CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ
FACULDADE CEARENSE
CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
ILDERLANE FERNANDES DA SILVA
ANÁLISE FINANCEIRA DINÂMICA: UM ESTUDO DE CASO COM BASE NA
DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA.
FORTALEZA
2013
ILDERLANE FERNANDES DA SILVA
ANÁLISE FINANCEIRA DINÂMICA: UM ESTUDO DE CASO COM BASE NA
DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA.
Monografia apresentada à Coordenação do Curso de Ciências Contábeis do Centro Superior do Ceará como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Contábeis. Orientador: Professor Paulo Barbosa.
FORTALEZA
2013
Dedico este trabalho à minha família
que sonhou junto comigo e, cada um
à sua maneira, me ajudou a realizar
mais essa conquista.
AGRADECIMENTOS
Deus é a razão de tudo na minha vida. E para a conclusão de mais essa
etapa não seria diferente. Agradeço a Ele pela companhia nas horas de dedicação a
esse trabalho e pela inspiração necessária nos momentos de espírito infértil.
Agradeço à minha família, que me motivou e acreditou na concretização
desse objetivo, me dando o apoio necessário para que fosse possível minha
dedicação nesses anos de muito estudo.
Aos meus professores, que me proporcionaram conhecimento e vivências
enriquecedoras capazes de me dar embasamento para meu crescimento
profissional e pessoal.
Aos meus colegas de curso e amigos que fiz nessa jornada por
compartilhar momentos memoráveis, dos quais irei lembrar por toda a vida.
Aos meus colegas de trabalho que também contribuíram com suas
experiências para a realização desse compêndio.
Ao meu orientador, Paulo Barbosa, pela paciência e gentileza
dispensadas, pois com o pouco tempo que me restava, me indicou o caminho certo
a percorrer para conclusão dessa árdua etapa.
“... tudo o que é verdadeiro, tudo o
que é honesto, tudo o que é justo, tudo o
que é puro, tudo o que é amável, tudo o que
é de boa fama, se há alguma virtude, e se há
algum louvor, nisso pensai (...) e o Deus de
Paz será convosco.
(Bíblia Sagrada, Filipenses 4:8)
RESUMO
A dinamicidade das decisões empresariais exige que os administradores possuam ferramentas confiáveis que demonstrem de maneira clara a situação financeira e econômica da empresa. O presente trabalho tem como objetivo apresentar a Demonstração dos Fluxos de Caixa, como ferramenta eficaz e dinâmica para a análise da situação financeira das empresas. Como hipóteses desse trabalho tem-se que a DFC e os índices extraídos desta podem avaliar a situação econômico-financeira de maneira dinâmica acompanhando a evolução do quadro financeiro da empresa. Outra hipótese levantada é que essa ferramenta possui maior assertividade que as análises tradicionais medidas através do Balanço Patrimonial. Este estudo caracterizou-se como um estudo descritivo por meio de um levantamento bibliográfico em livros, internet e documentos oficiais. Foi realizado um estudo de caso e os resultados de todos os índices aplicados demonstraram ser consistentes para sinalizar a posição econômico-financeira da empresa estudada, no entanto, a análise por meio dos índices financeiros baseados nos Fluxos de Caixa foi mais eficiente em avaliar que a empresa não está gerando caixa suficiente por meio de suas atividades operacionais para cobrir seu passivo e gerar valor para os sócios e investidores podendo, comprometer futuramente a solvência da empresa; assim como foi mais eficiente em detectar quais elementos estão consumindo o caixa da empresa.
Palavras-chave: Análise financeira. Demonstração dos Fluxos de Caixa. Informação.
ABSTRACT
The dynamics of the business decisions requires that administrators have reliable tools that show clearly the financial and economic situation of the company. This study aimed to introduce the Cash Flows Statement used as a effective and dynamic tool to analyze the financial situation of companies. As hypotheses of this study is that the Cash Flow and the indexes extracted from this can assess the economic and financial situation in a dynamic way following the financial evolution of the company. Another hypothesis is that this tool has greater assertiveness that traditional analyzes which are measured by the Balance Sheet. This study made its path through the
description by means of a bibliographic lifting in books, internet and official documents. A case study was conducted and the results of all applied indices proved to be consistent in regard to signal the financial position of the company which was studied. However, the review through financial indices based on Cash Flow was more effective in measuring that the company isn't producing enough cash through its own operational activities to cover its passive and produce value to partners and investors, having the power of, in the future, threaten the solvency of the company as it was more efficient to detect which elements are consuming the company's cash.
Key words: Financial Analysis. Cash Flow. Information.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1. Objetivos da análise econômico-financeira. ..................................... 18
FIGURA 2. Partes interessadas na análise econômico-financeira ..................... 21
FIGURA 3. Demonstrações contábeis para análise ........................................... 24
QUADRO 1. Conceito e estrutura básica do Balanço Patrimonial. ..................... 27
QUADRO 2. Componentes do Balanço Patrimonial. .......................................... 28
QUADRO 3. Conceito e estrutura da DLPA. ....................................................... 31
GRÁFICO 1. Ìndices calculados a partir do BP - Controladora ........................... 56
GRÁFICO 2. Ìndices calculados a partir do BP - Consolidado ........................... 56
GRÁFICO 3. Ìndices calculados a partir da DFC - Controladora ....................... 59
GRÁFICO 4. Ìndices calculados a partir da DFC - Consolidado ......................... 60
LISTA DE TABELAS
TABELA 1. Balanço Patrimonial resumido do período de 2011 a 2012 .............. 54
TABELA 2. DRE resumida do período de 2011 a 2012 ...................................... 54
TABELA 3. DFC resumido do período de 2011 a 2012 ...................................... 55
TABELA 4. Índices calculados com base no Balanço Patrimonial ...................... 55
TABELA 5. Índices calculados com base nos Fluxos de Caixa .......................... 59
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AC Ativo Circulante
AF Ativo Fixo
BP Balanço Patrimonial
CFC Conselho Federal de Contabilidade
CPC Comitê de Pronunciamentos Contábeis
CV Custo das Vendas
CVM Comissão de Valores Mobiliários
DES Despesa do Exercício Seguinte
DFC Demonstração dos Fluxos de Caixa
DISP Disponibilidade
DLPA Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados
DMPL Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido
DO Despesas Operacionais
DOAR Demonstração de Origem e Aplicação de Recursos
DRE Demonstração do Resultado do Exercício
DVA Demonstração do Valor Adicionado
E Estoque
EF Endividamento Financeiro
EG Endividamento Geral
ELP Exigível a Longo Prazo
EMP Empréstimos e Financiamentos
FAO Fluxo das Atividades Operacionais
FASB Financial Accounting Standards Board
FRS Financial Reporting Standard
IASB Internacional Accounting Standards Board
ICJCP Índice de Cobertura de Juros de Curto Prazo
ICP Imobilização do Capital Próprio
ICPC Índice de Cobertura do Passivo Circulante
ICPE Índice de Cobertura do Passivo Exigível
ICPFCP Índice de Cobertura do Passivo Financeiro de Curto Prazo
IEFL Índice de Eficiência Financeira do Lucro
JP Juros Pagos Sobre Empréstimos de Curto Prazo
LC Liquidez Corrente
LG Liquidez Geral
LI Liquidez Imediata
LS Liquidez Seca
MOL Margem Operacional Líquida
NBC Norma Brasileira de Contabilidade
PC Passivo Circulante
PE Passivo Exigível
PFCP Passivo Financeiro de Curto Prazo
PL Patrimônio Líquido
PNC Passivo Não Circulante
RLP Realizável a Longo Prazo
ROLCE Índice de Rentabilidade Operacional do Capital Empregado
S/A Sociedade Anônima
SFAS Statement of Financial and Accounting Board
SPE Sociedades de Propósitos Específicos
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO. ............................................................................................... 13
2 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................. 17
2.1 A Contabilidade como sistema de informação .............................. 17
2.2 A Contabilidade e a Administração Financeira ............................. 22
2.3 Demonstrações Contábeis ou Financeiras .................................... 25
2.3.1 Balanço Patrimonial - BP .................................................................... 26
2.3.2 Demonstração do Resultado do Exercício - DRE ............................... 29
2.3.3 Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados - DLPA ............ 30
2.3.4 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido - DMPL ............ 31
2.3.5 Demonstração do Valor Adicionado - DVA ......................................... 32
2.3.6 Demonstração dos Fluxos de Caixa - DFC ........................................ 32
2.3.7 Pontos importante para análise da DFC............................................. 40
2.4 Análise através de índices ............................................................... 42
2.4.1 Índices de Liquidez ............................................................................. 43
2.4.2 Índices de Estrutura e Endividamento ................................................ 46
2.4.3 Índices Financeiros com base na DFC ............................................... 47
3 METODOLOGIA. ............................................................................................. 52
4 ANÁLISE DOS DADOS E RESULTADOS. .................................................... 53
4.1 Apresentação da empresa analisada .............................................. 53
4.2 Apresentação dos dados analisados ............................................. 53
4.3 Análise dos índices de liquidez e estrutura baseados no BP ...... 55
4.4 Análise dos índices financeiros baseados na DFC ....................... 58
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS. ........................................................................... 63
REFERÊNCIAS ............................................................................................... 65
ANEXOS .......................................................................................................... 67
13
1. INTRODUÇÃO
A administração financeira tem sido contemplada nos últimos anos com
uma grande variedade de publicações sobre a gestão do capital de giro das
empresas.
Gitman (2010) afirma que a área financeira é ampla e dinâmica e afeta
diretamente a vida de todas as pessoas e organizações, pois praticamente todos os
indivíduos e organizações recebem ou levantam, gastam ou investem dinheiro.
Brigham e Houston (1999) dizem que a administração financeira é
importante em todos os tipos de negócios desde bancos e instituições financeiras a
hospitais e operações governamentais.
Ante ao cenário atual, competitivo e que passa por constates
modificações, administradores e demais envolvidos procuram soluções cada vez
mais eficazes para a gestão de seus caixas a fim de manterem-se no mercado de
forma saudável e contínua.
De acordo com dados de pesquisa realizada pela SERASA1 em março de
2013, 267 empresas requereram falência nos dois primeiros meses desse ano em
todo o país. Destas, 176 são micro e pequenas empresas, 65 são médias empresas
e 26 são empresas de grande porte. Embora o número de empresas em dificuldade
financeira seja considerado expressivo, é perceptível que houve recuperação em
relação ao mesmo período do ano de 2012, onde se registrou 276 requerimentos de
falência, o que representa uma queda de cerca de 3% no índice de empresas em
situação de falência.
Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
(SEBRAE) em estudo realizado em 2011, o aumento da sobrevivência das
empresas está em sintonia com os avanços verificados tanto no âmbito dos
negócios, por exemplo, com a criação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas
em 2006, quanto no que diz respeito à evolução das características dos próprios
empreendedores brasileiros como o aumento da escolaridade e dos esforços de
capacitação. Tal quadro demonstra o crescimento pela busca e utilização de
1 A Serasa é uma empresa privada brasileira, que faz análises e pesquisas de informações econômico-
financeiros das pessoas, para apoiar decisões de crédito, como empréstimos.
14
métodos mais eficazes por parte dos administradores para o alcance da gestão
competente de suas finanças.
Nesse cenário, a contabilidade tem um papel importante na tomada de
decisão, com o fornecimento de informações sobre o quadro econômico-financeiro
das organizações. Porém, se as demonstrações apresentadas e os índices
apropriados destas forem ignorados na análise da empresa; essas informações
poderão não ser de grande valia para gestão de caixa e prejudicar
consideravelmente a avaliação do futuro do negócio.
Comumente ao final do exercício, as empresas apresentam suas
demonstrações financeiras obrigatórias. Seguindo as legislações vigentes2, as
empresas devem apresentar o Balanço Patrimonial, Demonstração dos Lucros ou
Prejuízos Acumulados, Demonstração do Resultado do Exercício, Notas
Explicativas, Demonstração dos Fluxos de Caixa e, se companhia aberta,
Demonstração do Valor Adicionado. Estes instrumentos apresentam o quadro
econômico-financeiro da empresa e são indispensáveis para informar aos sócios,
investidores e demais interessados sobre a lucratividade e andamento dos negócios.
No entanto, no dia a dia da empresa, as decisões precisam ser tomadas
de forma dinâmica e assertiva e, portanto, o gestor necessita de ferramentas que lhe
proporcionem embasamento para a correta tomada de decisão frente às dificuldades
diárias características do setor financeiro.
A análise tradicional das demonstrações contábeis através dos índices
calculados a partir do Balanço Patrimonial fornece dados importantes para avaliação
das empresas, no entanto, a análise do capital de giro baseada nesse demonstrativo
nos dá uma visão estática da empresa em um dado momento, não sendo fonte de
informações compatível com o dinamismo das decisões empresariais.
Em 1978, o francês Michel Fleuriet juntamente com os autores Georges
Blanc, Ricardo Kehdy e a instituição de ensino brasileira, Dom Cabral,
desenvolveram o modelo de análise financeira que critica a análise tradicional de
extrair os índices de liquidez do Balanço Patrimonial3.
Fleuriet et al apud Padoveze e Benedicto (2010, p.63) afirmam que
2 Legislações tributária, comercial, societária e as Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC).
3 FLEURIET, M.; KEHDY, R.; BLANC, G. A Dinâmica Financeira das Empresas Brasileiras: um novo método de
análise, orçamento e planejamento financeiro. Belo Horizonte: Fundação Dom Cabral, 1978.
15
Os conceitos de liquidez utilizados na análise contábil tradicional
pressupõem uma visão estática da empresa podendo muitas vezes traduzir
uma falsa imagem da situação de solvência de curto prazo, principalmente
porque desconsideram, na dinâmica operacional, a convivência de contas
de natureza bastante distintas, tanto no ativo circulante quanto no passivo
circulante. Isso significa que, ao terem seus resultados determinados pela
divisão entre totais de ativos e passivos circulantes, tanto o numerador da
fórmula quanto o denominador refletem um conjunto de contas que reagem
de forma bastante distinta ao ritmo de operações da empresa.
Assaf Neto e Silva (2002) dizem que a administração dos fluxos de capital
de giro na empresa encontra-se inserida no contexto decisório das finanças
corporativas, tendo como finalidade o entendimento de como a empresa gera, aplica
e gerencia seus recursos. Gitman (2010, p. 95) afirma nesse sentido, que “os fluxos
de caixa são o foco principal do gestor financeiro, seja na gestão das finanças
rotineiras, seja no planejamento e tomada de decisões a respeito da criação de valor
para o acionista”.
Aqui se faz oportuno um questionamento: a análise do capital de giro
baseadas nas contas estáticas como o Balanço Patrimonial pode nos dar as
diretrizes para a correta tomada de decisão frente à dinamicidade dos negócios?
O presente trabalho tem como objetivo apresentar a Demonstração dos
Fluxos de Caixa (DFC) como ferramenta eficaz e dinâmica para a análise da
situação financeira das empresas. Para tanto, pretende-se apresentar os principais
índices extraídos da Demonstração dos Fluxos de Caixa, aplicá-los em uma
empresa do ramo de incorporações de empreendimentos do setor da construção
civil e ao final pretende-se ainda.
Esse estudo justifica-se pelo quadro atual das empresas brasileiras que
em um ambiente dinâmico e competitivo precisam transformar informações em
decisões capazes de conceder continuidade aos negócios, pois parte dos problemas
de continuidade das empresas encontra-se na falta de planejamento financeiro e
gestão de capital de giro, portanto a análise dessa ferramenta vem auxiliar os
gestores ávidos em melhorar continuamente suas decisões. A DFC é uma
ferramenta importante para verificação da capacidade da empresa de gerar caixa
para o cumprimento de suas obrigações e expansão do negócio.
16
Como hipóteses desse trabalho tem-se que a DFC e os índices extraídos
desta podem avaliar a situação econômico-financeira de maneira dinâmica
acompanhando a evolução do quadro financeiro da empresa. Outra hipótese
levantada é que essa ferramenta possui maior assertividade que as análises
tradicionais medidas através do Balanço Patrimonial.
Como metodologia de pesquisa este estudo classifica-se como descritivo.
Do ponto de vista dos procedimentos técnicos é em parte um estudo bibliográfico,
pois se baseou em pesquisa de livros, periódicos e materiais publicados na internet
para estruturar o assunto e é também estudo de caso, pois se aplicou em uma
empresa os índices apresentados e se analisou seus resultados. Foi utilizada a
análise documental, por meio de dados primários e secundários da empresa. Os
dados secundários foram extraídos das demonstrações financeiras consolidadas
(Balanço Patrimonial, DRE e DFC), das Notas Explicativas e dos relatórios
complementares referentes aos exercícios de 2009 e 2010 da empresa controladora.
Os dados primários utilizados foram baseados em dados internos fornecidos pela
Administração da empresa para a consecução da pesquisa.
Este estudo divide-se em cinco partes distintas, sendo a primeira esta
introdução; a segunda o referencial teórico que nos traz o embasamento da
pesquisa; a terceira, a coleta e demonstração dos dados com a apresentação da
empresa estudada; a quarta, a aplicação e os resultados da pesquisa e, por fim a
quinta parte com a conclusão do trabalho e as considerações finais.
17
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. A Contabilidade como sistema de informação
O poder da informação tornou-se um grande diferencial no mundo dos
negócios e, para fazer a diferença, a informação tem que ser bem fundamentada.
A transformação constante do quadro econômico mundial e a volatilidade
do fluxo de investimentos nos países tornam imprescindíveis que o administrador de
hoje possua como aliado uma corrente de informações confiáveis.
Siqueira et al, (2001, p. IX ) afirmam que
Num ambiente globalizado, a velocidade das transformações é
característica mundial. Nesse cenário, certamente o acesso às informações
é fator decisivo para a tomada de decisão, no mundo empresarial. Porém, a
capacidade de análise crítica da informação é tão ou mais importante do
que apenas o acesso a ela, uma vez que somente a sua contextualização
histórica e atual permite uma visão mais esclarecida de qualquer situação
problemática.
Observa-se, portanto, que não é suficiente ter apenas o conhecimento da
informação, é preciso contextualizá-la e analisá-la levando em consideração seu
objetivo, para que se tenham informações precisas e que alcance sua finalidade.
Padoveze e Benedicto (2010) afirmam que:
A análise econômico-financeira tem por objetivo extrair informações das
demonstrações contábeis para ser utilizada no processo de tomada de
decisão. [...] Porém o mais importante instrumento de análise econômico-
financeira é sua utilização interna pela empresa.
A Figura 1 demonstra o fluxo que os dados percorrem até serem
transformadas em informações e, os objetivos da análise econômica e financeira.
Observa-se que o fluxo inicia-se pela caracterização do tipo de análise e
da empresa e em seguida faz-se a coleta e o exame dos dados. Deles extraem-se
indicadores e informações capazes de apresentar a estrutura patrimonial e a
capacidade de pagamento da empresa, assim como a possibilidade de novos
18
negócios e geração de lucro, que são, respectivamente, a situação patrimonial, a
situação financeira e a situação econômica da empresa.
Figura 1: Objetivos da análise econômico-financeira
Fonte: Padoveze e Benedicto, 2010, p. 90
A partir da história da contabilidade, observa-se que esta iniciou
apresentando-se como simples instrumento de registros de compra e venda. Logo
em seguida passa a ser utilizada como instrumento de controle patrimonial, apenas
para registro. Mais tarde seus usuários sentiram a necessidade de conhecer a
evolução do seu patrimônio. E assim em diante a contabilidade passou ao longo dos
anos a se adaptar às necessidades de seus usuários e a ser fonte de informações
capaz de oferecer o suporte necessário para o controle e mensuração de seus bens.
O inicio do uso das técnicas contábeis é praticamente impossível de se
datar, posto que relatos remontam que a história da contabilidade é tão antiga
quanto a humanidade. Para IUDÍCIBUS (2000, p. 34)
Não é descabido afirmar-se que a noção intuitiva de conta, e, portanto, de
Contabilidade seja, talvez, tão antiga quanto à origem do Homo Sapiens.
Alguns historiadores fazem remontar os primeiros sinais da existência de
contas há aproximadamente 2.000 anos a.C. Entretanto, antes disto, o
homem primitivo, ao inventariar seus instrumentos de caça e pesca
19
disponível, ao contar seus rebanhos, ao contar suas ânforas de bebidas, já
praticava uma forma rudimentar de contabilidade.
Já Marion (1998, p.32) cita que:
O livro de Jó é considerado o mais antigo da Bíblia. Já no início deste livro
há uma descrição exata da riqueza de Jó, nos mínimos detalhes. Isto
mostra que Jó, considerado na época o homem mais rico do Oriente, tinha
um excelente contador. Também são conhecidos cuneiformes em
cerâmicas que relatavam as transações entre egípcios e babilônicos,
destacando-se pagamentos de salários e impostos (+ 3000 a.C.).
Atualmente, observa-se que a contabilidade é tida como um conjunto de
informações geradas através de dados obtidos do dia a dia da empresa. Esses
dados são processados através das demonstrações financeiras e a análise destas
gera informações imprescindíveis para o acompanhamento da vida econômica e
financeira da empresa.
Segundo Franco (1992, p.22) pode-se definir contabilidade como:
“[...] a ciência que estuda e controla o patrimônio das entidades,
mediante registro, demonstrações expositivas, confirmação, análise e
interpretação dos fatos nele ocorridos, com o fim de oferecer informações
sobre sua composição e suas variações, bem como sobre os resultados
econômicos decorrentes da gestão da riqueza patrimonial.”
Observa-se, portanto, a importância do tratamento dos dados obtidos e da
qualidade dessas informações ao longo dos anos.
De acordo com a Resolução CFC nº 774, de 16 de dezembro de 1994,
As informações quantitativas que a Contabilidade produz, quando aplicada
a uma Entidade, devem possibilitar ao usuário avaliar a situação e as
tendências desta, com o menor grau de dificuldade possível. Devem, pois,
permitir ao usuário, como partícipe do mundo econômico:
- observar e avaliar o comportamento;
- comparar seus resultados com os de outros períodos ou Entidades;
- avaliar seus resultados a luz dos objetivos estabelecidos;
20
- projetar seu futuro nos marcos políticos, sociais e econômicos em que se
insere.
E tudo isso, para que o usuário possa planejar suas próprias operações.
Observa-se que as informações prestadas pela Contabilidade atingem a
diversos objetivos e são vários os interessados que as utilizam.
Os usuários dessas informações segundo Ribeiro (2003, p.21),
São todos aqueles que direta ou indiretamente utilizam as informações
fornecidas por ela [contabilidade], seja para acompanhar o desenvolvimento
da empresa, seja para tomar decisões administrativas, econômicas ou
financeiras, para conhecer as garantias que as empresas oferecem para
cumprir seus compromissos junto aos seus clientes, fornecedores e,
principalmente, ao fisco.
A Resolução CFC Nº 774 (1994), diz que esses usuários podem ser
classificados em dois grupos: internos e externos.
Os usuários internos possuem uma visão mais ampla da empresa, pois
são detentores de informações mais completas, tendo acesso a informações
sigilosas como controles internos, orçamentos, dentre outros. Já os usuários
externos realizam a análise fora do âmbito da empresa. Nesse caso, os usuários
têm acesso somente as Demonstrações Financeiras publicadas pela entidade.
Padoveze e Benedicto (2010) citam os principais usuários da
contabilidade, dividindo os interessados em dois segmentos: os principais
interessados, que são os que utilizam a informação contábil com maior frequência
para sua avaliação financeira e econômica e, os outros interessados, que por
motivos distintos, usualmente necessitam dessa informação.
Na Figura 2 podem-se destacar os seguintes elementos: os gestores, os
credores, os fornecedores, o governo e os empregados que avaliam a rentabilidade
da empresa e geração de caixa por meio dos demonstrativos contábeis, pois da
informação contábil depende toda tomada de decisão, já que ela é utilizada nas
funções administrativa, de planejamento, organização, controle, coordenação e
direção.
21
Figura 2. Partes Interessadas na análise econômico-financeira
Fonte: Padoveze e Benedicto, 2010, p. 78
Os gestores estão interessados na rentabilidade e solvência da empresa,
visando o melhor meio de geri-la. Os credores buscam a condição de garantia dos
seus créditos; os investidores, sejam os acionistas ou debenturistas, desejam que a
empresa crie o maior valor econômico possível que possa lhes ser transferido em
sequência.
Os fornecedores estão interessados na capacidade de pagamentos de
seus clientes; já os clientes se preocupam em saber se seus fornecedores poderão
cumprir com os prazos e a qualidade do produto ofertado. O governo utiliza-se
dessas informações para saber o quadro evolutivo da empresa e como instrumento
de controle, fiscalização e arrecadação de tributos.
Os empregados utilizam a informação contábil para avaliar a saúde
financeira da empresa e analisar sua posição ante a mesma e a possibilidade de seu
desenvolvimento profissional.
São vários os beneficiados com as informações contábeis, o que
demonstra que o poder de informação da contabilidade é real, contudo a informação
contábil deve ser clara, objetiva, capaz de acentuar o conhecimento da empresa
pelo gestor, contribuindo para o estabelecimento de novas estratégias e objetivos,
22
na avaliação de alternativas de expansão e novos investimentos, enfim, no
crescimento dos negócios.
Nesse contexto, percebe-se como parte fundamental para a disseminação
da informação dentro da empresa a figura do contador. Além do dever de cumprir
todas as exigências impostas pela legislação, uma das principais tarefas desse
profissional é facilitar a compreensão das informações contábeis aos
administradores, demonstrando a importância da contabilidade no processo
decisório. Muitos administradores incentivam a participação do contador no processo
de tomada de decisão, mesmo que a decisão final seja do responsável pela gestão.
Padoveze (1996) comenta a importância de uma entidade ter o apoio da
contabilidade gerencial na administração de seus negócios, pois, segundo ele, se
houver dentro dessa entidade pessoas que consigam traduzir conceitos contábeis
em ações práticas, a contabilidade estará sendo um instrumento para a
administração.
Na contramão, o empresário também deve conhecer suficientemente o
processo contábil, para ter poder de decisão sobre quais métodos contábeis poderá
utilizar, de forma mais vantajosa para a empresa.
Percebe-se, portanto, que essa é uma via de mão dupla, onde o contador
é uma importante peça para a disseminação do conhecimento e da situação da
empresa e demais dados importantes para a tomada de decisão e o administrador
deverá se manter atualizado para se manter apto para escolher os caminhos
corretos.
2.2. A Contabilidade e a Administração Financeira
Segundo GITMAN (2010) o termo finanças pode ser definido como a arte
e a ciência da gestão do dinheiro.
A atuação da administração financeira ao longo dos anos vem se
modificando. De acordo com Brigham e Houston (1999) a administração financeira
passou a ser área especifica de estudos no inicio deste século e concentrava-se nos
aspectos legais das fusões e formação de novas empresas.
A partir da década de 1930, no período da Grande Depressão, a ênfase
se deslocou para falências e concordatas e, ao longo da década de 1940 continuou-
se a ensinar finanças como uma disciplina descritiva e institucional. E, então no final
23
da década de 1950, teve inicio um movimento para ampliação da análise teórica e o
foco da administração financeira que passou a exercer as decisões administrativas
concernentes a escolha de ativos e passivos, com o objetivo de maximizar o valor da
empresa.
Atualmente, a teoria sobre administração das finanças tem alcançado
importante representatividade nos lançamentos de livros sobre gestão de negócios.
Isto porque se percebeu que a má administração do capital de giro foi determinante
para muitas falências decretadas. Sob esse contexto, percebemos que os elementos
mais focados pelo administrador de finanças são o caixa e o capital de giro.
A gestão do capital de giro constitui-se em uma das principais atividades
do setor financeiro. O montante aplicado em capital de giro determina a solvência da
empresa e sua necessidade de investimento, portanto, a negligência a esses
elementos compromete sobremaneira o sucesso financeiro da empresa.
Nesse sentido, a contabilidade dá suporte às decisões financeiras
fornecendo informações em seus relatórios e demonstrações contábeis periódicas e
na extração dos índices financeiros e econômicos.
Padoveze e Benedicto (2010, p.97), afirmam que:
O Balanço Patrimonial e a demonstração do resultado do exercício
são os principais relatórios objetos de análise financeira. Não há
dúvida de que a leitura atenta de todo o conjunto de relatórios
contábeis à disposição do analista possibilitarão seguramente o
aprofundamento e alargamento da análise e consequentemente,
melhorará significativamente as conclusões que serão obtidas e
colocadas nos relatórios.
A Figura 3 lista as demonstrações que podem ser emitidas pelas
entidades, dividindo-as em demonstrações básicas e em outras demonstrações,
destacando que a informação contábil não se restringe às Demonstrações
Contábeis; evidenciam-se também os relatórios gerenciais diversos, pareceres, ou
outras formas quaisquer de comunicação escrita, que possam propiciar aos usuários
sua plena utilização.
24
Figura 3. Demonstrações Contábeis para análise
Fonte: Padoveze e Benedicto, 2010, p.98.
Embora a contabilidade e a gestão de finanças tenham objetivos
diferentes, onde uma foca o resultado e a lucratividade da empresa e a outra visa à
capacidade de pagamento, ambas são indissociáveis para uma vida saudável e
longa de qualquer entidade.
Para Padoveze e Benedicto (2010), a análise financeira tem por objetivo
extrair informações das demonstrações contábeis para utilização no processo de
tomada de decisão da empresa.
Assaf Neto apud Padoveze e Benedicto (2010, p. 90) afirma que:
A análise visa relatar, com base nas informações contábeis fornecidas pelas
empresas, a posição econômico-financeira atual, as causas que
determinam a evolução apresentada e as tendências futuras. Em outras
palavras, pela análise extraem-se informações sobre a posição passada,
presente e futura (projetada) de uma empresa.
Conclui-se, portanto, que a contabilidade e a administração financeira
caminham juntas para garantir a solvência e crescimento dos negócios. Gitman
(2010, p. 9) diz que “as atividades de finanças (tesoureiro) e contabilidade
25
(controller) estão intimamente relacionadas e, via de regra, se sobrepõem. Na
verdade, muitas vezes é difícil distinguir a administração financeira da
contabilidade”. Percebemos, portanto, que a Contabilidade é peça fundamental para
a análise financeira de uma empresa.
2.3. Demonstrações Contábeis ou Financeiras4
Ao final de cada exercício, a empresa deverá elaborar suas
demonstrações financeiras e relatórios gerenciais a fim de informar seus usuários
internos (acionistas, administradores, diretores) e externos (Governo, investidores,
fornecedores) como está sua situação econômica e financeira.
Segundo o Instituto dos Auditores Independentes do Brasil - IBRACON
(2005) as Demonstrações Contábeis:
São uma representação monetária estruturada da posição patrimonial e
financeira em determinada data e das transações realizadas por uma
entidade no período findo nessa data. O objetivo das demonstrações
contábeis de uso geral é fornecer informações sobre a posição patrimonial e
financeira, o resultado e o fluxo financeiro de uma entidade, que são úteis
para uma ampla variedade de usuários na tomada de decisões. As
demonstrações contábeis também mostram os resultados do
gerenciamento, pela Administração, dos recursos que lhe são confiados.
Iudícibus et al (2010, p.2), afirmam que:
O conjunto de informações que deve ser divulgado por uma sociedade por
ações representando sua “prestação de contas” abrange o Relatório da
Administração, as Demonstrações Contábeis e as Notas Explicativas que as
acompanham, o Parecer dos Auditores Independentes (se houver), o
Parecer do Conselho Fiscal e o relatório do Comitê de Auditoria (se
existirem).
A Lei 11.638/07 que alterou a Lei 6.404/76, diz que ao final de cada
exercício social, as sociedades anônimas e as empresas de grande porte5 deverão
elaborar suas demonstrações financeiras, conforme informa o artigo a seguir:
4 A legislação societária e, posteriormente, a legislação fiscal e outras consagraram o uso da expressão
"Demonstrações Financeiras" para o mesmo conjunto de informações contábeis.
26
Art. 176. Ao fim de cada exercício social, a diretoria fará elaborar, com base
na escrituração mercantil da companhia, as seguintes demonstrações
financeiras, que deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da
companhia e as mutações ocorridas no exercício:
I - balanço patrimonial;
II - demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados;
III - demonstração do resultado do exercício; e
IV – demonstração dos fluxos de caixa; e
V – se companhia aberta, demonstração do valor adicionado.
A análise em conjunto das demonstrações financeiras juntamente com os
demais relatórios que as acompanham suporta o diagnóstico por parte dos seus
administradores, da situação da empresa e determina as ações e decisões acerca
do futuro dos negócios.
O presente estudo concentra-se na Demonstração dos Fluxos de Caixa,
em virtude da importância desta para a gestão dos disponíveis e do capital de giro,
que são o foco deste trabalho, no entanto, abaixo seguem alguns dados das
principais demonstrações contábeis que são importantes para analisar a estrutura da
empresa.
2.3.1. Balanço Patrimonial - BP
O Balanço Patrimonial apresenta a posição da empresa em determinado
momento, e nos fornece dados importantes para a tomada de decisão.
Ribeiro (2003) define Balanço Patrimonial como a demonstração
financeira que evidencia, resumidamente, o patrimônio da empresa, quantitativa e
qualitativamente.
Os aspectos quantitativos consistem em dar aos elementos do Balanço
seus respectivos valores e, os aspectos qualitativos explicitam cada elemento
segundo a natureza.
O Quadro 1 apresenta a estrutura básica e a definição do Balanço
Patrimonial.
5 Empresas com ativo superior a R$ 240 milhões no exercício social anterior ou receita bruta anual superior a
R$ 300 milhões.
27
Quadro 1: Conceito e estrutura básica do Balanço Patrimonial
Do Balanço Patrimonial
3.2.1 – Conceito
3.2.1.1 – O balanço patrimonial é a demonstração contábil destinada a
evidenciar, quantitativa e qualitativamente, numa determinada data, a
posição patrimonial e financeira da Entidade
3.2.2 – Conteúdo e Estrutura
3.2.2.1 – O balanço patrimonial é constituído pelo ativo, pelo passivo e
pelo Patrimônio Líquido.
a) O ativo compreende as aplicações de recursos representadas por
bens e direitos;
b) O passivo compreende as origens de recursos representadas por
obrigações;
c) O Patrimônio Líquido compreende os recursos próprios da Entidade,
ou seja, a diferença a maior do ativo sobre o passivo. Na hipótese do
passivo superar o ativo, a diferença denomina-se "Passivo a
Descoberto".
Fonte: NBC T 3.2 (1990)
O ativo da empresa representa os recursos aplicados capazes de gerar
benefício futuro e divide-se em circulante e não circulante
O passivo nos mostra as obrigações da empresa, ou seja, os direitos que
seus credores tem sobre o ativo.
O Patrimônio Líquido evidencia “os recursos dos acionistas formados por
Capital – dinheiro ou bens – entregues pelos acionistas à empresa ou por lucros
gerados pela empresa e retido em diversas contas de reservas ou de lucros
acumulados.” (Matarazzo, 2008, p.64). Já o art. 178 da Lei nº 11.638/07 diz que o
Patrimônio Líquido é composto de Capital Social, Reservas de Capital, Ajustes de
Avaliação Patrimonial, Reservas de Lucros, Ações em Tesouraria e Prejuízos
Acumulados. Logo, fica extinta a conta Lucros Acumulaos, por não evidenciar uma
definição do destino do lucro.
O quadro 2 mostra as principais contas do Balanço Patrimonial e como é
composta cada uma delas:
28
Quadro 2: Componentes do Balanço Patrimonial
Fonte: Padoveze e Benedicto, 2010, p.34.
A análise do Balanço Patrimonial traz importantes índices para a
verificação da situação financeira da empresa. Dele podem-se extrair os índices de
liquidez seca, liquidez corrente, de liquidez geral dentre outros que nos informam a
capacidade de pagamento da empresa.
Relacionando as informaçãoes extraídas do Balanço com as informações
extraídas da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) teremos os índices de
atividade, que medem a rapidez com que as várias contas são convertidas em
vendas ou caixa. Como exemplos desses índices temos: Giros dos Estoques,
Período Médio de Cobrança, Período Médio de Pagamento e Giro do Aativo Total.
Cabe ressaltar aqui que nenhum índice isolado tem o poder de
demonstrar a real posição de uma organização, mas pode, contudo oferecer
orientações confiáveis e úteis para a percepção do desempenho da empresa e
nortear a tomada de decisão.
29
2.3.2. Demonstração do Resultado do Exercício – DRE
“A Demonstração do Resultado do Exercício é uma demonstração dos
aumentos e reduções causados no Patrimônio Líquido pelas operações da empresa”
(Matarazzo, 2008, p. 45). Desta forma, a DRE evidencia o resultado líquido num
determinado exercício confrontando as receitas com as despesas e custos segundo
o regime de competência, oferecendo uma síntese econômica da empresa,
evidenciando o lucro ou o prejuízo gerado nesse período.
Segundo a Lei nº 6.404/76 em seu artigo 187, a DRE deve discriminar.
I - a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os
abatimentos e os impostos;
II - a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e
serviços vendidos e o lucro bruto;
III - as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das
receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas
operacionais;
IV - o lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas e as outras
despesas;
V - o resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e a provisão
para o imposto;
VI - as participações de debêntures, empregados, administradores e partes
beneficiárias, mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de instituições
ou fundos de assistência ou previdência de empregados, que não se
caracterizem como despesa;
VII - o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do
capital social. § 1º Na determinação do resultado do exercício serão
computados:
a) as receitas e os rendimentos ganhos no período, independentemente da
sua realização em moeda; e
b) os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos,
correspondentes a essas receitas e rendimentos.
Relacionando as diversas contas do conteúdo demonstrado na DRE,
podem-se extrair alguns índices que revelam o resultado da gestão. Esses índices
evidenciam a capacidade da empresa de gerar lucros ou a capacidade de remunerar
o capital empregado.
30
Dentre os índices mais utilizados estão Margem Bruta; Margem
Operacional; Margem Líquida; Retorno sobre o Investimento; Retorno sobre o
patrimônio Líquido.
Weston e Brigham (2000, p. 60) enfatizam que:
A lucratividade é o resultado líquido de uma série de medidas e decisões.
Os índices de lucratividade constituem uma série de índices que mostram
os efeitos combinados da liquidez, da administração de ativos e da
administração da dívida sobre os resultados operacionais.
2.3.3. Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados - DLPA
Segundo a Lei 11.638/2007 que alterou a Lei 6.404/1976, não existe mais
a rubrica Lucros Acumulados no Balanço Patrimonial, no entanto permanece a
obrigatoriedade da elaboração dessa demonstração.
A DLPA apresenta o resultado da entidade e as alterações nos lucros ou
prejuízos acumulados para o período de divulgação. A Resolução CFC nº
1.255/2009 permite que a entidade apresente a DLPA no lugar da Demonstração
das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL), se as únicas alterações no seu
patrimônio líquido durante os períodos para os quais as demonstrações financeiras
são apresentadas derivarem do resultado; de pagamento de dividendos ou de outra
forma de distribuição de lucros; correção de erros de períodos anteriores; e de
mudanças de políticas contábeis.
A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados deverá indicar o
montante do dividendo por ação do capital social e poderá ser incluída na
demonstração das mutações do patrimônio líquido, se elaborada e publicada pela
companhia.
A Norma Brasileira de Contabilidade - NBC T.3.4 (1990) apresenta a
conceituação e a estrutura da demonstração contábil, de acordo com o que se pode
observar no Quadro 03.
31
Quadro 3: Conceito e estrutura da DLPA
3.4.1 – Conceito
3.4.1.1 – A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados é a
demonstração contábil destinada a evidenciar, num determinado
período, as mutações nos resultados acumulados da Entidade.
3.4.2 – Conteúdo e Estrutura
3.4.2.1 – A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados
discriminará:
a) o saldo no início do período;
b) os ajustes de exercícios anteriores;
c) as reversões de reservas;
d) a parcela correspondente à realização de reavaliação, líquida do
efeito dos impostos correspondentes;
e) o resultado líquido do período;
f) as compensações de prejuízos;
g) as destinações do lucro líquido do período;
h) os lucros distribuídos;
i) as parcelas de lucros incorporadas ao capital;
j) o saldo no final do período.
3.4.2.2 – Os ajustes dos exercícios anteriores são apenas os
decorrentes de efeitos da mudança de critério contábil, ou da
retificação de erro imputável a determinado exercício anterior, e que
não possam ser atribuídos a fatos subsequentes.
3.4.2.3 – A Entidade que elaborar a demonstração das mutações do
patrimônio líquido, nela incluirá a demonstração de lucros ou prejuízos
acumulados.
Fonte: NBC T 3.4 (1990)
2.3.4. Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido – DMPL
De acordo com a instrução CVM6 Nº 59 (1986), a DMPL contemplará os
seguintes itens:
Art. 2º - A demonstração das mutações do patrimônio líquido, referida no
artigo anterior, contemplará, no mínimo, os itens contidos no modelo
sugerido em anexo à presente Instrução, segregados em colunas,
discriminando:
1. Descrição das mutações
2. Capital realizado atualizado
3. Reservas de capital
4. Reservas de reavaliação
6 Instrução da Comissão de Valores Mobiliários
32
5. Reservas de lucros
6. Lucros ou prejuízos acumulados
7. Ações em tesouraria
8. Total do patrimônio líquido
A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido apresenta lucro ou
prejuízo do período, receita e despesa reconhecidos no patrimônio liquido da
empresa. Conforme nos informa Ribeiro (2003), a DMPL mostra as variações
ocorridas, durante o Exercício, nos saldos das Contas do Patrimônio Líquido e
evidencia os efeitos das alterações na política contábil, correção dos erros
reconhecidos no período, e as quantias das transações com sócios em sua condição
de sócios durante o período.
2.3.5. Demonstração do Valor adicionado - DVA
“A DVA tem como objetivo principal informar o valor da riqueza criada pela
empresa e a forma de sua distribuição” Iudícibus et al. (2007, p. 9).
Foi implantada oficialmente no Brasil através da Lei n° 11.638/2007 que
alterou a nossa Lei das S/A (Lei nº 6.404/1976), sendo obrigatória sua elaboração
para os exercícios encerrados a partir de 01/01/2008, sendo essa obrigação apenas
para as companhias abertas, no entanto, as demais entidades podem elaborá-la.
2.3.6. Demonstração dos Fluxos de Caixa - DFC
2.3.6.1. Definições
Assaf Neto (2009, p.39) diz que “uma boa gestão dos recursos financeiros
reduz substancialmente a necessidade de capital de giro, promovendo maiores
lucros pela redução principalmente das despesas financeiras”. E essa permanente
vigilância no caixa da empresa requer ferramentas adequadas para realizar esse
acompanhamento bem como uma análise consistente dos dados obtidos.
O fluxo de caixa objetiva identificar como o caixa da empresa está sendo
utilizado através da observação das entradas e saídas de recursos durante o
período e qual a aplicabilidade gerada desses recursos obtidos. Iudícibus et al
33
(2010, p.567) citam alguns aspectos que os usuários podem avaliar através das
informações geradas pela DFC.
1. A capacidade de a empresa gerar futuros fluxos líquidos positivos de
caixa;
2. A capacidade de a empresa honrar seus compromissos, pagar
dividendos e retornar empréstimos obtidos;
3. A liquidez, a solvência e a flexibilidade financeira da empresa;
4. A taxa de conversão de lucro em caixa;
5. A performance operacional de diferentes empresas, por eliminar os
efeitos de distintos tratamentos contábeis para as mesmas transações e
eventos;
6. O grau de precisão das estimativas passadas de fluxos futuros de caixa;
7. Os efeitos sobre a posição financeira da empresa, das transações de
investimento e de financiamento etc.
Assaf Neto (2009, p.39) afirma que “conceitualmente, o fluxo de caixa é
um instrumento que relaciona os ingressos e saídas (desembolsos) de recursos
monetários no âmbito de uma empresa em determinado intervalo de tempo”.
Semelhantemente, Sá (2012) diz que fluxo de caixa é o método de
captura e registro de fatos e valores que provoquem alterações no saldo do
Disponível e sua apresentação em relatórios que permitam a análise e interpretação
desses dados.
Faz-se necessário também esclarecer os termos caixa e equivalentes
de caixa, ora utilizados na Demonstração dos Fluxos de Caixa para alcançar o
melhor entendimento.
O Pronunciamento Técnico CPC 03 – Demonstração de Fluxos de Caixa
(2008) nos traz essas definições:
Caixa compreende numerário em espécie e depósitos bancários
disponíveis.
Equivalentes de caixa são aplicações financeiras de curto prazo, de alta
liquidez, que são prontamente conversíveis em caixa e que estão sujeitas a
um insignificante risco de mudança de valor.
34
Com relação ao prazo, o CPC 03 não delimita quanto tempo deve ser
considerado como curto prazo, no entanto cita um exemplo com período de resgate
de até três meses, portanto este é o prazo a ser considerado, 90 dias.
Contudo, Iudícibus et al (2009, p.568) citam que “ um investimento não
pode ser reclassificado como equivalente de caixa quando estiver a três meses ou
menos de seu vencimento pelo fato dessa reclassificação sugerir efetivo fluxo de
caixa, o que não ocorre”.
Apesar dessas orientações ainda existem discrepâncias acerca do
entendimento de cada entidade do que pode ser classificado como equivalentes de
caixa, por isso o CPC 03 solicita a divulgação da política adotada para a
determinação da composição do caixa e equivalentes de caixa. Semelhantemente o
FASB7 também exige a evidenciação dos critérios adotados em notas explicativas.
Já o IASB8 pede que os próprios investimentos e, não os critérios, sejam
evidenciados em notas explicativas.
2.3.6.2. Histórico
De acordo com Sá (2012), a demonstração dos fluxos de caixa se tornou
obrigatória primeiramente nos Estados Unidos a partir dos exercícios encerrados em
15 de julho de 1988, em observância ao SFAS9 95 (Statement of Financial and
Accounting Board 95). Na Inglaterra, tornou-se obrigatória em 1992, com a entrada
em vigor do Financial Reporting Standard10 01(FRS01).
No Brasil, em 14 de fevereiro de 2007 a Comissão de Valores Mobiliários
(CVM), publicou o Ofício Circular n° 01/2007 no qual ele recomenda a utilização
voluntária por parte das empresas brasileiras da Demonstração dos Fluxos de Caixa
como informação suplementar e que tomassem por base a SFAS 95.
7 Financial Accounting Standards Board. É uma instituição sem fins lucrativos que objetiva desenvolver os
princípios contábeis geralmente aceitos nos Estados Unidos.
8 International Accounting Standards Board. É a organização internacional sem fins lucrativos que publica e
atualiza as International Financial Reporting Standards (IFRS) em língua inglesa.
9 Um documento formal emitido pelo FASB que informa e orienta sobre as normas contábeis e políticas
contábeis estabelecidas.
10 Um conjunto de pronunciamentos contábeis internacionais publicados e revisados pelo IASB
35
E em 28 de dezembro de 2007, foi promulgada a Lei n.º 11.638/07, a qual
determina a obrigatoriedade da apresentação da demonstração dos fluxos de caixa
pelas sociedades anônimas, inclusive pelas sociedades de capital fechado de
grande porte em substituição a Demonstração de Origens e Aplicação de Recursos,
a DOAR. Sua normatização ocorreu através do Pronunciamento Técnico CPC 03 –
Demonstração dos Fluxos de Caixa.
Vimos que a observância ao fluxo de caixa por parte das empresas é
recente e, portanto muitas empresas ainda não o estão identificando como fator
imprescindível não somente como demonstração obrigatória, mas como ferramenta
para análise gestacional do quadro financeiro da empresa. No entanto, alguns
autores já advertiam sobre sua importância mesmo antes desta tornar-se obrigatória.
Smith (1994, p.42) apud Sá (2012, p.3) diz que:
Os balanços expressam apenas as opiniões dos auditores, não os fatos.
Dinheiro é fato. Caixa é fato. Não se produz caixa com artifícios contábeis.
Os investidores devem olhar para as empresas como olham os banqueiros.
O que importa é o caixa. Se uma empresa reporta lucros elevados, mas não
está gerando caixa, ela pode não estar gerando lucro algum. É preciso ter
em mente que o que quebra uma empresa não é a falta de lucro; as
empresas quebram por falta de caixa.
Goldratt e Cox (1990, p.45) apud Sá (2012, p.3) corroboram com essa
opinião; eles dizem que “é possível que uma empresa apresente lucro liquido e um
bom retorno sobre investimentos e, ainda assim, vá à falência. O péssimo fluxo de
caixa é o que acaba com a maioria das empresas que fracassam”.
2.3.6.3. Estrutura
De acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 03 – Demonstração dos
Fluxos de Caixa, de 13 de junho de 2008, aprovado pela Resolução 1.296/2010, que
instituiu a NBC T 3.8 – Demonstração dos Fluxos de Caixa, a entidade deve
apresentar seus fluxos de caixa divididos em três modalidades: operacionais, de
investimento e de financiamento.
Os fluxos de caixa separados por modalidade permitem ao analista
avaliar o impacto de cada tipo de atividade sobre a situação atual da entidade, assim
36
ele se certifica qual atividade está gerando ou consumindo caixa, contribuindo ou
não para que a empresa cumpra seus compromissos.
Sá (2012) diz que os três fluxos oferecem três visões distintas do
processo de formação de caixa da empresa. São elas, a visão operacional, a visão
estratégica e a visão tática.
O fluxo das atividades operacionais apresenta uma visão do presente e
representa o lucro da empresa no regime de caixa e que permite avaliar se os
recursos dos acionistas e dos credores estão sendo utilizados de forma eficiente. O
fluxo das atividades de investimento apresenta uma visão de futuro. Ele demonstra
se e como a empresa está investindo para manter ou gerar mais caixa. Já o fluxo
das atividades de financiamento nos dá uma visão tática, pois interage sua visão de
presente e de futuro, vendo como a empresa está ajustando sua estrutura de capital
para realizar seu plano estratégico.
Segundo Assaf Neto (2009, p.52), as atividades operacionais, como o
próprio nome sugere, “representam basicamente os resultados financeiros (no
sentido estrito de caixa) produzidos pelos ativos identificados diretamente na
atividade da empresa”.
De acordo com o CPC 03 (2008), alguns exemplos de fluxos de caixa
decorrentes das atividades operacionais:
(a) recebimentos de caixa pela venda de mercadorias e pela prestação de
serviços;
(b) recebimentos de caixa decorrentes de royalties, honorários, comissões e
outras receitas;
(c) pagamentos de caixa a fornecedores de mercadorias e serviços;
(d) pagamentos de caixa a empregados ou por conta de empregados;
(e) recebimentos e pagamentos de caixa por seguradora de prêmios e
sinistros, anuidades e outros benefícios da apólice;
(f) pagamentos ou restituição de caixa de impostos sobre a renda, a menos
que possam ser especificamente identificados com as atividades de
financiamento ou de investimento; e
(g) recebimentos e pagamentos de caixa de contratos mantidos para
negociação imediata ou disponíveis para venda futura.
Iudícibus et al (2009) dizem que é importante analisar o fluxo de caixa das
atividades operacionais pois, a partir desses valores podemos verificar se a empresa
37
gerou caixa suficiente para cobrir suas saídas referentes à amortização de
empréstimos, pagamento de dividendos e juros sobre capital próprio, manter a
atividade principal da empresa e fazer novos investimentos sem recorrer a novos
financiamentos.
Gitman (2010, p.98), diz que “fluxos de caixa associados à compra e
venda tanto de ativos imobilizados quanto de participação societárias em outras
empresas” são denominados fluxos de investimento.
O CPC 03 (2008) diz que:
A divulgação em separado dos fluxos de caixa advindos das atividades de
investimento é importante em função de tais fluxos de caixa representar a
extensão em que os dispêndios de recursos são feitos pela entidade com a
finalidade de gerar lucros e fluxos de caixa no futuro. Exemplos de fluxo de
caixa das atividades de investimento são:
(a) pagamentos em caixa para aquisição de ativo imobilizado, intangíveis e
outros ativos de longo prazo. Esses pagamentos incluem aqueles
relacionados aos custos de desenvolvimento ativados e aos ativos
imobilizados de construção própria;
(b) recebimentos de caixa resultantes da venda de ativo imobilizado,
intangíveis e outros ativos de longo prazo;
(c) pagamentos em caixa para aquisição de instrumentos patrimoniais ou
instrumentos de dívida de outras entidades e participações societárias em
joint ventures (exceto aqueles pagamentos referentes a títulos considerados
como equivalentes de caixa ou aqueles mantidos para negociação imediata
ou futura).
São também alocadas nos fluxos de caixa de investimento as aplicações
financeiras, inclusive as de curto prazo, destinadas a dar remuneração a recursos
temporariamente ociosos ou a especulação, exceto as classificadas na definição de
equivalentes de caixa.
Sá (2012) define fluxo das atividades de financiamento como as entradas
e saídas de caixa decorrentes das variações dos saldos das contas do Passivo
Financeiro (de curto ou de longo prazo) e do Patrimônio Líquido.
O CPC 03 (2008) também nos fornece alguns exemplos dessas
atividades:
38
Exemplos de fluxos de caixa advindos das atividades de financiamento são:
(a) caixa recebido pela emissão de ações ou outros instrumentos
patrimoniais;
(b) pagamentos em caixa a investidores para adquirir ou resgatar ações da
entidade;
(c) caixa recebido pela emissão de debêntures, empréstimos, notas
promissórias, outros títulos de dívida, hipotecas e outros empréstimos de
curto e longo prazos; CPC_03(R2) 9
(d) amortização de empréstimos e financiamentos; e
(e) pagamentos em caixa pelo arrendatário para redução do passivo relativo
a arrendamento mercantil financeiro.
Iudícibus et al (2009) diz que esse fluxo é útil para informar acerca da
capacidade da empresa de financiar as atividades de investimento e operacional
utilizando-se de recursos de terceiros assim como o impacto da exigência destes
nos fluxos futuros de caixa.
Examinando a estrutura desses fluxos de atividades pode-se fazer de
imediato uma breve análise. Sá (2012) disponibiliza quatro formas de integração
dessas três visões sobre o fluxo de caixa que nos proporciona uma visão geral do
caixa da empresa.
A primeira diz que quando temos o fluxo das atividades operacionais
altamente positivo, a soma dos fluxos das atividades de investimento e
financiamento tende a ser negativa, pois a empresa tende a utilizar seus excessos
de caixa para amortizar empréstimos, reduzindo o endividamento financeiro ou para
investimento em imobilizado ou ainda distribuição de dividendos.
A segunda informa que quando o fluxo das atividades operacionais está
altamente positivo e a soma das atividades de financiamento e endividamento está
igualmente positiva, o saldo final do fluxo de caixa tende a ser elevado. Nesse caso
seria aconselhável verificar se há valores em excesso ociosos aplicados no
disponível, pois uma empresa que não investe seus recursos em imobilizado ou
outra aplicação que remunere o capital tende a comprometer sua rentabilidade
futura.
Na terceira forma tem-se que quando o fluxo das atividades operacionais
está negativo, é sinal de que esse déficit pode estar sendo financiado por
empréstimos de curto prazo (capital oneroso). A empresa pode estar fragilizando
sua estrutura de capital de giro, comprometendo futuramente sua solvência.
39
E na quarta e última forma, quando o fluxo das atividades operacionais é
altamente positivo e os demais fluxos negativos pode significar também que a
empresa possa estar financiando novos projetos com recursos próprios em vez de
recursos de terceiro. Deve-se destacar que deve ser averiguado se o investimento
seria bom para a empresa, pois se o retorno for de longo prazo, o ideal seria utilizar
recursos também de recursos de longo prazo, ou do contrário pode-se estar
comprometendo os fluxos futuros de caixa e a rentabilidade da empresa.
2.3.6.4. Métodos de elaboração
Existem dois métodos de elaboração da DFC: o Direto e o Indireto. O
FASB e o IASB, normalizadores internacionais, recomendam a utilização do método
direto. No entanto o CPC 03 faculta a utilização de ambos os métodos, com a
ressalva de que ao utilizar o método direto, apresente em notas explicativas, a
conciliação do lucro líquido e o fluxo de caixa das atividades operacionais, à
semelhança do que ocorre no método indireto.
2.3.6.4.1. Método direto
Pelo método direto, nos fluxos operacionais são evidenciados todos os
pagamentos e recebimentos dentro do período, de forma direta dos caixas e bancos.
De acordo com Iudícibus et al (2010), as empresas devem, ao utilizar
esse método, detalhar os fluxos das operações, no mínimo em recebimento de
clientes, recebimento de juros e dividendos, outros recebimentos, pagamentos a
empregados e fornecedores, juros pagos, impostos pagos, outros pagamentos.
O FASB e o Pronunciamento Técnico CPC 03 incentivam as empresas a
adicionarem todas as informações que considerem úteis a demonstração dos fluxos
de caixa.
40
2.3.6.4.2. Método indireto
De acordo com Sá (2012), “o fluxo de caixa obtido pelo método indireto
parte da observação de que apenas dois fatos têm a capacidade de liberar ou retirar
recursos do fluxo de caixa: o lucro (ou prejuízo) e os fatos que provoquem variações
nos saldos das contas do Ativo e do Passivo.”.
Segundo Iudícibus et al(2009) esse método faz uma relação entre o caixa
gerado pelas operações e o lucro líquido constante na DRE.
Ele não apresenta diretamente as variações nas disponibilidades, por
esse motivo, chama-se indireto, e sim apresenta o resultado da análise das
movimentações ocorridas nas contas do ativo e passivo circulantes. Partindo do
lucro líquido passa por alguns ajustes, tais como, a exclusão da depreciação já que
este representa uma despesa que não envolve desembolso, chega-se ao mesmo
valor gerado pelo método direto, por isso, esse método também é chamado de
método da reconciliação.
Iudícibus et al (2009, p. 576) citam que “a grande vantagem do método
indireto é sua capacidade de deixar claro que certas variações no caixa geradas
pelas operações se dão por alterações nos prazos de recebimentos e pagamentos,
ou por incrementos, por exemplo, dos estoques”.
2.3.7. Pontos importantes para análise da DFC
Faz-se importante esclarecer alguns pontos para a correta classificação
dos itens dentro da estrutura da DFC.
Iudícibus et al (2009) listam alguns itens que podem causar distorção na
classificação e podem comprometer a análise da DFC.
2.3.7.1. Juros e dividendos pagos
Não há consenso nas normatizações internacionais sobre a alocação dos
juros e dividendos e juros sobre capital próprio pagos em um dos fluxos.
O IASB faculta que os juros pagos sejam classificados como atividades
operacionais ou de financiamento.
41
Já o CPC 03 recomenda em seu item 34A, que os juros pagos sejam
classificados como atividades operacionais e os dividendos e juros sobre capital
próprios pagos sejam classificados como fluxo de caixa das atividades de
financiamento.
2.3.7.2. Juros e dividendos recebidos
Segundo o IASB, esses itens podem ser classificados tanto no fluxo das
atividades operacionais como no fluxo das atividades de investimento
semelhantemente aos juros e dividendos pagos.
Já o FASB determina que todos os valores que transitem na DRE sejam
classificados como operacionais.
Igualmente, o CPC 03 recomenda que tanto os juros, quanto os
dividendos e juros sobre capital próprio recebidos sejam classificados como
atividades operacionais. Qualquer classificação diferente deve ser evidenciada em
notas explicativas.
2.3.7.3. Duplicatas descontadas
O FASB não menciona qualquer procedimento com relação a duplicatas
descontadas para evidenciação dos fluxos de caixa.
No entanto o IASB e o CPC 03 dizem que as antecipações de recebíveis
junto a instituições financeiras devem ser classificadas nas atividades operacionais
quando derivarem de outras operações da empresa.
Apesar de essa atividade configurar um empréstimo, sua classificação
nas atividades de financiamento levaria a um impasse. Ante ao pagamento do
cliente no banco, o respectivo valor teria que ser classificado como operacional; o
que configuraria um fluxo de caixa virtual. O FASB, o IASB e o CPC 03 não admitem
a utilização de caixas virtuais.
2.3.7.4. Investimentos adquiridos a prazo
Os investimentos adquiridos a prazo serão alocados nos fluxos das
atividades de financiamento, já que seus pagamentos serão alocados nesse fluxo.
42
Pois se fossem inclusos nos fluxos de investimento a hora de seu pagamento seria
necessário a entrada virtual desse valor no fluxo das atividades de financiamento e
então, sua respectiva baixa.
Esse procedimento configuraria fluxo de caixa virtual que, como já foi
dito, é vedado pelo FASB, pelo IASB e pelo CPC 03.
2.3.7.5. Informações a serem apresentadas em notas explicativas.
Para um melhor entendimento da situação financeira e econômica da
empresa e para que a Demonstração de Fluxos de Caixa seja mais esclarecedora
possível é importante que alguns fatos sejam destacados em notas explicativas.
Iudícibus et al (2009, p.574) nos citam alguns exemplos.
São eles:
a) O valor das linhas de crédito obtidas, mas não utilizadas que possam
estar disponíveis para atividades operacionais futuras e para satisfazer
compromissos de capital, evidenciando quaisquer restrições quanto ao uso
de tais linhas de crédito [...]
b) Montantes dos fluxos de cada uma das atividades operacionais, de
investimento e de financiamento, referentes aos investimentos em entidades
de controle conjunto, contabilizados mediante o uso da consolidação
proporcional [...]
c) O valor dos fluxos de caixa que representam aumentos na
capacidade operacional, separadamente dos fluxos necessários para
apenas manter a capacidade operacional, permitindo ao usuário averiguar
se a empresa está investimento adequadamente na manutenção da sua
capacidade operacional [...]
g) Saldos de caixa e equivalente de caixa indisponíveis, juntamente com
os comentários da administração.
2.4. Análise através de Índices
“Índice é a relação entre contas ou grupo de contas das Demonstrações
Financeiras, que visa evidenciar determinado aspecto da situação econômica ou
financeira de uma empresa” (Matarazzo, 2008, p. 147).
43
Os índices são utilizados para medir, através de razões, a situação
econômica ou financeira da empresa. Contudo, os índices isolados não podem nos
fornecer veredictos sobre a situação da empresa, pois não determinam uma
situação de insolvência, por exemplo, já que existem outras variáveis a ser
consideradas. No entanto são norteadores que poderão guiar o administrador na
tomada de decisão.
Abaixo, apresentam-se os índices extraídos da análise tradicional do
Balanço Patrimonial e os índices provindos da DFC, os quais serão úteis para
análise proposta nesse trabalho.
Segundo Matarazzo (2008), pode-se dividir os índices em dois grupos: os
que evidenciam a situação econômica e os índices que evidenciam a situação
financeira. Estes por sua vez podem se dividir em índices de estrutura de capitais e
índices de liquidez.
2.4.1. Índices de Liquidez
Esses índices demonstram a base da situação financeira da empresa e
procuram medir sua capacidade de solvência. Os índices de liquidez baseados no
Balanço Patrimonial são chamados de análise tradicional ou estática, pois se
baseiam em uma demonstração também estática onde se evidencia em um dado
momento um retrato da situação patrimonial da empresa.
2.4.1.1. Liquidez corrente (LC):
Indica quanto a empresa possui no Ativo Circulante para cada R$ 1,00 de
Passivo Circulante.
Seu resultado deve ser considerado juntamente com o ramo de atividade
da empresa e o ciclo de recebimento e pagamento da empresa, pois apesar de a
análise apresentar um bom índice de liquidez (>1), a dessincronização do
recebimento e pagamento, onde as obrigações vencem antes dos recebimentos,
pode ocasionar a insolvência da empresa. Esse índice também não avalia a
qualidade dos itens do Ativo Circulante, a exemplo do estoque que podem tornar-se
obsoleto.
44
Equação: LC: AC
PC
Onde:
AC – Ativo Circulante
PC – Passivo Circulante
2.4.1.2. Liquidez seca (LS):
Indica quanto a empresa possui de Ativo Líquido para cada R$ 1,00 de
Passivo Circulante.
Percebe-se, no entanto, que esse índice é bastante conservador e,
portanto, pouco representa, isoladamente para a avaliação da empresa, mas em
conjunto com outros índices, mede a situação da empresa sem contar com um de
seus itens mais manipuláveis: estoque. Isso porque o estoque pode tornar-se
obsoleto ou ainda perecer, dependendo de sua natureza.
Equação: LS: AC – E – DES
PC
Onde:
AC – Ativo Circulante
E – Estoques
DES – Despesas do Exercício Seguinte
PC – Passivo Circulante
2.4.1.3. Liquidez geral (LG):
Indica quanto a empresa possui no Ativo Circulante e Realizável a Longo
Prazo para cada R$ 1,00 de dívida total. Esse índice também sofre com a
dessincronização de recebimentos e pagamentos e, neste caso as divergências
tendem a acentuar quanto maior for o período analisado.
45
Todavia, Marion (2009) diz que quando se aprecia uma série de vários
anos, a análise será enriquecida. Se uma empresa apresentar numa série de anos o
índice LG decrescente, pode-se depreender a perda paulatina do poder de
pagamento da empresa.
Equação: LG: AC + RLP
PC + ELP
Onde:
AC – Ativo Circulante
RLP – Realizável a Longo Prazo
PC – Passivo Circulante
ELP – Exigível a Longo Prazo
2.4.1.4. Liquidez imediata (LI):
Indica quanto a empresa possui nas Disponibilidades para cada R$ 1,00
do Passivo Circulante.
Demonstra um índice pouco relevante, pois não podemos relacionar o
passivo, embora que de curto prazo, com o que temos nas disponibilidades. Pois
como cita Marion (2009) um baixo índice de liquidez pode significar uma política
mais rígida de disponível, não desejando o analista obter índices elevados, pois o
caixa pode perder poder aquisitivo facilmente.
No entanto, como os demais índices, se aliado a outras análises, como
atrasos nos pagamentos, pode ser um indicador significativo de dificuldade
financeira.
Equação: LI: DISP
PC
Onde:
DISP – Disponibilidade
PC – Passivo Circulante
46
2.4.2. Índices de Estrutura e Endividamento
2.4.2.1. Imobilização do capital próprio (ICP):
Indica quanto de recursos próprios está financiando o Ativo Fixo da
empresa.
Este indicador propõe que quanto maior for sua aplicação, maiores são os
custos fixos da empresa, causando assim um desequilíbrio na condição financeira
da mesma, pois sobrarão menos recursos para financiar o ativo circulante,
aumentando desta forma a dependência de capitais de terceiros, conforme explicam
Benedicto e Padoveze (2010).
Equação: ICP: AF
PL
Onde:
AF – Ativo Fixo
PL – Patrimônio Líquido
2.4.2.2. Endividamento geral (EG):
Verifica se a empresa possui condição de liquidar suas dívidas com
recursos próprios.
No entanto, do ponto de vista da obtenção de lucro, pode ser vantajoso
para a empresa trabalhar com Capitais de Terceiros, se a remuneração paga a
esses capitais for menor do que o lucro conseguido com a sua aplicação nos
negócios.
Equação: EG: PC + PNC
PL
Onde:
PC – Passivo Circulante
PNC – Passivo Não Circulante
PL – Patrimônio Líquido
47
Equação: EF: EMP
PL
2.4.2.3. Endividamento financeiro (EF):
Verifica se a empresa possui condição de liquidar os empréstimos e
financiamentos de curto e longo prazo com recursos próprios.
Caracterizado por enfatizar investimentos apoiados pela garantia de
saldá-los apenas pelo montante dos recursos próprios existentes, este indicador
estabelece a relação existente entre capital de terceiros e próprios, no qual se
considera como passivo exigível apenas os valores obtidos de empréstimos e
financiamento, sejam eles de curto ou longo prazo, desconsiderando os
relacionados com o giro de acordo com afirmação de Benedicto e Padoveze (2010).
Por meio deste indicador, o investidor pode avaliar o quanto é
comprometido o capital próprio com relação às dívidas adquiridas e o quão
cautelosa é a política financeira da entidade na qual se deseja investir.
Onde:
EMP – Empréstimos e Financiamentos
PL – Patrimônio Líquido
2.4.3. Índices financeiros com base na DFC
A partir das demonstrações dos fluxos de caixa, podemos extrair alguns
índices capazes de auxiliar na determinação da rentabilidade do negócio e sua
capacidade de pagamento.
Sá (2012, p. 220) chama de índices financeiros “as relações entre contas
e grupos de contas do fluxo de caixa, ou entre contas e grupos de contas do fluxo de
caixa e das demonstrações contábeis, que procuram avaliar um determinado
aspecto da atividade financeira da empresa”.
Ainda segundo Sá (2012), os índices podem ser classificados em índices
de cobertura e índices de eficiência financeira; onde os índices de cobertura medem
a capacidade de pagamento da empresa e os índices de eficiência financeira
48
avaliam a capacidade da empresa de gerar caixa e valor para seus acionistas.
Abaixo, alguns índices apresentados pelo autor que serão importantes para nossa
análise.
2.4.3.1. Índices de cobertura
2.4.3.1.1. Índice de cobertura do passivo circulante (ICPC)
Mede a capacidade da empresa de quitar suas dívidas de curto prazo e
mostra quantas vezes o fluxo de atividades operacionais pagaria o passivo
circulante.
Quando este índice é menor que um, isto significa que a empresa não
tem condições de liquidar seus compromissos de curto prazo. Na análise tradicional
uma empresa é considerada ilíquida quando seu ativo é menor que o passivo, como
se todo o ativo fosse ser transformado em valores líquidos para cobrir a dívida de
curto prazo o que denota uma situação de descontinuidade da empresa.
Onde:
FAO – Fluxo das Atividades Operacionais
PC – Passivo Circulante
2.4.3.1.2. Índice de cobertura do passivo exigível (ICPE)
É obtido pelo quociente do fluxo de caixa operacional antes dos
dividendos sobre o passivo exigível.
Este índice nos mostra a capacidade da empresa de honrar com suas
obrigações com caixa gerado nas operações.
Equação: ICPE= FAO
PE
Equação: ICPC= FAO
PC
49
Onde:
FAO – Fluxo das Atividades Operacionais
PE – Passivo Exigível
2.4.3.1.3. Índice de cobertura de juros de curto prazo (ICJCP)
Mede a capacidade de a empresa liquidar os juros dos financiamentos
onerosos de curto prazo.
A deterioração constante desse índice indica a perda da capacidade da
empresa de pagar a sua despesa financeira de curto prazo. Quando esse índice é
menor que um, demonstra a incapacidade da empresa de pagar os juros que
venceram no período, indicando que terá que recorrer a novos empréstimos,
fragilizando sua estrutura de capital.
Equação: ICJCP= FAO
JP
Onde:
FAO – Fluxo das Atividades Operacionais
JP – Juros pagos sobre empréstimos de curto prazo.
2.4.3.1.4. Índice de cobertura do passivo financeiro de curto prazo
(ICPFCP)
Mede a capacidade da empresa de liquidar seus empréstimos de curto
prazo junto aos credores.
Segundo Sá (2012), o fato de este índice ser menor que um não
demonstra um fator preocupante, desde que as demais análises estejam
satisfatórias. No entanto, uma deterioração consistente deste índice indica que a
empresa está cada vez mais dependente de empréstimos de curto prazo,
fragilizando sua estrutura.
50
Equação: ICPFCP= FAO
PFCP
Onde:
FAO – Fluxo das Atividades Operacionais
PFCP – Passivo Financeiro de curto prazo.
2.4.3.2. Índices de Eficiência Financeira
2.4.3.2.1. Margem Operacional Líquida (MOL)
Avalia o retorno das atividades operacionais em relação à receita bruta.
Sá (2012) explica que esse índice é calculado com base na receita
bruta, pois um dos fatores de ineficiência das vendas pode ser o excesso de
devoluções e, se o índice fosse calculado com base na receita líquida não capturaria
esse tipo de falha.
Equação: MOL = FAO
Receita Bruta
Onde:
FAO – Fluxo das Atividades Operacionais
Receita Bruta - Receita antes das deduções das vendas.
2.4.3.2.2. Índice de rentabilidade operacional do capital empregado
(ROLCE)
Mede a eficiência dos capitais investidos na empresa.
Sá (2012) diz que na análise estática, calculamos a rentabilidade sobre o
Patrimônio Líquido, que considera uma série de receitas e despesas que são
meramente escriturais, sujeitas à interpretações. Como o ROLCE é baseado no
51
Fluxo de Caixa, onde não cabe interpretação, é o caixa propriamente dito, elimina-
se esse inconveniente.
Equação: ROLCE = FAO
Capital Inicial
Onde:
FAO – Fluxo das Atividades Operacionais
Capital Inicial – Soma do Patrimônio Líquido mais o endividamento
financeiro de curto e longo prazo do início do período
2.4.3.2.3. Índice de eficiência financeira do lucro (IEFL)
Permite avaliar a contribuição do lucro para a geração de caixa da
empresa.
Sá (2012), explica que esse índice deve ser sempre acima de 100%.
Quando isso não ocorrer, significa que uma parte indevida do lucro pode estar sendo
retido em outras contas do Ativo Circulante que não o Disponível, o que pode
ocorrer por vários motivos, como a inadimplência da carteira estar aumentando.
Equação: IEFL = FAO
Lucro Líquido
Onde:
FAO – Fluxo das Atividades Operacionais
52
3. METODOLOGIA
Para o melhor desenvolvimento dessa pesquisa, bem como o alcance de
seus resultados e objetivos propostos foi utilizada em um primeiro momento a
pesquisa bibliográfica referente ao tema Fluxo de Caixa e Análise de Capital de Giro
em livros, artigos, revistas e meios eletrônicos para a conceituação do referencial
teórico, bem como dos itens que o compõem.
Foi realizado ainda um estudo de caso em uma empresa do setor de
incorporação de empreendimentos da construção civil através de relatórios e
demonstrações contábeis fornecidas pela empresa, complementando a pesquisa
bibliográfica e garantindo um resultado mais satisfatório e aceito conforme os
moldes científicos.
Marconi e Lakatos (2004, p. 274) definem estudo de caso como:
“levantamento com mais profundidade de determinado caso ou grupo humano sob
todos os seus aspectos”.
Como método de pesquisa, esse estudo classificou-se como descritivo.
Conforme observa Martins (1994, p. 28), “tem como objetivo a descrição das
características de determinada população ou fenômeno, bem como o
estabelecimento de relações entre variáveis e fatos”, portanto, sem interferir nelas.
Segundo Marconi e Lakatos (2004, p. 45) método é um: “Conjunto das
atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite
alcançar o objetivo – conhecimentos validos e verdadeiros, traçando o caminho a ser
seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista”.
Para consecução da pesquisa foi utilizada a análise documental, por meio
de dados primários e secundários. Os dados secundários foram extraídos das
demonstrações financeiras consolidadas (Balanço Patrimonial, DRE e DFC), das
Notas Explicativas e dos relatórios complementares referentes aos exercícios de
2009 e 2010 da empresa controladora. Os dados primários utilizados foram
baseados em dados internos fornecidos pela Administração da empresa.
Esses dados foram apresentados na monografia através das
demonstrações contábeis e demais relatórios e em seguida foram analisados
através dos índices aplicados. Em seguida, apresentam-se os comentários analíticos
sobre o resultado da pesquisa, conforme pode ser observado no presente trabalho.
53
4. ANÁLISE DOS DADOS E RESULTADOS
4.1. Apresentação da empresa analisada11
A empresa controladora iniciou suas atividades em 2008. Domiciliada no
Brasil, sua sede está situada em Fortaleza, Estado do Ceará, e tem como objetivo
social as seguintes atividades: (a) incorporação imobiliária em imóveis prontos ou de
terceiros; (b) compra, venda, permuta e locações de imóveis próprios e/ou de
terceiros; (c) participação em outras sociedades, nacionais ou estrangeiras, na
qualidade de sócia ou acionista, podendo ou não controlá-las.
A sociedade concentra seus investimentos em Sociedades de Propósitos
Específicos (SPE) ou Sociedades Limitadas, cujos sócios correspondentes dessas
sociedades atuem no segmento de construção e incorporação imobiliária.
O desenvolvimento dos empreendimentos de incorporação imobiliária e a
construção dos imóveis são efetuados diretamente pela Sociedade, pelas
controladas12 ou por outros parceiros. Como parte de sua estratégia, a empresa
possui um portfólio de empreendimentos imobiliários, de natureza residencial e
comercial com 2 (dois) empreendimentos concluídos, 10 (dez) empreendimentos
lançados e 1(um) em fase de lançamento, todos localizados nas cidades de
Fortaleza e Natal.
As demonstrações financeiras da controladora são apresentadas
separadamente e as demonstrações de controladas e controladas em conjunto são
incluídas nas demonstrações financeiras consolidadas.
4.2. Apresentação dos dados analisados
Para uma melhor visualização e manuseio dos dados aplicados nos
índices analisados, apresentam-se em tabelas as demonstrações de forma
resumida.
11
Texto extraído do Relatório de Auditores Independentes – KPMG Auditores Independentes.
12 Quando a Sociedade detém mais da metade do capital social votante e/ou possui o poder de governanças
das políticas financeiras e operacionais de uma entidade, esta é considerada uma controlada.
54
Na Tabela 01 apresentam-se as informações do Balanço Patrimonial
apenas com as contas utilizadas para aplicação dos índices apresentados.
Tabela 1: Balanço Patrimonial resumido do período de 2011 a 2012.
BALANÇO PATRIMONIAL (Em milhares de reais)
Controladora Consolidado
Ativo 2012 2011 2012 2011
Caixa e equivalentes de Caixa 8.395
5.016
24.176
9.195
Estoques de Imóveis a Comercializar
12.908
21.422
105.004
84.267
Antecipação de Lucros
8.301
7.903
24.868
39.532
Despesas Antecipadas
403
781
4.611
2.622
Total do Ativo Circulante
27.058
31.294
204.625
153.275
Investimentos
38.511
36.591 - -
Imobilizado
3.123
2.091
3.862
4.677
Intangível
400
306
562
437
Ativo Total
173.056
142.889
312.303
253.932
Passivo 2012 2011 2012 2011
Empréstimos e Financiamentos - - 2.091 -
Total do Passivo Circulante
25.095
28.636
45.152
52.015
Empréstimos e Financiamentos - -
22.828
3.907
Total do Passivo Não Circulante
21.758
11.338
138.783
90.847
Patrimônio Líquido
126.204
102.926
126.204
102.926
Passivo Total
173.056
142.889
312.303
253.932
Fonte: Dados da Pesquisa, 2013.
Na Tabela 2, pode-se verificar a Demonstração do Resultado do
Exercício, apenas com as contas utilizadas para verificação dos índices.
Tabela 2: DRE resumida do período de 2011 a 2012.
D R E (Em milhares de reais)
Controladora Consolidado
2012 2011 2012 2011
Receita de Venda e Imóveis e Serviços
27.083
20.983
140.494
110.876
Custos das unidades vendidas (8.764) (7.475)
(95.951)
(68.895)
Despesas Operacionais (12.079) (7.810) (23.239) (28.418)
Despesas Financeiras (52) (7) (889) (57)
Lucro Líquido do Exercício
15.871
8.569
16.610
10.262
Fonte: Dados da Pesquisa, 2013
55
Na Tabela 3, têm-se os dados da DFC, com as principais contas utilizadas
na aplicação dos índices, referentes ao período de 2011 a 2012.
Tabela 3: DFC resumido do período de 2011 a 2012.
D F C (Em milhares de reais)
Controladora Consolidado
2012 2011 2012 2011
Caixa Líquido das atividades Operacionais 17.646 28.043
(2.811)
(20.175)
Caixa Líquido das atividades de Investimento (32.670) (37.332) 5.029 4.078
Caixa Líquido das atividades Financiamento 18.403 3.173 12.763 12.239
Aumento (redução) em caixa e equivalentes de Caixa 3.379 6.116 14.981 (3.858)
Fonte: Dados da Pesquisa, 2013
4.3 Análises dos índices de liquidez e estrutura baseados no BP
A Tabela 4 apresenta os índices calculados através da análise tradicional
baseada no Balanço Patrimonial referente aos anos de 2011 e 2012.
Tabela 4. Índices Calculados com base do Balanço Patrimonial
Índices Controladora Consolidado
Período 2012 2011 2012 2011
LC 1,08 1,09 4,53 2,95
LS 0,54 0,32 2,10 1,28
LG 3,69 3,57 1,70 1,78
LI 0,33 0,18 0,54 0,18
ICP 0,31 0,38 0,03 0,05
EG 0,33 0,10 1,45 1,39
EF - - 0,20 0,04
Fonte: Dados da Pesquisa, 2013
56
O Gráfico 1 apresenta os resultados dos índices calculados com base no
Balanço Patrimonial e mostra a evolução do quadro da empresa Controladora nos
anos de 2011 e 2012.
Gráfico 1. Índices calculados a partir do BP – Controladora
Fonte: Dados da Pesquisa, 2013
O Gráfico 2 apresenta os índices calculados com base no Balanço
Patrimonial Consolidado e fornece uma visão da evolução do quadro das empresas
no período de 2011 a 2012.
Gráfico 2. Índices calculados a partir do BP – Consolidado
Fonte: Dados da Pesquisa, 2013
Em linhas gerais, os índices extraídos do Balanço Patrimonial indicam
uma boa liquidez dos recursos tanto da controladora quanto das controladas
demonstradas no Balanço Consolidado.
57
A LC e a LG apresentam folga financeira para liquidação dos passivos da
empresa. Os índices estão entre 1,00 e 4,5 o que indicam que a empresa possui
recursos no seu ativo para liquidar de 1 a 4 vezes seu passivo. No entanto, a LS e a
LI apresentam baixo índice. Nesse caso, demonstra que a empresa não possui
disponíveis suficientes em seus ativos correntes para liquidação de sua dívida de
curto prazo e, que seus maiores recursos circulantes estão aplicados em contas de
menor liquidez (Estoques e Clientes).
O Gráfico 1 apresenta que a Liquidez Geral da controladora é bastante
elevada, no entanto, percebe-se que a maior concentração dos recursos aplicados
encontra-se no Ativo Não Circulante e mais precisamente na rubrica de
adiantamento para futuro aumento de Capital, o que não se configura em um ativo
de alta liquidez, já que se destina à futura integralização de capital. Já o Passivo
possui sua maior alocação de origem de recursos no circulante.
Deste modo, observa-se que o índice de Liquidez Corrente também
apresenta um número satisfatório tanto na Controladora quanto no Balanço
Consolidado, conforme se pode visualizar no Gráfico 2, onde o ativo cobre mais de
quatro vezes o Passivo. Esse valor representa um excelente índice, no entanto, é
importante observar que a maior parte do Ativo Circulante das coligadas no Balanço
Consolidado encontra-se nos Estoques e em Contas a Receber, o que merece um
estudo mais aprofundado sobre a expectativa de recebimento dos clientes e giro
desses estoques.
A Liquidez Seca apresenta índices relevantes no Balanço Consolidado,
todavia, mais uma vez ressalta-se que a alta concentração na conta de Clientes
requer um estudo mais aprofundado do prazo de sua realização. Já na Controladora
o resultado foi abaixo do considerado como saudável. Esse fato denota a alta
concentração do Ativo Circulante na conta de Estoques.
A Liquidez Imediata apresentou valores bem abaixo do satisfatório não
chegando a 50% (cinquenta por cento) do Passivo Circulante. No entanto esse
quadro não causa tanta preocupação, pois a maior concentração do Passivo
Circulante encontra-se na rubrica de adiantamento de Clientes, o que dificilmente se
constituirá em saída efetiva de caixa.
O índice de imobilização do Capital Próprio mostra que vem decrescendo
tanto na Controladora quanto nas Controladas o investimento em ativos fixos, não
58
apresentando valores preocupantes, pois, convém observar que um elevado grau de
imobilização do Capital Próprio pode comprometer a liquidez da empresa.
O Endividamento Geral das empresas apresenta índices favoráveis na
Controladora, onde o Capital Próprio supera o Capital de Terceiros. Já no
demonstrativo Consolidado, observa-se que os recursos de terceiros superam o
Capital Próprio, que neste caso ainda não se traduz em um índice preocupante, pois
a maior parte de capital se configura em fonte de recursos não onerosos ou pouco
onerosos, como adiantamento de cliente e fornecedores de terrenos.
Já o Endividamento Financeiro nas Controladas apresenta resultados
favoráveis, pois não ultrapassa a 20% (vinte por cento) do Capital Próprio, o que
demonstra que a empresa está utilizando de recursos de terceiros não onerosos e
que seu realizável a longo prazo está sendo financiado com recursos próprios,
portanto, fatores capazes de oferecer maior retorno aos seus investidores.
Percebe-se que apesar de positivas, as análises desses índices por si só
não são suficientes para avaliar a situação financeira da empresa, pois além de não
pretender-se transformar todo o ativo em disponível para liquidar essas dívidas de
curto prazo é preciso conhecer o ramo de atividade da empresa e combinar essas
análises com outras, como os índices de atividade, que nos traria maior riqueza de
detalhes da situação financeira e operacional da empresa.
Com base nos índices extraídos do Balanço Patrimonial, percebe-se que
as empresas analisadas possuem bons índices de liquidez, não denotando qualquer
falta de caixa para suas operações a curto prazo. Somente o índice de Liquidez
Imediata apresentou resultados abaixo do esperado, no entanto, como a maior
concentração do Passivo Circulante encontra-se na rubrica adiantamento de
clientes, não se revela em um dado preocupante. Os índices de estrutura e
endividamento apontam para um endividamento saudável, capaz suportar as
atividades da empresa e ainda gerar valor aos seus investidores e uma imobilização
saudável com índice abaixo de 1% (um por cento).
4.4 Análise dos índices financeiros baseados na DFC
A Tabela 5 apresenta os índices calculados com base na
Demonstração dos Fluxos de Caixa e compreende aos períodos de 2011 e 2012.
59
Tabela 5. Índices Calculados com base nos Fluxos de Caixa
Índices Controladora Consolidado
Período 2012 2011 2012 2011
ICPC 0,97 0,70 (0,06) (0,38)
ICPE 0,37 0,50 (0,02) (0,14)
ICJCP - - (3,16) (353,90)
ICPFCP - - (1,34) (5,16)
MOL 0,65 1,28 (0,02) (0,18)
ROLCE 0,13 0,27 (0,02) (0,19)
IEFL 1,1 3,27 (0,16) (1,96)
Fonte: Dados da Pesquisa, 2013
O Gráfico 3 apresenta a evolução dos índices calculados a partir dos
fluxos de caixa para a empresa Controladora nos períodos de 2011 e 2012.
Gráfico 3. Índices calculados a partir da DFC – Controladora
Fonte: Dados da Pesquisa, 2013.
O Gráfico 4 apresenta os índices calculados com base nos
demonstrativos consolidados.
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Gráfico 4. Índices calculados a partir da DFC – Consolidado
Fonte: Dados da Pesquisa, 2013.
A análise baseada na DFC, também conhecida como análise vertical,
parte do princípio que a empresa é um mecanismo em continuidade e, que por isso,
vislumbra o caixa e sua capacidade de geração de valor e retorno aos seus
investidores.
Vimos pelo índices calculados que o caixa gerado pela empresa
Controladora por suas atividades operacionais cobre quase que totalmente as
dívidas de curto prazo da empresa e percebe-se que o índice melhorou no período
analisado em função da diminuição de adiantamento de clientes nesse período. Já
no índice de cobertura do Passivo Exigível houve um decréscimo no resultado em
função do aumento do investimento pela controladora em suas coligadas. Esses
dois índices revelam a possível futura necessidade de aquisição de empréstimos e
financiamentos de terceiros para cobrir o caixa. No entanto, vale ressaltar que este
fato não resulta necessariamente em um dado negativo, pois dependendo da
qualidade do empréstimo pode resultar em alavancagem financeira para a empresa
gerando retorno aos investidores.
A margem operacional líquida (MOL) teve um recuo de cerca de 50%
(cinquenta por cento) apesar do aumento da receita bruta. Esse fato deve-se em
função da redução no caixa gerado pelas atividades operacionais. Percebe-se que
parte dessa redução refere-se ao aumento do resultado de equivalência patrimonial,
61
cujo valor não resulta em entrada efetiva de caixa. No entanto, o índice
apresentando ainda é satisfatório.
O índice que mede a rentabilidade do Capital empregado (ROLCE)
demonstra um recuo em seu resultado também em função da redução do caixa
operacional. No entanto, este índice ainda é considerado apropriado já que em 2012
gerou uma rentabilidade de 13% (treze por cento) ao ano.
O índice de eficiência financeira demonstra uma queda em seu resultado
também em função da redução do caixa operacional, no entanto, seu resultado
ainda mostra-se positivo, pois demonstra que para cada R$ 100,00 de lucro, gerou-
se R$ 110,00 de caixa.
Em linhas gerais, a Controladora demonstrou bons resultados financeiros,
no entanto, com a redução do caixa operacional, foi sentida a redução nos índices
avaliados.
Analisando-se o Balanço Consolidado, percebe-se resultados negativos
em todos os seus índices, muito embora apresente melhora no período apresentado.
Este fator reflete o resultdo negativo do caixa das atividades operacionais
demonstrado nos dois períodos analisados. A redução do caixa operacional em
2011 teve por motivos o aumento das vendas a prazo o que diminue o caixa e a
redução na conta de fornecedores que também causa sua diminuição.
Em 2012 o caixa operacional apresentou uma recuperação em função do
aumento do lucro líquido, da redução das vendas a prazo e do aumento da conta de
fornecedores, o que evita saída imediata de caixa e financia o ativo da empresa.
O ICPC revela uma sensível melhora em função da recuperação do caixa
operacional, onde apresenta somente cerca de 6% (seis por cento) de deficiência de
cobertura do Passivo Circulante pelas atividades operacionais.e com relação ao
ICPE esse índice é ainda menor, apresentando cerca de 2% de deficiência em sua
cobertura.
O ICJCP mostra que as empresas não geraram caixa para cobrir suas
despesas financeiras, gerando em 2011 um índice preocupante de mais de 300%
(trezentos por cento) de necessidade de caixa, ou seja para cada R$ 1,00 de juros
pagos, a empresa teve que gerar mais de R$ 300,00 de caixa. No entanto, esse
índice melhorou sensivelmente em 2012 em função significativamente da melhora
do caixa, já que os juros passivos aumentaram.
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Já o ICPFCP apresenta melhora em sua composição apesar do passivo
financeiro ter aumentado, pois a melhora do caixa tornou esse índice mais eficiente
em mais de três vezes.
Os índices de eficiência financeira apresentaram nos demonstrativos
consolidados uma recuperação relevante, apesar de ainda não estar gerando
retorno para seus acionistas.
A MOL e o ROLCE apresentaram resultados semelhantes e demonstram
que o retorno para os acionistas é promissor para o próximo período se seguir a
mesma tendência de melhora.
O IEFL apresenta também uma melhora em cerca de 10% (dez por cento)
em função do acréscimo de 60% (sessenta por cento) do lucro líquido.
No quadro geral tem-se que avaliando a situação financeira e patrimonial
pela DFC identifica-se deficiência na geração de caixa e possível insolvência no
futuro do negócio. Esse fato, do ponto de vista econômico não é satisfatório para a
empresa, devido a perca de geração de valor observado em sua operação,
resultando, quando não se reverte o quadro a tempo, em prejuízos.
Para melhora do quadro, tem-se que reverter o fluxo operacional
positivamente, atuando em suas deficiências, conforme foi identificado, com a
negociação de financiamentos não onerosos para cobertura do ativo, tais como
aumento no prazo de pagamento a fornecedores e diminuição no prazo de vendas e
negociação de vendas a vista. Ou ainda, a aquisição de financiamentos onerosos
com taxas menores resultando em alavancagem financeira para a empresa.
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diagnosticar a situação financeira da empresa é sem dúvida, um dos
fatores mais importantes para o gestor. Por esse motivo se faz necessário o suporte
de índices capazes de nos aproximar da realidade dando confiabilidade na tomada
de decisão.
No presente trabalho, demonstrou-se a análise financeira de uma
empresa do ramo de incorporações de empreendimentos na construção civil
aplicando os índices financeiros baseados no Balanço Patrimonial e, posteriormente
os índices baseados na Demonstração dos Fluxos de Caixa e, concluiu-se que
ambas as análises são pertinentes e aptas a avaliar a liquidez e estrutura da
empresa. Todavia, é importante ressaltar a importância da análise conjunta com
outras variáveis e a contextualização da empresa.
Em relação às hipóteses levantadas percebeu-se que os índices
analisados sob o prisma da DFC, que veem a empresa como um organismo em
continuidade, são mais eficientes em detectar a origem das deficiências e informar a
real geração de valor baseados na geração de caixa.
Temos ainda, que o Fluxo de Caixa é capaz de prospectar suas despesas
e receitas para que haja um planejamento financeiro, indispensável à saúde futura
do negócio.
Conclui-se que a análise baseada na DFC se mostrou adequada para
realizar a análise econômico-financeira das empresas estudadas, pois possibilitou a
geração de informações úteis, sem um nível de subjetividade elevado, aos gestores
e usuários externos para dar suporte ao processo de tomada de decisão. Entretanto,
analisar a situação econômico-financeira de empresas baseando-se somente em
indicadores parece não ser suficiente para subsidiar o processo decisório de
gestores e demais usuários das informações, neste caso temos a considerar
diversos outros fatores como o curto período das empresas, onde a controladora foi
fundada em 2008.
Ressalta-se que esta pesquisa apresenta algumas limitações que devem
ser destacadas, com o período curto de tempo (dois anos) analisado. Além disso,
alguns indicadores extraídos da DFC não obtiveram resultados consistentes com as
demais análises realizadas.
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Assim, embora não seja possível fazer generalizações em uma
abordagem indutiva, pode-se asseverar que os resultados desta pesquisa fornecem
indícios de que a aplicabilidade da DFC permite maior objetividade e clareza na
descrição das causas da situação econômico-financeira das empresas.
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ANEXO A – Estrutura da Demonstração do Resultado do Exercício
Fonte: Pesquisa, com base na Lei das S.A (6404/76).
ANEXO B – Estrutura da Demonstração de Lucros e Prejuízos Acumulados
Fonte: CRC-PR. Disponível em http://www.crcpr.org.br
ANEXO C – Estrutura da Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido
Fonte: CRC-PR. Disponível em http://www.crcpr.org.br
ANEXO D – Estrutura da Demonstração do Valor Adicionado
Fonte: Portal de Contabilidade. Disponível em
http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/demonstracaodovalor.htm
ANEXO E – Estrutura da Demonstração dos Fluxos de Caixa - método Direto
Fonte: Pronunciamento Técnico CPC 03
ANEXO F – Estrutura da Demonstração dos Fluxos de Caixa - método Indireto
Fonte: Pronunciamento Técnico CPC 03
ANEXO G – Balanço Patrimonial da empresa Controladora e Consolidado
ANEXO H – Demonstração de Resultados da empresa Controladora e
Consolidado
ANEXO I – Demonstração dos Fluxos de Caixa da empresa Controladora e
Consolidado
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