Produtores rurais participam de palestra sobre credito rural no IPA de Serra Talhada
quinta-feira, 31 de maio de 2018
Cerca de 40 agricultores e técnicos do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA) participaram de palestra sobre crédito rural, no escritório de Serra Talhada, Pajeú pernambucano. A formação teve como foco apresentar aos agricultores e técnicos o programa AgroAmigo do Banco do Nordeste.
O evento reuniu agricultores e técnicos de oito municípios da região atendidos pelos escritórios locais do IPA . Ainda foram discutidos na reunião o crédito rural do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), plano AgroMais.
Durante a formação os agricultores puderam tirar dúvidas sobre as condições dos créditos, normas e documentações, itens e atividades que podem receber as linhas de créditos e por fim receberam orientações sobre a Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP).
Blog do Comitê da Caatinga
Plantas nativas podem reduzir risco de desabastecimento alimentar
junho 01, 2018
Nesta semana, enquanto continua a crise do combustível
devido a greve dos caminhoneiros e do crescente risco de
desabastecimento também na alimentação, o Instituto
Agronômico do Estado (IPA), através de uma rede de
pesquisadores do Brasil (Ecolume), chamará atenção do
Poder Público, universidades e da sociedade para a
necessidade da soberania alimentar através das Plantas
Alimentícias Não Convencionais (Panc)
Nesta sexta-feira (1ª), a Ecolume, liderada pelo
Laboratório de Mudança do Clima do IPA, que vem
desenvolvendo projetos no semiárido para a soberania
alimentar através da agroecologia e pela agricultura de
baixo carbono, financiados pelo CNPq, demonstrará que
esta segurança está disponível através da natureza,
necessitando só de uma reeducação da população. A alta
gastronomia nacional já percebeu este potencial das Panc.
E são conhecidas do público vegano, vegetariano e
adeptos da vegetação orgânica. Mas elas ainda não são
populares nas casas dos brasileiros, mesmo o país sendo o
mais biodiverso em plantas com tais potenciais e
encontradas facilmente na natureza. E o Bioma Caatinga é
rico em Panc, como garante Valdely Kinupp, doutor
biólogo e autor do livro best-seller que cunhou, faz dez
anos, pela primeira vez a expressão Panc. E, à convite da
Ecolume, ele estará na sexta no IPA em Recife. Fará pela
manhã palestra para 400 pessoas e à tarde sua oficina
prática para 50 pessoas, onde coletarão e prepararão pratos
com tais plantas. As inscrições ainda estão abertas.
Informações pelo face do Ecolume.
"Volto ao Nordeste, depois de dez anos quando vim para
lançar o livro Panc do Brasil. Muita coisa evoluiu. As
Panc já são uma realidade hoje no país. Os grandes chefes
assimilarem este conceito. Elas diversificam o cardápio e
sabores para os consumidores. Mas ainda falta o agricultor
perceber tal potencial e o poder público estimular a
produção deste tipo de cultura alimentar e gastronômica,
capaz de promover independência alimentar com
benefícios socioeconômicos e ambiental, como a geração
de renda e emprego, além da valorização das plantas
nativas", comenta Kinupp. O autor do conceito das Panc
aproveita para convidar a todos para participar da sua
palestra e oficina, promovidos pela Ecolume/IPA.
"Embora talvez não dominasse a agricultura, os nativos do
semiárido já se utilizavam das Panc. Alimentavam-se, por
exemplo, de cactáceas e de outras espécies com fins
alimentícios e medicinais. Temos também diversas
bromélias e pepinos silvestres subutilizados na Caatinga.
Têm até plantas aquáticas das regiões de brejos do
semiárido como Chapéu de Couro que com as folhas é
possível fabricar cervejas", fala Kinupp, exaltando a
potencialidade da biodiversidade da Caatinga.
O pesquisador inclusive faz questão de realça o trabalho
que está sendo feito pela Ecolume para dar visibilidade a
estas potencialidades, como o estímulo para o
recaatingamento do Umbu - planta nativa da Caatinga.
Segundo Kinupp, o umbu é a Panc que é a 'cara' do
Bioma, que, apesar de ser culturalmente consumida
enquanto o prato da umbuzada, é ainda subutilizado todo o
seu potencial, podendo integrar a alimentação diária. Ele
garante que além do fruto para a umbuzada e para ser
consumido in natura, em geleia e poupa, o restante da
planta também é comestível. A folha, segundo ele garante,
pode ser usada como hortaliça e para fazer drinks. No
entanto, face a subutilização e todo desmatamento da
fauna do semiárido, o umbu inclusive está em processo de
quase extinção.
O Ecolume, por sua vez, através do projeto de
Socioeconomia Verde, financiado pelo CNPq e em
atividade desde o começo do ano, elegeu o umbu como
uma Panc que deve ser replantada para fins de segurança
alimentar em um cenário de adversidades globais das
mudanças do clima. Ainda este ano, em parceria com os
bancos de Germoplasma do IPA e com a escola Serta, 2
mil mudas de umbu serão replantadas. Dentre os conceitos
defendidos pela rede, é possível comer Caatinga. Porém,
para o conceito desta rede de pesquisadores, o comer
Caatinga é somente uma parcela fundamental do mesmo
sistema onde contribui para favorecer a soberania
alimentar, mas também hídrica e energética.
A Ecolume vem defendendo que através do
recaatingamento - replantio de plantas da Caatinga, estas
já adaptadas geneticamente à escassez de água da região e
ao clima seco -, é possível contribuir na segurança
alimentar e na diversidade nutricional e gastronômica. E
ainda estimular a implantação de arranjos produtivos
locais com tal objetivo pelo sistema agrovoltaico com o
uso da farta matriz energética solar para a irrigação. A
rede defende que é possível comer Caatinga, legitimando
o conceito das Panc, mas conceitua também que pelo uso
de placas fotovoltaicas voltada para o recaatingamento,
"planta-se água" e "irriga-se com o sol". Assim, o
Ecolume defende a soberania alimentar, hídrica e
energética.
Com este objetivo, um sistema agrovoltaico já está em
andamento na escola Serta em Ibimirim, no sertão do
Moxotó. A Ecolume também avançará a ação em outras
cidades, como Araripina. Também começou a investir no
trabalho de campo no semiárido através da viabilidade do
necessário recaatincamento de outras Panc para a
valorização do meliponário - cultura de abelhas nativas da
Caatinga que são responsáveis pela polinização de plantas
do semiárido. Dentre elas, a polinização da Quixaba ou
Quixabeira, que pode ser utilizada para a fabricação de
geleias, sucos, licores e cachaças. E ainda da Jurubeba,
com potencial de ser conserva, bebida e até consumida in
natura cozida com arroz. Além delas, há plantas
medicinais como o Pau-fava e até a Faveleira que tem o
grande potencial de ser transformada em biodiesel.
O IPA tem inclusive o mais antigo herbário do Nordeste.
Nele contêm o maior acervo de plantas da Caatinga. A
curadora deste herbário, Rita de Cássia destaca o trabalho
do Ecolume para a valorização da fauna do semiárido com
objetivo principalmente da busca da soberania alimentar,
hídrica e energética em tempo de mudança climática. Ela,
que coordena o Comitê Estadual da Caatinga, participará
da palestra de Kinupp. O evento será conduzido pela
coordenadora da Ecolume, Francis Lacerda, climatologista
e doutora em Recursos Hídricos. O diretor de Pesquisa do
IPA, Antônio Raimundo, também confirmou a sua
presença. Além do IPA e do Serta, a rede do Ecolume
também é composta pelo UFPE, Instituto Nacional do
Semiárido, Embrapa, Instituto Federal do Sertão e pela
Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Sustentabilidade
(Semas).
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