉ feita de sombra e tanta luzDe tanta lama e tanta cruz que acha tudo natural
Basta de clamares inocênciaCartolaEssa mulher – 1979
Basta de clamares inocênciaEu sei todo o mal que a mim você fezVocê desconhece consciênciaSó deseja o mal a quem o bem te fez
Basta! Não ajoelhes, vá emboraSe estás arrempedidoVê se chora
Quando você partiuMe disse choraNão choreiCaprichosamente fui esquecendoQue te ameiHoje me encontras tão alegre e diferenteJesus não castiga um filho que está inocente
Basta não ajoelhes, vá embora Se estás arrependida Vê se chora
Beguine dodóiJoão Bosco/Aldir Blanc/Cláudio Tolomei
Essa mulher – 1979
Olha, meu bemO que restou daquele grande herói
Sem ter amor, enlouqueci e ando dodói
Como Tarzan depois da gripe,De emplastro sabiá
Tomando cana nos botequinsEu vou me acabar
Espremo cravos defronte ao espelhoLembrando você
Faço novena, tomo gemadaAh, não dá mais!
Julio Lousada que me socorraNessa aflição mortal
Maracujina já não resolveAo recordar
Meias fumê, ligas vermelhas e um olhar fatalMinha Dalila, volta depressa
Que o teu Sansão tá mal
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O bêbado e a equilibrista
Eu, heim, Rosa!João Nogueira/Paulo César PinheiroEssa mulher – 1979
Eu, hein, rosa!Se manca, segura essa banca de escrupulosaEu, hein, rosa!O meu jogo é na retranca, área muito perigosa
Você parece que nem lembra mais de tempos atrásA tua figura era vergonhosaEu me reparti querendo reconstituirA quem hoje me vira o rosto assimMas eu nem me abaloVocê vai cair do cavaloQuando precisar de mim
Eu, hein, rosa!Vem mansa porque a contradança é mais audaciosaEu, hein, rosa!Apela pra ignorancia é coisa indecorosa
Acho que estou é forçando demais as cordas vocaisVocê naõ merece um dedo de prosaE pra resumir, faço questão de conferirSe se quebra ou não um vaso ruimSaia no pinoteSenão vai ser de camaroteQue eu vou assistir seu fim
Altos e baixosSueli Costa/Aldir Blanc
Essa mulher – 1979
Foi, quem sabe, esse discoEsse risco de sombra em teus cílios
Foi ou não meu poema no chãoOu talvez nossos filhos
As sandálias de saltos tão altosO relógio batendo, o sol posto, o relógioAs sandálias, e eu bantendo em teu rosto
E a queda dos saltos tão altosSobre os nossos filhos
Com um raio de sangue no chãoDo risco em teus cílios
Foram discos demais, desculpas demaisJá vão tarde essas tardes e mais tuas aulas
Meu táxi, whisky, Dietil, DiempaxAh, mas há que se louvar entre altos e baixos
O amor quando traz tanta vida
Bolerodesatã
Guinga/Paulo César PinheiroEssa mulher – 1979
Você penetrou como o sol da manhãE em nós começou uma festa pagã
Você libertou em você a infernal cortezãE em mim despertou esse amorAtormentado e mal de Satã
Você me deixou como o fim da manhãE em mim começou esse angústia, esse afã
Você me plantou a paixão imortal e mal sãQue se enraizou e será meu maldito final amanhã
E agora me aperta a afliçãoDe chorar louca e só de manhã
É a seta do arco da noiteSangrando-me agora
São lágrimas, sangue, venenoCorrendo no meu coração
Formando-me dentro esse pântano de solidão
Tunai/Sérgio NaturezaEssa mulher – 1979Saudade do Brasil – 1980
As aparências enganam, aos que odeiam e aos que amamPorque o amor e o ódio se irmanam na fogueira das paixõesOs corações pegam fogo e depois não há nada que os apagueSe a combustão os persegue, as labaredas e as brasasSão o alimento, o veneno e o pão, o vinho seco, a recordaçãoDos tempos idos de comunhão, sonhos vividos de conviver
As aparências enganam, aos que odeiam e aos que amamPoque o amor e o ódio se irmanam na geleira das paixõesOs corações viram gelo e, depois, não há nada que os degeleSe a neve, cobrindo a pele, vai esfriando por dentro o serNão há mais forma de se aquecer, não há mais tempo de se esquentarNão há mais nada pra se fazer, senão chorar sob o cobertor
As aparências enganam, aos que gelam e aos que inflamamPorque o fogo e o gelo se irmanam no outono das paixõesOs corações cortam lenha e, depois, se preparam pra outro invernoMas o verão que os unira, ainda, vive e transpira aliNos corpos juntos na lareira, na reticente primaveraNo insistente perfume de alguma coisa chamada amor
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As aparências enganam
Pé sem cabeçaDanilo Caymmi/Ana TerraEssa mulher – 1979
Você me fez sofrerNinguém me faz sofrer assimO que era tanta belezaNum pé sem cabeça, você transformouMas você onde estáNão me viu, não será?Que teu sono vai ter pazSe meu rosto se acender, brilharSe teu olho te trair, não vai durarSeu porto seguro, seu lugar comumVocê navegando pra lugar nenhumQuem sabe de tudoNão sabe o seu fimMas eu não me quero fugindo daquiTambém não te deixo zombando de mimQuem sabe de tudo não sabe seu fim
RebentoGilberto GilElis – 1980Vento de maio – 1981Montreaux Jazz Festival – 1982
Rebento, substantivo abstratoO ato, a criação e o seu momentoComo uma estrela nova e o seu baratoQue só Deus sabe lá no firmamento
Rebento, tudo que nasce é rebentoTudo que brota, tudo que vinga, tudo que medraRebento raro, como flor na pedraRebento farto, como trigo ao vento
Outras vezes rebento simplesmenteNo presente do indicativoComo a corrente de uma cão furiosoCom as mãos de um lavrador ativo
Ás vezes mesmo perigosamenteComo acidente em forno radioativoÁs vezes só porque fico nervosa Eu Rebento Ou necessariamente só por que estou vivo
Rebento, a reação imediata A cada sensação de abatimento Eu Rebento, o coração dizendo bata A cada bofetão do sofrimento Eu Rebento, como um trovão dentro da mata E a imensidão do som desse momento
No céu da vibraçãoGilberto Gil1980
Os homens são mortaisTodos os animaisOs vegetais também o sãoComo seráNão ser assim?Não precisarO começo, o meio, o fimA encarnação, Deus?Como seráNão estar aqui nem láE tão somente andar ao léuNo céu da vibração?
Para os olhos, fez-se a corPara os ouvidos, o somPara os corações, o fogo do amorE para os puros, o que é bom
Só me resta agradecerE aguardar a ocasiãoDe tão somente andar ao léuNo céu da vibração
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O medo de amar é o medo de ser livreBeto Guedes/Fernando Brant
Elis – 1980Vento de maio – 1981
Trem azul – 1982
O medo de amar é o medo de ser Livre para o que der e vier
Livre para sempre estar onde o justo estiver
O medo de amar é o medo de ter De a todo momento escolher
Com acerto e precisão a melhor direção
O sol levantou mais cedo e quis Em nossa casa fechada entrar
Prá ficar
O medo de amar é não arriscar Esperando que façam por nós
O que é nosso dever: recusar o poder
O sol levantou mais cedo e cegou O medo nos olhos de quem foi ver
Tanta luz
Aprendendo a jogarGuilherme Arantes
Elis – 1980Vento de maio – 1981
Trem azul – 1982
Vivendo e aprendendo a jogarVivendo e aprendendo a jogar
Nem sempre ganhandoNem sempre perdendoMas, aprendendo a jogar
Água mole em pedra duraMas vale que dois voando
Se eu nascesse assim pra luaNão estaria trabalhando
Mas em casa de ferreiroQuem com ferro se fere é bobo
Cria a fama, deita na camaQuero ver o berreiro na hora do lobo
Quem tem amigo cachorroQuer sarna para se coçar
Boca fechada não entra besouroMacaco que muito pular quer dançar
Só Deus é quem sabeGuilherme ArantesElis – 1980Vento de maio – 1981
Não, não sei guardar ressentimetoEu hoje lembro com ternura cada momentoPromessas de nós dois naqueles diasO tempo transformou-as em palavras vazias
Ás vezes a paixão nos traiuÁs vezes foi a voz que mentiuMas nada disso importaO que vale é o que sorte escreveuSó Deus é quem sabe do amorEu não sei nada Só sei que a vida nos prepara cada ciladaE é inútil se tentar fugir da longa estrada
O trem azulLô Borges/Ronaldo BastosElis – 1980Vento de maio – 1981Trem azul – 1982
Coisas que a gente se esquece de dizerFrases que o vento tem as vezes me lembrarCoisas que ficaram muito tempo por dizerNa canção do vento não se cansam de voar
Você pega o trem azulO sol na cabeçaVocê pega o trem azulVocê na cabeçaO sol na cabeça
Sai dessaNatan Marques/Ana TerraElis – 1980Vento de maio – 1981Trem azul – 1982
Sonhei que existia uma avenidaSem entrada e sem saída pra gente comemorarToda hora, todo dia, toda vidaNa tristeza e na alegria, sem platéia e sem patrão
Hoje eu sonhei que cerveja sai da bicaNo banheiro não tem fila nem existe contramãoQue o trabalho é ali na nossa esquinaE depois do meio dia, nem polícia e nem ladrão
Sonhei, como faço todo diaComo você não sabia, meu senhor não levo a malA beleza, o amor, a fantasiaO que tece e o que desfia não se aprende no jornal
Hoje eu sonhei, mas não vou pedir desculpasE nem vou levar a culpa de ser povo e ser artistaSem essa, moço, por favor não crie climaSeu buraco é mais embaixo, nosso astral é mais em cima
Nova estaçãoLuiz Guedes/Thomas RothElis – 1980Vento de maio – 1981
Nova esperançaBate coraçãoRenascer cada dia com a luz da manhãDespertar sem medoEnganar a dorDisfarçar essa mágoa que anda solta no ar
Ter que acreditar no regresso da estaçãoComo o sol volta a brilhar, como as chuvas de verãoTer que acreditar só pra ter razãoDe sonhar mais uma vez
Nova esperançaBate coraçãoRenascer cada dia com a luz da manhãSemear a terraCerto de colher da semente o frutoDepois descansar
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Vento de maioTelo Borges/Márcio Borges
Elis – 1980 (Com Lô Borges)Vento de maio – 1981 (Com Lô Borges)
Trem azul – 1982
Vento de raioRainha de maioEstrela cadente
Chegou de repente o fim da viagemAgora já não dá mais pra voltar atrás
Rainha de maio, valeu o teu piqueApenas para chover no meu piquenique
Assim meu sapato coberto de barroApenas pra não parar nem voltar atrás
Rainha de maio valeu a viagemAgora já não dá mais
Nisso eu escuto no rádio do carro a nossa canção(Vento solar e estrela do mar…)
Sol, girassol, e meus olhos ardendo de tanto cigarroE quase que eu me esqueci
Que o tempo não pára, nem vai esperar
Vento de maioRainha dos raios de sol
Vá no teu pique estrela cadente até nunca maisNão te maltrates nem tentes voltar o que não tem mais vez
Nem lembro teu nome nem seiEstrela qualquer lá no fundo do mar
Vento de maioRainha dos raios de sol
Rainha de maio, valeu o teu piqueApenas para chover no meu piquenique
Assim meu sapato coberto de barroApenas pra não parar nem voltar atrás
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Pra que que eu fui lembrar dos óio deleJabuticaba madura
Coração cabeça-duraTeima, bate até que fura
Desconjura e negaceiaFeito lobo em lua cheia
Na cadeia desse olhar
Que arrepia, esfria e me dáTaquicardia, falta de ar
É o coração que desde pro calcanhar de aquilesDoce suplício do amor
Faquires tiram partido da dor
Que bate, come e repinicaFeito fome de lumbriga
Na barriga da misériaCoração cabeça velha
Me virando do avessoInventei qualquer pretexto
Fui pedir para voltar
Cheguei no prédio, errei de andarNo elevador um gordo me dá
Um pisão no calo que me enxotou de láMancando
Sei que esse amor vai ficar sangrando No peito e no calcanhar de aquiles Doce suplício do amor Faquires tiram partido da dor Que dá lembrar dos olhos dele
Alô, alô marcianoAqui quem fala é da TerraPra variar, estamos em guerraVocê não imagina a loucuraO ser humano tá na maior fissura porqueTá cada vez mais down no high society!
Alô, alô marcianoA crise tá virando zonaCada um por si, todo mundo na lonaE lá se foi a mordomiaTem muito rei aí pedindo alforria porqueTá cada vez mais down no high society!
Alô, alô marcianoA coisa tá ficando ruça
Muita patrulha, muita bagunçaO muro começou a pichar
Tem sempre um aiatolá prá atolá,Aláh!Tá cada vez mais down no high society!
Maria, MariaÉ um dom, uma certa magia
Uma força que nos alertaUma mulher que merece viver e amar
Como outra qualquer do planeta
Maria, MariaÉ o som, é a cor, é o suorÉ a dose mais forte e lenta
De uma gente que ri quando deve chorarE não vive, apenas agüenta
Mas é preciso ter forçaÉ preciso ter raça
É preciso ter gana sempreQuem traz no corpo a marca
Maria, MariaMistura a dor e a alegria
Mas é preciso ter manhaÉ preciso ter graça
É preciso ter sonho sempreQuem traz na pele essa marca
Possui a estranha maniaDe ter fé na vida
Amigo é coisa pra se guardarDebaixo de 7 chavesDentro do coração
Assim falava a cançãoQue na América ouvi
Mas quem cantava chorouAo ver seu amigo partir
Mas quem ficou, no pensamento voouCom seu canto que o outro lembrouE quem voou, no pensamento ficou
Com a lembrança que o outro cantou
Amigo é coisa pra se guardarNo lado esquerdo do peito
Mesmo que o tempo e a distância digam nãoMesmo esquecendo a canção
O que importa é ouvirA voz que vem do coração
Pois seja o que vier, venha o que vierQualquer dia, amigo eu volto a te encontrar
Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar
Calcanharde Aquiles
Jean Garfunkel/Paulo GarfunkelElis – 1980
Vento de maio – 1981
MariaMariaMilton NascimentoSaudade do Brasil – 1980Trem azul – 1982Montreaux Jazz Festival – 1982
Alô alômarciano
Rita Lee/Roberto de CarvalhoSaudade do Brasil – 1980
Trem azul – 1982 Canção daAméricaMilton Nascimento/Fernando BrantSaudade do Brasil – 1980Trem azul – 1982
Sueli Costa/Abel SilvaSaudade do Brasil – 1980
Quero cantar pra vocêSegunda-feira de manhãPelo seu rádio de pilha tão docementeE te ajudar a encarar esse dia mais facilmente
Quero juntar minha voz matinalAos restos dos sons noturnosE aos cheiros domingueiros que ainda boiamNa casa e em você
Para que junto com o café e o pão se dêO milagre de ouvir latir o coraçãoOu quem sabe algum projeto, uma lembrançaUma saudade à toaVenha nascendo com o dia numa boa
E estar com você na primeira brasa do cigarroNo primeiro jorro da torneiraNos primeiros aprontos de um guerreiro de manhã
Para que saias com alguma alegria bem normalQue dure pelo menos até você comprar e lerO primeiro jornal
Juca ChavesSaudade do Brasil – 1980
Bossa Nova mesmo é ser PresidenteDesta terra descoberta por Cabral,Para tanto basta ser tão simplesmenteSimpático, risonho, original.Depois desfrutar da maravilhaDe ser o Presidente do Brasil,Voar da velha capta BrasíliaSer alvorada e voar de volta ao rei.
Voar, voar, voar,Voar, voar pra bem distanteA que versales onde duas mineirinhas valsinhasDançam como duas debutantes, interessante...Mandar parente a jato pro dentista,Almoçar com o tenista campeão,Também poder ser um grande artista exclusivistaTomando com Dilermando umas aulinhas de violão.Isto é viver como se aprova,É ser um Presidente Bossa Nova,Bossa Nova, muito nova, nova mesmo, ultranova.
Fátima GuedesSaudade do Brasil – 1980Montreaux Jazz Festival – 1982
Por engano, vingança ou cortesiaTava lá morto e posto, um desgarradoOnze tiros fizeram a avariaE o morto já tava conformado
Onze tiros e não sei porque tantosEsses tempos não tão pra ninhariaNão fosse a vez daquele um outro ia
Deus o livre morrer assassinadoPro seu santo não era um qualquer umTrês dias num terreno abandonadoOstentando onze fitas de Ogum
Quantas vezes se leu só nesta semanaEssa história contada assim por cimaA verdade não rimaA verdade não rimaA verdade não rima
Onze fitas
Agora táO primeiro jornal
Tunai/Sérgio NaturezaSaudade do Brasil – 1980
Montreaux Jazz Festival – 1982
Já que tá aíPela metade, mas tá
Melhor cuidar pra peteca não cairPra não deixar escapulir
Como água no ralo
Aquilo que já fez caloDoeu feito joanete
Castigou nosso cavaloCortou como canivete
Feriu, mexeu, mixou
Nunca comeu meladoVai lambuzar
Se vacilar pode cantar pra subirPorque não dá pra começar
Todo rolo de novo
Se o bolo fica sem ovoSe a massa não tem fermento
Se não cozinhar por dentroVai tudo por água abaixo
Eu acho, acho, acho que agora táQuase no ponto tá
No ponto de provarEu acho que agora tá
No ponto de solar
Acho que agora tápra lá de pronto táacho que agora táacho que agora tá
já que tá aí
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Presidentebossa nova
Jerônimo Jardim/Ivaldo RoqueSaudade do Brasil – 1980
Quando te prendo na cadeia dos abraçosE te torturo, e te sufoco em meus braços
E te fuzilo com os olhos do desejoTe mordendo no gosto do meu beijo
Quando te arranho, te lanho de ternuraVertendo sangue do teu corpo de malíciaQuando te xingo com palavras obcenas
Como jurasse as juras mais serenas
Quando me vingo dos males que me fazesCom frazes de maldade e veneno
Sinto, meu amor, que o amor é issoEssas coisas muito fora de juízo
MarambaiaHenricão/Rubens CamposSaudade do Brasil – 1980
Eu tenho uma casinha lá na MarambaiaFica na beira da praia só vendo que belezaTem uma trepadeira que na primaveraFica toda florescida de brincos de princesa
Quando chega o verão eu sento na varandaPego o meu violão e começo a cantarE o meu moreno fica sempre bem dispostoSenta ao meu lado e começa a cantar
Quando chega a tarde um bando de andorinhasVoa em revoada fazendo verãoE lá na mata o sabiá gorjeiaLinda melodia pra alegrar meu coraçãoÀs seis horas o sino da capelaToca as badaladas da Ave-MariaA lua nasce por detrás da serraAnunciando que acabou o dia
MeninoMilton Nascimento/Fernando Brant
Saudade do Brasil – 1980
Quem cala sobre teu corpoConsente na tua morte
Talhada a ferro e fogoNas profundezas do corteQue a bala riscou no peito
Quem cala morre contigoMais morto que estás agora
Relógio no chão da praçaBatendo, avisando a hora
Que a raiva traçou no tempo
No incêndio repetidoO brilho do teu cabelo
Quem grita vive contigo
Mundo novo
Luiz Gonzaga Jr.Saudade do Brasil – 1980
Vou buscar um mundo novo, vida novaE ver se dessa vez faço um final felizDeixar de lado aquela velha história
O verso usado, o canto antigo
Vou dizer adeusFazer de tudo e todos mera lembrança
Deixar de ser só esperançaE por minhas mãos lutando
Me superar
Vou rasgar no tempoO meu próprio caminho
E, assim, abrir meu peito ao ventoMe libertar
De ser somente aquilo que se esperaEm forma, jeito, luz e cor
E vou...
Vou pegar um mundo novo, vida novaVou buscar um mundo novo, vida nova
Vida nova
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Moda de sangue
Aos nossos filhosIvan Lins/Vítor Martins
Saudade do Brasil – 1980
Perdoem a cara amarradaPerdoem a falta de abraçoPerdoem a falta de espaço
Os dias eram assim
Perdoem por tantos perigosPerdoem a falta de abrigoPerdoem a falta de amigos
Os dias eram assim
Perdoem a falta de folhasPerdoem a falta de ar
Perdoem a falta de escolhaOs dias eram assim
E quando passarem a limpoE quando cortarem os laçosE quando soltarem os cintos
Façam a festa por mim
Quando lavarem a mágoaQuando lavarem a almaQuando lavarem a água
Lavem os olhos por mim
Quando brotarem as floresQuando crescerem as matasQuando colherem os frutos
Digam o gosto pra mim
SabiáTom Jobim/Chico BuarqueSaudade do Brasil – 1980
Vou voltarSei que ainda vou voltarPara o meu lugarFoi lá e é ainda láQue eu hei de ouvir cantarUma sabiáCantar uma sabiá
Vou voltar,Sei que ainda vou voltarVou deitar à sombra de uma palmeiraQue já não háColher a flor que já não dáE algum amor, talvez possa espantarAs noites que eu não queriaE anunciar o dia
Vou voltarSei que ainda vou voltarNão vai ser em vãoQue fiz tantos planos de me enganarComo fiz enganos de me encontrarComo fiz estradas de me perderFiz de tudo e nada de te esquecer
O pequeno exiladoRaul EllwangerRaul Ellwanger – 1980
Navegas, navegas, navegasLá do outro lado do oceanoNa palma da mão já carregaVinte m il léguas de sonhos
Seguingo teu pai que te levaA bordo dos teus nove anosPequeno exilado sem pátriaNavegas teu barco de enganos
Navegas teus olhos molhadosNa capital dos francesesCarregas teus olhos choradosContando dias e meses
Menino crescido sem terraTeu único plano primeiroÉ ver terminar tanta esperaÉ ser cidadão brasileiro
Guerreiro do bairro da GlóriaDoende do bairro FlorestaVem cá conhecer nossa históriaMalandros, calçadas e festas
Só quero te ver na cidadeCantando em bom PortuguêsCanções de gritar liberdadeDaquela que usa o Francês
Vou me embora vou me embora…
78
Luiz Gonzaga Jr.Saudade do Brasil – 1980
Como se fora brincadeira de roda memóriaJogo do trabalho na dança das mãos maciasO suor dos corpos na canção da vida históriaO suor da vida no calor de irmãos magiaComo um animal que sabe da floresta memóriaRedescobrir o sal que está na própria pele, maciaRedescobrir o doce no lamber das línguas maciasRedescobrir o gosto e o sabor da festa magiaVai o bicho homem fruto da semente memóriaRenascer da própria força, própria luz e fé memóriaEntender que tudo é nosso, sempre esteve em nós históriaSomos a semente, ato, mente e voz magiaNão tenha medo, meu menino bobo, memóriaTudo principia na própria pessoa belezaVai como a criança que não teme o tempo mistérioAmor se fazer é tão prazer que é como se fosse dor magiaComo se fora brincadeira de roda memóriaJogo do trabalho na dança das mãos maciasO suor dos corpos na canção da vida históriaO suor da vida no calor de irmãos magia
R e d e s c o b r i r
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O que foi feito devera (de Vera)Milton Nascimento/Fernando BrantClube da Esquina 2 – 1978 (Com Milton Nascimento)Saudade do Brasil – 1980Vento de maio – 1981 (Com Milton Nascimento)Trem azul – 1982
O que foi feito, amigo, de tudo que a gente sonhou?O que foi feito da vida, o que foi feito do amor?Quisera encontrarAaquele verso menino que escreviHá tantos anos atrás
Falo assim com saudade, falo assim por saberSe muito vale o já feito, mas vale o que seráMas vale o que seráE o que foi feito é preciso conhecerPara melhor prosseguir
Falo assim sem tristeza, falo por acreditarQue é cobrando o que fomos que nós iremos crescerNós iremos crescerOutros outubros virão, outras manhãsPlenas de sol e de luz
Alertem todos alarmas que o homem que eu era voltouA tribo toda reunida, ração dividida ao solDe nossa Vera CruzQuando o descanso era luta pelo pãoE aventura sem parar
Quando o cansaço era rio e rio qualquer dava péE a cabeça rodava num gira-girar de amorE até mesmo a féNão era cega nem nadaEra só núvem no céu e raiz
Hoje essa vida só cabe na palma da minha paixãoDevera nunca se acabe, abelha fazendo o seu melNo pranto que crieiNem vá dormir como pedraE esquecer o que foi feito de nós
Outro caisMarilton Borges/Duca LealOs Borges – 1980Vento de maio – 1981
Me atraiu o teu cantoRespirei o teu arTe arranquei do teu caisMe lancei no teu mar
Te cobri com meu mantoDescansei nessas ondasMisturamos nosso sangueJuntos fomos dançar
Na baixa do sapateiroAry BarrosoMontreaux Jazz Festival – 1982
Na Baixa do Sapateiro eu encontrei um diaO moreno mais folgado da BahiaPedi-lhe um beijo, não deuUm abraço, sorriuPedi-lhe a mão, não quis dar, fugiu
Bahia, terra da felicidadeMoreno, eu ando louca de saudadeMeu Senhor do BonfimArranje outro moreno igualzinho pra mim
Oh! amor, aiAmor bobagem que a gente não explica, ai aiProva um bocadinho, ôFica envenenado, ôE pro resto da vida é um tal de sofrerÔlará, ôlerê
Ô BahiaBahia que não me sai do pensamentoFaço o meu lamento, ôNa desesperança, ôDe encontrar nesse mundoUm amor que eu perdi na Bahia, vou contar
Ô BahiaBahia que não me sai do pensamento
Tiro ao álvaroAdoniran Barbosa/Oswaldo MolesAdoniran e convidados – 1980Vento de maio – 1981
De tanto levar frechada do teu olharMeu peito até parece, sabe o que? Táubua de tiro ao álvaro, não tem mais onde furar
Teu olhar mata mais do que bala de carabinaQue veneno estriquininaQue peixeira de baianoTeu olhar mata mais Que atropelamento de automóverMata mais que bala de revórver
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Se eu quiser falar com DeusGilberto Gil
Vento de maio – 1981Trem azul – 1982
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que ficar a sós
Tenho que apagar a luz
Tenho que calar a voz
Tenho que encontrar a paz
Tenho que folgar os nós dos sapatos
Da gravata
Dos desejos
Dos receios
Tenho que esquecer a data
Tenho que perder a conta
Tenho que ter mãos vazias
Ter a alma e o corpo nus
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que aceitar a dor
Tenho que comer o pão
Que o diabo amassou
Tenho que virar um cão
Tenho que lamber o chão dos palácios
Dos castelos suntuosos dos meus sonhos
Tenho que me ver tristonho
Tenho que me achar medonho
E apesar de um mal tamanho
Alegrar meu coração
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que me aventurar
Tenho que subir aos céus
Sem cordas pra segurar
Tenho que dizer adeus
Dar as costas
Caminhar decidido
Pela estrada que ao findar vai dar em nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Do que eu pensava encontrar
Cobra criadaJoão Bosco/Paulo EmílioMontreaux Jazz Festival – 1982
Suco de sururucuDiga lá jacu
Cutia comadrePosta de pirarucu
Diga lá cajuBarata cascuda
Gruta de veiúva negraCaranguejeiraSaúva coruja
Rastro de jararucuJararacoral
Piranha calungaDiaba de banda retrai
De carataíTraíra de dente de dáE cada dentada que dá
Cascudo caráPurús juruá
Mordida no maracujáDe cobra criada no marChocalha no cadê você
Sussurra no bote que dáCurare de cobra suga e sai
Picada de cobra amor não dói
A corujinhaToquinho/Vinícius de Morais
A arca de noé – 1980
Corujinha, corujinha Que peninha de você
Fica toda encolhidinha Sempre olhando não sei que
O teu canto de repente Faz a gente estremecer
Corujinha, pobrezinha Todo mundo que te vê
Diz assim, ah! coitadinha Que feinha que é você
Quando a noite vem chegando Chega o teu amanhecer
E se o sol vem despontando Vais voando te esconder
Hoje em dia andas vaidosa Orgulhosa com quê
Toda noite tua carinha Aparece na TV
Corujinha, corujinha Que feinha que é você!
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Garota de IpanemaTom Jobim/Vinícius de Morais/Vs. Ing. Norman GimbelMontreaux Jazz Festival – 1982
Olha, que coisa mais lindaMais cheia de graçaÉ ela, menina, que vem e que passaNum doce balanço, a caminho do marMoça do corpo douradoDo sol de IpanemaO seu balançadoÉ mais que um poemaÉ a coisa mais lindaQue eu já vi passar
Ah, por que estou tão sozinho?Ah, por que tudo é tão triste?Ah, a beleza que existeA beleza que não é só minhaQue também passa sozinha
Ah, se ela soubesse que quando ela passaO mundo inteirinho se enche de graçaE fica mais lindo por causa do amor
Girl from Ipanema
Tall and tan and young and lovelyThe girl from ipanema goes walkingAnd when she passes, each one she passes goes – ah
When she walks, she’s like a sambaThat swings so cool and sways so gentleThat when she passes, each one she passes goes – ooh
(ooh) but I watch her so sadlyHow can I tell her I love herYes I would give my heart gladly
But each day, when she walks to the seaShe looks straight ahead, not at me
Tall, (and) tan, (and) young, (and) lovelyThe girl from ipanema goes walkingAnd when she passes, I smile – but she doesn’t see (doesn’t see)(she just doesn’t see, she never sees me,...)
Asa brancaLuiz Gonzaga/Humberto Teixeira
Montreaux Jazz Festival – 1982
Quando olhei a terra ardendoQual fogueira de São João
Eu perguntei a meu Deus do CéuPorque tamanha judiação
Quando olhei a terra ardendoQual fogueira de São João
Entonce eu disse:“Adeus Rosinha,Guarda contigo meu coração”
Fé cega, faca amoladaMilton Nascimento/Ronaldo Bastos
Montreaux Jazz Festival – 1982
Agora eu não pergunto mais aonde vai a estrada Agora eu não espero mais aquela madrugada
Vai ser, vai ser, vai ter que ser, vai ser, faca amolada O brilho cego de paixão e fé, faca amolada
Deixar a sua luz brilhar e ser muito tranqüilo Deixar o seu amor crescer e ser muito tranqüilo
Brilhar, brilhar, acontecer, brilhar, faca amolada Um brilho cego de paixão e fé, faca amolada
Plantar o trigo e refazer o pão de cada dia Beber o vinho e renascer na luz de cada dia
A fé, a fé, paixão e fé, a fé, faca amolada O chão, o chão, o sal da terra o chão, faca amolada
Deixar a sua luz brilhar no pão de todo dia Deixar o seu amor crescer na luz de cada dia
Vai ser, vai ser, vai ter de ser, vai ser muito tranqÄilo Um brilho cego de paixão e fé, faca amolada
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Me deixas loucaArmando Manzanero/Vs. Paulo CoelhoTrem azul – 1982
Quando caminho pela rua lado a lado com vocêMe deixas loucaE quando escuto o som alegre do teu risoQue me dá tanta alegria, me deixas louca
Me deixas louca quando vejo mais um diaPouco a pouco entardecerE chega a hora de ir pro quarto escutarAs coisas lindas que começas a dizerMe deixas louca
Quando me pedes por favor que nossa lâmpada se apagueMe deixas loucaQuando transmites o calor de tuas mãosPro meu corpo que te esperaMe deixas louca
E quando sinto que teus braços se cruzaram em minhas costasDesaparecem as palavras, outros sons enchem o espaçoVocê me abraça, a noite passaE me deixas louca
Sinto os teus braços se cruzando em minhas costasDesaparecem as palavras, outros sons enchem o espaçoVocê me abraça, a noite passaE me deixas louca
Lança perfumeRita Lee/Roberto de CarvalhoTrem azul – 1982
Lança, lança perfumeLança, lança perfume
Lança meninaLança todo este perfumeDesbaratinaNão dá pra ficar imuneAo seu amorQue tem cheiro de coisa maluca
Vem cá meu bemMe descola uma carinhoEu sou nénémSó sossego com beijinhoE ve se me dáO prazer de ter prazer comigo
Me aqueçaMe vira de ponta cabeçaMe faz de gato e sapato eMe deixa de quatro no atoMe enche de amor , de amor
Lança, lança pefumeoh oh oh oh lança, lança perfumeLança perfume
MancadaGilberto Gil
Montreaux Jazz Festival – 1982
O dinheiro que eu lhe dei Pro tamborim Não vá gastar
Depois jogar a culpa em mim
O dinheiro que eu lhe dei Não é meu, não
É da escola Por favor, não mete a mão
Você lembra muito bem No outro carnaval
Você chorou porque não pôde desfilar A fantasia que eu mandei você comprar
Não ficou prontaPorque o dinheiro que eu lhe dei pra costurar
Você (hum, hum)...Eu nem vou dizer pra não lhe envergonhar
Samba dobradoDjavanMontreaux Jazz Festival – 1982
Vai ser pior ainda quando amanhecerTudo que se tem pra cantarNão pra embalar nem pra devolverO direito de escolherA música melhor para se dançar
Quem faz parte dessa cena pode rodarPra cumprir a mesma penaNão é preciso ensaiarTá combinadoBasta aprender a sambar dobrado
Valsa de EurídiceVinícius de MoraisTrem azul – 1982
Tantas vezes já partisteQue chego a desesperarChorei tanto, estou tão tristeQue já nem sei mais chorarOh, meu amado, não partaNão parta de mimOh, uma partida que não tem fimNão há nada que conforteA falta dos olhos teusPensa que a saudadePode matar-meAdeus
83
Imagino-te já idosa,
Frondosa toda a folhagem,
Multiplicada a ramagem
De agora.
Tendo tudo transcorrido,
Flores e frutos da imagem
Com que faço essa viagem
Pelo reino do teu nome,
Oh, Flora!
Imagino-te jaqueira
Prostrada à beira da estrada
Velha, forte, farta, bela
Senhora.
Pelo chão, muitos caroços,
Como que restos dos nossos
Próprios sonhos devorados
Pelo pássaro da aurora,
Oh, Flora!
Imagino-te futura,
Ainda mais linda, madura,
Pura no sabor de amor e
De amora.
Toda aquela luz acesa
Na doçura e na beleza,
Terei sono, com certeza,
Debaixo da tua sombra,
Oh, Flora!
84 Flora
Gilberto GilTrem azul – 1982
Aqui é o país do futebolMilton Nascimento/Fernando BrantTrem azul – 1982
Brasil está vazio na tarde de domingo, né?olha o sambão aqui é o país do futebol
No fundo desse paísAo longo das avenidasNos campos de terra e gramaBrasil só é futebolNestes noventa minutos De emoção e alegriaEsqueço a casa e o trabalhoA vida fica lá foraA fome fica lá foraDinheiro fica lá foraA cama fica lá foraFamília fica lá foraA vida fica lá foraE tudo fica lá fora...
(Texto de Fernando Faro)
“Agora o braço não é mais o braço erguido num grito de gol.Agora o braço é uma linha, um traço, um rastro espelhado e brilhante.E todas as figuras são assim...Desenhos de luz, agrupamentos de pontos de partículas.Um quadro de impulsos, um processamento de sinais.E assim – dizem – recontam a vida.Agora retiram de mim a cobertura da carne.Escorrem todo o sangue, afinam os ossos em fios luminosos.E aí estou, pelo salão, pelas casas, pelas cidades, parecida comigo.Um rascunho...Um forma nebulosa, feita de luz e sombra.Como uma estrela...
Agora eu sou uma estrela!”
Amante à moda antiga(trecho)
Roberto Carlos/Erasmo CarlosTrem azul – 1982
Eu sou aquele amante à moda antigaDio tipo que ainda manda flores
Apesar do velho tienis e da calça desbotadaAinda chamo de querida a namorada
A minha namorada…
Começar de novo (trecho)Ivan Lins/Vítor Martins
Trem azul – 1982
Começar de novoE contar comigoVai valer a penaTer amanhecidoTer me rebelado
Ter me consumidoTer me machucado
Ter sobrevivido
Menino do Rio (trecho)Caetano VelosoTrem azul – 1982
Menino do RioCalor que provoca arrepioDragão tatuado no espaço
Calção, corpo aberto no estpaçoCoração
De eterno flerteAdoro ver-teMenino vadio
Tesão flutuante do RioEu peço pra Deus proteger-te
85
Velho arvoredoHélio Delmiro/Paulo César PinheiroLuz das estrelas – 1984
Eu te esqueci muito cedoPelo tempo que passouTal como um velho arvoredoQue o vento não derrubou
Tronco mudado em rochedoPedra transformada em florE eu fui ficando sozinho no pó do caminhoMe desenganando, sofrendo e chorando
E mantendo em segredoEssa minha ilusãoQue me escapou de entre os dedosPra não sei que outras mãos
E eu me tornei o arremedoDe tudo aquilo que eu não souMas eu jamais retrocedoO que passou passou
Já superei, mas só eu seiO mesmo jamais eu sereiFeito a madeira o machado inclinandoEu por fora estou cicatrizando
E por dentro sangrando, afastado do medoMas sozinho, tal como o velho arvoredoQue não serve ao tempo nem ao lenhadorE o vento abandonou
Para Lennon& McCartneyLô Borges/Márcio Borges/Fernando BrantLuz das estrelas – 1984
Por que vocês não sabem do lixo ocidental?Não precisam mais temerNão precisam da solidãoTodo dia é dia de viver
Por que você não verá meu lado ocidental?Não precisa medo nãoNão precisa da timidezTodo dia é dia de viver
Eu sou da América do SulEu sei, vocês não vão saberMas agora sou cowboySou do ouro, eu sou vocêsSou do mundo, sou Minas Gerais
Por que vocês não sabem do lixo ocidental?Não precisam mais temerNão precisam da solidãoTodo dia é dia de viver
Eu sou da América do SulEu sei, vocês não vão saberMas agora sou cowboySou do ouro, eu sou vocêsSou do mundo, sou Minas Gerais
No dia em que euvim-me emboraCaetano Veloso/Gilberto GilLuz das estrelas – 1984
No dia em que eu vim-me emboraMinha mãe chorava em aiMinha irmã chorava em uiE eu nem olhava pra trás
No dia que eu vim-me emboraNão teve nada de mais
Mala de couro forradaCom pano forte, brim cáquiMinha vó já quase mortaMinha mãe até a portaMinha irmã até a ruaE até o porto meu pai
O qual não disse palavraDurante todo o caminhoE quando eu me vi sozinhoVi que não entendia nadaNem de pro que eu ia indoNem dos sonhos que eu sonhava
Senti apenas que a malaDe couro que eu carregavaEmbora estando forradaFedia, cheirava mal
Afora isto ia indo, atravessando, seguindoNem chorando nem sorrindoSozinho pra CapitalNem chorando nem sorrindo
Sozinho pra CapitalSozinho pra CapitalSozinho pra CapitalSozinho pra Capital
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A banca dodistintoBilly BlancoLuz das estrelas – 1984
Não fala com pobre,Não dá mão a preto,Não carrega embrulho.Para quê tanta posse doutor? Para que esse orgulho? A bruxa que é cega esbarra na gente,A vida estanca.O enfarte te pega Doutor ! Acaba essa banca !
A vaidade é assim,Põe o tonto no alto, retira a escada.Fica por perto, esperando sentada,Mais cedo ou mais tarde ele acaba no chão.
Mais alto o coqueiro maior é o tombo do cocoAfinal todo o mundo é igualQuando o tombo termina,Com terra por cima e na horizontal.
CorsárioJoão Bosco/Aldir BlancLuz das estrelas – 1984
Meu coração tropical está coberto de neveMas ferve em seu cofre gelado, a voz vibra e a mão escreve: MarBendita a lâmina grave que fere a paredeE traz as febres loucas e breves que mancham o silêncio e o cais
RoseiraisNova Granada de EspanhaPor você, eu, teu corsário presoVou partir a geleira azul da solidãoE buscar a mão do marMe arrastar até o marProcurar o mar
Mesmo que eu mande em garrafas mensagens por todo o marMeu coração tropical partirá esse gelo e iráCom as garrafas de náufragos e as rosas partindo o arNova Granada de Espanha e as rosas partindo o ar
Gol anuladoJoão Bosco/Aldir BlancLuz das estrelas – 1984
Quando você gritou: Mengo!No segundo gol do ZicoTirei sem pensar o cintoE bati até cansar
Três anos vivendo juntosE eu sempre disse contente:Minha preta é uma rainhaPorque não teme o batenteSe garante na cozinhaE ainda é Vasco doente
Daquele gol até hoje o meu radio está desligadoComo se radiasse o silencio de um amor terminadoEu aprendi que a alegria de quem está apaixonadoÉ como a falsa euforia de um gol anulado
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General da banda
José Alcides/Satiro de Melo/Tancredo Silva
Chegou general da banda ê êChegou general da banda ê aChegou general da banda ê êChegou general da banda ê aMourão, mourãoVara madura que não caiMourão, mourão, mourãoCatuca por baixo que ele vaiMourão, mourãoVara madura que não caiMourão, mourão, mourãoCatuca por baixo que ele vaiChegou general da banda ê êChegou general da banda ê aChegou general da banda ê êChegou general da banda ê a
Porto dos casaisJaime Lewgoy Lubianca
É sempre bom lembrar coisas passadasRever os lampiões, os ancestraisSingrando o Guaíba, apareceramOs velhos fundadores coloniais
Chegaram tão alegres, alegres por demaisFundaram este Porto dos CasaisÉ porto, Porto Alegre, antigo Dos CasaisSaudades dos tempos que não vêm mais
Lembre-seSergio Natureza/Tunai
Longe
Sombras desenhadas no horizonteCavalos cobertos de ouro e bronzeVassalos de um rei de não sei ondeCavaleiros estrangeirosA bandeira do invasor
Noite
E um tropel atravessa a fumaça
Tropas
Tropeçando num céu de fogo e prata
O mundo acabou de repenteQuando a manhã começavaA dor começou com o chicoteCom as esporas com as espadas
Terror
Das legiões das ambições e praças
Chagas
No seio de uma terra abençoada
O céu desabou de repenteQuando a gente levantavaO pó levantou sufocandoQuem vivia respirava
Passou
O tempo mas não apagou a marca
Marcou
Nos corações nas mentes e nas praças
Hoje
Na memória viva de uma raçaUm pavor latente e uma ameaçaE um canto maior que todo medoEspalhando amor por onde passa
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My FunnyVa l e n t i n e
Rodgers/Hart
My funny valentineSweet comic valentine
You make me smile with my heartYour looks are laughable
UnphotographableYet you’re my favourite work of art
Is your figure less than greekIs your mouth a little weak
When you open it to speakAre you smart?
But don’t change a hair for meNot if you care for meStay little valentine stay
Each day is valentine’s dayIs your figure less than greek
Is your mouth a little weakWhen you open it to speak
Are you smart?But don’t you change one hair for me
Not if you care for meStay little valentine stay
Each day is valentine’s day
Yes te rdayJohn Lennon/Paul McCartney
YesterdayAll my troubles seemed so far awayNow it looks as though they're here to stayOh, I believeIn yesterdaySuddenlyI'm not half the man I used to beThere's a shadow hanging over meOh, yesterdayCame suddenlyWhy sheHad to go I don't knowShe wouldn't sayI saidSomething wrong now I longFor yesterdayYesterdayLove was such an easy game to playNow I need a place to hide awayOh, I believeIn yesterdayWhy sheHad to go I don't knowShe wouldn't sayI saidSomething wrong now I longFor yesterdayYesterdayLove was such an easy game to playNow I need a place to hide awayOh, I believeIn yesterday
DindiTom Jobim/Aloysio de Oliveira/Ray Gilbert
Céu, tão grande é o céuE bandos de nuvens que passam ligeirasPrá onde elas vãoAh! eu não sei, não seiE o vento que fala nas folhasContando as históriasQue são de ninguémMas que são minhasE de você tambémAh! DindiSe soubesses do bem que eu te queroO mundo seria, Dindi, tudo, DindiLindo DindiAh! DindiSe um dia você for embora me leva contigo, DindiFica, Dindi, olha DindiE as águas deste rio aonde vão eu não seiA minha vida inteira esperei, espereiPor você, DindiQue é a coisa mais linda que existeVocê não existe, DindiOlha, DindiAdivinha, DindiDeixa, DindiQue eu te adore, Dindi... Dindi
89
Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de AtenasVivem pros seu maridos, orgulho e raça de AtenasQuando andas, se perfumamSe banham com leite, se arrumamSuas melenasQuando fustigadas não choramSe ajoelham, pedem, imploramMais duras penasCadenas
Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de AtenasSofrem pros seus maridos, poder e força de AtenasQuando eles embarcam, soldadosElas tecem longos bordadosMil quarentenasE quando eles voltam sedentosQuerem arrancar violentosCarícias plenasObscenas
Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de AtenasDespem-se pros maridos, bravos guerreiros de AtenasQuando eles se entopem de vinhoCostumam buscar o carinhoDe outras felenasMas no fim da noite, aos pedaçosQuase sempre voltam pros braçosDe suas pequenasHelenas
Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de AtenasGeram pros seus maridos os novos filhos de AtenasElas não têm gosto ou vontadeNem defeito nem qualidadeTêm medo apenasNão têm sonhos, só têm presságiosLindas sirenasMorenas
Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de AtenasTemem por seus maridos, heróis e amantes de AtenasAs jovens viúvas marcadasE as gestantes abandonadasNão fazem cenasVestem-se de negro, se encolhemSe conformam e se recolhemÀs suas novenasSerenas
Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de AtenasSecam por seus maridos, orgulho e raça de Atenas
90
Mulheresde Atenas
Chico Buarque
San VicenteMilton Nascimento/Fernando Brant
Coração americanoAcordei de um sonho estranhoUm gosto vidro e corteUm sabor de chocolateNo corpo e na cidadeUm sabor de vida e morteCoração americanoUm sabor de vidro e corte
A espera da fila imensaE o corpo negro se esqueceuEstava em San VicenteA cidade, suas luzesEstava em San VicenteAs mulheres e os homensCoração americanoUm sabor de vidro e corte
As horas não se contavamE o que era negro anoiteceuEnquanto se esperavaEu estava em San VicenteEnquanto aconteciaEu estava em San VicenteCoração americanoUm sabor de vidro e corte
Jesus CristoRoberto Carlos/Erasmo Carlos
Jesus Cristo, Jesus Cristo, Jesus Cristo eu estou aqui... (bis)
Olho pro céu e vejo uma nuvem branca que vai passandoOlho pra terra e vejo uma multidão que vai caminhandoComo essa nuvem branca essa gente não sabe aonde vai
Quem poderá dizer o caminho certo é você meu pai
Toda essa multidão tem no peito amor e procura a pazE apesar de tudo a esperança não se desfaz
Olhando a flor que nasce no chão daquele que tem amorOlho pro céu e sinto crescer a fé no meu Salvador
Em cada esquina eu vejo o olhar perdido de um irmãoEm busca do mesmo bem nessa direção caminhando vem
É meu desejo ver aumentando sempre essa procissãoPara que todos cantem com a mesma voz essa oração
Sá MarinaAntonio Adolfo/Tiberio Gaspar
Descendo a rua da ladeiraSó quem viu que pode contarCheirando a flor de laranjeira
Sá Marina vem pra cantarDe saia branca costumeira
Gira o sol que parou pra olharCom seu jeitinho tão faceira
Fez o povo inteiro cantar
Roda pela vida aforaE põe pra fora, essa alegria
Dança que amanhece o dia pra se cantarDança que essa gente aflita
Se agita e segue, no seu passoMostra toda essa poesia no olhar
Deixando os versos na partidaE só cantigas pra se cantarNaquela tarde de domingo
Fez o povo inteiro cantar
E fez o povo inteiro cantarE fez o povo inteiro cantarE fez o povo inteiro cantar
91
Índices
93
1, 2, 3, balançou 8
20 anos blue 46
A banca do distinto 87
A corujinha 81
A dama do apocalipse 63
A fia de Chico Brito 43
À noite 8
A noite do meu bem (La nuit de mon amour) 35
A time for love 37
A Virgem de Macareña (La Virgen de la Macareña) 7
A volta 37
Adeus amor 8
Agnus sei 50
Agora ninguém chora mais 16
Agora tá 76
Águas de março 48
Aleluia 21
Alô alô marciano 75
Alô saudade 9
Alô, alô, taí Carmen Miranda 46
Alto da Bronze 57
Altos e baixos 71
Amante à moda antiga 85
Amor até o fim 25
Amor demais 20
Amor em paz 16
Amor, amor (Love, love) 3
Andança 36
Aos nossos filhos 78
Aprendendo a jogar 73
Aquarela do Brasil 35
Aquele abraço 39
Aqui é o país do futebol 85
Arrastão 13
As aparências enganam 71
As coisas que eu gosto (My favorite things) 3
As curvas da estrada de Santos 40
Asa branca 82
Até aí morreu Neves 41
Atrás da porta 47
Aviso aos navegantes 44
Baby Face 3
Bala com bala 46
Basta de clamares inocência 70
Beguine dodói 70
Bicho do mato 41
Black is beautiful 44
Boa noite, amor 49
Boa palavra 27
Bocochê 16
Bodas de prata 68
Boi barroso 57
Bolero de satã 71
Bom tempo 32
Bonita 68
Boto 65
Brigas nunca mais 55
Cabaré 50
Caça à raposa 53
Cadeira vazia 56
Cai dentro 69
Cais 47
Calcanhar de Aquiles 75
Can't take my eyes off you 39
Canção da América 75
Canção de enganar despedida 6
Canção de não cantar 29
Canção do amanhecer 19
Canção do sal 28
Cantador 29
Canto de Ossanha 23
Canto triste 22
Cão sem dono 65
Carinhoso 28
Carta ao mar 33
Cartomante 61
Caso no campo 43
Caxangá 62
Chegança 20
Chovendo na roseira 56
Cinema Olympia 44
Cobra criada 81
Colagem 61
Comadre 51
Começar de novo 85
Como nossos pais 58
Comunicação 42
Confissão 6
Consolação/Berimbau/Tem dó 21
Construção 64
Conversando no bar 52
Copacabana velha de guerra 42
Corcovado 54
Corpos 66
Corrida de jangada 33
Corsário 87
Credo 67
Cruz de cinza, cruz de sal 30
Da cor do pecado 32
Dá sorte 2
Dá-me um beijo (Kiss me, kiss me) 5
De onde vens 32
Deixa 35
Deixa o mundo e o sol entrar 69
Dengosa 7
Deus lhe pague 64
Devagar com a louça 15
Dindi 89
Dinorah, Dinorah 67
Discussão 15
Índicegeral
94
Doente morena 49
Dois prá lá, dois prá cá 53
Domingo em Copacabana 10
Dor de Covelo 3
É com esse que eu vou 51
Ela 45
Ensaio geral 22
Entrudo 68
Essa mulher 70
Esse mundo é meu 19
Estatuinha 27
Estrada do sol 45
Eternidade 21
Eu só queria saber 17
Eu, heim, Rosa! 71
Fala-me de amor (Take me in your arms) 2
Falei e disse 44
Falsa Bahiana 17
Fascinação 59
Fé cega, faca amolada 82
Fechado pra balanço 41
Flertei 8
Flora 84
Folhas secas 51
Formiguinha triste 7
Formosa 15
Fotografia 56
Frevo 41
Garota de Ipanema (Girl from Ipanema) 82
Garoto último tipo (Puppy Love) 3
General da banda 88
Giro 36
Glden slumbers 43
Gol anulado 87
Gracias a la vida 60
Há uma história triste 10
Homens de preto 57
How insensitive (Insensatez) 38
Ih! Meu Deus do céu! 43
Imagem 29
Influência do jazz 15
Inútil paisagem 55
Irene 38
Jardins da infância 60
Jesus Cristo 91
Joana francesa 68
João valentão 20
Jogo de roda 22
Ladeira da preguiça 51
Lança perfume 83
Lapinha 31
Las secretárias 6
Lembre-se 88
Los hermanos 59
Louvação 24
Lunik 9 26
Madalena 44
Mancada 83
Manhã de amor 9
Mania de gostar 9
Manifesto 30
Marambaia 77
Marcha de quarta-feira de cinzas 30
Maria do Maranhão 20
Maria Maria 75
Maria Rosa 53
Mas que nada 16
Me deixa em paz 49
Me deixas louca 83
Meio de campo 50
Meio-termo 66
Memórias de Marta Saré 37
Menino 77
Menino das laranjas 14
Menino do Rio 85
Mesmo de mentira 3
Meu pequeno mundo de ilusão(My little corner of the world) 5
Meus olhos 10
Minha 38
Moda de sangue 77
Modinha 54
Morro velho 62
Mucuripe 46
Mulata assanhada 16
Mulheres de Atenas 90
Mundo de paz 11
Mundo deserto 45
Mundo novo vida nova 77
Murmúrio 2
My funny valentine 89
Na baixa do sapateiro 80
Na batucada da vida 52
Nada será como antes 42
Não tenha medo 42
Nêga do cabelo duro 35
No céu da vibração 72
No dia em que eu vim-me embora 86
Noite dos Mascarados 34
Noite dos Mascarados (La nuit des masques) 34
Nos teus lábios 5
Nova estação 73
Noves fora 67
O barquinho 36
O bêbado e a equilibrista 70
O bem do amor 11
O caçador de esmeralda 50
O cavaleiro e os moinhos 60
O compositor me disse 53
O medo de amar é o medo de ser livre 73
O mestre-sala dos mares 52
O pequeno exilado 78
O primeiro jornal 76
O que foi feito devera (de Vera) 80
O que tinha de ser 55
O rancho da goiabada 64
O sonho 36
O trem azul 73
Olhos abertos 47
Onze fitas 76
Oriente 49
Os argonautas 45
Osanah 42
Ou bola ou búlica 67
Outra vez (Again) 7
Outro cais 80
Para Lennon & McCartney 86
Pé sem cabeça 72
Perdão não tem 38
Pizzicati pizzicato 6
Podes voltar 6
Poema 4
Pois é 54
Ponta de areia 52
Por toda minha vida 55
Por um amor maior 20
Pororó-Popó 5
Porto dos casais 88
Pout Pourri (2 na bossa) 12
Pout Pourri de introcução (2 na Bossa 2) 24
Pout Pourri de Mangueira 29
Pout Pourri Romântico 30
Prá dizer adeus 25
Preciso aprender a ser só 13
Presidente bossa nova 76
Qualquer dia 61
Querelas do Brasil 65
Quero 59
Rebento 72
Récit de Cassard 36
Redescobrir 79
Resolução 19
Ressurreição 8
Retorno 10
Retrato em branco e preto 55
Reza 14
Roda 26
Romaria 63
Rosa morena 22
Sá Marina 91
Sabiá 78
Sai dessa 73
Samba da benção (Samba saravah) 31
Samba da pergunta 37
Samba do avião 15
Samba do perdão 31
Samba dobrado 83
Samba em paz 25
Samba feito para mim 2
San Vicente 91
Saudade e carinho 9
Saudade é recordar 5
Saudosa maloca 65
Saveiros 21
Se acaso você chegasse 17
Se eu quiser falar com Deus 81
Se você pensa 38
Se você quiser 9
Sem Deus com a família 14
Sem teu amor 9
Sentimental eu fico 63
Silêncio 8
Sinal fechado 64
Só Deus é quem sabe 73
Só tinha de ser com você 54
Somewhere 17
Soneto de separação 56
Sonhando (Dream) 2
Sonho de Maria 27
Sou sem paz 20
Tango italiano 7
Tatuagem 60
Té o sol raiar 19
Telefone 17
Tem mais samba 28
Tereza sabe sambar 28
Terra de ninguém 13
These are the songs 42
Tiradentes 46
Tiro ao álvaro 80
Transversal do tempo 63
Travessia 52
Tributo à Mangueira 33
Tributo a Tom Jobim 32
Tristeza 35
Tristeza 54
Tristeza de carnaval 7
Tristeza que se foi 25
Tu serás 2
Último canto 21
Um novo rumo 35
Um por todos 59
Upa, neguinho 25
Valsa de Eurídice 83
Valsa rancho 69
Vecchio novo 61
Veleiro 27
Velha roupa colorida 58
Velho arvoredo 86
Vem balançar 15
Vento de maio 74
Vera Cruz 36
Vexamão 38
Vida de bailarina 47
Violeta de Belford Roxo 67
Viramundo 33
Vou comprar um coração 5
Vou deitar e rolar 41
Watch what happens 38
Wave 37
Yê-melê 31
Yesterday 89
Zambi 18
Zazueira 39
95
Principais compositores96
Adoniran Barbosa
Saudosa maloca 65Tiro ao álvaro 80
Aldir Blanc
Agnus sei 50Altos e baixos 71Bala com bala 46Beguine dodói 70Bodas de prata 68Cabaré 50Caça à raposa 53Comadre 51Corsário 87Dois prá lá, dois prá cá 53Ela 45Gol anulado 87Jardins da infância 60O bêbado e a equilibrista 70O caçador de esmeralda 50O cavaleiro e os moinhos 60O mestre-sala dos mares 52Ou bola ou búlica 67Querelas do Brasil 65Transversal do tempo 63Um por todos 59Violeta de Belford Roxo 67
Ana Terra
Essa mulher 70Pé sem cabeça 72Sai dessa 73
Ary Barroso
Aquarela do Brasil 35Na baixa do sapateiro 80Na batucada da vida 52
Baden Powell
Aviso aos navegantes 44Bocochê 16Cai dentro 69Canto de Ossanha 23Consolação/Berimbau/Tem dó 21Deixa 35Falei e disse 44Formosa 15Lapinha 31Samba da benção (Samba saravah) 31Samba do perdão 31Se você quiser 9Té o sol raiar 19Vou deitar e rolar
41
Belchior
Como nossos pais 58Mucuripe 46Noves fora 67Velha roupa colorida 58
Caetano Veloso
Boa palavra 27Cinema Olympia 44Irene 38Menino do Rio 85Não tenha medo 42No dia em que eu vim-me embora 86Os argonautas 45Samba em paz 25
Carlos Lyra
Entrudo 68Influência do jazz 15Marcha de quarta-feira de cinzas 30Maria do Maranhão 20
Chico Buarque
Atrás da porta 47Bom tempo 32Construção 64Deus lhe pague 64Joana francesa 68Mulheres de Atenas 90Noite dos Mascarados 34Noite dos Mascarados (La nuit des masques)34Pois é 54Retrato em branco e preto 55Sabiá 78Só tinha de ser com você 54Tatuagem 60Tem mais samba 28Valsa rancho 69
97
Claudio Lucci
Colagem 61Vecchio novo 61
Dory Caymmi & Nelson Motta
Cantador 29De onde vens 32Saveiros 21
Dorival Caymmi
João valentão 20Rosa morena 22
Edu Lobo
Aleluia 21Arrastão 13Canção do amanhecer 19Canto triste 22Chegança 20Corrida de jangada 33Estatuinha 27Jogo de roda 22Memórias de Marta Saré 37Prá dizer adeus 25Resolução 19Reza 14Upa, neguinho 25Veleiro 27Zambi 18
Francis Hime
Atrás da porta 47Minha 38Por um amor maior 20Tereza sabe sambar 28Último canto 21Valsa rancho 69
Fred Jorge
Baby Face 3Garoto último tipo (Puppy Love) 3Pizzicati pizzicato 6
Gilberto Gil
Amor até o fim 25Aquele abraço 39Doente morena 49Ensaio geral 22Fechado pra balanço 41Flora 84Ladeira da preguiça 51Louvação 24Lunik 9 26Mancada 83Meio de campo 50No dia em que eu vim-me embora 86No céu da vibração 72O compositor me disse 53Oriente 49Rebento 72Roda 26Se eu quiser falar com Deus 81Viramundo 33
Guilherme Arantes
Aprendendo a jogar 73Só Deus é quem sabe 73
Ivan Lins
Aos nossos filhos 78Cartomante 61Começar de novo 85Corpos 66Dinorah, Dinorah 67Ih! Meu Deus do céu! 43Madalena 44Me deixa em paz 49Qualquer dia 61
João Bosco
Agnus sei 50Bala com bala 46Beguine dodói 70Bodas de prata 68Cabaré 50Caça à raposa 53Cobra criada 81Comadre 51Corsário 87Dois prá lá, dois prá cá 53Gol anulado 87Jardins da infância 60O bêbado e a equilibrista 70O caçador de esmeralda 50O cavaleiro e os moinhos 60O mestre-sala dos mares 52O rancho da goiabada 64Ou bola ou búlica 67Transversal do tempo 63Um por todos 59Violeta de Belford Roxo 67
98
Jorge Ben
Agora ninguém chora mais 16Bicho do mato 41Mas que nada 16Zazueira 39
Lupicínio Rodrigues
Cadeira vazia 56Maria Rosa 53
Marcos & Paulo Sérgio Valle
Black is beautiful 44Deixa o mundo e o sol entrar 69Preciso aprender a ser só 13Sonho de Maria 27Terra de ninguém 13
Milton Nascimento
Aqui é o país do futebol 85Cais 47Canção da América 75Canção do sal 28Caxangá 62Conversando no bar 52Credo 67Fé cega, faca amolada 82Maria Maria 75Menino 77Morro velho 62Nada será como antes 42O que foi feito devera (de Vera) 80Ponta de areia 52San Vicente 91Travessia 52Vera Cruz 36
Paulo César Pinheiro
Aviso aos navegantes 44Bolero de satã 71Cai dentro 69Cão sem dono 65Eu, heim, Rosa! 71Falei e disse 44Lapinha 31Samba do perdão 31Velho arvoredo 86Vou deitar e rolar 41
Renato Teixeira
Romaria 63Sentimental eu fico 63
Rita Lee
Alô alô marciano 75Lança perfume 83
Roberto & Erasmo Carlos
Amante à moda antiga 85As curvas da estrada de Santos 40Jesus Cristo 91Mundo deserto 45Se você pensa 38
Roberto Menescal& Ronaldo Bôscoli
A volta 37Carta ao mar 33O barquinho 36Telefone 17
Ruy Guerra
Aleluia 21Esse mundo é meu 19Jogo de roda 22Minha 38Por um amor maior 20Reza 14Último canto 21
Sueli Costa
20 anos blue 46Altos e baixos 71Cão sem dono 65O primeiro jornal 76
Tom Jobim
Águas de março 48Amor em paz 16Bonita 68Boto 65Brigas nunca mais 55Chovendo na roseira 56Corcovado 54Dindi 89Discussão 15Estrada do sol 45Fotografia 56Frevo 41Garota de Ipanema (Girl from Ipanema) 82How insensitive (Insensatez) 38Inútil paisagem 55Modinha 54O que tinha de ser 55Pois é 54Por toda minha vida 55Retrato em branco e preto 55Sabiá 78Samba do avião 15Só tinha de ser com você 54Soneto de separação 56Tributo a Tom Jobim 32Tristeza 54Wave 37
Torquato Neto
Louvação 24Prá dizer adeus 25Veleiro 27
Tunai
Agora tá 76As aparências enganam 71
Vinícius de Moraes
A corujinha 81Amor em paz 16Arrastão 13Bocochê 16Brigas nunca mais 55Canção do amanhecer 19Canto de Ossanha 23Canto triste 22Consolação/Berimbau/Tem dó 21Deixa 35Formosa 15Frevo 41Garota de Ipanema (Girl from Ipanema) 82How insensitive (Insensatez) 38Marcha de quarta-feira de cinzas 30Modinha 54O que tinha de ser 55Por toda minha vida 55Samba da benção (Samba saravah) 31Soneto de separação 56Té o sol raiar 19Tereza sabe sambar 28Valsa de Eurídice 83Zambi 18
Walter Santos & Tereza Souza
Cruz de cinza, cruz de sal 30Vem balançar 15
Zé Rodrix
Caso no campo 43Olhos abertos 47
99
“Agora o braço não é mais o braço erguido num grito de gol.Agora o braço é uma linha, um traço, um rastro espelhado e brilhante.E todas as figuras são assim...Desenhos de luz, agrupamentos de pontos de partículas.Um quadro de impulsos, um processamento de sinais.E assim – dizem – recontam a vida.Agora retiram de mim a cobertura da carne.Escorrem todo o sangue, afinam os ossos em fios luminosos.E aí estou, pelo salão, pelas casas, pelas cidades, parecida comigo.Um rascunho...Um forma nebulosa, feita de luz e sombra.Como uma estrela...
Agora eu sou uma estrela!”
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