Editora responsável: Anna Paula [email protected]
GAZETA DO POVOSexta-feira, 24 de junho de 2011
Para entrar e ficar à vontade: casas de família abrem as portas para hospedar turistas em ParanaguáPágina 3
Encrustada na Serra do Mar, usina de energia elétrica também é opção de passeio no litoralPágina 7
Capital do siri, Antonina faz do crustáceo o carro-chefe da nova culinária localPágina 8
Fantasmas em alto-marOs quase 50 navios naufragados no litoral do Paraná atiçam o imaginário popular de quem mora ou visita nossas praias. Peças tiradas do mar contam um pouco da história da navegação naval do estado Páginas 4 e 5
2 GAZETA DO POVOSexta-feira, 24 de junho de 2011litoral
Informações úteis Programe-se
PEdágio BR-277 (ECoviA)Tipo de veículo Eixos Preço
Automóvel, camioneta ou caminhonete, furgão 2 R$ 12,50
Automóvel, camioneta ou caminhonete com semi-reboque 3 R$ 18,80
Automóvel, camioneta ou caminhonete com reboque 4 R$ 25
Motocicleta e motoneta 2 R$ 6,30
FERRy-BoAtS guARAtuBA/MAtinhoSHorários
Das 6h20 às 7 horas saída de 20 em 20 minutos, em cada um dos sentidos de embarque.
Das 7 horas às 21h30 saída de 10 em 10 minutos, em cada um dos sentidos.
Das 21h30 às 23h59 saída de 20 em 20 minutos, em cada um dos sentidos .
Durante a madrugada saída com intervalos de uma a duas horas, em cada um dos sentidos.
Tipo de veículo Eixos Preço
Automóvel, camioneta, furgão 2 R$ 5
Caminhão leve, ônibus, caminhão 2 R$ 10
Automóvel e camioneta com semi-reboque 3 R$ 15
Automóvel e camioneta com reboque 4 R$ 20
Motocicletas e motonetas 2 R$ 2,50
tERMinAiS RodoviáRioSAntonina (41) 3432-1272
Guaraqueçaba (41)3482-1232
Guaratuba (41)3442-8192
Morretes (41) 3462-1115
Paranaguá (41) 3420-2952
Pontal do Paraná (41) 3455-1341
hoSPitAiSAntonina
Hospital Dr. Sílvio Bitencourt
Linhares (41) 3432-1244
Hospital e Maternidade do Litoral (41) 3432-4444
Morretes
Hospital e Maternidade Morretes (41) 3462-1114
Paranaguá
Hospital Regional do Litoral (41) 3420-7400
Hospital Paranaguá (41) 3423-3466
Guaraqueçaba
Hospital Brigadeiro Eppighaus (41) 3482-1264
Guaratuba
Santa Casa de Misericórdia (41) 3442-2271
PS Municipal (41) 3442-8214
Matinhos
Nossa Senhora dos Navegantes (41) 3452-2000
Pontal do Paraná (Praia de Leste)
Posto 24 Horas (41) 3972-7078
Ambulância 192
Corpo de Bombeiros 193
Defesa Civil 199
Polícia Civil 197
Polícia Militar 190
Polícia Rodoviária 198
Copel 0800 5100116
Sanepar 115
Disque turismo (41) 3254-1516
Disque-denúncia
Ambiental 0800 6430304
Disque-denúncia (drogas) 181
Polícia Ambiental Guaratuba (41) 3443-6858
Polícia Ambiental Ilha do Mel (41) 3426-8004
Polícia Ambiental Morretes (41) 3462-2870
Procon 0800 411512
IAP (Litoral) (41) 3422-8233
Barcas para as ilhas do Mel, das Peças,
Guaraqueçaba e Superagüi (41) 3455-2616
Ilha do Mel (controle de vagas) (41) 3455-1144
Ecovia 0800 410277
Ferry-boats Guaratuba/Matinhos
(41) 3472-1024
Fonte: Simepar
LuAS
Nova
21/07 (23:34) a 28/07
Crescente
28/07 (18:59) a 5/08
Cheia
5/08 (21:54) a 13/08
Minguante
13/08 (15:55) a 20/08 (07:01)
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ExPEdiEntE
Caderno Litoral é um suplemento es pecial da Gazeta do Povo de senvolvido pela editoria de Projetos Especiais. Diretora de Redação: Maria Sandra gonçalves. Edito r Executivo: guido Orgis. Edição: anna Paula Franco. Diagra ma ção: Joana dos anjos e allan Reis. Capa/Foto: arquivo pessoal Mario José natalino. Re da ção: (41) 3321-5494. Fax: (41) 3321-5472. Co mer cial: (41) 3321-5904. Fax: (41) 3321-5300. Email: projetos espe ciais@ga zeta do povo. com.br. Endereço: R. Pedro ivo, 459. Curi tiba-PR. CEP: 80.010-020. Não pode ser vendido separadamente.
NotasinCEntivo
Começa Festival de Turismo
z A primeira edição do Festival de Turismo do Litoral será realizada entre os dias 18 e 21 de agosto, no Centro de Eventos de Morretes. Criado no ano passado, o evento se tornou mais uma iniciativa de promoção do turismo na região após as fortes chuvas que atingiram o litoral no mês de março.
O festival pretende reunir a co munidade e o empresariado local com especialistas e o poder público para debater sobre os benefícios do turismo. No evento será realizado o seminário técnico “Turismo de Sazonalida de”, que apresenta alternativas para estimular o turismo local durante todo o ano.
Na programação, ainda há feiras, exposições e apresentações culturais abertas para a comunidade e visitantes. Informações no site www.festivaldolitoral.com.br.
tuRiSMo
Litoral entra em guia nacional
z Paranaguá, Antonina e Morretes (foto) estão entre as 15 cidades do estado escolhidas pelo Ministério de Turismo que irão participar do projeto Governança para o Turismo no Paraná. O programa apresenta os principais atrativos naturais e culturais de cada município em um site que estará disponível a partir de julho.
Técnicos do ministério estiveram nas três cidades e classificaram cada local de acordo com os
visitantes que recebem. A hierarquia leva em conta a mobilização de turistas internacionais, nacionais, regionais e locais, além da infraestrutura de cada ponto.
Além de divulgar os atrativos, o programa tem ainda o objetivo de movimentar a economia local e estimular os municípios a oferecerem estrutura adequada. As cidades que não foram selecionadas podem participar da segunda fase do projeto.
PARAnAguáu Aniversário do município –
Paranaguá completa 363 anos e as festividades pelo seu aniversário, comemorado no dia 29 de julho, acontecem desde a segunda quinzena do mês. A partir do dia 17, a Praça 29 de Julho será lugar de eventos como o Festival de Cultura e a Feira das Nações. No dia 29 de julho serão realizados sessões cívicas em homenagem à cidade.
iLhA do MELu Festa da Tainha – Durante os
finais de semana entre os dias 22 e 31 de julho, a comunida de de Nova Brasília serve tainha frita, assada e cozida na folha de bananei ra. A festa também terá eventos comunitários, bingos, forró caiçara, apresentações de fandango e a escolha da rainha da festa.
guARAtuBAu Festa do Divino – De 8 a 17 de
julho a comunidade de Guaratuba
recebe os turistas para a festa que reúne celebrações religiosas com eventos populares, como almoços e festas noturnas. A programação conta com shows pirotécnicos, artísticos, culturais e folclóricos, apresentações, bailes, bingos, leilões e barracas com comidas típicas e de artesanato. A festa será em frente à Igreja Matriz.
MAtinhoSu Festa da Sororoca – O Mercado
do Pescador sedia entre os dias 8 e 10 de julho a 5ª edição da Festa da Sororoca. O evento gastronômico traz diversos pratos, como sororoca na telha, na brasa e na folha de bananeira. Também fazem parte da programação exposições de, shows e competições esportivas.
u Festa da Tainha – Matinhos realiza pela 12ª vez a sua Festa da Tainha, de 15 a 17 de julho. O evento, que acontece no balneário Gaivotas, traz variados preparos do
peixe, como assado, recheado e na folha de bananeira.
PontAL do PARAnáu Festa do Peão de Porcadeiro
– O mês de julho é dedicado à Festa do Peão de Porcadeiro, que acontece do dia 1º ao dia 31 na Comunidade de Guara guaçu. No evento, os participantes mostram sua habilidade em pegar o porco, imobilizá-lo e soltá-lo em um tempo mínimo, sem utilizar qual-quer tipo de violência. O prato princi pal do evento é o Porco no Rolete.
u Pesca ao Robalo – No dia 9 de julho o Iate Clube de Guaratuba sedia a 8.ª edição do Sul Brasileiro de Pesca ao Robalo. Mais de 350 competidores de diversos estados irão participar do evento “pesque e solte”, que terá largada às 8 horas. O festival é aberto ao público. Mais informações www.sulbrasileirodepesca.com.br.
GAZETA DO POVO Sexta-feira, 24 de junho de 2011 3litoral
HospedagemCarolina Gabardo Belo, especial para Gazeta do Povo
Turistas que, mesmo longe de casa, procuram por um ambiente acolhedor para se hospedar encontram, em
Paranaguá, a oportunidade de conhecer um novo tipo de acomodação. Incent ivados pela Fundação Municipal de Turismo (Fumtur) e pelo Moto Clube Robalos Rebeldes, alguns moradores da cidade estão abrindo as portas de suas casas para hospedar visitantes.
Realizado desde o ano passado, o programa Hospedagem Familiar foi criado para atender à alta demanda por hotelaria durante o Paranaguamotos – Encontro Nacional de Motociclistas, que ocorre no mês de agosto. Nas últimas edições do evento, os cerca de 1,2 mil leitos disponíveis na cidade não foram suficientes para acomodar todos os participantes, que chegaram a dormir em barracas montadas nas praças.
Inédito no litoral paranaense, o programa é baseado em experiências que já acontecem na Europa. Ao invés de apenas se instalar em um hotel, o turista é recebido pelo anfitrião, que cuida pessoalmente de todas as suas necessidades, durante a estada na cidade. Os valores das diárias são equivalentes a hospedagens convencionais, em estabelecimentos de categoria semelhante. “A diferença é que não se presta somente o serviço, mas oferecese um ambiente que é familiar e que favorece a troca de cultura”, destaca a coordenadora do programa, Dayanny Pires de Oliveira. O turista escolhe a residência onde deseja se hospedar pelo site da fundação e paga 50% do valor da diária para efetuar a reserva.
vagasAs famílias interessadas em receber turistas passam por uma seleção, que avalia a localização e a estrutura das residências. Os moradores também recebem orientações sobre como receber bem os hópedes e indicar os pontos turísticos da cidade. Assim como os hotéis, as residências são classificadas nas categorias econômica, turística e superior.
Na primeira edição, o programa teve 20 casas inscritas, mas apenas duas ficaram disponíveis
devido à estrutura que oferecem. Para este ano, a expectativa é contar com novas famílias anfitriãs. A mobilização dos interessados já começou.
A hospedagem familiar funciona o ano inteiro, com possibilidade de acomodar visitantes durante as festas da Tainha e das Nações, que ocorrem nos próximos meses. O programa foi premiado pelo Ministério do Turismo como uma
das melhores práticas entre os 65 municípios indutores do desenvolvimento turístico, que tem foco em investimentos nos padrões de qualidade na recepção de viajantes. Os primeiros resultados também animaram os integrantes da Fumtur, que já têm planos futuros para o programa. “Pensamos na hospedagem familiar como uma opção para a Copa do Mundo de 2014”, revela Dayanny.
Famílias de Paranaguá
abrem as portas de
suas residências e
recebem turistas
como hóspedes
Entre e fique à vontade
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A participação da empresária Cassia Lisboa Pereira, 46 anos,
no programa de hospedagem familiar aconteceu de uma forma inesperada. Dona de uma loja, ela não tinha ideia de como receber turistas em casa. A oportunidade surgiu a partir da mobilização da Fundação Municipal de Turismo (Fumtur) com os moradores de Paranaguá.
De olho na fonte de renda extra, a empresária fez pequenos reparos na estrutura, além de comprar móveis e roupas de cama, investimento que chegou a R$ 1,2 mil. Com a casa adaptada, ela recebeu dez pessoas durante o encontro nacional de motociclistas, que ocuparam quatro dos cinco quartos da residência. “Acolher as pessoas na sua família é um compromisso muito sério. Temos que atender a todos sem colocar funcionários para prestar o serviço, senão descaracteriza o programa. Por isso foi bem puxado”, conta. Classificada na categoria superior, a casa de Cassia dispõe de TV a cabo, internet sem fio e café da manhã completo. Ela, o marido e o filho adolescente deram conta de todo o trabalho.
Os lucros obtidos com a hospedagem ainda não cobriram os investimentos, mas a empresária garante que fez novos amigos com a experiência. “Ficamos em um clima família. Foi muito divertido.” O grupo mantém contato frequente e alguns turistas já fizeram reservas na casa de Cassia para a festa deste ano.
Para o hóspede Divo Vidal, que mora em Palmeira (PR), o diferencial da hospedagem familiar é se sentir em casa. “Tudo é muito confortável”, afirma. Ele esteve em Paranaguá no ano passado e pretende utilizar mais as hospedarias familiares.
Prevendo mais movimento, a empresária prepara novas melhorias na casa. Já montou uma academia de ginástica e ainda pretende atender à principal reivindicação dos apaixonados por motocicletas: construir uma cobertura para abrigar os veículos.
Casa de família com café, internet e academia
“A diferença entre as outras formas de hospedagem é que não se presta somente o serviço, mas oferece-se um ambiente que é familiar e que favorece a troca de cultura.”dayanny Pires de oliveira, coordenadora do programa Hospedagem Familiar, de Paranaguá.
2 casasforam habilitadas para receber turistas durante a primeira edição do programa Hospedagem Familiar, lançado no ano passado em Paranaguá.
SERviço
Mais informações sobre o programa
Hospedagem Familiar estão disponíveis
no site www.fumtur.com.br
Cássia Pereira investiu R$ 1,2 mil em reparos, móveis e roupa de cama para receber dez motoqueiros no ano passado.
4 GAZETA DO POVOSexta-feira, 24 de junho de 2011litoral
Paranaguá exibe objetos que consegue resgatar dos naufrágios, como a âncora do Navio Columbia, exposta na praça da cidade.
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As condições em que as peças são retiradas do fundo do mar dificultam o trabalho de conservação. Em geral, os objetos são conservados de maneira incorreta, o que danifica permanentemente sua estrutura. “Assim a história se dissipa, como um navio perdido na neblina. Este é um patri
Resgate
Carolina Gabardo Belo, especial para a Gazeta do Povo
O movimento das marés guarda sob as águas do litoral paranaense inúmeras histórias de navios que
afundaram na região. Pelo menos 50 embarcações naufragaram no estado em aproximadamente quatro séculos, de acordo com levantamentos de historiadores.
A presença dos navios afundados no litoral mostra que o Paraná teve participação importante na história da navegação brasileira. Embarcações que seguiam com ouro e prata passavam pelo estado para reabastecer com mantimentos e também comprar mão de obra no mercado de escravos. A Baía de Parana guá é a que concentra mais navios sob as águas, localizados próximo a entrada do Rio Itiberê (acesso à cidade pelo mar), na região das ilhas do Mel, das Peças e Superagui.
Apesar da pouca visibilidade, os naufrágios representam uma possi
bilidade de incremento do turismo e valorização da cultura local. Junto com a história de um navio surge também o imaginário popular. “As lendas transformam a praia comum em um lugar com histórias”, explica o diretor de turismo de Guaratuba, Mario José Natalino. Há alguns anos, a história da única embarcação que afundou na cidade, o Vapor São Paulo, caiu no esquecimento entre os moradores. O município investe agora na retomada de seu passado por meio de oficinas nas escolas. “Significa um resgate da cidade, em que os moradores conhecem sua própria história”, analisa.
Caçadores de tesourosIncentivados pelas lendas que envolvem os naufrágios, muitos aventureiros buscam tesouros sob as águas. Os itens mais procurados são moedas de ouro, além de objetos de prata e cobre. A busca é encarada com seriedade pelos caçadores de tesouros, que investem dinheiro alto nas expedições. “A tradição oral
é muito forte e as lendas atraem as pessoas. Se existe uma história, alguém vai procurála”, conta o tesoureiro do Instituto Histórico Geográfico de Paranaguá, José Maria Faria de Freitas.
Em muitos casos, os objetos encontrados nas embarcações ficam restritos a colecionadores particulares como forma de recompensa pelo apoio ao investimento, e sequer são catalogados. Nem mesmo os salvados, objetos que chegam à praia com o movimento do mar, são notificados. Por isso, os museus do estado guardam pouquíssimos objetos em seus acervos.
Em Paranaguá, por exemplo, restaram apenas alguns canhões do chamado “navio pirata”, história de naufrágio mais conhecida da cidade. Pesquisas apontam que alguns objetos estão em cidades longe do litoral paranaense, como a Lapa. Da embarcação de Guaratuba, um dos últimos registros é de uma empresa de Joinville que teria ficado com as peças, mas nada foi localizado.
Pelo menos 50
embarcações
afundadas no litoral
do Paraná marcam o
estado como ponto
importante na
história naval
brasileira
Histórias guardadas sob as águas
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Imagens registradas durante o resgate dos objetos do “navio pirata” em Paranaguá, em uma das últimas expedições realizadas na década de 70 para recuperar partes da embarcação naufragada em 1718.
Na Praia de Caieiras, durante a maré baixa, é possível ver parte do Vapor São Paulo, encalhado e tombado na Baía de Guaratuba, em 1868.
GAZETA DO POVO Sexta-feira, 24 de junho de 2011 5litoral
Paranaguá exibe objetos que consegue resgatar dos naufrágios, como a âncora do Navio Columbia, exposta na praça da cidade.
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mônio coletivo e que o estado pode reverter como atração turística”, avalia a arqueóloga do Museu Paranaense, Claudia Inês Parellada, que tenta remontar o quebracabeças da história naval do estado com as poucas peças que restaram dos naufrágios paranaenses.
As histórias dos naufrágios alimentam o imaginário popular.
Os dias de maré baixa na praia de Caieiras, em Guaratuba, revelam partes do Vapor São Paulo. Em novembro de 1868, sob o comando do oficial Jacinto Ribeiro do Amaral, marido da compositora e pianista Chiquinha Gonzaga, a embarcação voltava da Guerra do Paraguai com cerca de 600 passageiros, entre eles soldados feridos e médicos.
Em meio ao nevoeiro, o vapor encalhou ao se aproximar da costa e tombou. Um soldado morreu e os demais tripulantes se abrigaram nas grutas e nas casas dos moradores do povoado por três dias, aguardando o resgate. Muitos suspeitam que Chiquinha Gonzaga estava a bordo do navio.
Lendas dão vida aos naufrágios
O principal argumento é de que a compositora era obrigada a acompanhar o marido em suas viagens. Mas nada comprovou sua presença entre os passageiros.
Já em Paranaguá, os piratas são os protagonistas do naufrágio mais famoso da cidade. Entre os séculos 16 e 18, a abundância de ouro e prata nas colônias da América Latina despertou o interesse de piratas, que saqueavam as embarcações que seguiam em direção à Europa.
Em 1718, o navio francês Le François, carregado de prata retirada do Chile, seguia rumo à França quando foi atacado por piratas a bordo da sumaca Louise, próximo à costa brasileira. Conhecedora da Baía de Pa ranaguá, a embarcação francesa tentou se proteger em águas paranaenses, mas foi seguida pelos piratas.
Ciente do risco que se aproximava, a população parnanguara pediu proteção a Nossa Senhora do Rosário e foi atendida. Quando o navio pirata se aproximava da cidade, uma forte tempestade se formou, fazendo com que a embarcação afundasse próximo à Ilha da Cotinga. Muitos piratas se salvaram e se estabeleceram na cidade, formando famílias que existem até hoje. Análises dos documentos recuperados na embarcação apontam os sobrenomes Fedalto e Du Bois como de alguns dos piratas do Louise
ContEúdo ExtRAVeja fotos dos objetos resgatados dos
navios de Paranaguá e Guaratuba e
um vídeo sobre a lenda do padre que
assombrava a praia de Caieiras no
site www.gazetadopovo.com.br/litoral
99% dos objetosrecuperados dos naufrágios no estado são perdidos antes de chegarem a museus ou institutos de preservação da memória.
Histórias guardadas sob as águasImagens registradas durante o resgate dos objetos do “navio pirata” em Paranaguá, em uma das últimas expedições realizadas na década de 70 para recuperar partes da embarcação naufragada em 1718.
CormorantO cruzador da Marinha Britânica perseguia navios negreiros no litoral paranaense. Em junho de 1850, envolveu-se em uma batalha em frente à Ilha do Mel e foi atingido. O Cormorant não chegou a afundar, mas os brigues Donna Ana e Sereia foram incendiados. O Donna Ana se encontra na direção da Praia do Miguel, na ilha.
DaslandO navio saía do Porto de Paranaguá em 1970 e se chocou em outra embarcação durante a madrugada. Para não atrapalhar o fluxo de navios que de dirigiam ao porto, o Daslan seguiu para um banco de areia, onde, em dez horas, encalhou e tombou.
ArgentinoAssim como o Vapor São Paulo e o Daslan, o Argentino afundou depois de se chocar com um banco de areia. A embarcação está em mar aberto, próximo ao Farol das Conchas, na Ilha do Mel.
MataripeNavio carregado de munição bateu nas pedras e acabou em frente à Praia Deserta, na Ilha de Superagui.
EmbarcaçõEsCerca de 50 navios estão afundados no litoral paranaense. Veja as histórias mais conhecida
6 GAZETA DO POVOSexta-feira, 24 de junho de 2011litoral
Atração turística
Carolina Gabardo Belo, especial para a Gazeta do Povo
A Usina Hidrelétrica Pedro Viriato Parigot de Souza, em Antonina, é um passeio inusitado para quem
está acostumado com roteiros convencionais no litoral paranaense. Diferente de qualquer outra atração da região, a usina da Copel é pouco visitada e está instalada em cavernas criadas nos subterrâneos da Serra do Mar.
Além da localização, a estrutura e o funcionamento da usina são uma atração à parte. Criada na década de 70, ela utiliza a água do Rio Capivari, que fica represada na região de Curitiba (a 830 metros acima do nível do mar) e chega a Antonina por um túnel escavado no meio da serra.
A peculiaridade do roteiro começa no caminho que leva a todo o maquinário da usina. É preciso seguir de carro por um túnel
com 1,1 km de extensão e desnível de 105 metros, que possui iluminação discreta. No percurso, grandes pedaços de rocha ficam aparentes, além dos cabos de alta tensão que, devidamente isolados, conduzem a energia até a subestação localizada do lado de fora. A sensação claustrofóbica despertada no túnel acaba assim que se chega à usina. Com iluminação branca, o ambiente não parece estar debaixo da terra.
No interior das cavernas, o visitante acompanha todo o trajeto que a água faz para ser usada na geração
de energia. É possível sentir a passagem da água pela tubulação ao tocar nos grandes tubos, que, mesmo com vários metros de diâmetro, estremecem constantemente.
A imagem mais característica da usina pode ser vista da sala de comando: os quatro geradores que rodam a 514 rotações por minuto (RPM). “A energia do gerador passa para os transformadores, que elevam sua potência. Depois disso, na subestação a céu aberto, outros transformadores reduzem a tensão para o consumo residencial ou industrial”, explica o assistente téc
nico de operações Luiz Carlos Zeni. O tour pela usina não é válido
apenas para estudantes do ensino regular e alunos dos cursos de engenharia. É uma oportunidade para o cidadão comum conhecer todo o processo de geração de energia. “A pessoa, na sua casa, olha para este benefício na lâmpada ou na televisão, por exemplo, e sabe como chegou até ali. É possível conhecer toda a cadeia de produção, ver quantos profissionais e quanta tecnologia é envolvida”, explica a supervisora administrativa da usina, Elaine Broska Martins.
Encravada na Serra do
Mar, usina hidrelétrica
em Antonina produz
energia em uma
construção incomum,
aberta aos visitantes
Energia que vem do subterrâneo
Passeio começa na descida do túnel que chega até o maquinário da usina.
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Assim como as demais unidades geradoras da Copel, a usina de Antonina faz uma homenagem a ex-governadores paranaenses. Pedro Viriato Parigot de Souza governou o estado entre 1971 e 1973 e também foi presidente da Copel na década de 60.
Com quatro geradores ligados ao Sistema Interligado Nacional, a usina tem capacidade de produzir 260 megawatts (MW), que corres-ponde a 8% da capacidade total da Copel. Com esta potência, a unidade é responsável por abaste-cer todos os municípios do litoral do estado e parte de Curitiba.
Outro diferencial da unidade é o desnível entre a represa (localizada na região de Curitiba) e a usina (em Antonina), que chega a 750 metros. No caminho entre Curitiba e o litoral,
a água percorre 22 km de túneis pelo meio da Serra do Mar e a forte pres-são com que ela chega ao maqui-nário possibilita que a energia seja gerada com pouco volume de água.
A construção da usina demorou 10 anos. Oito apenas para as escava-ções nas rochas e dois para a insta-lação propriamente dita. De acordo com a Copel, os 630 mil m3 de rochas extraídas transformadas em brita poderiam pavimentar uma estrada de 400 quilômetros de extensão. Já as 900 mil sacas de cimento gastas na concretagem seriam suficientes para construir 30 edifícios de 50 andares.
SERviço
O acesso à Usina Governador Parigot de Souza
é feito pela PR-340. As visitas podem ser feitas
somente às terças-feiras e precisam ser agendadas
pelos telefones 41-3432-1120, ramais 6729 ou 6782.
260 mEgawattsProdução abastece o litoral
Tubulação leva agua da represa do Capivari até as turbinas, construídas no
subterrâneo da Serra do Mar.
ContEúdo ExtRAEntenda como a energia elétri-
ca é produzida na Usina Parigot
de Souza no site
www.gazetadopovo.com.br/litoral
GAZETA DO POVO Sexta-feira, 24 de junho de 2011 7litoral
Comunidade
Carolina Gabardo Belo, especial para a Gazeta do Povo
Criada pelo imperador Dom Pedro II em 1845, a Capitania dos Portos, presente nas então províncias marítimas
brasileiras, tem atribuições específicas de “polícia naval, conservação do porto, inspeção e administração dos faróis, balizamento, matrícula da gente do mar e do tráfego do porto e das costas”, entre outras tarefas descritas no decreto da época. No Paraná desde 1853, a organização militar ligada à Marinha Brasileira pode ser considerada uma espécie de polícia “rodoviária” e departamento de trânsito – um ‘Detran’ – dos mares.
Assim como ocorre nas rodovias, a Capitania dos Portos tem a missão de defender a vida humana no ambiente marinho, além de organizar o tráfego aquaviário. Sem outra instituição afim no estado – como uma Delegacia Marítima ou uma Estação Naval, por exemplo – o órgão acumula funções. Ao mesmo tempo em que controla o movimento de embarcações nas águas, a capitania é responsável pela ação de socorro e resgates, pela emissão de
Órgão criado no
império organiza o
tráfego marítimo e
preza pela vida do
homem em portos
e costas
Capitania atua além do alto-mar
Dentro da principal missão de cuidar da vida humana no mar, os mili-tares da Capitania dos Portos são constantemente chamados para realizar atendimentos pelo litoral paranaense. As situações mais comuns são resgates de pessoas em embarcações que ficam à deriva, muitas vezes vindas de outros estados como Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro.
Há emergências que chamam a atenção dos militares. A mais recen-te foi o atendimento a uma dona de casa que mora em Guaraqueçaba e foi resgatada em trabalho de parto em alto mar. O caso aconteceu em maio deste ano, quando a mulher fazia o trajeto entre Guaraqueçaba e Paranaguá em um barco de carreira. No meio do caminho, a gestante iniciou o trabalho de parto e a capitania foi acionada. O atendi-mento terminou com o encami-nhamento da mãe ao Hospital Regional em Paranaguá.
Fora das águas, a última gran-de ocasião em que os militares se mobilizaram foi durante a opera-ção Águas de Março. Membros da capitania prestaram atendimento aos municípios do litoral parana-enses afetados pelas fortes chu-vas que caíram no início de março. O órgão promoveu o acesso de bombeiros, equipes de resgates e donativos às regiões atingidas.
rEsgatECisnes brancos em ação
documentos de habilitações e ainda pela oferta de cursos de ensino profissional marítimo. O combate à poluição do mar também faz parte das suas atribuições. “Nossa capitania é autossuficiente e tem estrutura para dar cabo dos obstáculos que surgem”, avalia o Capitão dos Portos do Paraná e CapitãodeMareGuerra, o comandante José Henrique Corbage Rabello.
Mesmo com tantas tarefas simultâneas, o comandante comemora o índice de “zero erro” no despacho de navegações que chegam e saem do Porto de Paranaguá, nos últimos seis meses. A unidade paranaense também se destaca como a que oferece maior número de cursos profissionalizantes em
todo o Brasil. No próximo dia 11 de julho, a Capitania do Paraná irá receber pela primeira vez o comandante da Marinha do Brasil. A presença do alto comando da corporação é considerada como o reconhecimento pelo trabalho realizado pela unidade do Paraná.
outros horizontesAs atividades relativas à segurança portuária se dividem com as ações realizadas com a população local. “Precisamos trazer a comunidade para conhecer as coisas do mar”, afirma o comandante. Em datas festivas, a população conhece de perto o trabalho desenvolvido pelo órgão.
Os visitantes, em especial alunos de escolas da região, participam de
gincanas e palestras educativas e ainda visitam as embarcações e os acampamentos. As atividades cívicomilitares acontecem principalmente em duas datas especiais: no dia 11 de junho, Dia da Batalha Naval do Riachuelo, Data Magna da Marinha do Brasil; e no dia 13 de dezembro, Dia do Marinheiro.
O atendimento para liberações de documentos navais e habilitações para condução de embarcações acontece diariamente, no período da manhã. Para receber o público, a capitania oferece um espaço construído especialmente a este serviço. Além disso, todos os procedimentos estão em fase de informatização, para dar mais agilidade aos processos.
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Alunos das escolas do litoral são recebidos pelos marinheiros da Capitania dos Portos: dia de integração comunitária.
Gincanas e palestras envolvem as crianças no aprendizado da defesa da vida no mar.
8 GAZETA DO POVOSexta-feira, 24 de junho de 2011litoral
Gastronomia
Carolina Gabardo Belo, especial para a Gazeta do Povo
A casquinha de siri não é o único modo de preparo do crustáceo. Ele é ingrediente de destaque nas refei
ções de quem vive na praia. Os cardápios dos restaurantes do litoral oferecem pratos variados preparados a partir da iguaria: bolinho, ensopado, pastel, panqueca, quibe ou até mesmo hamburguer.
Com grande produção e culinária diversificada, Antonina já é considerada a capital do siri. De acordo com estimativas da Sec re ta r i a Munic ipa l de Agricultura e Meio Ambiente e da Colônia de Pescadores, cerca de 400 pescadores dependem da cata do crustáceo. A atividade movimenta a economia do município e o número de famílias envolvidas neste mercado tende a aumentar, com a profissionalização na culinária na comunidade.
A cozinheira Jaci Dias Pereira, 60 anos, é uma das principais responsáveis pela popularização do siri na gastronomia local. Ela é a presidente da Associação dos Moradores do Portinho, Graciosa de Cima e Graciosa de Baixo – conhecida como Siri do Portinho – e também acompanha o marido na cata do crustáceo há quatro décadas. Para Jaci, o siri é o sustento da casa e o que financia a criação dos filhos. Ela conta que há alguns anos o ingrediente era pouco consumido na cidade e destinado quase que inteiramente para mercados de Santos e São Paulo, por intermediadores. “Depois que participei de um curso sobre cooperativismo, percebi o valor que o nosso produto tem”, conta. Foi então que começou a mobilização para aumentar o consumo local, fazendo com que todos os restaurantes da cidade também investissem no prato e passassem a oferecer preparações variadas no cardápio.
A criação de uma associação de moradores foi uma das ações para fomentar a produção e utilização do siri na gastronomia de
Carne do crustáceo é
usada no preparo de
receitas que vão além
da tradicional
casquinha frita
Siri ganha versões na mesa caiçara
O risoto de siri é uma das variações do preparo do crustáceo, sempre presente na mesa do pescador e moradores do litoral.
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Ingredientes 1,5 quilo de carne de siri 2 ½ xícaras de arroz 4 tomates ½ cebola picada Alho Sal Coentro e alfavaca frescos 1 xícara de sopa de coloral ou molho de tomate
Modo de preparoEm uma panela com pouco óleo coloque 500 gramas da carne do siri para aquecer. Em seguida, acrescente a cebola picada, uma pitada de alho, o coentro e a alfavaca picados em pedaços pequenos e deixe esquentar por poucos minutos. Depois junte o coloral ou o molho de tomate. A cozinheira Jaci orienta que devem
ser utilizadas poucas quantidades destes dois ingredientes para evitar que eles tirem o gosto do siri. Por último, adicione o arroz. Deixe refogar no modo tradicional de preparo do arroz, acrescentando água. Depois do cozimento, o arroz fica amarelado por conta do coloral ou do molho de tomate.
MolhoEm outra panela, prepare o molho do risoto com os mesmos ingredientes utilizados com o arroz. O molho deve ter a consistência mais cremosa do que o risoto. Para servir, cubra a porção do risoto com o molho de siri e salpique cheiro verde fresco. Jaci sugere bolinhos de siri e salada mista como acompanhamentos do prato.
rEcEitaRisoto de siri para 10 pessoas
400 pescadoresdependem da cata de siri em Antonina, de acordo com a Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente e da Colônia de Pescadores.
SERviço
A Associação de Moradores Siri do Portinho serve
os pratos feitos com siri durante os finais de
semana. Rua Escoteiro Milton Oribe, 395 -
Portinho de Baixo, Antonina. Fone 41-3432-4851
Antonina. Além de oficinas de artesanato e informática para geração de renda da comunidade, na sede da entidade, inaugurada em dezembro de 2008, funciona uma cozinhaescola e um restaurante. O estabelecimento abre nos
fins de semana, com cardápio à base de siri e outros frutos do mar. As receitas são das próprias cozinheiras e demais mulheres da comunidade, que há décadas preparam os pratos com a carne do siri capturado em família.
FrescoDisponível durante todo o ano, o siri vai direto da baía de Antonina para a mesa. Os pescadores demoram três horas para chegar aos pesqueiros e saem da cidade com a maré ainda baixa. Quando voltam, retiram a carne e já colocam à venda e para a produção dos pratos.
O ideal é retirar a carne do siri após o cozimento, em que ele é colocado vivo na panela com água fervente. Isso garante que a carne fique firme e não esfarele. No caso da carne congelada, ela deve descongelar dentro da geladeira. Outra dica da cozinheira Jaci é utilizar temperos frescos, cortados na hora da preparação do prato.
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