CONHECIMENTO E INOVAÇÃO NAS
EMPRESAS
Renata Lèbre La Rovere, Professora e
Pesquisadora do Grupo de Economia da Inovação
- IE/UFRJ
BIBLIOGRAFIA DESTA AULA
COOKE, P.; de LAURENTIS, C; TODTLING, F; TRIPLL, M. Regional
Knowledge Economies Markets, Clusters and Innovation. Cheltenham, UK;
Edward Elgar,2007. Cap.2, p.26-32
JULIEN, P.A. Empreendedorismo Regional e a Economia do Conhecimento.
São Paulo:Nova Fronteira, 2010. Cap.1
LA ROVERE, R.L. Paradigmas e Trajetórias Tecnológicas. In: Pelaez, V.;
Szmrecsanyi, T. (org.) Economia da Inovação Tecnológica. São Paulo:
Hucitec, 2006
PÉREZ, C. El cambio de paradigma en las empresas como proceso de
cambio cultural. In Casas et al. (org.) Acumulación de capacidades
tecnológicas, aprendizaje y cooperación en la esfera global y local.
México: UAM, 2007
POLANYI, M. A Dimensão Tácita. Lisboa:Inovatec, 2010. Cap.1
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Visão Neoschumpeteriana (ou Evolucionária) da inovação e do conhecimento
• Progresso técnico na teoria econômica convencional era
considerado exógeno
• Estudos sobre inovação se concentraram inicialmente em
visão technology-push (criação de conhecimento leva à
inovação) e demand-pull (demanda por tecnologia leva à
inovação)
• Neo-schumpeterianos propõem conceitos de paradigmas
tecnológicos, trajetórias tecnológicas e paradigmas
tecnoeconômicos
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Visão Neoschumpeteriana (ou Evolucionária) da inovação e do conhecimento
• Tecnologia é considerada conjunto de conhecimentos
teóricos e práticos
• Paradigma tecnológico => através de analogia com
conceito de paradigma científico de Thomas Khun, é um
conjunto de soluções para problemas técnicos que vai se
disseminando por diferentes indústrias
• Paradigma também engloba um conjunto de prescrições
que definem as direções das mudanças tecnológicas a
serem seguidas
• Trajetória tecnológica é a direção tomada pelo
desenvolvimento tecnológico uma vez que as firmas
escolhem as tecnologias visando à obtenção de lucros
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Visão Neoschumpeteriana (ou Evolucionária) da inovação e do conhecimento
Conceito de paradigma tecnoecônomico (Freeman e Perez):
Considera elementos institucionais e organizacionais, não
apenas elementos tecnológicos
Definido como uma combinação de inovações de produto,
de processo, técnicas, organizacionais e administrativas
que abrem um leque de oportunidades de investimento e
de lucro
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Visão Neoschumpeteriana (ou Evolucionária) da inovação e do conhecimento
Cada paradigma tem um conjunto de insumos específicos
(fatores-chave), o qual tem as seguintes características:
Promove mudanças nos custos relativos
Composto de insumos com oferta limitada
Composto de insumos utilizados em inovações de produto
e de processo em todas as atividades econômicas
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Paradigmas Tecnoeconômicos
Propõem melhores práticas de organização da produção
novas
Exigem novas qualificações da mão de obra
Têm novo mix de produtos, novos padrões de
consumo e novas formas de comercialização da
produção
Inovações radicais e incrementais levando à crescente
utilização do fator-chave
Apresenta novos padrões de investimento
Apresenta novas infraestruturas
Entram novas firmas empreendedoras
Grandes firmas ligadas ao setor-chave ganham
importância
Paradigmas Tecnoeconômicos
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Mudança no Paradigma Tecno-Econômico
• Paradigma tecnológico guia inovações incrementais
• Inovações radicais às vezes surgem de inovações
incrementais, às vezes geram novas indústrias
• Tecnologias têm ciclos de vida definidos
• Sistemas tecnológicos são constelações de inovações que
afetam várias indústrias e geram inovações organizacionais
e
• Sistemas envolvem desenvolvimento de rede de serviços
de apoio, adaptação cultural e facilitadores institucionais
• Sistemas são desafiados por revoluções tecnológicas
quando chegam à maturidade
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Mudança no Paradigma Tecno-Econômico
Revoluções Tecnológicas são fenômenos recorrentes
Cada Revolução se origina no seio da revolução anterior, e
irrompe com um salto tecnológico (ex. modelo T da Ford
em 1908, microprocessador em 1971)
Mudanças tecnológicas induzem mudanças no
comportamento da empresa
O novo vem envolto no antigo (dependência da trajetória)
A conformação do paradigma tecnoeconômico é resultado
de um processo social complexo e tácito
Em cada revolução tecnológica os empreendedores
desenvolvem novas práticas que se disseminam no
mercado
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O novo envolto no antigo
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Mudança no Paradigma Tecno-Econômico (Perez 2007)
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Evolução dos paradigmas tecnoeconômicos
Fase 1 Fase 2 Fase 3 Fase 4
Grau de
Maturi-
dade
Fonte: Perez (1989)
Tempo
Conheci
mentos
disponív
eis
Conhe
ciment
os
acessí
veis
Crescente
privatização
do
conhecimento
Conheci
mentos
disponív
eis
Novo
paradigma –
Fase 2
Dupla
oportunidade para inovar
Fases do paradigma predominante
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Paradigmas Tecnoeconômicos e Papel do Estado
No fordismo, houve quatro formas distintas de crescimento:
democracia keynesiana, fascismo, socialismo e estatismo
desenvolvimentista
Estas formas têm traços comuns no que se refere ao papel do
Estado enquanto promotor de equidade, o papel dos mercados
internos e dos sistemas de representação política (organização
em partidos)
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Implicações da mudança de paradigma para a teoria
Ideias que emergem durante o pós- fordismo:
Competências centrais e capacidade de aprendizado
Processos de variedade, seleção e transmissão condicionam
evolução das firmas
Importância das redes de firmas
Noções de capitalismo cognitivo e importância da
proximidade
Importância crescente do imaterial na economia
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A Economia do Conhecimento
Globalização estimula variedade, porém ainda há barreiras a
fluxos de conhecimento através de destruição de
conhecimento tradicional, barreiras tarifárias e culturais
Estratégia de ganhos de produtividade baseada em baixos
salários está se esgotando
Portanto há importância crescente do imaterial na economia
Estratégias possíveis das empresas: alianças estratégicas
com países de baixa renda, flexibilidade, inovação, pesquisa
para transformar informações em conhecimento
Empresas precisam buscar novas formas de proximidade,
flexibilidade e variedade e tirar proveito delas.
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Importância do imaterial para a economia(Julien 2010)
Continuum entre produtividade e inovação (Julien
2010)
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A Economia do Conhecimento
• Crescimento da literatura sobre economia do
conhecimento ou do aprendizado
• Debate suscitado por globalização e difusão das TICs
• Parte da literatura foca nos aspectos espaciais da
economia do conhecimento, em particular cluster high-
tech, spillovers locais e relações globais-locais
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A Economia do Conhecimento
Diferentes visões de conhecimento na literatura recente sobre
Economia do Conhecimento:
1. Conhecimento como insumo – aumento dos níveis de
educação e de gastos em P&D
2. Conhecimento como produto – aumento dos setores high-
tech
3. Conhecimento codificado versus tácito
4. Importância das TICs para difusão do conhecimento
Se aplicadas individualmente, visões possuem fraquezas; se
combinadas, se tornam importante ferramenta de análise da
Economia do Conhecimento
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A Economia do Conhecimento
Distinção entre informação e conhecimento:
• Informação é conjunto de dados estruturados passivo, que é
ativado quando indivíduos que possuem conhecimento fazem
uso dele.
• Conhecimento é capacidade cognitiva que empodera seus
possuidores com habilidades intelectuais e manuais
• Conhecimento se constrói através de espiral
externalização/internalização (veremos isso na próxima
aula!)
• Conhecimento tem dimensão tácita
Conhecimento Tácito
Polanyi:
• Conhecemos mais do que conseguimos dizer
• Conhecimento tácito é intrinsecamente ligado a experiência
• Interiorização da experiência vivida e transformação das
percepções são dimensões do conhecimento tácito
• Conhecimento tácito envolve habilidades que são
construídas pela experiência, portanto não pode ser substituído
por codificado
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Conhecimento Tácito
Polanyi:
Confiar numa teoria para compreender a natureza é
interiorizá-la
Ex: O verdadeiro conhecimento (da matemática) encontra-se
na habilidade de a usar
O processo de formalizar todo conhecimento, com a exclusão
de qualquer conhecer tácito, é autodestruidor
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Conhecimento Tácito
Polanyi:
Citando Platão: Se todo conhecimento é explicito, todas as
soluções seriam conhecidas e não haveria possibilidade de
formular problemas ou buscar soluções
O conhecer tácito explica o conhecimento válido de um
problema, a capacidade do cientista para buscar soluções e a
capacidade deste antecipar implicações da descoberta
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Economia do Conhecimento
Conhecimento é processo complexo, indo além do que a
relação binária tácito/codificado sugere
Conhecimento tácito pode ser um facilitador da transmissão
de conhecimento codificado
Conhecimento tende a ser trocado em comunidades que
podem existir dentro e fora da firma
Diferentes tipos de proximidade: geográfica, organizacional,
institucional....(veremos isso nas próximas aulas!)
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Economia do Conhecimento
Proximidade geográfica é importante pois cria confiança,
compreensão e interações cara-a-cara
Sistemas de inovação devem portanto ser compreendidos
dentro do millieu particular, que é afetado por instituições
Cidades analisadas como espaços de intersecção de
comunidades, tendo papel relevante
Debate economias de especialização versus economias de
diversidade => clusters apresentam vantagens no curto
prazo, mas no longo prazo existem efeitos de lock-in que
podem prejudicar trajetória de crescimento
Conceito evolucionário de variedade dá conta do dilema
especialização-diversificação
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Economia do Conhecimento
• Proximidade e geografia são importantes no processo de
inovação e de geração de conhecimento
• Várias abordagens sobre proximidade têm em comum a
constatação que economia do conhecimento tem
distribuição espacial desigual no espaço
• Duas visões de espaço: Marshall (externalidades positivas
de aglomerações especializadas) e Jacobs (externalidades
positivas de aglomerações diversificadas)
• Economia do conhecimento tem vários indicadores
possíveis
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Indicadores da Economia do Conhecimento
Investimentos em P&D, pesquisadores, educação, e-governo
Desempenho em setores baseados em conhecimento
Gastos Brutos em P&D (GERD, em inglês)
% de pessoal empregado em C&T
Parcela de venture capital no financiamento a empresas
high-tech
Patentes triádicas por milhão de pessoas(emitidas nos U.S,
Japão e Europa)
Indústria high-tech como % do total indústria
Desempenho exportador de indústria high-tech
Serviços intensivos em conhecimento como % do total
serviços
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