UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
NÚCLEO DE PESQUISAS EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOTECNOLOGIA
ELDON CARLOS QUERES GOMES
DIVERSIDADE E BIOPROSPECÇÃO DE FUNGOS PRESENTES EM SOLOS
ANTÁRTICOS
Orientador: Prof. Dr. Luiz Henrique Rosa
Coorientadora: Profa. Dra. Valéria Martins Godinho
OURO PRETO
MINAS GERAIS - BRASIL
2017
UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
NÚCLEO DE PESQUISAS EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOTECNOLOGIA
ELDON CARLOS QUERES GOMES
DIVERSIDADE E BIOPROSPECÇÃO DE FUNGOS PRESENTES EM SOLOS
ANTÁRTICOS
Dissertação apresentada à Universidade
Federal de Ouro Preto, como parte das
exigências do Programa de Pós-Graduação
em Biotecnologia, para obtenção do título de
Mestre em Biotecnologia, área de
concentração Biotecnologia Industrial.
OURO PRETO
MINAS GERAIS – BRASIL
3
2017
i
Catalogação: www.sisbin.ufop.br
Q35d Queres, Eldon Carlos Gomes. Diversidade e bioprospecção de fungos presentes em solos Antárticos
[manuscrito] / Eldon Carlos Gomes Queres. - 2017. 66f.: il.: color; grafs; tabs; mapas.
Orientador: Prof. Dr. Luiz Henrique Rosa. Coorientadora: Profª. Drª. Valéria Martins Godinho.
Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação. Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas. Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia.
Área de Concentração: Biotecnologia Industrial.
1. Biotecnologia. 2. Fungos . 3. Fungos do solo. 4. Solos . 5. Microbiologia. I. Rosa, Luiz Henrique . II. Godinho, Valéria Martins . III. Universidade Federal de Ouro Preto. IV. Titulo.
CDU: 606
ii
iii
"Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele
crer não pereça, mas tenha a vida eterna. ” João 3:16
"Vocês são o sal da terra. Mas se o sal perder o seu sabor, como restaurá-lo? Não servirá para
nada, exceto para ser jogado fora e pisado pelos homens.
Vocês são a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade construída sobre um monte.
E, também, ninguém acende uma candeia e a coloca debaixo de uma vasilha. Pelo contrário,
coloca-a no lugar apropriado, e assim ilumina a todos os que estão na casa.
Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e
glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus". Mateus 5:13-16
iv
COLABORAÇÕES
Dr. Carlos Augusto Rosa
Laboratório de Taxonomia, Biodiversidade e Biotecnologia de Leveduras
Departamento de Microbiologia da Universidade Federal de Minas Gerais
Dr. Carlos Leomar Zani
Dra. Tânia Maria de Almeida Alves
Dra. Jaquelline Germano de Oliveira
Dra. Silvane Maria Fonseca Murta
Dr. Policarpo Ademar Sales Junior
Centro de Pesquisa René Rachou – Fiocruz (BH)
Dr. Fábio Soares de Oliveira
Laboratório de Geomorfologia
Departamento de Geografia, Universidade Federal de Minas Gerais
v
AGRADECIMENTOS
Certamente não poderia deixar de agradecer a Deus por sua Graça, amor e paciência
para comigo ao longo dos anos. Acima de todos e de tudo, dedico esse trabalho a Ele.
A minha família, que me apoia como sempre, nem sempre sabendo do tamanho dos meus
passos, mas sempre incentivando e divulgando a Biotecnologia!
A minha igreja, Batista Nacional da Esperança que me incentivou e compreendeu esses
momentos de ausência, sou muito grato a todos vocês!
Aos meu eternos e grandes amigos, Joselma e Henrique, vocês foram e serão minhas
referências, mesmo a distância e na correria da vida é como se nós estivéssemos sempre perto,
afinal de contas, somos em grupo ou individualmente o Dinamus! Sou fruto desse projeto!!!
Algumas pessoas foram excepcionalmente importantes ao longo desses dois anos, vamos
a lista:
Ao Prof. Luiz Rosa, que me confiou uma grande missão, um projeto totalmente desafiador e
diferente de tudo que eu já tinha feito, esse projeto despertou o pesquisador que sempre me
motivou e com toda certeza, continuará me motivando ao longo de toda minha vida
acadêmica, Luiz você contribuiu muito para isso!!
Á Profa. Valéria Godinho, pela coorientação, dedicação, pelas madrugadas corrigindo meus
textos, pelos sábados, domingos e feriados, por me ouvir nos problemas gerais que surgiam,
propondo ou não soluções, por me fazer pensar, pelos conselhos, VAL você foi essencial,
muito obrigado!!
As antigas ICS, hoje Biólogas (Maria Theresa, Débora, Bárbara, Gislaine), os resultados desse
trabalho, reflete a dedicação de vocês!
Ao #boratime, que nas madrugas loucas de produção de artigos e resumos contribuíram
grandemente comigo, nessas horas, vejo que fomos mais que colegas de laboratório, minha
enorme gratidão!
vi
Aos meus Professores da Graduação (Daniela Chemim e Raquel Alvarenga) e Myriam
Morato, por me ajudar e muito na época da seleção do Mestrado, vocês são minhas
referências, obrigado!
A toda equipe dos Endofíticos, em especial a Zé e Camila, obrigado!
Ao Centro de Pesquisas René Rachou – FIOCRUZ BH (Zani, Tânia, Fátima, Alisson,
Policarpo, Emerson), pelas portas abertas e pela contribuição que fez a diferença!
Aos colegas do LSBF e LTBBL que me receberam muito bem e que proporcionaram horas de
divertimento nos aniversariantes do mês e nas festas.
Ao Prof. Fábio, que enriqueceu esse trabalho com análises extremamente importantes.
Ao Prof. William Borges da UFOP (Biotecnologia), que sempre foi muito receptivo e me
incentivou a entrar para o programa de Pós-graduação em Biotecnologia.
A Universidade Federal de Ouro Preto, por toda a estrutura física, professores, ao programa
de Pós-graduação em Biotecnologia, em especial ao Josino que me ajudou muito no
relacionamento UFOP-UFMG e nas dúvidas administraticas que foram surgindo.
À Universidade Federal de Minas Gerais e ao Departamento de Microbiologia pelo apoio
acadêmico e institucional, a FAPEMIG, CNPq, PROANTAR, Marinha Brasileira pelo apoio
logístico na realização desse projeto.
vii
SUMÁRIO
COLABORAÇÕES ................................................................................................................ iv
AGRADECIMENTOS ........................................................................................................... v
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS .................................................................. viii
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................ xi
LISTA DE TABELAS.......................................................................................................... xiii
RESUMO .............................................................................................................................. xiv
ABSTRACT ........................................................................................................................... xv
1 INTRODUÇÃO, RELEVÂNCIA E JUSTIFICATIVA .................................................................................. 1
2 REVISÃO DA LITERATURA .......................................................................................................................... 2
2.1 ANTÁRTICA ........................................................................................................................................................ 2 2.1.1 Diversidade de fungos na Antártica ............................................................................................................... 3 2.2 ESTUDO DOS SOLOS ANTÁRTICOS ....................................................................................................................... 4 2.2.1 Classificação dos solos .................................................................................................................................. 4 2.3 BIOTECNOLOGIA DE MICRO-ORGANISMOS E FUNGOS DA ANTÁRTICA ................................................................. 5
3 OBJETIVOS ....................................................................................................................................................... 7
3.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................................................................... 7 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..................................................................................................................................... 7
4 MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................................................................................. 8
4.1 ÁREA DE ESTUDO ................................................................................................................................................ 8 4.2 PROCESSAMENTO, ISOLAMENTO, PURIFICAÇÃO E PRESERVAÇÃO DAS AMOSTRAS .............................................. 9 4.3 IDENTIFICAÇÃO DOS ISOLADOS ......................................................................................................................... 10 4.3.1 Fungos filamentoso e leveduras ................................................................................................................... 10 4.4 EXTRAÇÃO DNA TOTAL ................................................................................................................................... 11 4.4.1 Fungos filamentosos .................................................................................................................................... 11 4.4.2 Leveduras ..................................................................................................................................................... 12 4.5 OBTENÇÃO DOS AMPLICONS ............................................................................................................................. 12 4.5.1 Amplificação utilizando o iniciador (GTG)5 ................................................................................................ 12 4.5.2 Amplificação da região ITS utilizando os iniciadores ITS-1 e ITS-4 ........................................................... 13 4.5.3 Amplificação do gene de β-tubulina ............................................................................................................ 14 4.5.4 Amplificação da RNA polimerase II ............................................................................................................ 14 4.5.5 Amplificação utilizando iniciadores NL-1 e NL-4 ....................................................................................... 15 4.6 PURIFICAÇÃO DOS PRODUTOS DE PCR.............................................................................................................. 15 4.7 REAÇÃO DE SEQUENCIAMENTO E PRECIPITAÇÃO DAS AMOSTRAS ..................................................................... 16 4.8 ANÁLISES COMPUTACIONAL DAS SEQUÊNCIAS ................................................................................................. 16 4.9 DIVERSIDADE DA COMUNIDADE FÚNGICA: CÁLCULO DOS ÍNDICES DE ABUNDÂNCIA, RIQUEZA E DOMINÂNCIA 17 4.10 CULTIVO DOS FUNGOS E PREPARO DOS EXTRATOS ......................................................................................... 20 4.10.1 Determinação da atividade leishmanicida ................................................................................................. 20 4.10.2 Determinação da atividade tripanossomicida ............................................................................................ 21 4.10.3 Determinação de atividade para Dengue vírus sorotipo 2 e Zika vírus ..................................................... 22 4.10.4 Determinação de atividade herbicida ........................................................................................................ 23
5 RESULTADOS ................................................................................................................................................. 24
5.1 COLETA, ISOLAMENTO, IDENTIFICAÇÃO E DIVERSIDADE DE FUNGOS ................................................................ 24 5.2 ANÁLISES QUÍMICAS DO SOLO .......................................................................................................................... 31 5.3 ENSAIOS LEISHMANICIDA, TRIPANOSSOMICIDA, ANTIVIRAL E HERBICIDA ........................................................ 33
6 DISCUSSÃO ..................................................................................................................................................... 36
6.1 DIVERSIDADE ................................................................................................................................................... 36 6.1.1 Bioprospecção ............................................................................................................................................. 38
7 CONCLUSÕES ................................................................................................................................................. 39
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................................ 41
viii
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
ºC: Graus Celsius
%: Por cento
ABI: Applied Biosystems
ABS: Absorbância
BDA: Ágar Batata Dextrose
BLAST: Basic Local Alignment Search Tool
BLASTn: Nucleotide Basic Locus Alignment Search Tool
BOD - Demanda Bioquímica de Oxigênio
BSA: Soro Fetal Bovino
CIM: Concentração Inibitória Mínima
CLSI: Clinical and Laboratory Standards Institute
Cm: Centímetro
CMOLC: Centimol de carga
CPRG: Cloreto de β-D-galactopiranósido vermelho de clorofenol
CPqRR/FIOCRUZ: Centro de Pesquisa René Rachou/Fundação Oswaldo Cruz
CTAB: Brometo de Cetil Trimetilamônio
D1/D2: Região da Subunidade Maior do rRNA
DAG: Decagrama
DENV-2: Dengue vírus sorotipo 2
DG18: Ágar Dicloran-Glicerol
Dm3: Decímetro cúbico
DMSO: Demetilsulfóxido
DNA: Ácido Desoxirribonucléico
dNTP: Desoxirribonucleotídeos trifosfato
DRBC: Agar Dicloran Rosa Bengala Cloranfenicol Base
EACF: Estação Antártica Comandante Ferraz
EC50: Concentração eficaz em que o fármaco produz 50% de sua resposta máxima
ECP: Efeito citopático peculiar
EDTA: Ácido etilenodiamino tetra-acético
EX: Extrato
g: Grama
g/L: Grama por litro
ix
GPS: Global Positioning System
GYMP: Glucose-Yeasts Extract-Malt Extract-Fosfato de Potássio
h: Horas
IAATO: International Association of Antarctica Tour Operators
IC50: Concentração Inibitória capaz de matar 50% dos parasitos
ICB: Instituto de Ciências Biológicas
ITS1-5.8S-ITS2: Região Transcrita Interna do Gene do rRNA
Kg: Quilogramas
Km2: Quilômetro Quadrado
Km: Quilômetro
L929: Linhagem celular de Fibroblastos em camundongos
L: Litro
LSBF: Laboratório de Sistemática e Biomoléculas de Fungos
m: Metro
m2: Metro quadrado
mg: Miligrama
mg/mL: Miligrama/mililitro
mL: Mililitro
mm: Milímetros
mM: Milimolar
MOPS: Ácido morfolinepropano sulfônico
MTT: Metil Tiazolil Tetrazólio
ng: Nanograma
nm: Nanômetro
μL: Microlitros
μg/mL: Micrograma/mililitro
μg: Micrograma
μm: Micrômetro
μmol: Micromol
MgCl2: Cloreto de Magnésio
NCBI: National Center for Biotechnology Information
NaCl: Cloreto de sódio
PA: Para Análise
PCR: Reação em cadeia da polimerase
x
pH: Potencial Hidrogeniônico
pmol: Picomol
PROANTAR: Programa Antártico Brasileiro
p/v: Peso por volume
Q.S.P: Quantidade suficiente para
R.P.M.: Rotações por minuto
rDNA: Ácido desoxirribonucleico ribossomal
RNA: Ácido Ribonucléico
rRNA: RNA ribossomal
rpm: Rotações por minuto
RPMI: Meio de cultura com glutamina, sem bicarbonato e com indicador vermelho de fenol
s: Segundo
S: Latitude Sul
SDS: Dodecil sulfato de sódio
SI: Índice de Seletividade
TBE: Tris borato
TE: Tampão Tris-EDTA
TRIS: 2-amino-2-hidroximetil-propano-1,3-diol
U: Unidade
UFC: Unidade formadora de colônia
UFMG: Universidade Federal de Minas Gerais
V: Volts
V: Volume
v/v: Volume por volume
W: Longitude Oeste
W: Longitude
YM: Ágar extrato de malte-extrato de levedura
xi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Complexo de Ilhas Shetland do Sul na Península Antártica (Google, 2017)......8
Figura 2. Aspecto geral dos ambientes de coleta de amostras superficiais de solos, sendo A –
área costeira sob stack vulcânico crioclastado no interior de terraços marinhos (Coppermine);
B – Vertentes recobertas por cinzas vulcânicas oxidadas com afloramento de rochas intrusivas
(Pinguim); C – vertentes recobertas por cinzas vulcânicas com caimento para a área costeira
(Pinguim) e D – Base de talus em área de rochas andesiticas ricas em sulfetos (Yellow Point,
Rei George)...............................................................................................................................19
Figura 3. (a) percentual de isolados por ilha e (b) percentual de fungos filamentosos e
leveduras...................................................................................................................................24
Figura 4. Análise filogenética das sequências de fungos (em negrito) a partir de amostras de
solo da Península Antártica em comparação com as sequências tipo das espécies mais
próximas após a análise no BLASTn, depositadas na base de dados GenBank. As árvores (a –
f) foram construídas com base nas sequências da região ITS por meio do parâmetro composto
máximo de Likelihood. As sequências de Mucor circinelloides (NR126116) e Aspergillus
glaucus (AY373887) foram utilizadas como out group (OG)..................................................27
Figura 5. Análise filogenética das sequências de fungos (em negrito) a partir de amostras de
solo da Península Antártica em comparação com as sequências tipo das espécies mais
próximas após a análise no BLASTn, depositadas na base de dados GenBank. As árvores (g –
i) foram construídas com base nas sequências da região ITS por meio do parâmetro composto
máximo de Likelihood. As sequências de Mucor circinelloides (NR126116) e Aspergillus
glaucus (AY373887) foram utilizadas como out group (OG).................................................28
Figura 6. Análise filogenética das sequências de fungos (em negrito) a partir de amostras de
solo da Península Antártica em comparação com as sequências de tipo das espécies mais
próximas após análise BLAST, depositadas no banco de dados GenBank. As árvores (a – f)
foram construídas com base na região D1/D2 por meio do parâmetro composto máximo de
Likelihood. A sequência de Kluyveromyces lactis (AY497689) foi usada como out group
(OG)..........................................................................................................................................29
Figura 7. Análise filogenética das sequências de fungos (em negrito) a partir de amostras de
solo da Península Antártica em comparação com as sequências de tipo das espécies mais
próximas após análise BLAST, depositadas no banco de dados GenBank. A árvore foi
construída com base nos fragmentos gênicos do gene da β-tubulina por meio do parâmetro
composto máximo de Likelihood. A sequência de Mucor circinelloides (KT207682) é usada
como out group (OG)...............................................................................................................30
Figura 8. Análise filogenética das sequências de fungos (em negrito) a partir de amostras de
solo da Península Antártica em comparação com as sequências de tipo das espécies mais
próximas após análise BLAST, depositadas no banco de dados GenBank. A árvore foi
construída com base nas sequências do fragmento gênico da RNA polimerase II por meio do
parâmetro composto máximo de Likelihood. A sequência de Mucor irregularis (JX976280) é
usada como out group (OG)......................................................................................................30
xii
Figura 9. Dendrograma mostrando a similaridade de Sorensen entre as comunidades de
fungos obtidas dos solos das diferentes ilhas da Península Antártica. Pinguim P = solo preto;
Pinguim V = solo vermelho…………………………………………………………………..33
xiii
LISTA TABELAS
Tabela 1. Localização geográfica dos pontos de coleta.............................................................8
Tabela 2. Informações sobre os pontos de coleta dos solos antárticos......................................9
Tabela 4. Fungos obtidos a partir dos solos da Antártica e identificados por meio da
comparação de suas sequências utilizando o programa BLASTn e o banco de dados do NCBI
GenBank....................................................................................................................................25
Tabela 3. Parâmetros físico-químicos e diversidade do conjunto de fungos em solos de
diferentes ilhas antárticas..........................................................................................................32
Tabela 5. Atividades biológicas dos extratos obtidos das espécies de fungos isoladas do solo
da Antártica...............................................................................................................................34
Tabela 6. Atividade herbicida dos extratos obtidos das espécies de fungos isoladas do solo da
Antártica....................................................................................................................................35
xiv
RESUMO
A complexidade do ambiente antártico, associado as condições ambientais extremas
como alta incidência de radiação ultravioleta, extremos de temperatura, fortes ventos, baixa
disponibilidade de água e nutrientes, tornam a Antártica um laboratório de campo para o
estudo de comunidades microbianas. Neste trabalho, relatamos a diversidade de fungos
presentes em diferentes solos amostrados em quatro ilhas da Antártica. Foram obtidos 218
isolados fúngicos (203 fungos filamentosos e 15 leveduras), os quais foram identificados por
meio de técnicas de biologia molecular em táxons pertencentes aos filos Zygomycota,
Ascomycota e Basidiomycota. Os gêneros Mortierella, Antarctomyces e Penicillium foram os
que alcançaram as maiores densidades em UFC g-1. Pseudogymnoascus destructans,
Pseudogymnoascus verrucosus, Penicillium tardochrysogenum, Goffeauzyma gilvescens e
Mortierella sp. foram as espécies mais abundantes. Os solos antárticos apresentaram uma
comunidade de fungos moderada em termos de diversidade (Fisher-α), riqueza (Margalef) e
dominância (Simpson) das espécies. Sete isolados se destacaram em termos de bioatividade
(cinco P. destructans, um M. parvispora e um P. chrysogenum) e foram capazes de inibir
seletivamente formas amastigotas intracelulares de Trypanosoma cruzi com valores
percentuais próximos ao da droga controle. O melhor resultado foi para o extrato de P.
chrysogenum UFMGCB 10240, o qual apresentou o maior índice de seletividade e a melhor
concentração inibitória a 50% (IC50) frente ao parasito. Dezoito extratos fúngicos
apresentaram atividade herbicida, dos quais sete isolados (cinco de P. destructans e dois de P.
tardochrysogenum) apresentaram os resultados mais siginificativos quanto a inibição das
sementes de Allium schoenoprasum; frente a Lactuca sativa, os resultados mais significativos
foram de um extrato de P. destructans e um de Mortierella sp. Na amostra de solo da Ilha
Nelson foi detectada a presença da levedura Saccharomyces cerevisiae, resultado este que
representa um importante achado, pois a distribuição geográfica desta levedura até o momento
não incluia a Antártica. Os isolados antárticos de Saccharomyces cerevisiae podem
representar candidatos para utilização de processos de fermentação em baixas temperaturas,
pois foram obtidas de uma região constantemente fria do planeta. Os resultados deste trabalho
indicam que os solos da Península Antártica abrigam espécies de fungos cosmopolitas
adaptadas ao frio, endêmicas e táxons específicos com capacidade de produção de substâncias
bioativas contra doenças tropicais negligenciadas e propriedades herbicidas para uso na
agricultura.
xv
ABSTRACT
The complexity of the Antarctic environment, associated with extreme environmental
conditions such as high incidence of ultraviolet radiation, extremes of temperature, strong
winds, low availability of water and nutrients, make Antarctica a field laboratory for the study
of microbial communities. In this work, we report the diversity of fungi present in different
soils sampled in four islands of Antarctica. A total of 218 fungal isolates (203 filamentous
fungi and 15 yeasts) were obtained, which were identified by molecular biology techniques in
taxa belonging to the Zygomycota, Ascomycota and Basidiomycota phyla. The genera
Mortierella, Antarctomyces and Penicillium were the ones that reached the highest densities
in CFU g-1. Pseudogymnoascus destructans, Pseudogymnoascus verrucosus, Penicillium
tardochrysogenum, Goffeauzyma gilvescens and Mortierella sp. were the most abundant
species. Antarctic soils presented a moderate fungal community in terms of diversity (Fisher-
α), richness (Margalef) and dominance (Simpson) of the species. Seven isolates stood out in
terms of bioactivity (five P. destructans, one M. parvispora and one P. chrysogenum) and
were able to selectively inhibit intracellular amastigote forms of Trypanosoma cruzi with
percentage values close to control drug. The best result was for the extract of P. chrysogenum
UFMGCB 10240, which had the highest selectivity index and the best 50% inhibitory
concentration (IC50) against the parasite. Eighteen fungal extracts presented herbicide activity,
of which seven isolates (five of P. destructans and two of P. tardochrysogenum) showed the
most significant results regarding the inhibition of Allium schoenoprasum seeds; In contrast to
Lactuca sativa, the most significant results were from an extract of P. destructans and one
from Mortierella sp. In the soil sample of Nelson Island the presence of the yeast
Saccharomyces cerevisiae was detected, an important finding because the geographical
distribution of this yeast to date did not include Antarctica. Antarctic isolates of
Saccharomyces cerevisiae may represent candidates for the use of fermentation processes at
low temperatures, since they were obtained from a constantly cold region of the planet. The
results of this work indicate that the soils of the Antarctic Peninsula shelter species of cold
adapted, endemic, cosmopolitan fungi and specific taxa with capacity to produce bioactive
substances against neglected tropical diseases and herbicidal properties for use in agriculture.
1
1 INTRODUÇÃO, RELEVÂNCIA E JUSTIFICATIVA
A Antártica possui cerca de 14 milhões de km2, extensão equivalente a aproximadamente
1,6 vezes a área total do Brasil, e abriga diferentes animais, plantas e micro-organismos. O
continente Antártico está entre os lugares mais extremos e isolados do planeta e quase em sua
totalidade inserido dentro do círculo polar Antártico, tornando os meses de verão um dia
permanente e o inverno uma noite longa. A complexidade do ambiente e das diferentes
comunidades de seres vivos que habitam a Antártica, associado as condições ambientais
extremas, como alta incidência de radiação ultravioleta, extremos de temperatura, fortes
ventos, baixa disponibilidade de água e nutrientes, tornam a região um laboratório de campo
para o estudo de comunidades microbianas.
Os fungos representam um grupo diversificado de micro-organismos com alta
capacidade de adaptação a diferentes condições em ambientes tropicais, temperados e polares
(Ruise et al., 2006). Nas condições extremas da Antártica diferentes espécies de fungos já
foram descritas em diferentes substratos tais como plantas, solo, rochas, gelo, animais (Meyer
et al., 1967; Frate e Carreta, 1990; Ruisi et al., 2006) e neve (de Menezes et al., 2017).
A biotecnologia aplicada a ambientes extremófilos, neste caso a Antártica, vem sendo
ampliada através de estudos siguinificativos como demostra de Menezes et al., (2017), Rosa
et al., (2009), Loque et al., (2010), Rosa et al., (2010), Gonçalves et al., (2012), Godinho et
al. (2013 e 2015), Furbino et al. (2014), Alves (2017), essa aplicação biotecnológica, pode ser
utilizada para o desenvolvimento de novos fármacos através de características únicas de
fungos antárticos.
Apesar das diversas condições extremas da Antártica, os fungos representam um grupo
diversificado com preponderante papel ecológico nos ambientes terrestres e marinhos da
região. Dentre os diferentes substratos já analisados quanto a presença de fungos, os solos da
Antártica foram os mais estudados. Entretanto, a caracterização e avaliação destas
comunidades fúngicas quanto a capacidade de produzir substâncias bioativas ainda é
incipiente.
2
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Antártica
Com uma extensão aproximada de 14 milhões de km2, a Antártica corresponde a cerca
de 10% de toda a superfície terrestre (Brasil, 2006) e possui características únicas para
manutenção do sistema climático terrestre. A Antártica geralmente é dividida em marítima
(compreende as ilhas: Sandwich do Sul e Shetland do Sul) e continental (continente e a costa
leste da Península (Tatur, 1989). O interesse científico no continente Antártico surgiu no
século XIX e se intensificou no século XX, período que foram instaladas cinco estações de
pesquisas (Brasil, 2017). Atualmente, 30 de países mantêm mais de 70 estações científicas na
Antártica (Bischoff, 1996).
O Tratado da Antártica foi assinado em 1959 e está em vigor desde 1961, o que
representa um marco histórico mundial. O acordo foi fechado inicialmente com 12 países
signatários (Argentina, Austrália, Bélgica, Chile, França, Japão, Nova Zelândia, Noruega,
África do Sul, Rússia, Inglaterra e Estados Unidos da América); o Brasil foi adicionado
posteriormente em 1975 (Iaato, 2017).
Este documento estabeleceu o uso de todo o território para fins pacíficos e para
cooperação internacional na pesquisa científica. Em 2008, o total de nações que aderiram ao
tratado aumentou e sendo incluída: Áustria, Bielorrússia, Bulgária, Canadá, China, Colômbia,
Coreia, Cuba, Dinamarca, Equador, Eslováquia, Espanha, Estônia, Finlândia, Grécia,
Guatemala, Holanda, Hungria, Índia, Itália, Mônaco, Papua-Nova Guiné, Peru, Polônia,
República Checa, Romênia, Suécia, Suíça, Turquia, Ucrânia, Uruguai e Venezuela (Iaato,
2017; Sta, 2017).
A Antártica é conhecida pelas suas condições abióticas extremas (Ruisi et al., 2006;
Brunati et al., 2009) como ventos que podem atingir 327 km/h, altitude média de 2,3 mil m,
temperatura média de -60 ºC. Por longos anos a temperatura mais baixa registrada foi de -89,2
ºC na estação Russa em 21 de julho de 1983 (Brasil, 2017).
Após o acompanhamento das temperaturas registradas ao longo dos anos, em 10
agosto de 2010 no Platô Antártico Oriental houve um novo recorde, a NASA registrou a
menor temperatura de todos os tempos, chegando a -93,2 ºC (Nasa, 2013). A Antártica possui
3
ainda um manto de gelo com quase 5 km de espessura, formado por um mar congelado de 2,7
milhões de km2 no verão e 22 milhões de km2 no inverno (Brasil, 2006).
É caracterizada por ciclos de congelamento e degelo sucessivos, alta incidência de
radiação ultravioleta, solos oligotróficos, baixa disponibilidade de água e precipitação anual
(Ruisi et al., 2006; Onofri et al., 2007; Shivaji e Prasad, 2009). Mesmo com essas
características, a Antártica abriga diversas forma de vida como mamíferos, aves, plantas e
micro-organismos (Ruisi et al., 2006; Rosa et al., 2009).
2.1.1 Diversidade de fungos na Antártica
Considerando as condições extremas, a biodiversidade na Antártica é elevada, pois os
micro-organismos contribuem para essa diversificação. Segundo Onofri (1999), os micro-
organismos representam uma das principais fontes de diversidade biológica nos diferentes
ecossistemas da Antártica. Dentro da comunidade microbiana antártica, os fungos se
sobressaem pela capacidade adaptativa as condições extremófilas, tendo como vantagem a
capacidade de colonizar diversos substratos, além da sua facilidade de dispersão e colonização
com baixo gasto de energia metabólica (Ruisi et al., 2006).
As principais comunidades de fungos encontrados no ecossistema antártico incluem
espécies dos filos Chytridiomycota, Zygomycota, Glomeromycota, Ascomycota e
Basidiomycota (Ruisi et al., 2006; de Menezes et al., 2017). Os substratos/habitats estudados
na Antártica compreendem rochas, solos, neve, gelo, plantas, água e sedimento de lagos,
macroalgas, sedimentos marinhos (Rosa et al., 2009; Loque et al., 2010; Rosa et al., 2010;
Gonçalves et al., 2012; Godinho et al., 2013; Furbino et al., 2014; Alves, 2017). Em termos
gerais cerca de mil espécies de fungos não-liquenizados já foram descritos para Antártica
(Bridge et al., 2008; Alves, 2017), os quais compreendem aqueles com características
psicrofílicas (capacidade de crescimento a 0 °C, com temperatura ótima de crescimento entre
15 e 20 °C) (Morita, 1975), psicrotolerantes (organismos com capacidade de crescimento em
temperatura a 0 °C, com temperatura ótima de crescimento acima de 20 °C) (Brunati et al.,
2009) e cosmopolitas adaptados ao frio (podem ser encontrados em vários lugares do mundo,
transportados na forma de esporos, que se adaptam e podem adquirir a capacidade de crescer
e se reproduzir em baixas temperaturas (Ruisi et al, 2006).
4
2.2 Estudo dos solos antárticos
Os solos antárticos estão entre os mais antigos, frios e secos encontrados no planeta,
sua formação está restrita às áreas livres de neve e gelo e corresponde a cerca de 0,35% de sua
área total (Campbell et al., 1987). A maior deglaciação (áreas recentemente expostas pela
retração do gelo) na região do continente na Antártica marítima ocorreu a aproximadamente 4
a 5 mil anos atrás quando provavelmente, iniciou-se a formação da maioria dos solos
presentes nas áreas livres de gelo do presente continente (Rosa, 2008; Moura, 2010). Assim
como na maior parte do mundo, os solos antárticos são influenciados pelo clima, tempo e
topografia. Por apresentar o clima mais frio e seco do planeta, a Antártica possui pouca água
no solo, a qual é restrita a curtos períodos no verão (Campbell et al., 1987; Moura, 2010;
Pereira et al., 2014).
Nos últimos 10 anos houve um aumento nos estudos de pedologia da Antártica
(Campbell et al., 1987; Francelino, 2004; Bremer, 2008; Moura, 2010; Pereira et al., 2014;
Godinho et al., 2015; Vianna, 2016) devida as suas condições extremas em interferir no
desenvolvimento das comunidades que o utilizam para se desenvolver, manter e dispersar na
região (Campbell et al., 1987). De forma geral, os minerais que ocorrem nos solos antárticos
incluem cloretos, nitratos e sulfatos de sódio, cálcio e magnésio com concentrações e
disponibilidade variáveis de acordo com a região (Campbell et al., 1987).
2.2.1 Classificação dos solos
Para realizar a classificação dos solos, são utilizadas avaliações dos dados
morfológicos, físicos, químicos e mineralógicos dos perfis a serem analisados. Outros
aspectos incluem também: perfis dos locais ambientais, como clima, vegetação, relevo,
condições hídricas, características externas ao solo e relações do solo-paisagem (Embrapa,
2014).
A primeira tentativa de classificação do solo Antártico, segundo Campbell et al.
(1987), ocorreu em 1960. A classificação do diferentes tipos de solos que ocorrem nas ilhas
antárticas, foi proposta inicialmente em dois eixos: no primeiro eixo, a análise se deu por
comparações com outras partes do mundo, particularmente com solos desérticos, outra
vertente dessa classificação, o segundo eixo, se baseia em uma análise detalhada de cada solo
no continente.
5
Após essa classificação inicial surgiram outras: solos húmicos – importante
reservatório de matéria orgânica; litossolos – família de solos rasos, rochosos, colocados
imediatamente sobre a rocha; solos aviários – onde vivem as aves; solos ornitogênicos –
associados às áreas de nidificação (ação de construção de ninhos) das aves, que contam com
um constante depósito de matéria orgânica (guano, penas, cascas de ovo, carcaças,
vegetação); solos morâinicos – sedimentos encontrados na borda das geleiras; criossolos –
presença de material gélico, com presença de crioturbação (mistura de materiais de vários
horizontes do solo até a rocha matriz devido ao ciclo de congelamento e degelo); leptossolos –
apresenta profundidade limitada por rocha dura e contínua, dentro dos 25cm iniciais, dentre
outros (Campbell et al., 1987; Michel, 2005; Bremer, 2008; Carvalho et al., 2013).
2.3 Biotecnologia de micro-organismos e fungos da Antártica
A utilização de micro-organismos na biotecnologia já foi relatada por diversos autores
e seu destaque está diretamente relacionado com seu uso na indústria farmacêutica e em
outras áreas (Nobre e Sette, 2013). Micro-organismos presentes em ambientes extremos, têm
demonstrado características que podem ser utilizadas de forma biotecnológica para utilização
em diversos processos (Bhadury et al., 2006). A partir deste contexto, a Antártica representa
um ambiente ideal na aplicação da biotecnologia e suas ferramentas em fungos extremos
(Lohan e Johnston, 2005).
A Biotecnologia aplicada a micro-organismos provenientes de ambientes com baixas
temperaturas vem sendo amplamente estudada. Neste contexto, as enzimas adaptadas ao frio
são tipicamente caracterizadas por uma alta atividade, sendo produzidas por micro-
organismos expostos permanentemente a baixas temperaturas. Essas características tornam
estas enzimas altamente importantes para várias aplicações onde podem permitir processos
mais eficientes, econômicos e ambientalmente melhores (Barroca et al., 2017).
A produção de proteínas recombinantes, a partir de bactérias provenientes da
Antártica, endossa o potencial de bactérias adaptadas ao frio como hospedeiros alternativos
para a produção de proteínas recombinantes (Parrilli e Tutino, 2017). Outra aplicação
biotecnológica através de micro-organismos da Antártica, está na produção de novos
antimicrobianos, Borchert et al. (2017) cita que, os micro-organismos psicrofílicos são uma
fonte de substâncias antimicrobianas inexploradas. Brouchkov et al. (2017) relata que
bactérias advindas de permafrost características únicas, Bacillus cereus foi isolado nessa
6
condição e foi capaz de aumentar a longevidade e imunidade em Drosophila e camundongos,
além de apresentar atividade probiótica.
Segundo Chambergo e Valencia (2016), já foram relatados cerca de 250 fungos
filamentosos com potencial biotecnológico, os quais possuem as mais diversas aplicações,
como biorremediação, produção sustentável de produtos existentes, produtos químicos
básicos e produtos químicos de valor agregado, agentes terapêuticos, antibióticos, drogas
anticâncer, antivirais, antifúngicas, biopolímeros e outras biomoléculas.
Em se tratando de fungos adaptados ao frio, seu potencial biotecnológico tem atraído
diversos pesquisadores, pois são capazes de sintetizar enzimas ativas a frio, bem como outros
produtos bioquímicos importantes, conhecido como crioprotetoras, polímeros, lipídios e
outras substâncias (Tasselli et al. 2017). Fungos provenientes da Antártica vêm sendo
estudados como fontes promissoras de metabólitos antiparasitários, antitumorais, antivirais e
herbicidas, as quais tem potencial uso na indústria farmacêutica e na agricultura (Furbino,
2012; Godinho et al., 2013; Godinho et al., 2015).
De acordo com Furbino et al. (2014), dos isolados associados a macroalgas antárticas,
oito apresentaram atividade antimicrobiana; destes, seis contra Candida krusei, um contra
Candida albicans e um contra Cladosporium sphaerospermum. O extrato do fungo Geomyces
pannorum apresentou atividade antimicrobiana considerada promissora (95,2%) frente aos
esporos de Cladosporium sphaerospermum. Godinho et al. (2013), identificaram um táxon
com importante potencial de substâncias bioativas, o gênero Penicillium sp. foi isolado de
espécies endêmicas de Palmaria decipiens e Monostroma hariotii, sendo capaz de produzir
extratos com atividades antifúngicas e tripanosomicida. Já em amostras de solos oligotróficos
do continente Antártico, os extratos de Aspergillus sydowii, Penicillium alliisativi, Penicillium
Brevicompactum, Penicillium chrysogenum e Penicillium rubens apresentaram atividades
antivirais, antibacterianos, antifúngicos, antitumorais, antiprotozoária e herbicida.
7
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo Geral
Caracterizar a diversidade e distribuição de fungos presentes em diferentes solos de ilhas
da Península Antártica e avaliá-los quanto a capacidade de produzir metabólitos secundários
bioativos contra agentes causadores de doenças tropicais negligenciadas e para uso como
pesticidas menos tóxicos na agricultura.
3.2 Objetivos Específicos
• Coletar solos em diferentes ilhas da Península Antártica e isolar as comunidades de
fungos presentes;
• Ampliar a coleção de micro-organismos e células da UFMG para a montagem de uma
coleção temática de fungos antárticos;
• Identificar todos os fungos obtidos por meio de técnicas macromorfológicas e
moleculares;
• Ampliar as informações sobre a diversidade e distribuição geográfica dos fungos
antárticos;
• Produzir extratos dos fungos e avalia-los quanto a presença de substâncias
antiparasitárias, antivirais e herbicida;
8
4 MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 Área de estudo
A Antártica possui cerca de 14 milhões de km2 e compreende um complexo de ilhas
concentradas em sua península. As amostras de solos foram obtidas em três ilhas da Península
Antártica (Figura 1, Tabela 1): Robert (Península Coppermine), Ilhas Nelson (Rip Point), Rei
George (Yellow Point) e Pinguim.
Figura 1. Complexo de Ilhas Shetland do Sul na Península Antártica (Google, 2017).
Tabela 1. Localização geográfica dos pontos de coleta.
Ilha Local de coleta Localização geográfica
Nelson Rip Point S 62°14'279" W 058°439'
Rei George Yellow Point S 62°04'678" W 058°23'686"
Pinguim - S 62°06'327" W 057°55'590"
Robert Península Coppermine S 62°22'725" W 059°41'802"
9
As coletas foram realizadas em dezembro de 2013, durante a Operação Antártica
XXXII, realizada em atividades do Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR). As
amostras foram coletadas obedecendo os critérios de solos aparentemente diferentes que são
informados na Tabela 2. Para realização das coletas, foram utilizadas espátulas esterilizadas e
sacos plásticos do tipo WhirlPak (Nasco, Fort, Atkinson, WI, EUA) esterilizados, para cada
tipo de solo, foi coletado aproximadamente 300 g de amostras em triplicata.
Tabela 2. Informações sobre os pontos de coleta dos solos antárticos.
Após a coleta, as amostras foram encaminhadas ao Laboratório de Microbiologia do
Navio Oceanográfico Polar Almirante Maximiano, onde foram mantidas a -20 °C para
preservação das suas características. No Brasil as amostras foram transportadas para o
Microbiologia Polar e Conexões Tropicais (MicroPolar), na Universidade Federal de as
Gerais (UFMG) e mantidas a -20 ºC até o processamento.
4.2 Processamento, isolamento, purificação e preservação das amostras
Para o isolamento dos fungos, 1 g de cada amostra de solo foi inoculado em 9 mL de
solução de NaCl a 0,85%. Após essa diluição foi realizada uma diluição seriada até 10-2 e 100
μL inoculados nos meios YM (0,3% de extrato de levedura, 0,3% de extrato de malte, 0,5%
de peptona, 2% de glucose, 2% de ágar), DG18 (0,5% de peptona, 1% de glicose, 0,1% di-
hidrogeniofosfato de potássio, 0,05% sulfato de magnésio, 0,0002% de dicloran, 2% de ágar e
18% de glicerol) (Oxoid, EUA) e DRBC (0,5% de peptona; 1% de glicose; 0,1% di-
hidrogeniofosfato de potássio; 0,05% sulfato de magnésio; 0,0002% de dicloran; 0, 0025% de
rosa de bengala e 2% de ágar) (Oxoid, EUA) acrescido de 100 μg mL de cloranfenicol
(Sigma). As placas foram então incubadas a 10 ± 2 °C por até 60 dias. As colônias fúngicas
obtidas foram quantificadas em unidades formadoras de colônias e os fungos purificados em
novas placas de Petri contendo meio de cultura YM.
Ilha Data de coleta Ponto de coleta Material coletado
Nelson 11/12/2013 Rip Point Solo superficial
Rei George 07/12/2013 Yellow Point Solo rico em enxofre
Pinguim 09/12/2013 Topo da ilha Solo vermelho
Pinguim 09/12/2013 Topo da ilha Solo preto
Robert 06/12/2013 Península de Coppermine Solo morâinico
10
As culturas purificadas foram cultivadas em YM por 7 a 15 dias e preservados em
Castellani (Castellani, 1967). Para a criopreservação, os isolados foram cultivados em ágar
YM por 7 a 15 dias, em seguida 15 fragmentos do micélio (com aproximadamente 5 mm de
diâmetro) foram transferidos para tubos criogênicos esterilizados, sendo adicionado 1 mL da
solução de glicerol a 15% esterilizado. Para a criopreservação das leveduras, uma alçada de
cada isolado foi inoculada em tubo de ensaio contendo 2 mL de caldo GYMP (2% de glicose,
0,5% de extrato de levedura, 1% de extrato de malte, 0,2% de fosfato de potássio dibásico) e
incubados por 24 a 48 horas a 10 ºC. Transcorrido esse período, 0,8 mL de cada amostra foi
transferido para tubos criogênicos esterilizados onde foram adicionados 0,2 mL de glicerol
esterilizado. Os criotubos foram estocados em ultrafreezer a -80 ºC. Todos os isolados obtidos
foram preservados e armazenados na Coleção de Micro-organismos e Células do
Departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), da UFMG, sob o
código UFMGCB.
4.3 Identificação dos isolados
4.3.1 Fungos filamentoso e leveduras
Os isolados obtidos foram agrupados utilizando características macromoforlógicas –
cor da colônia (frente e verso), aspecto da borda, textura da superfície (frente e verso) e em
seguida, os grupos isolados foram submetidos à análise molecular para confirmação do
agrupamento por meio da PCR, utilizando-se o iniciador (GTG)5 (5’-
GTGGTGGTGGTGGTG-3’), de acordo com Lieckfeldt et al. (1993).
Após a amplificação dos produtos obtidos pela PCR, um isolado dentre os que
apresentaram um mesmo padrão de bandas foi selecionado para sequenciamento da região
transcrita interna, ITS1-5.8S-ITS2, da região gênica do rRNA, utilizando-se os iniciadores
ITS1 (TCCGTAGGTGAACCTGCGG) e ITS4 (TCCTCCGCTTATTGATATGC) (White et
al., 1989), alguns táxons de fungos filamentosos, também foram submetidos ao
sequenciamento dos fragmentos gênicos da β-butulina BT2a
(GGTAACCAAATCGGTGCTGCTTTC) e BT2b (ACCCTCAGTGTAGTGACCCTTGGC)
e RNA polimerase II (RPB2) 5F (GAYGAYMGWGATCAYTTYGG) e RPB2 7R
(CCCATRGCTTGYTTRCCCAT) (Godinho et al., 2015).
11
Para leveduras foi utilizada a região D1/D2 da subunidade maior do rDNA, utilizando
os iniciadores NL-1 (5’-GCATATCAATAAGCGGAGGAAAAG-3’) e NL-4 (5’-
GGTCCGTGTTTCAAGACGG-3’), segundo Lachance et al. (1999).
4.4 Extração DNA total
4.4.1 Fungos filamentosos
Após o crescimento dos isolados em ágar YM, a extração de DNA dos fungos
filamentosos foi realizada de acordo com Rosa et al. (2009). Os fungos filamentosos foram
crescidos por sete dias em meio YM e então os fragmentos de micélio foram colocados em
tubos estéreis de 1,5 mL acrescidos de 400 μL de tampão de lise – Tris-HCl
(trishidroximetilaminometano 0,05 M), EDTA (ácido etilenodiamino tetra-acético 0,005 M),
NaCl 0,1 M e SDS (sódio dodecil sulfato 1%) e deixado a – 20 ºC até o momento da extração
de DNA. O micélio foi triturado com auxílio de esferas de aço inoxidável (beads) (3,175 mm
de diâmetro) em homogeneizador Next Adva nce Bullet Blender®. Após essa etapa, foram
adicionados 162 μL de CTAB (Tris 2M, NaCl 8,2%, EDTA 2M CTAB 0,2%), seguido de
homogeneização e incubação por 30 minutos a 65 ºC. Posteriormente, foram acrescentados
570 μL da mistura clorofórmio/álcool isoamílico (24:1).
Após homogeneização, os tubos foram incubados por 30 minutos a 0 °C (em gelo).
Em seguida, o conteúdo foi centrifugado a 13.200 r.p.m. por 10 minutos e o sobrenadante
transferido para um novo tubo esterilizado de 1,5 mL, e acrescido 10% do volume de uma
solução de acetato de sódio 3 M. O tubo foi vertido para homogeneização, incubado a 0 ºC
por 30 minutos e centrifugado a 13.200 r.p.m. por 10 minutos. O sobrenadante foi transferido
para um novo tubo esterilizado e, em seguida, adicionado 50% do volume de isopropanol
(Merck) e a suspensão foi cuidadosamente homogeneizada. Posteriormente, a amostra foi
centrifugada a 13.200 r.p.m. por 10 minutos e o sobrenadante desprezado por inversão. Em
seguida, foram adicionados 200 μL de etanol 70% gelado (Merck), sendo os tubos
homogeneizados e submetidos à centrifugação a 13.200 r.p.m. por 5 minutos. O sobrenadante
foi descartado novamente por inversão e os tubos deixados por 2 minutos para secar. Foi
realizada outra lavagem com 200 μL de etanol 70% p/v gelado (Merck) e, por último, uma
nova centrifugação 13.200 r.p.m. por 5 minutos, seguido de descarte do sobrenadante. A
amostra foi deixada a temperatura ambiente overnight para secagem, e então foi adicionado
50 μL de Tris-EDTA (Tris-HCl 0,01 M e EDTA 0,001 M). A amostra foi incubada a 65 ºC
12
por 60 minutos para hidratação do DNA e, posteriormente, armazenada em freezer a -20 ºC. O
DNA obtido a partir dos isolados foi quantificado em espectrofotômetro (NanoDrop ND 1000
Technologies) (Scientific, 2008) e armazenado a –20 °C até sua utilização.
4.4.2 Leveduras
Para extração do DNA total das leveduras, os isolados foram crescidos em meio ágar
YM. Após o crescimento, as colônias foram ressuspendidas em 100 μL de tampão de lise
[Tris-HCl – trishidroximetilaminometano 0,05M), EDTA (ácido etilenodiamino tetra-acético
0,005 M), NaCl 0,1 M e SDS [sódio dodecil sulfato 1% (p/v)] e incubadas em banho-maria a
65 ºC por 30 minutos. Após essa etapa, foram adicionados 100 μL de fenol-clorofórmio-
álcool isoamílico – 25:24:1 (Sigma, EUA) aos tubos e os mesmos vedados com parafilme,
homogeneizados em vórtex e centrifugados a 14.000 r.p.m. durante 15 minutos. O
sobrenadante foi retirado com auxílio de pipeta e transferido para outro tubo, ao qual foi
adicionado isopropanol (Merck) (v/v). Os tubos foram homogeneizados por inversão e
deixados em repouso à temperatura ambiente durante 15 minutos para precipitação do DNA.
Após essa etapa, os tubos foram centrifugados a 14.000 r.p.m. por 10 minutos. O
sobrenadante foi descartado por inversão, e ao pellet formado foi acrescentado 200 μL de
etanol 70% (Merck) refrigerado. Efetuou-se novamente uma centrifugação a 14.000 r.p.m. por
10 minutos. O sobrenadante foi novamente descartado por inversão e uma segunda lavagem
com 200 μL de etanol 70% gelado e centrifugação a 14.000 r.p.m. por 10 minutos foram
realizadas. Após o descarte do sobrenadante por inversão, os tubos foram incubados overnight
à temperatura ambiente para total evaporação do etanol. Após essa etapa, o DNA foi
ressuspendido em 50 μL de tampão Tris-EDTA 0,1M (TE), pH 8,0 e estocado a -20 ºC.
4.5 Obtenção dos amplicons
4.5.1 Amplificação utilizando o iniciador (GTG)5
Para confirmação do agrupamento macromorfológico, os isolados foram submetidos à
PCR fingerprinting utilizando o iniciador (GTG)5 para amplificação de regiões de
microssatélite, conforme descrito por Lieckfeldt et al. (1993). A PCR foi realizada para um
volume final de 25 μL contendo de 1,0 a 5,0 μL de DNA - variando de acordo com a
concentração do DNA, a qual deve estar entre 50-500 ng/μL, 2,0 μL do iniciador GTG5 10
μmol-1 (Invitrogen) 2,5 μL de tampão de PCR 5X (Fermentas), 1,5 μL de MgCl2 25mM, 1,0
13
μL de dNTP (Invitrogen), 10 mM, 0,2 μL de Taq DNA polimerase 5U (Fermentas) e o
volume final completado com água ultrapura esterilizada. As reações de PCR foram
realizadas utilizando o termociclador Eppendorf Mastercycler nexus GSX1. O programa
consistiu de uma desnaturação inicial a 94 ºC por cinco minutos, seguido por 40 ciclos de 15
segundos de desnaturação a 94 ºC, 45 segundos de anelamento a 55 ºC e 90 segundos de
extensão a 72 ºC, e uma extensão final por 6 minutos a 72 ºC. Os produtos de PCR foram
analisados por eletroforese (Loccus biotecnologia model LPS – 300h), em gel de agarose
1,5% (Avati Mod.: AV – 0110), em tampão TBE 0,5X (54 g de tris base, 27,5 g de ácido
bórico), 20 mL de EDTA 0,5M, pH 8,0, resolvidos durante aproximadamente uma hora e
meia a 80 V. As bandas foram coradas com solução de GelRedTM (Biotium), e os géis
visualizados sob luz ultravioleta (UV) e fotografados pelo sistema de foto documentação de
gel (Vilber Lourmat, serial 0518816 – França).
4.5.2 Amplificação da região ITS utilizando os iniciadores ITS-1 e ITS-4
Para amplificação da região transcrita interna ITS1-5.8S da região do gene rRNA
foram utilizados os iniciadores ITS1 (TCCGTAGGTGAACCTGCGG) e ITS4
(TCCTCCGCTTATTGATATGC), conforme descrito por White e colaboradores (1990). A
reação de PCR foi realizada em um volume final de 50 μL contendo 5 μL de tampão de PCR
10X (Fermentas), 3 μL de MgCl2 25mM (Fermentas), 2 μL de dNTP 10 mM, 1 μL de cada
iniciador ITS1 e ITS4 a 10 pmol-1 (Invitrogen), 0,2 μL de Taq DNA polimerase 1,25U
(Fermentas),1 a 5 μL do DNA - de modo que a reação contenha entre 50-500 ng/μL e água
ultrapura esterilizada q.s.p. 50 μL. As reações de PCR foram realizadas utilizando o
termociclador Eppendorf Mastercycler nexus GSX1. O programa de ciclagem consistiu de
uma desnaturação inicial a 94 ºC por 5 min, seguido por 35 ciclos de 1 minuto de
desnaturação a 94 ºC, 1 minuto de anelamento a 55 ºC, 1 minuto de extensão a 72 ºC, e uma
extensão final por 5 minutos a 72 ºC. Os amplicons foram resolvidos por eletroforese (Loccus
biotecnologia model LPS – 300h), em gel de agarose 1,0% (Avati Mod.: AV – 0110), em
tampão TBE 0,5X, eluídos durante aproximadamente 30 minutos a 120 V. As amostras foram
coradas pela adição de GelRedTM (Biotium), e os géis visualizados sob luz UV e
fotografados pelo sistema de foto documentação de gel (Vilber Lourmat, serial 0518816 –
França).
14
4.5.3 Amplificação do gene de β-tubulina
Para amplificação do fragmento gênico da β-tubulina foram utilizados os iniciadores
Bt2a (GGTAACCAAATCGGTGCTGCTTTC) e Bt2b
(ACCCTCAGTGTAGTGACCCTTGGC), conforme descrito por (Glass e Donaldson, 1995).
A PCR foi realizada em um volume final de 50 μL contendo de 1 a 2 μL de DNA (de modo
que a reação continha entre 50-300 ng/μL), 1,0 μL de cada iniciador Bt2a e Bt2b 10 pmol-1
(Sinapse), 5 μL de tampão de PCR 10X (Fermentas), 2 μL de MgCl2 1,5 mM (Fermentas), 2,0
μL de dNTP 0,05 mM, 0,2 μL de Taq DNA polimerase 1U (Fermentas), e o volume final
completado com água de injeção esterilizada para 50 μL. As reações de PCR foram realizadas
utilizando o termociclador Eppendorf Mastercycler nexus GSX1. O programa consistiu de
uma desnaturação inicial a 94 ºC por 5 minutos, seguido por 35 ciclos de 1 minuto de
desnaturação a 94 ºC, 1 minuto de anelamento a 59 ºC e 90 segundos de extensão a 72 ºC e
uma extensão final por 7 minutos a 72 ºC. Os amplicons foram analisados por eletroforese
(Loccus biotecnologia model LPS – 300h), em gel de agarose 1,0% (Avati Mod.: AV –
0110), em tampão TBE 0,5X, resolvidos durante aproximadamente 30 minutos a 120 V. As
amostras foram coradas pela adição GelRedTM (Biotium), e os géis visualizados sob luz UV
e fotografados pelo sistema de foto documentação de gel (Vilber Lourmat, serial 0518816 –
França).
4.5.4 Amplificação da RNA polimerase II
Na amplificação parcial da RNA polimerase II (RPB2) foram utilizados os iniciadores
RBP2 5F (GAYGAYMGWGATCAYTTYGG) e RPB2 7R
(CCCATRGCTTGYTTRCCCAT) conforme descrito por (Malkus et al., 2006). A PCR foi
realizada em um volume final de 50 μL contendo de 1,0 a 5,0 μL de DNA (de modo que a
reação contenha entre 50-500 ng/μL), 1,0 μL de cada iniciador RBP2 5F e RPB2 7R a 10
μmol-1 (Invitrogen), 5,0 μL de tampão de PCR 10X (Fermentas), 3,0 μL de MgCl2 mM, 2,0
μL de dNTP 10 mM, 0,2 μL de Taq DNA polimerase 1.25U (Fermentas) e o volume final
completado com água de injeção esterilizada. As reações de PCR foram realizadas utilizando
o termociclador Eppendorf Mastercycler Nexus GSX1. O programa consistiu de uma
desnaturação inicial a 94 ºC por 3 minutos, seguido por 35 ciclos de 20 segundos de
desnaturação a 94 ºC, 55 segundos de anelamento a 55 ºC e 1 minuto de extensão a 72 ºC e
uma extensão final por 10 minutos a 72 ºC. Os amplicons foram analisados por eletroforese
15
(Loccus biotecnologia model LPS – 300h), em gel de agarose 1,0% (Avati Mod.: AV – 0110),
em tampão TBE 0,5X, resolvidas durante aproximadamente 30 minutos a 120 V. As amostras
foram coradas pela adição (Biotium), e os géis visualizados sob luz UV e fotografados pelo
sistema de foto documentação de gel (Vilber Lourmat, serial 0518816 – França).
4.5.5 Amplificação utilizando iniciadores NL-1 e NL-4
Das leveduras que apresentaram perfis moleculares iguais um isolado foi selecionado
para o sequenciamento da região D1/D2 da subunidade maior do rDNA, utilizando os
iniciadores NL-1 (5’-GCATATCAATAAGCGGAGGAAAAG-3’) e NL-4 (5’-
GGTCCGTGTTTCAAGACGG-3’), segundo Lachance et al. (1999). A reação de PCR foi
realizada em um volume final de 50 μL contendo 5 μL de tampão de PCR 10X (Fermentas), 3
μL de MgCl2 25 Mm (Fermentas), 2 μL de dNTP 10 mM, 1 μL de cada iniciador NL-1 e NL-
4 a 10 pmol-1 (Invitrogen), 1 a 5 μL do DNA – de modo que a reação final contenha entre 50-
500 ng/μL, 0,2 μL de TaqDNA polimerase 1.25 U (Fermentas) e água ultrapura esterilizada
q.s.p. 50 μL. As reações de PCR foram realizadas utilizando o termociclador Eppendorf
Mastercycler nexus GSX1.
O programa de ciclagem consistiu de uma desnaturação inicial a 95 ºC por 2 minutos,
seguido por 35 ciclos de 15 segundos de desnaturação a 95 ºC, 25 segundos de anelamento do
iniciador a 54 ºC e 20 segundos de extensão a 72 ºC, e uma extensão final por 10 minutos a 72
ºC. Os amplicons foram analisados por eletroforese (Loccus biotecnologia model LPS –
300h), em gel de agarose 1,0% (Avati Mod.: AV – 0110), em tampão TBE 0,5X, resolvidos
durante aproximadamente 30 minutos a 120 V. As amostras foram coradas pela adição de
GelRedTM (Biotium), e os géis visualizados sob luz UV e fotografados pelo sistema de foto
documentação de gel (Vilber Lourmat, serial 0518816 – França).
4.6 Purificação dos produtos de PCR
Os amplicons gerados pela reação de PCR foram purificados utilizando etanol-EDTA.
Ao produto de PCR – 47 μL, foram adicionados 11,25 μL de EDTA e 141 μL de etanol
absoluto e deixados a temperatura ambiente por 15 minutos. O tubo foi centrifugado a 13.200
r.p.m. por 25 minutos e o sobrenadante descartado por inversão. A seguir, foram adicionados
120 μL de etanol 70% gelado, o tubo centrifugado a 13.200 r.p.m. por 10 minutos e o etanol
descartado por inversão. O tubo foi deixado à temperatura ambiente para evaporação de todo
16
o excesso de etanol. Foram adicionados 10 μL de água ultrapura e o conteúdo do tubo
homogeneizado em vórtex por 15 segundos. Em seguida, o tubo foi incubado em estufa a 37
ºC por 30 minutos. O produto da PCR purificado foi dosado em NanoDrop ND 1000
(NanoDrop Technologies, EUA) (Scientific, 2008) e armazenado a –20 °C até o momento da
reação de sequenciamento.
4.7 Reação de sequenciamento e precipitação das amostras
As reações de sequenciamento foram realizadas utilizando o kit Big Dye versão 3.1
(Applied Biosystems, EUA), em combinação com o sistema de sequenciamento automatizado
ABI 3730 (Applied Biosystems, EUA). A reação de sequenciamento foi realizada em
microplacas de 96 poços (Applied Biosystems, EUA) preparada para um volume final de 10
μL, em que foram colocados: 1 μL do inciador – 5 μmol-1, 1 μL de tampão – presente no kit
de sequenciamento, 1 μL de Big Dye, 1 a 5 μL de DNA – de modo que a reação final
contenha entre 50-500 ng/μL e o restante de água para injeção esterilizada para completar o
volume. O programa de ciclagem utilizado consistiu de uma desnaturação inicial a 36 °C por
1 minuto, 36 ciclos de anelamento a 96 °C por 15 segundos, seguido por 15 segundos de
extensão a 50 ºC e 4 minutos de extensão final a 60 ºC.
Os produtos do sequenciamento foram submetidos ao processo de precipitação com o
acréscimo de 1 μL de EDTA a 125 mM, 1 μL de acetato de amônio e 50 μL de etanol 96%
(Merck) em cada poço. A placa foi homogeneizada com auxílio de um vórtex brevemente e
então incubada por 15 minutos à temperatura ambiente, protegida da luz. Após incubação, as
amostras foram centrifugadas por 45 minutos a 3.700 r.p.m. à temperatura ambiente e o
sobrenadante descartado por inversão. Em seguida, foram acrescentados 100 μL de etanol
70% (Merck) e as amostras novamente centrifugadas por 15 minutos a 3.700 r.p.m. à
temperatura ambiente. Após a centrifugação, o sobrenadante foi descartado por inversão e em
cada poço foi acrescentado 10 μL de Formamida HI-DI (Applied Biosystems, EUA). A placa
foi armazenada a 4 ºC, protegida da luz, até injeção das amostras no sistema automatizado
ABI 3730 (Applied Biosystens, EUA).
4.8 Análises computacional das sequências
As sequências de DNA foram comparadas com as sequências de espécies tipo ou
referência de fungos depositadas no GenBank e pertencentes a coleções de culturas
17
internacionais, utilizando o programa BLASTn – Basic Local Alignment Search Tool (versão
2.215) do BLAST 2.0 disponível no portal NCBI –http://www.ncbi.nlm.nih.gov/blast/,
desenvolvido pelo National Center For Biotechnology. Os fungos que apresentaram
sequências com valor de E = 0, cobertura e identidade ≥ 99%, bem como proximidade quando
analisadas filogeneticamente utilizando o programa MEGA 6 (Molecular Evolutionary
Genetics Analysis) (Tamura et al., 2013) foram considerados como pertencentes à mesma
espécie. Para fungos com sequências com valor de E diferente de 0 e cobertura, e identidade ≤
98%, os mesmos foram identificados em nível de gênero ou níveis hierárquicos mais altos
após a análise filogenética. Além disso, para alguns táxons o termo ‘cf.’ (latim for confer =
comparado com) foi utilizado para indicar a espécie a qual se assemelha, mas apresenta
pequenas diferenças com a espécie referência.
Para identificação molecular foram utilizadas as sequências ≥ 300 pares de bases. As
árvores filogenéticas foram construídas utilizando o algoritmo de Neighbor-joining. O modelo
Maximum composite likelihood foi usado para estimar a distância evolucionária. Uma análise
de bootstrap foi feita com 1.000 repetições utilizando os programas incluídos no MEGA 6.
Informações sobre os níveis hierárquicos utilizados na taxonomia dos fungos foram obtidas
no MycoBank (http://www.mycobank.org), Index Fungorum
(http://www.indexfungorum.org/) e Kirk et al. (2008).
4.9 Diversidade da comunidade fúngica: cálculo dos índices de abundância, riqueza e
dominância
A abundância de cada táxon foi calculada de acordo com a seguinte fórmula: porcentagem de
abundância do táxon A = número de isolados do táxon A x 100/soma de isolados de todos os
táxons. Estes dados foram utilizados para determinar a prevalência de cada táxon em
comparação com o total de táxons presente nas comunidades fúngicas na área de coleta. Para
avaliar a diversidade de espécies no local de coleta, foram utilizados os seguintes índices: (a)
Fisher-ɑ (diversidade), (b) Margalef (riqueza) e (c) Simpson (dominância). O índice de
diversidade de Fisher-ɑ é adequado para frequências em que diferentes espécies ocorrem de
forma aleatória onde, comumente algumas espécies são tão raras que sua chance de inclusão é
pequena (Fisher et al., 1943).Este índice é calculado pela fórmula S = a*ln(1+n/a) onde, S é o
número de táxons presente na amostra, n é o número de indivíduos e a representa o índice de
Fisher-ɑ. O Índice de Margalef é uma medida utilizada em ecologia para estimar a riqueza de
espécies de uma comunidade com base na distribuição numérica dos indivíduos das diferentes
18
espécies em função do número total de indivíduos existentes na amostra analisada. Sua
fórmula é dada por S = (n-1)/ln(N), onde n é o número de táxons encontrados e N representa o
número de indivíduos. Quanto mais alto o valor de S maior a riqueza de espécies do local
amostrado. O índice de Simpson é muitas vezes utilizado para quantificar a biodiversidade de
um ecossistema. Ele leva em conta o número de espécies presentes no local, bem como a
abundância de cada espécie. Trata-se de um índice de dominância que mede a probabilidade
de dois indivíduos, selecionados ao acaso na amostra, pertencer à mesma espécie. O cálculo
da Dominância de Simpson é dado pela fórmula D =Σ(n/N)2, onde n é o número total de
organismos de uma mesma espécie e N o número total de organismos de todas as espécies. O
valor estimado de D pode variar de 0 a 1, quanto mais alto for, maior a probabilidade de os
indivíduos serem da mesma espécie, ou seja, maior a dominância e menor a diversidade.
Sendo assim, uma comunidade de espécies com maior diversidade terá uma menor
dominância. Para comparação entre as comunidades de solos diferentes, bem como as ilhas
amostradas, foram utilizados os índices de Sorensen. Todos os resultados foram obtidos com
95% de confiança, e os valores de bootstrap calculados a partir de 1.000 repetições. Todos os
índices foram calculados utilizando o programa computacional PAST 1.90 (Hammer et al.,
2001).
4.9.1.1 Análises físico-químicas do solo
Foram coletadas cinco amostras superficiais de solos, todas na profundidade de 0 – 10
cm. As amostras das Ilhas Robert (Península Coppermine) e Nelson (Rip Point) estão
localizadas no domínio litorâneo, especificamente em áreas de stacks vulcânicos com terraços
marinhos associados (Figura 2A). Esses stacks, bem como os terraços, tem sua exposição
causada pelo soerguimento das ilhas a partir da compensação glacio-isostática associada ao
recuo das geleiras. Posteriormente passam a ser cioclastados em superfície, podendo também
serem colonizados pela avifauna. Na Ilha Pinguim, as amostras superficiais de solo foram
amostradas em dois contextos litológicos semelhantes, porém em estados de oxidação
diferentes, ambos na porção superior da paisagem, acima de 250 m de altitude. Os solos de
cor vermelha (Figura 2B) derivam de cinzas vulcânicas oxidadas, ao passo que os solos de cor
preta (Figura 2C) tem como material de origem as mesmas cinzas vulcânicas, porém sem
oxidação como as anteriores. A diferença de cor se deve, assim, a uma transição no estado de
valência do Fe, que ao ser oxidado na superfície da forma Fe2+ para Fe3+ passa a manifestar a
cor vermelha. Na Ilha Rei George, em área conhecida como Yellow Point (Figura 2D), as
coletas ocorreram na base da saia de talus, próxima ao terraço marinho, sendo o solo derivado
19
de andesitos piritizados, isto é, rochas vulcânicas enriquecidas em sulfeto de ferro,
principalmente pirita. Todas as amostras foram coletadas em triplicatas, sendo posteriormente
homogeneizadas e peneiradas em malha de 2mm. Foram realizadas análises químicas de
rotina. O pH, nutrientes trocáveis e textura foram determinados em amostras de terra fina seca
ao ar (TFSA) (Embrapa, 2014). Cátions trocáveis, Ca2+, Mg2+ e Al3+ foram extraídos com 1M
KCl e P, Na+ e K+ com extrator Mehlich-1 (dupla diluição 0,05 mol/L de HCl em 0,0125
mol/L de H2SO4) (Embrapa, 2014). Os teores dos nutrientes (Ca2+ e Mg2+) e Al3+ nos extratos
foram determinados por espectrometria de absorção atômica e emissão de chama (Na+ e K+) e
fotocolorimetria (P).
Figura 2. Aspecto geral dos ambientes de coleta de amostras superficiais de solos, sendo A –
área costeira sob stack vulcânico crioclastado no interior de terraços marinhos (Coppermine);
B – Vertentes recobertas por cinzas vulcânicas oxidadas com afloramento de rochas intrusivas
(Pinguim); C – vertentes recobertas por cinzas vulcânicas com caimento para a área costeira
(Pinguim) e D – Base de talus em área de rochas andesiticas ricas em sulfetos (Yellow Point,
Rei George).
20
4.10 Cultivo dos fungos e preparo dos extratos
Cada isolado fúngico foi cultivado em cinco placas de Petri contendo meio YM e
incubados a 10 ºC para obtenção dos metabólitos produzidos. Após 15 dias de crescimento,
todo o conteúdo de cada uma das cinco placas (meio de cultura com o crescimento micelial)
foram picotados e transferidos para frascos Erlenmeyers de 250 mL, congelados a –80 ºC por
24 horas e posteriormente submetidos ao processo de liofilização (Liofilizador LíoTop –
K105). Em seguida foi acrescido 50 mL de diclorometano PA (Vetec) que permaneceram a
temperatura ambiente e após 72 horas. Em seguida o sobrenadante (fase diclorometânica) de
cada frasco foi filtrado em papel filtro e transferido para frascos de cintilação. Todos os
extratos diclorometânicos obtidos foram secos à temperatura ambiente, solubilizados em
dimetilsufóxido (DMSO), a uma concentração de 20 mg.mL-1 e depositados na Extratoteca do
Laboratório de Química de Produtos Naturais do CPqRR/FIOCRUZ a – 20 °C onde foram
triados e testados.
4.10.1 Determinação da atividade leishmanicida
A atividade leishmanicida seguiu os protocolos estabelecidos por (Campos et al.,
2008), onde promastigotas de Leishmania amazonensis (linhagem IFLA/BR/196/PH-8) foram
obtidas a partir de lesões de hamsters infectados experimentalmente. Os parasitas foram
incubados durante 9 dias a 26 ºC em meio Schneider pH 7,2. As formas promastigotas foram
então estimuladas para se diferenciarem em formas semelhantes a amastigotas, para isso, a
temperatura de incubação foi de 32 ºC, além da redução do pH do meio para 6,0. Após 7 dias
nestas condições, 90% dos parasitas estavam sob as formas amastigotas. A concentração
parasitária foi ajustada para 1 x 108 células mL-1 e em seguida, foi adicionado 90 μL em
microplacas de cultura de tecidos com 96 poços, seguindo-se 10 μL das soluções contendo as
amostras e o fármaco de controle (0,2 mg mL-1 de anfotericina B) Fungisona Bristol-Myers
Squibb, Brasil. As placas foram incubadas a 32 ºC durante 72 horas e o número de parasitas
estimado utilizando o ensaio colorimétrico baseado em MTT (metil tiazolil tetrazólio).
Os resultados foram calculados a partir das absorbâncias medidas utilizando a seguinte
equação:
[1 – (Absexperimento / Abscontrole)] x 100
21
A equação matemática expressa o percentual de morte parasitária em relação aos
controles sem fármaco. Todas as amostras foram testadas em duplicata e os experimentos
repetidos no mínimo uma vez. Os experimentos para determinar as curvas de resposta à dose
e a EC50 (concentração eficaz para matar 50% dos parasitas) foram executadas como descrito
anteriormente, utilizando diluições seriadas 1: 2 dos compostos de teste a fim de atingir as
concentrações apropriadas. Os experimentos foram executados em duplicata e repetidos no
mínimo uma vez.
4.10.2 Determinação da atividade tripanossomicida
4.10.2.1 Ensaio in vitro com formas tripomastigotas e formas amastigotas intracelulares
de Trypanosoma cruzi
Os ensaios in vitro com formas amastigotas e tripomastigotas de Trypanosoma cruzi
foram realizados de acordo com protocolos estabelecidos por Buckner et al. (1996) com
algumas modificações de (Romanha et al., 2010). Resumidamente, os parasitas e os
procedimentos de cultura foram realizados conforme a seguir. O T. cruzi (cepa Tulahuen) que
expressa o gene da β-galactosidase de Escherichia coli foi cultivada numa monocamada de
fibroblastos L929 de murganho. As culturas foram testadas quanto à atividade de β-
galactosidase e foram cultivadas em meio RPMI 1640, pH 7,2-7,4, sem vermelho de fenol,
mais 10% de soro fetal bovino e glutamina 2 mM. Os fibroblastos L929 foram adicionados
em microplacas de cultura de tecidos com 96 poços a uma concentração de 4,0 x 103 por
poço, com volume de 80 μL e incubados overnight.
As formas tripomastigotas que expressam a enzima β-galactosidase foram então
adicionados a uma concentração de 4,0 x 104 por poço com volume de 20 μL. Após 2 horas, o
meio contendo tripomastigotas que não penetram nas células foi descartado e substituído por
200 μL de meio fresco. Após 48 horas, o meio foi descartado novamente e substituído por 180
μL de meio fresco e 20 μL dos extratos de teste. Cada extrato foi testado em triplicata. Após 7
dias de incubação, adicionou-se às placas de cloreto de β-D-galactopiranósido vermelho de
clorofenol (CPRG), concentração final de 100 μM e Nonidet P-40 – 0,1% de concentração
final, seguido de incubação durante a noite a 37° C e a absorbância foi medida a 570 nm num
leitor de microplacas automatizado. O benznidazol na IC50 de 1 μg mL-1 = 3,81 μM foi
utilizado como controle positivo. Os resultados foram expressos como a percentagem de
22
inibição do crescimento. As quadruplicatas foram executadas na mesma placa e os
experimentos repetidos pelo menos uma vez.
4.10.2.2 Ensaio citotóxico in vitro de extratos tripanossomicida
Os extratos ativos foram testados in vitro para determinação da toxicidade celular em
células L929 não infectadas utilizando o corante alamarBlue® (Romanha et al., 2010). As
células foram expostas a extratos com concentrações crescentes a partir do valor de IC50 para
T. cruzi. Após 96 horas de incubação com os compostos, o alamarBlue® foi adicionado e a
absorbância foi medida em 570 e 600 nm após 4-6 horas. A viabilidade celular foi expressa
como a percentagem de diferença na redução entre células tratadas e não tratadas. Os valores
de IC50 foram calculados por interpolação linear e o índice de seletividade (SI), foi
determinado com base na razão entre o valor de IC50 na célula hospedeira dividido pelo valor
de IC50 do parasita. Os quadruplicados foram executados na mesma placa, e os experimentos
foram repetidos pelo menos uma vez.
4.10.3 Determinação de atividade para Dengue vírus sorotipo 2 e Zika vírus
Para os ensaios de atividade antiviral contra Dengue vírus sorotipo 2 (DENV-2) e o
Zika vírus (ZIKV), monocamadas de células (BHK-21) e Vero, foram crescidas em placas de
96 poços de fundo chato utilizandoo meio Eagle modificado por Dulbecco suplementado com
5% de SFB (soro fetal bovino), 100 U mL-1 de penicilina, 100 μg / mL de estreptomicina e
0,25 μg / mL de anfotericina B (todos Gibco, Thermo Sci, EUA) foram expostos a diferentes
concentrações dos extratos fúngicos por 72 h (DENV-2) ou 120 h (ZIKV) na presença dos
vírus. Os extratos a concentração de 20 mg mL-1 e em DMSO 100% foram incluídos em
placas de 96 poços (1 μL de cada extrato por poço). As suspensões de vírus com múltiplas
infecções (m.o.i) de 2 para DENV-2 e para ZIKV e extratos, com uma concentração de 25 μg
mL-1, foram adicionadas simultaneamente às placas em duas repetições. Controle celular
(células não-infectadas e não tratadas), controle de vírus (células não tratadas infectadas) na
presença ou não de DMSO e controle positivo (células infectadas tratadas com 200 UI mL-1
interferão alfa 2b [INREC]) foram executadas em paralelo durante cada experimento. A
atividade antiviral foi avaliada pelo sistema de classificação do efeito citopático peculiar
(CPE) causado por DENV-2 ou ZIKV observado por microscopia óptica seguido de ensaio
colorimétrico utilizando 3-(4,5-Dimetil-2-tiazolil)-2,5-difenil-2H-tetrazólio (MTT) (Sigma
Aldrich-USA) (Mosmann, 1983). Os resultados são expressos como a porcentagem de
23
inibição viral em relação aos controles virais sem extratos. Todos os ensaios antivirais foram
repetidos pelo menos três vezes.
4.10.4 Determinação de atividade herbicida
A determinação da atividade herbicida foi realizada de acordo com Ferreira et al.
(2017) com modificações. A atividade herbicida é determinada utilizando-se sementes de
alface crespa (Lactuca sativa) como modelo para dicotiledôneas e sementes de cebolinha
(Allium schoenoprasum) como modelo para monocotiledôneas. Para a realização dos ensaios,
todas as sementes foram desinfestadas superficialmente em álcool 70% (1 minuto),
hipoclorito de sódio a 2-2,5% (7 minutos e meio). Posteriormente lavadas em água deionizada
autoclavada por quatro vezes e secas ao ar em um ambiente esterilizado. Os bioensaios foram
realizados em duplicata em placas de poliestireno de 24 poços esterilizadas (TPP 92024). Um
disco de papel de filtro qualitativo (50 X 50, 80g), foi colocado em cada poço a ser utilizado.
Aos poços controle foram adicionados 400 L de água deionizada autoclavada. Para
avaliação de toxicidade do solvente utilizado na solubilização dos extratos foi realizado o
controle de solvente. Para tanto, foi adicionado ao poço 360 L de água e 40 L de acetona
P.A. Aos poços testes foram adicionados 360 L de água e 40 L da diluição da amostra na
concentraçao de 1 mg mL-1. Toda a preparação da placa foi realizada em um ambiente
esterelizado para diminuir as chances de qualquer possivel contaminação. Posteriormente,
cinco sementes de cada vegetal teste foram adicionadas a cada poço. As placas foram
tampadas e seladas com parafilme. As placas foram incubadas em BOD sob condições de luz
contínua (120,1 umol s-1 m-2) a 26 C por 14 dias. Após este período, uma estimativa
qualitativa de fitotoxicidade foi feita atribuindo-se uma classificação de 0 para onde não
ocorreu nenhum efeito de inibição da germinaçao (as plantas dos poços teste encontraram-se
idênticas às plantas controle), 2 para menos de 50% de inibição da germinação, 3 para cerca
de 50% de inibição de germinação, 4 para mais de 50% de inibição de germinação e 5 para
não germinação das sementes. O Glifosato foi utilizado como controle positivo de inibição da
germinação.
24
5 RESULTADOS
5.1 Coleta, isolamento, identificação e diversidade de fungos
Foram isolados e identificados 218 fungos (Tabela 3; Figuras 4, 5, 6 7, 8). Desses, 203
fungos foram fungos filamentosos e 15 leveduras (Figura 3) pertencentes aos filos
Zygomycota, Ascomycota e Basidiomycota. Os gêneros Mortierella, Antarctomyces e
Penicillium foram os que alcançaram as maiores densidades em UFC g-1. Pseudogymnoascus
destructans, P. verrucosus, Penicillium tardochrysogenum, Goffeauzyma gilvescens e
Mortierella sp. foram as espécies mais abundantes.
Figura 3. (a) percentual de isolados por ilha e (b) percentual de fungos filamentosos e
leveduras.
25
Tabela 3. Fungos obtidos a partir dos solos da Antártica e identificados por meio da comparação de suas sequências utilizando o programa BLASTn e
o banco de dados do NCBI GenBank
Ilha/Região Densidade
(UFC g-1) UFMGCBa
Resultado Top BLAST (número de acesso no
GenBank)
Cobertura
(%)
Identidade
(%)
Nº de bp
analisados
Espécie ou grupo
taxonômico proposto
Nelson/Rip Point 100 10163 Mortierella antarctica (NR111580)b 98 100 531 M. antarctica
300 10364 Mortierella parvispora (NR077185)b 98 95 625 Mortierella sp.
150 10363
Penicillium tardochrysogenum (NR138308)b
Penicillium chrysogenum (AY495981)c
Penicillium chrysogenum (JF909937)d
100
100
97
100
98
99
475
477
990
P. chrysogenum
300 10164 Preussia flanaganii (NR077168)b 100 99 422 P. flanaganii
206.83 10378 Pseudogymnoascus destructans (NR111838)b 100 99 441 P. cf. destructans
140 11125 Mrakia frigida (NG042346)d 100 100 440 M. frigida
183.25 11122 Saccharomyces uvarum (LT594195)e
Saccharomyces cerevisiae (KC881067)b
99
85
98
99
708
689 S. cerevisiae
300 11133 Vishniacozyma victoriae (AF363647)e 100 100 426 V. victoriae
300 11126 Phenoliferia glacialis (EF151258)e 100 99 416 P. glacialis
Rei George/Yellow
Point 167.24 10226
Pseudogymnoascus destructans (NR1118381)b
Pseudogymnoascus verrucosus
(XM018269756)c
81
45
98
98
649
462 P. cf. destructans
150 10278 Geomyces pannorum (DQ117444)b 100 99 431 P. pannorum
100 10271 Glarea lozoyensis (NR137138)b 71 89 651 Glarea sp.
200 10493 Gyoerffyella tricapillata (KC834059)b 100 93 529 Gyoerffyella sp.
100 10254 Mortierella amoeboidea (NR111579)b 99 99 553 M. amoeboidea
400 10281 Mortierella parvispora (NR077185)b 99 99 583 M. parvispora
100 10323 Mucor aligarensis (NR103634)b 96 86 593 Mucor sp.
250 10240
Penicillium chrysogenum (AY495981)b
Penicillium chrysogenum (NR111815)c
Penicillium chrysogenum (JF909937)d
100
100
100
98
98
99
451
451
965
P. chrysogenum
26
Pinguim/Solo Vermelho 200 10297 Antarctomyces pellizariae (KX576510)b 100 100 406 A. pellizariae
300 10171
Pseudogymnoascus destructans (NR111838)b
Pseudogymnoascus verrucosus
(XM018269756)c
83
43
97
98
410
450 P. cf. destructans
100 10296 Mortierella parvispora (NR077185)b 99 94 614 Mortierella sp.
Pinguim/Solo Preto 116.66 10193
Penicillium tardochrysogenum (NR138308)
Penicillium chrysogenum (AY495981)c
Penicillium chrysogenum (AY495981)d
100
100
97
100
98
99
458
454
1008
P. chrysogenum
100 10197 Pseudogymnoascus appendiculatus
(NR137875)b 100 99 374 P. appendiculatus
165.38 10326 Pseudogymnoascus destructans (NR111838)b 96 98 548 P. cf. destructans
100 10192 Pseudogymnoascus verrucosus (KJ755525)b 100 99 408 P. verrucosus
Robert/Coppermine
Península 175 10311 Antarctomyces pellizariae (KX576510)b 100 100 479 A. pellizariae
987.5 10188 Pseudogymnoascus destructans (NR111838)b 94 97 503 P. cf. destructans
229.83 10320 Geomyces destructans (EU884921)b 100 99 481 G. destructans
400 10160 Goffeauzyma gilvescens (KY107769)e 100 100 427 G. gilvescens
433.33 10292 Mortierella amoeboidea (NR111579)b 100 99 544 M. amoeboidea
400 10313 Mortierella antarctica (NR111580)b 98 100 528 M. antarctica
850 10336 Mortierella elongatula (NR111582)b 93 95 628 Mortierella sp.
100 10325 Mortierella parvispora (NR077185)b 100 95 601 Mortierella sp.
350
10210
Penicillium rubens (NR111815)b
Penicillium chrysogenum (AY495981)c
Penicillium chrysogenum (JF909937)d
100
100
100
100
98
99
471
450
967
P. chrysogenum
750 10198 Pseudogymnoascus verrucosus (KJ755525)b 99 99 418 P. verrucosus
100 10161 Rhodotorula mucilaginosa (KY109056)e 100 100 448 R. mucilaginosa aUFMGCB = Coleção de micro-organismos e células da Universidade Federal de Minas Gerais. Táxon sujeito a análise filogenética baseada no
sequenciamento da região bITS, cβ-tubulina, dPolimerase II e eD1/D2 regiões da subunidade maior do gene do rRNA. fPosição taxonômica sugerida
pelas análises filogenéticas de acordo com bITS, cβ-tubulina dPolimerase II e/ou eD1/D2 sequências depositadas no GenBank.
27
Figura 4. Análise filogenética das sequências de fungos (em negrito) a partir de amostras de solo da Península Antártica em comparação com as
sequências tipo das espécies mais próximas após a análise no BLASTn, depositadas na base de dados GenBank. As árvores (a – f) foram construídas
com base nas sequências da região ITS por meio do parâmetro composto máximo de Likelihood. As sequências de Mucor circinelloides (NR126116) e
Aspergillus glaucus (AY373887) foram utilizadas como out group (OG).
28
Figura 5. Análise filogenética das sequências de fungos (em negrito) a partir de amostras de solo da Península Antártica em comparação com as
sequências tipo das espécies mais próximas após a análise no BLASTn, depositadas na base de dados GenBank. As árvores (g – i) foram construídas
com base nas sequências da região ITS por meio do parâmetro composto máximo de Likelihood. As sequências de Mucor circinelloides (NR126116) e
Aspergillus glaucus (AY373887) foram utilizadas como out group (OG).
29
Figura 6. Análise filogenética das sequências de fungos (em negrito) a partir de amostras de solo da Península Antártica em comparação com as
sequências de tipo das espécies mais próximas após análise BLAST, depositadas no banco de dados GenBank. As árvores (a – f) foram construídas
com base na região D1/D2 por meio do parâmetro composto máximo de Likelihood. A sequência de Kluyveromyces lactis (AY497689) foi usada como
out group (OG).
30
Figura 7. Análise filogenética das sequências de fungos (em negrito) a partir de amostras de
solo da Península Antártica em comparação com as sequências de tipo das espécies mais
próximas após análise BLAST, depositadas no banco de dados GenBank. A árvore foi
construída com base nos fragmentos gênicos do gene da β-tubulina por meio do parâmetro
composto máximo de Likelihood. A sequência de Mucor circinelloides (KT207682) é usada
como out group (OG).
Figura 8. Análise filogenética das sequências de fungos (em negrito) a partir de amostras de
solo da Península Antártica em comparação com as sequências de tipo das espécies mais
próximas após análise BLAST, depositadas no banco de dados GenBank. A árvore foi
construída com base nas sequências do fragmento gênico da RNA polimerase II por meio do
parâmetro composto máximo de Likelihood. A sequência de Mucor irregularis (JX976280) é
usada como out group (OG).
31
5.2 Análises químicas do solo
O resultado da composição química do complexo sortivo é apresentado na Tabela 3.
De maneira geral, os solos amostrados são jovens e refletem as condições de baixo grau de
intemperismo da Antártica. Todas as amostras apresentaram pH variando de neutro a alcalino.
O solo localizado no Yellow Point apresentou o menor valor de pH (5,9), justificado pelo fato
de que sua gênese está associada à oxidação de sulfetos. Esse processo já foi descrito em
outras áreas da Península Antártica (Souza et al., 2014) e Antártica Marítima (Simas et al.,
2007; Lopes et al., 2017) sendo sempre reportado como um dos processos responsáveis por
formar os solos mais desenvolvidos da Antártica, conhecidos como solos sulfatados.
Outro destaque revelado pelas análises químicas é a pouca influência ornitogênica nos
solos estudados. Em muitas áreas da Antártica, a intensa colonização por aves faz com que
ocorra a interação dos excrementos dessas e os substratos (rochas e sedimentos). A
decomposição da matéria orgânica destes excrementos também cria condições de acidez
(processo de nitrificação – processo químico-biológico de formação de nitrito no solo), que
permite intensificar o intemperismo químico das rochas e incorporar ao solo diversos
elementos químicos contidos no guano (fezes de aves). Esse processo gera os solos
ornitogênicos, que junto com os solos sulfatados, representam a máxima expressão da
pedogênese nas condições Antárticas. A acumulação de P (fósforo) cria verdadeiros
reservatórios de nutrientes e o processo associado é conhecido como fosfatização.
Pioneiramente estudada na Antártica por Syroyetschkovskiy em 1959 (Tatur, 1989) a
fosfatização é considerada hoje um importante processo na geração de condições favoráveis à
colonização biológica, na medida em que proporciona reservatórios de nutrientes para micro-
organismos e a vegetação. Como os teores de P são extremamente alto nos solos
ornitogênicos, tal como revelado por Tatur et al. (1984); Oliveira (2008); Tatur e Barczuk,
(1985); Tatur (1989); Myrcha e Tatur (1985) e Pereira et al. (2013), entre outros, e
considerando o limite mínimo de 500 mg/dm3 proposto por Simas et al. (2007) para a
classificação como ornitogênicos, percebe-se que as amostras superficiais dos solos estudados
não revelaram uma participação ativa da avifauna, motivo pelo qual se entende que o
conteúdo de P pode estar relacionada a uma fosfatização incipiente (poucos ou esporádicos
ninhais nas áreas de coleta) ou do próprio material de origem dos solos.
Por fim, as análises revelam um alto conteúdo de Na (sódio) no complexo sortivo, com
valores que chagam quase 400 cmolc/dm3. Ainda que as rochas que constituem os solos
32
estudados possam conter minerais que possuem Na em sua composição, esses valores
parecem estar mais relacionados à interferência de sprays salinos. É comum no ambiente
Antártico que a forte incidência de vento associada à alta salinidade das áreas oceânicas
resulte na dispersão de sódio e consequente enriquecimento absolutos dos solos da Antártica
Marinha (Francelino et al., 2011).
Os índices de diversidade mostraram que as comunidades de fungos são
moderadamente diversas, ricas e com domínio de alguns táxons (Tabela 4). O solo da Ilha
Nelson foi o mais rico e diverso, em contraste com a comunidade da Ilha Pinguim, o qual
apresentou os menores valores. O índice de similaridade de Sorensen (Figura 9) mostra a
distribuição das comunidades de fungos nas diferentes ilhas. A comunidade de fungos da Ilha
Pinguim Vermelho e Ilha Robert são as mais próximas, já a Ilha Rei George registrou as
espécies mais diferentes. Somente a espécie de P. destructans ocorreu em todos os solos de
todas as ilhas amostradas.
Tabela 4. Parâmetros físico-químicos e diversidade do conjunto de fungos em solos de
diferentes ilhas antárticas.
apH em água; bextraído com Melich-1 em mg dm3-1; ctroca de cátions em cmolc dm3-1; dPinguim V = solo vermelho; Pinguim P = solo preto.
Solos da ilhas antárticas
Análises físico-
químicas /Índices de
diversidade
Rei George Pinguim Vd Pinguim Pd Nelson Robert
pHa 5,47 6,47 6,64 7,34 6,77
Fósforob 125,3 95,4 21,85 71,15 174
Potássiob 110 14,5 63 76 250,5
Sódiob 200,1 65,2 180,4 393 321,95
Cálcioc 17,09 0,45 0,8 43,33 10,38
Magnésioc 8,92 0,085 0,45 5,88 28,34
Alumínioc 1,3 0 0 0 0
Número de Táxons 9 3 4 12 13
Fisher α 1,24 0,41 0,6 1,63 1,57
Margalef 1,07 0,31 0,5 1,4 1,37
Simpson 0,86 0,61 0,7 0,9 0,88
33
Figura 9. Dendrograma mostrando a similaridade de Sorensen entre as
comunidades de fungos obtidas dos solos das diferentes ilhas da Península
Antártica. Pinguim P = solo preto; Pinguim V = solo vermelho.
5.3 Ensaios leishmanicida, tripanossomicida, antiviral e herbicida
Um total de 218 extratos fora avaliados no painel de ensaios biológicos. Não houve
atividade significativa contra L. amazonensis, Dengue soroto tipo 2 e Zika vírus. Entretanto,
sete isolados se destacaram (cinco P. destructans, um M. parvispora e um P. chrysogenum) e
foram capazes de inibir seletivamente as formas amastigotas intracelulares de T. cruzi com
valores percentuais próximos ao da droga controle. O melhor resultado foi para o extrato de P.
chrysogenum UFMGCB 10240, o qual apresentou o maior índice de seletividade (menor
toxicidade para as células de mamiferos) e a melhor IC50 frente ao parasito (Tabela 5).
Dezoito apresentaram atividade herbicida (Tabela 6), dos quais sete isolados (cinco P.
destructans e dois P. tardochrysogenum) apresentaram os resultados mais siginificativos,
quanto a inibição das sementes de A. schoenoprasum. Frente a L. sativa os resultados mais
significativos foram de um extrato de P. destructans e um de Mortierella sp..
34
Tabela 5. Atividades biológicas dos extratos obtidos das espécies de fungos isoladas do solo da Antártica.
Espécies UFMGCBa % Atividade
antiviral Atividade antiparasitária
DENV-2b Zika
vírusf
% redução
de T. cruzi IC50 (mg mL-1)c
IC50 célula
L929d
Índice de
Seletividadee
% morte L.
amazonensis
Mortierella sp. 10364 4 ± 3 0 ± 9 59,9 ± 3 23 ± 9 30 ± 14 1,3 33 ± 1
Penicillium chrysogenum 10240 6 ± 1 0 ± 5 66 ± 10 10,1 ± 6,2 90 ± 14 5,5 59 ± 2
Pseudogymnoascus
destructans 10169 10 ± 3 0 ± 5 69,5 ± 13 20,6 ± 13,2 90 ± 14 2,7 12 ± 3
P. destructans 10453 8 ± 5 0 ± 3 73,5 ± 7 15,3 ± 5,1 70 ± 42 2 68,5 ± 1
P. destructans 10312 0 ± 3 0 ± 3 78,1 ± 1 20 ± 10,7 45 ± 7 1,4 37 ± 1
P. destructans 10185 6 ± 10 0 ± 2 61,6 ± 2 23 ± 4,2 >100 >3,5 24 ± 5
P. destructans 10387 0 ± 7 0 ± 0,6 63,4 ± 6 34,5 ± 34,2 90 ± 14 1,4 1 ± 1
Controles anfoterecina B - - - - - - 76
benznidazol - - 82 1 625 625 -
IFNA α 2b 30 ± 1 35 ± 3,6 - - - - -
aUFMGCB = Coleção de micro-organismos e Células da Universidade Federal de Minas Gerais; bResultado expresso pela concentração em que o
extrato é capaz de produzir 50% de sua resposta máxima (EC50) a 1,18 μg de extrato mL-1 Dengue vírus sorotipo 2 em células BHK-21, teste MTT;
cConcentração do extrato que inibe 50% do crescimento de Trypanosoma cruzi; d50% da viabilidade celular (L929). eIC50 célula L929/IC50 parasito;
fEnsaio MTT, em Células Vero.
35
Tabela 6. Atividade herbicida dos extratos obtidos das espécies de fungos isoladas do solo da
Antártica.
Espécies UFMGCBa Atividade herbicida
A. schoenoprasum
Monocotiledôneas
L. sativa
Dicotiledôneas
Mortierella sp. 10316 3 ± 0 2 ± 0
Mortierella sp. 10351 2 ± 0,5 4 ± 0
Pseudogymanoascus sp. 10344 3 ± 0,5 3 ± 0
Pseudogymnoascus destructans 10312 4 ± 0 1 ± 1
P. destructans 10238 4 ± 0,5 1 ± 1
P. destructans 10263 3 ± 0 1 ± 0
P. destructans 10268 0 ± 0 3 ± 0
P. destructans 10286 2 ± 0,5 3 ± 0
P. destructans 10294 3 ± 0 2 ± 1
P. destructans 10310 4 ± 0,5 1 ± 0,5
P. destructans 10339 2 ± 0 3 ± 0
P. destructans 10342 3 ± 0 4 ± 0,5
P. destructans 10356 0 ± 0 3 ± 0
P. destructans 10378 3 ± 0 2 ± 1
P. destructans 10441 3 ± 0 0 ± 0
P. destructans 10454 2 ± 0,5 3 ± 0
Penicillium tardochrysogenum 10379 4 ± 0,5 2 ± 0,5
P. tardochrysogenum 10498 4 ± 1 0 ± 0
Controle Glifosato 4 ± 0 5 ± 0
aEstimativa de fitotoxicidade usando uma escala de classificação de 0-5, onde 0 = sem efeito e
5 = sem crescimento ou sem germinação das sementes. Alvos: L. sativa = Lactuca sativa
(alface crespa), A. schoenoprasum = Allium schoenoprasum (cebolinha verde).
36
6 DISCUSSÃO
6.1 Diversidade
Apesar das condições extremas, os solos antárticos abrigam diferentes gêneros de
fungos, dentro os quais Pseudogymnoascus, Mortierella e Penicillium foram os mais
recorrentes. Entre as espécies destes gêneros, P. destructans apresentou as maiores densidades
e ampla distribuição geográfica nas ilhas amostras; seguido de P. tardochrysogenum e M.
elongulata.
Pseudogymnoascus (Geomyces) inclui espécies que ocorrem nos solos do Ártico,
Alpes, regiões temperada e da Antártica (Mercantini et al., 1989; Onofri, 1999). Espécies de
Pseudogymnoascus parecem ter a capacidade de colonizar e utilizar diferentes fontes de
carbono e são abundantes em ecossistemas com temperaturas mais baixas (Arenz, 2011).
Pseudogymnoascus já foram obtidas de diferentes substratos na Antártica como solos
(Mercantini et al., 1989; Arenz, 2011), musgos (Tosi, 2002), como endofíticos de C. quitensis
(Rosa et al., 2010), associados a macroalgas (Loque et al., 2010; Furbino et al., 2014), em
água de lagos (Gonçalves et al., 2012) e na líquenosfera (Santiago et al., 2015). Entre as
espécies de Pseudogymnoascus, P. destructans é o mais conhecido, pois representa um fungo
psicrofílico patogênico capaz de reduzir a população de morcegos por meio da síndrome do
nariz-branco [white nose syndrome (WNS)] em regiões temperadas da América do Norte e
Europa (Lorch et al., 2011). De acordo com Langwig et al. (2015), durante a hibernação o
sistema imunológico dos morcegos diminui tornando-os vulneráveis à infecção por P.
destructans. No que se refere aos isolados antárticos de P. destructans, até o momento não há
nenhuma informação sobre ao seu potencial virulento frente aos animais da região.
O segundo gênero mais abundante encontrado nos solos antárticos foi Penicilium, o
qual é ubíquo e presente em diferentes substratos e ambientes (Arenz, et al., 2006; Godinho et
al., 2015). Na Antártica as espécies de Penicillium já foram descritas em solos com presença
de plantas, solos ornitogênicos (Mcrae et al., 1999), permafrost (Zucconi et al., 2012) e
associadas a macroalgas (Godinho et al., 2013). Entre estas espécies, P. tardochrysogenum é
considerado endêmico da Antártica e até o momento já foi isolado do solo dos vales secos de
McMurdo (Houbraken et al., 2012) e em solos continentais oligotróficos (Godinho et al.,
2015).
37
De acordo com Kirk et al. (2008), Mortierella possui 85 espécies e ocorre em
diferentes tipos de solo e algumas ocorrem em ambientes com baixas temperaturas (Sogonov
et al., 2004). Na Antártica, espécies de Mortierella foram isoladas de musgos (Tosi, 2002;
Melo et al., 2014), líquens (Santiago et al., 2015), solos (Bridge e Newsham, 2009), água de
lagos (Gonçalves et al., 2012), associados a macroalgas (Godinho et al., 2013) e rizosfera de
D. antartica (Gonçalves et al., 2015). Entre as espécies de Mortierella que foram isoladas
neste estudo, apenas a espécie Mortierella antartica é considerada como endêmica da
Antártica. Mortierella antarctica já foi isolada a partir de amostras de solo (Adams et al.,
2006; (Frate e Carreta, 1990; Zucconi et al., 1996) e musgos (Tosi, 2002) na Antártica, essa
espécie, assim como outras do gênero Mortierella, possuem capacidade de biotransformação
e/ou acumulação de ácidos graxos insaturados, podendo ser utlizadas em aplicações
biotecnológicas (Wagner et al., 2013). De acordo com Onofri et al. (2004), M. Antarctica
possui capacidade de produção de ácidos importantes para seu desenvolvimento a baixas
temperaturas (ácido linoleico e ácido araquidônico), sendo capaz de crescer e esporular a 0 ºC.
Segundo Maggi et al. (2013), a ausência ou presença dos ácidos citados anteriormente,
ajudam na identificação das espécies de Mortierella que já foram relatadas.
Gyoerffyella inclui espécies de fungos aquáticos (Kirk et al., 2008). Na Antárica, já foi
isolado de C. Quitensis (Santiago et al., 2016), água de lagos (Gonçalves et al., 2012) e
associado a musgos (YU et al., 2013) . Nas análises filogenéticas a sequência de Gyoerffyella
sp. UFMGCB 10493 agrupou com as sequências de G. entomobryoides e Gyoerffyella
tricapillata, as quais são descritas como patógenos de plantas (Borema e Von Arx, 1964) e
hifomicetos aquáticos (Baschien et al., 2013). Gyoerffyella sp. UFMGCB 10493 obtido do
solo antártico pode ter um papel importante em processos de decomposição no ambiente
terrestre e aquático da Antártica.
Algumas espécies de Vishniacozyma (anteriormente reportadas como Cryptococcus)
ocorrem em diferentes substratos na Antártica (Vishniac, 2017) como em solos de
pinguineiras, solos normais, sedimentos e água de lagos, rizosfera de D. antarctica (Vaz et
al., 2011), macroalgas (Furbino et al., 2014), líquens (Santiago et al., 2015) e endofíticos de
D. antarctica e C. quitensis (Santiago et al., 2016). Espécies de Mrakia são relatadas como
leveduras adaptadas ao frio obtidas de substratos de ambientes extremos como no Ártico
(Pathan et al., 2010; Singh e Singh, 2012), Alpes (Thomas-Hall et al., 2010) e Patagônia (De
Garcia et al., 2007). Na Antártica, Mrakia ocorre em solos e sedimentos de lagos (Di Menna,
38
1966; Tsuji et al., 2013; Tsuji, 2016). Phenoliferia possui quatro espécies e também ocorre
em ambientes extremos (Wang et al., 2016). Phenoliferia glacialis (Rhodoturula glacialis) é
uma levedura psicrofílica oleaginosa originalmente isolada de geleiras na Áustria (Margesin
et al., 2007; Amaretti et al., 2010). Na Antártica, P. glacialis já foi obtida de sedimento
marinho na península da Antártica (Vaz et al., 2011). Já R. mucilaginosa é uma espécie
ubíqua presente em diferentes habitats e substratos, incluindo ambientes frios e extremos
(Alves, 2017). Na Antártica, R. mucilaginosa já foi isolada de substratos terrestres e marinhos
(Godinho et al., 2013; Vaz et al., 2011).
Isolados da levedura S. cerevisiae foram obtidos de amostras de solo em Rip Point,
Ilha Nelson. Saccharomyces cerevisiae é uma levedura com propriedades fermentativas e
capacidade criotolerante. Já foi isolada de carvalhos (Fagaceae) na floresta Patagônica (Flores
et al., 2017; Libkind, 2011) e de cascas de Araucaria araucana (Rodríguez et al., 2017). No
entanto, até o momento, não há relato sobre a ocorrência de S. cerevisiae na Antártica.
6.1.1 Bioprospecção
Cinco isolados de P. destructans forneceram extratos com atividade seletiva contra T.
cruzi com baixos danos as células normais. Além disso, os extratos de P. destructans se
mostraram herbicidas; alguns com valores iguais ao controle utilizado. Táxons de
Pseudogymnoascus foram relatados com substâncias bioativas. (Li et al., 2008) isolaram as
geomicinas B e C, que apresentaram atividades antifúngicas e antibacterianas contra
Aspergillus fumigatus, Staphylococcus aureus, Escherichia coli e Streptococcus pneumoniae.
(Zhang et al., 2013) relataram que Pseudogymnoascus possui atividade antimicrobiana e
antifúngica. Furbino et al. (2014) relataram duas espécies de Pseudogymnoascus associadas
com macroalgas antárticas capazes de produzir atividade antifúngica contra Candida albicans
e Cladosporium sphaerospermum.
Brunati et al. (2009) relataram que algumas espécies de Penicillium obtidas de lagos
da Antártica são capazes de produzir substâncias citotóxicas e antimicrobianas; entre elas P.
chrysogenum foi capaz de inibir S. aureus, Enterococcus faecium e E. coli. Algumas espécies
de Penicillium até hoje são considerados fontes de novos fármacos com atividades
antimicrobianas e antitumorais (Godinho et al., 2013, 2015). Nesse trabalho, o extrato do
isolado P. chrysogenum UFMGCB 10240 apresentou forte atividade tripanosomicida e os
obtidos de P. tardochrysogenum (UFMGCB 10379 e UFMGCB 10498) significativas
39
atividades herbicidas. Estes resultados estão de acordo Godinho et al. (2015) que também
verificaram atividade herbicida de espécies de Penicillium obtidos de solos ultra-oligotróficos
da região continental da Antártica.
As espécies de Mortierella são conhecidas como produtoras de ácidos graxos
bioativos. Mortierella alpina obtida a partir de lagos antárticos produz altos níveis de ácidos
graxos poliinsaturados, ácido γ linolênico e ácido araquidônico com atividades antioxidantes e
antibacterianas (Melo et al., 2014). Mortierella parvispora é produtora de ácido araquidônico
e ácido di-homo-γ-linolênico (Hou, 2008). O extrato de Mortierella sp. UFMGCB 10351
também apresentou atividade herbicida. A utilização de M. antarctica com características de
desenvolvimento de novos produtos ou agregar valor a processos, já vem sendo analisada por
diversos autores (Onofri et al., 2004; Maggi et al., 2013; Wagner et al., 2013), esses autores
trabalham principalmente no isolamento de substâncias para avaliação da capacidade
antimicrobiana, antibacteriana e antifúngica, há ainda análises de suplementação com M.
antarctica para aumento da produção de Ácido eicosapentaenóico (rico em ômega 3) em
grãos, essa suplementação estimula o aumento de ácido araquidônico, o que aumenta o valor
agregado do produto (Jacobs et al., 2009). Os resultados obtidos nesse trabalho, agregam
valor a utilização de Mortierella sp. na investigação de atividade antiparasitária e com fortes
características herbicidas, sendo possível sua utilização na agricultura.
7 CONCLUSÕES
Os resultados obtidos neste trabalho indicam que os solos da Península Antártica
abrigam espécies de fungos cosmopolitas adaptadas ao frio e também endêmicas.
Pseudogymnoascus destructans foi a espécie mais abundante e geograficamente distribuída
nos solos amostrados. Esse resultado corrobora com anteriores obtidos, os quais relatam
isolados de P. destructans da Antártica com aqueles capazes de atacar morcegos na América
do Norte, Europa e Ásia Paleártica. No entanto, serão necessários estudos mais aprofundados
para comparar se os isolados de P. destructans da Antártica são capazes de causar doenças em
morcegos ou em outros animais; estudos estes de suma importância, pois os solos da
Península Antártica podem estar sob os efeitos de alterações climáticas, o que pode levar a
liberação desses isolados para fora da Antártica.
Apesar de ser relatado como fungo patógeno para morcegos, diferentes isolados de P.
destructans exibiram atividades seletivas com características tripanossomicida com toxicidade
40
celular moderada, alta seletividade e forte atividade herbicida. Estes dados sugerem que P.
destructans também pode representar uma fonte promissora de substâncias bioativas
A detecção de S. cerevisiae nos solos da Antártica representa um importante achado,
pois sua distribuição geográfica até o momento não incluia a Antártica. Saccharomyces
cerevisiae já foi relatada em todos os continentes; em alguns deles com a determinação de seu
substrato natural e em outros não. Os isolados de antárticos de S. cerevisiae podem
representar fortes candidatos para utilização de processos de fermentação em baixas
temperaturas, pois foram obtidas de uma região constantemente fria na ilha Nelson. Contudo,
para determinação se S. cerevisiae ocorre naturalmente na Antártica, serão necessários novos
estudos de campo (re-coleta e re-isolamento em diferentes pontos da ilha Nelson e regiões
próximas), taxonômicos, moleculares e fermentativos.
41
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALEXOPOULOS, C. J.; MIMS, C. W.; BLACKWELL, M. M. Introductory Mycology.
1996. 880 ISBN 978-0-471-52229-4. Disponível em: <
http://www.wiley.com/WileyCDA/WileyTitle/productCd-0471522295.html >.
ALVES, I. M. S. Fungos presentes em rochas da Antártica: taxonomia, diversidade,
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