ndice das partes desta matria
Parte I - As Origens e os Significados
Parte II - A morte de Euronymous
Parte III - A campanha de mentiras
Parte IV - O Burzum na Noruega
Parte V - Satanismo
Parte VI - A Msica
Parte VII - O Fantasma Nazista
Parte VIII - Por Caminhos Pedregosos
Parte IX - O Amanh
Parte X - Entrevista com Varg Vikernes
Parte XI - Aves Voando Juntas
Parte XII - Belus
Parte XIII - Logos
Parte XIV - Para sempre indomado
Parte XV - Sempre em uma fantasia
Parte I - As Origens e os Significados
Como este um website do Burzum, acredito que Voc tenha um certo interesse pelo
Burzum, ento contarei a Voc algumas coisas sobre o Burzum que nunca foram ditas
antes. Todas as bandas tm uma origem, um comeo e uma razo de existir. Ento
comearei dizendo a Voc por que o Burzum surgiu e tambm por que terminou da
maneira que terminou.
Uruk-Hai (por John Howe)
Em 1988 ou 1989, quando j estava tocando guitarra havia um ou dois anos, fundei uma
banda chamada Kalashnikov, juntamente com dois outros caras. Ns batizamos a banda
de Kalashnikov porque, entre outras coisas, esse era o nome de meu fuzil de assalto
favorito. Eu costumava jogar RPGs (Role-Playing Games) e, quando estvamos jogando
"Twilight 2000", eu sempre equipava meu personagem com uma AK-74 (Avtomat-
Kalashnikov 74). Mas eu tambm jogava RPGs estilo fantasia, como AD&D ("Advanced
Dungeons And Dragons") e MERP ("Middle-Earth Role-Playing") com regras GM
("Game Master"), ento eu fui muito influenciado pelo fantstico mundo da Terra-Mdia.
Por causa disso, uma de nossas msicas foi chamada de "Uruk-Hai" e logo mudamos o
nome da prpria banda para Uruk-Hai. No me lembro da letra daquela msica, mas no
acho que era muito profunda ou avanada (o refro era: "Uruk-Hai! You will die" [N.:
Voc vai morrer] , ou algo parecido...). "Uruk-Hai" , como a maior parte dos fs de Burzum devem saber, o nome dos "High-Orcs" de Sauron, e sua traduo "Raa dos
Orcs", e vem da Lngua Negra, o idioma de Mordor.
Na minha interpretao de adolescente eu sempre via os Hobbits como crianas ou
simplesmente personagens maantes. Os anes me lembravam porcos capitalistas
gananciosos e eram tambm muito maantes. Suas regras eram legais e Moria era um
lugar maravilhoso, mas eu odiava a ganncia deles e, alm de tudo isso, quem que deseja ser pequeno? Os elfos eram fascinantes, belos e, principalmente, sua imortalidade
e proximidade da natureza eram caractersticas interessantes, mas eles eram um pouco
burros e lutavam pelo lado errado. Ento eu senti uma atrao natural por Sauron, que era
a pessoa que, antes de tudo, dava ao mundo aventura, adversidade e desafios. Seu Olho,
seu Anel e a torre de Barad-Dur so atributos similares aos de Odin [N.: Deus dos deuses
na mitologia nrdica]. O Olho de Sauron era como o Olho de Odin, o Anel de Sauron era
como o Anel de Odin, Draupnir ("O Emissor"), e Barad-Dur era como o trono de Odin,
chamado Hliskjlf ("Local de Rituais Secretos"). Seus Uruk-Hai e Olog-Hai ("Raa dos
Trolls") eram como guerreiros vikings, os Warges eram como lobisomens criados por
Odin, e assim por diante. Eu podia me identificar facilmente com a fria das foras das trevas e me satisfazia com a sua existncia, porque eles tornavam um mundo pacfico e chato mais perigoso e interessante.
Eu cresci lendo tradicionais contos de fadas escandinavos, nos quais deuses pagos eram
apresentados como criaturas malignas, como "trolls" e "goblins", e todos sabemos como a Inquisio transformou Freyr (Cernunnos/Dionsio/Baco et cetera) [N.: Deuses
associados fertilidade e aos prazeres] em "Sat". Tolkien no foi melhor do que eles.
Ele transformou Odin, Sauron e meus ancestrais pagos nos guerreiros Uruk-Hai. Para
mim, as foras das trevas atacando Gondor eram como os Vikings atacando a Frana crist de Carlos Magno, as foras das trevas atacando Rohan eram como os Vikings atacando a Inglaterra crist. E devo acrescentar que os vikings acabaram perdendo essas
batalhas, assim como Sauron e os orcs no me importo em apoiar o lado derrotado. Eu sempre acreditei que deveria fazer o que achava certo, apesar das conseqncias e, se eu
estivesse lutando por uma causa perdida, isso no me importava. Eu prefiro morrer
lutando pelo que acredito a viver por qualquer outra causa.
Entretanto, ele no usou apenas a lngua dos vikings e as lnguas nrdicas para criar os
orcs e seu idioma. A palavra "Orc" , na verdade, o nome de uma tribo que viveu na
Esccia em tempos remotos, nas Ilhas Orkney (tambm conhecidas como rcadas). "Orc"
uma palavra do idioma galico que, at onde sei, significa "javali". Os cultos guerreiros
das tribos nativas das Ilhas Britnicas provavelmente usaram javalis da mesma forma que
os cultos guerreiros escandinavos dos berserks [N.: Algo como guerreiros implacveis] e dos lobisomens usavam javalis e lobos. Os "Orcs" eram parte de um grupo de tribos
conhecido desde a era romana at a poca dos vikings como Pictos ("Aqueles que se
pintam").
Portanto no chega a surpreender que um ingls catlico como Tolkien tivesse usado,
entre outros, Brbaros escoceses loucos, ruivos e que brandiam pesadas espadas e berserkers escandinavos furiosos, que queimavam igrejas como modelos para alguns de seus viles e, por causa disso, eu me senti mais atrado para esses viles do que para
os mocinhos. Eu tinha pouco em comum com personagens cristos, como os cavaleiros ingleses de Rohan ou o povo francs de Gondor. Eu tinha pouca admirao por um santo como Aragon. Mesmo os elfos eram como estrangeiros, j que Tolkien usou o finlands quando criou a lngua deles e usou os finlandeses como modelo quando os criou.
Eles realmente tm muito em comum com os Elfos, j que vivem no que basicamente
uma grande floresta (Finlndia), a leste das montanhas escandinavas (As Montanhas Cinzentas). Antes eles viviam no norte da Rssia, na vasta floresta ("Myrkwood", [Negra]) a oeste dos montes Urais. Eles tambm tm boa aparncia (so loiros) e, como
os elfos, so um pouco quietos, melanclicos, diferentes e distantes. Misteriosos, por
assim dizer. Para mim, a linguagem dos elfos soa estrangeira e incompreensvel assim como o finlands incompreensvel enquanto o idioma dos orcs e a Lngua Negra obviamente foram baseados no idioma de meus ancestrais. Ento Uruk-Hai foi uma
escolha lgica para o nome da banda.
O baterista e o baixista do Uruk-Hai eram pessoas que encontrei mais ou menos por
coincidncia. Eu j tinha encontrado o baterista antes, quando tnhamos (mais ou menos)
uns 12-15 anos e ele apontou um revlver Magnum .375 carregado para minha testa na
noite de Reveillon, porque ele achava que eu havia chamado ele de gorducho (uma tima desculpa para apontar uma arma para a cabea de algum, claro...). Eu no tinha
chamado ele, e sim seu amigo, de gorducho e contei pra ele e foi isso o que aconteceu. Hm, okay, ele disse, e saiu sem mais problemas (h, h). Seu interesse em tocar msica era, eu acho o normal ou seja, ter sexo, droga e rocknroll. O outro cara do Uruk-Hai tocava baixo s pra dar umas transadas ele era, em outras palavras, um
"rock'n'roller" estereotpico. O ideal seria que ele tivesse tocado guitarra, j que os
guitarristas so, por alguma razo bizarra, mais populares com as garotas, mas ele nem
conseguia tocar o baixo, ento...
Em 1989 encontrei os caras do Old Funeral, que eram msicos excelentes e srios, e
abandonamos o projeto Uruk-Hai. Os outros dois membros do Uruk-Hai j estavam
brigando por uma garota e, por isso, paramos de ensaiar, ento no foi difcil acabar com
o Uruk-Hai. Eu toquei com o Old Funeral por dois anos e, nessa poca, o Old Funeral
deixou de ser uma banda Techno-Thrash bem legal e virou uma banda de Death Metal
chata. Isso no foi minha culpa, porque eles j tinham mudado do Techno-Thrash pro
Death Metal quando me juntei a eles. Essa foi a razo pela qual deixei o Old Funeral, j
que eu queria tocar meu prprio tipo de msica, algo mais original e pessoal do que aquilo
que tocvamos no Old Funeral naquela poca (1989-1991).
(Voc deve ter notado como o nome era idiota: Old Funeral. Mas, a favor deles, devo
dizer que acho que eles se chamavam originalmente apenas Funeral. Ento descobriram
que outra banda tambm se chamava Funeral, mas eles j tinham usado aquele nome antes
da outra banda Funeral, ento eles mudaram para Old Funeral. Eles eram, em outras
palavras "the old Funeral" [N.: o velho Funeral], e no Old Funeral, ento o nome no to idiota como parece primeira vista).
Ao invs de reiniciar o projeto Uruk-Hai, eu mudei o nome e decidi fazer tudo sozinho,
embora tenha usado alguns riffs do Uruk-Hai. Eu no queria tocar ao vivo e meus motivos
para tocar msica eram bem diferentes da tradicional motivao rocknroll. Enquanto tocava no Old Funeral eu mantive meu interesse por RPGs e ainda era muito influenciado
pela magia da fantasia. Acho que j disse antes que o conceito do Burzum baseava-se o
ocultismo, mas o mais correto a dizer que se tratava de um conceito mgico, ou um
conceito construdo sobre a magia fantstica. Tudo que se referia ao Burzum no era deste
mundo, at o nome.
Como eu disse antes, quando os cristos chamaram os deuses de meus ancestrais de
demnios, "trolls", "goblins" e tudo o que era considerado maligno, eu naturalmente me senti atrado por tudo que era visto como maligno pelos cristos. Essa uma reao um pouco imatura, talvez, mas eu era adolescente, ento no via problema algum. Eu
ainda tinha essa atitude em 1991, e Uruk-Hai era um excelente nome, mas eu sentia que
estava comeando tudo de novo, ento eu precisava tambm de um novo nome. Como a
grande parte dos fs de Tolkien deve saber, "burzum" uma das palavras que esto
escritas em Lngua Negra no Anel de Sauron. Se bem me lembro, a ltima sentena "ash
nazg durbabatuluk agh burzum ishi krimpatul", que significa "um anel para atrair todos
eles e uni-los atravs da escurido". A escurido dos cristos era, claro, minha luz. Portanto, para mim foi natural usar o nome Burzum.
Muitas bandas (exceto Old Funeral, claro ) tinham nomes ingleses maneiros, como Immortal, Mayhem, Darkthrone, Destruction, Celtic Frost, Enslaved, Pestilence, Paradise
Lost, Morbid Angel, Death, e assim por diante. Eu no queria isso e essa foi uma das
razes que me levaram a escolher os nomes Uruk-Hai e depois Burzum. Naquela poca
antes do lanamento dos filmes da srie Senhor dos Anis dirigidos por Peter Jackson seu significado era praticamente solis sacerdotibus: s os iniciados, por assim dizer, sabiam o que significava. Somente pessoas que tinham um interesse especial no mundo
de Tolkien sabiam, e isso era legal era assim que eu pensava. Isso permitia que os
ouvintes se sentissem especiais e percebessem que Burzum era feito especialmente para
eles (e era).
A idia por trs do Burzum no era somente fazer msica original e pessoal, mas tambm
criar algo novo um pouco de escurido num mundo luminoso, seguro e maante demais. Diferentemente de 99% de todos os msicos, eu no tocava msica para me tornar
famoso, ganhar dinheiro e dar umas transadas. Eu no tinha interesse em fama ou dinheiro
e minha viso sobre as mulheres era muito ingnua e romntica, uma viso quase
medieval (ou de um mundo de fantasia) sobre as mulheres, ento eu no tinha nada alm
de desprezo pela atitude estpida sexo, drogas e rocknroll do resto do pessoal do metal. Ao invs disso, minha motivao era um desejo de experimentar a magia e tentar
criar uma realidade alternativa usando a magia. Se o poder espiritual de muitas pessoas pode ser reunido em um pote, ou transferido atravs de um objeto ou ser mgico (em noruegus chamamos isso de fylgja ["seguidor", "esprito guardio"]), ele poderia ser
usado para criar algo real. Isso um pensamento puramente mgico e, ao invs de ser
baseado em ocultismo baseado em magia e fantasia e isso algo sobre o qual interessante pensar. Burzum foi criado para ser esse pote, a arma mgica (ou se Voc
preferir, o anel mgico), por assim dizer. Devo enfatizar (no caso de Voc pensar que
acabei de descrever tudo que se passava em minha mente) que esse era um projeto
experimental que tomava apenas parte de meu tempo, j que eu tambm fazia outras
coisas na vida (como me preparar para uma guerra de guerrilha no caso de uma invaso
da Noruega pelos EUA... ).
Se as pessoas soubessem que o Burzum era apenas a banda de um adolescente, isso
poderia arruinar a magia e, por essa razo, eu achei que precisava permanecer annimo.
Ento eu adotei um pseudnimo, Count Grishnackh, e usei uma foto minha que no
parecia nem um pouco comigo no lbum de estria, para fazer o Burzum parecer mais
estranho e confundir as pessoas. E devo acrescentar que a entrevista que gerou todas
aquelas manchetes em janeiro de 1993 tambm foi feita anonimamente e nunca deixei
jornal algum usar meu nome ou minhas fotos at tempos depois, quando j era tarde
demais para permanecer annimo. No era minha inteno tornar-me famoso (ou
infame...) e, at quando usaram meu nome verdadeiro na poca, Kristian (do grego "Kristos", que significa "Cristo") Vikernes, ao invs de meu pseudnimo, fiquei
horrorizado e isso foi o que realmente pesou na balana e me fez mudar meu nome legalmente. Eu nunca deixaria a magia do Burzum ser arruinada por algo assim...
Ento quando arruinaram minha condio de annimo eu tive que abandonar essa idia e
parei de usar o pseudnimo. Eu queria que o Burzum fosse famoso, no eu, mas isso
obviamente no funcionou do jeito que eu havia planejado.
Como as pessoas envolvidas com o assunto j sabem, magia tudo relacionado a
imaginao, simbolismo, visualizao e fora de vontade. Se Voc imaginar algo
acontecendo em Sua mente, Voc far tal coisa acontecer isso , se a Sua fora de vontade for suficientemente forte ou se Voc possuir poder espiritual suficiente. Se um objeto simboliza um certo poder, ele se torna tal poder. por isso que nossos antepassados
entalharam runas em rochas e pedaos de madeira, porque as runas simbolizavam certos
poderes. Isso tambm explica porque os solstcios [N.: 21 ou 23 de junho (solstcio de
inverno no hemisfrio sul e de vero, no hemisfrio norte)] e os equincios [N.: Momento
em que o Sol, em seu movimento anual aparente, corta o equador celeste, fazendo com
que o dia e a noite tenham igual durao. Ocorre em 20 ou 21 de maro e 22 ou 23 de
setembro] de inverno e de vero so to importantes, porque eles simbolizam eventos
especiais, que so descritos em nossa mitologia. E por isso tambm que comeamos a
usar bijuterias, porque os diferentes metais e pedras simbolizavam diferentes poderes no
universo.
Burzum deveria ser tal smbolo. Burzum era uma tentativa de criar (ou recriar, se Voc preferir) um passado imaginrio, um mundo de fantasia que, por sua vez, era baseado em nosso passado Pago. O prprio Burzum era um feitio. As msicas eram como
feitios e os lbuns eram elaborados de maneira especial, para fazer os feitios
funcionarem. O Burzum no foi concebido para shows ao vivo e sim para ser escutado
noite, quando os raios de sol no podiam vaporizar o poder da magia e quando o ouvinte
estivesse sozinho de preferncia em sua cama, prestes a dormir. Os primeiros dois lbuns foram feitos para o formato LP, o que significa que cada lado um feitio, portanto
eles no funcionam em CD, a menos que voc programe o CD player para tocar somente
as faixas de um lado do LP de cada vez. J os ltimos lbuns foram criados para CD,
portanto eles no funcionam to bem em LP. A primeira faixa serve para acalmar ou
preparar o(a) ouvinte e torn-lo(a) mais suscetvel magia, as msicas seguintes levam o(a) ouvinte exausto e colocam-no(a) em um estado de transe e a ltima faixa acalma o(a) ouvinte e leva-o(a) para o mundo de fantasia quando ele ou ela adormeceria. Esse era o feitio, a magia que tornaria o passado imaginrio, o mundo de fantasia, real (na
mente do(a) ouvinte). Se Voc analisar os lbuns do Burzum e como eles so feitos, Voc
entender o que quero dizer. A ltima faixa do feitio (no lado do LP ou no CD) sempre uma faixa calma (muitas vezes de sintetizador). Se isso funciona ou no ,
obviamente, outra questo, mas essa era a idia.
A arte grfica dos dois primeiros lbuns foi inspirada por um mdulo do AD&D (1
edio) chamado "The Temple Of Elemental Evil", e as artes grficas do terceiro e do
quarto lbum foram inspiradas por tradicionais contos de fada escandinavos. Eu nunca
cheguei a ler livro algum sobre Satanismo, ento aqueles que acreditam que fui
influenciado pelo Satanismo esto simplesmente enganados. Embora eu tenha dito que
era satanista durante um curto perodo de 1992, eu nunca fui um satanista. Na verdade,
apenas usei o termo para provocar as pessoas e marcar minha hostilidade com relao ao
Cristianismo e enfatizar a necessidade de escurido no mundo (j que luz demais no ilumina nossos caminhos e nos aquece e sim cega nossos olhos e nos queima conforme foi claramente dito nos lbuns "Hvis Lyset Tar Oss" e "Filosofem" [Se Voc
quiser saber mais sobre essa filosofia, sugiro que leia meus artigos ou livros sobre
Paganismo]).
O que me inspirou a compor a msica em si tambm um tanto estranho. Quando eu era
adolescente, meus amigos de RPG e eu algumas vezes pegvamos bastes de madeira,
lanas e espadas e amos para o campo lutar entre ns. No tnhamos nenhum outro
motivo para lutar alm da diverso e ningum tentava machucar ningum. Ns nunca
tentvamos atingir a cabea de nossos oponentes ou outras reas vulnerveis (onde se localiza o crebro do homem...) e no usvamos muita fora. Mesmo assim ns nos machucvamos por acidente e a luta nunca parava at que pelo menos um de ns
sangrasse, quase sempre nos dedos ou punhos, ou que um de ns achasse que j tinha
sentido dor demais por um dia.
Ns lutvamos principalmente em trs lugares: Um era na floresta, perto de um velho e
isolado cemitrio para vtimas da lepra, da gripe espanhola ou da Peste Negra, no me
lembro exatamente. A floresta era bem fechada e o terreno era acidentado, ento ns
freqentemente caamos, ou rolvamos, pelas encostas de pequenos montes, pelos
arbustos e caamos em rvores apodrecidas enquanto tentvamos evitar os golpes de nossos oponentes.
O outro lugar era uma colina arborizada com um antigo horg (um monumento de pedra
pago) a cinco minutos a nordeste de onde eu fui criado. Era uma floresta decdua [N.:
que mudava conforme a estao], ento era muito diferente da outra floresta (de
pinheiros) na qual costumvamos lutar, e era um local fascinante. claro que trazer armas
para um local sagrado e lutar nele no , teoricamente, uma coisa boa, de acordo com as
antigas tradies, mas as armas eram feitas de madeira e no tinham sido feitas para
machucar pessoas, ento aquilo no era algo muito srio (elas estavam mais para varinhas
de mgicos do que para outra coisa).
O terceiro campo de batalha eram as runas de um velho monastrio que ficava a uns trs ou quatro minutos a sudoeste do local onde o pessoal do Immortal foi criado. O
monastrio foi incendiado pelos vikings no sc. VIII, pelo que me lembro. A propsito,
aquele foi o primeiro monastrio construdo na Noruega e no chega a ser nenhuma surpresa que sua existncia como monastrio tenha sido curta. Os monges (provavelmente
britnicos) foram esquartejados ou jogados em um pntano nos arredores para se
afogarem.
Era sempre muito bom voltar pra casa e tomar um banho quente depois dessas lutas:
suados, encharcados, com hematomas, sempre sangrando e com espinhos ou folhas de
pinheiro em nossas roupas (e at no cabelo). Eu me sentia como se tivesse voltado pra
casa depois de uma batalha real. Exausto e me sentindo vivo.
Entretanto, as pessoas que viviam no local reagiam um pouco nossa presena. Uma vez
eu pulei de um arbusto depois de esperar para emboscar os outros caras e surpreendi uma famlia que estava apenas caminhando. Meu cabelo era longo e tinha alguns pedaos
de musgo e espinhos de pinheiro, eu estava usando roupas escuras com temtica Death
Metal e ainda tinha um basto nas mos, ento eles no ficaram muito contentes em me
ver. Devido ao risco de encontrar gente normal desfrutando da liberdade da Me Natureza, fomos forados a lutar quando o risco de encontrar gente normal fosse mnimo. Em outras palavras, espervamos at tarde da noite. Ns s vezes trazamos
tochas ou acendamos uma fogueira, para podermos ver na escurido e tambm, claro,
as noites de vero escandinavas no chegam a ser muito escuras, e continuvamos
lutando.
Inicialmente eu praticava esse jogo de luta com alguns amigos de RPG mas, quando
encontrei os caras do Old Funeral (e do Amputation, depois Immortal), nos tambm
comeamos a fazer isso. Esse era um evento social para ns e durante os intervalos
falvamos de msica, alguns planejavam shows ao vivo e ns geralmente inspirvamos
uns aos outros antes de chegarmos em casa no meio da noite e tocarmos msica!
(Devo acrescentar que, quando fui preso por matar Euronymous, essas lutas foram
descritas como rituais satnicos noturnos pela mdia, s para dar a Voc um exemplo de como eram ridculos e falsos os rumores e as acusaes de Satanismo propagados pela mdia).
O clima da floresta, o clima da noite, o clima do antigo local sagrado, a dor dos
hematomas e pequenos ferimentos, o gosto dos espinhos dos pinheiros, da terra e do
sangue, e o cheiro da madeira queimando: Essa era a nossa (ou pelo menos a minha)
inspirao. Sempre que voltava para casa, depois que j tinha passado dos 17 anos e
troquei meu ciclomotor [N.: bicicleta dotada de motor] por um carro, eu tocava msica
bem alto no som do carro e sempre dava longos passeios pelos vales e florestas durante a
noite, e atravs da cidade ou zonas rurais, antes de finalmente chegar em casa. O som
montono do motor do carro e a msica alta eram hipnticos e, claro, eu era influenciado
pelas endorfinas tambm, j que meu corpo estava lutando contra a dor dos hematomas e
outros ferimentos. Essa era uma escurido positiva em nosso mundo de luz e isso me inspirou, alm de me fazer sentir vivo.
Nesse primeiro perodo do Burzum entre 1991 e 1992 ou agosto de 1993 eu praticamente compus toda a msica de todos os lbuns. Os lbuns "Daui Baldrs" e
"Hliskjlf" so, em sua maior parte, reconstrues de riffs esquecidos ou verses de
sintetizador de velhos riffs de guitarra do Burzum ou at mesmo velhas msicas no
lanadas, ento eles tambm foram feitos praticamente nesse perodo. De certa forma essa
pode ser considerada a Era de Ouro do Burzum que teve seu fim esperado quando fui preso em agosto de 1993.
Na poca em que comecei com o Burzum ainda no tinha ouvido falar do Venom, ento
logicamente o Burzum no foi como alguns alegaram influenciado pelo Venom, de forma alguma. Quando eu dirigia de volta para casa depois das lutas de espada, ouvindo msica, eu costumava escutar uma fita demo do Paradise Lost, lanada em 1989 ou 1990
eu acho; "Hammerheart" e "Blood. Fire. Death, do Bathory; a fita demo do Old Funeral, chamada "Abduction Of Limbs" (...); Pestilence (uma banda holandesa de Death Metal,
pelo que me lembro) e algumas outras bandas underground de Death Metal que no me
lembro hoje. Ouvia ainda house underground e techno (mas apenas quando estava
sozinho, porque fs de metal no parecem gostar desse tipo de msica) e, claro, eu ouvia
Burzum. Os outros caras gostavam de Entombed e Morbid Angel, mas eu nunca gostei e
nem ouvi. A propsito, ningum ouvia Venom mas, no final de 1991, comeamos a ouvir
Celtic Frost e Destruction antigos, os primeiros do Kreator ("Pleasure To Kill" e "Endless
Pain") e (tambm os primeiros) lbuns do Bathory que, a propsito, todos ns achvamos
que era Thrash Metal. Entombed e outras porcarias do Death Metal que estavam na moda
foram esquecidos por eles. Sei que os caras do Emperor ouviam Merciful Fate e King
Diamond ao invs das, ou talvez alm das, bandas que mencionei acima, coisas que eles
escutavam nos anos 80, ento no se pode sair por a afirmando que algum devia ouvir
essa ou aquela banda. Escutvamos aquilo de que gostvamos. Em 1992 eu (e pelo menos
um dos caras do Emperor) tambm comeamos a escutar Dead Can Dance, "Within The
Realm Of A Dying Sun" e outros sons desse tipo. Ns estvamos simplesmente cansados
das hordas maantes, modistas e repetitivas de bandas de Death Metal que produziam
toneladas de lbuns ruins que soavam todos da mesma forma e voltamos a ouvir o que
ouvamos antes ou tentvamos encontrar outro tipo de msica. claro que continuei
escutando bons lanamentos de Death Metal, como a demo do Paradise Lost que
mencionei antes, e sei que os outros ouviam o "Altar Of Madness", do Morbid Angel, e
Deicide (quando eles lanaram seu lbum de estria, em 1992, eu acho).
[N.:
Drifting In the Air
Above a Cold Lake
Is a Soul
From an Early
Better Age
Grasping for
A Mystic Thought
In Vain...but Who's to Know
Further on Lies Eternal Search
For Theories to Lift the Gate
Only Locks Are Made Stronger
And More Keys Lost as Logic Fades
In the Pool of Dreams the Water Darkens
For the Soul That's Tired of Search
As Years Pass by
The Aura Drops
As Less and Less
Feelings Touch
Stupidity
Has Won too Much
The Hopeless Soul Keeps Mating.
Movendo-se No ar
Sobre um lago glido
H uma Alma
De velhos
E melhores tempos
Ansiando por
Um pensamento mstico
Em vo... mas quem sabe
Adiante estar a busca eterna
Por teorias que abram o portal
Somente fechaduras so mais fortes
E mais chaves so perdidas quando a lgica desaparece
No lago de sonhos a gua escurece
Porque a Alma est cansada de procurar
Os anos passam
A aura some
E cada vez menos
Os sentimentos tocam
A estupidez
Est dominando
A Alma desamparada continua procurando seu par]
Isso era, na verdade, tudo o que eu tinha pra dizer e as outras letras do Burzum eram
apenas comentrios sobre esta. O ltimo verso era "the hopeless soul keeps mating", mas
na capa estava escrito erroneamente "the hopeless soul keeps waiting" [N.: A Alma desamparada continua esperando] devido a um erro de Euronymous, que administrava a gravadora (DSP) que lanou o lbum pela primeira vez. Aparentemente minha letra de
mo era difcil de ler. Alm disso, a msica "Ea, Lord Of The Deeps" [N.: Ea, Senhor
do Abismo] foi mudada para "Ea, Lord Of The Depths" [N.: Ea, Senhor das Profundezas], mas obviamente Euronymous achou melhor mud-la.
A magia era necessria somente porque eu no estava satisfeito com o mundo real. No
havia aventura, medo, trolls, drages ou mortos-vivos. No havia magia. Ento percebi
que eu mesmo precisava criar a magia. Porm, foi muito triste ver essa magia ser
arruinada ou pelo menos enfraquecida em 1993, quando a mdia comeou a escrever sobre
ela, e ver muitas antigas bandas de country, rock e Death Metal da Noruega subitamente
tingirem seus cabelos e comearem a usar corpse-paint e a tocar Black Metal; para ficarem famosas, ganharem dinheiro e darem umas transadas e no para mudarem o mundo. Com certeza eles no se importavam com a magia, mas, em sua defesa, devo
dizer que nunca mostraram muita magia para eles. A mdia distorceu demais as coisas,
como sempre fazem. As novas bandas fizeram que o Black Metal se tornasse parte do
mundo moderno, ao invs de uma revolta contra essa realidade, que o que deveriam ter
feito Talvez eles tenham se sentido atrados porque a magia funcionou, porque se sentiram
atrados por algo que era especial. Eu no sei. S sei que no gosto de ver no que isso
tudo se transformou: somente uma outra subcultura do tipo sexo, drogas e rocknroll sem imaginao e que parte do mundo moderno. Isso se tornou parte da poltica po e circo dos opressores tornou-se parte do problema.
Minha esperana era de que o Burzum pudesse inspirar as pessoas a desejar uma nova e
melhor realidade no mundo real e a fazer alguma coisa a respeito. Talvez se revoltar
contra o mundo moderno, recusando-se a participar do estupro da Me Terra, recusando-
se a participar do assassinato de nossa raa europia, recusando-se a se tornarem parte de
alguma dessas subculturas rocknroll criadas pela mdia e construindo novas e saudveis comunidades, onde a cultura Pag e a magia, se Voc assim preferir possa ser cultivada.
Obrigado pelo seu interesse no Burzum.
Varg Vikernes
Dezembro de 2004
A Europa no um termo geogrfico, e sim biolgico.
Parte II - A morte de Euronymous
De certa forma, tem sido interessante ver como algumas pessoas sentem a necessidade de
criar histrias sobre o motivo pelo qual eu acabei matando Euronymous. Mas triste ver
que essas pessoas criam histrias somente porque a verdade inconveniente para elas.
Euronymous sem a maquiagem
Em 1991 a maior parte dos msicos de metal da Noruega acreditava que Euronymous era
um cara legal, mas no segundo semestre de 1992 a maior parte de ns percebeu que ele
no era assim. Quando a DSP (Deathlike Silence Productions), sua gravadora, lanou o
lbum de estria do Burzum em maro de 1992, ele teve que fazer um emprstimo para
poder pag-lo. Ele no tinha dinheiro para isso, ento ele tomou emprestado de mim.
Quando vendeu todos os lbuns do Burzum ele pagou suas contas particulares ao invs
de prensar mais cpias ou devolver o dinheiro que me devia (e, a propsito, eu tambm nunca vi o dinheiro dos royalties). Ento depois de vender tudo ele no tinha dinheiro
para prensar mais cpias. Essa provavelmente a razo que levou muitos a acreditarem
que eu o matei por dinheiro, mas certamente eu no conseguiria meu dinheiro de volta
matando ele. Quebrar as suas pernas poderia ter funcionado, mas mat-lo no. Eu sempre
posso ganhar mais dinheiro se quiser, mas eu nunca invisto mais do que aquilo que posso
perder. Tenho uma relao bem tranqila com o dinheiro, ento esse rumor
simplesmente estpido, mesmo porque estamos falando de apenas umas 36.000 coroas
norueguesas (por volta de 5.100 dlares, equivalente a um salrio mensal mdio na
Noruega).
Eu agentei as conseqncias de sua incompetncia e estupidez e fundei meu prprio
selo, chamado Burznazg (que, na Lngua Negra de Tolkien, significa Anel Negro) e que depois (no final de 1992) foi mudado para Cymophane (em grego: Acenar para aparecer, o nome de uma pedra que tem a forma de um olho) e decidi fazer tudo sozinho. Eu no precisava dele. Tudo o que ele fez foi sentar sua bunda gorda em sua loja, beber
Coca Cola e comer kebab [N.: espetos de carne estilo rabe]. Sua loja estava indo por
gua abaixo e era apenas uma questo de tempo antes dele (e portanto da DSP) ir
falncia.
Mas ainda no tnhamos cortado relaes com ele, no completamente, e, como ltima
tentativa de manter sua loja funcionando, concordamos que eu deveria dar uma entrevista
a um jornal para atrair alguma ateno para o metal. Ele no tinha mais lbuns do Burzum,
mas ainda tinha outros lbuns para vender em sua loja. Quando eu dei a entrevista
annima em janeiro de 1993 eu exagerei bastante e, quando o jornalista foi embora, ns
uma garota e eu demos umas boas risadas, porque ele no pareceu ter entendido que eu estava zoando com ele. Ele levou tudo muito a srio. Infelizmente, ele procurou a
polcia no dia seguinte (19), fui preso e, no dia 20, seu jornal publicou a sua verso do
que eu tinha dito, e isso enquanto eu estava encarcerado e incapaz de dizer a algum que
aquilo era somente um monte de asneiras que eu tinha dito para atrair algum interesse
para um certo gnero musical e para ajudar Euronymous a ganhar alguns fregueses e alguns trocados.
Euronymous com a maquiagem
Porm, a parte interessante foi que, quando eu estava preso, Euronymous fechou a loja,
ao invs de tirar proveito da situao, porque seus pais acharam que a ateno era
inconveniente demais! Ento o maligno heri do Black Metal fez o que sua me e seu pai mandaram! Sim, realmente pattico mas, agindo assim, ele tambm fez com que todos
os meus esforos fossem em vo. Eu passei seis semanas preso por causa disso e tudo o
que ele fez foi fechar a loja! Choveram fregueses, que encontraram a loja fechada! Isso
no estpido?!
Quando eu sa da priso eu estava bastante desiludido por tudo o que tinha acontecido na
mdia e a polcia bagunou tanto a minha vida quando fez a batida em meu apartamento
que foi difcil levar a Cymophane pra frente do jeito que eu tinha planejado. Enquanto
isso, a DSP assinou (provavelmente devido ao alvoroo da mdia) um contrato de
distribuio com uma empresa de Oslo [N.: capital da Noruega] e conseguiu voltar a
prensar e vender seus lbuns.
Euronymous agiu como um completo imbecil ao fechar a loja, e a maior parte de ns
concordou que ele era um grande bundo e um idiota. Eu estava furioso por ele no ter
tirado proveito da situao, que foi o que me levou a dar aquela entrevista idiota, e no
queria mais nada com ele. No dava pra fazer negcios com ele. Ao invs disso, consegui
um contrato com uma empresa de distribuio em Oslo para a Cymophane, e continuei
sozinho.
Para mim ele nem existia mais. Quando ele me telefonou para me perguntar se eles, os
caras do Mayhem, poderiam ficar em minha casa enquanto estivessem nos estdios
Grieghallen para terminar o lbum do Mayhem, eu disse no. E ningum mais em Bergen
queria dar a eles um lugar para ficarem, ento eles precisaram alugar um quarto em um
motel. Ningum tinha nada contra Hellhammer, o nico outro membro do Mayhem na
poca, mas ns simplesmente no queramos nos envolver com Euronymous. Eu sempre
tive um bom relacionamento com Hellhammer, e ele tambm no estava muito
impressionado com Euronymous, por assim dizer. Em 1992, quando gravamos "De
Mysteriis Dom Sathanas", ele at brincou dizendo que deveramos matar o cara!
Mayhem: Dead e Euronymous
Por alguns meses esse sentimento de desprezo por Euronymous espalhou-se pela cena do
metal, j que cada vez mais pessoas percebiam o quanto ele era idiota, e ele me culpava
por tudo isso, ento comeou a me odiar. Ele acreditava que o fato das pessoas terem
perdido o respeito por ele era culpa minha. De certa forma ele estava certo, j que eu no
mantinha minhas opinies em segredo, mas acredito que ele fez isso para si mesmo. Ele
simplesmente se revelou atravs da maneira pela qual reagiu aos problemas. Ele se fez de
tolo. Alm disso, quando a mdia publicou todas aquelas asneiras sobre mim, ele se sentiu
menos importante. De repente ele no era mais o personagem principal da cena metal hardcore. Ele acreditava que isso tambm era minha culpa. Essa foi provavelmente a
razo pela qual as pessoas alegaram que o assassinato foi o resultado de uma luta pelo
poder entre duas figuras importantes da cena, mas a verdade que isso era importante
apenas para ele. Eu no dava a mnima pra isso. Eu nem mesmo me relacionava com tanta
gente ligada ao metal assim e, quando saa, preferia ir a festas house e a um clube techno
underground em Bergen chamado "Fniks" (Fnix), enquanto a maioria dos caras do
metal ia a algum local de rock'n'roll. Na verdade, eu ia ao clube techno para fugir de todo
aquele pessoal novo do metal, porque eu no gostava da ateno que recebia deles. Eu
preferia a ateno das garotas, por assim dizer.
Algum tempo depois o Mayhem chamou um novo guitarrista, Snorre W. Ruch of Thorns,
de Trondheim, e quando ele se mudou para Bergen eu o deixei dormir em uma cama para
hspedes na sala de meu apartamento at que ele conseguisse o seu prprio. Nesse
momento Euronymous comeou a conspirar contra minha vida. Ele queria me matar. Para
ele eu era o problema, ento me matando ele acreditava que o problema desapareceria.
Snorre
Mas o problema era que ele incluiu algumas pessoas ligadas ao metal em sua conspirao
para me matar, e eles me contaram. Ele disse que contou a eles porque ele confiava neles
mas, obviamente, eles gostavam mais de mim do que dele, podemos dizer assim. Certo
dia ele telefonou para Snorre, que vivia em meu apartamento, e Snorre me deixou ouvir
o que Euronymous tinha a dizer. Ele disse a Snorre que "Varg precisa desaparecer de uma
vez por todas" e coisas desse tipo, confirmando os planos que outros me contaram antes.
Muitos alegaram que eu exagerei em minha reao, at porque Euronymous era um
bundo mesmo, e ele no teria coragem nem para tentar me matar. Claro, ele era um
bundo, mas daquela vez ele no contou seus planos para todo mundo, como ele
costumava fazer. Mas eu levei aquilo a srio porque ele contou somente para algumas
pessoas em quem confiava, seus amigos mais prximos ou aqueles que ele acreditava que eram seus amigos mais prximos. Alm disso, em agosto de 1993 ele estava prestes
a ser preso por quatro meses, depois de ser condenado por ferir duas pessoas com uma
garrafa quebrada, porque eles tinham olhado para sua namorada em um ponto de nibus. Ele no era um cara muito simptico e, quando ele sentia que estava sendo posto
contra a parede, ele era bem capaz de executar seus planos. Quando sentem muito medo,
mesmo os maiores covardes tornam-se perigosos.
No mesmo dia em que ele contou a Snorre sobre suas intenes de me matar (e,
indiretamente me contou, j que eu estava ouvindo a conversa), eu recebi uma carta dele,
na qual ele fingia estar sendo bem amigvel e dizia que queria me encontrar para discutir
um contrato que eu no tinha assinado ainda. Essa era a nica desculpa que ele tinha para
me encontrar e parecia que ele estava armando uma pra cima de mim. De acordo com
seus amigos, o plano era me encontrar, me nocautear com uma arma de choque, me amarrar e me colocar no porta-malas de um carro. Depois ele dirigiria at uma floresta,
me amarraria a uma rvore e me torturaria at a morte enquanto gravaria tudo em vdeo.
Varg Vikernes
Minha reao foi, naturalmente, raiva. Quem diabos ele pensava que era? No mesmo dia
decidi ir de carro at Oslo, dar a ele o contrato assinado e simplesmente dizer a ele f*da-se e, ao fazer isso, eliminar todas as desculpas que ele tivesse para me contatar de novo. Mas tenho que admitir que no deixei de considerar a possibilidade de dar umas porradas
nele. Pouco antes de sair Snorre me disse que queria ir junto, porque ele tinha alguns
novos riffs de guitarra para mostrar a ele. Eu pretendia continuar at Sarpsborg com um
lote de camisetas do Burzum (para o Metallion da revista "Slayer" pelo que me lembro)
e apenas deixar Snorre em Oslo com Euronymous. A propsito, o estranho (e desleal)
Snorre no parecia ter problema algum em ser amigo de ns dois, como uma pessoa
normal (de bom carter) teria.
Deixamos Bergen por volta das 21:00 e chegamos a Oslo entre 03:00 e 04:00 (no me
lembro exatamente, j que isso aconteceu h mais de onze anos). Ns nos revezamos na
direo e, quando chegamos, eu estava dormindo no banco de trs. Por causa disso eu
tinha tirado meu cinto e, quando paramos, eu passei o cinto para ele e pedi para coloc-
lo em um lugar seguro. Eu tinha guardado uma faca no cinto e ficar dirigindo com uma
faca no banco de trs no muito seguro.
Chegamos ento porta de frente do prdio e toquei a campainha. Ele estava dormindo.
Voc poderia pensar que visitar pessoas no meio da noite um pouco estranho, mas era
perfeitamente normal para ns. Muitas pessoas na cena metal eram criaturas noturnas, por assim dizer. Ele perguntou quem era, e eu disse meu nome. Estou dormindo. No d pra Voc voltar mais tarde?, disse ele. Eu trouxe o contrato. Me deixe entrar, eu disse e entrei rapidamente. Seu flat era no quinto (ou quarto?) andar e comecei a subir as
escadas. Snorre queria fumar um cigarro e, como o fumo era proibido no apartamento de
Euronymous (e no meu carro), ele ficou no trreo fumando.
Euronymous estava esperando por mim na entrada, parecendo muito agitado, e entreguei
o contrato a ele. Devo acrescentar que ele estava, obviamente, bem nervoso. O cara que
ele planejava matar tinha aparecido em sua porta no meio da noite. Ento perguntei a ele
que po**a ele queria e, quando dei um passo frente, ele entrou em pnico. Ele ficou
histrico e me atacou com um chute no peito. Eu simplesmente o joguei na porta e fiquei
um pouco atordoado. Eu no estava atordoado pelo seu chute, mas pelo fato dele ter me
atacado. Eu no esperava aquilo. No em seu apartamento e no daquela maneira. Ele
tinha comeado a treinar kick boxing havia pouco tempo e, como todos os iniciantes, achou que tinha se tornado um Bruce Lee da noite pro dia.
Alguns segundos depois ele se levantou do cho com um pulo e correu pra cozinha. Eu
sabia que ele tinha uma faca na mesa da cozinha e pensei se ele vai pegar uma faca, eu tambm vou pegar uma faca. A minha faca de cinto estava no carro, porque estava no cinto que eu tinha deixado l, mas eu tinha um canivete, ou melhor, uma faca de bota
(com uma lmina de 8 cm) em meu bolso. Eu pulei na frente dele e consegui par-lo antes
que pusesse suas mos na faca de cozinha. Nesse momento ele j tinha mostrado suas
intenes ento, quando ele correu pro quarto, eu percebi que ele queria pegar outra arma.
Algumas semanas antes ele tinha dito a algumas pessoas que em breve a polcia
devolveria para ele a espingarda (a usada por Dead quando ele se matou), ento eu percebi que era isso o que ele estava tentando: pegar a sua espingarda (embora ele, na
verdade, no tivesse uma arma de choques ou uma espingarda em seu apartamento, eu
no sabia). Eu corri atrs dele, o esfaqueei e fiquei um pouco surpreso quando ele saiu
correndo do apartamento. No fez nenhum sentido ele ter fugido e o que me deixou
zangado foi saber que ele tinha comeado a briga mas, no momento em que ele se deu
mal ele decidiu fugir, ao invs de lutar como um homem. Isso algo que sempre detestei.
Euronymous
(Algumas pessoas alegaram que eu assassinei um homem indefeso e desarmado mas, em
primeiro lugar, ele tentou pegar uma faca antes de mim e certamente ele poderia ter se
armado se tivesse escolhido ficar, ao invs de fugir como um covarde. Havia vrias outras
coisas em seu apartamento que ele poderia ter usado para se defender quando ele no
conseguiu pegar sua faca de cozinha).
Do lado de fora encontramos Snorre, que tinha terminado seu cigarro. Todas as portas
pareciam iguais e Snorre era um cara bem distrado, ento ele acabou subindo at o sto,
um andar acima, por engano. Confuso, ele desceu e usou seu isqueiro para iluminar o
nmero da porta, tentando ler para saber se era o apartamento certo. Enquanto ele estava
tentando ler o nmero da porta, Euronymous saiu correndo de cueca, sangrando e gritando
como um louco. Snorre ficou to surpreso e aterrorizado que ficou parecendo um
fantasma, e pareceu que seus olhos estavam prestes a saltar. De acordo com Snorre, ele
ficou to surpreso e chocado que apagou e no se lembrou de nada at que momentos
depois eu perguntei se ele estava bem.
Euronymous desceu um lance de escadas e parou para tocar a campainha do vizinho. Ele
percebeu rapidamente que eu o estava seguindo, ento ele continuou a fugir escada
abaixo, batendo nas portas e tentando tocar as campainhas dos vizinhos conforme ia
passando por elas, gritando por ajuda. Eu esfaqueei (trs ou quatro vezes) o seu ombro
esquerdo enquanto ele corria, j que essa era a nica parte que eu podia atingir enquanto
estvamos correndo. Ele ento tropeou e quebrou uma lmpada na parede,
provavelmente com sua cabea ou brao, e caiu sobre os fragmentos de vidro de cuecas. Correndo, passei por ele e esperei. Snorre ainda estava no andar de cima e eu no tinha
idia de como ele reagiria a tudo isso. Seria tudo uma armadilha e ele estaria participando?
Ele poderia me atacar tambm? Eu no sabia. Quando Snorre veio correndo ele pareceu
bem assustado e eu apenas deixei ele passar direto por mim. A eu percebi que ele no
fazia parte daquilo, ento perguntei se ele estava bem (porque ele certamente no parecia
bem). Nesse momento Euronymous ficou de p novamente. Ele pareceu conformado e
disse: J chega, mas ento ele tentou me chutar novamente e eu acabei com ele enfiando a faca em seu crnio, pela sua testa, e ele morreu instantaneamente. Seus olhos viraram e
um gemido pde ser ouvido enquanto seus pulmes se esvaziavam depois que morreu.
Ele caiu sentado, mas a faca estava enfiada em sua cabea, ento eu o segurei enquanto
tentava tirar a faca. Quando puxei a faca de seu crnio ele caiu para frente e rolou por um
lance de escadas como um saco de batatas fazendo barulho suficiente para acordar toda a vizinhana (era uma escadaria barulhenta, de metal).
Isso pode soar como uma maneira estranha de mat-lo, mas minha faca era muito pequena
e apenas pontuda. A lmina no era afiada. Era to cega que eu no conseguiria cortar um
tomate em dois sem esmag-lo. A nica maneira de mat-lo rapidamente com aquela faca
seria perfurar seu corao ou crnio. De fato, eu poderia ter sido capaz de mat-lo muito
mais fcil e rapidamente se eu nem tivesse uma faca e, ao invs disso, tivesse batido nele
at a morte. A nica razo que me fez sacar a faca foi porque ele estava tentando fazer
isso e eu imaginei que seria justo se eu tambm tivesse uma faca, embora a que eu tinha
no era muita coisa.
Ele j havia mostrado sua inteno de me matar e, mesmo ele no sendo mais uma ameaa
direta contra mim naquele local e naquele momento, eu no senti nenhum remorso por
t-lo matado. Sua covardia me deixou muito zangado e eu no vi nenhum motivo para
deix-lo viver, no quando ele j tinha demonstrado sua inteno de me matar. Se eu o
tivesse deixado viver eu apenas teria dado a ele a oportunidade de atentar contra minha
vida mais uma vez no futuro.
Matar uma pessoa com uma faca cega de 8 cm algo bem sangrento mas, embora o
sangue tenha espirrado sobre as paredes da escadaria conforme descamos correndo, no
havia sangue no meu rosto. De qualquer forma, Snorre tinha as chaves do carro ento eu
corri para impedi-lo de sair com o carro, me deixando para trs em Oslo, encharcado de
sangue. Eu peguei as chaves, abri a porta, devolvi as chaves para ele e disse para dirigir.
Eu entrei rapidamente no saco de dormir que eu guardava no porta-malas, antes de entrar
no carro, para ter certeza de no deixar nenhuma marca de sangue no carro. Naquele
momento eu achei que era melhor tentar fugir. O que eu no sabia era que Snorre ainda
estava em choque, ento ele apenas dirigiu a esmo em Oslo por 20 minutos e acabei tendo
que assumir o volante. Enquanto dirigamos por Oslo, Snorre viu um agente policial na
estrada para Bergen nos arredores de Oslo, ento tivemos que ir por outro caminho.
Dirigimos para o norte na direo de Trondheim e logo depois desviamos para oeste. Eu
parei perto de um lago e tirei todas as minhas roupas. Eu amarrei pedras nelas e nadei at
deix-las afundar onde o lago era mais profundo. Por sorte, eu ainda tinha as camisetas
que pretendia vender em Sarpsborg (como disse, para o Metallion, pelo que me lembro),
e Jrn of Hades tinha esquecido um agasalho de moletom (ironicamente, um moletom do
Kreator, com os dizeres "Pleasure To Kill" [N.: Prazer de Matar]), ento eu tambm tinha um moletom limpo (bem, no exatamente limpo, mas pelo menos no estava encharcado de sangue). Finalmente, eu tinha uma cala muito, muito suja que estava
jogada havia muito tempo no banco de trs, ento eu tinha um conjunto quase completo
de roupas. Dirigir como um soldado e sem meias no seria um problema.
(Snorre depois mostrou polcia onde eu tinha jogado as roupas, mas tudo o que eles
conseguiram achar foi uma camiseta com a figura de um viking e o texto: Noruega: Terra dos Vikings, que no tinha traos de sangue. Tudo o mais havia desaparecido e mesmo mergulhadores no conseguiram encontrar coisa alguma. Eles no tinham absolutamente
prova nenhuma de que a camiseta pertencia a mim [e quem neste mundo esperaria que eu
usasse uma camiseta com esse tema?]. As outras peas de roupa provavelmente tinham
afundado na lama espessa do fundo do lago, como era de se esperar).
Um amigo nosso ainda estava em meu apartamento. Quando decidi ir a Oslo estvamos
assistindo a alguns vdeos e comendo pizza e, quando samos, permiti que ele ficasse para
terminar de assistir aos filmes e de comer. Naquele momento eu queria que ele sasse do
apartamento, no caso da polcia j estar sabendo do que tinha acontecido. Paramos em
Hnefoss perto de uma cabine telefnica, apenas para dizer ao cara para sair de meu
apartamento. A primeira cabine que vimos estava rodeada de adolescentes, e no
queramos que ningum nos visse no leste da Noruega naquele momento, ento
continuamos andando at achar outra cabine telefnica. Como eu estava dirigindo, Snorre
saiu para telefonar, quando um carro da polcia passou descendo a estrada. Aparentemente
os adolescentes tinham arrebentado a cabine telefnica antes de irem arrebentar a seguinte
e algum chamou a polcia. Quando o policial chegou e nos viu ele pensou que ramos as
pessoas que ele estava procurando (esse foi ou no foi um bom exemplo da Lei de Murphy em ao?). O telefone estava quebrado e Snorre voltou pro carro. Eu dirigi, com a viatura a uns noventa metros atrs de ns, e percebi que, se ele nos parasse e
simplesmente anotasse nossos nomes, seria impossvel conseguir um libi. Ento eu
acelerei cada vez mais, com a viatura logo atrs na mesma velocidade e, quando
chegamos estao de trem em Hnefoss eu virei direita e dirigi como um completo
maluco (pneus cantando, rodas patinando, saindo de traseira em cada curva e tudo o mais
que se poderia esperar de uma fuga tpica de filme B). Eu estava dirigindo um VW Golf e estvamos indo to rpido que, antes que percebssemos, estvamos na auto-estrada
para Bergen novamente e tnhamos nos livrado da polcia. Ele provavelmente nem tinha se preocupado em nos perseguir (ou, o que pouco provvel, no tinha conseguido nos
acompanhar), j que uma investigao posterior (feita pela polcia) mostrou que ele nem
mesmo relatou o incidente para seus superiores.
Naquele momento eu achei que eles poderiam j estar nos procurando e, para o caso de
j estarem, eu sugeri a Snorre que eu deveria deix-lo em uma estao de trem, num local
chamado Gol, a caminho de Bergen. Se a polcia me parasse eu estaria sozinho e ele no
teria problemas. Ele recusou a oferta e voltamos para Bergen sem quaisquer incidentes.
A primeira coisa que fiz foi visitar uma grfica para conseguir um libi e depois fui me
encontrar com o cara que havia ficado em meu apartamento, para dizer a ele que
precisvamos conversar, para tambm conseguir um libi. Snorre j havia dito a ele pelo
telefone que algo havia acontecido em Oslo, quando paramos em uma cabine telefnica perto de Voss, algum tempo depois de termos sado de Hnefoss. Inventamos uma histria
e tudo parecia bem.
Ento eu pude finalmente ir pra casa e dormir um pouco. Depois de uns 20 minutos de
sono, a campainha tocou e apareceu um jornalista que queria falar comigo sobre a morte
de Euronymous, que j havia sido descoberta (por volta das 11:00) e eu disse a ele que eu
estava muito cansado para conversar com ele. Afinal, eu j estava sem dormir havia
bastante tempo (embora eu no tenha dito isso a ele...). No dia seguinte, lemos nas
primeiras pginas que O Conde [N.: de Count Grishnackh] est desconsolado! Ele ficou to triste ao ouvir as notcias sobre a morte de seu melhor amigo que ele nem
conseguiu falar conosco sobre o assunto. Bastante irnico, Voc no acha? Isso serve para mostrar como no d para confiar nas histrias contadas pela mdia!
Algumas pessoas, por alguma razo bizarra, alegaram que eu matei Euronymous por
causa de uma garota e, portanto, devo acrescentar que minha namorada da poca (e de
abril de 1993 at 1998) nem sabia quem ele era. Ela nunca tinha ouvido falar dele at eu
mat-lo (e posso dizer que ela no era nem mesmo uma metalhead, mas uma garota comum que ouvia msica pop). Ento ela, obviamente, no tinha nada a ver com tudo isso e eu com certeza no o matei por causa de uma garota. At onde eu sei Euronymous
nunca teve uma namorada, ento essas pessoas que estavam espalhando esse boato idiota
no poderiam estar falando de sua namorada.
Mesmo as pessoas que me criticam por ter matado um conterrneo noruegus esto
erradas. Euronymous era, na verdade, lapo [N.: Originrio da Lapnia, regio do norte
da Europa que abrange partes da Noruega, Sucia, Finlndia e Rssia], o que pode ser
claramente visto pelas fotos dele. Suas feies de lapo (mongis) so claramente
visveis, seu cabelo era tipicamente lapo (fino e reto) e sua estatura tambm era
reveladora (como a maior parte dos lapes, ele era muito baixo).
O problema era que Snorre ainda estava em choque. Tenho que admitir que nada disso
me afetou. No se tratava de um grande problema; um criminoso que tinha planos de me
matar estava morto. E da? No vejo nenhuma razo para ter pena de uma pessoa que
planejava me torturar at a morte enquanto gravava tudo para sua prpria diverso.
A polcia queria falar comigo j que eles acharam desde o primeiro dia que eu era culpado e me convocaram para ir a Oslo para ser interrogado Eu concordei e falei com eles, apresentei o libi que tnhamos criado aps o assassinato e me liberaram. Em seguida
eles passaram a investigao para minha cidade natal, por razes bvias, e comearam
interrogar os outros tambm. Eles no tinham qualquer evidncia contra mim, ento eles
tinham que fazer algum falar para poderem me pegar. Eles entenderam rapidamente que
Snorre era o elo fraco da corrente, por assim dizer. Seus nervos estavam flor da pele e
eles pegaram pesado com ele. Eles telefonaram para ele na noite em que eu no estava l,
fazendo perguntas, sempre as mesmas perguntas, at que, depois de nove dias, ele no
agentou. De acordo com um relatrio da polcia, ele estava to abalado emocionalmente
que precisaram esperar vrias horas antes que pudessem conseguir algum tipo de
declarao dele. Aparentemente aquilo foi uma experincia bastante traumtica para ele.
Ele contou que eu havia matado Euronymous e onde eu estava. Naquele momento eu
estava em um clube noturno e, quando eu sa (entre 02:00 e 03:00, em uma sexta-feira,
19 de agosto de 1993), me prenderam.
Depois perguntaram meu nome e eu me recusei a dizer. Eles tiraram a minha roupa, me
jogaram em uma cela, mantiveram a luz acesa 24 horas por dia, 7 dias por semana e no
me deram sequer um cobertor ou lenol para eu me deitar. Eu j esperava por isso, ento
no houve um grande problema e eu s ria das suas tentativas patticas de me abalarem
mentalmente; porm, o libi em meu apartamento teve o mesmo tratamento, porque contaram que ele estava sendo acusado de assassinato mas, estando completamente
despreparado para isso, ele ficou to atordoado que confessou tudo imediatamente. Algo
tinha acontecido em Oslo, ele disse, e eu acabei matando Euronymous. Ele disse a eles o
mesmo que Snorre tinha dito antes.
Porm eles ainda no tinham evidncia concreta contra mim. A nica coisa que eles
realmente poderiam usar contra mim era a confisso de Snorre, mas ele nem mesmo tinha
me visto esfaquear Euronymous. Seu testemunho provava que ele havia estado em Oslo,
mas a nica coisa que me ligava ao crime era seu testemunho. Eles at tinham uma
gravao dele em fita, feita pela cmera de vigilncia de um posto de gasolina em
Hnefoss naquela noite, quando ele estava reabastecendo o carro no caminho para Oslo.
Eu, por outro lado, no podia ser visto em lugar algum. Ele estava sozinho no carro. Se
eles no tivessem feito nada a respeito disso, eles teriam sido forados a conden-lo pelo
assassinato, e eu ficaria livre. Ele estava com a corda no pescoo!
Ento o que Voc acha que aconteceu? Eles de repente alegaram dois meses aps o assassinato e dois meses aps eu ter me tornado suspeito (e eles j tinham minhas digitais,
da priso em janeiro de 1993) que haviam encontrado minhas digitais em sangue na cena do crime. Eu estava usando luvas quando o matei, ento eu sabia que aquilo era uma
grande asneira, mas ningum mais sabia, e Snorre erroneamente acreditou que eu tinha
dito a ele que eu no estava usando luvas quando o matei. Ento, subitamente, Snorre e o
outro cara mudaram suas histrias e alegaram que ns havamos planejado tudo. Disseram
pro cara no apartamento que eu tinha cometido o crime mas, se ele no cooperasse com
eles, ento Snorre seria condenado em meu lugar. Voc quer que Snorre v para a cadeia por algo que Varg fez?. Tudo estava preparado para me pegarem e para livrarem Snorre mas, nesse processo, eles inventaram uma histria que era muito pior que a verdade. Eles
alegaram que Snorre tinha planejado seu libi dando seu carto eletrnico (carto de
crdito) para o outro cara, que o usaria no meio da noite em Bergen, deixando assim
evidncia eletrnica de que ele estava em Bergen e no em Oslo naquele momento. Mas
o nico problema era que ele nunca deu ao outro cara seu carto, ento o outro cara
obviamente nunca deixou rastro eletrnico algum em Bergen, ento qual o motivo de
fazer tal alegao? Eles alegaram que alugamos filmes que j tnhamos visto antes ento,
se algum nos perguntasse sobre os filmes, seramos capazes de dizer do que se tratavam.
Eles tambm alegaram que o cara em meu apartamento tinha estado l para fazer barulho,
assim os vizinhos acreditariam que eu estava em casa. Disseram ainda que ele havia sado
do apartamento usando minha jaqueta, para fazer as pessoas que ele encontrasse na rua
acreditassem que ele era eu, usando o carto de Snorre para deixar evidncia eletrnica.
Entretanto, ele nunca pegou o carto de Snorre e ningum disse que o tinha visto se
passando por mim, ento... Snorre teria me acompanhado para enganar Euronymous para
que me deixasse entrar em seu apartamento, eles tambm alegaram, embora tenha sido eu
quem tocou a campainha e falou com ele. Finalmente, eles disseram que eu havia dado
uma faca a Snorre, que havia ficado no carro, no caso de eu precisar de sua ajuda. Essa,
claro, era a faca de cinto que eu havia pedido a ele que colocasse no porta-luvas, porque
eu no queria uma faca jogada no banco de trs do carro. Naturalmente, eu no a coloquei
no cinto porque ilegal andar por Oslo com uma grande faca no cinto e eu poderia ter
sido preso se a polcia me pegasse. Eles distorceram tudo completamente e fizeram
parecer que eu havia planejado o assassinato.
Eu no sei se isso embaraoso ou apenas estpido, mas o cara no apartamento
costumava realmente dizer que era eu quando saa. Ele chegava a dizer Oi, eu sou o Conde como chamariz quando estava paquerando as garotas (?!). Sei disso porque algumas garotas me contaram. Ento se ele realmente usou minha jaqueta e andou por
Bergen tentando fazer as pessoas acreditarem que ele era eu, isso no significava
necessariamente que ele estava tentando me dar um libi. Isso na verdade uma prova do
quo pattico ele era e o quo baixos alguns seres humanos podem ser para conseguirem transar. Devo acrescentar que eu no vejo como esse chamariz poderia ter dado certo,
considerando que seria muito fcil para as garotas perceberem que ele no era o Conde. Bergen uma cidade muito pequena de apenas 130.000 (ou 250.000 se voc incluir toda
a municipalidade) pessoas e praticamente todo mundo naquela poca sabia qual era a
minha aparncia, ento onde que ele estava com a cabea?! Ele nem era natural de
Bergen (e sim de Lillehammer, no leste da Noruega), e qualquer um poderia perceber isso
no momento que ele abria a boca.
Na verdade, eu chego at a ficar envergonhado pelo fato de ter feito amizade com essas
pessoas, tanto esse cara quanto Snorre e por algum tempo tambm com Euronymous. H um ditado que diz: Diga-me com quem andas que te direi quem s. Se isso verdade eu certamente fui um completo idiota... Mas em meu favor devo salientar que eu tambm
tinha outros amigos, bons amigos (pxa!).
Eles nunca conseguiram explicar porque Snorre poderia querer matar Euronymous. Ele
tinha acabado de se juntar ao Mayhem como guitarrista, algo que era o sonho de muitos
guitarristas de heavy metal, tenho certeza, e era um amigo de infncia de Euronymous,
ento isso no faz sentido algum. Alm disso, eles alegaram que eu havia planejado
cortar sua garganta (provavelmente porque aquilo fazia com que eu parecesse muito cruel) mas, se fosse esse o caso, porque ento eu traria uma faca cega que era somente
pontuda? Eu poderia ter simplesmente tentado cortar sua garganta com uma colher. Isso
tambm no faz nenhum sentido e sabemos ainda perfeitamente que eu no cortei sua garganta.
Eles e a polcia estavam to interessados em inventar coisas para me condenar que, no
final, Snorre tambm acabou condenado, por me ajudar a planejar um assassinato e por
me ajudar psicologicamente (sim, claro). Porm, o outro cara, que alegou ter participado ativamente do planejamento do assassinato e do meu libi, passou um total de uma nica noite numa cela. Ele nunca foi acusado de coisa alguma, o que bem
estranho. Se a polcia tinha acreditado seriamente na teoria maluca que ele apresentou,
ele deveria ter sido condenado tambm, mas eles sabiam que aquilo era um monte de
asneiras criadas para me pegar, e ento deixaram ele ir. E devo acrescentar que no temos
um sistema de recompensas para informantes aqui na Noruega, como eles tm nos EUA
e possivelmente em outros pases tambm. No h maneira de negociar para sair livre se
voc cometeu um crime na Noruega. O fato que eles simplesmente no queriam
conden-lo por algo que ele no tinha feito. Ele estava mentindo, e eles sabiam disso,
porque eles disseram a ele para inventar aquelas mentiras!
O prprio advogado de defesa de Snorre (que era Maom) at mesmo testemunhou contra
seu prprio cliente, j que ele estava muito interessado em me pegar, e, quando Snorre foi condenado at o jri pareceu triste (sinto muito, mas temos que condenar Voc tambm) e eu no acho que algum esperava aquilo. Foi uma mudana inesperada para todos ns.
No tribunal eu disse a eles que Snorre no tinha nada a ver com aquilo e que ele estava
no lugar errado e na hora errada mas, no dia seguinte, Snorre estava testemunhando e
alegou que eu estava errado. Eu tinha planejado tudo e ele sabia porque ele era parte do
esquema. Toda a sua estratgia de defesa baseou-se em demonstrar que eu no podia
culp-lo, mas eu sequer tinha pensado nisso (e levei um bom tempo para entender que
essa era sua preocupao). Se ele tivesse dito a verdade, ele teria se livrado da condenao
mas, ao invs disso, ele insistiu em sua mentira porque seu advogado de defesa convenceu-o a fazer isso e ele pegou 8 anos por fazer absolutamente nada.
A mdia divulgou que o assassinato foi o resultado de uma luta pelo poder em um movimento satnico e que eu o tinha matado para tomar o seu lugar como lder (?). Mas isso no faz o menor sentido. Ento assim que a coisa funciona? Voc mata algum para
tomar o seu lugar? Se Voc quiser ser indicado como diretor de uma firma, Voc no
consegue tal coisa matando o diretor atual. Em que tipo de mundo esses jornalistas vivem?
Seria num bando de animais ou coisa desse tipo? Isso simplesmente no faz sentido
algum. Mas essa era a teoria deles, sua nica teoria. O jornalista dominante (Michael Grundt Spang), que escrevia para o maior jornal da Noruega, at mesmo gastou seu tempo
escrevendo sobre meu cabelo e sobre minha aparncia em geral. De acordo com ele, eu
jogava meu rabo-de-cavalo castanho de um lado pro outro como uma garota e no possua brilho diablico ao meu redor, como seria de se esperar de um satanista diablico como eu, e assim por diante. Ele ficou, obviamente, bastante desapontado pelo fato de eu no parecer diablico. Aparentemente nunca passou pela cabea dele que eu poderia no parecer um satanista diablico simplesmente porque eu no era um satanista diablico... Snorre foi simplesmente descrito como uma verso menor, mais magra e mais plida do Conde. O jornalista certamente no tinha a inteno de que aquilo soasse engraado, mas certamente soou, simplesmente porque era incrivelmente idiota.
Os outros caras da cena naturalmente ficaram furiosos comigo, j que eles tambm
comearam a acreditar na teoria do jornal sobre uma luta pelo poder, ento eles tambm
com algumas poucas excees (como Fenriz do Darkthrone e os caras do Mayhem) fizeram de tudo para me crucificar e, nesse processo, eles deduraram uns aos outros e
finalmente, por causa deles, a polcia resolveu quase todos os crimes cometidos pelos
caras do black metal na Noruega entre 1991 e 1993. Eu falei com alguns deles depois e
disseram-me que, se eles soubessem da verdade, eles nunca teriam me atacado (e, com
isso, atacado-se mutuamente) como fizeram. Eles foram manipulados pela mdia e, claro,
pela polcia. Mentiram para eles, como para todo mundo e, infelizmente, eles no foram
capazes de enxergar alm das mentiras.
Fui condenado a 21 anos, a pena mxima na Noruega, e o juiz alegou que eu tive um motivo incompreensvel para mat-lo. realmente to difcil assim entender que eu o matei porque eu soube que ele tinha planos de me torturar at a morte e depois me atacou?
Que parte disso o juiz no entendeu? Inicialmente era autodefesa mas, quando ele
comeou a fugir, eu no estava mais numa situao de vida ou morte ento, naquele
momento, no era mais autodefesa e sim homicdio doloso e, na minha opinio, aquilo
foi um ataque preventivo, para que ele no tivesse uma segunda chance de me matar. Por
isso minha pena deveria ter ficado apenas entre 8 e 10 anos! Ao invs disso, eu peguei 21
anos e Snorre pegou 8 anos por fazer absolutamente nada!
Eles tambm tentaram apresentar o assassinato como brutal e alegaram que ele morreu
porque seus dois pulmes tinham sido perfurados. Eles ainda alegaram que eu o esfaqueei
23 vezes. Em primeiro lugar, eu sabia muito bem que ele havia morrido quando eu o
esfaqueei na cabea. Em segundo lugar, ele caiu sobre uma pilha de fragmentos de vidro
estando de cueca. Naturalmente, ele se cortou muito at mesmo sob um de seus calcanhares, j que ele se levantou depois de cair. Eles tambm sabiam disso, porm
alegaram que eu o tinha esfaqueado 23 vezes, s para fazerem as pessoas acreditarem que
eu era muito cruel, bestial e brutal. No tribunal mostraram fotos da autpsia a um jri
perplexo. As fotos mostravam Euronymous nu sobre uma mesa, com todo o cabelo
raspado, seus olhos ainda abertos e todos os cortes numerados a caneta sobre sua pele. Eu
sabia que foi humilhante para ele ter sido morto mas, quando eles mostraram as fotos da
autpsia no tribunal, aquilo foi certamente muito pior. Matar babacas uma coisa, mas
eu nunca humilharia algum daquela forma.
Ah, e, claro, o juiz incluiu na sentena que: "Varg Vikernes acredita em Sat", embora eu
tenha repetidamente afirmado no tribunal que eu no acreditava nem em Sat e nem em Deus. Eles ignoraram a verdade e criaram a sua prpria realidade, por razes polticas.
Falando do jri, eu tive o privilgio de ter o nico curandeiro cristo da Noruega em meu jri. Ele aparentemente j tinha aparecido na TV, dizendo ser capaz de extrair o mal do corpo com a ajuda de Jesus e, dessa forma, curar as pessoas. Seria isso uma coincidncia? Seria coincidncia o fato do nico curandeiro cristo da Noruega (naquela poca) ser escolhido para o meu jri? Ele estava relacionado como secretrio e eu fiquei sabendo que ele era um curandeiro cristo muito depois, em 1995, quando um jornalista me contou sobre isso e ele tambm contou que pelo menos outros dois membros do jri eram maons. Os outros eram todos pensionistas, com exceo de uma
ou duas mulheres. Todos eles eram meus pares, sem dvida... O advogado de defesa de Snorre era maom, como j mencionei, um dos psiquiatras do tribunal era maom e judeu
sobrevivente de Auschwitz (ele era um dos trs que viviam na Noruega na poca), o outro psiquiatra era um extremista de esquerda, meu advogado de defesa era 100%
incapaz de ter um emprego remunerado (devido a um problema cardaco) e, de acordo
com o jornalista com quem conversei, pelo menos um dos trs juzes tambm era maom.
Os incndios de igrejas quase no foram mencionados no tribunal. Em cada caso, eles
apresentaram uma testemunha, que alegou que eu queimei essa ou aquela igreja, e foi s.
Culpado. Apenas isso. Esse processo foi repetido quatro vezes e eu fui considerado culpado de atear fogo em quatro igrejas, trs delas tendo sido completamente queimadas.
No havia uma nica evidncia sequer em qualquer um desses casos. Eu fui condenado
somente devido ao testemunho de uma nica pessoa em cada caso. Todas essas
testemunhas eram amigos de Euronymous!
At o meu incompetente advogado no se preocupou em argumentar sobre os incndios,
alegando que isso no era importante. Voc no vai receber uma pena muito alta por isso, de qualquer forma, ele pensou. Outra coisa interessante que nenhuma impresso digital, ou qualquer outra evidncia tcnica, foi apresentada no tribunal. Quando fui preso
eu tinha uns 3.000 cartuchos de munio (a maioria .22LR, 38 Special, 7,52N, 7.92 mm
e calibre 12) em meu apartamento, mas a maior parte no foi nem mesmo includa na lista
de objetos confiscados. Os policiais simplesmente pegaram o que quiseram. Para eles era
munio gratuita. Eles at roubaram meu capacete de ao da SS, embora eu s possa imaginar porqu.
Finalmente, fui condenado por roubar e armazenar por volta de 150 kg de explosivos (a
maior parte dinamite e um pouco de glynite) e trs sacolas de detonadores eletrnicos e
tambm por invadir algumas cabanas nas montanhas das quais eu, de acordo com eles, roubei uma bandeira da Noruega (?!) e um livro, enquanto procurava armas. Eu nunca fui
condenado por profanao de sepulturas, como muitos parecem acreditar, ou por atear
fogo na Igreja Fantoft Stave. Eles no acharam nenhum metalhead burro que pudesse mentir e dizer a eles que tinha me acompanhado no incndio da igreja, como nos outros
casos, ento eles no tinham evidncia alguma contra mim naquele contexto, e eu tinha
at mesmo um libi, j que uma garota de Oslo tinha passado a noite comigo (mesmo
assim meu advogado de defesa nem se preocupou em pedir a ela que testemunhasse em minha defesa!). A acusao foi toda baseada em boatos. Alm disso, quando o jri no
me considerou culpado por incendiar a Igreja Fantoft Stave, a juza principal ficou to
zangada que disse que era bvio que eu tinha feito aquilo tambm, mas isso no importava, j que eu receberia a pena mxima mesmo e, surpreendentemente, ela disse isso antes dos trs juzes e membros do jri comearem a discutir sobre a pena, ento,
obviamente, eles j haviam decidido de antemo que eu deveria pegar 21 anos de qualquer
maneira. Eles queriam me usar como exemplo, para mostrar juventude da Noruega que
no se deve brincar com a Me dos Porquinhos.
O assassinato de Euronymous foi uma bno para eles. Finalmente eles tiveram uma
desculpa para se livrarem de mim (ou foi nisso que eles acreditaram: as pessoas tendem
a acreditar que at mesmo um ano na priso significa o fim de tudo). Eu no acho que tudo isso teria acontecido se a mdia no tivesse publicado tantas mentiras sobre mim,
porque foram essas mentiras que fizeram Euronymous querer se livrar de mim em
primeiro lugar: Eu ganhei tanta ateno que ele ficou com inveja. Portanto o sistema de
justia me condenou a 21 anos porque a mdia me deu tamanha ateno que eu me tornei
mais importante e influente do que eu era no incio e porque eles foram to intensamente
provocados pelos incndios das igrejas que perderam a cabea completamente.
Varg Vikernes quando de sua priso
Em resumo, fui atacado por um criminoso condenado, me defendi e peguei 21 anos por
isso. E como se isso no fosse suficiente, mudaram as regras depois que fui condenado,
o que significou oficialmente que devo cumprir 2 anos a mais do que eu deveria. 21 anos
significam que eu seria solto depois de 12 anos mas, h alguns anos (em 2000 ou 2001),
as regras foram mudadas, logo, de acordo com eles, agora devo cumprir 14 anos, porque
a nova lei retroativa! Porm, ilegal criar leis retroativas como essa, de acordo com a
constituio da Noruega e leis internacionais, mas quem se importa? Em 1945, quando a
guerra acabou, no tnhamos nem mesmo pena de morte em tempos de guerra na Noruega,
mas o sistema judicirio que temos hoje criou uma nova lei, fez com que seja retroativa
e executou doze pessoas (em tempos de paz!). No sou um pobre imigrante afro-asitico nem um extremista de direita, ou um cristo fracote implorando por misericrdia,
ento de maneira alguma a mdia dar algum tipo de apoio a mim. Sou simplesmente
persona non grata na Noruega, um pas que muitos europeus ocidentais conhecem como
a ltima repblica Sovitica. Eu ainda posso pedir a condicional depois de 12 anos apenas mas, pela minha experincia com o sistema judicirio da Noruega, no estou muito
otimista a esse respeito. H uma diferena entre rr e Loki, como dizemos aqui na
Escandinvia.
Estou furioso com tudo o que aconteceu, mas sei que darei a volta por cima no final e
acho que isso o que realmente importa. Eu nem mesmo os odeio, apenas tenho pena
deles. Acima de tudo sou grato por no ser como eles. Recuperarei minha liberdade um
dia, mas eles provavelmente no tero melhorado nem um pouco. como no caso do
gordo e do feio: o gordo sempre pode perder peso, mas o feio sempre ser feio.
Obrigado pela sua ateno.
Varg "o vilo" Vikernes
Dezembro de 2004
Corruptissima re publica plurimae leges (Cornelius Tacitus) (Quanto mais corrupto o
Estado, mais leis existem)
Hodie mihi, cras tibi (Eu hoje, Voc amanh)
Parte III - A campanha de mentiras
muito difcil, para mim, escrever sobre biografias, artigos e entrevistas a respeito do
Burzum, porque h muita coisa a ser dita. H basicamente duas categorias: aquelas
escritas por pessoas pr-Burzum e aquelas escritas por pessoas anti-Burzum. Nunca vi
qualquer biografia, matria ou entrevista escrita de forma objetiva, embora a maior parte
das biografias, dos autores e dos entrevistadores anti-Burzum tendam a se retratar como
se fossem muito objetivos, enquanto as biografias pr-Burzum nunca tentam esconder o
fato de que so pr-Burzum.
um tanto estranho ver que alguns jornalistas e escritores pedem informaes sobre mim
para o pessoal da Antifa (um tipo de organizao terrorista "anti-fascista"), do Monitor
(um servio particular de inteligncia dedicado a monitorar toda a atividade e os
dissidentes de direita na Noruega) ou do Antirasistisk Senter (Centro Anti-Racista). Eles
poderiam simplesmente me pedir informaes sobre mim ou minhas idias mas, ao invs
disso, eles procuram essas pessoas e ainda fingem estar escrevendo artigos objetivos e confiveis sobre a minha pessoa. como pedir Gestapo [N.: polcia secreta da Alemanha nazista] informaes sobre dissidentes na Alemanha de Hitler e esperar
conseguir algo imparcial e objetivo.
O que mais me surpreende, porm, so todas as entrevistas forjadas que esto por a. Ao
invs de me entrevistar de verdade, algumas pessoas simplesmente fingiram ter me
entrevistado e publicaram essas coisas, inventando respostas para suas prprias perguntas.
A mais conhecida das entrevistas falsas provavelmente aquela includa no livro "Lucifer
Rising" mas, infelizmente, no a nica.
Outro tipo bastante peculiar de entrevistas so aquelas baseadas em uma entrevista real mas que, fora isso, so pura bobagem. Uma dessas (parcialmente?) includa em um
artigo chamado "Music, Murder And Fire - Black Metal The Scandinavian Way" [N.:
Msica, Assassinato e Fogo Black Metal moda Escandinava]. O artigo inteiro basicamente pura fico, mas eu reconheo partes dele de uma entrevista que concedi em
1994 ou 1995 para um alemo, que trabalhava para a Tempo, aparentemente uma popular revista alem, possivelmente sediada em Hamburgo. Mas no fim do artigo
intitulado "Music, Murder And Fire - Black Metal The Scandinavian Way" o autor
apresentado como "Ilde" (um pseudnimo?), e isso foi aparentemente publicado na
revista "Nieuwe Revu" , algo que soa bem holands para mim e eu nunca tinha ouvido falar dela antes.
O cara da "Tempo" me descreveu como parecendo ein Bisschen wie ein Engel (um pouco
angelical), como a pessoa chamada Ilde fez, s que em ingls, mas Ilde acrescentou que:
"[Vikernes] olha pela janela, e atravs das rvores ele tem a viso de um muro alto com
torres de vigia e luzes de busca", e isso apenas prova de que essa uma entrevista
forjada. Em primeiro lugar, eu falei com o alemo da "Tempo" na priso de Bergen em
1994 ou 1995 e, pelo que me lembro, no havia janelas naquela sala mas, se eu estiver
errado e houvesse realmente janelas, a nica coisa que Voc poderia ver atravs delas
seria outro bloco da priso (e certamente nenhuma rvore). Alm disso, no h torres de
vigia com luzes de busca em nenhuma priso da Noruega. As prises norueguesas
simplesmente no so construdas dessa forma (e devo acrescentar, em resposta a um tolo
artigo de 2003 que alegou que eu havia sido atingido pelo tiro de um guarda da priso,
que os guardas das prises tambm no portam armas). Ento sobre que diabos esse Ilde
estava falando? A entrevista inteira , obviamente, outra fraude. Ele nunca falou comigo!
Nem sei quem ele ou talvez quem ela !
Portanto h pessoas por a que realmente falsificam entrevistas e as publicam em revistas
e na Internet. Elas baseiam suas entrevistas fajutas em outras entrevistas fajutas e, claro,
tambm em entrevistas reais, acrescentando algum toque pessoal para ficarem do jeito
que desejam, mesmo desconsiderando a verdade.
A propsito, a entrevista original da "Tempo" tambm foi um monte de asneiras e a
ridcula e totalmente falsa informao de que meu pai costumava bater em minha me e
em mim vem dessa revista. Ele o alemo provavelmente inventou essa histria por conta prpria, por alguma razo desconhecida.
Onde pessoas como esse alemo conseguem essas baboseiras? Se no tm nenhuma base
na realidade, ento devem estar inventando tudo por conta prpria. Por qu? Por que
inventar histrias quando voc pode simplesmente falar comigo para saber a verdade?
O resto do artigo/entrevista "Music, Murder And Fire - Black Metal The Scandinavian
Way" segue o mesmo estilo. tudo um monte de asneiras. Parte pura fico e parte
baseia-se em outras entrevistas que foram publicadas por pessoas que queriam apenas me
demonizar. Se eu sorria para os jornalistas, eles descreviam como desprezo e, se eu no sorrisse, eu era frio como gelo. No importava o que eu dizia ou fazia, eu estava sempre errado e eles ainda distorciam tudo. No tribunal eu disse que no era um satanista e que
eu considerava satanismo uma idiotice judaico-crist, falei sobre inn e rr e, mesmo
assim, o juiz escreveu que "Varg Vikernes acredita em Sat" e as manchetes diziam que
eu era um satanista. At mesmo em 2001 a diretora do departamento de justia da
Noruega (surpreendentemente) escreveu a mesma coisa em uma carta para um psiquiatra
e um psiclogo, que deveriam escrever um relatrio sobre o fato de eu ser um psicopata
ou no (e, a propsito, eles disseram que eu no era). Ento a diretora do departamento
de justia tambm alegou que eu era um satanista e que "Varg Vikernes acredita em Sat".
Mas at mesmo as pessoas que trabalhavam na priso em que eu estava na poca ficaram
chocadas pela ignorncia (ou at malcia) da diretora do departamento de justia. O
psiquiatra e o psiclogo tambm reagiram negativamente declarao e, naturalmente,
se perguntaram por que ela faria tal coisa.
Ento o que se pode esperar de otrios que escrevem na Internet ou em alguma revista
sem contedo? Como podemos acreditar nas diferentes biografias, artigos e entrevistas que existem por a, quando at mesmo os juzes do sistema judicirio e a diretora do
departamento de justia da Noruega inventam ou repetem mentiras como essa?
Resumindo, todas as biografias, matrias e a maior parte das entrevistas esto repletas de
mentiras. Ao invs de falar a Voc sobre as mentiras dentro de um fluxo incessante de
artigos como esse que mencionei, direi simplesmente que no confie em nada do que
Voc ler sobre mim, a menos que tenha sido escrito por mim.
Infelizmente, no podemos confiar em nada do que tenha sido dito e escrito sobre outros
dissidentes tambm. Os dissidentes so sempre demonizados e os que apiam os que esto
no poder sempre so glorificados. A histria no nada alm de uma ferramenta usada
pelos poderosos para fazerem com que as massas os adorem e os sigam e tambm para
terem certeza de que essas pessoas rejeitem e trabalhem contra seus inimigos ou
adversrios.
At no ensino fundamental/ mdio de hoje crianas e adolescentes ingnuos na Noruega
aprendem sobre o adorador do diabo e satnico Varg Vikernes. Se um sistema diferente ou pelo menos a honestidade prevalecesse, eu provavelmente seria descrito mais
da forma como eu me vejo, uma pessoa que rejeitou a tentao de ter uma vida confortvel
em um pas rico, porque eu preferi fazer o que achava certo. Eu me recusei a participar
do estupro da Me Terra e me revoltei contra o mundo moderno.
Hoje sou visto como nada alm de um criminoso, ento no posso esperar que os
simpatizantes desse sistema podre digam a verdade sobre mim e, claro, no sou o nico
sofrendo esse tipo de campanha de mentiras. Todos os que se revoltam contra o mundo
moderno e contra esse sistema doentio passam mais ou menos pelo que estou passando.
Eles so demonizados, ignorados, caluniados e assim por diante. At mesmo o
adolescente comum passar por isso em sua comunidade se ele ou ela fizer algo que
considerado anti-social ou politicamente incorreto (ou apenas usar roupas especiais).
Todos os que se revoltam contra o mundo moderno devem estar preparados para enfrentar
as conseqncias, mas isso no significa que devemos simplesmente aceitar o fato das
pessoas estarem espalhando mentiras, nos ignorando ou nos caluniando. Devemos sempre
reagir, nunca desistir. No importam as conseqncias.
Quando os poderes ocidentais apiam dissidentes em outros pases, seja em Myanmar, na China, no Zimbbue ou em qualquer outro lugar, eles os chamam de dissidentes ou
oposicionistas, mas todos os dissidentes no mundo ocidental so chamados de criminosos ou simplesmente de terroristas. Eles nem mesmo reconhecem que h uma
razo legtima para se revoltarem contra o mundo ocidental, porque eles querem estabelecer como um fato indiscutvel que a sua to falada democracia a melhor maneira de governar um pas. Argumentar contra isso como argumentar contra a teoria
da macroevoluo com cientistas ou, o que pior, questionar a veracidade da teoria do
Holocausto na frente de seu professor de histria. No importa o que voc diga, eles vero
voc como um completo idiota e recusaro at mesmo a escutar o que voc tem a dizer.
Um fantico simplesmente um idealista de quem voc discorda e um idealista
simplesmente um fantico com quem voc concorda. Portanto, os idealistas ditam as regras no mundo ocidental e os fanticos como eu so perseguidos. assim que as coisas so e Voc deve sempre ter isso em mente quando ler algo sobre gente como eu.
As regras do jogo ainda so deles. Voc tambm deve ter sempre isso em mente quando
no ler coisa alguma sobre gente como eu.
Obrigado pela sua ateno.
Varg "O que persevera na Vida" Vikernes
(Escrito em dezembro de 2004, atualizado em abril de 2005)
Fama crescit eundo! (Os rumores crescem com o tempo)
Parte IV - O Burzum na Noruega
Freqentemente tenho encontrado fs de Black Metal, ou recebido cartas de fs de Black
Metal na Noruega, reclamando para mim sobre o fato de que eles no conseguem
encontrar lbuns do Burzum em nenhuma loja de discos da Noruega. A explicao para
isso que o Burzum no distribudo na Noruega, e tem sido assim desde 1993, porque
ningum na indstria fonogrfica da Noruega quer distribuir ou vender lbuns do
Burzum, muitas vezes por medo de tambm serem perseguidos por extremistas de
esquerda se assim o fizessem ou, como acontece com mais freqncia, porque eles
prprios so extremistas de esquerda (ou so judeus/ cristos). Ento, para poderem
comprar lbuns do Burzum, os noruegueses precisam import-los ou ir at outro pas e
comprar os lbuns nas lojas de l. Ou seja, muito estranhamente, os lbuns da banda
norueguesa Burzum no esto facilmente disponveis para fs de Black Metal na Noruega.
H mais ou menos um ano foi lanado na Noruega um programa semanal dedicado ao
metal na TV, no qual as pessoas podem votar em vrios vdeos a serem exibidos e, sempre
que podem, entram em um chat, atravs de SMS. Na poca eu estava trancado 24 horas
por dia na cela, mas todo dia eu precisava sair por um minuto ou dois para pegar o jantar
e po para o resto do dia e, ao fazer isso, eu passava por outros prisioneiros no corredor.
E todo dia eu passava em frente de um cara chamado Ren, de Bergen, que costumava
assistir a esse programa de metal e, em