Nesta cidade queridaSéculos no litoral
Uma esquadra destemidaDe bandeira imperialPor Pinzón foi dirigidaSem os dedos de Cabral
Bem aqui nosso BrasilSua história começouAssim do Cabo partiuNotícia que alvoroçouD’uma terra varonilQue Portugal se apossou
Passados 500 anosE uma nova descobertaSe acaso não me enganoPor outra gente espertaQue no seu cotidianoSeu apreço é a coleta
Aprovam leis e decretosA revelia do cidadãoO principal projetoÉ só papar eleiçãoE o sonho é por certoDo poder não abrir mão
E haja tanta lorotaLero,lero, enganação
Que somos grande portaDo futuro da naçãoMas o que nos importaÉ a participação
Emprego no mercadoA cidade cochilouServente desempregadoAlguma vaga conquistouMas jovem qualificadoO Cabo não preparou
Lá do Oiapoque ou ChuíChega gente de montãoTrabalhadores do paísQuerendo acomodaçãoMas moradas por aquiNem pro nativo cidadão
O Cabo muito padecePor não querer planejarTem gente que até esqueceComo se deve governarAinda sobra o estresseVendo a cidade afundar
Uma chuvinha pequenaLogo vem uma inundação
O povo que sofre e penaSofre também sem atençãoFatos dignos de cenaD’um filme de ficção
Sofre o pobre motoristaSem ter onde estacionarFeliz fica o frentistaVibrando por faturarNas filas o EvangelistaTem multidão pra pregar
Tudo segue tão pequenoApertado ou agonizouParece até que venenoNossa cidade tomouNem um metro de terrenoNo Cemitério sobrou
Indo na Casa LotéricaNum dia de sexta-feiraOuvi idosa histéricaReclamando da fileiraMedida com fita métricaTinha léguas de carreira
Em filas tão alugandoDe cadeira a um jornal
O povo tá reclamandoNo banco e no hospitalE o idoso quase enfartandoNum fim de mês infernal
Saindo da residênciaFaça forte a oraçãoPedindo da ProvidênciaA divina proteçãoContra a vil inclemênciaDo atropelo e do ladrão
Se a lua é maior desejoDe pertinho conhecerAproveite o belo ensejoD’um passeio ao amanhecerCrateras fazem festejoQuando o sol aparecer
Drogas e prostituiçãoCirculam noite adentroDas praias ao MercadãoÉ grande o movimentoAinda alcança a visãoOs mendigos ao relento
Até havia sumidoDa boca do repórter
Aquele feio apelidoDe Cidade da MorteMas aqui só tem crescidoViolência de toda sorte
Identidade culturalEssa foi pro beleléuA Lavadeira e o CarnavalFestas no banco do réuCondenadas em festivalPela maldição do créu
São João foi pra fogueiraBacamarte não atiraCoco de Roda é besteiraBem como o Bloco da LiraNas contas da rasteiraPolítica do Se Vira
As nossas belas praiasOutrora tão cantadasHoje recebem vaiasDas visitas desejadasPois que mais parecem baiasSujas emporcalhadas
A saúde tá na UTIEducação NOTA ZERO
O Haiti não é aquiTá errado, assim esperoDireito de ir e virEu também de volta quero
Martírio tá no transporteQue estudante sabe bemNão há ônibus que comporteOs espremidos do VEMNão escapa dessa sorteOs que precisam do trem
Tivessem poder efetivoDelegados do povãoOrçamento ParticipativoAqui dava detenção Por grave ato lesivoDemência e enrolação
Das obras decididasEm plenárias sociaisAlgumas poucas concluídasSão aquelas SONRISAISDos morros às avenidasNada tem que satisfaz
De andar tão perdida A coisa no ambiental
Uma arvore perseguidaFoi correndo ao TribunalPedir proteção de vidaContra a fúria capital
O bom desenvolvimentoÉ o da sustentabilidadeO contrário é crescimentoAtropelando a cidadeMazelas no acolhimentoD’uma vida sem qualidade
Dera Pinzón aqui presenteEntre nós seguindo vivoMuito acharia indecenteNo Poder ExecutivoAinda mandava fecharPortas no Legislativo
Rebatizava a CidadeCom águas sujas do mar CABO MALTRECHADOPassaria a se chamarVoltando envergonhadoPro Estreito de Gibraltar
Ainda propagam orgulhoQue todos devemos ter
Mas como pode esse entulhoPensar nos envaidecer?É de dá dor e embrulhoNo estômago a padecer
Mas meu caro cidadãoNão vale só protestarÉ preciso uniãoPra gente junto remarPra nenhum NapoleãoAqui possa imperar
Nem conte ser convocadoNão querem seu palpitarDemocracia é um legadoQue poucos sabem deixarMas cabense indignadoNão deixa esculhambar
No bairro, clube ou escolaConduza essa discussãoAo contrário uma esmolaSerá a bonificaçãoQue denigre, fere e esfolaA moral do cidadão
Auto: Jairo Lima
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