1/7 Cidade dos Mortos - Crematrio Com base na filosofia
existencialista Kant e
Nietzsche , discute-se que os
seres humanos vivem por suas
perspectivas de futuro, do
devir. A morte, quando ocorre
nossa volta, um dos
acontecimentos que nos traz
subitamente ao presente de
nossas vidas e nos leva a
reflexes sobre ns mesmos. Esta
, ento, uma possibilidade para
a reinveno de si, e isso deve
ser aplicado na concepo deste
projeto. Espao e Tempo sendo
conceituados atravs de nossos
sentidos.
Uma das referncias usadas
foi o livro As cidades
Invisveis de talo Calvino. O
captulo As cidades e os Mortos
3 descreve uma cidade que tem
uma cpia sua igualmente
projetada, mas est sob a terra:
tal cidade a cidade dos
mortos. Outro capitulo, As
cidades e os Mortos 5, conta a
histria de trs cidades que
viviam em harmonia: a cidade dos
vivos - onde todos moravam -, a
cidade dos mortos - onde seus
habitantes rezariam para os que
j se foram - e a cidade dos no
nascidos - onde todos iriam
rezar para os que ainda viriam.
Referncias espaciais foram
tomadas a partir dos Crceres
desenhados pelo italiano
Piranes e pelos estudos de
espaos sublimes transcendentais
de tienne-Louis Boulle e
Claude Nicolas Ledoux.
Essas referncias foram
usadas para instaurar um
embasamento otimista para os que
permanecem vivos, focando em um
futuro positivo para equilibrar
o peso de suas memrias
passadas, seladas no passado,
pela morte. Sendo a Cidade dos
Mortos arquitetura para os
vivos, e no para os mortos.
TEORIA
Espaos concretizados no
somente como memorial da morte,
mas como lugares de encontro
entre os vivos e a morte, onde
se pode reconhecer que o
fundamental e sagrado a
conscincia no espao e no tempo
terrestre, presente. Arquitetura
que faa sentir na carne e na
alma, a vida ante a morte (Fredy Massad e Alicia Guerrero Yeste).
A histria da civilizao
a histria do medo e do pavor
desse barulho que o sangue
correndo nas veias, o tempo
passando, a morte chegando e o
cho desabando sob os ps. Viviane Mos
Terreno designado para o projeto Eixo Eixo Rodovirio
EPIA Eixo Monumental Esplanada dos Ministrios
Plataforma da Rodoviria
Luz Solar Sol Percurso Solar
-17graus
N
2/7 Cidade dos Mortos - Crematrio
REFERNCIAS
[Niemeyer - Capela] [Aldo Rossi - Modena] [Cisterna de Yerebatan] [Aires Matheus] [Crematrop - Berlin] [Renato Nicolodi] [Bogdan Bogdanovc] [Crematrio Ardmore] [Crematrio Heimolen]
O terreno escolhido foi atrs da rodoferroviria de Braslia, estando
configurado no extremo oeste do Eixo Monumental, no plano-piloto e oposto Praa
dos Trs Poderes, onde o sol nasce, onde so tomadas as decises para o futuro de um
pas. Aqui, o Leste significa futuro e vida, e o Oeste, onde o sol se pe, passado e
morte, sendo essa considerao feita por diversas culturas seculares humanas.
TERRENO
O Eixo Monumental de
Braslia est rotacionado 17
negativos, sendo considerado
no estudo solar do projeto.
SOL
Parque Ferrovirio
SMU - Setor Militar Urbano
Cruzeiro Velho
Sudoeste
SGON Setor de Garagens Oficiais Norte
SAM Setor de Administrao Municipal
SIG Setor de Indstrias Grficas
Complexo Poliesportivo Airton Senna
Funarte Fundao Nacional de Artes
Parque da Cidade
SHS - Setor Hoteleiro Sul
SHN Setor Hoteleiro Norte
SDS Setor de Diverso Sul
SDN Setor de Diverso Norte
Plataforma da Rodoviria
SCN Setor Cultural Norte
SCS - Setor Cultural Sul
Esplanada
Praa dos Trs Poderes
SETORES do EIXO MONUMENTAL
3/7 Cidade dos Mortos - Crematrio Densidade Construda
Core velrio Oeste Cidade
dos Mortos Leste vida
Cortes do Eixo Monumental
Estudo da Forma
Os trs cortes
Vista norte
Vista meio
Vista sul
Altura mdia
As trs alturas
Grfico da linha resultante
nveis de densidade construtiva
baixo alto
O projeto deve obedecer direo Leste Oeste, sendo um projeto linear, de acordo com o Eixo Monumental e as questes significativas simblicas dessas duas direes. O projeto foi divido em trs partes : a 1, do meio, o core do projeto: espaos de permanncia, reflexo e transio entre as outras partes, velrio, cremao e administrao; a 2, disposta a Oeste da primeira, a cidade dos mortos: as torres de columbrios; e a 3 , ao Leste, a cidade dos no nascidos: Centro de produo de energia para o Edifcio e para um raio de 7,5km, espaos de reflexo e observatrio. Um espao de referncia ao futuro otimista de vida que o Leste traz. O projeto semienterrado. O Columbrio, o espao destinado para depositar as urnas, precisou se prolongar em direo Oeste, por sua alta demanda de urnas. A quantidade de urnas calculada de acordo com a quantidade de habitantes da cidade onde o projeto est situado (Neufert). Para atender a essa demanda, foram aqui aplicados os conceitos das referncias do projeto. A cidade dos mortos, do passado, por seu programa faz uma analogia filosfica e agora projetual cidade dos vivos, austera, esperanosa e que detm o controle do futuro: a Esplanada dos Ministrios.
4/7 Cidade dos Mortos - Crematrio
Projeto no Terreno
Diagramas
1.Velrio: Entrada por um
corredor principal que leva
s 12 capelas
2.Corpo: Entrada por um corredor
subterrneo. O corpo preparado,
o caixo colocado em uma esteira
e depois sobe para as capelas por
um elevador tesoura.
3.Cremao: O corpo desce e
passa pelo processo da
cremao.
4.Cinzas: O acesso feito pelo
Columbrio. As cinzas so
recebidas em uma recepo,
localizada no fim do processo de
cremao.
5.Visita: O visitante
entra lateralmente para os
edifcios. A cor cian:
fluxo horizontal. Azul:
fluxo vertical.
6.Servios: banheiros, escadas,
elevadores, dml, shafts etc.
7. O core: administrao
servios
cremao
Layouts
1.Layout dos pavimentos superiores
ao trreo e paisagismo.
2.Layout do pavimento trreo. 3.Layout do pavimento da
administrao, servios e
cremao.
4.Layout do pavimento mais profundo.
5/7 Cidade dos Mortos - Crematrio
Cortes
Fachadas
Vistas
Caminho da gua: comea saindo da morte, do Templo da Cidade dos Mortos, segue em direo ao Leste, vida, e chega ao meio do edifcio, no Core. Em seguida, divide-se em trs direes: Norte, Sul e Leste. Todas seguem suas direes. O Norte e Sul caem em forma de cascata, passando pelas capelas de velrio, e o Leste continua nesta direo e logo passa entre as torres, smbolo da vida. Todas caem, como cascatas, no grande salo no ltimo pavimento, que faz a digna transio entre os dois espaos opostos.
6/7 Cidade dos Mortos - Crematrio
Cidade dos No Nascidos - Duas Torres: Smbolo otimista vital para a recomposio da perda pela morte, observatrio e entrada principal do edifcio.
Core - Capelas: Espaos em mrmore branco. O corpo desce e sobe por um elevador tesoura. O espao onde o caixo fica disposto revestido de cobre, metal que mostra a presena do tempo, por mudar de tons pela sua oxidao. Sendo assim, se torna um espao em constante mudana.
Core Espao de transio: Cisterna do projeto que coleta gua da chuva. Uma conexo direta entre a cidade dos mortos e a dos no nascidos. Um salo profundo, iluminado por feixes de luz de aberturas no teto. Um espao introspectivo e flexvel que tambm pode ser usado para eventos e concertos.
Cidade dos mortos Edifcios Columbrio: Os prdios so semienterrados. As urnas so compostas por lmpadas fosforescentes, que, graas ao Templo da Cidade dos No Nascidos (Bobina de Tesla), se iluminam sem haver a necessidade de fios. Ento, assim, quando as cinzas so recebidas, comea a procisso at a sua morada, o seu nicho em algum dos prdios. Essa procisso acontece sendo iluminada pela prpria urna, pela histria e pela memria de quem partiu. A urna permanece sempre iluminada. Com o tempo, os edifcios e suas fachadas comeam a ganhar mais pontos de luz, a serem habitados medida que novas urnas so neles depositadas.
Cidade dos Mortos Templo: Espao destinado a velrios, celebraes e homenagens, com vista para a esplanada do columbrio e para o Parque Nacional de Braslia
Espaos de Destaque
Cidade dos No Nascidos Templo: Espao para reflexo, esfrico, com uma entrada no seu ponto de altura mdio. No seu centro, uma Bobina de Tesla, equipamento que cria um campo eletromagntico que transforma esse campo em energia eltrica sem fio, servindo como um gerador de energia para o edifcio e tambm proporcionando energia eltrica gratuita, sem fio, para um raio de 7,5 km, que compreende o Plano Piloto de Braslia e principalmente a Esplanada dos Ministrios. A energia da cidade do vivos, de Braslia, do futuro, seria fornecida pelo selado passado, a Cidade dos Mortos. Assim, eles no seriam esquecidos e sim aproximados, amortecendo seu devastador efeito sobre a existncia humana dos que continuam a viver suas vidas.
Na parte subterrnea, os edifcios so conectados por pontes que se revezam em diferentes posies e por diversos andares, concretizando assim os esboos de Piranesi. Os visitantes caminham entre os edifcios, habitaes de quem no participa mais do presente momento. A sua arquitetura minimalista; existem somente: nichos para urnas, alguns bancos e piso revestido em uma acolhedora madeira. S o essencial importa onde s existe memria. Na passagem de um prdio ao outro, os visitantes passam por pontes que atravessam um monumental espao vazio, sendo este um intervalo para suas angstias. Passam como se estivessem flutuando neste imenso espao aberto, livre.
7/7 Cidade dos Mortos - Crematrio
Maquete
Espaos e estruturas pensados no s como memorial, morada final ou ante-sala desta, mas como lugares de
encontro para os vivos e a Morte, nos quais se pode reconhecer que o essencialmente sagrado a matria e
a conscincia de uma vida humana no espao e no tempo terrestre. Arquitetura que faa sentir, na carne e
no esprito, a vida ante a morte. Fredy Massad e Alicia Guerrero Yeste
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